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COMPORTAMENTO E BEM- ESTAR ANIMAL AULA 1 Prof. Marivaldo da Silva Oliveira 2 CONVERSA INICIAL A discussão sobre a relação entre seres humanos e animais está em constante crescimento e tem se tornado imprescindível. Quanto à importância no entendimento do comportamento animal, os desafios enfrentados pelos profissionais da área são significativos, pois a saúde dos animais não humanos está diretamente ligada ao seu nível de bem-estar. Nesta abordagem, pretendemos, em um primeiro momento, explorar os conceitos introdutórios do comportamento e do bem-estar animal, com uma atenção especial para as peculiaridades das espécies domesticadas e a legislação relacionada aos direitos dos animais. Além disso, pretendemos abordar a legislação e a bioética que permeiam a interação entre humanos e animais, abrangendo, por consequência, os animais de produção. Como profissionais ligados ao setor da pecuária, o qual, em suma, trata da criação animal, é crucial estarmos atentos a manobras, procedimentos e protocolos destinados a aprimorar o bem-estar dos animais. Essa abordagem é essencial para determinar se o comportamento e as necessidades intrínsecas de cada espécie estão sendo adequadamente respeitados. TEMA 1 – CONCEITOS SOBRE COMPORTAMENTO E BEM-ESTAR ANIMAL A interação entre humanos e animais remonta às épocas mais antigas registradas. Com a evolução da sociedade e a crescente necessidade de os seres humanos utilizarem animais para alimentação e trabalho, os estudos sobre comportamento animal ganharam cada vez mais destaque. Segundo a explicação de Paranhos da Costa (2002), o conceito de comportamento, que anteriormente abrangia qualquer movimento executado pelos animais, inclusive aqueles que levavam à imobilidade absoluta, passou por uma ampliação. Houve o reconhecimento de diversas manifestações apresentadas pelos animais que não se caracterizavam como movimentos, por exemplo, mudanças de cores, produção de odores e emissão de sons. Dessa forma, o comportamento passou a ser definido como qualquer resposta muscular ou secretória observada por meio de mudanças no ambiente interno e externo dos animais. A ciência da Etologia, derivada das palavras gregas ethos (“hábito”) e logia (“estudo”), fundamenta-se no estudo do comportamento animal. De acordo 3 com Hoehne, Prestes e Pilonetto (2017), a etologia tem sido uma área de interesse humano ao longo do tempo, motivada por diversos interesses, como caça, pesca, proteção, domesticação para auxílio no transporte, trabalho e companhia. O conhecimento adquirido ao longo do tempo sobre o comportamento de diversas espécies é exemplificado pelo fato de um pescador saber quando, onde e que tipo de isca usar para capturar uma espécie específica de peixe (Del-Claro; Prezoto, 2003). Da mesma forma, a habilidade de um caçador em compreender que animais predadores se afastam da presença de fogo ao redor do acampamento é mais uma demonstração de como os seres humanos, por meio da observação, estudaram e adquiriram conhecimento sobre o comportamento animal ao longo do tempo. Embora o termo “comportamento animal” tenha sido cunhado por Níkolaas Tinbergen, em 1950, os estudos sobre o assunto remontam a cerca de 1750 na Academia Francesa de Ciências, como destaca Del-Claro (2004). Dois notáveis naturalistas, Konrad Lorenz e Karl Von Frish, foram reconhecidos com o Prêmio Nobel em 1973, sendo considerados os fundadores da Etologia. Broom (2010) observa que, nas últimas quatro décadas, houve avanços na precisão da descrição do comportamento animal e na compreensão de sua organização em relação aos aspectos fisiológicos e processos evolutivos. O aumento da demanda global por alimentos impulsionou o crescimento e a otimização da criação de animais para a produção de proteína. Esse desenvolvimento, tanto do ponto de vista genético quanto da atenção ao comportamento dos animais, influencia diretamente a qualidade e quantidade dos produtos, além de impactar a aceitação ou rejeição por parte dos consumidores. Conforme Broom (2010) destaca, o comportamento pode servir como indicador de bem-estar ou mal-estar em qualquer animal, sendo aplicável não somente aos animais de produção, mas também aos animais domésticos. Crédito: Aleksandar Malivuk/Shutterstock. 4 O estudo do comportamento animal, ou etologia, é um conhecimento acumulado ao longo do tempo por meio de observações e pesquisas sobre o comportamento de diferentes espécies, sua evolução e adaptação. Del-Claro (2004) define o estudo do comportamento animal como um exercício da curiosidade humana na busca pela compreensão da própria natureza animal. Em contrapartida, a ciência do bem-estar animal identifica, classifica e trata de fatores que interferem no comportamento normal das espécies. Segundo Broom (2010), os animais precisam enfrentar um ambiente complexo que inclui condições físicas, influências sociais e a presença de predadores, parasitas ou patógenos. O grau de bem-estar de um animal está intrinsecamente ligado ao tipo de vida que leva, sua alimentação, sanidade e sociabilidade em conformidade com os padrões de sua espécie, refletindo assim sua capacidade de exercer seu comportamento em todas as suas facetas e seu estado de adaptação ao ambiente. O foco principal da ciência do bem-estar animal é a adaptação dos animais às condições impostas pela intensificação e industrialização da produção. Embora o sistema como um todo não seja questionado, reformas pontuais são frequentes e estimulam um crescente envolvimento de pesquisadores no assunto (Froehlich, 2017). A ciência do bem-estar animal existe há aproximadamente cinco décadas e é caracterizada por sua natureza multidisciplinar, pois envolve cientistas de áreas como etologia, zoologia, veterinária e zootecnia (Molento, 2007). As pesquisas variam em ênfase conforme o campo de atuação dos pesquisadores, abordando temas como a teoria da evolução, a biologia do estresse, o estado afetivo e a saúde dos animais (Fraser, 2012). O conceito de bem-estar animal empregado nas normas relacionadas aos animais de produção remonta à publicação do relatório do Comitê Brambell em 1965, na Inglaterra. Esse comitê foi criado pelo governo inglês para avaliar as condições de vida dos animais em sistemas intensivos. O relatório concluiu que, embora grande parte do sofrimento dos animais seja inerente a esses sistemas, que restringem o espaço de locomoção e a capacidade de expressão dos comportamentos “naturais”, seria possível melhorar suas condições de vida (Froehlich, 2017). No mínimo, os animais deveriam ter a liberdade de levantar-se, deitar-se, girar, limpar-se e esticar seus membros (Brambell, 1965). Esses princípios 5 lançaram as bases de uma agenda científica que deu origem à Ciência do Bem- Estar Animal, cujos preceitos se tornaram a base das práticas a serem implementadas em fazendas e abatedouros. TEMA 2 – COMPORTAMENTO SOCIAL DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS Quase todos os animais exibem algum tipo de comportamento social. Até mesmo as espécies bissexuais mais solitárias precisam encontrar um parceiro para se reproduzir, enquanto as espécies assexuadas competem de alguma forma entre si. A comunicação abrange como os animais gerenciam suas relações sociais, não somente com membros de sua própria espécie, mas também com aqueles de outras espécies com as quais competem por recursos, predadores e presas. Portanto, compreender como e por que os animais se comunicam é essencial para entender seu comportamento e relações sociais (Volpato; Yamamoto, 2011). A ampla diversidade animal resulta em variados estilos de vida entre as espécies. Dentro de uma mesma espécie, indivíduos compartilham a necessidade dos mesmos recursos ambientais para sobreviver. Considerando que o objetivo de todo ser vivoé garantir a perpetuidade da espécie, é essencial aprender a conviver harmoniosamente com seus semelhantes em benefício do bem comum. Essa compreensão ressalta a influência crucial do ambiente sobre as estruturas sociais das espécies (Hoehne; Prestes; Pilonetto, 2017). Deag (1981) define comunicação como a transferência de informação de um animal para outro, influenciando o comportamento do receptor por meio de sinais que evoluíram para esse fim. Francisco et al. (2024) descrevem “agonístico” como um termo de origem grega que significa “combate”. A comunicação agonística refere-se aos mecanismos de combate, incluindo todas as sinalizações e movimentos expressivos suscetíveis de provocar agressões entre indivíduos do grupo. Como resultado de um embate entre indivíduos de um mesmo grupo, o vencedor da disputa agonística torna-se o dominante, e o perdedor, torna-se o dominado/subordinado, estabelecendo uma hierarquia na relação. Assim, a comunicação agonística é uma importante forma de interação social que regula a vida em grupos, reduzindo as agressões físicas e possibilitando que as relações entre os diferentes membros do grupo sejam mais fluidas (Almansa, 1994). 6 Essas concepções remetem à forma de vida da maioria das espécies, que sobrevivem em razão de sua característica gregária. Os bovinos, por causa dos seus hábitos gregários e tendência a viver em rebanhos, têm suas características comportamentais influenciadas pelos outros membros do grupo. De acordo com Fraser e Broom (1997), um bovino pode reconhecer e distinguir entre 50 e 70 indivíduos diferentes, possivelmente com base em características fenotípicas e comportamentais. Conforme apontam Fernandes et al., (2017), dentro do comportamento social dos bovinos, podemos destacar como primordiais as suas características relacionadas à afinidade entre indivíduos, sua zona de espaço individual (ambiente) e estrutura hierárquica do grupo. É evidente que algumas características da organização social são impostas pelo ambiente, como o próprio tamanho do grupo em que os animais vivem (Manning, 1977), o que implica compartilhar espaço, alimento e outros recursos e pode acarretar conflitos de interesse. Em um confinamento de gado bovino de corte, por exemplo, se houver a formação de grupos de bovinos machos em que exista disparidade em tamanho, diferença de idade dos indivíduos e/ou grupos muito grandes, os animais mais velhos e de maior tamanho promoverão a sodomização dos machos menores e mais novos, o que resulta no bem-estar diminuído tanto pelos danos causados pela monta quanto pelos fato de animais sodomizados não conseguirem normal acesso ao alimento e à água como os demais. Uma das principais vantagens de viver em grupos sociais é a proteção contra predadores, já que para muitos destes, o sucesso do ataque depende da surpresa, pois se a presa é alertada precocemente, as chances de sucesso do predador diminuem (Krebs; Davies, 1996). Em um grupo, a probabilidade de detectar a aproximação de um predador é maior, pois, quanto mais olhos, melhor (Almansa, 1994). Assim, a taxa de vigilância é aumentada em comparação com indivíduos solitários. Por exemplo, quando um grupo de aves está se alimentando e um predador se aproxima, a primeira ave que o avista emite um alerta sonoro e o grupo imediatamente decola. Em contrapartida, um animal solitário precisa dividir seu tempo entre se alimentar e vigiar, o que resulta em menos tempo disponível para a primeira ação. Outra vantagem de viver em grupo é que, em caso de ataque por um predador, o indivíduo reduz as chances de se tornar vítima, simplesmente em 7 razão da probabilidade. Esse fenômeno, conhecido como “diluição”, é observado em várias espécies. Por exemplo, cavalos semilivres na França são frequentemente alvo de mutucas durante os meses de verão. Estudos mostraram que os cavalos que viviam em grupos maiores eram menos frequentemente atacados por mutucas do que aqueles que viviam em grupos menores (Almansa, 1994). Por exemplo, os avestruzes, vivendo em grupos, diluem o impacto de um ataque bem-sucedido por leões, pois há uma boa chance de outro indivíduo ser a vítima. Além disso, os predadores raramente atacam um indivíduo em um grupo fechado; sua estratégia mais comum é investir contra o grupo para dispersá-lo e, então, escolher um animal isolado (Manning, 1977). Diversas espécies de peixes, aves e primatas também promovem um efeito de confusão aos seus predadores, movendo-se rapidamente e ajustando- se em formações que dificultam a captura de um indivíduo do grupo (Deag, 1981; Krebs; Davies, 1996). A vida em grupos também proporciona um maior sucesso reprodutivo (Carranza, 1994). Observando as aves marinhas que nidificam em colônias rochosas, percebe-se uma sincronização na postura e eclosão dos ovos. Os predadores, que podem capturar apenas um número limitado de presas por dia, são “sobrecarregados” pela súbita e breve abundância de ovos e filhotes, reduzindo a probabilidade de um ninho ser atacado (Manning, 1977). Além disso, viver em grupos também otimiza a busca por alimentos, como observado em hienas, leões e lobos (Deag, 1981). Um lobo sozinho não conseguiria abater um alce ou procurar alimento suficiente regularmente. Para sobreviver, os lobos precisam atuar em conjunto, o que requer divisão de tarefas, entendimento e organização (Thews, 1977). TEMA 3 – COMPORTAMENTO REPRODUTIVO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS O comportamento reprodutivo característico de fêmeas e machos deve- se, por um lado, ao ambiente endócrino do organismo e, por outro, à influência da aprendizagem ao longo da vida. Esse comportamento é indispensável para alcançar a cópula em um momento apropriado, a fim de garantir a fertilização que culmina na gestação. Conhecer as características do comportamento reprodutivo das diferentes espécies domésticas é de grande utilidade para determinar o momento ideal de serviço nas fêmeas, bem como para avaliar a 8 capacidade reprodutiva dos machos; também serve para detectar alterações que modificam o comportamento sexual normal. No caso das fêmeas, o comportamento sexual distintivo está limitado ao estágio do ciclo estral conhecido como “estro”, enquanto, nos machos, a atividade reprodutiva pode ocorrer a qualquer momento. Nas espécies sazonais, o comportamento sexual é suprimido ou diminuído, respectivamente, durante as épocas de anestro. Existem espécies em que certas mudanças observáveis no comportamento ou na genitália são suficientes para identificar as fêmeas no cio. Outras espécies, no entanto, requerem necessariamente a presença do macho para expressar seu comportamento estral, sendo possível estabelecer o momento em que a fêmea está em estro somente quando ele estiver presente. Em determinadas propriedades, o macho reprodutor é utilizado apenas para cobrir as fêmeas em cio; o trabalho de detecção das fêmeas, que pode ser desgastante para o reprodutor, é realizado por outro macho, conhecido como rufião. Esse animal não cobre as fêmeas, mas é utilizado apenas para a observação de fêmeas aptas à monta. O comportamento sexual feminino tem três finalidades principais: atrair o macho (atração) por meio de sinais e da busca ativa; estimular o macho para realizar a cópula (proceptividade), exibindo-se para ele; facilitar a cópula (receptividade) ao permanecer imóvel, realizando a lordose e lateralização da cauda. Na lordose, a fêmea arqueia as costas para baixo, levantando a cauda e inclinando-a, ao mesmo tempo que levanta os lábios vulvares para promover a cópula. Essa descrição é típica dos ruminantes, da cadela e da gata. Créditos: Peredniankina/Shutterstock; Natalia Kokhanova/Shutterstock. Na égua, ao contrário, a posição anterior à cópula envolve curvar a coluna para cima (cifose) e abaixar a garupa ou inclinar a pelve. 9Crédito: miquelito/Shutterstock. Os machos também apresentam três estágios comportamentais. Na primeira fase, eles procuram ativamente as fêmeas, realizam atividades de cortejo, se aproximam delas e se estimulam sexualmente (fase pré-copulatória). Assim que detectam uma fêmea no cio, realizam a monta, que inclui movimentos pélvicos, penetração e ejaculação (fase copulatória). No final, exibem um estágio de descanso e desinteresse pela fêmea no cio, conhecido como estágio pós- copulador ou refratário. A estimulação sexual é um componente essencial para que o comportamento sexual ocorra. Como parte desse estímulo, machos e fêmeas de algumas espécies secretam substâncias voláteis conhecidas como “feromônios fora do corpo”, que exercem sua ação sobre outros indivíduos da mesma espécie. Essas substâncias são detectadas pelo órgão vomeronasal, também conhecido como “órgão de Jacobson”, localizado no osso vômer, entre o nariz e o céu da boca, com dois dutos nasopalatinos cujas aberturas estão localizadas atrás do lábio superior. A superfície desses dutos e do órgão é recoberta por um epitélio com neurônios bipolares sensoriais que captam feromônios e enviam informações, por meio de um estímulo nervoso, ao bulbo olfatório acessório e ao hipotálamo. Para facilitar a entrada de feromônios no órgão vomeronasal, os ruminantes machos e equinos, bem como algumas fêmeas, realizam o reflexo de Flehmen, que consiste em um movimento facial em que o lábio superior é levantado para expor a abertura dos dutos nasopalatinos. 10 Créditos: Rafael Goes/Shutterstock; Just Today/Shutterstock. Foi determinado que as fêmeas produzem feromônios que são secretados na urina, bem como no muco cervical e vaginal, com o objetivo de atrair o macho e promover sua atividade sexual, um estímulo conhecido como “efeito feminino indireto”. Esses feromônios também podem estimular outras fêmeas; na verdade, foi observado que as fêmeas que estão juntas sincronizam a apresentação de seu estro e podem até iniciar a estação reprodutiva ao mesmo tempo. Esse fenômeno é conhecido como “efeito feminino-feminino” ou “efeito feminino direto”. Os machos sexualmente ativos também emitem feromônios, que podem ser detectados na urina, na secreção de algumas glândulas sebáceas, nas glândulas anteorbitais dos carneiros e, no caso dos porcos, na saliva. Essas emissões são dependentes de andrógenos, de modo que os machos castrados não conseguem produzi-las. Esses feromônios, juntamente com as vocalizações e o comportamento do macho, exercem um efeito bioestimulante eficiente conhecido como “efeito macho”, uma alternativa ecológica e econômica para a manipulação do ciclo estral de fêmeas domésticas. O efeito macho tem sido utilizado com sucesso para esse fim em ovinos, caprinos, suínos e, em menor medida, em bovinos. O comportamento homossexual em fêmeas foi extensivamente estudado em bovinos, sendo um dos sinais mais evidentes e importantes da manifestação 11 do estro. Esse comportamento ocorre em cerca de 70% dos animais e sua expressão é fortemente influenciada pela hierarquia social do rebanho. Crédito: TFoxFoto/Shutterstock. Deve-se considerar que os animais em estro precisam interagir entre si para expressar esse comportamento, sendo observada maior atividade quando há cerca de 20 fêmeas em estro. As montas entre fêmeas ocorrem com maior frequência à noite, com cerca de 70% das montas acontecendo entre sete da noite e sete da manhã. Isso ocorre porque, durante essas horas, os animais não são submetidos a manejos rotineiros, como ordenha, alimentação ou limpeza das instalações. Além disso, acredita-se que os animais preferem montar nos períodos mais frescos do dia, especialmente em criações tropicais. Em bovinos de corte, sugere-se que tanto a fêmea que monta quanto a que é montada estejam em cio, ao contrário do gado bovino leiteiro, para os quais se considera que o animal que monta está perto do cio, enquanto o que é montado está em cio. Crédito: Saad315/Shutterstock. 12 No caso das cadelas, é importante considerar que o comportamento homossexual está relacionado à hierarquia e dominância, e não à manifestação do comportamento estral. Além disso, algumas fêmeas muito dominantes não se posicionam passivamente diante do macho nem permitem que ele as monte, mesmo quando estão no cio. Em éguas, uma característica do cio é o espelhamento, que envolve a abertura e o fechamento rítmico dos lábios vulvares, frequentemente acompanhado pela eversão do clitóris. Essa eversão ocorre normalmente durante a micção, mas no cio a égua a realiza na presença do macho, mesmo sem estar urinando. Quando uma fêmea está no cio diante de um macho, ela exibe um comportamento receptivo, sendo passiva e imóvel durante a monta, que é considerado o sinal claro do estro em todas as espécies. Quadro 1 – Comportamentos característicos durante o estro (cio) em diferentes espécies domésticas ESPÉCIE CONDUTA BOVINO Monta entre fêmeas (conduta homossexual). Batidas antes da monta. Aumento nas vocalizações. OVINO Movimentação da cauda. Pode haver conduta homossexual. Cabeça para trás em busca do macho. CAPRINO Movimento característico da cauda. Pode haver conduta homossexual. Cabeça para trás em busca do macho. SUÍNO Grunhido característico (grunhido de estro). Falsas lutas. Pode haver pequena conduta homossexual. Orelhas eretas e projetadas para trás. EQUINO Diminuição da agressividade com o macho. Sem conduta homossexual. Mostra a área genital ante o macho e everte o clitóris. Espelhamento: contrações rítmicas dos lábios vulvares. CANINO Reflexos contráteis na vulva e levantamento da cauda, inclinando-se para o lado, na presença do macho. Lambidas frequentes da região vulvar. FELINO Inquietação. Miados característicos. Esfrega-se contra os objetos. Fonte: elaborado com base em Silva, 2021. O comportamento sexual do macho desempenha um papel crucial, uma vez que se estima que um macho dominante pode ser responsável por até 80% dos nascimentos em um rebanho. Um aspecto relevante é a libido, que se refere à disposição e ao entusiasmo do macho para montar e acasalar com uma fêmea. Nas espécies estudadas, as montas sem penetração e ejaculação durante a fase de cortejo, conhecidas como “montas falsas”, são fundamentais para estimular o desejo sexual e melhorar a quantidade e qualidade do sêmen que será posteriormente ejaculado durante a cópula. No caso dos touros, é observado 13 que, em média, eles montam a fêmea seis vezes antes de realizar a primeira cópula (Silva, 2021). Quadro 2 – Comportamentos característicos durante o cortejo e a cópula em machos das diferentes espécies domésticas ESPÉCIE CONDUTA PRÉ-CÓPULA CONDUTA COPULATÓRIA BOVINO Reflexo de Flehmen; cheira e lambe a vulva; inquietude; esfrega o pescoço ou o focinho na fêmea; tentativa de montas. Salto ou golpe do rim; ejaculação precoce: 1 a 3 segundos pós- penetração. OVINO Reflexo de Flehmen; empurram e monta a fêmea; vocalizações; tentativa de montas; inquietude; mantém-se com os membros anteriores à garupa da fêmea. Salto ou golpe do rim; ejaculação precoce: 1 a 2 segundos pós- penetração. CAPRINO Cheira a urina da fêmea e realiza o reflexo de Flehmen; urina a barba e o peito; apalpa o chão em volta da fêmea; vocalizações; língua dentro e fora da boca; cheira e bate na área genital; se sustenta com os membros anteriores à garupa da fêmea. Salto ou golpe do rim; ejaculação precoce: 1 a 2 segundos pós- penetração. SUÍNO Cheira a região genital e dos flancos; tentativas de montas; contato nasonasal ou nasogenital; vocalizações; range os dentes e move as mandíbulas lateralmente; salivação e micção frequente; morde suavemente as orelhas e a cabeça da fêmea. Ereção depois da monta; contrações testicularesmuito aparentes durante a ejaculação; ejaculação lenta: 5 a 20 minutos pós-penetração. EQUINO Vocalizações; reflexo de Flehmen; morde o pescoço da fêmea. Sinalização; movimento lateral da cauda durante a ejaculação; movimentos de fricção; ejaculação média: 20 a 60 segundos pós- penetração. CANINO Tentativas de montas; reprodução. O macho se vira e fica abotoado durante a ejaculação; ejaculação lenta: 10 a 30 minutos, mas pode chegas até 50 pós-penetração. FELINO Morde o pescoço da fêmea. A fêmea realiza o “ronco pós-coito” quando o macho desmonta. Fonte: elaborado com base em Silva, 2021. Os machos geralmente são capazes de realizar mais de uma cópula por dia antes de atingir a saciedade sexual. O número de cópulas varia entre espécies e indivíduos, portanto, suínos e equinos realizam em média três montas, enquanto pequenos ruminantes realizam 10, e bovinos, até 20. Uma vez 14 saciado, o macho pode parar de montar por um ou mais dias, mesmo que haja estímulo suficiente para induzir o comportamento sexual. TEMA 4 – COMPORTAMENTO ALIMENTAR DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS A domesticação é uma das maiores conquistas da humanidade. No contexto histórico da domesticação, as reações emocionais dos animais em relação aos humanos, como a tendência de fuga ou agressão, provavelmente desempenharam um papel importante na definição das espécies escolhidas para serem domesticadas. De acordo com Oliveira et al. (2011), diversas definições para domesticação podem ser encontradas na literatura. “Doméstico” tem sua origem do latim domus, que significa “casa”. Os animais domésticos são os que estão sob o domínio do ser humano, não individualmente, ao longo das gerações. Trata-se de um processo de adaptação de uma população selvagem às condições de cativeiro, acompanhado por mudanças genéticas geração a geração (Price, 1984). Hemmer (1990) aponta que a domesticação pode se referir ao convívio de um animal em casa sob o domínio humano, ou à sua criação e reprodução em cativeiro, com uma natureza mansa para utilidade ou serviço. As ovelhas e as cabras foram os primeiros animais de produção a serem domesticados, principalmente no Oriente Médio e na Ásia, cerca de 10.000 anos atrás. A domesticação de bovinos começou aproximadamente entre 8.000 e 10.000 anos atrás, como consequência da busca humana por alimento proteico (Simm et al., 1996). Já a domesticação dos suínos começou no Sudoeste da Ásia, na região da China, aproximadamente 9.000 anos atrás. O burro foi domesticado mais tarde, cerca de 6.000 anos atrás, no noroeste da África (Bruford; Bradley; Luikart, 2003). O cavalo foi domesticado na Ásia Central há cerca de 5.000 anos, e os búfalos foram domesticados há cerca de 4.000 anos no sudeste da Ásia, também na China. Existem poucas evidências de que a domesticação resultou na perda de comportamentos do repertório das espécies, mas há indícios de que novos comportamentos foram adicionados a esses animais de produção, por exemplo. Isso é muito importante, pois indica que as espécies domesticadas são capazes de se comportar de maneira semelhante às selvagens (Oliveira et al., 2011). 15 Segundo Fox (1968), os principais fatores que influenciaram diretamente o comportamento e os mecanismos inatos do processo de domesticação foram: a substituição do ambiente natural por um ambiente artificial ou similar ao natural, como as condições de cativeiro; e a seleção genética. De acordo com Price (1984; 1999), os mecanismos seletivos atuantes nesse processo de domesticação incluem: seleção artificial, exercida intencionalmente ou não pelo domesticador (por exemplo, a escolha para reprodução dos animais mais dóceis); diminuição da pressão seletiva presente no ambiente natural (embora reduzida, essa pressão pode ainda atuar em determinados comportamentos, como o comportamento reprodutivo); e endocruzamentos e restrição de trocas gênicas entre populações, que favorecem uma ou poucas características, diminuindo a variabilidade gênica da população. Os efeitos da domesticação têm sido avaliados por meio de comparações em estudos transversais e longitudinais de espécies domesticadas e selvagens em condições padronizadas. As diferenças encontradas podem ser de caráter morfológico – como mudanças no tamanho do corpo, no padrão de crescimento e na diminuição do intestino (Diamond, 2002; Haber; Dayan, 2004) –, comportamental – como a redução da sensação de medo e o aumento da sociabilidade (Price, 1999) – e fisiológico – como as respostas endócrinas no ciclo reprodutivo e a maturidade sexual precoce (Setchell, 1992; Jensen, 2006). Na natureza, os animais dedicam uma grande parte do seu tempo e energia à busca por comida e água. Portanto, o comportamento alimentar apresenta um alto custo energético, levando ao desenvolvimento de estratégias otimizadas para a busca por alimento em condições selvagens. Nos animais domésticos, esses custos foram reduzidos (Gustafsson et al., 1999; Andersen, 2006). Conforme apontam Mignon-Grasteau et al., (2005), a maioria dos animais em cativeiro depende dos humanos para fornecer uma dieta adequada, que frequentemente é uniforme e sazonal. Em cativeiro, comida e água são frequentemente fornecidas em um único local e em quantidades suficientes, reduzindo significativamente o tempo e a energia necessários para a alimentação comparado aos animais selvagens. A alteração no comportamento alimentar de equinos ao longo do tempo, especialmente em contextos de confinamento, é notável. Em seu estado 16 selvagem, os equinos tradicionalmente ingeriam uma dieta rica em fibras, proveniente de uma variedade de capins e forragem. Esse tipo de alimentação era adequado para o sistema digestivo desses animais, que é adaptado para processar grandes quantidades de fibra ao longo do dia enquanto pasteja, caminha e ingere água (Harris et al., 2017). Crédito: Elizabeth A.Cummings/Shutterstock. No entanto, com a domesticação e a criação em confinamento (estábulos, baias ou cocheiras), houve uma mudança significativa em sua dieta. Atualmente, é comum que os equinos estabulados recebam uma quantidade substancial de grãos e outros alimentos concentrados, que tem menor teor de fibras e maior densidade energética. Essa mudança alimentar foi inicialmente motivada pela necessidade de suprir as demandas energéticas de equinos usados para atividades intensivas, como esportes e trabalho (Frape, 2010). Crédito: JackF/Adobe Stock. https://stock.adobe.com/br/contributor/200412305/jackf?load_type=author&prev_url=detail 17 Essa alteração na dieta tem implicações profundas no comportamento, no sistema digestivo e no metabolismo dos equinos. Com a inclusão de grandes quantidades de grãos na alimentação, há uma tendência ao desenvolvimento de comportamentos anormais, como a coprofagia e a ingestão de materiais não alimentares, como a própria maravalha, que serve de “cama” na cocheira. Além disso, a falta de fibras e o aumento de carboidratos facilmente fermentáveis podem levar a distúrbios digestivos, como cólicas, úlceras gástricas e acidose (Meyer; Coenen, 2002). Metabolicamente, a alta ingestão de grãos pode predispor os equinos a problemas como laminite e síndrome metabólica equina, condições que estão associadas ao excesso de carboidratos na dieta (Geor; Harris; Coenen, 2013). TEMA 5 – COMPORTAMENTO DE ANIMAIS DE PRODUÇÃO Segundo as ideias apresentadas por Paranhos da Costa (2002), os avanços nas áreas de genética, nutrição e manejo animal têm impulsionado a pecuária, transformando-a na atual indústria da produção animal. Isso resulta na obtenção de animais prontos para abate em períodos de criação cada vez mais curtos e em larga escala. Embora os ganhos econômicos e sociais sejam notáveis, é importante destacar os impactos negativos no comportamento e bem-estar dos animaisde produção, especialmente aqueles mantidos em sistemas intensivos. Ao agrupar animais, é importante tomar decisões precisas sobre alojamento, densidade populacional e comportamento social. A gestão inadequada e o desconhecimento do comportamento das espécies podem levar a problemas como brigas, ferimentos, medo extremo, falha reprodutiva, baixa conversão alimentar, redução do valor da carcaça ou aumento da mortalidade, dependendo das circunstâncias (Broom, 2010). Pinheiro e Brito (2009) explicam que, durante o processo de adaptação ao ambiente, um animal pode enfrentar três cenários distintos. Primeiramente, a adaptação pode ser impossível, resultando em morte ou doença, o que indica falta de bem-estar. Em segundo lugar, a adaptação pode ser possível, mas com alto custo biológico para o animal, ou seja, estresse. Por fim, um animal pode estar em um ambiente no qual a adaptação é fácil e possível, garantindo um bem-estar satisfatório. 18 Independentemente da espécie envolvida na produção de proteína animal, a criação sempre envolve algum tipo de mudança ambiental que pode gerar medo, dor ou estresse nos animais. Suínos são também confinados durante mais de cem dias em espaços nos quais têm seu comportamento natural de espécie (chafurdação) inibido, o que os leva a desenvolver, por exemplo, estereotipias. Já as fêmeas, utilizadas na produção de leitegadas, são enjauladas em espaços mínimos, nos quais somente conseguem levantar-se e deitar-se. Crédito: Gabriela Bertolini /Shutterstock. Aves de corte que apresentam elevado ganho genético (terminação em 40 dias) e de postura também têm um espaço reduzido como ambiente de produção, desenvolvendo patologias (calo de peito, artroses) que afetam seu grau de bem-estar e ficam impedidas de exercer comportamento natural de espécie como ciscar, espojar, banhar, empoleirar etc. Bovinos de corte podem ser submetidos ao confinamento com redução de seu espaço para caminhar e deitar-se para ruminar adequadamente. Bovinos machos de grupos diferentes podem sofrer sodomia de outros machos dominantes, o que pode levar a acidentes e exclusão social, impedindo o indivíduo sodomizado de chegar ao cocho para se alimentar, conforme já sinalizado anteriormente. Estudos de Pedrazzani et al. (2007) indicam que peixes, assim como outros vertebrados, podem experimentar sentimentos como dor e medo. Portanto, considerações éticas sobre evitar o sofrimento devem incluir esses animais. 19 Na pecuária leiteira, a necessidade de conforto térmico, água de qualidade e sombreamento para fêmeas de alta produção é reconhecida. Contudo, o estresse térmico é uma preocupação em climas tropicais, sendo essencial adotar medidas para minimizar seus efeitos, como sombra, aspersores e mudanças na dieta (Cruz et al., 2011). A produção de bovinos de corte criados a pasto se aproxima das condições naturais, mas os contatos aversivos com humanos durante procedimentos de manejo podem gerar medo nos animais, prejudicando seu bem-estar (Quintiliano; Paranhos da Costa, 2006). Estudos, como o de Hemsworth et al. (1986), indicam que o relacionamento entre manejadores e animais influencia as respostas comportamentais e fisiológicas dos animais, ressaltando a importância de práticas de manejo positivas. FINALIZANDO O comportamento animal é um campo multidisciplinar que abrange a forma como os animais interagem com o ambiente e outros seres vivos, incluindo humanos. O estudo do comportamento animal, ou etologia, investiga os padrões naturais de ação dos animais e como esses comportamentos são adaptativos. Bem-estar animal, por sua vez, refere-se ao estado de saúde física e mental dos animais, garantindo que suas necessidades básicas sejam atendidas. Isso inclui acesso a alimento, água, abrigo, espaço adequado e a possibilidade de expressar comportamentos naturais. A avaliação do bem-estar animal considera aspectos como a ausência de dor, fome, sede, desconforto, medo e estresse, além da promoção de um ambiente que possibilite comportamentos naturais. O comportamento social dos animais domésticos é mandatório para sua adaptação e sobrevivência. Animais como cães, gatos, cavalos e bovinos exibem comportamentos sociais complexos, que incluem hierarquias de dominância, cooperação e interações afiliativas. Já o comportamento reprodutivo dos animais domésticos é fundamental para a perpetuação das espécies e para a produção animal. Esse comportamento inclui a fisiologia reprodutiva, o acasalamento, a gestação e o cuidado parental. O comportamento alimentar dos animais domésticos varia amplamente entre as espécies e é influenciado por fatores como genética, ambiente e estado de saúde. Animais de produção, como bovinos e suínos, têm padrões 20 alimentares que refletem suas necessidades nutricionais e as práticas de manejo. Por fim, o comportamento de animais de produção é uma área de estudo imprescindível para maximizar a eficiência produtiva e garantir o bem-estar. Animais de produção, como bovinos, suínos e aves, são frequentemente mantidos em ambientes controlados nos quais seu comportamento natural pode ser limitado. Compreender os padrões comportamentais desses animais possibilita aprimorar as condições de manejo e reduzir o estresse. 21 REFERÊNCIAS ALMANSA, J. C. (Coord.) Etología: introducción a la ciencia del comportamiento. Madrid: Universidad de Extremadura, 1994. ANDERSEN, I. L. Feed intake and social interactions in dairy goats: The effects of feeding space and type of roughage. Applied Animal Behaviour Science, v. 107, p. 239-251, 2006. BRAMBELL, F. W. R. Report of the Technical Committee of Enquiry into the Welfare of Livestock Kept under Intensive Conditions. London: HMSO, 1965. BROOM, D. M. Comportamento e bem-estar dos animais domésticos. 4. ed. Reino Unido: Cambridge University Press, 2010. BRUFORD, M. W.; BRADLEY, D. G.; LUIKART, G. DNA markers reveal the complexity of livestock domestication. Nature Reviews Genetics, v. 4, p. 900- 910, 2003. CRUZ, L. V. et al. Efeitos do estresse térmico na produção leiteira: revisão de literatura. 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