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Lineações
Apresentação
Alguns autores restringem o conceito lineação somente às estruturas lineares que são penetrativas 
por toda a massa rochosa, mas em amostras de mão ou em pequenos afloramentos. Alguns não 
consideram os eixos das dobras como lineação, mesmo eles constituindo elementos lineares e 
sendo considerados como lineações por muitos autores.
Alguns desses autores excluem os eixos das dobras, porque eles combinam propriedades 
geométricas simultâneas de um plano e uma linha. Consideram o eixo de dobras como lineação 
somente quando ocorre em um corpo que é homogêneo em relação ao dobramento em uma escala 
pequena. Esses mesmos autores não tratam como lineação os slickensides, porque ocorrem em 
superfícies discretas de movimentos descontínuos e não permeiam as rochas nas redondezas, que 
até podem não ser deformadas.
Por outro lado, estruturas maiores, como mullion, rod-structure e seixos alongados, os mesmos 
autores definem como sendo estruturas lineares. Os eixos de crenulações de uma superfície-S, 
assim, são considerados lineações, enquanto os eixos das dobras com amplitudes de várias dezenas 
de metros não o são.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a conceituar as lineações, vai compreender os 
tipos existentes, bem como determinar os seus comportamentos. Bons estudos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Conceituar lineações.•
Determinar os tipos de lineações primárias e secundárias.•
Descrever o comportamento de lineações.•
Desafio
Costuma-se distinguir duas grandes categorias gerais de lineação, ou seja, a lineação primária e a 
lineação secundária. A lineação primária é a que se desenvolve durante a formação de rochas 
sedimentares e ígneas. Por exemplo, nas rochas sedimentares, as marcas de “sole marking” usadas 
para determinar o topo e a base de estratos.
Em rochas ígneas intrusivas e extrusivas, a lineação primária resulta do paralelismo linear de 
minerais prismáticos, platiformes, inclusões ou fragmentos de outras rochas que se orientam com 
seu comprimento maior, seguindo a direção de fluxo do magma antes de sua completa cristalização.
Já a lineação secundária é aquela desenvolvida nas rochas após a sua formação durante a ação de 
processos metamórficos, afetando rochas ígneas, sedimentares e metamórficas preexistentes.
Com base no contexto, uma empresa contrata você como consultor para avaliar as possíveis 
estruturas presentes nos afloramentos de uma antiga pedreira. O objetivo é que, a partir 
da identificação dessas estruturas, os planos de desmonte possam ser condicionados por elas.
Mostre, a partir da imagem obtida de um dos pontos do afloramento, as lineações primárias (S0) e 
secundárias (S1).
Infográfico
A lineação é um dos elementos de textura das rochas mais significativo e deve ser incluído em 
todos os mapas estruturais. Muitas lineações são indicadores de tensão, fundamentalmente 
paralelos à direção máxima de extensão finita.
Uma subdivisão conveniente de lineações pode ser feita nos seguintes grupos:
- Lineações indicando a direção do movimento ao longo de uma superfície (por exemplo, estrias 
laterais cortadas) ou uma zona de movimento (alongamento em zonas de cisalhamento).
- Eixos de crenulações paralelas ou dobras em pequena escala e interseção de conjuntos de planos 
que não têm relação específica com eixos de tensão finita e direções de movimento de massa. 
Neste Infográfico, veja melhor o conceito de lineações e como elas podem estar presentes nas 
distintas famílias de rochas.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
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https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/7d632edb-38d3-48ba-831b-110d42d705a5/e1f10fd1-b94a-48e7-bcf7-b62c318fb462.jpg
Conteúdo do livro
O conceito de lineação é um tema polêmico no meio técnico-científico. Alguns autores ainda 
preferem indicar como estruturas lineares todas as feições causadas por paralelismo dos elementos 
lineares de uma rocha e considerar lineação como uma categoria de elementos lineares e de 
estruturas.
Existe, por outro lado, uma tendência em empregar o conceito lineação somente às estruturas 
lineares menores, sendo, assim, uma questão de dimensão.
No capítulo Lineações, da obra Geologia Estrutural, veja o conceito de lineação, os tipos de lineação, 
que podem ser primária ou secundária, bem como a sua origem.
Boa leitura.
GEOLOGIA 
ESTRUTURAL
Márcio Fernandes Leão
Lineações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir lineações.
  Descrever o comportamento de lineações.
  Determinar os tipos de lineações primárias e secundárias.
Introdução
Foliação é uma estrutura planar, e lineação é uma estrutura linear — 
ambas são distribuídas de forma homogênea nas rochas. As lineações 
podem ser superficiais se estiverem presentes em superfícies discretas 
ou penetrantes se ocorrerem em todo o volume de uma rocha. Exemplos 
de lineações superficiais incluem moldes de sulcos sedimentares em 
uma superfície de acamamento e os alinhamentos paralelos de fibras 
minerais que se desenvolvem ao longo de algumas superfícies de falha. 
As lineações penetrantes incluem charneiras de pequenas crenulações 
generalizadas em uma foliação, o alinhamento preferencial de grãos 
minerais alongados, como anfibólios ou quartzo, e o alinhamento linear 
de grupos de minerais alongados específicos, como quartzo ou mica. 
Neste capítulo, você vai estudar sobre o conceito e descrever o com-
portamento das lineações, além de determinar lineações primárias e 
secundárias.
1 O que são lineações?
A maioria das lineações e das foliações é de origem secundária, embora 
algumas delas possam ter características primárias herdadas. S-tectonics e 
L-tectonics são termos empregados em rochas dominadas por orientação, 
em especial, planar e linear, respectivamente, de grãos minerais. Em geral, 
a lineação é considerada uma estrutura distribuída de forma homogênea, 
ou penetrante, se o espaçamento ou a escala da estrutura em uma rocha for 
muito pequena em comparação ao tamanho do volume da rocha em consi-
deração. Para que uma estrutura seja qualifi cada como foliação ou lineação 
ela deve ser penetrante em um volume que tenha uma dimensão de dezenas 
de centímetros; os elementos planos que têm um espaçamento médio em 
metros não são foliações, mas estruturas como fraturas, falhas ou zonas de 
cisalhamento. O espaçamento de muitas foliações, por exemplo, em ardósias, 
é tão pequeno que pode ser observado na amostra de mão. Se uma lineação 
ocorrer em uma estrutura plana penetrante, como uma foliação, a lineação 
também será penetrante.
Às vezes, são usados termos como “lineação sedimentar”, “lineação ígnea” 
e “foliação tectônica” para especificar a origem inferida de uma lineação. No 
entanto, como a origem de uma estrutura é baseada na interpretação, essa é 
uma forma inadequada para classificar e para definir foliação e lineação em 
termos estritamente descritivos.
A clivagem de rocha, ou simplesmente clivagem, é a tendência que uma rocha tem 
de quebrar ou de rachar ao longo de superfícies de uma orientação específica. Todas 
as clivagens são foliações, e os dois termos com frequência são usados para descrever 
a mesma estrutura. Foliação é um termo mais geral do que clivagem, no entanto, 
considera a inclusão de elementos geométricos planares que podem não resultar em 
clivagem. O alinhamento planar de grãos levemente achatados (p. ex., quartzo em um 
quartzito, olivina em peridotita ou faixas composicionais em um gnaisse) definiria uma 
foliação, mas poderia fornecer pequena anisotropia mecânica que não resultaria em 
uma clivagem. Os termos acamamento e bandamento descrevem características 
tabulares e planares em rochas que são caracterizadas por diferenças na composição, 
ou possivelmente na textura, das rochas adjacentes. Os termos são comumente usados 
em descrições de rochasígneas plutônicas e gnáissicas (metamórficas de alto grau).
O Quadro 1 mostra uma classificação morfológica de lineações em rochas 
deformadas. Para alguns autores, o termo “lineação” descreve qualquer ca-
racterística linear que ocorre de forma penetrativa em uma rocha e, portanto, 
exclui características como slickensides, slickenfibers e striations que são 
restritos a uma única superfície. 
Lineações2
Fonte: Adaptado de Davis (1984).
Lineações em 
S-tectonics ou 
tectonitos
Estrutural Discreta Seixos, fósseis e manchas 
de alteração.
Marcante Linhas de charneira, 
interseções de charneiras, 
boudins, mullions, lineações 
estruturais em slickenlines.
Mineral Policristalina Rods (aglomerados superficiais ou 
minerais penetrantes), slickenlines 
de minerais policristalinos, grãos 
não fibrosos, supercrescimento.
Grão mineral Grãos de hábito acicular, grãos 
alongados, fibras minerais, 
preenchimento de veios fibrosos 
de grãos minerais, slickenfibers, 
grãos hibrosos, supercrescimento.
Quadro 1. Classificação morfológica das lineações
As primeiras descrições das estruturas lineares categorizaram as linea-
ções de acordo com a sua orientação em relação à geometria da dobra, por 
exemplo, em que as “a-lineações” são perpendiculares e as “b-lineações” são 
paralelas ao eixo da dobra. Atualmente, quatro tipos principais de lineações 
são efetivamente distinguidas (DAVIS, 1984):
Lineações estruturais — Defi nidas pela orientação preferida de uma estrutura 
linear contida em uma rocha. Incluem as lineações discretas, produzidas pela 
deformação de objetos discretos, como oóides, seixos, fósseis e pontos de 
alteração, e lineações marcantes, formadas a partir de características planares 
construídas ou deformadas durante as deformações e incluem a interseção de 
duas foliações, linhas de charneira de crenulação, linhas de boudin, slickenlines 
estruturais e montantes.
Lineações de crenulação — São formadas por linhas de charneira de mi-
crodobras e/ou bandamentos de torção no plano de foliação. As lineações de 
interseção são formadas por dois conjuntos de superfícies que se cruzam.
3Lineações
Lineações de alongamento — São defi nidas por prolato agregado de grãos 
equidimensionais ou levemente alongados que podem ser distinguidos dos 
elementos de texturas vizinhas; e por prolato de grãos únicos deformados de 
minerais como quartzo, calcita ou feldspato, que normalmente têm uma forma 
equidimensional quando mal formados. Objetos deformados, como xenólitos 
em granitoides ou seixos em um conglomerado, também podem ser esticados, 
gerando lineações em maior escala se estiverem presentes em um volume de 
rocha considerável.
Lineações minerais — Defi nidas pela orientação preferencial de um grão 
mineral não deformado único com um hábito alongado ou placar. Exemplos 
desse tipo são lineações de silimanita, de turmalina ou deactinolita, bem como 
de grãos de mica que compartilham um eixo comum. Além disso, as rochas 
que geram texturas lineares podem ser classifi cadas em dois tipos diferentes 
(S-tectonics e L-tectonics) com base na razão axial de objetos elogiados que 
constroem uma lineação.
Essa nomenclatura utilizada para lineações tem vários problemas, entre 
eles a ambiguidade ou a associação genérica de termos como “extensão”. Por 
exemplo, é difícil distinguir o segundo tipo de lineação de estiramento de 
uma lineação mineral. O problema está com a conotação interpretativa do 
termo “lineação”, ou seja, se uma camada policristalina em um milonito é 
desmembrada por faixas de cisalhamento, o resultado pode ser uma "lineação 
de alongamento" em ângulos estreitos com a orientação do maior eixo axial de 
deformação finito. Essa lineação não se desenvolveu devido ao alongamento 
na forma elipsoidal (GHOSH, 1993). 
Podemos adotar um termo descritivo geral para representar as características 
lineares de elementos, conforme apresentado na Figura 1, a seguir. Assim, 
uma lineação de objetos é formada por arranjos paralelos de distintas partes 
alongadas da rocha com um volume mensurável, já uma lineação de traços 
é formada pelo traço de linhas charneira ou pela interseção de superfícies. 
As lineações de elementos (objetos) são divididas da seguinte forma:
  lineações de agregados: é definida por agregados prolatados de grãos 
dos mesmos ou de minerais diferentes, nos quais os grãos individuais 
têm uma razão menor do que a do agregado geral. Esse tipo de lineação 
também inclui objetos deformados distintos, como seixos e pontos de 
redução que consistem em um agregado de grãos;
Lineações4
  lineação de grãos: lineação formada por prolatos de grãos individuais 
de um mineral, em que os elementos longos dos grãos minerais são 
orientados de maneira semelhante. Pode ter elementos de alongamentos 
e lineações minerais e o uso desse termo elimina a ambiguidade men-
cionada anteriormente. O termo lineação de alongamento também pode 
ser usado se a orientação em relação aos eixos de deformação finitos e ao 
modo de desenvolvimento puder ser estabelecida (KULLBERG, 1995).
Figura 1. Exemplo de terminologia que pode ser praticada para definir as lineações.
Fonte: Adaptada de Twiss e Moores (1992).
O conceito de lineação é muito dependente da escala de observação, pois 
ela é determinada se a estrutura está presente de maneira penetrativa em uma 
rocha. Por exemplo, uma lineação de interseção em um micaxisto grosseiro 
está presente apenas em uma escala que excede a escala de grãos. Os termos 
descritivos aqui definidos são provavelmente mais úteis no campo, onde nem 
sempre é possível decidir sobre os mecanismos de desenvolvimento da lineação. 
Em todos os casos, a natureza de uma lineação deve ser descrita juntamente 
com a escala de observação.
2 Comportamento das lineações
As diversas foliações e lineações descritas se formam de muitas maneiras 
diferentes e seu signifi cado nem sempre é óbvio. As principais respostas 
quanto ao comportamento das lineações são os seguintes:
5Lineações
  achatamento dúctil e alongamento da própria rocha;
  rotação mecânica; 
  solução e precipitação;
  recristalização. 
Em geral, solução e precipitação e recristalização envolvem reação química.
A composição da rocha também influencia o tipo de lineação desen-
volvida. As lineações estilolíticas, por exemplo, são amplamente restritas 
a rochas calcárias, embora também se formem em outras rochas, prin-
cipalmente em arenitos calcários ou argilosos. De forma característica, 
um arenito rico em quartzo desenvolve uma lineação disjuntiva áspera a 
suave, mas nunca uma lineação fina e contínua. Da mesma forma, uma 
foliação de crenulação, em geral, se forma em rochas que contêm uma alta 
proporção de minerais placares, embora também possa se desenvolver em 
rochas finamente laminadas.
O primeiro comportamento das lineações está relacionado ao encurta-
mento e alongamento dos grãos minerais (Figura 2). Quando um quadrado 
é achatado de forma homogênea, ele se transforma em um retângulo alon-
gado; quando é cisalhado de maneira homogênea, ele se transforma em um 
paralelogramo (TWISS; MOORES, 1992). Generalizada em três dimensões, 
uma deformação achatada transforma um cubo em um prisma retangular 
(Figura 2a), no qual uma dimensão é reduzida e as outras duas aumentadas. 
Se duas dimensões do cubo forem encurtadas e apenas uma for alongada, a 
deformação é uma constrição (Figura 2a). O cisalhamento de um cubo paralelo 
a uma face e a uma aresta produz um romboedro (Figura 2a). Em cada caso, o 
volume original do cubo pode ser conservado. As faces sombreadas dos blocos 
mostram a deformação bidimensional no plano que contém as instruções de 
encurtamento e alongamento máximos.
Em vez de usarmos um cubo, é mais conveniente representar o efeito da 
deformação observando um círculo ou uma esfera, porque todas as linhas em 
todas as direções começam com o mesmo comprimento. Os lados esquerdos 
dos blocos na Figura 2a ilustram a relação entre a deformação de um quadrado 
e de um círculo inscritono quadrado. A Figura 2b mostra a deformação de 
uma esfera equivalente à deformação mostrada na Figura 2a. O círculo é 
deformado em uma elipse de deformação e a esfera é deformada em um 
Lineações6
elipsoide de deformação. Podemos definir a geometria de uma elipse (ou de 
um elipsoide) pelos comprimentos dos dois (ou três) eixos principais, que são 
os principais eixos de deformação.
Figura 2. Tipos de deformação homogênea: (a) cúbica 
e (b) elipse.
Fonte: Adaptada de Twiss e Moores (1992). 
Uma rocha é composta por grãos minerais e , em geral, contém fósseis ou 
outros objetos deformáveis. Esses objetos são inicialmente esféricos, incluindo 
oóides, radiolários e zonas de alteração, são transformados em elipsoides por 
uma deformação como um achatamento. Os objetos deformados são alinhados 
de forma paralela ao plano de achatamento e ao eixo de alongamento máximo, 
fornecendo o mecanismo mais direto para a formação de uma foliação ou 
7Lineações
lineação, respectivamente. Uma lineação paralela é chamada de lineação de 
alongamento (TWISS; MOORES, 1992). 
Outras características, como grãos minerais equantes, aglomerados de grãos 
minerais e clastos em um conglomerado, podem não ter uma forma inicialmente 
esférica ou distribuição aleatória de orientações. Uma deformação do tipo 
achatamento, no entanto, também altera essas características para produzir 
foliações e lineações, embora o efeito de uma orientação preferencial inicial 
nunca possa ser completamente eliminada. Os boudins são desenvolvidos 
durante a deformação se houver um componente de alongamento paralelo a 
uma camada competente em uma matriz incompetente. A extensão dúctil da 
camada competente não pode acompanhar o ritmo da matriz incompetente, 
e a camada tende a se separar em boudins. À medida que a diferença de 
competência aumenta de pequena para grande, a forma dessas rochas muda 
de uma estrutura de pinch and swell, por meio de boudins separados com 
pescoços pronunciados, para boudins com extremidades afiadas. Se a matriz 
é competente demais para fluir em torno dos boudins de separação, a região 
de baixa tensão entre eles se torna um local favorável para a precipitação de 
um mineral como quartzo ou calcita.
Outro mecanismo que influencia no comportamento das lineações é a 
rotação mecânica (Figura 3). A ocorrência de rotação mecânica de grãos 
minerais durante a deformação é demonstrada por granadas "bola de neve" 
e por crescimentos fibrosos curvilíneos. Várias linhas de evidência indi-
cam que a rotação de grãos minerais em uma orientação preferencial é um 
importante mecanismo de formação de foliações e lineações. Por exemplo, 
grãos de mica originalmente detríticos, que, em geral, são paralelos ao 
acamamento de sedimentos não deformados, são paralelos a uma foliação 
tectônica em seus equivalentes deformados. Os grãos de mica em algumas 
foliações de crenulação são rotacionados ou dobrados em paralelismo com 
a nova foliação.
A deformação experimental de rochas que contêm micas orientadas de 
forma aleatória produziu uma orientação preferida sob condições para as 
quais a rotação é o único mecanismo possível de reorientação. Essa rotação 
pode ocorrer de três maneiras, as quais:
  giro de um grão mineral como uma partícula rígida cercada por uma 
matriz dúctil (Figura 3a); 
  ação de um grão como um marcador estritamente passivo na rocha 
deformada (Figura 3b);
Lineações8
  cisalhamento em planos de deslizamento cristalográficos e giro de modo que 
sua deformação seja compatível com a da matriz circundante (Figura 3c).
Figura 3. Mecanismos de rotação dos minerais pela deformação.
Fonte: Adaptada de Twiss e Moores (1992).
Durante o achatamento homogêneo (Figura 2a), qualquer um dos três 
mecanismos de rotação resulta na rotação de partículas planas ou alongadas, 
como placas de mica ou agulhas de anfibólio, em direção ao paralelismo com 
o plano de achatamento para produzir uma foliação. Durante a constrição 
homogênea (Figura 3a), grãos placares ou alongados giram em direção ao 
paralelismo com a direção de extensão para produzir uma lineação. Grãos 
paralelos a qualquer um dos planos principais não giram, e aqueles inicialmente 
subparalelos permanecem em ângulos altos para a foliação.
Outro mecanismo de formação das lineações é por meio da dissolução, difusão 
e precipitação (TWISS; MOORES, 1992). A deformação rochosa que produz 
foliações e lineações depende, em parte, da mobilidade de espécies minerais 
através da rocha (Figura 4a). Os mecanismos envolvidos incluem a decomposição 
9Lineações
de minerais por solução e reação química, a migração dos componentes quími-
cos através da rocha e a formação de novos grãos minerais por precipitação e 
recristalização. Muitas foliações espaçadas resultam em parte de tais processos.
Foliações estilolíticas, comumente encontradas em pedras calcárias e 
mármores deformados, são talvez o exemplo mais conhecido. Os domínios 
irregulares de clivagem do estilolito podem truncar fósseis, o que indica 
que parte do fóssil foi dissolvida (Figura 4b) e essa solução participou do 
encurtamento acomodado em todo o estilólito. O material que preenche esses 
estilólitos (principalmente minerais de argila, óxidos de ferro e matéria car-
bonática) é o resíduo insolúvel da solução de calcário e pode incluir também 
alguns minerais secundários.
Figura 4. Crescimento mineral por processos de dissolução, difusão e precipitação.
Fonte: Adaptada de Twiss e Moores (1992).
Em alguns argilitos arenosos deformados que possuem uma foliação 
disjuntiva grosseira, o truncamento de grãos de areia detríticos contra do-
mínios de clivagem (Figura 4c) resulta da solução e não no deslocamento 
por cisalhamento ao longo da clivagem. Grãos detríticos originalmente 
equivalentes, como o quartzo, podem ser quase dissolvidos de forma completa 
em grãos finos e parecidos com placas, paralelos e definindo parcialmente 
a foliação (Figura 4d). Um resíduo insolúvel de minerais e óxidos de platina 
forma os domínios de clivagem.
Lineações10
O material dissolvido migra através da rocha, provavelmente pela difusão 
dos limites dos grãos em distâncias curtas ou pelo transporte em um fluido 
que se movimenta por grandes distâncias. através dos poros ou das fraturas O 
material dissolvido, em geral, reprecipita no local, possivelmente em micrólitos, 
que acomodam uma dilatação local (um aumento de volume); como crescimento 
excessivo de minerais ou de partículas preexistentes na rocha (Figura 4b); como 
fibras finas em superfícies de cisalhamento (Figura 4a); ou como depósitos 
fibrosos ou maciços nas veias. Em alguns casos, no entanto, a composição 
geral da rocha pode ser alterada de forma permanente pela remoção ou intro-
dução de um ou mais componentes químicos. Dois fatores principais afetam 
a dissolução de minerais e qualquer mineral deformado é mais solúvel do que 
um não deformado, devido à sua maior energia de deformação bloqueada. Um 
cristal sujeito a uma tensão diferencial tende a se dissolver mais facilmente em 
superfícies nas quais o componente de tensão normal é o máximo. 
As foliações de crenulação, em geral, exibem uma faixa de composição 
associada aos domínios de clivagem e de micrólitos. Os domínios de clivagem 
tendem a ser enriquecidos em minerais de platina e empobrecidos em quartzo, 
comparados aos micrólitos e às rochas não crenuladas. Em alguns casos, os 
micrólitos são enriquecidos em quartzo, sugerindo solução de quartzo na 
clivagem e domínios e precipitação nesses cristais.
O bandamento, por exemplo, pode resultar da solução preferencial de 
minerais mais altamente deformados nos domínios de clivagem ou da solução 
sob pressão, em especial se o quartzo se dissolver em uma interface quartzo-
-mica. Esse mecanismo poderia, portanto, ser responsável pela migração de 
quartzo do domínio da clivagem para o micrólito.
A recristalização é a criação de novos grãos de cristal a partir dos anti-
gos. Durante a deformação, esse processo pode resultar em umaorientação 
preferida dos grãos minerais. Dois tipos de recristalização são importantes 
na geologia estrutural:
  Recristalização coerente: os grãos mais antigos deformados são trans-
formados, de maneira progressiva, em novos grãos não deformados, à 
medida que um limite de grãos migra pela antiga estrutura de cristal 
ou os grãos mais antigos são subdivididos em muitos novos grãos 
pela rotação de pequenos domínios internos chamados subgrãos. A 
estrutura cristalina e a composição dos grãos novos e antigos são as 
mesmas, embora os novos grãos tenham orientações de rede diferentes 
das antigas (TWISS; MOORES, 1992). 
11Lineações
  Recristalização reconstrutiva: a antiga estrutura cristalina se quebra, 
por exemplo, durante uma reação química, e uma nova estrutura se 
forma, em geral, com uma composição diferente. A distinção entre o 
processo de solução/precipitação e a recristalização reconstrutiva nem 
sempre é bem definida. 
Ambos os tipos de recristalização podem alterar a forma e o arranjo dos 
grãos. Uma foliação ou uma lineação pode se desenvolver por solução ou 
reação química, por exemplo, pela destruição seletiva de grãos velhos, que 
deixam apenas grãos com uma orientação específica, ou pela produção de 
novos grãos que crescem em uma orientação preferida.
A evolução da clivagem de ripas é um exemplo do efeito da recristalização 
reconstrutiva. Sem algum fator de controle externo, esse tipo de recristaliza-
ção, em geral, não produz uma orientação preferida e pode até destruir uma 
orientação preexistente. A recristalização associada à deformação, no entanto, 
pode produzir uma orientação preferida ou aprimorar uma já existente, e pelo 
fato de esses processos serem muito comumente associados, a interação entre 
eles tem grande influência nos tecidos resultantes.
Os slickensides nas falhas (Figura 5), em geral, contêm linhas que são 
paralelas à direção do deslizamento na superfície da falha e incluem sli-
ckenlines estruturais, slickenlines minerais e slickenfibers. As lineações de 
fibras minerais ocorrem não apenas como fibras finas, mas também como 
preenchimentos de veias fibrosas e supercrescimentos fibrosos.
Figura 5. Slickensides em falhas.
Fonte: Studio Karel/Shutterstock.com.
Lineações12
Essas lineações são originadas por uma variedade de mecanismos dife-
rentes, como os seguintes (TWISS; MOORES, 1992):
Slickenlines estruturais — As superfícies de falha nunca são perfeitamente 
planas, mas contêm pequenas irregularidades ou saliências chamadas rugosi-
dades. Se as rugosidades forem particularmente fortes e resistentes à abrasão 
e à fratura, elas podem arranhar e arrancar a superfície oposta da falha, dando 
origem a um tipo de slickenline estrutural. O comprimento dessas lineações 
é um limite inferior para o deslocamento na superfície da falha. Pequenas 
cristas podem se desenvolver onde o plano de fratura é desviado por trás 
de uma rugosidade forte e uma ranhura correspondente deve se formar na 
superfície oposta. Da mesma forma, as lineações de cumeeira na ranhura, 
ou montantes de falha, se formam se a superfície da falha for irregular e não 
plana, e se as irregularidades forem lineares e paralelas à direção do escorre-
gamento. Nos dois casos, o comprimento da lineação não é necessariamente 
relacionado à quantidade de deslocamento na falha, porque a crista e a ranhura 
correspondentes formam parte do processo de propagação da fratura, não são 
resultado do deslocamento na falha; portanto, eles não podem ser usados para 
restringir a magnitude do deslocamento. Em algumas superfícies de falha, 
o deslocamento é acomodado pela solução em que há um componente de 
encurtamento na falha. O mecanismo é semelhante à produção de estilólitos, a 
não ser pelo fato de a superfície da solução, denominada superfície slickolita, 
ser subparalela à direção de deslocamento e não aproximadamente normal, 
como nos estilólitos. A contraparte da estrutura dentária dos estilólitos é uma 
espiga na superfície do slickolito.
Slickenlines minerais — São defi nidas por faixas no lado slickenside e resultam 
da mancha de grãos minerais e de rugosidades suaves. Eles também podem 
se acumular por trás de rugosidades duras e podem se formar em combinação 
com arranhões e linhas de goiva.
Slickenfi bers — As lineações de fi bras minerais ocorrem como fi bras lisas em 
superfícies de falha, como preenchimentos de veias fi brosas e como supercres-
cimento fi broso em grãos ou partículas. A continuidade e a morfologia das 
fi bras minerais que ocorrem através da superfície da veia ou de cisalhamento 
implicam que o crescimento das fi bras acompanhou o ritmo do deslocamento 
gradual e da abertura da fi ssura.
Vários outros termos são usados para descrever características planares 
penetrantes em rochas. O termo superfície S, em geral, é sinônimo de fo-
13Lineações
liação (o “S” vem da palavra alemã schiefer, que significa xisto). Refere-se 
a qualquer característica plana penetrante de uma rocha e, portanto, inclui 
lineamentos sedimentares, xistosidades e superfícies axiais de dobras, que 
podem ser simplesmente construções geométricas, em vez de definidas por 
características físicas reais na rocha. Em geral, o fundamento é designado “S0”, 
e outros recursos planares penetrantes, como foliações e superfícies axiais, são 
rotulados como “Sb”, “S2”, etc., em que normalmente os subscritos indicam 
a sequência na qual os diferentes elementos se desenvolveram.
O artigo “Diagrama tangente: útil recurso do programa Ester 2.1 para projeção estereográfica 
em Geologia”, de Celso Dal Ré Carneiro et al., mostra como podemos identificar as 
características das lineações por meio de recursos computacionais. 
3 Lineações primárias e secundárias
Foliações e lineações são primárias se originadas por processos sedimentares 
ou ígneos primários. Processos sedimentares primários, como transporte e 
deposição de sedimentos, produzem, por exemplo, marcas lineares, que são 
a orientação preferencial de clastos sedimentares e acamamentos. Processos 
ígneos primários, como fl uxo e cristalização, resultam na orientação prefe-
rencial de bolhas e fragmentos de pedra-pomes ou em faixas de composição. 
Foliações e lineações são secundárias se originadas por processos secundários, 
como deformação tectônica ou metamorfi smo (LEYSHON; LISLE, 1996). Os 
principais tipos de lineações, do ponto de vista descritivo e geométrico são 
apresentados a seguir e ilustrados na Figura 6.
Eixos de dobras em todas as escalas — Apesar da opinião contrária de 
muitos geólogos, os eixos das dobras são considerados lineação por numerosos 
autores (Figura 6a).
Interseções de superfícies S, tais como estratifi cação, xistosidade, foliação, 
planos de deslizamento, etc. e crenulações — A interseção de duas superfícies 
S produz uma linha, assim, se uma superfície de acamamento (S0) sofre um 
obramento com desenvolvimento contemporâneo de clivagem plano axial 
Lineações14
(S1), a interseção será uma estrutura linear. Se fi zermos uma fratura fresca 
na rocha, de maneira paralela à clivagem, o traço do acamamento no plano de 
clivagem aparecerá sob a forma de riscos paralelos. Se a fratura for paralela 
ao plano de acamamento, o traço da clivagem aparecerá como minúsculas 
fi ssuras naquele plano. De forma análoga, a interseção de acamamento com 
a xistosidade é uma lineação. As crenulações ou corrugações são dobras mi-
núsculas cuja amplitude e comprimento de onda são expressos em milímetros, 
sendo penetrativas por toda a rocha e originadas pela interseção da clivagem 
ou xistosidade de transposição com os planos S0 de acamamento (Figura 6b). 
Uma lineação resultante da interseção da estratificação (S0) e uma clivagem 
ou xistosidade (S1) plano axial é paralela ao eixo principal das dobras regionais. 
Isso é válido se for considerado o traço de S1 em S0 ou o traço de S0 em S1. 
Analogamente, a interseção de S0 com uma clivagem de fratura relacionada 
ao dobramento é paralela aos eixos de dobramento, o mesmo acontececom 
a interseção da clivagem de fratura com a clivagem (ou xistosidade) paralela 
ao plano axial das dobras regionais (MATTAUER, 1973).
Paralelismo linear de partículas que compõem as rochas como minerais 
platiformes, tabulares, prismáticos ou aciculares, em que seixos, oolitos, 
psolitos e fósseis alongados e subparalelos ocorrem de forma isolada ou 
agregada — Durante a deformação, a neocristalização dos grãos que compõem 
a rocha, assim como todas as partículas nela existentes como fragmentos, oolitos, 
psolitos, fósseis e seixos, são submetidos a esforços, que, dependendo da inten-
sidade, podem provocar seu alongamento ou achatamento. Os seixos e os fósseis 
constituem o melhor exemplo. Minerais platiformes, prismáticos ou aciculares, 
como micas, feldspatos ou agulhas de hornblenda, podem se dispor, durante a 
constituição da rocha, com suas dimensões maiores orientadas de preferência 
segundo linhas paralelas, originando uma das lineações mais comuns das rochas. A 
trama beltreropórica, é um dos exemplos de importante estrutura linear (Figura 6c).
A orientação de lineações originadas por componentes alongados das 
rochas tem sido objeto de muita análise e controvérsia, em especial porque 
vários autores defendem a hipótese de que elas sejam, em geral, relacionadas de 
maneira sistemática às dobras associadas, fato que nem sempre ocorre (PARK, 
1973). A lineação conferida por minerais com as formas supracitadas, como 
agulhas de hornblenda, cristais de feldspato ou palhetas de mica, não resulta 
na deformação plástica desses elementos, mas de sua cristalização segundo 
a lineação, em virtude de ser essa a direção mais fácil de crescimento. Isso é 
válido tanto durante o fluxo de rochas magmáticas (lineação primára) quanto 
de rochas metamórficas (lineação secundária).
15Lineações
Eixo de rotação de minerais girados durante o metamorfi smo — Grãos 
minerais desenvolvidos e girados durante a cristalização combinada com a 
deformação proporcionam eixos de rotação de elementos lineares úteis, men-
suráveis, mesmo quando as dobras não são visíveis. Quando porfi roblastos, 
como granadas, estaurolitas, etc., crescem durante a rotação, as superfícies 
S podem ser arrastadas no movimento originando formas sigmoidais ou 
espiraladas (Figura 6d).
Os minerais podem sofrer rotação segundo diferentes sentidos nos flan-
cos opostos de dobras individuais de deslizamento flexural (PASSCHIER; 
TROUW, 1996). Em algumas situações privilegiadas, quando o fechamento 
das sobras é bem exposto, o profiroblastos girados revelam o eixo principal 
e a deformação rotacional de planos S (foliação), que produz corrugamentos 
diminutos, cujos eixos são paralelos ao eixo principal.
Estrias de deslizamento (slickensides), sulcos ou riscos — As estrias de 
deslizamento (slickensides), sulcos ou riscos, sejam elas de falha ou contidas 
em superfícies S e dispostas normalmente aos eixos das dobras fl exurais, 
constituem também um tipo de lineação, apesar de não serem uma propriedade 
penetrativa da rocha e, por isso, não são consideradas como tal por certos 
autores. Em geral, pode ocorrer a cristalização de minerais de forma paralela 
às estrias, tornando-as mais notáveis, constituindo uma estria mineralógica 
(Figura 6e).
A interseção de planos S0 de estratificação com planos de clivagem ou 
xistosidade pode resultar em diminutas dobras, designadas crenulações 
ou corrugamentos, cujos eixos podem ser paralelos às dobras regionais, 
se estas e os planos S1 forem contemporâneos. Isso decorre do fato de as 
crenulações serem essencialmente microdobras de arrasto originadas em 
virtude de diminutos deslocamentos dos planos de clivagem plano axial (ou 
xistosidade) no sentido das charneiras das dobras maiores, por esforços de 
compressão, e por meio de clivagem (ou xistosidade) de transposição desen-
volvida também de forma paralela aos planos axiais das dobras regionais 
(PRICE; COSGROVE, 1990). Contudo, muitas vezes os estratos podem 
ser comprimidos de tal maneira que os planos de movimentos, paralelos a 
S0 ou a S1, não se relacionam com os eixos de dobramentos regionais de 
orientação preferencial. Por outro lado, certas áreas são tipificadas por sis-
temas ou por famílias de crenulações com orientação da lineação particular. 
Cada um deles pode ter se derivado, seja por fases de deformação distintas 
Lineações16
ou por sucessão durante uma mesma fase, mas devido ao deslizamento das 
rochas segundo direções diferentes paralelamente a S0 e a S1. Quando o 
deslizamento interestratal, processando-se durante a conformação de dobras 
e normalmente a seus eixos, produz estrias, estas serão dispostas também de 
forma perpendicular àqueles eixos. Isso também acontecerá com lineações 
conferidas para minerais crescidos contemporaneamente ao deslizamento de 
planos interestratais. No caso de estrias de falhas, sua orientação declarará a 
direção de movimento dos blocos ao longo do plano de falha onde ocorrem 
(RAMSAY; HUBER, 1983).
Linha boudins na estrutura conhecida como boudinage — O termo boudi-
nage aplica-se à estrutura desenvolvida durante a deformação, quando uma 
rocha competente, como uma camada, um dique ou um veio, encaixada em 
litologias menos competentes, sofre espessamento, adelgaçamento e constri-
ções, de modo que, em seção, tem-se uma série de elipses, em geral, ligadas 
entre si por meio das extremidades de seus eixos maiores, de modo a simular 
um cordão de salsichas. Cada corpo rochoso de seção elíptica e alongado 
de maneira longitudinal é designado boudin, e sua associação é a estrutura 
boudinage (salsicha, em francês). A atenuação contínua da rocha em processo 
de boudinamento pode terminar por romper boudins individuais e separá-los. 
Em rochas submetidas a elevado grau de metamorfi smo, a linha de boudin, 
ou a cicatriz de separação ou o espaço criado com a separação dos boudins, 
pode ser ocupada por quartzo, feldspato e calcita, dependendo das rochas 
envolvidas na deformação. Acredita-se que tais minerais formam-se a partir 
de segregação das rochas envolventes, acumulando-se naqueles locais que 
são caracterizados por baixa tensão. Por vezes, pode ocorrer a substituição 
dos boudins pelos minerais introduzidos. Além da confi guração supracitada 
da boudinage, são descritas várias outras formas que ocorrem em litologias 
diversas, como em quartzitos intercalados com ardósias, fi litos ou xistos, em 
dolomitos e itabiritos, em cherts interestratifi cados com calcários, em gabros 
foliados, e em gnaisses bandeados e migmatitos (Figura 6f).
Segundo vários autores, a boudinage forma-se a partir de um processo de 
distenção (ou estiramento) paralelo ao acamamento em rochas competentes 
intercaladas com incompetentes, mas orientada, de forma perpendicular, 
às linhas de boudins. Em regiões dobradas, a boudinage pode derivar da 
distenção de uma camada competente nos flancos de uma dobra disposta 
das seguintes formas:
17Lineações
  perpendicular aos eixos de dobramento com linhas de boudins paralelas 
aos eixos;
  paralelo aos eixos de dobramentos com as linhas de boudins orientando-
-se normalmente aos eixos;
  normal à direção de tensão, com desenvolvimento de sistemas de 
boudins perpendiculares entre si, isto é, as linhas de boudins em 
um sistema serão orientadas em paralelo e, em outro sistema, per-
pendicularmente aos eixos das dobras regionais originadas naquele 
campo de tensão.
Estrutura colunar (mullion structure) e estruturas em barras (rod 
structure) — As estruturas colunares (mullion structures) são colunas 
paralelas ou subparalelas resultantes da subdivisão ou da conformação de 
uma camada durante deformação e metamorfi smo (Figura 6g). As colunas 
podem ter sua superfície suave e cantos arredondados ou serem um pouco 
angulosas. As seções, perpendiculares ao seu comprimento maior, podem 
ser grosseiramente circulares, elípticas ou poligonais. Podem se desenvolver 
em numerosas rochas, como quartzitos, xistos, ardósias, gnaisses granu-
litos, migmatitos, etc. Asdimensões das colunas são muito variáveis, vão 
desde 1 cm a dezenas de centímetros e a dimensão longitudinal varia de 
alguns centímetros a vários metros. Podem ser mencionadas as seguintes 
estruturas colunares:
  Colunas de dobramento ( fold mullions): são formadas por superfícies S 
cilíndricas correspondentes a planos de estratificação S0 primitivos ou 
de foliação preexistentes. Com frequência, as colunas são compostas de 
linhas de charneiras destacadas e estranguladas de dobras parasíticas 
(closure), em que um dos lados é delimitado por uma superfície S, que 
é, em geral, a laminação de estratificação, e o outro por uma superfície 
estriada que corta as superfícies S internas.
  Colunas de estratificação (bedding mullions): são similares às an-
teriores e consistem em ondulações do plano S0 de estratificação, 
que se mostra alisado, polido ou estriado e, formam-se em regiões 
de dobramento menos intenso. As ondulações variam de estruturas 
pinch and swell em uma única camada até flexuras suaves ou corru-
gamentos amplos.
Lineações18
  Colunas de clivagem de xistosidade ou de foliação (cleavage mullions): 
são longos prismas rochosos com seções transversais mais ou menos 
poligonais ou arredondadas, formados pela interseção de planos S, como, 
por exemplo, de duas xistosidades, de estratificação e de foliação, etc. 
Tais planos delimitantes são, em geral, suaves ou levemente arqueados, 
mas dobramentos posteriores podem modificar as arestas de interseção, 
de modo a tornar as colunas mais arredondadas, podendo ser causado 
também pelo intemperismo.
  Colunas irregulares (irregular mullions): são longos corpos cilíndricos 
de seção transversal muito irregular em virtude da “nervação”, estria-
mento ou sulcos na superfície externa, semelhantes aos existentes em 
telhas (folhas) de zinco corrugadas. As colunas prismáticas se justapõem 
de forma semelhante a peças de um mosaico.
As estruturas colunares, bem como as barras de quartzo, em geral, orientam-
-se de forma paralela aos eixos principais das dobras cilíndricas regionais 
e de maneira perpendicular à direção de transporte tectônico, desde que 
sejam originados contemporaneamente com estas. Em áreas de dobramentos 
complexos e repetidos, a orientação das colunas pode ser controlada pela 
distribuição local das tensões.
Em geral, as relações entre a forma externa e as superfícies S são inexis-
tentes, obscuras ou pobres, a primeira trunca em regra esta última. A estrutura 
interna desse tipo irregular revela extremo contorcimento das lâminas de 
estratificação.
Barras de quartzo (quartz rods) — Corresponde a um termo descritivo, não 
genético, aplicado a corpos legados cilíndricos de quartzo, desenvolvidos 
em charneiras de dobras, em geral, comprimidas. Embora o mineral mais 
comum dessas dobras seja o quartzo, a calcita poderá aparecer em barras 
desenvolvidas em rochas carbonáticas deformadas. Existe muita confusão 
entre essa estrutura e a colunar, mas as duas são bem distintas. As barras 
são essencialmente monominerálicas e distinguem-se das colunas por serem 
compostas por material diferente das rochas que as encaixam. As barras 
originam-se por meio de segregação do mineral que as constitui, a partir das 
rochas encaixantes para as charneiras das dobras, durante o dobramento, 
cisalhamento e metamorfi smo (Figura 6h). 
19Lineações
(Continua)
Lineações20
As lineações têm grande importância prática, como a clivagem e a xisto-
sidade, por se relacionarem de forma geométrica com as estruturas regionais, 
permitindo, por meio de seu conhecimento, resolver numerosos problemas 
Figura 6. Exemplo de terminologia que pode ser praticada para definir as lineações.
Fonte: Adaptada de Rubilar (1999); (e) deLoon/Shutterstock.com; (h) Zelenskaya/Shutterstock.com.
(Continuação)
21Lineações
estruturais. As relações são válidas quando as lineações e os dobramentos, 
por exemplo, são contemporâneos e originam-se a partir dos mesmos campos 
de tensões. No caso de tectonizações superpostas, é necessário restaurar 
cada estrutura linear (e também as superfícies S) à sua posição primitiva, 
anterior à deformação que a afeta, a fim de identificar as diferentes fases 
de dobramentos.
As estruturas menores mapeadas no campo se prestam a um papel importante 
na elucidação de problemas de grandes estruturas regionais e oferecem valiosos 
elementos para a elaboração de sínteses tectônicas. As aplicações práticas da 
lienação são inúmeras. A lineação primária fornece excelentes dados sobre o 
modo de posicionamento de corpos magmáticos plutônicos e a forma desses 
corpos, além disso, permite a obtenção de informações sobre a estrutura de 
rochas efusivas e a direção de fluxo de lavas. A lineação secundária desenvolvida 
em metassedimentos dobrados, por exemplo, pode ter uma relação geométrica 
com as dobras, de maneira análoga às mantidas pela clivagem ardosiana e pela 
xistosidade.
DAVIS, G. H. Structural geology of rocks and regions. New York: Wiley, 1984.
GHOSH, S. K. Structural geology. Oxford: Pergamon, 1993.
KULLBERG, M. C. Geologia estrutural: apontamentos. Lisboa: Universidade de Lisboa, 1995.
LEYSHON, P. R.; LISLE, R. J. Stereographic projection techniques in structural geology. Oxford: 
Butterworth/Heinemann, 1996.
MATTAUER, M. Les déformations des matériaux de l'écorce Terrestre. Paris: Hermann, 1973.
PARK, R. G. Foundations of structural geology. 3rd ed. Glasgow: Chapman & Hall, 1973.
PASSCHIER, C. W.; TROUW, R. A. J. Micro tectonics. New York: Springer, 1996.
PRICE, N. J.; COSGROVE, J, W. Analysis of geological structures. Cambridge: Cambridge 
University Press, 1990.
RAMSAY, J. G.; HUBER, M. I. The techniques of modern structural geology. New York: 
Academic, 1983. 2 v.
RUBILAR, N. H. Geología estructural. Santiago (Chile): Ril Editores, 1999.
TWISS, R. J.; MOORES, E. M. Structural geology. New York: Freeman, 1992.
Lineações22
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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
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sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Leituras recomendadas
CARNEIRO, C. R. et al. Diagrama tangente: útil recurso do programa Ester 2.1 para pro-
jeção estereográfica em Geologia. Terrae Didatica, v. 14, n. 1, p. 15–26, 2008. Disponível 
em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/td/article/view/8652044/17731. 
Acesso em: 7 jun. 2020.
WILSON, G. Introduction to small-scale geological structures. Boston: Allen & Unwin, 1982.
23Lineações
Dica do professor
As estruturas planares, como clivagem, xistosidade, foliação, bem como as estruturas lineares que 
podem ser associadas fornecem importantes dados sobre a evolução tectônica de uma dada região.
Além disso, tais estruturas mantêm-se, via de regra, com a mesma orientação (trend) por vastas 
áreas e relacionam-se ao campo de stress e ao panorama de movimento que governou durante a 
evolução tectônica de uma região.
Nesta Dica do Professor, saiba um pouco mais sobre a origem e o comportamento das lineações.
 
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Exercícios
1) Slickensides são superfícies de rocha naturalmente polidas pelo movimento de falhas 
provenientes do atrito, sendo consideradas lineações.
Em relação aos slickensides, pode-se afirmar que:
A) eles geralmente exibem estrias, que são estruturas lineares devido ao deslizamento por atrito 
nas superfícies de falha.
B) eles possibilitam a identificação de um vetor, ou seja, permitem identificar a direção do 
movimento.
C) as estrias oriundas do movimento das falhas são restritas a essas superfícies, não sendo uma 
texturapenetrante.
D) esse tipo de estrutura é restrito a movimentos de falhas, não sendo observadas em dobras, 
por exemplo.
E) esse tipo de estrutura é restrito a movimentos de dobras, não sendo observadas em falhas, 
por exemplo.
2) Crenulações são estruturas tipicamente observadas em rochas xistosas, onde é possível 
observar nos planos de xistosidade esse tipo de feição.
Em relação à crenução, pode-se afirmar que:
A) as crenulações minerais, típicas de xistos, são estruturas primárias penetrativas, em que é 
possível obter o sentido da deformação.
B) as crenulações são feições onduladas de pequena escala, produzindo uma matriz linear com 
rugosidade espaçada e regular.
C) esse tipo de lineação é um bom indicativo de deformações sobrepostas, como observado em 
granitos.
D) esse tipo de lineação é um bom indicativo de deformações sobrepostas, como observado em 
calcários.
Carlos Henrique
Realce
Carlos Henrique
Realce
E) duas ou mais famílias de lineações de crenulação não podem se cruzar, não havendo 
variações de padrão.
3) O conceito de lineação é utilizado para descrever qualquer alinhamento repetido, geralmente 
penetrante e paralelo a elementos lineares dentro de uma rocha. Medidas de deformação 
finita em rochas contendo marcadores de deformação, como fósseis, oólitos ou vesículas, 
mostram que a lineação mineral, se desenvolvida na foliação, geralmente coincide com o 
eixo de alongamento máximo X do elipsóide de deformação finita, sendo uma maneira de 
definir essas estruturas.
Com base no contexto apresentado, podemos afirmar que:
A) as lineações e foliações, por serem estruturas não correlacionáveis, permitem avaliação das 
deformações adicionais.
B) as texturas planar e linear são estruturas de aspectos distintos, embora componham uma 
geometria tridimensional.
C) as lineações e foliações, por serem estruturas correlacionáveis, não permitem avaliação das 
deformações adicionais.
D) As lineações são geneticamente relacionadas aos planos de foliação em que ocorrem.
E) as lineações são definidas basicamente nos planos onde os minerais são remodelados.
Vários mecanismos são utilizados para explicar o desenvolvimento de lineações. Como na 
formação de foliações, elas incluem crescimento preferencial, rotação passiva e ativa e 
deformação de grãos. Com base no contexto apresentado, analise as seguintes sentenças:
I – Uma lineação mineral também pode ser devido à rotação em direção a uma atitude 
definida durante a deformação. A rotação pode ser acompanhada pela desintegração de 
grãos grandes e agregados de grãos.
II – Lineações definidas pela orientação linear paralela de grãos e fibras minerais alongadas 
são atribuídas ao crescimento orientado (elas mostram anisotropia de crescimento) em 
resposta ao estresse desviador local.
III – Os núcleos alongados formados pela segregação do quartzo, por exemplo, estão 
frequentemente relacionados a uma rotação direcional. Essa situação pode reproduzir uma 
lineação pré-existente.
IV – A deformação dúctil e a solução sob pressão podem ser responsáveis pelo alongamento 
dimensional. Essa situação geralmente contribui para o desenvolvimento de orientação 
4) 
Carlos Henrique
Realce
preferencial cristalográfica.
Quais sentenças estão corretas? 
A) Apenas as sentenças I e III estão corretas.
B) Apenas as sentenças I e IV estão corretas.
C) Apenas as sentenças II e III estão corretas.
D) Apenas as sentenças I, II e IV estão corretas.
E) Apenas as sentenças II, III e IV estão corretas.
5) Uma compreensão da origem dos vários tipos de lineações pode fornecer algumas dicas 
sobre o histórico de esforços e movimentos de uma área. Durante muito tempo, as lineações 
foram usadas mais ou menos indiscriminadamente como indicadores de direção do 
transporte tectônico. Com base no contexto apresentado, analise as seguintes sentenças:
I – Estruturas lineares podem ser utilizadas para determinar a orientação do eixo da dobra 
ou a direção do movimento independente de suas relações geométricas com as dobras, 
tendo em vista a sua penetratividade.
II – Muitas lineações são indicadores de tensão, fundamentalmente paralelas à direção 
máxima de extensão finita.
III – Lineações indicando a direção do movimento ao longo de uma superfície ou zona de 
movimento podem ser uma forma de definir um grupo de lineações.
IV - Eixos de crenulações paralelas ou dobras em pequena escala e interseção de conjuntos 
de planos que não têm relação específica com eixos de tensão finita podem ser uma forma 
de definir um grupo de lineações.
Quais sentenças estão corretas? 
A) Apenas as sentenças I e III estão corretas.
B) Apenas as sentenças I e IV estão corretas.
C) Apenas as sentenças II e III estão corretas.
D) Apenas as sentenças I, II e IV estão corretas.
E) Apenas as sentenças II, III e IV estão corretas.
Carlos Henrique
Realce
Carlos Henrique
Realce
Na prática
A palavra lineação é usada para definir qualquer tipo de estrutura linear no interior ou na superfície 
de uma rocha. A estrutura linear é conferida estatisticamente pelo paralelismo de elementos 
planares ou lineares existentes em uma rocha, ou seja, a trama rochosa.
Atualmente, é preferível que a caracterização das lineações seja em função de seu significado 
genético, sendo usado em possíveis elementos puramente descritivos, objetivos, geométricos e de 
sentido quantitativo.
Veja, Na Prática, como identificar as lineações em afloramentos e obter as suas "coordenadas" 
geológicas, ou seja, a atitude da lineação.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/4dcf0338-5791-4f4a-a54e-571745141334/fc0a7c8f-67ed-4d6e-b87d-500b53397232.jpg
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Medição de parâmetros de rocha com a bússola
Neste vídeo, veja, na prática, como podemos utilizar esse importante instrumento de trabalho de 
geólogos para a identificação das estruturas geológicas, entre elas as lineações, em campo.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Caracterização estrutural dos veios de auríferos da região de 
Cuiabá (MT)
Veja, neste artigo, como o entendimento e a identificação das características das lineações podem 
ser idealmente aplicados para a busca por depósitos minerais e de importância econômica.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
A ZONA DE CISALHAMENTO TAUÁ, CEARÁ: SENTIDO E 
ESTIMATIVA DO DESLOCAMENTO, EVOLUÇ
Neste artigo, o autor utiliza o conhecimento acerca das lineações para verificar a gênese de 
magmas, lembrando que a gênese dos magmas é um indicativo sobre a história geológica da região.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://www.youtube.com/embed/4hH7OhhgJN8
https://www.yumpu.com/pt/document/read/7108434/caracterizacao-estrutural-dos-veios-de-quartzo-auriferos-da
http://bjg.siteoficial.ws/1991/n.2/7.pdf