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Tireoide e Paratireoide

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Morfofuncional II – Anatomia/Embriologia
Tireoide 
Função
A glândula tireoide é uma glândula endócrina com a função de produzir e armazenar os hormônios triiodotironina, tiroxina e calcitonina que são responsáveis pela regulação metabólica. A tireoide está envolvida na regulação do metabolismo do iodo, do cálcio e de todo o corpo em geral. Os hormônios T3 e T4 aumentam a taxa de metabolismo basal, a força dos batimentos cardíacos e a frequência de pulso, enquanto a calcitonina diminui os níveis de cálcio no sangue.
Regiões, forma e localização
A glândula tireoide tem o formato da letra H possuindo dois lobos (direito e esquerdo) unidos por um istmo transversal. Além disso, um lobo piramidal, originado do istmo e que se estende parcialmente até a cartilagem tireoide, pode estar presente. Em adultos, a glândula tireoide pesa aproximadamente 18-30 g, sendo, nas mulheres, um pouco mais pesada.
A glândula tireoide está associada às superfícies anterior e laterais da traqueia, atrás do folheto médio da fáscia cervical (lâmina pré-traqueal). Anteriormente, está relacionada com os músculos esterno-hioideo e esterno-tireoideo.
Seu istmo encontra-se na altura do 2º-3º anel cartilaginoso traqueal, enquanto os dois lobos estendem-se, cranialmente, até a margem inferior da laringe e, caudalmente, até a abertura superior do tórax. Dorsalmente, ela se estende até o folheto profundo da fáscia cervical (lâmina pré-vertebral) e estabelece contato com o esôfago e com a artéria carótida comum.
Estrutura da glândula tireoide
A glândula tireoide é envolvida externamente por uma cápsula fibrosa que se estende, para o interior, como a cápsula do órgão. Entre as duas cápsulas encontram-se os vasos sanguíneos e as glândulas paratireoides (endócrinas).
Obs:. Doenças da glândula tireoide são, frequentemente, acompanhadas por um aumento difuso ou nodular do órgão (bócio). Este aumento pode ser originado por deficiência de iodo, processos inflamatórios e/ou doenças autoimunes. O bócio pode ser tão volumoso, de modo a alterar completamente o contorno do pescoço e, devido à sua expansão, deslocar ou lesar órgãos adjacentes, como, por exemplo, a traqueia (traqueomalácia).
Um hipotireoidismo manifesta-se, dentre outros, pela redução da taxa de metabolismo basal, com aumento de peso – apesar da perda de apetite – e reduzida tolerância ao frio, tendência à constipação, atividade mental reduzida, além do surgimento de mixedema. Durante o desenvolvimento embrionário, um suprimento deficiente de iodo e, consequentemente, de hormônios tireoidianos causa, em casos extremos, o cretinismo.
Os pacientes com hipertireoidismo apresentam, frequentemente, aumento da taxa de metabolismo basal e da frequência de defecação. Além disso, distúrbio psicomotor, tremores das extremidades durante o repouso, além de taquicardia são característicos. Na doença de Basedow, um hipertireoidismo autoimune (ocupação dos receptores para TSH por anticorpos ativados), um quadro de exoftalmia pode estar presente devido a alterações do tecido retrorbital.
Paratireoides
A s glândulas paratireoides, normalmente em número de quatro, são glândulas endócrinas que se encontram em contato com a face posterior da glândula tireoide. Elas produzem o paratormônio que é responsável pela elevação da concentração de cálcio no sangue.
Forma, localização e estrutura histológica
As glândulas paratireoides se encontram no interior da cápsula fibrosa do tecido da tireoide, diretamente nas proximidades dos vasos sanguíneos. De acordo com a localização, são distinguidas as glândulas paratireoides superiores, adjacentes à cartilagem cricoide, e as glândulas paratireoides inferiores, na altura dos 3º-4º anéis da traqueia. No entanto, localizações ectópicas e variações na posição são frequentes.
Obs:. O hiperparatireoidismo causa a reabsorção óssea intensificada e, possivelmente, a formação de cálculos renais. Ele frequentemente se deve a neoformações dentro do parênquima das paratireoides. Ao contrário, o hipoparatireoidismo, causa a chamada tetania paratireopriva (cãibras musculares) que, sem a devida reposição hormonal, pode ser fatal.
Vascularização e inervação das glândulas tireoide e paratireoides
Vascularização
A glândula tireoide é suprida por duas artérias que se anastomosam no interior da glândula e formam numerosos vasos colaterais:
- A artéria tireoidea superior, ramo da artéria carótida externa, supre as parte antero-superior de cada um dos lobos e do istmo.
- A artéria tireoidea inferior origina-se do tronco tireocervical (derivado da artéria subclávia) e segue anteriormente à margem medial do músculo escaleno anterior e da artéria vertebral, para cima e medialmente. Neste local ela cruza ventral ou dorsalmente o nervo laríngeo recorrente, ou forma uma alça ao seu redor. Do lado esquerdo, a artéria cruza, ventralmente, o ducto torácico.
O suprimento arterial das glândulas paratireoides ocorre essencialmente por meio de ramos da artéria tireoidea inferior.
Na drenagem venosa, as veias conduzem o sangue a partir de três regiões da glândula tireoide:
- A veia tireoidea superior corresponde à respectiva artéria e drena para a veia jugular interna.
- As veias tireoideas médias trazem o sangue das regiões dorsais do istmo e regiões adjacentes aos lobos e também drenam para a veia jugular interna.
- O plexo tireoideo impar origina-se nas regiões ventrais do istmo e das partes inferiores dos lobos e drena, inicialmente, para a veia tireoidea inferior que, desembocará na veia braquiocefálica esquerda. 
A drenagem linfática segue pelos linfonodos tireoidianos regionais para os linfonodos cervicais anteriores profundos.
Inervação
Os suprimentos parassimpático e sensitivo da glândula tireoide e das glândulas paratireoides são fornecidos por ramos do nervo laríngeo superior e do nervo laríngeo recorrente, ambos originados do nervo vago.
A inervação simpática é assegurada por um plexo periarterial derivado do tronco simpático cervical.
A inervação autônoma é puramente vasomotora (não secretora).
Desenvolvimento das glândulas tireoide e paratireoides
Glândula tireoide
O primórdio da glândula tireoide origina-se do assoalho da boca primitiva e cresce, em direção caudal, com o ducto tireoglosso, na região do pescoço até a altura do 3º anel cartilaginoso da traqueia. Daí, o cordão se divide em dois brotamentos epiteliais sólidos, que constituem os lobos da glândula tireoide. Lateralmente, um brotamento celular surge da 5º bolsa faríngea (corpo ultimobranquial) e se infiltra na região do istmo e nas porções mediais dos lobos, e aí se distribui como células parafoliculares. Enquanto os derivados das bolsas faríngeas são, normalmente, de origem endodérmica, suspeita-se que o corpo ultimobranquial contenha componentes derivados das cristas neurais.
A porção cranial do ducto tireoglosso involui, exceto o local de origem na base da língua, que permanece como o forame cego. Restos dos primórdios podem permanecer como o lobo piramidal. 
Obs:. Remanescentes dos primórdios da glândula tireoide que permanecem na base da língua ou na região do pescoço têm uma tendência a sofrer degeneração e podem originar tumores benignos ou malignos ectópicos da tireoide.
Glândulas paratireoides
As glândulas paratireoides situadas no polo superior dos lobos da tireoide originam-se, em geral, da porção dorsal da 4ª bolsa faríngea, enquanto as glândulas situadas no polo inferior são derivadas da região correspondente à 3ª bolsa faríngea. Elas acompanham a descida do timo a partir da porção ventral da 3º bolsa faríngea.
Livro Gerrard
Diana Marques Moreira

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