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CONTABILIDADE GERENCIAL - INTRODUÇÃO A principal função da contabilidade é a de fornecer informações úteis para a tomada de decisão. Podemos dividir os usuários em dois grandes grupos: usuários externos e usuários internos. Entre os usuários externos das demonstrações contábeis incluem-se investidores atuais e potenciais, empregados, credores por empréstimos, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, governos e suas agências e o público. Eles usam as demonstrações contábeis para satisfazer algumas das suas diversas necessidades de informação. Assim, os usuários externos utilizam os demonstrativos contábeis preparados pela Contabilidade Financeira. Já os usuários internos (administração da empresa) usam as informações preparadas pela Contabilidade Gerencial. A Contabilidade Gerencial não se prende a convenção ou princípio de contabilidade. Destina-se a fornecer informação para a administração da empresa, formatadas de acordo com as suas necessidades específicas. Para isso, usam conceitos e técnicas oriundos de diversas disciplinas, como a contabilidade, custos, análise de balanço, economia, estatística, administração de empresas etc. A Associação Nacional dos Contadores dos Estados Unidos define Contabilidade Gerencial como o processo de identificação, mensuração, acumulação, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras utilizadas pela administração para planejamento, avaliação e controle dentro de uma organização e para assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus recursos. (Clóvis Luiz Padoveze, Contabilidade Gerencial, Editora Atlas, 2ª Edição, 1997). Contabilidade financeira: segue as normas e os princípios de contabilidade. Tem auditoria externa, para verificar se os demonstrativos foram elaborados de conformidade com as regras contábeis. Contabilidade gerencial → Não se prende a convenção ou princípio. Um dos instrumentos usados pela Contabilidade Gerencial é o Orçamento, que veremos a seguir. ORÇAMENTO EMPRESARIAL O Orçamento é um instrumento de planejamento e de controle dos resultados da empresa. Está relacionado, normalmente, ao controle de curto prazo, principalmente do capital de giro e do caixa. Mas também deve ser usado para planejamento de longo prazo. O orçamento está mais relacionado com a administração financeira do que com a Contabilidade. Vejamos algumas noções iniciais de administração financeira: Administração Financeira: Uma Introdução O objetivo da administração financeira é maximizar o retorno para os acionistas da entidade, ao mesmo tempo em que propicie a liquidez necessária para atender aos compromissos financeiros. Assim, o objetivo básico é obter a maior rentabilidade possível, desde que não comprometa a liquidez da empresa. As principais áreas de atuação da administração financeira são as seguintes: --- Investimento: refere-se à avaliação e escolha das alternativas de investimentos dos recursos da empresa, e também à estrutura ideal dos ativos da empresa (ativos correntes x ativos não correntes). É considerada a mais importante das três decisões, pois relaciona-se com a própria razão de ser da empresa – investimento para produzir e conseguir resultados. --- Financiamento: definir a estrutura ideal para as fontes de recursos, considerando a estrutura dos ativos da empresa. É necessário definir a melhor combinação entre capital de terceiros e capital próprio. A decisão envolve as seguintes variáveis: --- Utilização (retenção) do lucro líquido: é a política de dividendos, que determina a parte dos lucros que será distribuída aos acionistas e a parte que será reinvestida na empresa. É a “política de dividendos”. Decisão de Financiamento Valor do investimento Disponibilidade de capital, próprio ou de terceiros Risco do investimento Custo de capital das fontes de financiamento Resumindo: - Planejamento Financeiro de Curto e Longo Prazo No Balanço Patrimonial, o Ativo deve ser classificado em Circulante e Não Circulante. Todo o Ativo que vai se realizar (vai se transformar em dinheiro) no prazo de 12 meses fica classificado no circulante (supondo que o Ciclo operacional seja igual ou menor a 12 meses. Se o Ciclo Operacional for maior, a classificação no circulante segue o prazo do Ciclo Operacional). Os ativos de realização mais lentas ficam no grupo Não Circulante, que inclui o Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. A empresa utiliza dinheiro para financiar suas operações. Pode ser dinheiro próprio (Capital Social, Lucro obtido nas operações, enfim, o Patrimônio Líquido) ou de terceiros (empréstimos e financiamentos). Tome nota! E chegamos agora a um importante conceito de administração financeira: para evitar desequilíbrios financeiros, os ativos devem ser financiados com recursos que tenham prazo de exigibilidade compatível com o retorno esperado. Assim, para financiar, digamos, a construção de uma fábrica que irá demorar 5 anos para começar a produzir, a empresa não deve contrair um empréstimo com prazo de 12 meses. Deverá usar capital próprio (dinheiro dos sócios, ou seja, o PL) ou empréstimos e financiamentos que sejam pagos após a fábrica entrar em operação. E se a empresa precisa comprar mercadoria que será vendida rapidamente? Nesse caso, deve usar empréstimo a curto prazo ou a longo prazo? Deve usar o mais barato. Os empréstimos geram despesas financeiras (juros). Se o prazo não é problema, a entidade deve verificar a forma menos onerosa para suprir necessidades de caixa. Por exemplo, se a empresa tem um desequilíbrio de caixa, e precisa de um empréstimo por 15 dias, é melhor tomar um empréstimo nesse prazo (e pagar juros por 15 dias) do que fazer um empréstimo por um prazo maior ( e pagar juros por mais tempo). Administração Financeira Investimentos Financiamentos Política de dividendos O planejamento financeiro de curto prazo envolve a administração do capital de giro (caixa, disponibilidades, estoques, contas a receber de curto prazo). E o planejamento financeiro de longo prazo envolve o financiamento dos ativos não circulantes (imobilizado, intangível, etc), incluindo eventual expansão das atividades da empresa. Esquematizemos: A seguir, três questões da CESPE: (CESPE/PETROBRAS/Administrador Jr./2007) A administração do capital de giro consiste no conjunto de tarefas relacionadas ao planejamento financeiro de longo prazo da empresa. Comentário: A administração do capital de giro está relacionada com o planejamento financeiro de CURTO prazo. Gabarito → Errado (CESPE/TRE-BA/Contabilidade/2010) Orçamento de capital é o planejamento de longo prazo para propostas de aplicação de capital e seu financiamento. Gabarito → Certo (CESPE/PETROBRAS/Administrador Jr./2007) A gestão e a projeção do orçamento de caixa para períodos inferiores a um ano inserem-se no âmbito do planejamento financeiro de curto prazo. Comentário: O planejamento financeiro de custo prazo consiste na administração do Capital de Giro ou Capital Circulante, que é o Ativo circulante. Gabarito → Certo Muito bem. O planejamento divide-se em Estratégico, Tático e Operacional. Planejamento Estratégico refere-se ao longo prazo (5 anos ou mais). Planejamento tático refere-se ao médio prazo (por volta de 3 anos). E o planejamento operacional está relacionado com o curto prazo. Planejamento Financeiro Curto Prazo Capital de Giro Caixa, contas a receber, estoque Longo prazo Orçamento de Capital Ativo não circulante, expansão futura Inicialmente, a direção da empresa elabora o planejamento estratégico, para determinar as ações que a empresa deve seguir para atingir determinado objetivo. Por exemplo: entrar em um novo campo de negócios, construir uma nova fábrica, abandonar alguma área de negócios pouco promissora, etc. No planejamento estratégico da empresa, as diversas áreas elaboram a necessidade de recursos, considerando o crescimentoesperado da empresa. Depois, o administrador financeiro consolida a necessidade de recursos para as diversas áreas e a forma de financiamento. O Cespe já cobrou: (CESPE/SERPRO/Analista/2008) O planejamento financeiro da empresa deve se basear nas estimativas das necessidades futuras de recursos e identificar os fundos necessários para o seu financiamento. Gabarito → Certo. (CESPE/PETROBRAS/Administrador Jr./2007) O planejamento financeiro de longo prazo deve refletir os objetivos traçados no planejamento estratégico da empresa. Gabarito → Certo Esquematizemos: O planejamento Estratégico, Tático e Operacional deve ser expresso em Orçamentos, detalhando o que foi planejado. Orçamento pode ser definido como um conjunto de planos e politicas expressos em valores, que retratam o planejamento da empresa e possibilitam o seu controle. Mesmo as menores empresas possuem um Orçamento, uma Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE) projetada, detalhando as vendas, CMV, outras receitas e outras despesas. Isto é fundamental para o planejamento e controle do lucro. Vejamos um exemplo. Vamos supor que determinada empresa elabore o seguinte orçamento: Planejamento Estratégico Longo prazo (5 anos ou mais) Tático Médio prazo (3 ano) Operacional Curto prazo DRE Projetada JAN/ X1 Receita Líquida 40000 (-) CMV -22000 (=) Lucro Bruto 18000 (-) Despesas de Vendas -2000 Administrativa -3000 Financeiras -2500 (=) Lucro Operacional 10500 (-) IR e CSLL -2625 (=) Lucro Líquido 7875 Informações Adicionais: • Receita Líquida projetada: 100 unidades a 400 reais = 40.000 • CMV projetado: 100 unidades a 220 reais = 22.000 • IR e CSLL = 25% do lucro operacional. Despesas de Vendas, administrativas e financeiras: projetadas à partir do valores reais dos últimos meses. Após o término do mês, foram apurados os seguintes resultados: DRE Real JAN X1 Receita Líquida 36100 (-) CMV -22800 (=) Lucro Bruto 13300 (-) Despesas de Vendas -2100 Administrativa -2800 Financeiras -3000 (=) Lucro Operacional 5400 (-) IR e CSLL -1350 (=) Lucro Líquido 4050 Informações Adicionais: • Receita Líquida real: 95 unidades a 380 reais = 36.100 • CMV real: 95 unidades a 240 reais = 22.800 A empresa havia projetado um Lucro Líquido de 7.875 e apurou um Lucro Real de 4.050 (diminuição de 3.825). Nesse caso, é necessário efetuar a comparação entra os valores orçados e reais, para apurar as causas da diferença. A Análise Vertical dos valores orçados e reais também ajuda da identificação das divergências. $ % $ % $ % DRE Real A.V. Projetada A.V. Real - Proj Real / Proj Receita Líquida 36.100 100,0 40.000 100,0 -3.900 90,3 (-) CMV -22.800 63,2 -22.000 55,0 -800 103,6 (=) Lucro Bruto 13.300 36,8 18.000 45,0 -4.700 73,9 (-) Despesas de Vendas -2.100 5,8 -2.000 5,0 -100 105,0 Administrativa -2.800 7,8 -3.000 7,5 200 93,3 Financeiras -3.000 8,3 -2.500 6,3 -500 120,0 (=) Lucro Operacional 5.400 15,0 10.500 26,3 -5.100 51,4 (-) IR e CSLL -1.350 3,7 -2.625 6,6 1.275 51,4 (=) Lucro Líquido 4.050 11,2 7.875 19,7 -3.825 51,4 A diferença entre o Lucro Líquido projetado e o Lucro Líquido Real pode ser explicada assim: Receita líquida -3.900 CMV - 800 Despesas - 400 IR e CSLL + 1.275 Diferença total: -3.825 As maiores diferenças ocorreram nas vendas e no CMV (a diferença observada no IR e CSLL é mera consequência da diminuição do lucro operacional). Diferença de Vendas: • Receita Líquida projetada: 100 unidades a 400 reais = 40.000 • Receita Líquida real: 95 unidades a 380 reais = 36.100 Precisamos agora determinar quanto da diferença é explicada pela variação no volume e quanto é devido à variação no preço. Para isso, montamos a seguinte estrutura: Real Projetada Diferença Quantidade 95 100 -5 Preço 380 400 -20 Total 36.100 40.000 -3.900 Efeito da variação na quantidade: devemos calcular o valor das vendas, considerando o preço projetado e a diferença de quantidade Real - Projetado Efeito da variação na quantidade: -5 x 400 = -2.000 DA mesma forma, o efeito da variação do preço é calculado multiplicando a diferença no preço (real – projetado) X a quantidade projetada. Efeito da variação no preço: -20 x 100 = - 2.000 Somando, obtemos o total de – 4.000. Ocorre que a variação real foi de –3.900. Esta diferença de 100 refere- se à Variação Mista. A variação mista refere-se ao efeito conjugado da variação no preço e na quantidade. Não pode ser atribuída individualmente nem ao preço e nem à quantidade. Pode ser calculada multiplicando-se as diferenças de preço e quantidade. Efeito da variação Mista: -5 x –20 = 100 Portanto: Variação de quantidade: - 2.000 Variação de Preço: - 2.000 Variação Mista: + 100 Total: 3.900 (Variação observada nas Vendas Líquidas). Obs.: Esta forma de análise é muito usada em custo-padrão, para apurar as diferenças entre o padrão e o real. Fazendo os mesmos cálculos para o CMV, obtemos: • CMV projetado: 100 unidades a 220 reais = 22.000 • CMV real: 95 unidades a 240 reais = 22.800 Real Projetada Diferença Quantidade 95 100 -5 Preço 240 220 +20 Total 22.800 22.000 +800 Efeito da: Variação na quantidade: -5 x 220 = -1.100 Variação no custo: +20 x 100 = +2.000 Variação mista: -5 x + 20 = -100 Total variação no CMV +800 Como o CMV aumentou, essa variação é desfavorável (diminuiu o resultado da empresa). Quanto aos outros itens da DRE (principalmente as despesas), devem ser analisada uma a uma, para identificar as causas das variações e eventuais providências. Tipos de Orçamento As empresas, normalmente, elaboram diversos orçamentos interligados ou integrados. Os principais são: --- Orçamentos de Vendas --- Orçamentos de Produção --- Orçamento das Despesas --- Orçamento de Capital (Investimentos permanentes, Imobilizado e Intangível) Orçamento de Vendas: detalha a quantidade e o valor de vendas planejado. A empresa deve elaborar um orçamento de vendas de longo prazo (5 anos) e um orçamento anual. A projeção das vendas deve considerar o cenário econômico nos próximos anos, evolução salarial dos consumidores, efeito dos concorrentes, etc. Deve ser acompanhado mensalmente, e revisado periodicamente (a cada três meses ou a cada semestre). Orçamento de Produção: a partir do orçamento de vendas, a empresa elabora o seu orçamento de produção, detalhando as alterações nas quantidades que precisa produzir, eventual aumento da capacidade produtiva, custo estimado dos produtos, etc. Orçamento de Despesas: refere-se principalmente às despesas de vendas e administração. Importante para aferir o resultado esperado da entidade. Orçamento de Capital: decorrente principalmente do orçamento de produção, detalha os investimento que a empresa deve fazer no setor produtivo (aumento da produção para atender à demanda esperada, detalhada no orçamento de vendas). Os orçamentos podem ser: Orçamentos Tradicionais: partem da situação atual e projetam um aumento em função da inflação. Não há preocupação com metas ou com a otimização da utilização dos recursos financeiros. Por esse método, as atividades atuais já estão justificadas. Os gestores precisam apenas justificar os aumentos de gastos. Mas isso deixa de considerar importantes possibilidades de melhoria, como por exemplo a diminuição (ou a eliminação) de um determinado gasto para implementar uma alternativa mais rentável. Orçamento Base Zero: todos os gastos são examinados e precisam ser justificados. Ou seja, ao invés de partir de um determinado nível de gastos e justificar apenas os aumentos, no Orçamento Base Zero, todos os gastos devem ser analisados e justificados. OrçamentoFlexível: Orçamento que se ajusta a qualquer nível de produção. Baseia-se na identificação e separação dos custos variáveis e custos fixos. Custos variáveis são aqueles que variam conforme a variação da quantidade produzida. Exemplo: matéria prima. Custos Fixos são aqueles que não sofrem variação em função da quantidade produzida. Exemplo: aluguel da fábrica. No orçamento variável, a empresa estima os custos fixos e os custos variáveis em função das vendas. Depois, fica fácil para ajustar o orçamento para diferentes níveis de quantidades vendidas. Exemplo: uma empresa estima que os seus custos variáveis sejam 40% do valor das vendas e o custo fixo e despesas fixas sejam de R$200.000. Podemos estimar o resultado para diferentes níveis de venda: Item Estimativa 1 Estimativa 2 Estimativa 3 Vendas 300.000.00 400.000.00 500.000.00 Custos variáveis (40%) - 120.000.00 - 160.000.00 - 200.000.00 Custos fixos - 200.000.00 - 200.000.00 - 200.000.00 Lucro - 20.000.00 40.000.00 100.000.00 CONTABILIDADE POR RESPONSABILIDADE E ALOCAÇÃO DE CUSTOS. CENTRO DE RESULTADO E PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA Com o crescimento das empresas, a administração deve ser descentralizada e pulverizada, para melhor controle das metas e resultados. Surge assim o conceito de “Centro de Responsabilidade”. O Centro de Responsabilidade é uma parte da organização que possui um ou mais gestores responsáveis pelo seu desempenho. O Centro de Responsabilidade pode ser: Centro de Custos, Centro de Resultado e Centro de Investimento. No Centro de Custos, o gestor é responsável pelos gastos, mas não pela receita. Em outras palavras, o gestor consegue controlar os custos, mas não controla as receitas. A contabilidade deve fornecer informações de custos por cada centro de responsabilidade, para avaliação do gestor. Geralmente, a avaliação é feita através de instrumentos como Orçamento e custo-padrão. No Centro de Resultado, há a responsabilidade pelos custos e pelas receitas, ou seja, pelo resultado da empresa. A avaliação é feita pelo resultado obtido, e não apenas pelo custo. Na Gestão dos Centros de Lucros, o preço de transferência entre os diversos departamentos da empresa tem importância crucial. O estabelecimento do Preço de Transferência pode alterar o resultado dos diversos centros de Lucro, o que afeta a avaliação do gestor. No Centro de Investimento, os gestores são responsáveis, além dos custos e das receitas, pelos investimentos que a empresa deve realizar. Nesse caso, os gestores são responsáveis, não apenas pelo lucro, mas pelo investimento necessário para atingir tal lucro. A avaliação deve ser feita pelo Retorno sobre o Investimento (ROI): Retorno sobre o Investimento = Lucro Líquido / Ativo médio Centro de Resultado – Preço de Transferência Um tema relevante, para os Centros de Resultado, refere-se ao Preço de Transferência que deve ser adotado entre as divisões de uma empresa ou duas empresas pertencentes ao mesmo grupo empresarial. Por exemplo: digamos que uma grande montadora de automóveis (por exemplo, a Ford) resolva constituir uma divisão para fabricar baterias elétricas. Metade da produção é usada pela própria Ford, nos seus automóveis novos, e metade é vendida para terceiros (lojas de autopeças, oficinas, etc). Qual deve ser o preço de transferência para as baterias que serão usadas pela Ford? Os gestores da divisão de bateria querem que seja o preço mais alto possível, para melhorar os resultados. Os gestores da montadora querem o preço menor possível, para diminuir o custo do veículo. Segundo o Manual de Contabilidade por Ações – Fipecafi, os preços de transferência podem ser: --- Preço de mercado, obtido por meio de cotações junto aos fornecedores. --- Preço de mercado Ajustado: quando não há produtos idênticos, a empresa pode estimar o preço a partir de um produto semelhante. --- Cost Plus: ao custo do produto acresce-se uma margem de lucro arbitrada. --- Custo padrão mais lucro: é um refinamento da técnica anterior, visando impedir a transferência de ineficiências entre as partes. Centro de Responsabilidade Centro de Custos Controla apenas os custos Orçamento, Custo padrão Centro de Resultado Controla Custos e Receitas Preço de transferência Centro de Investimento Controla custos, receitas e investimento Retorno sobre o investimento (Cesgranrio/EPE/Contabilidade/2012) Preços internos de transferência da empresa, entre departamentos, ou externos, entre partes relacionadas, têm como objetivo a avaliação do desempenho e a maximização do lucro do grupo, como um todo. Para que isso ocorra, existem técnicas específicas a serem aplicadas para estabelecer os aludidos preços de transferência. A técnica aplicada, que visa a impedir a transferência de ineficiência entre as partes relacionadas, é a do: A) custo mais margem B) custo padrão mais margem C) preço de mercado D) preço de mercado ajustado E ) preço de venda menos margem Comentário: Os preços baseados no mercado e o preço custo mais margem incluem as ineficiências no preço. Já o método “custo padrão mais margem” não inclui as ineficiências. Vamos supor que determinada empresa calcule o preço de transferência usando o custo padrão mais margem de 50%. O custo padrão é, digamos, de $100, e assim o preço de transferência é de $150. Se, em determinado mês, houver ineficiência na fabricação e o custo real for de $ 130, ainda assim o preço de transferência será o custo padrão de $100 mais a margem de 50%, resultado em $150. Ou seja, por esse método, a empresa não repassa as ineficiências ao preço de transferência. Gabarito → B Centro de Custos - Formas de Controle dos Custos Segundo o Prof. Eliseu Martins: “Controlar significa conhecer a realidade, compará-la com o que deveria ser, tomar conhecimento rápido das divergências e suas origens e tomar atitudes para sua correção”. (“Contabilidade de Custos”, 10ª Edição, 2010, pg.305). O primeiro ponto a destacar nessa definição é a necessidade de um padrão, de algo para comparar com a realidade, daquilo que “deveria ser”. Geralmente as empresas usam um orçamento anual (ou por prazo maior), detalhando as metas de vendas, custo dos produtos vendidos, despesas, investimentos e o lucro mensal. Assim, a empresa tem controle sobre os seus custos quando tem uma estimativa do que eles deveriam ser, compara os custos reais com essa estimativa, identifica e corrige as distorções. Ciclo de Controle Veremos a seguir outro aspecto relacionado aos Custos Controláveis. A NBC (Norma Brasileira de Contabilidade) T 16.11 - Sistema de Informação de Custos do Setor Público, aprovada pela Resolução CFC nº 1.366, de 25 de Novembro de 2011, fornece a seguinte definição: “Custo controlável utiliza centro de responsabilidade e atribui ao gestor apenas os custos que ele pode controlar.” Por esse ponto de vista, “os Custos Controláveis são os que estão diretamente sob responsabilidade e controle de uma determinada pessoa cujo desempenho se quer controlar e analisar, e os Não Controláveis estão fora dessa responsabilidade e controle. Não significa que Custos Não Controláveis estejam fora da responsabilidade da empresa, mas sim da pessoa que chefia o setor em análise. O que não é controlável pelo Chefe de Fundição, talvez o seja pela administração da Produção, pela Diretoria da empresa ou pelos seus proprietários. Não existem de fato Custos Não Controláveis. O que existe é Custo só controlável em nível hierárquico superior ao daquele que está sendo considerado.’ (Eliseu Martins, op.cit., pg. 309) - Custos Reais (Históricos) Os Ativos são registrados pelo valor original, ou seja, pelo valor de aquisição (conforme o Princípio do Registro pelo Valor Original). Assim, a matéria prima é registrada (e será considerada no custo do produto) pelo valor histórico de aquisição. O mesmo ocorre com asmáquinas e equipamentos de produção, que ficam registrados pelo custo de aquisição e irão impactar o custo do produto (através da depreciação) baseado no custo histórico. Estimativa de custos Compara com custos reais Identifica as distorções Corrige Prepara nova estimativa - Custos Estimados / Projetados Para controlar os custos (e definir responsabilidade), é necessário um padrão, uma estimativa do valor esperado. Mas a empresa não deve apenas calcular a média dos períodos passados, sem qualquer ajuste. É necessário melhorar os números apurados pela média histórica, através de estimativas de custos. Segundo o Prof. Eliseu Martins: “Custos Estimados seriam melhorias técnicas introduzidas nos custos médios passados, em função de determinadas expectativas quanto a prováveis alterações de alguns custos, de modificação no volume de produção, de mudanças na qualidade de materiais ou do próprio produto, introdução de tecnologias diferentes etc.” (“Contabilidade de Custos”, pg. 311). Custos Padrão - Conceitos Podemos definir custo padrão de três formas: o custo padrão Ideal, o custo padrão Corrente e o custo padrão Estimado. Vamos ver abaixo as diferenças entre eles: Custo Padrão ideal: É o que seria alcançado com o uso dos melhores materiais possíveis, com a mais eficiente mão de obra viável, a 100% da capacidade da empresa.1 Custo Padrão corrente: É o valor que a empresa fixa como meta para o próximo período para um determinado produto ou serviço, mas com a diferença de levar em conta as deficiências sabidamente existentes em termos de qualidade de materiais, mão de obra, equipamentos, fornecimento de energia, etc. É um valor que a empresa considera difícil de ser alcançado, mas não impossível.1 Custo Padrão estimado: É resultante dos valores observados em períodos anteriores. Considera que a média do custo de períodos passados é um número válido e apenas efetua algumas modificações esperadas, como o volume de produção, mudança de equipamentos, etc.1 O custo padrão ideal representa, geralmente, um valor que a empresa não consegue atingir. Afinal, em todo processo produtivo, ocorre falhas, defeitos e ineficiência. A diferença entre o custo estimado e o custo corrente é que o segundo considera alguma melhoria no desempenho da empresa. 1 (Eliseu Martins, “Contabilidade de Custos”) O custo estimado é a média histórica, modificado por alguns ajustes: volume de produção, mudança de equipamentos, etc. Já o custo corrente incorpora alguma melhoria, representa o custo que a empresa deverá atingir se melhorar seu desempenho em determinados pontos. Segundo o Prof. Eliseu Martins, “...o Padrão Corrente é o custo que deveria ser, enquanto o Estimado é o que deverá ser. Aquele é o que a empresa deveria alcançar, se conseguisse atingir certos níveis de desempenho, enquanto este é o que normalmente deverá obter” (Eliseu Martins, Op. Cit, pg. 316) Assim, quando mencionarmos custo padrão, estaremos nos referindo ao custo padrão corrente. Esquematizemos: – Padrões Físicos e Padrões Financeiros Os padrões físicos referem-se à quantidade, ao volume de cada fator produtivo utilizado. São, por exemplo, quilos de matéria prima, horas de mão de obra, horas de uso de equipamentos, etc. Já o padrão financeiro é a expressão monetária de cada recurso físico, vale dizer, é a quantificação em moeda do custo. Assim, o custo padrão do produto A pode ser, por exemplo: Matéria prima X: 2 quilos (padrão físico) Preço da matéria prima X: $10,00 por quilo (padrão financeiro) Custo padrão do Produto A: 2 kgs x $ 10,00 = $20,00 Muito bem. Vamos mudar de assunto... Custo Padrão Ideal Máxima eficiência, 100% da capacidade Corrente (PADRÃO) Meta. Difícil, mas não impossível Estimado Média de períodos passados CUSTO DE OPORTUNIDADE CONCEITO: O custo de oportunidade é, sinteticamente, aquilo que a empresa sacrificou por ter preferido uma alternativa em substituição a outra. É, repita-se, segundo Eliseu Martins, “o quanto a empresa sacrificou em termos de remuneração por ter aplicado seus recursos em uma alternativa ao invés de outra”. O custo de oportunidade representa, em verdade, um conceito econômico, não-contábil, daí a sua pequena utilização na contabilidade, seja ela geral, seja ela de custos. Se a empresa se utilizou de um terreno para montar um estacionamento para carros, por exemplo, o custo de oportunidade representa o quanto ela deixou de ganhar por não ter alugado o espaço. A análise, todavia, com base tão-somente nos retornos apresentados é algo temerário, posto que não estamos levando em consideração algo essencial: O RISCO. Quem garantiria que os clientes guardariam carros efetivamente dentro de meu estacionamento? E quem garantia que eu conseguiria, de pronto, alugar o galpão para terceiros? Assim, para resolver esse problema (de riscos distintos como regra) Eliseu Martins aponta duas soluções como viável: 1) Tomar como comparações investimento de mesmo risco; ou 2) Tomar sempre como parâmetro investimentos de risco zero (títulos do Governo Federal ou Caderneta de Poupança). Vamos exemplificar... A empresa acima citada investiu R$ 600.000,00 em imobilizado para seu negócio. Resolveu montar o empreendimento (estacionamento), obtendo os seguintes resultados: Receitas 1.000.000,00 (-) Custos totais 900.000,00 Lucro do projeto 100.000,00. Considere a inflação inexistente, um custo de oportunidade de 10% com base nos juros da caderneta de poupança (risco zero). Nosso custo de oportunidade é, nesta situação, R$ 60.000,00 (10% x R$ 600.000,00 – esse é o valor que obteríamos se deixássemos no investimento de risco zero) Se tirarmos do lucro do projeto o custo de oportunidade de R$ 60.000,00, nosso resultado/lucro será, em verdade, de R$ 40.000,00 (100.000 – 60.000), porquanto é este o valor que conseguimos a mais do que se tivéssemos aplicado o capital em investimento de risco zero. Contabilmente, este é o chamado VALOR ECONÔMICO AGREGADO (ECONOMIC VALUE ADDED – EVA). No nosso caso: EVA = LUCRO CONTÁBIL – CUSTO DE OPORTUNIDADE EVA: 100.000,00 – 60.000,00 = R$ 40.000,00. Custo de Oportunidade e a Taxa de Retorno Outra hipótese que pode ser cobrada em prova (e são somente estas que nos interessam) é a comparação entre a avaliação constante do custo de oportunidade de determinado investimento e o retorno que uma ou mais linhas de produtos estão trazendo para a empresa. Senão vejamos... A empresa Julio e Luciano LTDA fabrica os produtos X, Y, Z e W. Temos as seguintes informações: Produto X Y Z W Total Receita R$ 100.000,00 R$ 70.000,00 R$ 90.000,00 R$ 40.000,00 R$ 300.000,00 (-) Custos variáveis -R$ 80.000,00 -R$ 60.000,00 -R$ 75.000,00 -R$ 35.000,00 -R$ 250.000,00 Margem de contribuição R$ 20.000,00 R$ 10.000,00 R$ 15.000,00 R$ 5.000,00 R$ 50.000,00 (-) Custos fixos R$ 30.000,00 Lucro R$ 20.000,00 Analisemos as hipóteses. PRIMEIRA HIPÓTESE Caso o investimento feito tenha sido de R$ 500.000,00, o retorno de R$ 20.000,00 não está sendo condizente com aquilo que esperávamos, se temos um custo de oportunidade de 10%, por exemplo. Neste caso, temos um retorno de 4% (20.000,00/500.000,00), enquanto esperávamos 10%. Isso resulta numa taxa negativa de 6%. Para este caso, alternativas como aumentar o preço de venda, bolar estratégias para aumentar o volume de vendas, reduzir custos ou substituir o produto que apresente menor margem de contribuição (neste caso w) são viáveis. Caso esses esforços sejam envidados e não haja melhoria, a saída é desistir do empreendimento. SEGUNDA HIPÓTESE Caso o investimento feito tenha sido de R$ 200.000,00 e tenhamos um custo de oportunidade de 5%, teremos então um resultado satisfatório, no caso concreto de 10% (20.000,00/200.000,00). Todavia, para melhorar ainda mais a rentabilidade, podemos substituirum ou mais produtos ou acrescentar outros produtos à linha de produção, sem a necessidade de aumentar o investimento. Nesta hipótese, deve ser analisada a margem de contribuição. Dos nossos produtos, seria interessante qualquer produto que apresente margem de contribuição maior do que R$ 5.000,00 (maior que a margem de w), independentemente de a quantidade produzida ser maior ou menor. TERCEIRA HIPÓTESE Supondo um investimento de R$ 500.000,00 (retorno 20.000/500.000 = 4%). Podemos excluir o produto que apresente menor margem de contribuição, no nosso caso w. O produto w apresenta uma margem de R$ 5.000,00. A empresa pode desativar este produto, reduzindo o investimento em R$ 100.000,00. Retirando w, ainda haverá uma diminuição dos custos fixos nos montante de R$ 7.000,00. O lucro de R$ 20.000,00 se transformaria neste caso em R$ 22.000,00 (20.000,00 – 5.000 + 7.000). Certamente, a retirada do produto da fabricação é algo interessante, posto que houve aumento do lucro, tanto em termos absolutos (R$ 2.000,00), como em termos relativos (22.000/400.000 = 5,5%). Além disso, a empresa terá disponibilidade no montante de R$ 100.000,00 para aplicar em outro negócio que lhe for conveniente. ALAVANCAGEM FINANCEIRA O conceito de alavancagem financeira consiste em aumentar o retorno para o acionista, nos casos em que a rentabilidade da empresa seja maior que o custo de empréstimos de terceiros. Vamos a um exemplo simples. Suponha que você encontrou uma aplicação segura e que rende 3% ao mês. Você já aplicou tudo o que podia nesse investimento. Aí, você descobre que o seu velho e querido tio possui uma boa grana aplicada na caderneta de poupança, rendendo 0,6%, às vezes 0,7% ao mês. Nesta situação, você pode pegar dinheiro emprestado com o seu tio, pagar-lhe juros da poupança (ou até um pouco mais) e ficar com o rendimento excedente. Digamos que você consiga R$ 100.000 emprestado com o seu tio, a juros de 1% ao mês. Como a aplicação rende 3%, sobraria mensalmente a quantia de R$ 2.000, A Alavancagem Financeira utiliza o mesmo princípio. O fator fundamental é a comparação entre a Taxa de Retorno do Ativo e o Custo do Empréstimo. Quando a alavancagem ou o grau de alavancagem é maior que 1, o endividamento tem um efeito de alavanca sobre o lucro que sobra para o acionista. A fórmula é a seguinte: GAF = LL PL (LL + DF) A Em que: ▪ GAF = Grau de alavancagem financeira ▪ LL = Lucro líquido ▪ DF = Despesa financeira ▪ PL = Patrimônio líquido ▪ A = Ativo Observação: Alguns autores usam a seguinte fórmula: Observação: O ativo pode ser substituído por Patrimônio Líquido + Passivo exigível, conforme a equação básica da contabilidade: Ativo = Passivo exigível + Patrimônio Líquido (PL) Vamos ver um exemplo da alavancagem. Ativo 10.000 Passivo 0 PL 10.000 Lucro antes juros 2.000 Despesa de juros 0 Lucro após juros 2.000 A empresa acima apresenta um retorno sobre o patrimônio líquido de 20%. RPL= Lucro líquido Patrimônio líquido = 2000 10000 = 0,2 ou 20% Caso a empresa consiga aumentar suas atividades, através de capital de terceiros (empréstimos), mantendo a mesma margem de lucro, a atratividade de tal operação vai depender do custo do empréstimo. Situação 1: Empréstimo de $10.000 ao custo de 10%: Juros de 10% sobre empréstimo Ativo 20.000 Passivo 10.000 PL 10.000 Lucro antes juros 4.000 Despesa de juros -1.000 Lucro após juros 3.000 GAF = LL PL médio (LL + DF) At ivo médio RPL = Lucro líquido Patrimônio líquido = 3000 10000 = 0,3 ou 30% O Retorno sobre o PL aumentou para 30%. Isto ocorreu porque a rentabilidade da empresa (20%) é maior que o custo do empréstimo (10%). GAF = LL PL (LL + DF) A = 3000 10000 (3000 + 1000) 20000 = 0,3 0,2 =1,5. Como o Grau de Alavancagem Financeira (GAF) é maior que 1, é interessante a empresa captar empréstimos. Situação 2: Empréstimo de $10.000 ao custo de 20% Juros de 20% sobre empréstimo Ativo 20.000 Passivo 10.000 PL 10.000 Lucro antes juros 4.000 Despesa de juros -2.000 Lucro após juros 2.000 RPL= Lucro líquido Patrimônio líquido = 2000 10000 = 0,2 ou 20% O Retorno sobre o PL permaneceu o mesmo, como era de se esperar, uma vez que o custo do empréstimo é igual à rentabilidade da empresa. GAF = LL PL (LL + DF) A = 2000 10000 (2000 + 2000) 20000 = 0,2 0,2 = 1,0. Como o GAF é igual a 1, a captação de novos empréstimos é indiferente, não afeta o retorno para o acionista. Situação 3: Empréstimo de $10.000 ao custo de 30% Juros de 30% sobre empréstimo Ativo 20.000 Passivo 10.000 PL 10.000 Lucro antes juros 4.000 Despesa de juros -3.000 Lucro após juros 1.000 RPL= Lucro líquido Patrimônio líquido = 1000 10000 = 0,1 ou 10% O Retorno sobre o PL diminuiu, pois o custo do empréstimo (30%) é maior que a rentabilidade da empresa (20%). GAF = LL PL (LL + DF) A = 1000 10000 (1000 + 3000) 20000 = 0,5. Como o GAF é menor que 1, a captação de novos empréstimos diminui o retorno para o acionista. Vamos ver a seguir como este assunto tem sido cobrado em concursos. (BNDES/Contador/2005) Com base nos dados abaixo calcule o grau de alavancagem financeira da Empresa X. Descrição Valor ($) Ativo Operacional 100.000 Patrimônio Líquido 60.000 Lucro Antes das Despesas Financeiras 20.000 Lucro Líquido 15.000 (A) 2,20; (B) 1,25; (C) 0,45; (D) 0,80; (E) 1,00. Comentário: GAF = LL PL (LL + DF) A = 15.000 60.000 (15.000 + 5.000) 100.000 = 0,25 0,20 = 1,25 O gabarito é, portanto, letra b. (Auditor Federal de Controle Externo/TCU/2015) A alavancagem financeira positiva ocorre quando o custo de capital de terceiros é menor que o retorno sobre o ativo operacional, o que gera ganhos adicionais ao acionista. Comentário: O conceito de alavancagem financeira consiste em aumentar o retorno para o acionista, nos casos em que a rentabilidade da empresa seja maior que o custo de empréstimos de terceiros. O item está, portanto, certo. ECONOMIC VALUE ADED . EVA (LUCRO RESIDUAL) O conceito do Economic Value Added – EVA ( Valor Econômico Agregado) refere-se ao reconhecimento do custo de oportunidade do Capital Próprio para a apuração do resultado da empresa. O Custo de Oportunidade pode ser definido como a melhor alternativa disponível com o mesmo nível de risco. É o valor que a empresa ganharia se escolhesse outra alternativa para investimento. O Custo de Oportunidade deve ser considerado para a decisão de abrir ou não uma empresa, ou de prosseguir com a operação de uma empresa, de uma linha de produto, etc. Se o retorno de um determinado investimento é menor que o Custo de Oportunidade, é melhor desistir do investimento e aplica na melhor alternativa disponível. Por exemplo, se uma fábrica consegue um retorno de 8% ao ano sobre o valor investido (ativo), e há aplicações no mercado financeiro, com o mesmo nível de risco ou menor, com taxas de 15% ao ano, então é melhor vender os ativos e investir no mercado financeiro. Em outras palavras: o retorno do investimento deve ser no mínimo igual ao custo de oportunidade, para que o investimento seja atraente. Já caiu em prova: (Analista/Contabilidade/CNJ/2013) O retorno sobre o patrimônio líquido deve ser sempre comparado à taxa de retorno mínimo exigido pelo acionista. Por conseguinte, para tornar-se atraente, o investimento deve oferecer uma rentabilidade pelo menos igual ao custo de oportunidade. Comentário: Como acabamos de salientar, o item está correto. Continuando...quando apuramos contabilmente o lucro, o Capital de Terceiros (empréstimos,financiamentos) é remunerado, através dos juros e encargos financeiros. Mas o Capital dos Acionistas, não. Portanto, o “lucro contábil” apurado pode não estar cobrindo a remuneração que os acionistas poderiam obter em outra aplicação. Vejamos um exemplo: Vamos supor que alguém invista 100.000 na criação de uma empresa. Se investisse no mercado financeiro, a taxa de retorno seria de 15% ao ano. Se o lucro anual da empresa for de 5.000 (5% sobre o investimento), do ponto de vista do investidor, não haveria lucro Haveria um prejuízo de 10.000, que é a diferença entre o que ele poderia ganhar numa aplicação alternativa e o que ele efetivamente ganhou. Assim, aplicando conceitualmente o EVA, só haveria lucro após a cobertura de todos os custos, inclusive o custo do Capital Próprio. O Economic Value Added (EVA®) é uma medida desenvolvida e registrada pela empresa de consultoria norte- americana Stern & Stewart & Co. (EUA) em 1992 e que recupera a ideia do lucro econômico. Conforme Ehrbar (1999:2) vice-presidente sênior da Stern Stewart & Co:2 “Aritmeticamente, é o lucro operacional após o pagamento de impostos menos o encargo sobre o capital, apropriado tanto para endividamento quanto o capital acionário. É o valor pelo qual o lucro excede ou deixa de alcançar o custo do capital utilizado para realizar aquele lucro. É o que os economistas denominam lucro residual, que significa exatamente aquilo que implica: é o resíduo que sobra depois de todos os custos terem sido cobertos. Economistas também se referem a isto como lucro econômico ou aluguel econômico. Nós o chamamos de EVA, valor econômico adicionado.” Portanto, EVA é o lucro residual após a apropriação do custo do capital próprio. (A remuneração do capital de terceiros já aparece na DRE, na forma de despesas financeiras e juros). Vale ressaltar que, para os economistas, a posição de equilíbrio num determinado mercado é o ponto em que o lucro é zero, ou seja, não há lucro residual ou excedente. Mas os economistas consideram a remuneração do capital, para a apuração do lucro. Como se percebe, não há nenhuma grande novidade no conceito do EVA. O cálculo pode ser realizado da seguinte forma: EVA = NOPAT – (C% * TC) Onde: ▪ NOPAT = Resultado Operacional Líquido depois dos Impostos (Net Operating Profit After Taxes); ▪ C% = Custo percentual do capital total (próprio e de terceiros); ▪ TC = Capital total investido Esta fórmula foi desenvolvida para os padrões Americanos. Como as Demonstrações Contábeis Brasileiras já consideram as despesas financeiras, o cálculo ficaria assim: EVA = LOLAI – (CCP% * PL) Onde: ▪ LOLAI = Lucro Operacional líquido após os impostos; ▪ CCP% = custo do capital próprio (em percentagem): e ▪ PL = Patrimônio Líquido. Observação: Podemos substituir a expressão LOLAI pelo Lucro Líquido. EVA = LL – (CCP% x PL) 2 Citado por Maria Elena Gava Ddedo Alves e Gustavo Licks, em “EVA® ECONOMIC VALUE ADDED — TEORIA E PRÁTICA “. Considerando a DRE abaixo: Demonstração do Resultado (DRE) 31/12/XX Vendas Brutas 650.000 (-) Impostos -162.500 (=) Vendas Líquidas 487.500 (-) CMV -285.000 (=) Lucro Bruto 202.500 (-) Despesas De Vendas -25.000 Administrativas -18.000 Depreciação -32.000 Amortização -15.000 Financeiras -45.000 (=) Lucro Operacional Antes IR CSLL 67.500 (-) IR e CSLL -16.700 (=) Lucro Líquido 50.800 Se o PL for de R$ 200.000,00 e o custo de oportunidade do capital próprio de 15 %, teríamos: EVA = LL – (CCP% x PL) => 50.800 – (15% x 200000) => EVA = 20.800 Corresponde ao Lucro Residual, ou seja, o que sobrou após considerar o custo do capital próprio. EBITDA Ebitda é a sigla de “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization”, que traduzido para o português significa “Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações” – LAJIDA. (Usaremos indistintamente as duas siglas). As Exaustões também devem ser consideradas, juntamente com as Depreciações e Amortizações. Quanto aos impostos, são excluídos apenas os impostos sobre o lucro. A finalidade do Ebitda é demonstrar o potencial de geração operacional de caixa que uma empresa é capaz de produzir, antes de considerar o custo de qualquer empréstimo ou financiamento. Não é o fluxo de caixa efetivamente gerado ou consumido no período, pois não considera as variações nas contas de ativo e passivo. Em outras palavras, parte das vendas pode não ter sido ainda recebida, e parte das comprar ainda não ter sido paga. Se todas as operações fossem à vista, o Lajida representaria o valor do caixa produzido pelos ativos, antes das receitas e despesas financeiras (juros) e dos impostos sobre o lucro. Exemplo: Demonstração do Resultado (DRE) 31/12/XX Vendas Brutas 650.000 (-) Impostos -162.500 (=) Vendas Líquidas 487.500 (-) CMV -285.000 (=) Lucro Bruto 202.500 (-) Despesas De Vendas -25.000 Administrativas -18.000 Depreciação -32.000 Amortização -15.000 Financeiras -45.000 (=) Lucro Operacional Antes IR CSLL 67.500 (-) IR e CSLL -16.700 (=) Lucro Líquido 50.800 A partir da DRE acima, podemos calcular o EBITDA da seguinte forma: Lucro Operacional Antes IR e CSLL: 67.500 (+) Despesas Financeiras 45.000 (+) Amortização 15.000 (+) Depreciação 32.000 (=) EBITDA 159.500 Outra forma de cálculo, partindo do Lucro Líquido: Lucro Líquido 50.800 (+) IR e CSLL 16.700 (+) Despesas Financeiras 45.000 (+) Amortização 15.000 (+) Depreciação 32.000 (=) EBITDA 159.500 Este é um assunto ainda pouco explorado pelas bancas examinadoras. Apresentamos abaixo duas questões de concursos anteriores: (Analista de Controle Externo/TCE/AM/2009) Nos procedimentos para a determinação do Ebitda, são efetuados ajustes no valor do lucro A) líquido do exercício, adicionando-lhe o resultado líquido não-operacional e o valor das depreciações e amortizações. B) operacional do exercício deduzido deste as provisões e participações que não se configuram como despesas, exceto as provisões tributárias. C) depois da provisão do imposto de renda e contribuições, acrescentando-lhe o resultado líquido financeiro, se este for positivo. D) operacional, adicionando-lhe o valor das depreciações, amortizações e despesas financeiras. E) antes do imposto de renda e das contribuições, acrescentando-lhe o resultado não-operacional somente se este for negativo. Comentário: Cobrou praticamente a definição de Ebitda. O gabarito é, portanto, letra d. (Técnico em Regulação/ANP/2008) Dados parciais, em reais, extraídos do Balancete de verificação da Empresa Gâmbia & Filhos Ltda: Custo das Mercadorias Vendidas 734.400,00 Despesa de Depreciação e Amortização 110.160,00 Despesas Administrativas 257.040,00 Despesas de Vendas 244.800,00 Despesas Financeiras 183.600,00 Imposto de Renda e Contribuição Social 85.680,00 Receita de Venda 1.713.600,00 Exclusivamente com base nos dados acima, o valor do EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), em reais, é: A) 183.600,00 B) 342.720,00 C) 477.360,00 D) 501.840,00 E) 979.200,00 Comentário: Para resolver este exercício, precisamos montar a DRE : Receita de Venda 1.713.600,00 (-) Custo das Mercadorias Vendidas -734.400,00 (=) Lucro Bruto 979.200,00 (-) Despesa de Depreciação e Amortização -110.160,00 (-) Despesas Administrativas -257.040,00 (-)Despesas deVendas -244.800,00 (-) Despesas Financeiras -183.600,00 (=) Lucro Operacional 183.600,00 (-) Imposto de Renda e Contribuição Social -85.680,00 (=) Lucro Bruto 97.920,00 Ebitda: Lucro Operacional 183.600,00 (+) Despesas Financeiras 183.600,00 (+) Despesas de Depreciação e Amortização 110.160,00 EBITDA 477.360,00 O gabarito é, portanto, letra c.