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GARCIA E BRONZO_BasesEpistemológicas

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AS BASES EPISTEMOLÓGICAS DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO CONVENCIONAL E A CRÍTICA À TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES
Fernando Coutinho Garcia (Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo)
Marcelo Bronzo (CEPEAD/UFMG)
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo discutir e questionar o modelo de racionalidade que sustenta a ciência moderna, em especial a prática e as teorizações peculiares ao campo da Teoria Organizacional, procurando situar esse debate a partir de diferentes perspectivas e domínios epistemológicos. No primeiro momento, foram debatidos os pressupostos que sustentam a racionalidade na ciência moderna, contrapondo essa reflexão aos traços emergentes de uma nova racionalidade nos domínios da ciência pós-moderna, repercutindo na natureza dos estudos e teorizações precípuas às Ciências da Administração. Em seguida, são discutidos os pressupostos epistemológicos que estão nas bases das teorizações organizacionais, tratando resumidamente dos três grandes paradigmas organizacionais deste século: a abordagem da Teoria Clássica na Administração, a Escola de Relações Humanas e a perspectiva do Estruturalismo. A tentativa é relativizar a adequação de antigos valores formais/teóricos no campo da Administração aos desafios de uma nova ordem econômica mundial. Uma ordem que se traduz nas condições objetivas de um novo paradigma tecnológico e societal, que se desenha nas economias capitalistas modernas deste fin de siècle. Ao final, são destacados alguns “temas de fronteira” para os estudos da organização, revelando a existência de assuntos ainda pouco explorados no campo da moderna Teoria Organizacional, em que a fragmentação dos discursos teóricos e as conversações multidisciplinares definem novas críticas e novas possibilidades para esse campo de conhecimento1. 
INTRODUÇÃO
	O ponto de partida, portanto, está na sustentação da idéia de que os processos científicos não representam uma atividade desinteressada e descolada da práxis social. Qualquer teoria, no momento em que se define, expressa os valores dominantes em contextos históricos específicos, se desdobra em perspectivas metodológicas de observação empírica e retorna, sob o recurso da análise e da reflexão, ao seu estado formal-teórico. Deste modo, o problema colocado para a prática científica pós-moderna, sobretudo para as ciências sociais, não tem sido propriamente o alcance de limites de um “saber absoluto”, insofismável, livre de dogmas e valores. O que verdadeiramente se impõe como um desafio para a Teoria Social é a observação dos limites e das mediações complexas que se interpõem, inevitavelmente, na atividade prática do pesquisador. No máximo, devemos esperar que os valores e os interesses particulares nesse processo de análise sejam identificados, reconhecidos e elegidos conscientemente pelo pesquisador na condução dos seus estudos. 
	A origem da ciência moderna está na experiência histórica da Revolução Científica do século XVI. Com o rompimento das antigas e insipientes formas de observação e de entendimento dos fenômenos do universo nas sociedades medievais, emulou-se um papel fundamentalmente novo e que haveria de ser protagonizado pela ciência e pelo conhecimento nas primeiras sociedades capitalistas do século XVII e XVIII.
	O “universo da precisão” do século XVII teve, na Matemática, as bases necessárias para os primeiros movimentos no sentido de uma investigação e observação do mundo mais rigorosa e precisa, dando início a uma longa jornada: as relações de causa e efeito propugnadas por Galileu Galilei (1564-1642); o desenvolvimento da ciência Newtoniana (1642-1727) e sua contribuição fundamental na descrição do sistema solar e do movimento dos planetas; a sistematização e aplicação do método matemático a um coerente e novo sistema filosófico - emulada por Descartes (1596-1650) - e as contribuições de F. Bacon (1561-1626). Um pouco mais tarde, já no século XVIII, emergem as contribuições dos filósofos iluministas e a Revolução de 1789, influenciando obviamente o pensamento de Augusto Comte (1798-1857), em especial suas implicações na unificação das culturas científica e humanística - em um novo humanismo - e suas teorizações sobre o progresso e a ordem social. (CARNEIRO, 1994; STENGERS, 1989). Cada vez mais o conhecimento e o processo científico foram observados como uma aproximação racional em direção a uma “verdade”, às vezes insofismável. Assim, compreender a ciência e o processo científico, há séculos, tem significado também a consagração de uma visão mecanicista do mundo e das coisas do universo, a partir de uma percepção de ordem e regularidade constantes nos fenômenos estudados. 
	O esteio desse modelo científico chegou ao século XX fundado na tradição do empirismo e do positivismo lógico, sendo grandes os resultados desses estudos para a Teoria do Conhecimento, enquanto disciplina da Filosofia cujo núcleo da atenção estaria voltado para a resposta de perguntas centrais, tais como: qual a origem do conhecimento? Como identificar um conhecimento verdadeiro? É possível a realização do conhecimento? Foi a partir das respostas para essas perguntas que se legitimaram os pressupostos e as normas que haveriam de sustentar, durante mais de três séculos, a concepção moderna da ciência, fundada na lógica e no experimentalismo.
AS FISSURAS DO POSITIVISMO LÓGICO, A CRÍTICA CONTEMPORÂNEA DA CIÊNCIA E AS IMPLICAÇÕES PARA OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
	Segundo CARNEIRO (1994), o século XVII foi uma fase importante de transição, uma situação típica de liminaridade. Há nesse momento a promessa de que a ciência poderia levar o homem para além das explicações vagas ou das insipientes formas de observação empírica das sociedades feudais, representando também a promessa de construção de um mundo melhor. 
	Voltaremos a comentar tal impasse mais adiante. Por ora, seria importante destacar que a concepção de ciência, a partir dos séculos XVII e XVIII, cada vez mais se aproximará de uma certa “institucionalização da ciência experimental”, que marcará o interesse pelo método científico e pelas regras de observação e quantificação dos fenômenos. Foi por esse modelo de racionalidade que se pretendeu observar as coisas do mundo, a natureza e os seus fenômenos, bem como a possibilidade concreta de domínio das forças naturais e a construção de um conhecimento genuinamente científico. 
	O conhecimento não poderia dar-se, portanto, junto às “influências malévolas das paixões” e dos conteúdos sociais, pessoais, filosóficos e lingüísticos pertubadores de um empreendimento científico: foram esses os parâmetros gerais que, a posteriori, tornariam hegemônica a concepção de uma racionalidade positivista na sociedade moderna. É curioso, assim, observar o grande número de fundações de academias e centros de estudos científicos na Europa dos séculos XVI e XVII: a “Academia de Experiências” fundada em 1657 pelos discípulos de Galileu; o estabelecimento da Royal Society of London for Improving Natural Knowledge (hoje conhecida como The Royal Society), instituída sob forte influência do pensamento de Francis Bacon, em 1660; a Académie des Sciences, na França, em 1666, e a Academia de Ciências de Berlim, criada em 1700. Ou seja: o paradigma da ciência experimental ganhou corpo, e não foram medidos esforços para que se desse início à longa aventura do conhecimento científico, fundada em uma base de racionalidade institucionalizada e legitimada pelo pensamento convencional.
	O que presenciamos, portanto, é a própria essência do empirismo lógico, tornando a ciência um empreendimento dependente de certos procedimentos e um resultado da objetividade das normas e das prescrições metodológicas. Na tentativa de compor os limites do que era legítimo ou não aceitável nos processos científicos, o positivismo lógico subordinou o processo da descoberta aos contextos da justificação e da argumentação epistemológica. O mais interessante aqui seria notar que foi exatamente esse tipo de razão científica, sustentadapor um conjunto extenso de regras e normas, que tornou possível a emulação de uma crítica permanente do aparato teórico e o desenvolvimento impressionante do experimentalismo e do incrementalismo, enquanto critério de cientificidade (OLIVA, 1990; CARNEIRO, 1994).
	As idéias emblemáticas de T. KUHN (1989) representam um divisor de águas dentro desse quadro. Na verdade, o que Kuhn nos propõe é resgatar o contexto da descoberta para a análise dos processos científicos, trazendo à cena novas reflexões e um novo olhar sobre a ciência, expandindo a perspectiva tipicamente reducionista do empirismo lógico. Recupera, assim, a dimensão do valor e da subjetividade para formular as bases da sua crítica: “(...) O conhecimento científico é intrinsecamente um processo de grupo e nem a sua peculiar eficácia nem a maneira como se desenvolve se compreenderão sem referência à natureza especial dos grupos que o produzem” (KUHN, 1989:24).
	Fica claro que o autor destila uma crítica direta ao excessivo apego à justificação e à racionalidade exclusivamente lógica, distanciando assim a sua argumentação do pensamento convencional, por exemplo, de Popper, que acreditava no exame das teorias com critérios puramente objetivos e racionais. Kuhn, ao questionar essa premissa, amplia o debate e o conceito relativamente fechado de racionalidade, pelo menos daquele tipo de racionalidade reducionista própria ao contexto da justificação. A perspectiva de Kuhn, portanto, prevê a importância da pluralidade e da diversidade, ressaltando a validade dos estudos históricos e sociológicos para o avanço da prática científica. Com o passar do tempo, essa perspectiva mais “aglutinativa” haveria de favorecer a emergência de uma reflexão antropológica sobre a ciência. 
	Para VALLE (1996), é possível identificar a natureza da mudança do paradigma, reconhecendo os nexos entre a racionalidade técnica e a “racionalidade comunicativa” (no sentido habermasiano da expressão), que contribui para o questionamento do paradigma dominante e tradicional de uma filosofia da consciência. A Filosofia da Consciência representa um importante paradigma do pensamento moderno e está apoiada na lógica de que o conhecimento se faz a partir da análise de objetos por sujeitos, o que, em última instância, significa a aplicação do método empírico-analítico na análise dos fatos sociais. Trazendo tal princípio para nosso século, encontraríamos no taylorismo e no fordismo - enquanto modelos de organização da produção e do trabalho - a derivação prática dessa perspectiva, seja no estudo dos tempos e movimentos do trabalho operário industrial, seja na idealização da fábrica dos tempos alocados e das linhas de produção e montagem. No caso específico de Taylor, e a partir de uma compreensão particular dos processos industriais da indústria metal-mecânica de sua época, ele elege os engenheiros - administrando e estudando cientificamente o trabalho - como típicos sujeitos deste processo, o trabalho manual - por extensão - o objeto.
	Em uma derivação que não é em absoluto acidental, as teorias organizacionais também passam hoje por um momento de inflexão (REED, 1996), em que antigos quadros interpretativos, referências e conhecimentos são objeto de uma crítica contínua e de reavaliações permanentes. Supostamente, essa fase revolucionária dos estudos organizacionais, levada a cabo pelos teóricos críticos e pós-modernistas, em nada se confundiria com o movimento linear ou incremental que caracteriza as “fases normais” dos processos científicos, nos quais os programas de pesquisa e as atividades operam dentro de um quadro teórico bem institucionalizado e pouco fragmentado.
	Fragmentação e descontinuidade parecem caracterizar bem a natureza multidisciplinar típica da Administração, e não por uma questão filosófica, mas prática. Os estudos nesse campo estão sujeitos a contribuições metodológicas e conceituais de áreas diversas do conhecimento, bem como de contestações e críticas ampliadas, que evidenciam bem o caráter das “conversações” e das múltiplas interpretações que caracterizam os estudos administrativos e viabilizam a construção de uma crítica à Teoria Organizacional contemporânea.
	Partindo das argumentações iniciais de CLEGG et alli (1996), RODRIGUES (1997) discute o significado e as implicações das “conversações” para os estudos organizacionais. A intensificação desse fenômeno e o novo esteio de reflexões que essas conversações ensejam propiciam parâmetros outros para a constestação, refutação e negociação de antigas tradições intelectuais e correntes de pensamento na disciplina. 
	Proceder à compreensão e à crítica dos estudos organizacionais como espaço privilegiado para as “conversações” (admitindo o lugar para a diversidade e a pluralidade) significa aceitar as implicações longitudinais desse processo, em que antigas referências e quadros interpretativos podem ser aceitos ou contestados e refutados diante da emergência de uma nova corrente intelectual dominante. Em uma perspectiva longitudinal, portanto, a análise dos estudos organizacionais pode se dar em uma perspectiva histórica, dialética, favorecendo a concorrência entre diferentes perspectivas e matizes teóricas no sentido de organizar melhor e explicar de forma mais coerente os problemas objetivamente colocados à práxis administrativa. 
	Como já colocado anteriormente, o desenvolvimento das teorias organizacionais revela uma complexidade própria: ao longo do tempo e a partir de certas orientações epistemológicas, as teorizações formuladas no campo da Administração refletiram uma forma particular de observação dos fatos sociais na esfera da produção e do trabalho, carregada de valores e referências dominantes, com a subordinação da ciência aos movimentos mais amplos do capital e dos interesses dominantes. Isso não representa propriamente uma surpresa, sobretudo se nos conscientizamos de quais foram os benefícios práticos dos estudos organizacionais, neste século, para o desenvolvimento do controle gerencial e das estratégias para a manutenção das relações de poder nos circuitos internos de exploração da força de trabalho.
	Como exemplos claros para essa argumentação, não se pode negar que o interesse de muitos dos sociólogos funcionalistas pelas esquematizações weberianas formais estivesse relacionado à importância alcançada pelas organizações públicas e privadas nas sociedades modernas. E que Taylor, ao propor as bases da “Administração Científica”, estava efetivamente voltado para a busca de respostas práticas e objetivas para os problemas de produtividade e de controle nas ineficientes empresas industriais (sobretudo do ramo metal-mecânico) do início do século XX. Como esses, inúmeros outros exemplos poderiam ser elencados para evidenciar que, desde as primeiras formulações de Taylor para os problemas de sua época, transformações sucederam-se nas formas de racionalização sobre os problemas administrativos. Os estudos organizacionais se consolidaram em uma perspectiva que não foi, por assim dizer, “destruidora” em relação às contribuições passadas. Por que isso?
	A resposta não é simples, mas um bom caminho para alcançá-la está na reflexão de um ponto básico: na verdade, apesar das diferentes escolas de pensamento os estudos na Administração não se inclinaram devidamente ao questionamento e à proposição de alternativas pragmáticas para o problema das relações de poder e de dominação nos contextos organizacionais. Encontramo-nos hoje, porém, em uma situação caracteristica limítrofe, em que antigos valores formais e teóricos mostram-se limitados para responder os desafios recentes ensejados à prática administrativa, em um mundo essencialmente diferente das experiências do passado. Mas antes de avançar neste ponto, é mister que sejam discutidos os paradigmas e as vertentes epistemológicas afins ao campo da Teoria Organizacional. É isso que demonstraremos a seguir.
OS PARADIGMAS CLÁSSICOS E AS VERTENTES EPISTEMOLÓGICAS NA TEORIA ORGANIZACIONAL
	Do domínio das formulações teórico-práticasda Administração Científica às discussões mais recentes sobre as perspectiva da “Ecologia Organizacional” nos estudos em TO, impasses no plano micro parecem ter sido resolvidos. Outros, no entanto, permanecem sem uma resposta mais objetiva diante do que se desenha no macroambiente sócio-econômico das sociedades globalizadas e na dinâmica das firmas em sua perspectiva microeconômica.
	O caminho que nos parece seguro para ultrapassar certos problemas empíricos no campo da Administração compreenderia o reconhecimento da natureza epistemológica implícita nas teorizações organizacionais, considerando a epistemologia enquanto leitura crítica da teoria e dos paradigmas sociais, enquanto uma reflexão acerca dos pressupostos que se colocam nas bases de todo o saber (CHALMERS, 1993; JAPIASSÚ, 1979). Definindo melhor as argumentações epistemológicas que fundamentam as bases de diferentes correntes do pensamento administrativo, esperamos contribuir para tornar clara a idéia de que, no fundo e por um grande período, as motivações foram sempre as mesmas, com apenas algumas diferenças.
	No centro das teorizações da prática da Administração Científica até as formulações teóricas na segunda metade da década de 70, os contornos epistemológicos parecem estar bem delineados.
	GUILLÉN (1994), ao discutir os três principais quadros interpretativos ou os três grandes paradigmas organizacionais deste século, procura compor sua análise a partir da definição restrita daquilo que, para ele, deveriam ser as condições básicas para a sustentação desses paradigmas:
“Paradigmas são sistemas de idéias e técnicas interrelacionadas que oferecem diagnósticos e soluções distintas para um conjunto de problemas. Um modelo ou paradigma na Teoria Organizacional é um sistema de idéias e técnicas sobre a gestão dos trabalhdores e a administração de instituição econômicas e não-econômicas. Os paradigmas organizacionais normalmente apresentam uma visão ideológica das organizações, dos trabalhadores, da gerência e do sistema de hierarquia nas firmas. Nem todos os paradigmas organizacionais teóricos com reputação acadêmica apresentaram um impacto nas organizações modernas”.
	Para GUILLÉN (1994), somente a Escola Científica, a Escola de Relações Humanas e o Estruturalismo conformariam os momentos paradigmáticos e de inflexão na Teoria Organizacional, incorporando nessa análise as derivações mais imediatas de cada um desse conjunto de teorizações, em leituras mais ou menos elaboradas e abrangentes dos fenômenos organizacionais.
	Pelo primeiro paradigma, a organização é observada como um sistema autônomo, centrado em sua eficiência interna e capaz de operar satisfatoriamente em limites bem específicos. Como desdobramento metodológico desses pressupostos, a eficiência organizacional é passível de ser assegurada a partir de controles objetivos sobre o trabalho vivo. A partir das idéias de Frederick Taylor e, posteriormente, de Frank Gilbreth, Henry Fayol e Henry Ford, os problemas de planejamento e controle da produção resumiram-se a problemas de natureza técnica, cujos domínios nunca superaram a idéia simplista de assegurar o equilíbrio organizacional a partir do bom relacionamento entre objetivos pessoais e organizacionais, a partir da estrutura empresarial e da organização do trabalho (REED, 1996; PUGH & HICKSON, 1997).
	Dentro desse espírito, o conflito e a divergência natural de interesses aparecem aos olhos do administrador como anomalias, que devem ser sanadas a partir de um esforço de coordenação e integração por parte da organização. Ao administrador e aos psicólogos industriais estava reservada a tarefa de ajustar os conflitos à ordem dominante, tratando-os de forma eficiente e buscando o reequilíbrio e uma situação de estabilidade para o sistema como um todo. Por regra, os recursos econômicos colocaram-se no centro das explicações para a motivação pessoal para o trabalho industrial, dentro de uma visão estreita e enganosa mas que hoje, curiosamente, ressurge como uma questão importante - evidentemente por outros motivos - para um grande número de trabalhadores potencialmente desestabilizados em uma emergente sociedade do desemprego. Em sã consciência, não faz sentido debater hoje, seja sob o prisma sociológico ou psicológico, o problema da atitude ou da predisposição do indivíduo ao trabalho. Caberia pelo menos ponderar aqui a experiência das organizações sindicais em diversas partes do mundo, hoje muito mais preocupadas com reivindicações voltadas para a manutenção de postos de trabalho do que, propriamente, com aumentos reais dos salários (veja o caso brasileiro, por exemplo). Isso não significa dizer que a recompensa econômica não seja mais tão importante para aquele que trabalha; simplesmente essa questão mostra-se hoje subordinada, em sua essência, aos movimentos regressivos da oferta de emprego ou de trabalho em diferentes setores da economia produtiva moderna.
	À parte dessa reflexão mais contemporânea do problema, o fato é que para os autores clássicos da Administração, mas também (como veremos) para os teóricos subseqüentes da Escola de Relações Humanas, a luta de classes no centro da produção capitalista não é considerada de forma substantiva ou organizada. Os elementos mais importantes para garantir a eficiência organizacional seriam a especialização funcional (acompanhada da expansão da divisão do trabalho) e as ramificações do controle e do poder sobre a “vadiagem e negligência” dos trabalhadores ao longo da hierarquia da organização, tudo isso em um evidente movimento pela manutenção do “status quo” organizacional (GUILLÉN, 1994; VIANELLO, 1976). 
	Portanto, os pressupostos de racionalidade que marcam esse momento seriam, supostamente, acessíveis a todos os atores organizacionais. Todos podem e devem se comportar de uma forma estritamente técnica e racional. Não por acaso, a experimentação e suas manifestações (presentes no grande interesse dos cientistas pelos estudos de tempo e padrões de produção, planejamento e desenho de tarefas e cargos, estudos sobre a fadiga no trabalho, dentre outras) tornou-se muito importante enquanto estratégia metodológica e de ação do Capital. 
	Ao dar ênfase aos aspectos informais das interações entre indivíduos e entre grupos nos contextos produtivos, a Escola de Relações Humanas complementou os pressupostos da abordagem que lhe antecedeu, contribuindo, ao final, para o reforço de uma mesma trajetória. Essa abordagem manteve os problemas no nível da interação entre os indivíduos e os pequenos grupos, desviando, dessa forma, a atenção para as necessidades de uma verdadeira transformação institucional. Em linhas gerais, esse movimento contribuiu para preservar a integridade das formas de organização existentes, devendo ser retratado aqui, entretanto, o peso que essas primeiras descobertas exerceram nos estudos comportamentais subseqüentes e na edificação de parte do pensamento da Sociologia Industrial nas décadas de 30 e 40. A posição que tomamos aqui, neste momento, somente em parte é confirmada pela perspectiva de GUILLÉN (1994) para o problema da análise epistemológica desses estudos. Segundo o autor, as Escolas de Relações Humanas e a Escola Clássica-Científica chegaram a partilhar de um mesmo interesse, no sentido de viabilizar maior espírito de cooperação, produtividade e de internalização das relações de autoridade e de poder nesses ambientes. Porém, ao mesmo tempo, GUILLÉN (1994) acredita que a ERH se difere da abordagem que a precedeu à medida que incorpora uma preocupação mais bem definida para com os aspectos da mecanização e racionalização excessivas nas organizações, focalizando, assim, aspectos pouco ou não explorados pela perspectiva Taylorista, como o absenteísmo, a monotonia do trabalho, as relações pessoais, as atitudes e o baixo moral entre a força de trabalho. 
	Posteriormente, como uma derivação metodológica importante do positivismo lógico, o funcionalismo impactou fortemente a análise do campo organizacional: primeiro, com as conhecidascontribuições de WEBER (1967) em seus Ensaios sobre a Teoria da Ciência e contribuições fundamentais também na análise da ética protestante e origem do capitalismo e das burocracias. Secundariamente, a partir de um conjunto de autores e cientistas sociais que, das esquematizações Weberianas formalistas, partiram para o entendimento das organizações em uma perspectiva mais ampla e menos restritiva . 
	Como se sabe, os estudos dessa última corrente apoiaram-se vigorosamente nos postulados funcionalistas de Émille Durkheim, segundo os quais as sociedades tendem à estabilidade e são integradas “organicamente”. As organizações/instituições, por sua vez, participam desse processo à medida que são vistas como meios para o atingimento de finalidades específicas. Dentre elas, a da ordem social (DURKHEIM, 1989). 
	Para CLEGG & HARDY (1996), a tradição do programa de pesquisa funcionalista na Teoria Organizacional está, em um primeiro momento, presa aos limites do pensamento convencional Durkheimniano e à trajetória epistemológica do trabalho conceitual de Weber. Com o passar do tempo e o avanço das pesquisas, entretanto, o que se percebe é um conjunto de novas teorizações e perspectivas de análise a partir dos limites antes restritos da abordagem funcionalista.
	Assim, se tomamos como referência a perspectiva mais “fechada” e menos crítica dos estudos funcionalistas na Teoria Organizacional, consagra-se a idéia de que as funções deveriam ser desempenhadas satisfatoriamente para o bem de toda a estrutura, tudo isso centrado no princípio orgânico da teoria sistêmica. Nesse ambiente, nada interessaria mais à análise organizacional do que as normas e as estruturas dos papéis desempenhados que, de forma concreta, comporiam a unidade de análise e foco da pesquisa. Há um valor claro em relação à ação determinada dos atores organizacionais, ao emprego absoluto de uma racionalidade tipicamente instrumental-funcional. O enfoque é formalista, analítico, e o princípio é totalmente sistêmico. Como bem coloca VIANELLO (1976: 15), nesse caso tudo “(...) aproxima-se, na verdade, à banalidade”. 
	No mínimo, trata-se de uma formulação ingênua. Ao não considerar as contradições e “fissuras” internas à lógica hegemônica do poder institucional, tal perspectiva deixa também de relevar os mecanismos objetivos e subjetivos e as práticas de resistência que, a todo momento, estão presentes nas situações de trabalho (RODRIGUES & COLLISON, 1995).
	MORGAN (1986) salienta, entretanto, as diferenças efetivas entre a abordagem das organizações enquanto sistemas abertos (e nesse sentido a ênfase passa a se dar necessariamente sobre o trabalho dos críticos da burocracia) e a lógica das organizações enquanto sistemas fechados, esta última sobretudo ligada aos postulados formais da Escola Clássica e da abordagem da Escola de Relações Humanas. 
	Ou seja, há um avanço efetivo. Mas o avanço é efetivamente qualitativo no que diz respeito ao reposicionamento e à redistribuição de forças e de poder nos limites da organização? Acreditamos que não. No centro da perspectiva funcionalista e da teoria sistêmica, sobretudo naquele período que antecede o trabalho dos teóricos críticos da burocracia, o que nos parece “saltar aos olhos” é a tentativa de se compreender acriticamente os pressupostos organizacionais à luz de um outro grande sistema, que é o sistema social. 
	Dahrendorf, citado em MORGAN (1979), ao sistematizar sua crítica sobre os pressupostos acerca da natureza da sociedades propõe o order-conflict debate, questionando a hegemonia positivista da perspectiva funcionalista e sistêmica e redimensionando o peso das contradições e da dialética à natureza da ordem e do equilíbrio social. 
	Seguindo a lógica estrutural-funcionalista, e isso já foi aqui discutido, um conjunto importante de pressupostos conforma o lado consensual desse processo: as sociedades (e as organizações produtivas evidentemente) representariam estruturas estáveis e que tenderiam ao equilíbrio e ao consenso. Por esse enfoque, a convergência de valores e o consenso entre os indivíduos seriam possibilidades reais e, no limite, a sociedade seria totalmente integrada pelo funcionamento ótimo dos seus elementos constituintes. 
	Ao destacar essa linha de compreensão, Dahrendorf parte para expor o que para ele significava a nova teoria coercitiva da sociedade, isto é, os elementos que sugerem que toda sociedade está - na verdade- sujeita aos processos de mudança, ao dissenso e ao conflito. A mudança é factível e permanente, assim como a chance real de desintegração e de instabilidades (MORGAN, 1979). Ao procurar agregar essas duas perspectivas, Dahrendorf e outros autores neo-marxistas que o seguiram lançaram as luzes sobre um problema fundamental, e sinalizaram a necessidade de estudos mais aprofundados e críticos sobre a questão do poder, da dominação e do conflito nas relações entre capital e trabalho. 
	As bases preliminares para a discussão teórica do poder nas organizações já haviam sido plantadas, portanto, no final dos anos 60. Essa perspectiva sobressai-se frente aos tradicionais estudos inscritos na lógica do estrutural-funcionalismo, enquadrando de forma diferenciada o poder. E é devido a essa reorientação epistemológica, impressa nos estudos posteriores de análise organizacional das décadas de 70/80, que se torna possível o exame detalhado das instituições como centros de poder, com efeitos importantes do ponto de vista da análise conjuntural e histórica das organizações, das classes trabalhadoras e da divisão social e técnica do trabalho em uma perspectiva mais ampla, bastante influenciada pelas idéias de Marx e pela crítica dos neo-marxistas. O debate acerca da “Sociologia das Profissões”, por exemplo, ganhou interesse entre a comunidade científica após a Segunda Guerra Mundial. Com o desenvolvimento da gerência capitalista e do trabalho técnico nas duas últimas décadas deu-se o reposicionamento teórico das correntes que se propunham analisar o fenômeno complexo das classes sociais e ocupacionais no modo capitalista de produção, geralmente influenciadas pelas propostas clássicas de M. Weber e K.Marx. Neste sentido destacam-se, por exemplo, as teses da proletarização e da nova classe trabalhadora: a primeira ressaltando a proletarização do trabalho técnico; a segunda, valorizando as virtudes da técnica e sugerindo maior capacidade de resistência e mobilização dessa nova classe frente às práticas de poder do capital. 
	Tem-se, portanto, que recorrer à obra desenvolvida no século XIX por Karl Marx, responsável por enquadrar analiticamente uma interpretação histórica do desenvolvimento social. Seguindo essa construção ontológica, a atividade prática dos homens é a sua realidade concreta, verdadeiramente sensível; o homem é visto como integrante de um mundo social que possui uma realidade tão concreta quanto o próprio mundo natural. O homem modela o seu mundo através da sua objetivação, do seu trabalho, da sua atividade prática, mas também cognitiva e racional. Enfim, o homem se coloca à ação e se conscientiza ao mesmo tempo da sua realidade; ele é exatamente aquilo que produz ou a forma como produz (PRATES et. alli, 1991) .
	Tanto para Marx quanto para Durkheim, a ação do homem é estruturalmente determinada. Mas enquanto Marx enxerga o mundo social como expressão dos processos produtivos e, portanto, como derivação da base material e das relações sociais de produção características de cada bloco histórico - isto é, como um todo estruturado e integrado dialeticamente -, Durkheim inclinou-se a observar as sociedades como formações estáveis, integradas organicamente. 
	A partir dessa referência básica, torna-se fácil compreender a distinção, entre essas duas “formas de pensamento”, sobre a função da divisão do trabalho no seio das sociedades modernas. Para Durkheim, a divisão do trabalho é funcional e necessária mesmo em seus extremos. O trabalho atomizado contribuiria para a formação de uma “solidariedade orgânica” e poderia desdobrar-sepositivamente em uma maior coesão social. Frontalmente contrária à trajetória do pensamento de Durkheim, nesse ponto, está a visão de Marx sobre o problema da divisão do trabalho. O trabalho em migalhas, aqui, surge como grande determinante da alienação e das contradições no plano social e econômico e a divisão técnica e social do trabalho acaba por expressar contradições maiores do próprio sistema social.
	Para Weber, ao contrário daquilo que propõe Marx no que se refere às discussões do trabalho e da produção humana, o indivíduo não apresentaria um “status ontológico”. Assim, retomando o exemplo anteriormente citado nas notas técnicas desse artigo, um operário não poderia precipuamente ser compreendido como um simples operário, uma vez que outras dimensões da sua vida (como a filiação religiosa ou estamental) poderiam também contribuir para o seu enquadramento social. 
	As diferenças epistemológicas tornam-se evidentes aqui: enquanto Weber propõe a composição do mundo social e das sociedades a partir da ênfase na realidade individual (estando inscrito, portanto, dentro da tradição do individualismo metodológico), Marx segue direção quase oposta: reforçando as bases do coletivismo metodológico, definindo as grandes estruturas societárias o objeto privilegiado de estudo para a Sociologia. De certa maneira, a perspectiva coletivista de Marx é coerente com os pressupostos maiores do corpo científico da sua obra clássica “ O Capital”, sobre os processos de produção, circulação e distribuição de mercadorias nas sociedades capitalistas: as relações entre indíviduo e sociedade são mediatizadas pelas relações de classe, que definem o conteúdo da vida social e a consciência individual. Na verdade, tal esquema de dominação atinge proporções maiores, totalizantes, à medida que o locus da dominação estende-se às instâncias superestruturais, articulando como universais interesses de natureza privada (PRATES et. alli, 1991). Consenso ou conflito, dialética ou funcionalismo, individualismo metodológico ou coletivismo; enfim, são esses alguns dos pares que se mostram à luz dos interesses maiores do pensamento sociológico clássico.
	Por serem exatamente lugares privilegiados para a luta política, as instituições de forma alguma podem ser reduzidas ao conhecimento de suas estruturas e relações sociais de subordinação. Nem tampouco de suas normas, que tendem a homogeneizar como naturais e comuns diferentes formas de racionalização interna. Em um sentido contrário, a análise do discurso institucional geralmente favorece a compreensão mais refinada das dinâmicas institucionais. O discurso, que não pode ser confundido absolutamente com as normas institucionais, pode servir de importante instrumento a mediatizar as relações óbvias e não-óbvias dos fatos sociais. 
	FOCAULT (1975), por exemplo, inclinou-se a investigar o processo histórico-político das instituições a partir das formas de discurso institucional e das instâncias de sub-poder presentes nessas formações sociais. O sub-poder ou esse conjunto de pequenos poderes, inscritos nas pequenas e grandes instituições, conformariam uma complexa e extensa rede na sociedade; na verdade, serviriam bem essas redes ao propósito maior de articular formas amplas e hegemônicas de poder às relações objetivas de produção nas quais se insere o trabalhador, fixando-o dentro do aparelho produtivo de uma forma legítima e extremamente lucrativa para o capital. 
	A par de todo o desenvolvimento teórico até aqui discutido, é importante destacar um fator político importante: ao longo desse período e apesar das crises experimentadas mais recentemente pelo capitalismo no século XX, este presenciou o declínio do socialismo real em partes diferentes do mundo e legitimou-se, ao final, como alternativa exclusiva ao progresso e ao bem-estar social, impondo a hegemonia das políticas neoliberais e a globalização econômica e cultural dos mercados como alternativa concreta à utopia não-realizada do socialismo na esfera do desenvolvimento econômico e da vida social. Destaca-se, a seguir, alguns “temas de fronteira” ou desafios novos colocados às teorizações no campo da Administração, em que as “conversações” e a alteridade entre os cientistas serão de grande importância.
NOVOS PROBLEMAS E NOVAS PERGUNTAS
	A partir da década de setenta, um processo complexo de transformações sociais, econômicas, institucionais e tecnológicas foi colocado em marcha, concretizando evidências de um novo modelo de desenvolvimento do capitalismo em escala mundial. No plano micro das atividades de transformação, esse processo tem na nova base tecnológica microeletrônica e nas inovações tipicamente organizacionais explicações importantes para os resultados de produtividade das firmas contemporâneas. Esses fatores, tomados em conjunto com outros no plano macroeconômico da liberalização financeira e comercial, modelam em parte as alternativas políticas, econômicas e sociais dos Estados ao final do século XX.
	Conscientes dessa “inflexão”, poderíamos encaminhar pelo menos três questões [entre tantas outras possíveis] que, acreditamos, deverão sucitar cada vez mais o interesse daqueles que hoje estão empenhados a um processo de destruição criadora e (re)construção de caminhos para o estudo das organizações.
	A primeira delas está relacionada à intensificação da globalização e ao revolucionamento da base tecnológica nos últimos 30 anos. Sobre esse ponto, discutimos apenas o ponto de inflexão do paradigma industrial tipicamente fordista em relação às novas formas de organização da produção e do trabalho, bem como dos movimentos do capital transnacional: fazemos isto com o estritamente necessário para organizar minimamente nossa lógica na discussão dos resultados econômicos de um “capitalismo turbinado” ao final deste milênio. Em segundo lugar, ou como um segundo problema, situamos o curioso fenômeno de descolamento entre a economia real e a especulação financeira em nível mundial: perguntamos se este não seria um tipo de destino “cruel” para o capitalismo, em que assimetrias tão fortes poderiam comprometer a própria lógica de acumulação dos agentes econômicos. Como uma derradeira questão, de caráter fundamentalmente teórico, deixamos para o final uma breve reflexão sobre a importância de aproximar os estudos organizacionais das contribuições recentes no âmbito da Teoria da Firma, na esfera da microeconomia.
	Com relação à primeira questão, entende-se que já nos anos 70 se intensificava a utilização, por parte das firmas, de um revolucionamento tecnológico importante dos meios de produção – de forma específica, dos meios de trabalho (a microeletrônica) - e a emergência de novas formas de racionalização e controle da produção fundamentalmente de corte organizacional. De forma especial, a mudança da base técnica metal-mecânica para a da microeletrônica e a crescente informatização das plantas industriais ampliaram possibilidades na esfera da produção, sobretudo no âmbito dos ganhos de produtividade. A partir de inovações no plano técnico, tornou-se possível a “aderência” entre flexibilidade e automação, já que a principal virtude dos equipamentos de base microeletrônica (apesar do denso conteúdo de capital incorporado às máquinas) é a maior racionalização do sistema, em detrimento da expansão dos volumes de produção (RATTNER, 1982).
	A emergência desse “novo modelo de desenvolvimento”, conjugando preceitos da nova base tecnológica às racionalizações tipicamente organizacionais, aparece na literatura sob diversos aspectos e denominações, configurando um quadro de grande complexidade: as denominações conhecidas são o “modelo integrado e flexível” (CORIAT, 1988,1994), o “novo paradigma produtivo” (HIRATA,1994), a “especialização flexível” (PIORE & SABEL, 1984), a “sistemofatura” (HOFFMAN & KAPLINSKY, 1988), a “japonização do fordismo” (WOOD, 1991) e o “pós-fordismo” [para alguns dos teóricos regulacionistas da escola francesa]. 
	De uma forma mais ampla, isto é, para fora dos limitese determinantes exclusivamente tecnológicos, talvez existam pelo menos duas interpretações possíveis para o movimento de transnacionalização do comércio internacional [globalização comercial, produtiva e financeira]. Esse processo poderia ser observado como um fenômeno intrinsicamente positivo, capaz de alavancar e tornar possível “o sonho da humanidade” de uma maior cooperação entre os povos - sobretudo a partir do aumento do volume de investimentos diretos nos países menos capitalizados - favorecendo a industrialização e a expansão do setor de serviços nesses países, bem como contribuindo para a geração de competências e externalidades positivas no âmbito dos mercados locais de trabalho. Mas em um pólo antitético, assim diríamos, o fenômeno da globalização pode ser observado a partir de uma perspectiva francamente pessimista, posto que, fundamentalmente, se mostraria incapaz de alterar ou recompor uma certa “anarquia” no desenvolvimento recente desse processo. No que diz respeito à globalização produtiva, por exemplo, é de fato possível prever que a incorporação da nova base tecnológica e a transferência de novas tecnologias e produtos derivados daquele campo tecnológico venha a servir, uma outra vez, para criar novos tipos de isolacionismo e de conflitos, gerados pelas descompensações de salários, poder e oportunidades dentro ou fora das empresas.
	Como sempre, existem posições intermediárias, que talvez façam maior justiça ao que está ocorrendo no cenário econômico e político internacional. A par dos benefícios incontestes da transnacionalização das economias (maior competitividade das empresas, redução de custos, maior qualidade e diversidade de produtos oferecidos ao consumidor, financiamentos dos países mais ricos aos países mais pobres para fazer frente aos déficits estruturais na conta corrente do balanço de pagamentos, investimentos diretos, privatizações, dentre outros), o fato é que a globalização também pode representar simplesmente a retomada de uma ofensiva conservadora, a partir de outras estratégias: o “esmagamento” do Estado em suas diferentes orientações assumidas no século XX (o Estado do Bem-Estar à moda anglo-saxônica, o “Estado desenvolvimentista” latino-americano, passando pela derrocada do “Estado empreendedor” do leste europeu) e a expressão concreta desse desmonte na esfera civil (desemprego, ajuste estrutural das relações de trabalho, franca deterioração da representatividade sindical, tendência mundial à compressão dos salários reais e a flexibilização -precarização?- dos contratos de trabalho) (GARCIA, 1996).
	Parece claro, portanto, que muito mais do que promessas, o “novo” modo de regulação das economias globalizadas tem apresentado custos sociais muito importantes para serem esquecidos ou deliberadamente ignorados. Nesse sentido, seria de se esperar uma reformulação substantiva de algumas proposições no campo da Administração (aqui, seriam emblemáticas as experiências da reengenharia e do downsizing), somando ao critério puramente instrumental de suas proposições a composição social dos efeitos de sua prática, sendo igualmente válida essa questão diante dos avanços e impactos sociais da Terceira Revolução Industrial.
	Agrega-se a essa questão uma outra constatação inquietante: a de que o capitalismo maduro deste fim de milênio, ao ajustar tecnologicamente suas bases concretas de produção, mostrou-se ainda mais dinâmico, alcançando os limites do impossível no grande cassino financeiro internacional, sob a forma de capital-fictício. 
	Tudo se passa como se a expansão do trabalho produtivo concreto (da economia real) deixasse de ser rentável, sendo muito mais lucrativo para o capital mobilizar-se em torno da especulação financeira. Apesar dos ganhos sensíveis de produtividade e de qualidade proporcionados pela revolução técnica da base produtiva, o crescimento da moeda continua hoje a desvincular-se do crescimento do próprio trabalho, em um movimento especulativo e sem o respaldo daquilo que verdadeiramente se dá no centro da produção material. 
	Por fim, endereçamos uma questão de ordem puramente teórica, que tem gerado hoje um novo conjunto de pesquisas e de possibilidades investigativas no campo da Teoria Organizacional e da Teoria da Firma. 
	Quanto à essa última, cabe destacar que, a partir de um conceito originalmente proposto por COASE (1937), observa-se a partir da segunda metade da década de 70 o interesse da Teoria Econômica pelas dimensões institucionais de operação nas economias capitalistas. Muitos desses estudos procuraram demonstrar que certos arranjos institucionais no plano micro das firmas e suas relações com o mercado acabam por definir, entre outros resultados, assimetrias competitivas entre as firmas (WEISS, 1996).
	A Teoria dos Custos de Transação, melhor desenvolvida em WILLIAMSON (1975;1985), está direcionada à análise de uma realidade micro, localizada, essencialmente focada na comparação entre as dinâmicas institucionais, e que em parte contesta o modelo neoclássico das firmas e passa a entender as firmas como estruturas de governança. O modo de governança oscilará entre a hierarquia e o mercado, a depender do grau de controle da empresa principal sobre os ativos necessários às diferentes etapas do processo produtivo, ao longo da cadeia de suprimentos. Se a empresa é proprietária de todos os ativos, tem-se a hierarquia como modo de governança. O extremo desse tipo “puro” ocorre se a empresa adquire de outras firmas no mercado os insumos, componentes ou serviços necessários ao seu produto. Nesse caso, tem-se uma estrutura de governança comandada pelo mercado. 
	Alguns elementos influenciam as decisões das firmas entre os dois tipos puros de governança, definindo posicionamentos variados na extensão desse continuum: por um lado, temos fatores comportamentais (a racionalidade limitada e o oportunismo); por outro, fatores do mercado (incerteza-complexidade e o número de concorrentes). A idéia, aqui, é que incertezas ambientais e comportamentais incorrem em custos transacionais, sendo possível prever alterações no modo de governança das firmas com o objetivo de reduzi-las de forma satisfatória ou em níveis aceitáveis. 
	A orientação das firmas para o mercado ou para a hierarquia depende fundamentalmente do número de ofertantes disponíveis no mercado, capazes de competir entre si para a oferta de componentes, insumos ou serviços demandados pela firma principal, de forma eficiente e a custos apropriados. Em geral, quanto menor o número de ofertantes, maiores as chances de comportamentos oportunísticos por uma das partes contratadas (não exclusivamente, mas em geral da parte dos fornecedores), gerando com isso uma elevação proibitiva dos custos de transação. Analogamente, em um contexto de muitas incertezas e de grande complexidade, o modo de governança das firmas poderá inclinar-se prioritariamente à hierarquia, reduzindo assim a dependência das vicissitudes do mercado e, por extensão, diminuindo as incertezas para a firma principal. Enfim: pela perspectiva de uma economia dos custos de transação, são as transações em última instância, e não a tecnologia, os fatores preponderantes na determinação das formas organizacionais. 
	Exatamente por isso, a decisão de verticalização por parte de uma firma obedece fundamentalmente a economias transacionais, desde que, obviamente, nessa análise tenham sido incorporadas as discussões relativas ao problema do oportunismo e da racionalidade limitada (fatores comportamentais), bem como o grau de complexidade do cenário e o número de agentes. Hierarquias e mercados, portanto, representam modos alternativos de contratações para a firma, que em sua decisão levará em conta fatores comportamentais e econômicos particulares à conjuntura das suas operações. Em poucas palavras, a decisão de uma firma em produzir ou comprar os insumos e/ou componentes necessários à sua própria produção e a natureza da inovação organizacional e estrutural que poderá ser daí resultante implica uma posiçãoestratégica da firma, uma busca direta para o aumento de sua eficiência transacional. Opera assim, porque não, enquanto estratégia competitiva. (WILLIAMSON, 1975; 1985). 
	Mas na verdade, nesse dilema entre mercado/hierarquia, seria importante destacar que a decisão da firma em produzir ou disponibilizar determinados componentes, insumos ou serviços necessários à realização de suas atividades produtivas (decisão entre fabricar e mandar fazer) opera em um sentido que ultrapassa simplesmente a preocupação com os custos de transação. É possível propor que a decisão de uma firma por internalizar parte de sua produção defina o resultado de uma estratégia voltada para o aproveitamento de suas competências distintivas (core competencies) ou para extrair algum benefício da sua capacidade de inovar como vantagem competitiva.
	De forma bastante ampla, o conceito central das duas abordagens destacadas acima é a administração das competências essenciais das firmas, incorporando tanto a capacidade de coordenação das empresas em relação às suas habilidades de produção (efetivamente distintivas) quanto a manutenção de competências essenciais em produtos fundamentais.
	Fica claro, portanto, que investigar o problema da coordenação das atividades econômicas tomando como unidade básica de análise os custos de transação significa limitar a compreensão das firmas à análise de suas transações, em uma perspectiva fundamentalmente de eficiência estática. Essa limitação poderia ser equacionada [pelo menos parcialmente] se, em conjunto à perspectiva dos custos de transação, a firma e as relações inter-firmas fossem focalizadas em um approach em chave dinâmica, o que nos permitiria observar melhor os processos de inovação e as dinâmicas da aprendizagem organizacional, os custos de tal aprendizagem, o desenvolvimento de competências centrais [“core competences”], o desenvolvimento de relações de suprimento do tipo “arm’s length” ou do tipo “partner suppliers”, etc. Além disso, permite compreender no plano empírico as trajetórias tecnológicas das firmas, com base no pressuposto de que a história e o passado sempre condicionam as decisões futuras de uma empresa, tanto no que diz respeito à sua organização interna quanto à organização externa, isto é, os vínculos econômicos e institucionais que poderiam vir a estabelecer ou não com outras empresas, emulando daí [através de alianças, formas de organização em rede, gestão eficiente da cadeia de suprimentos, etc] vantagens competitivas importantes (DYER et alli, 1998). 
CONCLUSÕES
	Existe uma continuidade na história do pensamento administrativo que se materializou nos padrões e formas de racionalidade que se impuseram nesse campo de conhecimento nos últimos 100 anos. Não há mudança substantiva nesse processo. Existem, sim, tentativas para se imprimir novos conteúdos sociais a um aparato de racionalidade já dominante. Do ponto de vista epistemológico e metodológico, os estudos no campo da Administração poderiam ampliar o seu alcance à medida que se distanciassem dos aspectos normativos e hegemônicos dos discursos tipicamente funcionalistas, incorporando a esse ponto de vista uma análise sustentada por um tipo de racionalidade também substantiva, a par de todo interesse pela objetividade e prática de uma racionalidade puramente instrumental e formal. Essas considerações reforçam a necessidade de embasamento dos estudos, das teorias e das finalidades engendradas nos domínios da Administração preferencialmente em uma perspectiva histórica, crítica, plural e dialética. O que se espera é uma análise suficientemente mais abrangente, capaz de dar respostas para as empresas e para a sociedade em um momento de transformações sem precedentes na história do capitalismo, e que, por isso mesmo, exerce efeitos profundos nas relações técnicas e sociais de produção, em um contexto de mudança de base tecnológica. Espera-se, enfim, um devido “iluminar” desse processo, para além dos debates tradicionais que emergem do discurso reificante de uma “seleção natural” ou da ilusão em acreditar que as empresas simplesmente sobrevivem ou não a ambientes competitivos de tamanha turbulência, como querem os teóricos da population ecology. Na verdade, nunca se mostrou tão necessário aproximar as teorizações no campo da Administração aos postulados das Ciências Sociais correlatas - como a Economia, a Política e a Sociologia - sob o risco desta se tornar, futuramente, uma ciência vazia, desprendida da realidade social e presa a antigas referências locais e formais de análise.
	Assim, recolocando o debate da perspectiva sistêmica sob novas bases, fundamentalmente diferentes, torna-se possível compreender a limitada perspectiva de racionalidade que se propõe a explicar o êxito das organizações e da prática administrativa. E, via-de-regra, o receituário já nos é bastante conhecido: ajustes estruturais, corte de custos, gerenciamento da qualidade, competitividade, “upgrading” tecnológico, qualificação e flexibilidade dos sistemas, dentre outros. Não há como negar que a resposta do capital à crise técnica, social e econômica do fordismo no final da idade de ouro do capitalismo pós-guerra fez com que, de alguma forma, a prática e a ação organizacionais fossem reinventadas de acordo com necessidades preementes. Mas essas mudanças e ajustes, claramente direcionados por uma racionalidade instrumental e funcional, não parecem sinalizar a existência de traços de racionalidade substantiva nos mesmos processos de modernização, nem tampouco mudanças muito profundas na democratização efetiva dos espaços organizacionais, o que é no mínimo um contrasenso diante das perspectivas que se abrem com o uso sistemático da nova base produtiva. 
	Chegamos, assim, ao ponto central do problema: em seus interesses mais legítimos, grande parte das teorias organizacionais procuraram encarar os problemas que nasciam da própria prática administrativa, com o intuito de antecipar reflexões e ações futuras em torno da eficiência e da competitividade empresarial. Mas de uma forma deliberada ou não, essas formulações serviram para legitimar posições dominantes já inscritas nos espaços produtivos, reforçando assim os limites de suas motivações. 
	Esperamos que algumas das questões debatidas neste trabalho mobilizem o olhar inquieto daqueles que se ocupam do estudo dos fenômenos organizacionais, e que procuram investigar os problemas atuais com uma atenção e um olhar às contribuições teóricas do passado, e outro nas contribuições mais recentes. Os desafios são muitos, mas também estimulantes poderão ser as nossas descobertas, se estivermos abertos às “novas conversações teóricas” e contribuições, como é o caso da Teoria da Firma. Esta, mesmo partindo de um outro campo do conhecimento, em parte se ocupa da análise de fenômenos que pretendemos investigar à luz da Teoria Organizacional. Os benefícios da tentativa, certamente, superam os prejuízos do imobilismo, e através desse mesmo avanço, respostas surgirão para os antigos e os novos problemas que sustentam a investigação no campo da Teoria das Organizações.
NOTAS
1 Especialmente, gostaríamos de ressaltar aqui a interface possível e necessária entre a Teoria das Organizações e os estudos e as pesquisas afins ao campo da Teoria da Firma, emulados no interior da corrente neo-institucionalista nos estudos de microeconomia.
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