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Aula 1 Bem estar animal

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Maria Eloisa

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COMPORTAMENTO E BEM-
ESTAR ANIMAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Marivaldo da Silva Oliveira 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A discussão sobre a relação entre seres humanos e animais está em 
constante crescimento e tem se tornado imprescindível. Quanto à importância 
no entendimento do comportamento animal, os desafios enfrentados pelos 
profissionais da área são significativos, pois a saúde dos animais não humanos 
está diretamente ligada ao seu nível de bem-estar. 
Nesta abordagem, pretendemos, em um primeiro momento, explorar os 
conceitos introdutórios do comportamento e do bem-estar animal, com uma 
atenção especial para as peculiaridades das espécies domesticadas e a 
legislação relacionada aos direitos dos animais. Além disso, pretendemos 
abordar a legislação e a bioética que permeiam a interação entre humanos e 
animais, abrangendo, por consequência, os animais de produção. 
Como profissionais ligados ao setor da pecuária, o qual, em suma, trata 
da criação animal, é crucial estarmos atentos a manobras, procedimentos e 
protocolos destinados a aprimorar o bem-estar dos animais. Essa abordagem é 
essencial para determinar se o comportamento e as necessidades intrínsecas 
de cada espécie estão sendo adequadamente respeitados. 
TEMA 1 – CONCEITOS SOBRE COMPORTAMENTO E BEM-ESTAR ANIMAL 
A interação entre humanos e animais remonta às épocas mais antigas 
registradas. Com a evolução da sociedade e a crescente necessidade de os 
seres humanos utilizarem animais para alimentação e trabalho, os estudos sobre 
comportamento animal ganharam cada vez mais destaque. 
Segundo a explicação de Paranhos da Costa (2002), o conceito de 
comportamento, que anteriormente abrangia qualquer movimento executado 
pelos animais, inclusive aqueles que levavam à imobilidade absoluta, passou por 
uma ampliação. Houve o reconhecimento de diversas manifestações 
apresentadas pelos animais que não se caracterizavam como movimentos, por 
exemplo, mudanças de cores, produção de odores e emissão de sons. Dessa 
forma, o comportamento passou a ser definido como qualquer resposta muscular 
ou secretória observada por meio de mudanças no ambiente interno e externo 
dos animais. 
A ciência da Etologia, derivada das palavras gregas ethos (“hábito”) e 
logia (“estudo”), fundamenta-se no estudo do comportamento animal. De acordo 
 
 
3 
com Hoehne, Prestes e Pilonetto (2017), a etologia tem sido uma área de 
interesse humano ao longo do tempo, motivada por diversos interesses, como 
caça, pesca, proteção, domesticação para auxílio no transporte, trabalho e 
companhia. 
O conhecimento adquirido ao longo do tempo sobre o comportamento de 
diversas espécies é exemplificado pelo fato de um pescador saber quando, onde 
e que tipo de isca usar para capturar uma espécie específica de peixe (Del-Claro; 
Prezoto, 2003). Da mesma forma, a habilidade de um caçador em compreender 
que animais predadores se afastam da presença de fogo ao redor do 
acampamento é mais uma demonstração de como os seres humanos, por meio 
da observação, estudaram e adquiriram conhecimento sobre o comportamento 
animal ao longo do tempo. 
Embora o termo “comportamento animal” tenha sido cunhado por 
Níkolaas Tinbergen, em 1950, os estudos sobre o assunto remontam a cerca de 
1750 na Academia Francesa de Ciências, como destaca Del-Claro (2004). Dois 
notáveis naturalistas, Konrad Lorenz e Karl Von Frish, foram reconhecidos com 
o Prêmio Nobel em 1973, sendo considerados os fundadores da Etologia. Broom 
(2010) observa que, nas últimas quatro décadas, houve avanços na precisão da 
descrição do comportamento animal e na compreensão de sua organização em 
relação aos aspectos fisiológicos e processos evolutivos. 
O aumento da demanda global por alimentos impulsionou o crescimento 
e a otimização da criação de animais para a produção de proteína. Esse 
desenvolvimento, tanto do ponto de vista genético quanto da atenção ao 
comportamento dos animais, influencia diretamente a qualidade e quantidade 
dos produtos, além de impactar a aceitação ou rejeição por parte dos 
consumidores. Conforme Broom (2010) destaca, o comportamento pode servir 
como indicador de bem-estar ou mal-estar em qualquer animal, sendo aplicável 
não somente aos animais de produção, mas também aos animais domésticos. 
 
Crédito: Aleksandar Malivuk/Shutterstock. 
 
 
4 
O estudo do comportamento animal, ou etologia, é um conhecimento 
acumulado ao longo do tempo por meio de observações e pesquisas sobre o 
comportamento de diferentes espécies, sua evolução e adaptação. Del-Claro 
(2004) define o estudo do comportamento animal como um exercício da 
curiosidade humana na busca pela compreensão da própria natureza animal. 
Em contrapartida, a ciência do bem-estar animal identifica, classifica e 
trata de fatores que interferem no comportamento normal das espécies. Segundo 
Broom (2010), os animais precisam enfrentar um ambiente complexo que inclui 
condições físicas, influências sociais e a presença de predadores, parasitas ou 
patógenos. O grau de bem-estar de um animal está intrinsecamente ligado ao 
tipo de vida que leva, sua alimentação, sanidade e sociabilidade em 
conformidade com os padrões de sua espécie, refletindo assim sua capacidade 
de exercer seu comportamento em todas as suas facetas e seu estado de 
adaptação ao ambiente. 
O foco principal da ciência do bem-estar animal é a adaptação dos 
animais às condições impostas pela intensificação e industrialização da 
produção. Embora o sistema como um todo não seja questionado, reformas 
pontuais são frequentes e estimulam um crescente envolvimento de 
pesquisadores no assunto (Froehlich, 2017). 
A ciência do bem-estar animal existe há aproximadamente cinco décadas 
e é caracterizada por sua natureza multidisciplinar, pois envolve cientistas de 
áreas como etologia, zoologia, veterinária e zootecnia (Molento, 2007). As 
pesquisas variam em ênfase conforme o campo de atuação dos pesquisadores, 
abordando temas como a teoria da evolução, a biologia do estresse, o estado 
afetivo e a saúde dos animais (Fraser, 2012). 
O conceito de bem-estar animal empregado nas normas relacionadas aos 
animais de produção remonta à publicação do relatório do Comitê Brambell em 
1965, na Inglaterra. Esse comitê foi criado pelo governo inglês para avaliar as 
condições de vida dos animais em sistemas intensivos. O relatório concluiu que, 
embora grande parte do sofrimento dos animais seja inerente a esses sistemas, 
que restringem o espaço de locomoção e a capacidade de expressão dos 
comportamentos “naturais”, seria possível melhorar suas condições de vida 
(Froehlich, 2017). 
No mínimo, os animais deveriam ter a liberdade de levantar-se, deitar-se, 
girar, limpar-se e esticar seus membros (Brambell, 1965). Esses princípios 
 
 
5 
lançaram as bases de uma agenda científica que deu origem à Ciência do Bem-
Estar Animal, cujos preceitos se tornaram a base das práticas a serem 
implementadas em fazendas e abatedouros. 
TEMA 2 – COMPORTAMENTO SOCIAL DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
Quase todos os animais exibem algum tipo de comportamento social. Até 
mesmo as espécies bissexuais mais solitárias precisam encontrar um parceiro 
para se reproduzir, enquanto as espécies assexuadas competem de alguma 
forma entre si. A comunicação abrange como os animais gerenciam suas 
relações sociais, não somente com membros de sua própria espécie, mas 
também com aqueles de outras espécies com as quais competem por recursos, 
predadores e presas. Portanto, compreender como e por que os animais se 
comunicam é essencial para entender seu comportamento e relações sociais 
(Volpato; Yamamoto, 2011). 
A ampla diversidade animal resulta em variados estilos de vida entre as 
espécies. Dentro de uma mesma espécie, indivíduos compartilham a 
necessidade dos mesmos recursos ambientais para sobreviver. Considerando 
que o objetivo de todo ser vivoé garantir a perpetuidade da espécie, é essencial 
aprender a conviver harmoniosamente com seus semelhantes em benefício do 
bem comum. Essa compreensão ressalta a influência crucial do ambiente sobre 
as estruturas sociais das espécies (Hoehne; Prestes; Pilonetto, 2017). 
Deag (1981) define comunicação como a transferência de informação de 
um animal para outro, influenciando o comportamento do receptor por meio de 
sinais que evoluíram para esse fim. Francisco et al. (2024) descrevem 
“agonístico” como um termo de origem grega que significa “combate”. A 
comunicação agonística refere-se aos mecanismos de combate, incluindo todas 
as sinalizações e movimentos expressivos suscetíveis de provocar agressões 
entre indivíduos do grupo. Como resultado de um embate entre indivíduos de um 
mesmo grupo, o vencedor da disputa agonística torna-se o dominante, e o 
perdedor, torna-se o dominado/subordinado, estabelecendo uma hierarquia na 
relação. 
Assim, a comunicação agonística é uma importante forma de interação 
social que regula a vida em grupos, reduzindo as agressões físicas e 
possibilitando que as relações entre os diferentes membros do grupo sejam mais 
fluidas (Almansa, 1994). 
 
 
6 
Essas concepções remetem à forma de vida da maioria das espécies, que 
sobrevivem em razão de sua característica gregária. Os bovinos, por causa dos 
seus hábitos gregários e tendência a viver em rebanhos, têm suas características 
comportamentais influenciadas pelos outros membros do grupo. De acordo com 
Fraser e Broom (1997), um bovino pode reconhecer e distinguir entre 50 e 70 
indivíduos diferentes, possivelmente com base em características fenotípicas e 
comportamentais. 
Conforme apontam Fernandes et al., (2017), dentro do comportamento 
social dos bovinos, podemos destacar como primordiais as suas características 
relacionadas à afinidade entre indivíduos, sua zona de espaço individual 
(ambiente) e estrutura hierárquica do grupo. É evidente que algumas 
características da organização social são impostas pelo ambiente, como o 
próprio tamanho do grupo em que os animais vivem (Manning, 1977), o que 
implica compartilhar espaço, alimento e outros recursos e pode acarretar 
conflitos de interesse. 
Em um confinamento de gado bovino de corte, por exemplo, se houver a 
formação de grupos de bovinos machos em que exista disparidade em tamanho, 
diferença de idade dos indivíduos e/ou grupos muito grandes, os animais mais 
velhos e de maior tamanho promoverão a sodomização dos machos menores e 
mais novos, o que resulta no bem-estar diminuído tanto pelos danos causados 
pela monta quanto pelos fato de animais sodomizados não conseguirem normal 
acesso ao alimento e à água como os demais. 
Uma das principais vantagens de viver em grupos sociais é a proteção 
contra predadores, já que para muitos destes, o sucesso do ataque depende da 
surpresa, pois se a presa é alertada precocemente, as chances de sucesso do 
predador diminuem (Krebs; Davies, 1996). Em um grupo, a probabilidade de 
detectar a aproximação de um predador é maior, pois, quanto mais olhos, melhor 
(Almansa, 1994). Assim, a taxa de vigilância é aumentada em comparação com 
indivíduos solitários. Por exemplo, quando um grupo de aves está se 
alimentando e um predador se aproxima, a primeira ave que o avista emite um 
alerta sonoro e o grupo imediatamente decola. Em contrapartida, um animal 
solitário precisa dividir seu tempo entre se alimentar e vigiar, o que resulta em 
menos tempo disponível para a primeira ação. 
Outra vantagem de viver em grupo é que, em caso de ataque por um 
predador, o indivíduo reduz as chances de se tornar vítima, simplesmente em 
 
 
7 
razão da probabilidade. Esse fenômeno, conhecido como “diluição”, é observado 
em várias espécies. Por exemplo, cavalos semilivres na França são 
frequentemente alvo de mutucas durante os meses de verão. Estudos 
mostraram que os cavalos que viviam em grupos maiores eram menos 
frequentemente atacados por mutucas do que aqueles que viviam em grupos 
menores (Almansa, 1994). 
Por exemplo, os avestruzes, vivendo em grupos, diluem o impacto de um 
ataque bem-sucedido por leões, pois há uma boa chance de outro indivíduo ser 
a vítima. Além disso, os predadores raramente atacam um indivíduo em um 
grupo fechado; sua estratégia mais comum é investir contra o grupo para 
dispersá-lo e, então, escolher um animal isolado (Manning, 1977). 
Diversas espécies de peixes, aves e primatas também promovem um 
efeito de confusão aos seus predadores, movendo-se rapidamente e ajustando-
se em formações que dificultam a captura de um indivíduo do grupo (Deag, 1981; 
Krebs; Davies, 1996). A vida em grupos também proporciona um maior sucesso 
reprodutivo (Carranza, 1994). Observando as aves marinhas que nidificam em 
colônias rochosas, percebe-se uma sincronização na postura e eclosão dos 
ovos. Os predadores, que podem capturar apenas um número limitado de presas 
por dia, são “sobrecarregados” pela súbita e breve abundância de ovos e filhotes, 
reduzindo a probabilidade de um ninho ser atacado (Manning, 1977). 
Além disso, viver em grupos também otimiza a busca por alimentos, como 
observado em hienas, leões e lobos (Deag, 1981). Um lobo sozinho não 
conseguiria abater um alce ou procurar alimento suficiente regularmente. Para 
sobreviver, os lobos precisam atuar em conjunto, o que requer divisão de tarefas, 
entendimento e organização (Thews, 1977). 
TEMA 3 – COMPORTAMENTO REPRODUTIVO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
O comportamento reprodutivo característico de fêmeas e machos deve-
se, por um lado, ao ambiente endócrino do organismo e, por outro, à influência 
da aprendizagem ao longo da vida. Esse comportamento é indispensável para 
alcançar a cópula em um momento apropriado, a fim de garantir a fertilização 
que culmina na gestação. Conhecer as características do comportamento 
reprodutivo das diferentes espécies domésticas é de grande utilidade para 
determinar o momento ideal de serviço nas fêmeas, bem como para avaliar a 
 
 
8 
capacidade reprodutiva dos machos; também serve para detectar alterações que 
modificam o comportamento sexual normal. 
No caso das fêmeas, o comportamento sexual distintivo está limitado ao 
estágio do ciclo estral conhecido como “estro”, enquanto, nos machos, a 
atividade reprodutiva pode ocorrer a qualquer momento. Nas espécies sazonais, 
o comportamento sexual é suprimido ou diminuído, respectivamente, durante as 
épocas de anestro. 
Existem espécies em que certas mudanças observáveis no 
comportamento ou na genitália são suficientes para identificar as fêmeas no cio. 
Outras espécies, no entanto, requerem necessariamente a presença do macho 
para expressar seu comportamento estral, sendo possível estabelecer o 
momento em que a fêmea está em estro somente quando ele estiver presente. 
Em determinadas propriedades, o macho reprodutor é utilizado apenas 
para cobrir as fêmeas em cio; o trabalho de detecção das fêmeas, que pode ser 
desgastante para o reprodutor, é realizado por outro macho, conhecido como 
rufião. Esse animal não cobre as fêmeas, mas é utilizado apenas para a 
observação de fêmeas aptas à monta. 
O comportamento sexual feminino tem três finalidades principais: atrair o 
macho (atração) por meio de sinais e da busca ativa; estimular o macho para 
realizar a cópula (proceptividade), exibindo-se para ele; facilitar a cópula 
(receptividade) ao permanecer imóvel, realizando a lordose e lateralização da 
cauda. Na lordose, a fêmea arqueia as costas para baixo, levantando a cauda e 
inclinando-a, ao mesmo tempo que levanta os lábios vulvares para promover a 
cópula. Essa descrição é típica dos ruminantes, da cadela e da gata. 
 
Créditos: Peredniankina/Shutterstock; Natalia Kokhanova/Shutterstock. 
 Na égua, ao contrário, a posição anterior à cópula envolve curvar a coluna 
para cima (cifose) e abaixar a garupa ou inclinar a pelve. 
 
 
9Crédito: miquelito/Shutterstock. 
Os machos também apresentam três estágios comportamentais. Na 
primeira fase, eles procuram ativamente as fêmeas, realizam atividades de 
cortejo, se aproximam delas e se estimulam sexualmente (fase pré-copulatória). 
Assim que detectam uma fêmea no cio, realizam a monta, que inclui movimentos 
pélvicos, penetração e ejaculação (fase copulatória). No final, exibem um estágio 
de descanso e desinteresse pela fêmea no cio, conhecido como estágio pós-
copulador ou refratário. 
A estimulação sexual é um componente essencial para que o 
comportamento sexual ocorra. Como parte desse estímulo, machos e fêmeas de 
algumas espécies secretam substâncias voláteis conhecidas como “feromônios 
fora do corpo”, que exercem sua ação sobre outros indivíduos da mesma 
espécie. Essas substâncias são detectadas pelo órgão vomeronasal, também 
conhecido como “órgão de Jacobson”, localizado no osso vômer, entre o nariz e 
o céu da boca, com dois dutos nasopalatinos cujas aberturas estão localizadas 
atrás do lábio superior. A superfície desses dutos e do órgão é recoberta por um 
epitélio com neurônios bipolares sensoriais que captam feromônios e enviam 
informações, por meio de um estímulo nervoso, ao bulbo olfatório acessório e ao 
hipotálamo. Para facilitar a entrada de feromônios no órgão vomeronasal, os 
ruminantes machos e equinos, bem como algumas fêmeas, realizam o reflexo 
de Flehmen, que consiste em um movimento facial em que o lábio superior é 
levantado para expor a abertura dos dutos nasopalatinos. 
 
 
10 
 
 
Créditos: Rafael Goes/Shutterstock; Just Today/Shutterstock. 
Foi determinado que as fêmeas produzem feromônios que são secretados 
na urina, bem como no muco cervical e vaginal, com o objetivo de atrair o macho 
e promover sua atividade sexual, um estímulo conhecido como “efeito feminino 
indireto”. Esses feromônios também podem estimular outras fêmeas; na 
verdade, foi observado que as fêmeas que estão juntas sincronizam a 
apresentação de seu estro e podem até iniciar a estação reprodutiva ao mesmo 
tempo. Esse fenômeno é conhecido como “efeito feminino-feminino” ou “efeito 
feminino direto”. 
Os machos sexualmente ativos também emitem feromônios, que podem 
ser detectados na urina, na secreção de algumas glândulas sebáceas, nas 
glândulas anteorbitais dos carneiros e, no caso dos porcos, na saliva. Essas 
emissões são dependentes de andrógenos, de modo que os machos castrados 
não conseguem produzi-las. Esses feromônios, juntamente com as vocalizações 
e o comportamento do macho, exercem um efeito bioestimulante eficiente 
conhecido como “efeito macho”, uma alternativa ecológica e econômica para a 
manipulação do ciclo estral de fêmeas domésticas. O efeito macho tem sido 
utilizado com sucesso para esse fim em ovinos, caprinos, suínos e, em menor 
medida, em bovinos. 
O comportamento homossexual em fêmeas foi extensivamente estudado 
em bovinos, sendo um dos sinais mais evidentes e importantes da manifestação 
 
 
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do estro. Esse comportamento ocorre em cerca de 70% dos animais e sua 
expressão é fortemente influenciada pela hierarquia social do rebanho. 
 
Crédito: TFoxFoto/Shutterstock. 
Deve-se considerar que os animais em estro precisam interagir entre si 
para expressar esse comportamento, sendo observada maior atividade quando 
há cerca de 20 fêmeas em estro. As montas entre fêmeas ocorrem com maior 
frequência à noite, com cerca de 70% das montas acontecendo entre sete da 
noite e sete da manhã. Isso ocorre porque, durante essas horas, os animais não 
são submetidos a manejos rotineiros, como ordenha, alimentação ou limpeza 
das instalações. 
Além disso, acredita-se que os animais preferem montar nos períodos 
mais frescos do dia, especialmente em criações tropicais. Em bovinos de corte, 
sugere-se que tanto a fêmea que monta quanto a que é montada estejam em 
cio, ao contrário do gado bovino leiteiro, para os quais se considera que o animal 
que monta está perto do cio, enquanto o que é montado está em cio. 
 
Crédito: Saad315/Shutterstock. 
 
 
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No caso das cadelas, é importante considerar que o comportamento 
homossexual está relacionado à hierarquia e dominância, e não à manifestação 
do comportamento estral. Além disso, algumas fêmeas muito dominantes não se 
posicionam passivamente diante do macho nem permitem que ele as monte, 
mesmo quando estão no cio. 
Em éguas, uma característica do cio é o espelhamento, que envolve a 
abertura e o fechamento rítmico dos lábios vulvares, frequentemente 
acompanhado pela eversão do clitóris. Essa eversão ocorre normalmente 
durante a micção, mas no cio a égua a realiza na presença do macho, mesmo 
sem estar urinando. Quando uma fêmea está no cio diante de um macho, ela 
exibe um comportamento receptivo, sendo passiva e imóvel durante a monta, 
que é considerado o sinal claro do estro em todas as espécies. 
Quadro 1 – Comportamentos característicos durante o estro (cio) em diferentes 
espécies domésticas 
ESPÉCIE CONDUTA 
BOVINO 
Monta entre fêmeas (conduta homossexual). Batidas antes da monta. 
Aumento nas vocalizações. 
OVINO 
Movimentação da cauda. Pode haver conduta homossexual. Cabeça para trás 
em busca do macho. 
CAPRINO 
Movimento característico da cauda. Pode haver conduta homossexual. 
Cabeça para trás em busca do macho. 
SUÍNO 
Grunhido característico (grunhido de estro). Falsas lutas. Pode haver 
pequena conduta homossexual. Orelhas eretas e projetadas para trás. 
EQUINO 
Diminuição da agressividade com o macho. Sem conduta homossexual. 
Mostra a área genital ante o macho e everte o clitóris. Espelhamento: 
contrações rítmicas dos lábios vulvares. 
CANINO 
Reflexos contráteis na vulva e levantamento da cauda, inclinando-se 
para o lado, na presença do macho. Lambidas frequentes da região 
vulvar. 
FELINO Inquietação. Miados característicos. Esfrega-se contra os objetos. 
Fonte: elaborado com base em Silva, 2021. 
O comportamento sexual do macho desempenha um papel crucial, uma 
vez que se estima que um macho dominante pode ser responsável por até 80% 
dos nascimentos em um rebanho. Um aspecto relevante é a libido, que se refere 
à disposição e ao entusiasmo do macho para montar e acasalar com uma fêmea. 
Nas espécies estudadas, as montas sem penetração e ejaculação durante a fase 
de cortejo, conhecidas como “montas falsas”, são fundamentais para estimular 
o desejo sexual e melhorar a quantidade e qualidade do sêmen que será 
posteriormente ejaculado durante a cópula. No caso dos touros, é observado 
 
 
13 
que, em média, eles montam a fêmea seis vezes antes de realizar a primeira 
cópula (Silva, 2021). 
Quadro 2 – Comportamentos característicos durante o cortejo e a cópula em 
machos das diferentes espécies domésticas 
ESPÉCIE CONDUTA PRÉ-CÓPULA CONDUTA COPULATÓRIA 
BOVINO 
Reflexo de Flehmen; cheira e lambe 
a vulva; inquietude; esfrega o 
pescoço ou o focinho na fêmea; 
tentativa de montas. 
Salto ou golpe do rim; ejaculação 
precoce: 1 a 3 segundos pós-
penetração. 
OVINO 
Reflexo de Flehmen; empurram e 
monta a fêmea; vocalizações; 
tentativa de montas; inquietude; 
mantém-se com os membros 
anteriores à garupa da fêmea. 
Salto ou golpe do rim; ejaculação 
precoce: 1 a 2 segundos pós-
penetração. 
CAPRINO 
Cheira a urina da fêmea e realiza o 
reflexo de Flehmen; urina a barba e 
o peito; apalpa o chão em volta da 
fêmea; vocalizações; língua dentro 
e fora da boca; cheira e bate na área 
genital; se sustenta com os membros 
anteriores à garupa da fêmea. 
Salto ou golpe do rim; ejaculação 
precoce: 1 a 2 segundos pós-
penetração. 
SUÍNO 
Cheira a região genital e dos 
flancos; tentativas de montas; 
contato nasonasal ou nasogenital; 
vocalizações; range os dentes e 
move as mandíbulas lateralmente; 
salivação e micção frequente; 
morde suavemente as orelhas e a 
cabeça da fêmea. 
Ereção depois da monta; 
contrações testicularesmuito 
aparentes durante a ejaculação; 
ejaculação lenta: 5 a 20 minutos 
pós-penetração. 
EQUINO 
Vocalizações; reflexo de Flehmen; 
morde o pescoço da fêmea. 
Sinalização; movimento lateral da 
cauda durante a ejaculação; 
movimentos de fricção; ejaculação 
média: 20 a 60 segundos pós-
penetração. 
CANINO Tentativas de montas; reprodução. 
O macho se vira e fica abotoado 
durante a ejaculação; ejaculação 
lenta: 10 a 30 minutos, mas pode 
chegas até 50 pós-penetração. 
FELINO Morde o pescoço da fêmea. 
A fêmea realiza o “ronco pós-coito” 
quando o macho desmonta. 
Fonte: elaborado com base em Silva, 2021. 
Os machos geralmente são capazes de realizar mais de uma cópula por 
dia antes de atingir a saciedade sexual. O número de cópulas varia entre 
espécies e indivíduos, portanto, suínos e equinos realizam em média três 
montas, enquanto pequenos ruminantes realizam 10, e bovinos, até 20. Uma vez 
 
 
14 
saciado, o macho pode parar de montar por um ou mais dias, mesmo que haja 
estímulo suficiente para induzir o comportamento sexual. 
TEMA 4 – COMPORTAMENTO ALIMENTAR DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
A domesticação é uma das maiores conquistas da humanidade. No 
contexto histórico da domesticação, as reações emocionais dos animais em 
relação aos humanos, como a tendência de fuga ou agressão, provavelmente 
desempenharam um papel importante na definição das espécies escolhidas para 
serem domesticadas. De acordo com Oliveira et al. (2011), diversas definições 
para domesticação podem ser encontradas na literatura. “Doméstico” tem sua 
origem do latim domus, que significa “casa”. Os animais domésticos são os que 
estão sob o domínio do ser humano, não individualmente, ao longo das 
gerações. 
Trata-se de um processo de adaptação de uma população selvagem às 
condições de cativeiro, acompanhado por mudanças genéticas geração a 
geração (Price, 1984). Hemmer (1990) aponta que a domesticação pode se 
referir ao convívio de um animal em casa sob o domínio humano, ou à sua 
criação e reprodução em cativeiro, com uma natureza mansa para utilidade ou 
serviço. 
As ovelhas e as cabras foram os primeiros animais de produção a serem 
domesticados, principalmente no Oriente Médio e na Ásia, cerca de 10.000 anos 
atrás. A domesticação de bovinos começou aproximadamente entre 8.000 e 
10.000 anos atrás, como consequência da busca humana por alimento proteico 
(Simm et al., 1996). 
Já a domesticação dos suínos começou no Sudoeste da Ásia, na região 
da China, aproximadamente 9.000 anos atrás. O burro foi domesticado mais 
tarde, cerca de 6.000 anos atrás, no noroeste da África (Bruford; Bradley; Luikart, 
2003). O cavalo foi domesticado na Ásia Central há cerca de 5.000 anos, e os 
búfalos foram domesticados há cerca de 4.000 anos no sudeste da Ásia, também 
na China. 
Existem poucas evidências de que a domesticação resultou na perda de 
comportamentos do repertório das espécies, mas há indícios de que novos 
comportamentos foram adicionados a esses animais de produção, por exemplo. 
Isso é muito importante, pois indica que as espécies domesticadas são capazes 
de se comportar de maneira semelhante às selvagens (Oliveira et al., 2011). 
 
 
15 
Segundo Fox (1968), os principais fatores que influenciaram diretamente 
o comportamento e os mecanismos inatos do processo de domesticação foram: 
a substituição do ambiente natural por um ambiente artificial ou similar ao natural, 
como as condições de cativeiro; e a seleção genética. 
De acordo com Price (1984; 1999), os mecanismos seletivos atuantes 
nesse processo de domesticação incluem: seleção artificial, exercida 
intencionalmente ou não pelo domesticador (por exemplo, a escolha para 
reprodução dos animais mais dóceis); diminuição da pressão seletiva presente 
no ambiente natural (embora reduzida, essa pressão pode ainda atuar em 
determinados comportamentos, como o comportamento reprodutivo); e 
endocruzamentos e restrição de trocas gênicas entre populações, que 
favorecem uma ou poucas características, diminuindo a variabilidade gênica da 
população. 
Os efeitos da domesticação têm sido avaliados por meio de comparações 
em estudos transversais e longitudinais de espécies domesticadas e selvagens 
em condições padronizadas. As diferenças encontradas podem ser de caráter 
morfológico – como mudanças no tamanho do corpo, no padrão de crescimento 
e na diminuição do intestino (Diamond, 2002; Haber; Dayan, 2004) –, 
comportamental – como a redução da sensação de medo e o aumento da 
sociabilidade (Price, 1999) – e fisiológico – como as respostas endócrinas no 
ciclo reprodutivo e a maturidade sexual precoce (Setchell, 1992; Jensen, 2006). 
Na natureza, os animais dedicam uma grande parte do seu tempo e 
energia à busca por comida e água. Portanto, o comportamento alimentar 
apresenta um alto custo energético, levando ao desenvolvimento de estratégias 
otimizadas para a busca por alimento em condições selvagens. Nos animais 
domésticos, esses custos foram reduzidos (Gustafsson et al., 1999; Andersen, 
2006). 
Conforme apontam Mignon-Grasteau et al., (2005), a maioria dos animais 
em cativeiro depende dos humanos para fornecer uma dieta adequada, que 
frequentemente é uniforme e sazonal. Em cativeiro, comida e água são 
frequentemente fornecidas em um único local e em quantidades suficientes, 
reduzindo significativamente o tempo e a energia necessários para a 
alimentação comparado aos animais selvagens. 
A alteração no comportamento alimentar de equinos ao longo do tempo, 
especialmente em contextos de confinamento, é notável. Em seu estado 
 
 
16 
selvagem, os equinos tradicionalmente ingeriam uma dieta rica em fibras, 
proveniente de uma variedade de capins e forragem. Esse tipo de alimentação 
era adequado para o sistema digestivo desses animais, que é adaptado para 
processar grandes quantidades de fibra ao longo do dia enquanto pasteja, 
caminha e ingere água (Harris et al., 2017). 
 
Crédito: Elizabeth A.Cummings/Shutterstock. 
No entanto, com a domesticação e a criação em confinamento (estábulos, 
baias ou cocheiras), houve uma mudança significativa em sua dieta. Atualmente, 
é comum que os equinos estabulados recebam uma quantidade substancial de 
grãos e outros alimentos concentrados, que tem menor teor de fibras e maior 
densidade energética. Essa mudança alimentar foi inicialmente motivada pela 
necessidade de suprir as demandas energéticas de equinos usados para 
atividades intensivas, como esportes e trabalho (Frape, 2010). 
 
Crédito: JackF/Adobe Stock. 
https://stock.adobe.com/br/contributor/200412305/jackf?load_type=author&prev_url=detail
 
 
17 
Essa alteração na dieta tem implicações profundas no comportamento, no 
sistema digestivo e no metabolismo dos equinos. Com a inclusão de grandes 
quantidades de grãos na alimentação, há uma tendência ao desenvolvimento de 
comportamentos anormais, como a coprofagia e a ingestão de materiais não 
alimentares, como a própria maravalha, que serve de “cama” na cocheira. Além 
disso, a falta de fibras e o aumento de carboidratos facilmente fermentáveis 
podem levar a distúrbios digestivos, como cólicas, úlceras gástricas e acidose 
(Meyer; Coenen, 2002). Metabolicamente, a alta ingestão de grãos pode 
predispor os equinos a problemas como laminite e síndrome metabólica equina, 
condições que estão associadas ao excesso de carboidratos na dieta (Geor; 
Harris; Coenen, 2013). 
TEMA 5 – COMPORTAMENTO DE ANIMAIS DE PRODUÇÃO 
Segundo as ideias apresentadas por Paranhos da Costa (2002), os 
avanços nas áreas de genética, nutrição e manejo animal têm impulsionado a 
pecuária, transformando-a na atual indústria da produção animal. Isso resulta na 
obtenção de animais prontos para abate em períodos de criação cada vez mais 
curtos e em larga escala. Embora os ganhos econômicos e sociais sejam 
notáveis, é importante destacar os impactos negativos no comportamento e 
bem-estar dos animaisde produção, especialmente aqueles mantidos em 
sistemas intensivos. 
Ao agrupar animais, é importante tomar decisões precisas sobre 
alojamento, densidade populacional e comportamento social. A gestão 
inadequada e o desconhecimento do comportamento das espécies podem levar 
a problemas como brigas, ferimentos, medo extremo, falha reprodutiva, baixa 
conversão alimentar, redução do valor da carcaça ou aumento da mortalidade, 
dependendo das circunstâncias (Broom, 2010). 
Pinheiro e Brito (2009) explicam que, durante o processo de adaptação 
ao ambiente, um animal pode enfrentar três cenários distintos. Primeiramente, a 
adaptação pode ser impossível, resultando em morte ou doença, o que indica 
falta de bem-estar. Em segundo lugar, a adaptação pode ser possível, mas com 
alto custo biológico para o animal, ou seja, estresse. Por fim, um animal pode 
estar em um ambiente no qual a adaptação é fácil e possível, garantindo um 
bem-estar satisfatório. 
 
 
18 
Independentemente da espécie envolvida na produção de proteína 
animal, a criação sempre envolve algum tipo de mudança ambiental que pode 
gerar medo, dor ou estresse nos animais. Suínos são também confinados 
durante mais de cem dias em espaços nos quais têm seu comportamento natural 
de espécie (chafurdação) inibido, o que os leva a desenvolver, por exemplo, 
estereotipias. Já as fêmeas, utilizadas na produção de leitegadas, são 
enjauladas em espaços mínimos, nos quais somente conseguem levantar-se e 
deitar-se. 
 
Crédito: Gabriela Bertolini /Shutterstock. 
Aves de corte que apresentam elevado ganho genético (terminação em 
40 dias) e de postura também têm um espaço reduzido como ambiente de 
produção, desenvolvendo patologias (calo de peito, artroses) que afetam seu 
grau de bem-estar e ficam impedidas de exercer comportamento natural de 
espécie como ciscar, espojar, banhar, empoleirar etc. 
Bovinos de corte podem ser submetidos ao confinamento com redução de 
seu espaço para caminhar e deitar-se para ruminar adequadamente. Bovinos 
machos de grupos diferentes podem sofrer sodomia de outros machos 
dominantes, o que pode levar a acidentes e exclusão social, impedindo o 
indivíduo sodomizado de chegar ao cocho para se alimentar, conforme já 
sinalizado anteriormente. 
Estudos de Pedrazzani et al. (2007) indicam que peixes, assim como 
outros vertebrados, podem experimentar sentimentos como dor e medo. 
Portanto, considerações éticas sobre evitar o sofrimento devem incluir esses 
animais. 
 
 
19 
Na pecuária leiteira, a necessidade de conforto térmico, água de 
qualidade e sombreamento para fêmeas de alta produção é reconhecida. 
Contudo, o estresse térmico é uma preocupação em climas tropicais, sendo 
essencial adotar medidas para minimizar seus efeitos, como sombra, aspersores 
e mudanças na dieta (Cruz et al., 2011). 
A produção de bovinos de corte criados a pasto se aproxima das 
condições naturais, mas os contatos aversivos com humanos durante 
procedimentos de manejo podem gerar medo nos animais, prejudicando seu 
bem-estar (Quintiliano; Paranhos da Costa, 2006). Estudos, como o de 
Hemsworth et al. (1986), indicam que o relacionamento entre manejadores e 
animais influencia as respostas comportamentais e fisiológicas dos animais, 
ressaltando a importância de práticas de manejo positivas. 
FINALIZANDO 
O comportamento animal é um campo multidisciplinar que abrange a 
forma como os animais interagem com o ambiente e outros seres vivos, incluindo 
humanos. O estudo do comportamento animal, ou etologia, investiga os padrões 
naturais de ação dos animais e como esses comportamentos são adaptativos. 
Bem-estar animal, por sua vez, refere-se ao estado de saúde física e mental dos 
animais, garantindo que suas necessidades básicas sejam atendidas. Isso inclui 
acesso a alimento, água, abrigo, espaço adequado e a possibilidade de 
expressar comportamentos naturais. A avaliação do bem-estar animal considera 
aspectos como a ausência de dor, fome, sede, desconforto, medo e estresse, 
além da promoção de um ambiente que possibilite comportamentos naturais. 
O comportamento social dos animais domésticos é mandatório para sua 
adaptação e sobrevivência. Animais como cães, gatos, cavalos e bovinos 
exibem comportamentos sociais complexos, que incluem hierarquias de 
dominância, cooperação e interações afiliativas. Já o comportamento reprodutivo 
dos animais domésticos é fundamental para a perpetuação das espécies e para 
a produção animal. Esse comportamento inclui a fisiologia reprodutiva, o 
acasalamento, a gestação e o cuidado parental. 
O comportamento alimentar dos animais domésticos varia amplamente 
entre as espécies e é influenciado por fatores como genética, ambiente e estado 
de saúde. Animais de produção, como bovinos e suínos, têm padrões 
 
 
20 
alimentares que refletem suas necessidades nutricionais e as práticas de 
manejo. 
Por fim, o comportamento de animais de produção é uma área de estudo 
imprescindível para maximizar a eficiência produtiva e garantir o bem-estar. 
Animais de produção, como bovinos, suínos e aves, são frequentemente 
mantidos em ambientes controlados nos quais seu comportamento natural pode 
ser limitado. Compreender os padrões comportamentais desses animais 
possibilita aprimorar as condições de manejo e reduzir o estresse. 
 
 
 
21 
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