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Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totali- zando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu- ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. TEORIA No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui- dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa- cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. MULTIMÍDIA Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co- nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi- culta a compreensão de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial me- morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi- venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo- cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. VIVENCIANDO Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa- zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re- solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica- ções dadas em sala de aula. APLICAÇÃO DO CONTEÚDO Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-las com tranquilidade. ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte- údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos estudos e até a resolução dos exercícios. DIAGRAMA DE IDEIAS © Hexag SiStema de enSino Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2024 Coordenador-geral Murilo de Almeida Gonçalves reSponSabilidade editorial, programação viSual, reviSão e peSquiSa iConográfiCa Hexag Editora editoração eletrôniCa Letícia de Brito Matheus Franco da Silveira projeto gráfiCo e Capa Raphael de Souza Motta imagenS Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) Pixabay (https://www.pixabay.com) iSbn 978-85-9542-238-4 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a in- clusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens pub- licadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não rep- resentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2024 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br ENTRE FRASES REDAÇÃO AULA 1: DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA 004 AULA 2: A LINGUAGEM NA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA 010 AULA 3: ESPECIFICIDADES DO ENEM 014 AULA 4: PLANEJAMENTO DE TEXTO 023 AULA 5: ANÁLISE DE REDAÇÕES 1 (ENEM) 037 AULA 6: ESPECIFICIDADES DA FUVEST 041 AULA 7: INTRODUÇÃO I: ESTRUTURA 047 AULA 8: ESPECIFICIDADES DA VUNESP 054 AULA 9: INTRODUÇÃO II: ELABORAÇÃO DE TESE 059 AULA 10: PARÁGRAFO PADRÃO 066 AULA 11: ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS I 074 AULA 12: ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS II 080 AULA 13: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO I: COMPOSIÇÃO 086 AULA 14: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO II: OS AGENTES DA INTERVENÇÃO 095 AULA 15: CONCLUSÃO 102 AULA 16: ANÁLISE DE REDAÇÕES 2 (FUVEST/VUNESP) 105 AULA 17: PROGRESSÃO TEMÁTICA E COERÊNCIA 113 AULA 18: COESÃO SEQUENCIAL 119 AULA 19: COESÃO REFERENCIAL 129 AULA 20: INADEQUAÇÕES NA LINGUAGEM 1 135 AULA 21: INADEQUAÇÕES NA LINGUAGEM 2 138 AULA 22: APLICAÇÃO DO REPERTÓRIO SOCIOCULTURAL NA REDAÇÃO 142 AULA 23: A POLARIZAÇÃO DE POSICIONAMENTOS NOS TEMAS DE REDAÇÃO 148 AULA 24: IMPRECISÕES COMUNS EM REDAÇÕES: PROPOSTA TEMÁTICA E COLETÂNEA 152 AULA 25: IMPRECISÕES COMUNS EM REDAÇÕES: ESTRUTURA 155 AULA 26: SUGESTÕES DE ESTILO 159 SUMÁRIO 4 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 1. O que é uma dissertação argumentativa? A dissertação................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ EXERCÍCIO 5: As propostas de intervenção discriminadas abaixo foram redigidas de forma indevida ou in- completa, já que não apresentam todos elementos exigidos pela banca. Identifique quais são o(s) compo- nente(e) ausentes em cada uma das propostas e, se possível, determine quais poderiam ser esses elementos. a) É preciso criar oficinas tecnológicas, onde todos possam ter acesso à tecnologia, ensinando os trabalhadores a lidarem com os mais diferentes tipos máquinas e aparelhos avançados. Tema: O impacto da tecnologia na produção do desemprego ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ b) Urge, portanto, uma reformulação no sistema de ensino que garanta maior reflexão crítica e análise de textos desde as séries iniciais. Tema: Desafios para reduzir o analfabetismo funcional no Brasil ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ c) O Ministério da Saúde deve sensibilizar a população a respeito da importância da vacinação, por meio de campanhas de amplo alcance nas redes sociais e na televisão que ressaltem os riscos do retorno de doenças erradicadas. Tema: Caminhos para garantir a vacinação da população brasileira ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... 22 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O d) Cabe às Universidades aprimorar a formação de professores a fim de que os docentes possam se atualizar em relação às novas tecnologias e aprimorar suas metodologias de ensino. Tema: Os conflitos no uso da tecnologia em sala de aula ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 23 V O LU M E Ú N IC O 1. Planejamento de texto I Projeto de texto é um tipo de esquema concei- tual no qual o aluno deve inserir os principais pontos a serem desen- volvidos no texto. Ele tem a função primordial de organizar as ideias e determinar a ordem de apresentação dos argumentos, obedecendo sempre a uma sequência lógica de exposição. Nesta e na próxima aula, serão apresentados alguns pas- sos importantes para a construção de um projeto de texto bom e completo. Um planejamento cuidadoso contribui para a clareza das ideias e fornece segurança ao aluno no momento da escrita. Dessa forma, vale a pena dedicar um tempo maior para tal elaboração. 2. Etapas 2.1 Análise do recorte temático Pode parecer desnecessário dedicar alguns minutos para refletir sobre a dimensão do recorte temático numa pro- posta de redação, dado que a identificação desse fator não se revela tão complicada para muitos alunos. Contudo, é comum que alguns candidatos se percam ao desenvolver seu raciocínio, justamente porque não compreenderam o tema de modo correto, o que gera prejuízos graves, poden- do causar a anulação do texto. Em vista disso, é fundamental compreender a diferença entre assunto e recorte temático. Embora as palavras possam ser sinônimas em alguns contextos, é necessário diferenciar es- ses conceitos quando se trata de uma redação de vestibular. O assunto pertence a uma instância mais ampla de deter- minada questão, mais genérica, mais aberta e que engloba uma infinidade de debates diferentes. O recorte temático, por sua vez, pressupõe um direcionamento, uma especifici- dade e, na maior parte das vezes, possui uma coletânea de textos que são fundamentais para a compreensão do dire- cionamento proposto pela banca. Assim, é possível afirmar que um mesmo assunto pode abranger diferentes recortes, como mostram os esquemas a seguir: Assunto: O voto Recorte temático: O voto nulo é um ato político eficaz? Recorte temático: O voto deveria ser facultativo no Brasil? Recorte temático: O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais de que o Brasilnecessita? Tenha cuidado: diversos alunos escrevem textos dentro de alguns temas e, às vezes, desprezam uma leitura atenta da oração-tema e da coletânea, alegando serem conhecedores de determinados assuntos. Eis o perigo: como os direciona- mentos são múltiplos, é preciso estar atento a cada uma das proposições exigidas pelas bancas de correção. DICA: Para compreender melhor os recortes temáticos, você pode: § Transformar esse recorte em uma pergunta; § Reescrever o recorte com suas próprias palavras; § Identificar as palavras chave e tentar construir sua argumentação a partir desse conjunto. 2.2. Leitura da coletânea A primeira leitura da coletânea tem como objetivo compre- ender atentamente o tema abordado no exame. É a partir dessa primeira leitura que o aluno começa a definir seu posicionamento a respeito do tema e o que pode vir a ser a sua tese principal. Nesse momento, é importante realizar uma leitura atenta, destacando as informações principais e analisando a fonte de cada um dos excertos. PLANEJAMENTO DE TEXTOLC AULA 4 24 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Em seguida, é preciso relacionar as informações dadas pela coletânea. Ou seja, o aluno deve avaliar os posicionamentos dos autores, analisar criticamente os dados de infográficos e verificar como todas essas informações aparecem no meio social abordado. O aluno pode criar orações que ilustrem a reflexão gerada a partir dessas análises. De todo modo, é fundamen- tal que os textos sejam avaliados em conjunto, pois eles constituem a base da abordagem temática proposta na prova. O aluno deve relacionar as informações lidas com a oração-tema orientadora do exame, habitualmente apresentada na maior parte dos vestibulares do país. Caso essa oração seja uma pergunta, é indispensável que a redação forneça uma resposta. 2.3. Brainstorm O terceiro passo da elaboração consiste na realização de um brainstorm, ou seja, uma tempestade de ideias acerca do tema, que pode ser feita depois ou durante a leitura ou releitura da coletânea. Nesse momento, é necessário anotar tudo aquilo que vier na cabeça: exemplos, analogias, comparações, citações, definições, ilustrações, etc. Essas ideias podem ser organiza- das em pequenas orações que ajudarão o aluno a construir uma visão mais clara do conjunto. Tomando como base o tema exigido pelo Enem no exame de 2014, observe um exemplo da organização das ideias surgidas ao longo do processo: § Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil § Objetivo/possível posicionamento: A publicidade infantil ignora a imaturidade das crianças e acentua a desigual- dade existente entre elas. § Ideias: Crianças não tem maturidade para compreender o funcionamento da publicidade/ Os meios de comunicação têm poder maior para convencê-las/ A publicidade atribui um juízo de felicidade para a criança portadora do produto e, consequentemente, exclui aqueles que não podem tê-lo/ Alguns países, como a Inglaterra e a Noruega, já criaram regras para regular e até mesmo coibir a publicidade infantil/ As escolas podem criar projetos para a valorização da diversão desconectada da ideia de consumo, como oficinas de confecção de brinquedos. Pergunta-catapulta Às vezes, o aluno tem muita dificuldade para realizar uma tempestade de ideias acerca de determinado tema. Seja porque não há intimidade com o assunto, seja porque o tema exige um nível de abstração diferente do que ele está habituado, torna-se difícil sair do lugar. Para isso, apresentamos abaixo um conjunto de perguntas que podem auxiliar o estudante a refletir criticamente sobre o tema e, desse modo, alcançar um nível mais elevado de profundidade em sua discussão. Considerando que as propostas de redação sempre apresentam alguma questão ou algum problema a ser debatido, esses elementos podem ser explorados a partir das perguntas abaixo: a. Qual é essa questão? b. Em que espaços essa questão é observada? c. Como essa questão está presente na sociedade? Há exemplos dela? d. Qual é o senso comum a respeito dessa questão? e. Há razões históricas para o surgimento dessa questão? f. Essa questão é discutida em algum livro/filme/canção? g. Como essa questão aparece na mídia? Essa abordagem condiz com a realidade? h. Quais as principais causas dessa questão? E as principais consequências? i. Há um grupo social beneficiado por essa questão? Há algum grupo prejudicado por ela? j. De que maneira essa questão pode ser resolvida? (ENEM) 2.4. Seleção de argumentos Após a realização do Brainstorm, o aluno dispõe muitos elementos para determinar seu projeto. Agora, a tarefa é selecionar apenas aquilo que entrará no corpo do texto e organizar esse conteúdo em parágrafos. Para isso, considere os critérios abaixo na ordem que seguem: LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 25 V O LU M E Ú N IC O § Selecione os argumentos que apresentem uma relação mais direta com a tese a ser desenvolvida e com a temática abordada nos textos motivadores. § Selecione os argumentos que tenham uma melhor sustentação: exemplos, argumentos de autoridade, dados históricos, comparações, etc. § Selecione os argumentos que possam ser embasados por alguma teoria (sociológica, filosófica). É importante lembrar que deve ser escolhido para o texto o que estiver mais bem sustentado pelos argumentos e/ou o que for mais fácil e mais seguro de redigir. Caso o aluno não tenha certeza de algum exemplo ou citação e não esteja confiante em rela- ção a uma das ideias desenvolvidas, é melhor não arriscar: esses elementos devem ficar de fora. É preferível prezar pela clareza, objetividade e coerência dos argumentos do que pela ousadia ou pelo risco na hora de escrever. 2.5. Criação de uma lista/esquema de organização Seguidos os passos anteriores, é fundamental que o aluno crie uma lista em tópicos ou um esquema de ideias, para garantir que seu texto tenha uma sequência lógica. Nela, o aluno deverá estabelecer, por parágrafos, a abordagem a ser utilizada na introdução, a tese a ser defendida, a ordem de aparecimento dos argumentos e o direcionamento da conclusão. Evidentemente, essa lista não precisa ser longa nem detalhada, pois esse detalhamento ocorrerá apenas durante a redação do ras- cunho. Ao contrário disso, ela deve se breve e bem objetiva para poder orientar com tranquilidade e segurança a escrita do rascunho. Abaixo você encontra alguns exemplos de planejamento de texto. Mais adiante, você poderá conhecer também como pensar a organização dessa lista a partir do paralelismo entre a introdução e a conclusão. Tema Enem: O consumo abusivo de álcool entre a população brasileira A) Esquema 1º 2º 4º 4º 3º • Repertório: Filme “Marés” • Problema: Assim como no filme, existe um abuso no consumo de álcool pelos brasileiros. • Tese: Esse uso em excesso ocorre em virtude de uma aparente inocência do álcool que é re- forçada pelo interesse econômico das indústrias O álcool não é visto como um vício perigoso. Exemplo: Cerveja em família. Citação: Sêneca - vícios são mais perniciosos quan- do parecem puros. Intervenção: MS - deve ampliar a informação sobre a gravidade do consumo/por meio de campanhas/ a fim combater a ingenuidade/diminuir a ingestão. As empresas de bebida reforçam esse uso em busca do lucro. Exemplo: Associação entre carnaval de rua/bebida/ felicidade. Consequência: Aumentam-se ainda mais os riscos de doenças Intervenção: Gov. Federal - interferir na ação publici- tária desse nicho comercial/a partir da implantação de restrições às empresas/ a fim de desestimular a relação entre álcool e felicidade 26 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O B) Lista 1º Repertório: Filme “Marés” Assim como no filme, existe um abuso no consumo de álcool pelos brasileiros. Tese: Esse uso em excesso ocorre em virtude de uma aparente inocência do álcool que é refor- çada pelo interesse econômico das indústrias 2º O álcool não é visto como um vícioperigoso. Exemplo: Cerveja em família. Citação: Sêneca - vícios são mais perniciosos quando parecem puros 3º As empresas de bebida reforçam esse uso em busca do lucro. Exemplo: Associação entre carnaval de rua/bebida/felicidade. Consequência: Aumentam-se ainda mais os riscos de doenças 4º Intervenção 01: MS deve ampliar a informação sobre a gravidade do consumo/por meio de campanhas/ a fim combater a ingenuidade/diminuir a ingestão. Intervenção 02: Gov. Federal - interferir na ação publicitária desse nicho comercial/a partir da implantação de restrições às empresas/ a fim de desestimular a relação entre álcool e felicidade C) Redação modelo O CONSUMO ABUSIVO DE ÁLCOOL ENTRE A POPULAÇÃO BRASILEIRA Na obra cinematográfica “Marés”, a vida pessoal e o trabalho do fotógrafo Valdo começam a ser profunda- mente afetados pelo consumo exagerado de bebidas alcoólicas. Embora o personagem amasse sua carreira e sua família, ele possui sérias dificuldades para enfrentar o vício e retomar as rédeas de sua vida. O drama exibido no longa, apesar de ficcional, aproxima-se muito da realidade brasileira, já que o consumo abusivo de álcool ainda é muito alto entre a população do país e também muito difícil de ser combatido, seja em função do desconhecimento dos perigos de seu uso ou em virtude do interesse econômico na venda desses produtos. Deve-se pontuar, de início, que a boa parte dos cidadãos não enxerga riscos no consumo abusivo de álcool. Muitos indivíduos acreditam que algumas doses são insuficientes para comprometer a saúde ou para levá-los a em- briaguez, o que faz com que esse uso seja visto como inocente por mais e mais pessoas. No Brasil, o alto consumo de cerveja, por exemplo, ocorre com frequência entre diferentes grupos sociais e raramente é taxado como uma atitude inadequada a ser evitada. Diante dessa situação, é importante resgatar a afirmação do filósofo Sêneca de que “os vícios são mais perniciosos quando se escondem sob um ar de pureza”, pois é justamente a reprodução dessa ilusó- ria inocência do álcool que dificulta o combate ao consumo exagerado de tais bebidas. Nesse sentido, é fundamental descontruir essas inverdades e aumentar as informações entre a população sobre os efeitos do álcool. Além disso, não se pode esquecer dos interesses econômicos por trás da ingestão demasiada de substâncias alcoólicas. Isso porque a propaganda de tais produtos reforça a ideia de que o álcool é prazeroso, associando-o à fe- licidade e à coragem dos consumidores face aos dilemas da vida. Durante o carnaval, por exemplo, diferentes marcas de cerveja investem altos valores numa publicidade incisiva que relaciona esse consumo à festividade e à alegria, o que leva mais indivíduos ao uso desmedido e ao desprezo aos possíveis prejuízos à saúde – como o desenvolvimento de cirroses ou pancreatites– e à vida pessoal – como a infeliz mistura entre álcool e direção. Logo, não se pode admi- tir que graves problemas para a sociedade sejam perpetuados em função dos lucros de algumas empresas. Torna-se evidente, portanto, a dificuldade para conter o consumo excessivo de álcool no Brasil. Desse modo, é necessário que o Ministério da Saúde informe a sociedade civil sobre os perigos do consumo abusivo desses produtos. Tal medida pode ser feita através de campanhas que evidenciem os riscos à saúde e a vida pessoal dos consumidores, a fim de combater essa aparente ingenuidade do álcool e, assim, diminuir a ingestão da substância entre a população. Ademais, cabe ao Governo Federal interferir na ação publicitária desse nicho comercial, por meio da criação de normas que restrinjam a propaganda de bebidas em determinados locais e horários, com finalidade de desestimular a associação perigosa entre o álcool e a felicidade. A partir dessas medidas, será possível evitar que histórias como a do filme “Marés” continuem a ser comuns no Brasil e que tantas outras famílias e carreiras sejam prejudicadas em função do álcool. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 27 V O LU M E Ú N IC O Tema VUNESP: Os monumentos históricos associados à violência devem ser demolidos? A) Esquema Exemplo: George Floyd - Black Lives Matter. Tema/polêmica: os episódios reacenderam o debate - muitos são contrários à derrubada. Tese: a interferência nesses monumentos deve ser considerada (memórias invisibilizadas +cria- ção de novas narrativas). Contra-argumentação Muitos alegam apagamento No entanto, houve apagamento e não houve questiona- mento. Exemplo: Canudos (BA), Gamboa (RJ), Liberdade (SP) Retomada dos argumentos: Não é apagamento, mas justiça com vozes silenciadas. Retomada da tese: A remoção deve ser pensada para dar voz ao passado ignorado. A retirada é uma forma de construir a história. Teoria: Benjamin - escovar a história a contrapelo. Explicação: A destituição dos monumentos escreve uma nova narrativa. 1º 2º 3º 4º B) Lista 1º Exemplo: George Floyd - Black Lives Matter. Tema/polêmica: os episódios reacenderam o debate - muitos são contrários à derrubada. Tese: a interferência nesses monumentos deve ser considerada (memórias invisibilizadas +criação de novas narrativas). 2º Contra-argumentação Muitos alegam apagamento No entanto, houve apagamento e não houve questionamento. Exemplo: Canudos (BA), Gamboa (RJ), Liberdade (SP) 3º A retirada é uma forma de construir a história. Teoria: Benjamin - escovar a história a contrapelo. Explicação: A destituição dos monumentos escreve uma nova narrativa. 4º RETOMADA DOS ARGUMENTOS: Não é apagamento, mas justiça com vozes silenciadas. Retomada da tese: A remoção deve ser pensada para dar voz ao passado ignorado. 28 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O C) Redação modelo OS MONUMENTOS HISTÓRICOS ASSOCIADOS À VIOLÊNCIA DEVEM SER DEMOLIDOS? Após o assassinato do americano George Floyd e os sucessivos protestos do movimento Black Lives Matter em várias partes do globo, manifestantes de diferentes cantos do mundo passaram a remover, a derrubar e a in- cendiar estátuas vinculados ao colonialismo europeu. A deflagração de tais episódios reacendeu o debate sobre a representação histórica desses monumentos e sobre a decisão de preservá-los ou demoli-los, como já fizeram tantos movimentos. Nesse contexto, parte significativa de representantes do Estado e da sociedade civil argumentam que a ação de derrubar esses símbolos é simplista e incapaz de alterar as narrativas contadas sobre o passado. No entanto, ao considerar a quantidade de memórias invisibilizadas ao longo do tempo e ao pensar na possibilidade de se criar novas narrativas para um passado doloroso, pode-se dizer que a remoção e até mesmo a demolição de tais monu- mentos é uma medida válida a ser considerada. É importante destacar, de início, que muitos indivíduos defendem a preservação de tais monumentos. O grupo alega que o ato de demolir ou remover essas figuras representa um apagamento da história das nações, mesmo que esse passado tenha sido violento. No entanto, essa defesa se revela falaciosa, pois vários símbolos ligados à história de povos oprimidos foram apagados em diversas partes do mundo sem que houvesse essa mesma preocupação. A memória negra, no bairro da Liberdade, em São Paulo, tornou-se esquecida diante da narrativa japonesa que passou a predominar naquele espaço. No bairro da Gamboa, no Rio de Janeiro, sítios arqueológicos onde estão parte das ossadas de pessoas arrancadas do continente africano – que sequer chegaram vivas à colônia – são vistos com descaso pelo poder público local. Pode-se ainda mencionar a cidade de Canudos, um dos maiores símbolos de resistência popular brasileira, que desapareceu depois da inauguração de um polêmico açude na região. De modo geral, esses exemplos de invisibilidade histórica evidenciam que a defesa incondicional de monumentos ligados à violência não se preocupa com a história em si, de todo os povos, mas apenas com a história dominante narrada pela ótica colonialista.Ao contrário dessa perspectiva, a retirada ou derrubada desses monumentos é uma forma de construir a história, acertando as contas com um passado que grita por outras narrativas. O filósofo Walter Benjamin, em “Te- ses sobre o conceito de história”, afirma que é preciso escovar a história a contrapelo, isto é, é preciso olhar para o passado buscando uma história que foi oprimida pelo tempo e pelos vencedores. Nessa mesma linha, a demolição de monumentos que enaltecem figuras responsáveis pela escravidão ou pelo genocídio indígena, por exemplo, re- presenta essa tentativa de construir uma nova narrativa sobre esse passado, pois ela reconhece a violência de tal época e, consequentemente, resgata a memória daqueles que ali sofreram. Em outras palavras, a destituição de tais imagens pode dar visibilidade às vozes silenciadas ao longo dos anos e remover o status de prestígio de quem jamais o deveria ter recebido. Em síntese, a eliminação de monumentos ligados a um passado violento não trata de um apagamento ou esquecimento histórico, mas sim da possibilidade de fazer justiça com narrativas silenciadas durante anos e que, por essa razão, não foram legitimadas com o status de história. Portanto, a derrubada, remoção ou supressão de tais estátuas deve ser pensada para se reconhecer que, apesar de tudo, as sociedades não se esquecem da violência sofrida por muitos de seus antepassados e não admitem que a memória deles continue a ser ignorada em nome da celebração de figuras violentas. No fundo, é preciso demolir a dominação colonial da História para que histórias como a de George Floyd nunca sejam esquecidas. Criando um projeto de texto a partir do paralelismo Introdução-Conclusão Para melhor entender o problema da ausência de projeto de texto, leia os parágrafos de introdução e conclusão, reproduzidos abaixo, retirados da redação um candidato ao ENEM de 2017 (Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil). A população surda no Brasil tem sido cada vez mais neglicenciada, não há espaços nas escolas e pessoas capacitadas para atende-los em diversos locais, dificultando a inclusão social. (...) Fechar os olhos para a educação das pessoas com deficiência auditiva é ser cúmplice do preconceito é permitir que sejam excluídas da sociedade. Um caminho para a melhoria desse problema no país é a inclusão obrigatória de LIBRAS nas escolas, com isso aumentando o número de pessoas aptas à comunicação com os deficientes auditivos e uma legislação que incluísse uma determinada porcentagem de funcionários surdos em empresas privadas, oferecendo oportunidades de emprego e proporcionando a eles uma vida melhor. (redação amosTral. auToria anônima) LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 29 V O LU M E Ú N IC O Há diversos problemas que mereceriam discussão a respeito do trecho acima. No entanto, um deles destaca-se mais eviden- temente: a ausência de projeto de texto. Ao finalizar o parágrafo introdutório, o autor parece abrir caminhos para a discussão sobre a necessidade de “espaços” e de “capacitação” de pessoas para atender à população surda nas escolas. Ao final, no entanto, vê-se medidas apresentadas para resolver apenas a questão da capacitação, mas não se retoma em qualquer outro momento a ideia de “espaços”. Esse é um típico exemplo de um texto sem paralelismo entre a introdução e a conclusão, elemento fundamental para uma boa estruturação da redação dissertativa. Estratégias para organizar o planejamento O projeto pode ser feito com uma lista organizada ou com um mapa mental com o conteúdo por parágrafo a ser desenvolvido. Para iniciá-lo, é preciso retomar as ideias desenvolvidas ao longo do brainstorm ou ainda recorrer a algu- mas perguntas básicas para a formação do pensamento crítico. Para garantir o projeto ideal, é importante definir estratégias para o início do texto que deverão nortear o percurso até a conclusão.Esse fator preservará o paralelismo introdução-conclusão. A partir das ideias desenvolvidas no brainstorm, é possível tentar definir qual será a ideia inicial e como ela será retomada ao longo do texto. Também é possível recorrer às sugestões abaixo de quatro diferentes tipos de paralelismo: Aproximação com o tema Referência para analogia Retomada da analogia: explicitação PROJETO 1: Refusão do senso comum Refutação: tese Retomada e desconstrução Senso comum PROJETO 2: Retomada histórica Relação passado-presente Hipóteses futuras sob a luz do passado Referência histórica Aprofundamento e discussão Alusão a autoridade reconhecida e legitimada Relação com a análise da autoridade PROJETO 3: Sustentação por autoridade PROJETO 4: Analogia Com a estratégia definida, é preciso estruturar o projeto ou o mapa de ideias, buscando reservar um destaque central ao tema em discussão, o qual deve ser desenvolvido ao longo da análise e reflexão, até que se chegue à tese a ser defendida. Como visto anteriormente, esse processo poderá seguir o fluxo de uma lista organizada ou de um mapa mental. A. Projeto de texto por lista organizada INTRODUÇÃO Conclusão • O que dizem sobre violência no Brasil? • Há referencias externas? • Tese: A violência é endêmica no Brasil. • Como ocorre? • Desde quando • Como resolver? • Relações com as referências externas? • Condições favoráveis? • Contra quem? • Consequências? DESENVOLVIMENTO 1: análise DESENVOLVIMENTO 2: reflexão ProjeTo de TexTo Por lisTa organizada. esTraTégia de refuTação do senso comum. B. Projeto de texto por mapa mental Violência no Brasil Violência no Brasil Por que é endêmica? no Brasil? Condições favoráveis? Consequências? Como resolver? Contra quem? Para quê/ para quem? Há referências externas? Como ocorre? Desde quando? O que DIZEM sobre a violência no Brasil? exemPlo de ProjeTo de TexTo Por maPa menTal, organizado Pela esTraTégia de refuTação do senso comum. Seguindo essas dicas, o texto se tornará mais claro e coerente, características muito valorizadas na avaliação de redações de vestibular. Agora, mãos à obra! NA AULAS 7 E 8, VOCÊ VERÁ, COM MAIS DETALHES, COMO REDIGIR UMA INTRODUÇÃO PARTINDO DE CADA UMA DESSAS ESTRATÉGIAS. 30 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 3. Resumo PLANEJAMENTO DE TEXTO INTERPRETAÇÃO DO RECORTE TEMÁTICO LEITURA DA COLETÂNEA BRAINSTORMRASCUNHO SELEÇÃO DE ARGUMENTOS CRIE UMA LISTA ORGANIZADA • Atente-se às palavras-chave; • Transforme o recorte em perguntas; • Cuidado com a interpretação das palavras. • Destaque informações mais relevantes; • Atente-se à fonte/gênero dos textos; • Compare e relacione as informações forne- cidas pelo texto ( dica: crie frases para regis- trar essas comparações); • Relacione essas informações à oração-tema. • Anote as ideias e repertório que vierem à cabeça; • Comece a definir a sua tese. • Escreva o rascunho e não se esqueça da releitura. Prefira os argumentos que: • estejam mais próximos do tema e da tese; • tenham melhor sustentação ou embasamen to teórico. Organize a ordem de aparecimento das in- formações: • Introdução; • Desenvolvimento 1; • Desenvolvimento 2; • Conclusão. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 31 V O LU M E Ú N IC O 4. Exercícios EXERCÍCIO 1: Leia os conjuntos de textos e responda o que se pede: A I. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), a utilização de bebidas alcoólicas é responsável por 30% dos acidentes de trânsito. E metade das mortes, segundo o Ministério da Saúde, está rela- cionada ao uso do álcool por motoristas. Diante desse cenário preocupante, a Lei 11.705/2008 surgiu com uma enorme missão: alertar a sociedade para os perigos do álcool associado à direção. disPonível em: www.dPrf.gov.br. acesso em: 20 jun. 2013. II. A partir da leitura dos textos, o que é possível afirmar sobre a consciência da população no que se refere à mistura entre álcool e direção? Há uma contradição entrea opinião e a prática? ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... 32 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O B I. No Brasil, os surdos só começaram a ter acesso à educação durante o Império, no governo de Dom Pedro II, que criou a primeira escola de educação de meninos surdos, em 26 de setembro de 1857, na antiga capital do país, o Rio de Janeiro. Hoje, no lugar da escola funciona o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). Por isso, a data foi escolhida como Dia do Surdo. Contudo, foi somente em 2002, por meio da sanção da Lei n.° 10.436, que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão no país. A legislação determinou também que de- vem ser garantidas, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão de Libras como meio de comunicação objetiva. disPonível em: www.brasil.gov.br II. A partir da leitura dos textos, o que é possível afirmar a respeito da situação educacional dos surdos ao longo do tempo? Houve inclusão efetiva dessa população no ambiente escolar? ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 33 V O LU M E Ú N IC O EXERCÍCIO 2: Leia os conjuntos de temas abaixo e faça brainstorms para cada um deles, tendo como objetivo a construção de uma dissertação argumentativa. Lembre-se de relacionar as informações que aparecem nos dois textos da coletânea. Se possível, procure delinear qual será seu posicionamento (tese) e quais serão os argumentos que você empregará para defender o seu ponto de vista. TEXTO 1 Câmeras praticamente onipresentes não são, obviamente, exclusividade do Brasil. Em Roterdã, segunda maior cidade da Holanda, câmeras de monitoramento são utilizadas pela polícia para vigiar e punir comportamentos classificados como “antissociais” nas ruas da cidade – beber ou estar bêbado em público, envolver-se em brigas ou urinar na rua. Fatos como esses são bons exemplos de como o Estado pode utilizar a vídeo-vigilância para controlar comportamentos de cidadãos. (crisTiane KamPf. “liberdade moniTorada: a crescenTe vigilância eleTrônica Prejudica Privacidade?”. www.comciencia.br, 10.03.2013. adaPTado.) TEXTO 2 De acordo com o advogado Edno Damascena de Farias, a instalação de câmeras de vigilância em locais públicos afronta o direito do cidadão à privacidade, à intimidade e à honra previsto na Constituição Federal. Segundo ele, a instalação das câmeras servirá para “espionar as pessoas, sem que se saiba se há mecanismos ou garantias de que essas imagens não virão a ser utilizadas por pessoas sem escrúpulos, para chantagear ou extorquir cidadãos surpreendidos em situações constrangedoras, mas não necessariamente ilegais”. (márcio sodré. “advogado enTra com ação conTra câmeras de vigilância no cenTro”. www.aTribunamT.com.br, 06.01.2010. adaPTado.) CÂMERAS DE VIGILÂNCIA EM LOCAIS PÚBLICOS: INVASÃO DE PRIVACIDADE OU PROMOÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA? ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... 34 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O TEXTO 1 A depredação e o abandono dos monumentos públicos vêm chamando a atenção na paisagem urbana e traz para a cena uma discussão sobre a cidade, cidadania, a responsabilidade pelo bem público e educação patrimonial. Não se trata de revolta contra valores, personagens, datas que esses monumentos significam ou representam; as inter- venções e agressões não passam por nenhuma consciência crítica. Ao longo do tempo, a cidade constrói histórias e guarda nas ruas, praças e monumentos várias memórias. Esse ter- ritório simbólico é propriedade de todos. Mas o desconhecimento e o desprezo pela cultura e a memória da cidade coloca em xeque a noção de cidadania e a responsabilidade pela guarda, vigilância e conservação. Se a cultura está cada vez mais associada a entretenimento, tudo é diversão. O vandalismo é um comportamento de uma sociedade individualista, que deu as costas aos valores e princípios da moral e da ética. Estes foram substituídos por um desejo perverso de deixar na cidade o registro da violência e da impunidade. Uma brin- cadeira que aponta para a falta de compromisso com a coisa pública e com a memória da cidade e se espalha como um vírus. almandrade. "dePredação dos monumenTos Públicos". disPonível em: . acesso em: 24 de ouTubro de 2015. adaPTado. TEXTO 2 meucci, arTur. "o bem Público como exercício éTico". hTTP://Psiquecienciaevida.uol.com.br/esfi/edicoes/88/arTigo301153-1.asP>. acesso em 24 de ouTubro de 2015. adaPTado. DEPREDAÇÃO DOS PATRIMÔNIOS PÚBLICOS NO BRASIL ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 35 V O LU M E Ú N IC O EXERCÍCIO 3: A partir da leitura dos temas abaixo e da realização de um brainstorm, organize seu planejamento. Se possível, escolha uma das estratégias sugeridas em sala para manter o paralelismo de seu texto. A I. hTTP://www.geografia.seed.Pr.gov.br/modules/galeria/uPloads/2/471consumo.jPg II. Nós somos consumidores agora, consumidores em primeiro lugar e acima de tudo. Para todas as dificuldades com que nos deparamos no caminho trilhado para nos afastar dos problemas e nos aproximar da satisfação, nós busca- mos as soluções nas lojas. Do berço ao túmulo, somos educados e treinados a tratar as lojas como farmácias repletas de remédios para curar ou pelo menos mitigar todas as doenças e aflições de nossas vidas particulares e de nossas vidas em comum. Comprar por impulso e se livrar de bens que já não são atraentes, substituindo-os por outros mais vistosos, são nossas emoções mais estimulantes. Completude de consumidor significa completude na vida. zygmunT bauman. a riqueza de Poucos beneficia Todos nós?, 2015. adaPTado. OS EFEITOS DO CONSUMISMO EXACERBADO ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... 36 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O B I. Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação. [...] Considerado em sua totalidade, o espetáculo é ao mesmo tempo o resultado e o projeto do modo de produção existente. Não é um suplemento do mundo real, uma decoração que lhe é acrescentada. É o âmago do irrealismo da sociedade real. [...] O espetáculo constitui o modelo atual da vida dominante na sociedade. guy debord. a sociedade do esPeTáculo. II. hTTPs://danielaPezzini.wordPress.com/2015/07/03/charge-midia-x-Prazer/ A HEGEMONIA DO EXIBICIONISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 37 V O LU M E Ú N IC O ANÁLISE DE REDAÇÕES 1 (ENEM) LC AULA 5 1. Análise de redações 1 Esta é a primeira aula do curso dedicada a uma análise dos textos de redação. A ideia é você possa refletir sobre a totalidade do texto dissertativo argumentativo, compre- endendo-o em suas características fundamentais, como es- trutura, linguagem, função e recorte. Além disso, é também o momento de rever as especificidades propostas pelas bancas, analisando de que forma os textos redigidos aten- dem aos critérios ou competências por elas exigidos. Leia a proposta de redação do ENEM 2021 e a reda- ção abaixo. Analise-as com cuidado e responda os exercí- cios 1 e 2: TEXTO I Toda sexta-feira, o ônibus azul e branco estacionado no pátio da Vara da Infância e da Juventude, na Praça Onze, Centro do Rio, sacoleja com o entra e sai de gente a partir das 9h. Do lado de fora, nunca menos de 50 pessoas, todas pobres ou muito pobres, quase todas negras, cercam o veículo, perguntam, sen- tam e levantam, perguntam de novo e esperam sem reclamar o tempo que for preciso. Adultos, velhos e crianças estão ali para conseguir o que, no Brasil, é oficialmente reconhecido como o primeiro documento da vida — a certidão de nascimento. [...] Ao longo do discurso desses entrevistados, fica clara a forma como os usuários se definem: “zero à esquerda”, “cachorro”, “um nada”, “pessoa que não existe”, entre outras, todas são ex- pressões que conformam claramente a ideia da pessoa sem regis- tro de nascimento sobre si mesma como uma pessoa sem valor, cuja existência nunca foi oficialmente reconhecida pelo Estado. escóssia, f. m. invisíveis: uma eTnografia sobre idenTidade, direiTos e cidadania nas TrajeTórias de brasileiros sem documenTo. Tese (douTorado em hisTória, PolíTica e bens culTurais). fundação geTúlio vargas. rio de janeiro, 2019. TEXTO II A Lei Nº 9 534 de 1997 tornou o registro de nascimento gra- tuito no Brasil. Só que o problema persiste, mostrando que essa exclusão é complexa e não se explica apenas pela dificul- dade financeira em pagar pelo registro, por exemplo. disPonível em: hTTPs://esTudio.r7.com/. acesso em: 22 jul. 2021 (adaPTado). TEXTO III A certidão de nascimento é o primeiro e o mais importante documento do cidadão. Com ele, a pessoa existe oficialmente para o Estado e a sociedade. Só de posse da certidão é possí- vel retirar outros documentos civis, como a carteira de traba- lho, a carteira de identidade, o título de eleitor e o Cadastro de Pessoa Física (CPF). Além disso, para matricular uma criança na escola e ter acesso a benefícios sociais, a apresentação do documento é obrigatória. disPonível em: hTTPs://www.senado.leg.br/. acesso em: 21 jul. 2021. TEXTO IV disPonível em: hTTPs://www.ufrgs.br/humanisTa. acesso em: 26 jul. 2021 (adaPTado). PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leiturados textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Invisi- bilidade e registro civil: garantia de acesso à cida- dania no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. 38 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Exercícios EXERCÍCIO 1: Considerando as características básicas do texto dissertativo-argumentativo e as especifici- dades da prova do ENEM, responda: a) Em que pessoa gramatical a redação está escrita? ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ b) Cite três expressões usadas no texto que evidenciem a impessoalidade característica do texto dissertativo-argumentativo. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ A Constituição Federal, promulgada em 1988, foi esboçada com o objetivo de delinear direitos básicos para todos os cidadãos. Entretanto, tal teoria não tem sido vista em metodologias práticas, uma vez que ainda há a falta do registro civil de milhares de pessoas, impedindo-as de garantir o acesso à cidadania no Brasil, o que gera a invisibili- dade social. Tal invisibilidade provoca inúmeras chagas, como a precarização do trabalho e a exclusão democrática. Diante desse cenário, é válido retomar o aspecto supracitado quanto à precarização do trabalho laboral. Nesse con- texto, é indiscutível que a ausência do registro civil primordial – a certidão de nascimento – impossibilita a pessoa de possuir outros documentos necessários para a vivência social, como, por exemplo, a carteira de trabalho. Dessa forma, é afirmativo que tal lacuna incorre na precarização do trabalho, uma vez que inviabiliza a efetivação dos direitos laborais, como férias remuneradas, ou, em casos mais extremos, torna o indivíduo vulnerável a trabalhos análogos à escravidão. Em consonância com tal tese, é possível citar a obra “Casa-grande e Senzala”, do autor Gilberto Freyre, na qual ele realiza uma comparação entre o Brasil hodierno e o Brasil Colônia, em que o trabalho escravo – ou seja, o ato laboral precarizado – é um instrumento de invisibilidade social. Sendo assim, torna-se evidente a essencialidade dos registros civis na garantia dos direitos trabalhistas para todos os brasileiros, o que, por sua vez, coopera em promover a visibilidade cidadã. Ademais, é essencial citar a exclusão democrática como uma das principais consequências da falta de registros ci- vis. Nessa perspectiva, é notável que a já citada ausência da certidão de nascimento impede, também, a realização do título de eleitor, documento necessário para o pleno exercício da democracia brasileira. Sob esse viés, é possível relacionar tal tese ao conceito de polifonia das cidades, desenvolvido pelo teórico Nick Couldry, no qual ele afirma que a democracia é constituída pela atuação das vozes de todos, e, por isso, onde não há a voz de alguém, não há democracia. Desse modo, fica evidente que a ausência do registro civil impossibilita a participação política, o que causa o silenciamento da voz daquele pseudocidadão brasileiro. Nota-se, portanto, a necessidade de reverter esse cenário de invisibilidade social causado pela ausência do registro civil. Para tal é intrínseco que o Governo Federal, órgão de maior importância no âmbito nacional, implemente mais Varas da Infância e da Juventude em locais de alta procura por esses serviços. Tal ação deve ser realizada por meio da criação de secretarias e/ou departamentos responsáveis por pesquisa e controle, a fim de haver um ma- peamento de cidades e regiões metropolitanas onde há maiores índices de invisibilidade social, para, assim, suprir a demanda requerida para o registro civil dos futuros cidadãos. Dessa forma, progressivamente haverá a garantia da cidadania para todos os brasileiros. a redação do enem 2022 - carTilha do ParTiciPanTe LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 39 V O LU M E Ú N IC O c) O autor do texto opta por uma tese focada nas consequências do problema apresentado na introdução. Transcreva o trecho do parágrafo introdutório em que essa tese é apresentada. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ d) Para defender seu argumento, no segundo parágrafo, o autor relaciona um elemento da realidade brasileira a uma teoria das ciências sociais. Explique, com suas palavras, que relação é essa. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ e) O parágrafo introdutório, de maneira clara e objetiva, apresenta o recorte temático proposto pela banca de redação. Transcreva o trecho da introdução em que o autor faz referência, com suas próprias palavras, à oração-tema proposta no ENEM de 2021. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ f) É possível notar que o autor dialoga, de forma nítida, com um dos textos motivadores. Que texto é esse? Como ele é retomado pelo autor da redação? ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ g) Quais referências socioculturais o autor utiliza para legitimar seus argumentos? A que áreas do conhecimento elas pertencem? ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ 40 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O h) Ao longo da redação, o autor se vale de diferentes conectivos para manter a coesão dentro de seu texto. Cite três conec- tivos que ligam períodos no segundo parágrafo. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ i) Observe o trecho abaixo: A Constituição Federal, promulgada em 1988, foi esboçada com o objetivo de delinear direitos básicos para todos os cidadãos. Entretanto, tal teoria não tem sido vista em metodologias práticas, uma vez que ainda há a falta do registro civil de milhares de pessoas, impedindo-as de garantir o acesso à cidadania no Brasil, o que gera a invisibilidade social. A quais termos/expressões/ideias as palavras em destaque se referem? ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ j) Leia a intervenção proposta pelo autor e aponte os elementos nela presentes, conforme descrição abaixo: AGENTE: AÇÃO: MEIO: FINALIDADE: DETALHAMENTO (indique também qual é o elemento detalhado): LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 41 V O LU M E Ú N IC O 1. Especificidades da Fuvest De acordo com último manual do candidato da FUVEST, a prova de redação exigia “uma dissertação de caráter argu- mentativo, na qual se espera que o candidato, visando susten- tar um ponto de vista sobre o tema, demonstre capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões; argumentar de forma coerente e pertinente; de articular eficientemente as partes do texto e expressar-se de modo claro, correto e adequado.” Exigências com essas não são novidade para as dissertações argumentativas. De modo geral, a ideia de refletir sobre da- dos e conceitos, tecer um ponto de vista e defendê-lo a partir de argumentos convincentes segue a mesma base dos ele- mentos vistos nas aulas anteriores. A grande diferença entre outras provas e a FUVEST está no modo como parte dessas competências são cobradas. No esquema abaixo, você encontrará algumas das especifici- dades e suas formas de avaliação na proposta da FUVEST. 1.1. O conceito de autoria A FUVEST valoriza a elaboração de textos em que a noção de autoria possa ser reconhecida. Isto é, o aluno deve fugir de estruturas pré-prontas e elaborar um texto argumenta- tivo a partir de suas próprias reflexões e ideias e dos tex- tos apresentados na coletânea. Portanto, cabe ao aluno, dentro de um tema mais amplo, ler a coletânea, de- finir um projeto autoral sobre a temática e desen- volvê-lo a partir de argumentos, fugindo de meras cópias dos textos motivadores ou do sensocomum a respeito do tema. Vale lembrar também que é impor- tante descartar fórmulas prontas para construir as partes do texto, como: “Desde a antiguidade, o homem...”, “Atu- almente, todos sabem que...,”, “Podemos concluir que...” Tais artimanhas são contraproducentes, porque podem ser utilizadas em quaisquer contextos, e também porque são repetidas todos os anos no vestibular, fatores que influen- ciam na falta de autoria do texto. Além disso, o conceito de autoria também se estende à noção de “repertório”. A FUVEST determina que o candi- dato não se prenda apenas aos textos da coletânea, mas que consiga articular o texto com um repertório pessoal de exemplos e de reflexões. Nesse ponto, não é exigida uma total erudição dos conceitos abordados – nenhum vestibu- lar obriga o candidato a citar exclusivamente Aristóteles, Platão, Rousseau ou Foucault: as teorias, sem dúvida são sempre bem-vindas, mas o mais importante é a capacidade de relacionar o tema abordado com elementos mais abs- tratos, sejam eles um filme hollywoodiano ou mesmo uma letra de rap. A única recomendação é que eles sejam perti- nentes ao assunto e que a reflexão seja bem construída e pertinente às ideias desenvolvidas. DICA: Nas provas da Fuvest, sempre procure trabalhar a autoria. Para isso, varie suas formas de apresentação de repertório e invista na leitura de livros e periódicos para ampliar o senso crítico e o repertório lexical. 1.2. Filosofia e vida em sociedade Em alguns dos últimos vestibulares, a redação da FUVEST pediu que os alunos relacionassem conceitos filosóficos com abordagens do cotidiano e da vida social como um todo. Diante disso, muitos alunos se equivocaram ao tratar o tema da prova como “absolutamente filosófico”, como se ele não estabelecesse muita correspondência com o plano material, e, portanto, fosse ainda mais complexo de ser abordado. No entanto, é importante ressaltar que a introdução da filosofia nas propostas de redação não representa uma limitação, ou uma abordagem ampla desconecta- da de exemplos concretos. Ao contrário disso, o desafio proposto pela FUVEST é de que o candidato encontre exemplos e conceitos reais que permitam compreender determinado princípio filosófico. 1.3. Desenvolvimento do tema e leitura da coletânea Diferentemente de outros vestibulares que avaliam o crité- rio "tema" isoladamente, observando se o aluno atende ou não à proposta solicitada, a FUVEST avalia a capacidade do aluno de desenvolver o tema apresentado. De modo geral, ESPECIFICIDADES DA FUVESTLC AULA 6 42 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O o tema não é avaliado apenas pela sua pertinência à proposta, mas sim pela sua profundidade e articulação com as ideias sugeridas nos textos motivadores. Nesse sentido, ela exige que o aluno faça uma escolha autoral para desenvolver aquele tema de forma profunda, a partir de um ponto de vista crítico, que transcenda os elementos da coletânea e analise as relações tensivas entre todos os elementos enfocados na proposta. Logo, é fundamental que seja feita uma leitura crítica e ampliadora da coletânea e que seja observada a possibilidade de se criar relações entre as ideias sugeridas por esses textos, e se possa ir além na discussão das ideias. 1.4. Posicionamento Assim como o ENEM, a FUVEST exige que o candidato elabore um posicionamento a respeito do tema abordado e discuta tais reflexões a partir de argumentos. Para tanto, convém ressaltar que esses argumentos não devem ser meramente expositivos: eles só fazem sentido se estiverem alinhados ao ponto de vista adotado. Como a presença de informações aleatórias e desconectadas da elaboração de um raciocínio lógico implica na penalização da nota, é interessante caprichar no projeto de texto e segui-lo rigidamente, evitando a inclusão de informações desnecessárias. 1.5. Formato do recorte temático O último recorte temático proposto pela FUVEST, no vestibular de 2023, apresentou a seguinte oração-tema:"Refugiados ambientais e vulnerabilidade social". Nesse caso, a banca optou por apresentar um tema que exigia do candidato a arti- culação entre duas questões sociais, o que destoava das propostas mais reflexivas e abstratas das edições anteriores. No entanto, de modo geral, essas orações-tema costumam aparecer a partir de afirmações ou perguntas: “O homem já saiu de sua menoridade?” (2017), “Deve haver limites para a arte?” (2018), "De que maneira o passado contribui para a compre- ensão do presente?” (2019), "O papel da ciência no mundo contemporâneo" (2020), "O mundo contemporâneo está fora da ordem?" (2021), "As diferentes faces do riso" (2022). Caso a prova seja composta por esses questionamentos, é fundamental que o texto do aluno procure elaborar reflexões respondendo à indagação, ainda que para isso seja necessário tecer hipóteses e fazer ressalvas – isto é, expor a legitimidade de posicionamentos contrários. Só não vale cair em contradição, nem levar a discussão para longe, abandonando a pergunta inicial. De modo geral, é importante sempre estar atento ao modo como a banca da FUVEST elabora seu recorte temático e procurar ao máximo compreender qual é a proposta solicitada. 1.6. Valorização da reflexão De modo geral, o vestibular da FUVEST valoriza muito a capacidade de reflexão do aluno, já que poucas de suas propostas contemplaram temas polêmicos ou aguardados nos grandes vestibulares. Além disso, não se costuma adotar um modelo padrão de apresentação da coletânea: ela pode ser composta de excertos de gêneros diferentes – texto jornalístico, texto filosófico, texto literário, verbetes, entre outros; pode ser feita com apenas um texto filosófico – como na proposta de 2017, cujo único fragmento era um texto de Immanuel Kant; ou pode ser projetada a partir de textos não-verbais – como na prova de 2013, na qual constava somente a imagem de um Shopping center e de uma publicidade de cartão de crédito. Nos últimos exames, a proposta de redação não se distanciava muito de outros modelos, oferecendo perguntas-tema ou afirmações, acompanhadas de diferentes textos na coletânea. No entanto, é importante que o candidato à FUVEST esteja preparado para lidar com qualquer modelo de proposta de redação. Tendo em vista esse cenário, a solução mais adequada é treinar bastante a reflexão a partir dos textos e também caprichar na construção de um repertório pessoal, já que o candidato pode encontrar um tema sobre o qual nunca se debruçou, e, portanto, não possui um posicionamento definido. 1.7. Apresentação direta da problemática Não é recomendável, na FUVEST, que o candidato perca tempo apresentando ideias gerais sobre o assunto e, portanto, demore para iniciar a discussão da problemática apresentada e mostrar seu ponto de vista. Muito pelo contrário, as reda- ções que já trazem na introdução a posição do autor costumam ser bem avaliadas. Quanto mais cedo as contradições são expostas e o senso crítico aparece, mais linhas o candidato tem para argumentar a favor de seu ponto de vista. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 43 V O LU M E Ú N IC O 1.8. Não exigência de proposta de intervenção A FUVEST não exige uma proposta de intervenção para as discussões apresentadas na prova de redação, até mesmo porque seus temas não se vinculam necessariamente a um problema cuja resolução esteja ao alcance de diferentes setores, como esperado no ENEM. Caso seja pertinente e esteja em consonância com a argumentação construída, em alguns temas espe- cíficos, o candidato pode sugerir intervenções em diferentes níveis. 1.9 Valorização de um vocabulário expressivo Na redação da FUVEST, não basta que o aluno não cometa desvios gramaticais ou ortográficos na escrita. É importante que suas escolhas vocabulares estejam muito adequadas ao tema desenvolvido. A ideia é sempre caprichar na escolha do léxico e da sintaxe para descrever as ideias que se quer defender. Um bom uso de substantivos abstratos, adjetivo, verbos,é um gênero textual que se caracteriza por apresentar, analisar e explicar um determinado assunto. Ou seja, ela propõe a discussão de um tema a partir da análise e do questionamento dos elementos de um todo. A disserta- ção argumentativa segue a mesma linha; contudo, além da exposição, ela exige a defesa um ponto de vista claro e coerente, sustentado por argumentos convincentes. Trata-se do modelo de texto exigido na maior parte dos vesti- bulares do país. Ainda que muitos alunos tenham dificuldade para encará-lo – pois há pouco tempo na prova para reflexão, planejamento e escrita –, é preciso lembrar que a base de sua composição está presente o tempo todo no dia a dia. Nas redes sociais, no encontro com amigos ou nos jantares em família, as pessoas passam boa parte do tempo tentando defender seus pontos de vista sobre diferentes temas e bus- cando convencer os interlocutores a respeito de suas ideias. A grande diferença entre essas discussões e a prova de reda- ção está no modo e no cuidado com que são defendidas as perspectivas. No vestibular, é preciso expor ideias ancoradas em argumentos realmente sólidos, capazes de convencer qualquer leitor genérico interessado no assunto. Tudo com uma boa dose de reflexão crítica e de clareza; e com um pouquinho de criatividade. Nesta aula, serão apresentados os principais elementos da dissertação argumentativa esperada nos vestibulares. Co- nhecer as características de cada um deles auxilia a tornar a escrita da redação um processo mais fácil, menos doloroso e muito mais estimulante. 1.1. Estrutura da dissertação-argumentativa A dissertação argumentativa é dividida em três parte que de- vem ser facilmente reconhecidas pelo corretor: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão: INTRODUÇÃO Trata-se do parágrafo ini- cial do texto. Ele tem função de situar o leitor a respeito do assunto e da problemática a serem tratados e de anunciar o direcionamento a ser desen- volvido ao longo do texto, isto é, a tese. DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento da redação ocorre nos parágrafos inter- mediários do texto. Eles apre- sentam os argumentos selecio- nados para a defesa da tese. CONCLUSÃO Trata-se do parágrafo de encerramento da redação. A depender do vestibular, pode apresentar uma reiteração da tese e dos argumentos desen- volvidos ou apresentar uma intervenção para o problema discutida (ENEM). DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVALC AULA 1 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 5 V O LU M E Ú N IC O 1.2. Elementos básicos 1.2.1. Tese É a formulação da ideia principal a ser defendida no texto. Em outras palavras, trata-se do posicionamento do autor a respeito do tema abordado. A função da tese é resumir em um período a visão que o autor pretende desenvolver ao longo do texto. Por isso, seu desenvolvimento pressupõe a escrita de um período argumentativo, ou seja, composto pela opinião do autor do texto. Nos exemplos, o primeiro parágrafo é encerrado pela tese: Ex.:1 O advento da internet possibilitou um avanço das formas de comunicação e permitiu um maior acesso à informação. No entanto, a venda de dados particulares de usuários se mostra um grande problema. Apesar dos esforços para coibir essa prática, o combate à manipulação de usuários por meio de controle de dados representa um enorme desafio. Pode-se dizer, então, que a negligência por parte do governo e a forte mentalidade individualista dos empresários são os principais responsáveis pelo quadro. (Trecho exTraído de redação noTa 1000 do ano de 2018. carTilha do ineP - 2019. ) Ex.:2 Com o fim da Guerra Fria e o colapso da União Soviética, o capitalismo ascendeu como modelo econômico prepoderante no mundo todo. Entretanto, sua influência não se restringiu apenas à esfera econômica, expandiu-se também para o âmbi- to social, transformando-as relações interpessoais. Agora, os indivíduos têm sua existência definida a partir de seu poder de compra, sendo, portanto, categorizados sob a óptica do mercado que humaniza aqueles que podem consumir e exclui aqueles desprovidos de capital. (Trechos exTraídos de redação noTa máxima do unesP 2020 – esTaTísTicas - aProvados medicina unesP 2020 - @desemPenhosmed) Dica: Sempre seja bem objetivo na sua sua tese. Prefira escrevê-la com a maior clareza possível para que o leitor não fique com dúvidas a respeito de seu ponto de vista. 1.2.2. Argumento Argumentos são elementos que servem para comprovar e sustentar a tese ou o desdobramento de tese e devem ser reconhecidos como verdadeiros na discussão do tema. O desenvolvimento da argumentação estará comprometido se os argumentos forem falsos ou pouco prováveis. Os argumentos costumam apresentar exemplos, comparações, relações de causa e consequência, analogias e argumentos de autoridade destinados a comprovar a ideia a ser defendida. Observe o exemplo de argumento no parágrafo abaixo: A priori, é imperioso destacar que a manipulação da conduta dos usuários, pelo controle dos seus dados nas plataformas virtuais, é fruto do despreparo civil para lidar com a influência das tecnologias. Isso porque, mediante a ausência de uma orientação adequa- da, os indivíduos são expostos, cotidianamente, a conteúdos selecionados por algoritmos que direcionam os materiais, segundo os gostos pessoais. Esse panorama se evidencia, por exemplo, quando se observa a elaboração superficial de um “ranking“ diário de informações em plataformas digitais como “Twitter”, em que o grau de relevância da disposição de conteúdos já é pré-deter- minado. Logo, é substancial a alteração desse quadro que vai de encontro à possibilidade de escolha inerente ao homem. redação noTa 1000 enem 2018, Publicada na carTilha “redação a mil - 2018” 6 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 1.2.3. Reflexão crítica A elaboração da redação exige um momento de reflexão especial do candidato. Na maior parte dos casos, é mais produtivo dedicar um tempo maior para a análise do tema e para a seleção dos argumentos que para a própria escrita, uma vez que a construção de um ponto de vista claro e objetivo é a principal finalidade do texto. Uma das maneiras de refletir criticamente sobre um assunto é separar o “joio do trigo”. No caso das dissertações-argumenta- tivas, a reflexão pode ser iniciada separando o senso comum do senso crítico. O senso crítico se encarrega de analisar a fundo as problemáticas discutidas observando seu surgimento, suas causas e seus principais agentes; o senso comum, por sua vez, apenas reflete uma opinião superficial ou limitada, usualmente baseada em hábitos, crenças e preconceitos ou numa visão menos esclarecida sobre determinada situação. O esquema abaixo pode ajudar a compreender essa diferença: SENSO COMUM Clichês, chavões, frases feitas. Generalizações e visões limitadas. Ex.: A educação é o principal pilar da formação do indivíduo. SENSO CRÍTICO § Compreensão dos agentes causadores do problema. § Análise de razões históricas do problema. § Confronto entre a imagem do problema na teoria e na vida real. § Apresentação de dados, exemplos da vida real e funda- mentos teóricos. Ex.: Embora muitos considerem a educação o principal pilar forma- dor dos cidadãos, a realidade das escolas brasileiras nem sempre segue essa premissa. Em muitas delas, os professores possuem baixos salários e, por conta disso, precisam atribuir um número ele- vado de aulas, o que prejudica seu desempenho em sala de aula e, consequentemente, a formação do aluno. Além disso, a escola também reproduz formas de preconceito e discriminação capazes de afetar diretamente a vida social e afetiva dos alunos. 1.3 Aspectos da dissertação-argumentativa A lista abaixo é composta pelos principais critérios de redação exigidos nos exames. É importante sempre ter essas informa- ções em mente: elas podem ajudar a elaborar um texto de melhor qualidade. Aspectos exigidos nas dissertações argumentativas (principais critérios) § Adequação entredeslocamentos e inversões podem enriquecer a linguagem no seu texto, e ajudar a descrever os processos abordados ao longo da redação. 2.Critérios Desenvolvimento do tema e organização do texto dissertativo-argumentativo Verifica-se inicialmente se o texto configura-se como uma dissertação argumentativa e se atende ao tema proposto. Pressu- põe-se, então, que o candidato demonstre habilidade de compreender a proposta de redação e, quando esta contiver uma coletânea, que se revele capaz de ler e de relacionar adequadamente as ideias e informações dos textos que a integram. No que diz respeito ao desenvolvimento do tema, verifica-se, além da pertinência das informações e da efetiva progressão temática, a capacidade crítico-argumentativa que a redação venha a revelar. A paráfrase de elementos que compõem a proposta de redação não é um recurso recomendável para o desenvolvimento adequado do tema. Não se recomenda, também, que o texto produ- zido se configure como uma dissertação meramente expositiva, isto é, que se limite a expor dados ou informações relativos ao tema, sem que se explicite um ponto de vista devidamente sustentado por uma argumentação consistente. Coerência dos argumentos e articulação das partes do texto Avaliam-se, conjuntamente, a coerência dos argumentos e das opiniões e a coesão textual, ou seja, a correta articulação das palavras, frases e parágrafos. A coerência reflete a capacidade do candidato de relacionar os argumentos e organizá-los de forma a deles extrair conclusões apropriadas e, também, sua habilidade para o planejamento e a construção significativa do texto. Devem-se evitar contradições entre frases ou parágrafos, falta de encadeamento das ideias, circularidade ou quebra da progressão argumentativa, uso de argumentação baseada apenas no senso comum e falta de conclusão ou conclusões que não decorram do que foi previamente exposto. Quanto à coesão, serão verificados, entre outros, o estabelecimento de relações semânticas entre partes do texto e o uso adequado de conectivos. Correção gramatical e adequação vocabular Avaliam-se o domínio da norma-padrão escrita da língua portuguesa e a clareza na expressão das ideias. Serão examinados aspectos gramaticais como ortografia, morfologia, sintaxe e pontuação, e o emprego adequado e expressivo do vocabulá- rio. Espera-se que o candidato revele competência para expor com precisão e concisão os argumentos selecionados para a defesa do ponto de vista adotado, evitando o uso de clichês ou frases feitas. Avalia-se, também, a seleção adequada do vocabulário, tendo em vista as peculiaridades do tipo de texto exigido. 44 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Veja uma redação a FUVEST 2020 – Tema: O papel da ciência no mundo contemporâneo Escribas e cientistas Na antiguidade, o conhecimento e a ciência eram restritos aos escribas, responsáveis pela transcrição e perpetuação desse conteúdo. No período clássico, mesmo com o advento da política, a ciência permaneceu exclusiva. Somente com a revolução científica o acesso à ciência foi facilitado possibilitando um maior desenvolvimento e produção desta. Esses co- nhecimentos, no entanto, na contemporaneidade, assumiram a forma do capital e foram incorporados à sua lógica. Dessa maneira, em uma sociedade que mercantiliza o conhecimento, a ciência adquire o papel restrito de reprodutora do capital. O indivíduo, por sua vez, tendo acesso aos saberes, mas pautado no senso comum, reproduz essa estrutura de ignorância, utilizando o saber científico para sustentar teses subjetivas que atendam a seu interesse. Se a ciência como fim em sim é desvalorizada, resta a ela os meios. Em um contexto de capitalização do conhecimento, disciplinas que permitem um “retorno material” tendem a ser mais almejadas e ganham destaque, maiores investimentos e adeptos. Nesse sentido, o carro é o fruto máximo da mecânica, os altos edifícios, o resultado da razão engenheira e ambos levam à melhora da civilização. Por necessário contraste, aquelas vistas apenas como produtoras de conhecimento, como a filosofia e sociologia, são marginalizadas e muitas vezes, tidas nem mesmo como ciências. Nesse viés, o corte de bolas para mestrado e doutorado no Brasil e a diminuição dos investimentos nas áreas de humanidades exemplificam a tendência capitalista em que o produto final é endeusado acima do conhecimento que o permitiu existir, revelando, nas palavras de Karl Marx, o poder da infraestrutura (economia) sobre a superestrutura (ciência). Assim, a ciência assume o papel de coadjuvante atuando para permitir o “progresso” da sociedade, nos moldes do capital. Quando a ciência pura perde espaço no meio acadêmico, o resultado é a sua apropriação indiscriminada pelos indivíduos. O caráter incontestável que esta adquire nesse cenário acaba por criar o paradoxo do saber: a negação da ciência pela pró- pria ciência. Desse modo, é possível citar Bauman para terminar um relacionamento, ou Bentam para exigir prisão perpétua de criminosos ou ainda apelar à geografia para afirmar o terraplanismo e às teorias biológicas para refutar a vacinação. Tal banalização da ciência é amplificada pela presença das redes sociais que exigem o constante posicionamento acerca de assuntos muitas vezes desconhecidos ao usuário. A consequência dessa dinâmica é a utilização da ciência para benefício próprio ou comprovação do senso comum, ainda que o contexto de sua utilização seja equivocado. O papel da ciência, por fim, no mundo contemporâneo resume-se a atender as demandas do capital e as exigências individuais para elevação pessoal. Enquanto o valor da ciência como protagonista dos conhecimentos, possuidores de valores em si mesmos, for ig- norado, resta à sociedade contentar-se com os “escribas” que opinam na internet e com os “cientistas” que comercializam o saber. redação noTa 48 fuvesT 2020 – maTerial divulgado em “esTaTísTicas e desemPenho dos alunos da 108ª Turma da faculdade de medicina da universidade de são Paulo” Pela Página @desemPenhosmed 3. Resumo Lembre-se das especificidades da § Proposta que discute temas amplos e atemporais, geralmente de caráter mais abstrato; § Coletânea composta por textos de diferentes gêneros: pinturas, poemas, textos da filosofia, sociologia ou história; DICAS: § Evite fórmulas prontas ou muito engessadas: Você não precisa estruturar seu texto com mecanismos de coesão tão comuns como “Em primeira análise..” etc. § Fundamente seus argumentos e crie sua introdução a partir de um repertório sociocultural diferente: Evite citações “coringas”. Nesses casos, prefira referir-se ao conceito do autor. § Analise o recorte temático e a coletânea de modo profundo: Na FUVEST, o aluno é avaliado pela capacidade de desenvolver aquele tema. Ou seja, mais do que compreendê-lo, é fundamental estabelecer uma análise profunda da discus- são proposta, a partir de um projeto autoral. § Atente à escolha do léxico. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 45 V O LU M E Ú N IC O 4. Exercício EXERCÍCIO 1: LEIA OS TEXTOS E FAÇA O QUE SE PEDE: A TEXTO 1 caulos. só dói quando resPiro. TEXTO 2 Trabalhas sem alegria para um mundo caduco, onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo. Praticas laboriosamente os gestos universais, sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual. Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas, e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção. “elegia 1938”. carlos drummond de andrade Redija um parágrafo no qual você descreva semelhanças entre a imagem e o poema. ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. 46 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O B TEXTO 1 cao guimaraes. gambiarra.(2000-2014) TEXTO 2 O jeitinho é a regra não escrita, sem existência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e macrossociais. Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem, reconheça- se) pode ser entendido como pedantismo, arrogância ou ignorância. jeiTinho e jeiTão” – francisco de oliveira, sociólogo brasileiro. revisTa Piauí, 2016. Redija um parágrafo no qual você descreva semelhanças entre a obra de arte e o excerto. ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 47 V O LU M E Ú N IC O 1. Introdução De modo geral, o primeiro parágrafo da redação possui uma tarefa importante: situar o leitor a respeito do assunto e da problemática a serem tratados, e anunciar o direciona- mento a ser desenvolvido ao longo do texto. É a introdução que contextualiza o leitor a respeito daquilo que será apre- sentado ao longo da redação e que determina a posição do autor acerca da temática analisada. No entanto, a introdução também é responsável por atrair os olhos do leitor por meio da empatia. Embora não seja uma exigência específica dos critérios de correção, um pa- rágrafo introdutório mais sedutor ou até mesmo criativo influencia positivamente a leitura do restante da redação, e ainda, em alguns casos, demonstra personalidade do autor. Para isso, apresentaremos nessa aula os principais aspectos que compõem a introdução da dissertação argumentativa. Analisaremos diferentes maneiras de iniciar a redação, acom- panhadas de excertos das melhores redações do ENEM e da FUVEST em sua maioria. Para os iniciantes, algumas mais simples, cujo objetivo seja garantir uma apresentação ade- quada da abordagem a ser feita. Para os que desejam apri- morar a empatia no parágrafo introdutório, algumas mais elaboradas, que exigem maior repertório e criatividade. A escolha – a critério do aluno – dependerá de sua própria se- gurança em relação ao desenvolvimento de toda a redação. 2.Composição da introdução Como já abordamos, as funções da introdução se resumem em contextualizar o assunto e apresentar o posicionamen- to do autor. Nesse sentido, precisamos reconhecer que essa estrutura pressupõe 2 partes. Uma mais geral, que situa o leitor a respeito do assunto; e uma mais específica, res- ponsável por apresentar a perspectiva adotada pelo autor diante daquele tema. Observe o parágrafo a seguir: Em sua obra “O cortiço”, publicada em 1890, o escritor Aluísio Azevedo retrata parte da população pobre do Rio de Janeiro obrigada a viver em espaços aglomerados e a pagar altos aluguéis por essas habitações. No livro, mesmo os personagens que trabalhavam horas a fio não possuíam situação financeira suficiente para habitar outros espaços com condições mínimas de dignidade. Na contemporaneidade, de modo análogo, o acesso à moradia digna para as classes baixas nas cidades con- tinua a ser praticamente inviável, seja em razão da ine- ficiência do Estado ao negligenciar esse direito, ou da especulação imobiliária que se apropria ferozmente dos espaços urbanos. É possível perceber que o texto se inicia com uma referência à literatura que situa o leitor em uma temática específica: as condições de moradia da população pobre no cenário carioca de 1890. Em seguida, realiza-se uma comparação com o presente , mostrando que a condição de moradias atualmente não são muito diferentes daquelas descritas por Aluísio. Por fim, o autor evidencia sua tese, isto é, seu posicionamento central a respeito do tema. De modo geral, pode-se ver que o parágrafo de introdução se subdivideem três partes essenciais que criam uma rela- ção direta entre si, como segue no esquema abaixo: CONTEXTUALIZAÇÃO Repertório: Em sua obra “O cortiço”, publicada em 1890, o escritor Aluísio Azevedo retrata parte da população pobre do Rio de Janeiro obrigada a viver em espaços aglome- rados e a pagar altos aluguéis por essas habitações. No livro, mesmo os persona- gens que trabalhavam horas a fio não possuíam situação financeira suficiente para habitar outros espaços com condições mínimas de dignidade. DIRECIONAMENTO Apresentação do tema: Na contemporaneidade, de modo análogo, o acesso à moradia digna para as classes baixas nas cidades continua a ser praticamente inviável, Tese: Seja em razão da ineficiência do Estado ao negligenciar esse direito, ou da espe- culação imobiliária que se apropria ferozmente dos espaços urbanos. INTRODUÇÃO I: ESTRUTURALC AULA 7 48 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Procure elaborar suas estratégias de introdução tendo em vista essas duas articulações: a contextualização e o direciona- mento. Lembre-se que apenas uma ou outra dentro do texto não contempla todas as necessidades de um parágrafo intro- dutório. Por isso, redija-as, obedecendo as especificidades de cada uma delas. 3. Estratégias de introdução 3.1. Apresentação da questão Esse modelo de introdução, usado por muitos alunos, é um dos mais seguros para os que possuem mais dificuldade de iniciar a redação. Ele pode ser iniciado por afirmações, declarações gerais e até mesmo exemplos a respeito do assunto, seguidos de exposição da problemática que envolve o tema e, finalmente, a tese do autor. Observe o exemplo: Ao longo de toda a história brasileira, diversos entraves foram encontrados na tentativa de desenvolvimento da nação. In- felizmente, dentre eles, destaca-se, devido à sua recorrência na conjuntura hodierna, a difícil democratização do acesso ao cinema no Brasil. A partir de uma análise desse impasse, percebe-se que ele está vinculado não só à desigualdade regional — que é enorme no país —, mas também à ineficácia do Estado na solução desse infortúnio. Trecho exTraído de redação noTa 1000 do enem 2019, Publicada na carTilha “redação a mil 2.0” 3.2. Uso de imagens Esse modelo consiste em apropriar-se de uma imagem/metáfora que, de alguma forma, relacione-se com o assunto em questão. Trata-se selecionar uma imagem (dentro de um universo simbólico) que conduzirá o raciocínio a ser construído. Essa imagem pode ser uma história, uma anedota, um dito-popular, isto é: algo que aparentemente não se relaciona com o tema, mas que é usado como forma de construir uma analogia. Observe os exemplos: O regresso social reside na alienação política Certa vez, quando questionado sobre seu posicionamento político, o diplomata e escritor, Guimarães Rosa respondeu ser apolítico. Tal declaração vinda de um gênio da literatura causou espanto em muitos, eis que desde a Grécia antiga até hodiernamente a participação política de cidadãos mostrou-se fundamental à constituição de um estado, uma vez que ela acarretará num plano piloto que designará quais serão os interesses estatais a serem buscados em prol de um dado povo e conforme as peculiaridades de uma dada nação. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2012) A proposta de redação da FUVEST 2008 propôs a discussão sobre o mundo digital e a circulação de informações nas redes. O exemplo abaixo, extraído de umas das melhores redações da proposta, usa a metáfora de uma brincadeira para iniciar o texto: Telefone sem fio A maioria das pessoas conhecem uma brincadeira chamada “telefone sem fio”, em que uma pessoa diz para outra uma frase, que vai sendo repassada até chegar ao último participante. Quando comparamos a frase inicial com a final, normal- mente notamos uma grande diferença. Algo parecido com essa brincadeira tem acontecido com as informações. Através da televisão, da internet e de muitos outros meios, temos acesso às informações finais, no entanto, é difícil sabermos o quão diferente elas estão em relação às iniciais. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2008) 3.3. Dados históricos O uso de dados históricos é um dos modelos mais usados na introdução justamente por ser uma forma segura de iniciar o perío- do. No entanto, é preciso ter cuidado: a informação deve estar diretamente relacionada com o tema e deve ser usada apenas para introduzir a questão. Muitas vezes, alguns alunos exageram nos detalhes históricos e esquecem o objetivo principal, deixando a introdução longa e tediosa. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 49 V O LU M E Ú N IC O Veja os exemplos: Com a consolidação do capitalismo ocorrida ao final da Guerra Fria o cinema sofreu transformações para adequar o seu con- teúdo à demanda de consumo desse modelo. Desde então, o cinema tornou-se um dos principais meios de acesso e difusão da cultura, no entanto, o Brasil enfrenta desafios para democratizar o acesso ao cinema à população, seja pelo baixo incentivo para frequentá-lo — fruto da negligência escolar em estimular o apreço pelos filmes —, seja pela escassez de cinemas. Trecho exTraído de redação noTa 1000 do enem 2019, Publicada na carTilha “redação a mil 2.0” A participação política na dinâmica pós-moderna: comodismo e descaso O surgimento da ciência política remonta à época da Antiguidade, ainda quando os gregos se organizavam em torno da pólis e começavam a definir os primeiros conceitos de cidadania que, posteriormente, difundir-se-iam pelo mundo. É indis- cutível a importância da política para a, então, formação da sociedade tal como ela é conhecida na contemporaneidade. A partir dela, foram definidos direitos e deveres e, ainda mais relevante, tornou-se possível a participação do povo nas decisões que dizem respeito à vida em comunidade. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2012) 3.4. Referências ficcionais Outra forma produtiva de se iniciar uma redação é a partir do uso de referências da ficção, isto é, menções a filmes, livros, séries, poemas e até mesmo pinturas. Para empregar essa técnica, é preciso criar uma relação entre um aspecto da obra e a realidade do tema abordado, estabe- lecendo semelhanças, diferenças e outras analogias possíveis. No entanto, a recomendação é a mesma do uso de dados históricos:a referência ficcional só deve entrar se ela efetivamente puder criar uma analogia com o tema discutido. Veja abaixo os diferentes modelos de introdução a partir de citações: No longa-metragem ganhador do Oscar “A invenção de Hugo Cabret”, narra-se o cotidiano de um jovem garoto órfão que, apesar de viver - sob precárias condições - em uma estação de trem parisiense, frequenta, clandestinamente, uma sala de cinema próxima ao seu lar como uma forma de afastar-se de sua infeliz realidade. Tal obra fictícia, além de expor um dos benefícios da i da a esse tipo de estabelecimento, também denuncia a desigualdade do acesso à artecinematográfica, semelhantemente ao que ocorre no Brasil contemporâneo. Nesse âmbito, faz-se necessário analisar dois entraves acerca do óbice social apresentado: os elevados custos para a entrada em cinemas - incompatíveis com a condição financeira de camadas populares - e a falta de mobilização cidadã em prol da equidade dos direitos relacionados a essa situação. TreCho exTraído de redação noTa 1000 do eneM 2019, publiCada na CarTilha “redação a Mil 2.0”a difíCil Tarefa do ser Tyler Durden, concretização de uma série de desejos secretos e de frustrações do personagem principal de “O clube da luta”, abre uma discussão acerca do ser e do sentir numa era em que o consumo é imperativo. O filme, baseado no livro homônimo, levantou polêmicas ao retratar um indivíduo desconectado de sua identidade que buscou satisfazer no consu- mo suas faltas. Esse consumo, no entanto, não evitou a criação de Durden por camadas mais profundas de sua mente, não evitou a criação de um rapaz plenamente consciente de suas vontadese de seu corpo. O longa metragem aponta a metá- fora: vivemos sufocando Tyler Durden, aquele que sabe quem é e o que quer, já que há uma ideologia circundante pregando que tudo aquilo de que precisamos ou que queremos está à venda e que, se está à venda, é uma necessidade ou um desejo. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2013) O cortiço consumista No livro “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, retrata-se o grande poderio com que o espaço massifica as pessoas, exercendo forte influência sobre seus comportamentos e relações. Analogamente, em muitos anúncios publicitários, nota-se a força que a propaganda tem de estimular os indivíduos a uma determinada mentalidade como se fossem frutos de espaços ideológicos e físicos, principalmente quando se trata dos templos de consumo, os “shoppings centers”. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2013) 50 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 3.5. Uso de Leis Também é possível introduzir a redação apresentando dados de leis que se relacionem com o tema abordado. É comum encontrar redações que se referem à Constituição Federal Brasileira, ao Estatuto da Criança e do Adolescente e a outras determinações legais, estabelecendo uma relação entre tais leis e os recortes temáticos propostos. A dica é usar apenas os dados de leis que, efetivamente, possam estabelecer uma analogia com a discussão realizada. Embora a Constituição Federal de 1988 assegure o acesso à cultura como direito de todos os cidadãos, percebe-se que, na atual realidade brasileira, não há o cumprimento dessa garantia, principalmente no que diz respeito ao cinema. Isso acontece devido à concentração de salas de cinema nos grandes centros urbanos e à condição cultural de que a arte é direcionada aos mais favorecidos economicamente. TreCho exTraído de redação noTa 1000 do eneM 2019, publiCada na CarTilha “redação a Mil 2.0” 3.6. Uso de teorias filosóficas/sociológicas e de outras áreas científicas Usar recortes teóricos da filosofia e da sociologia na introdução da redação pode ser uma boa alternativa para o seu texto, pois essas áreas dialogam, direta ou indiretamente, com questões sociais, políticas, científicas, culturais e comportamentais que estão presentes em muitas propostas de redação. A dica é tentar selecionar um repertório bem adequado à temática discutida e caprichar na conexão entre esse repertório e a apresentação do tema. Além disso, é fundamental conhecer bem o conceito e saber escrever o nome do autor da obra, pois isso trará legitimidade e veracidade às analogias estabelecidas. “Na obra “Brasil: uma biografia”, as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling apontam ao leitor as idiossincrasias da sociedade brasileira. Dentre elas destaca-se “a difícil e tortuosa construção da cidadania”. Embora o país possui uma das legislações mais avançadas do mundo, muito do que nela se prevê não se concretiza. Tal fato é evidenciado no âmbito da democratização do acesso ao cinema, tendo em vista que apesar dos brasileiros possuírem o acesso à cultura como direito constitucional, a ineficiência do Estado associado a uma cultura de aceitação por parte dos brasileiros faz com que a cidadania não seja gozada por todos de maneira plena. TreCho exTraído de redação noTa 1000 do eneM 2019, publiCada na CarTilha “redação a Mil 2.0” 3.7. Desconstrução do senso comum A redação também pode ser introduzida com a contestação de conceitos generalizantes a respeito do tema. Nesse modelo, apresen- ta-se um discurso próprio do senso comum que, em seguida, é invalidado pelos argumentos do autor. Em outros termos, trata-se de apresentar de uma questão que parece ser coerente, e na sequência, exibir as razões que a tornam equivocada. Observe os exemplos: (Redação sem título) É muito comum ouvir da boca de jovens hoje em dia que são apolíticos ou que a política não os diz respeito. Ainda assim, o Brasil possui um gigante movimento estudantil que participa das mais variadas discussões e lutas. É possível não ser engajado – seja por preguiça ou acomodação – mas apolítico, nunca. A política está presente em toda e qualquer detalhe da vida econômica e social, ela é indispensável e ser apolítico é uma ilusão. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2012) Política: visão do indivíduo sobre a sociedade Quando se pensa em participação política, a primeira ideia que se tem em mente é o interesse das pessoas pelo que acon- tece na sociedade, as decisões dos governantes e demais autoridades, eleições, partidos políticos e possíveis melhorias que deveriam ser feitas. Mas, o que muitas vezes não é percebido é que acrescente campanha de reavivamento do interesse pela política que poderia ser considerada como mais uma artimanha para introduzir e absorver cada vez mais os indivíduos para o senso de pseudo-coletivismo, uma falsa sensação de estar contribuindo para a ordem e o progresso da sociedade, mascarada pela ideia ilusória de democracia, resultando em uma consequente perda de sua identidade natural. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2012) LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 51 V O LU M E Ú N IC O 4. Resumo ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA INTRODUÇÃO: Uso de um repertório para a contextualização do tema, apresentação do recorte temático proposto e apresentação da tese. CONTEXTUALIZAÇÃO Repertório: Inicie o texto com algum repertório sociocultural para poder criar uma analogia com o tema a ser discutido. (Literatura; História; Sociologia; Filosofia; Legislação). DIRECIONAMENTO Apresentação do tema: A partir da analogia estabelecida, apresente o tema da redação. Use palavras próximas ao recorte temático para garantir a compreensão do tema. Tese: Apresente o seu posicionamento a respeito do tema proposto ESTRATÉGIAS DE COMPOSIÇÃO DA INTRODUÇÃO DADOS HISTÓRICOS REFERÊNCIAS FICCIONAIS DESCONSTRUÇÃO DO SENSO COMUM DADOS DE LEIS APRESENTAÇÃO GERAL DA TEMÁTICA TEXTOS FILOSÓFICOS E SOCIOLÓGICOS USO DE IMAGENS 5. Exercícios EXERCÍCIO 1: Identifique as estratégias de introdução empregadas nos parágrafos abaixo: a) Com a ascensão de Juscelino Kubitschek ao poder, a política de abertura da economia brasileira entrou em ação mais vigo- rosamente do que em qualquer outro episódio da história do Brasil . Nesse cenário, a entrada de automóveis no Brasil como produtos de consumo foi cada vez maior. No entanto, o governo não tomou como prioridade a fiscalização das estradas do país e uma prática nociva tornou-se comum: beber e dirigir. Recentemente, o governo implantou a Lei Seca, visando diminuir os efei- tos dessa prática. Nesse contexto, cabe analisar os aspectos positivos da aplicação dessa Lei , e como ela pode ser melhorada. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem 2013) b) O progresso roda constantemente sobre duas engrenagens. Faz andar uma coisa esmagando sempre alguém.” A frase, do escritor e pensador francês Vitor Hugo, exprime a ideia de que o sistema capitalista funciona baseando-se na exploração constante dos indivíduos. Analisando esse conceito atrelado à conjuntura atual , nota-se que a publicidade direcionada às crianças, no Brasil , possui um caráter predatório, funcionando como meio de criação de futuros consumistas e explorando a relativa facilidade de se persuadir uma criança, através do uso de elementos do universo infantil. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem 2014) c) A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro – assegura a todos a liberdade de cren- ça. Entretanto, os frequentes casos de intolerância religiosa mostram que os indivíduos ainda não experimentam esse direito na práti- ca. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os caminhos para combater a intolerância religiosa é medida que se impõe. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem 2016) d) Existem, atualmente, diversos conflitos religiosos no mundo, fato que pode ser exemplificadopelas ações do Estado Islâmico, que utiliza uma visão radical do islamismo sunita. Nesse contexto, percebe-se que tal realidade de intolerância também ocorre 52 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O no Brasil, um país com dimensões continentais e grande diversidade religiosa. Assim, tornam-se progressivamente mais comuns episódios de violência motivados pela religião, o que é contraditório, visto que o Brasil é laico e a Constituição de 1988 garante a liberdade de crença das diferentes manifestações culturais. Portanto, medidas que alterem essa situação devem ser adotadas. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem 2016) e) De acordo com Albert Camus, escritor argelino do século XX, se houver falhas na conciliação entre justiça e liberdade, haverá intempéries de amplo espectro. Nesse sentido, a intolerância religiosa no Brasil fere não somente preceitos éticos e morais, mas também constitucionais estabelecidos pela Carta Magna do país. Dessa forma, observa-se que a liberdade de crença nacional reflete um cenário desafiador seja a partir de reflexo histórico, seja pelo descumprimento de cláusulas pétreas. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem 2016) f) O Brasil foi formado pela união de diversas bases étnicas e culturais e, consequentemente, estão presentes em também várias religiões. Entretanto, nem essa diversidade nem a liberdade religiosa garantida pela Constituição Cidadã faz com que o país seja respeitoso com as diferentes crenças. Fazendo uma analogia com a filosofia kantiana, a intolerância existente pode ser vista como o resultado de fatores inatos ao indivíduo com o que foi incorporado a partir das experiências vividas. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem 2016) EXERCÍCIO 2: A partir da contextualização e do tema da redação oferecidos, redija um direcionamento para sua introdução, elaborando uma tese. I. Tema: Os efeitos do trabalho informal no Brasil (ENEM) No Brasil, é comum ouvir de boa parte da população que o trabalho informal é uma saída positiva à crise econômica. Isso porque – de modo geral – ele permite às pessoas se manterem economicamente ativas, podendo zelar pelo seu bem-estar e pela manutenção de suas necessidades. No entanto, ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... II. Tema: A introdução da tecnologia nas salas de aula brasileiras (ENEM) Durante muitos anos, as metodologias de ensino das escolas brasileiras – de modo geral – empregaram apenas os suportes didáticos mais tradicionais, como: lousa, cadernos, livros, canetas, entre outros itens bastante conhecidos de qualquer aluno. Nos dias de hoje, de modo diferente, ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... III. Tema: O desaparecimento das atitudes éticas no cotidiano (ENEM) O dramaturgo alemão Bertold Brecht, em sua peça “A exceção e a regra”, ressaltava a importância de desconfiarmos daquilo nos parece absolutamente natural, pois, segundo ele, nada deveria ser considerado imutável. Tal assertiva também é válida para se pensar a respeito da falta de ética no Brasil, uma vez que ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 53 V O LU M E Ú N IC O IV. Tema: O combate à prática do linchamento no Brasil A Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê que todo cidadão acusado de um crime seja julgado por um tribunal independente e imparcial. Entretanto, na sociedade brasileira, é comum ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... 54 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O ESPECIFICIDADES DA VUNESPLC AULA 8 1. Especificidades Vunesp A fundação VUNESP é a responsável por elaborar a prova de diferentes vestibulares de medicina. Entre as universidades pú- blicas estão: UNESP, UNIFESP, FAMERP SANTA CASA, UEA e UFTM. Na rede privada, a fundação cuida dos ingressos nas instituições ANHEMBI MORUMBI, BARRETOS, UNICID, FAM, FAMECA, SÃO CAETANO, JUNDIAÍ, SÃO CAMILO, UNINOVE, UNIFAE, FACEF. Desse modo, é importante conhecer de perto como funciona a prova de redação, já que sua forma de apli- cação e avaliação é – em geral – a mesma em todas essas universidades. As diferenças ficam por conta da pontuação atribuída à redação na nota final. A redação da VUNESP, de acordo com o Manual do candida- to UNESP 2021, exige um texto dissertativo-argumentativo (em prosa), de acordo com a norma-padrão da língua portu- guesa, a partir da leitura e compreensão de textos auxiliares, que servem como um referencial para ampliar os argumen- tos produzidos pelo próprio candidato. Novamente, vemos a solicitação de um texto dissertativo-argumentativo que exige reflexão, repertório e boa articulação na escrita. Nesse sentido, é interessante conhecer, a partir de agora, quais são as parti- cularidades que esse tipo de proposta requer. 1.1. Padrão de coletânea Diferentemente da FUVEST, a VUNESP possui um modelo padro- nizado de apresentação da proposta. Ele consiste na seleção de 2 a 5 textos que servem de auxílio para a compreensão do tema e para a elaboração dos argumentos pelo candidato. Como a maior parte desses excertos é proveniente do meio jornalístico, entende-se que as propostas da VUNESP dialogam com temas em constante debate na mídia, o que facilitaa construção dos argumentos. No entanto, é importante saber interpretar todos os gêneros textuais: quadrinhos, charges, textos filosóficos, poe- mas, etc, pois – eventualmente – algumas coletâneas são com- postas de diferentes tipos de texto. DICA: Para conhecer melhor as características da Vu- nesp, acesse as últimas provas da UNESP, UNIFESP, FAMERP e analise os temas cobrados. Você conseguirá identificar as formas de apresentação do tema pela Vu- nesp e, com isso, poderá criar estratégias mais eficazes para lidar com essas propostas. 1.2. Análise de diferentes pontos de vista Os excertos escolhidos pela VUNESP costumam apresentar pontos de vista divergentes sobre o assunto em questão. Essa escolha não é aleatória: ela induz o candidato a criar argumentos que sejam capazes de corroborar ou contestar os posicionamentos apresentados na coletânea, fazendo – sobretudo – o uso de ressalvas. Sendo assim, é impor- tante observar se os argumentos escolhidos para sustentar a tese já não estão “invalidados” por um desses excertos da coletânea. 1.3. Pergunta-tema Boa parte das propostas de redação são compostas por uma pergunta-tema que deve ser respondida ao longo da discussão. No entanto, isso não é uma regra: proposta da FAMERP de 2022, por exemplo, apresentou o seguinte re- corte: "Os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho contemporâneas". 1.4. O conceito de autoria A VUNESP também valoriza a ideia de autoria e conde- na a utilização de formas pré-fabricadas. De acordo com o “Blog da Unesp”, ligado à fundação VUNESP, o melhor caminho é investir na capacidade de criar sozinho: A pergunta que se impõe, nesse caso, é o que per- mite que o sistema de redações pré-fabricadas este- ja dando certo? Muito simples a resposta: não está dando certo nos vestibulares que têm por princípio variar não apenas as propostas, mas as áreas de co- nhecimento ou de experiência donde são extraídos os temas. Nestes, não há como prever esquemas para as redações: os candidatos têm de criar um desenvol- vimento de texto original.(...) O melhor caminho é e sempre foi aprender a redigir adequadamente. Quem o segue, nunca vai precisar de se socorrer a artima- nhas. E levará a capacidade de bem redigir por toda a sua vida. Pense bem nisso! (hTTP://blogunesP.vunesP.com.br/?P=1343. acessado em 04.03.2018) LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 55 V O LU M E Ú N IC O 1.5. Não exigência de proposta de intervenção Assim como a FUVEST, a VUNESP não exige uma proposta de intervenção para as discussões apresentadas na prova de redação. Entretanto, a recomendação é a mesma: se pertinente e consoante com a argumentação construída, o candidato pode sugerir intervenções em alguns temas. 1.6. Abordagem contemporânea As propostas da VUNESP costumam trabalhar com temas de diferentes áreas do conhecimento – social, econômica, política, comportamental, entre outros. Entretanto, esses temas sempre se referem a discussões de caráter atual. Por isso, uma boa dica para é estar antenado aos assuntos que permeiam o debate contemporâneo no Brasil e no mundo, conhecendo – in- clusive – as fontes de onde os excertos costumam ser extraídos. Na lista abaixo, foram apresentados algumas das fontes de diferentes coletâneas VUNESP para o vestibular de 2018: § http://exame.abril.com.br, § www.cartacapital.com.br, § www.cartaeducacao.com.br, § Folha de São Paulo (impresso), § https://noticias.uol.com.br, § www2.camara.leg.br, § www.em.com.br (Jornal do Estado de Minas) § http://oglobo.globo.com. 2. Critérios A. Tema: avalia-se, neste critério, se o texto do candidato atende ao tema proposto. A fuga completa ao tema proposto é motivo sufi ciente para que a redação não seja corrigida em qualquer outro de seus aspectos, recebendo nota 0 (zero) total. B. Estrutura (gênero/tipo de texto e coerência): consideram-se aqui, conjuntamente, os aspectos referentes ao gênero/tipo de texto proposto e à coerência das ideias. A fuga completa ao gênero/tipo de texto é motivo sufi ciente para que a redação não seja corrigida em qualquer outro de seus aspectos, recebendo nota 0 (zero) total. Na avaliação do gênero/tipo de texto, observa-se como o candidato sustenta a sua tese, em termos argumentativos, e como essa argumentação está organizada, considerando se a macroestrutura do texto dissertativo (introdução, desenvolvimento e conclusão). Sabe-se que é comum, em textos dissertativos, a exposição de fatos e opiniões, mas é imprescindível que haja um posicionamento por parte do autor da redação, a partir da defesa (clara) de um ponto de vista. No gênero/tipo de texto, avalia-se também o tipo de interlocução construída: por se tratar de uma dissertação argumentativa, deve-se prezar pela objetividade. Sendo assim, o uso de primeira pessoa do singular e de segunda pessoa (singular e plural) poderá ser penalizado. Além disso, também poderá ser penalizada a referência direta à situação imediata de produção textual (ex.: como afirma o autor do primeiro texto/da coletânea/do texto I; como solicitado nesta prova/proposta de redação), porque é importante que o texto escrito pelo candidato tenha autonomia, isto é, não dependa da consulta (por parte do leitor) da proposta de redação (textos de apoio e frase temática) para ser amplamente compreendido. Na coerência, serão observados o nível de compreensão (por parte do candida- to) dos textos de apoio da proposta, o conhecimento de mundo (repertório) do candidato, a pertinência dos argumentos mobilizados para a defesa do ponto de vista adotado e a capacidade do candidato para desenvolver, relacionar e encadear satisfatoriamente as informações e ideias abordadas no texto. Assim, na avaliação deste critério, serão consideradas aspectos negativos: a falta de partes da macroestrutura dissertativa, a falta de um posicionamento (por parte do autor da redação) na defesa de um determinado ponto de vista, a falta de autonomia do texto, a presença de contradição entre as ideias, a falta de desenvolvimento dos argumentos e a presença de conclusões não decorrentes do que foi previamente exposto. C. Expressão (coesão e modalidade): consideram-se, neste item, os aspectos referentes à coesão textual e ao domínio da nor- ma-padrão da língua portuguesa. Na coesão, avalia-se a utilização dos recursos coesivos da língua (anáforas, catáforas, substituições, conjunções etc.), responsáveis por tornar mais clara e precisa a relação entre palavras, orações, períodos e parágrafos do texto. Serão considerados aspectos negativos as quebras entre frases ou parágrafos e o emprego inadequado de recursos coesivos. Na modalidade, serão examinados os aspectos gramaticais, tais como ortografia, acentuação, pontuação, regência, concordância (verbal e nominal) etc., bem como a escolha lexical (precisão vocabular) e o grau de formalidade/informalidade expresso em palavras e expressões. 56 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Veja uma redação nota máxima FAMEMA (VUNESP) 2020 Tema: A redução da maioridade penal pode colaborar para a diminuição da violência no Brasil? O Brasil está entre as primeiras posições do ranking mundial de maior população carcerária; contudo, a insegurança pública no país só aumenta. Diante de uma rotina de episódios de roubo, agressões e latrocínios, que, diversas vezes, envolvem jovens como autores, nos últimos anos, um número crescente de cidadãos e políticos defendem a redução da maioridade penal. Entretanto, esta medida não só não colabora para a diminuição da violência como tende a intensifi- cá-la, por não tratar as origens do problema, além de enterrar uma parte da juventude brasileira na cadeia ao invés de desenvolver seu potencial. Convém ressaltar, a princípio, que a violência é resultado da desigualdade social, numa relação diretamente propor- cional. Exemplo disso são os centros urbanos cujo índice de criminalidade é alto e que conjugam em seu espaço a riqueza e a pobreza extremas,com tratamentos sociais diferenciados a depender do CEP do indivíduo. Nesse sentido, em um sistema que valoriza o capital e o consumo, os jovens que entram para o crime o fazem por dois motivos: pela miséria em que vivem e para se afirmarem socialmente, mesmo que ilicitamente. Para ilustrar essa realidade, na série “Segunda chamada” - que retrata a situação das escolas públicas periféricas - um dos personagens alunos entra para o tráfico e diz à professora que o faz porque só é respeitado com a arma na mão. De fato, não se justifica o que é crime por lei, mas também não se pode condenar quem sequer é adulto e sempre viveu no fogo cruzado sem uma segunda chance digna. Ademais, embora os favoráveis à redução da maioridade penal aleguem que os menores púberes têm total condição de saber o que é ou não ilícito e que, por isso, a infração seria uma escolha consciente, o encarceramento não é a solução porque deteriorará esses jovens em sua fase mais promissora. É justamente na juventude que ocorre a for- mação intelectual e psicológica do ser humano, de modo que trabalhar a recuperação de tais infratores nessa idade tem maior probabilidade de dar certo. Por conseguinte, ao modificar as variáveis do determinismo e apresentar novas oportunidades, com o devido acompanhamento, é possível desenvolver o potencial desses indivíduos e inseri-los na sociedade com outra perspectiva. Portanto, fica evidente que a diminuição da violência não depende de uma maior abrangência etária do cárcere. É preciso quebrar o ciclo vicioso da desigualdade, semear dignidade e possibilidades a todos os jovens, para então colher a segurança pública sólida desejada. redação noTa máxima do famema 2020 – maTerial divulgado em “esTaTísTicas dos aProvados no curso de medicina da famema em 2020” Pela Página @desemPenhosmed 3. Resumo Lembre-se das especificidades da § Proposta que discute temas contemporâneos diante dos quais o aluno precisa se posicionar; § Coletânea composta predominantemente pors e posicionamentos polarizados; § Recortes temáticos com assuntos polêmicos; DICAS: § Atente ao recorte temático proposto: cuidado com a fuga ao tema; § Adote um posicionamento claro: evite cair em contradição ao longo do texto § Valorize seu repertório pessoal: procure legitimar suas ideias com repertórios exteriores à coletânea; § Capriche no desenvolvimento de seu parágrafo; LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 57 V O LU M E Ú N IC O 4. Exercício EXERCÍCIO 2: LEIA E COMPARE OS TEXTOS ABAIXO, IDENTIFICANDO OS POSICIONAMENTOS APRESENTADOS. EM SEGUIDA, REDIJA UMA PARÁGRAFO EM QUE VOCÊ DEFENDA APENAS UMA DAS PERSPECTIVAS, INVALI- DANDO O POSICIONAMENTO APRESENTADO NO OUTRO EXCERTO. A TEXTO 1 O suicídio assistido por médicos é antitético a uma cultura da vida por uma série de razões. Em primeiro lugar, o suicídio assistido por médicos estabelece diretrizes arbitrárias sobre quem recebe a prevenção do suicídio e quem recebe a assistência ao suicídio. Os pacientes de uma certa idade ou com uma determinada condição de qualificação são instruídos a encerrar suas vidas com ajuda profissional, enquanto outros recebem apoio para continuarem vivendo. Essas circunstâncias são completamente arbitrárias e sujeitas a mudanças por capricho. Em última análise, as diretrizes de suicídio assistidas por médicos passam a mensagem de que algumas vidas são simplesmente mais valiosas do que outras. Uma mentalidade que privilegia algumas vidas em detrimento de outras infecta a cultura em múltiplos níveis. Ao contrário do mito prevalente de que o suicídio assistido por médicos é principalmente uma opção para aqueles que sofrem de dores excruciantes, estudos sugerem que a principal causa de suicídio assistido por médico não é a dor, mas o sofrimento existencial. www.gazeTadoPovo.com.br/ideias/legalizar-o-suicidio-assisTido-criaria-uma-TrisTe-culTura-3nf3m0vrgzTeT6ajT48ym5TT1/ (05.10.2018) TEXTO 2 A tecnologia e os recursos terapêuticos à disposição da medicina moderna criaram os meios para que os limites da vida sejam alargados muito além do razoável. Quantas vezes me deparei com a dúvida: o que acabo de prescrever vai prolongar a vida ou o calvário dessa pessoa? Na realidade, nem a sociedade nem nós, profissionais, estamos preparados para nos rendermos ao fato de que o corpo pode se tornar um fardo irreversivelmente insuportável, incapaz de oferecer o prazer mais insignificante, even- tualidade em que a morte deveria ser entendida como desenlace natural. Nessas circunstâncias, seria preciso colocar os doentes a par da gravidade e da irreversibilidade da doença, de modo que pudessem tomar a decisão informada de abreviar ou não a duração dos dias finais. Faltam as leis, mas não os meios necessários para lhes proporcionar o final digno que todos desejamos para nós mesmos hTTPs://www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2018/11/suicidio-assisTido.shTml (25.11.2018). ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... 58 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O B TEXTO 1 O professor de psicologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, Keith Campbell, sugere que um dos mo- tivos que nos fazem amar selfies é porque elas são uma forma de expressão criativa. Ele afirma que a selfie é uma variação moderna dos autorretratos dos artistas. Graças às câmeras dos celulares localizadas na frente, podemos tirar inúmeras fotos de nós mesmos até conseguir a imagem que nos mostra exatamente como queremos - uma imagem a qual nos sentimos felizes de compartilhar como mundo online. Curioso notar que uma pesquisa sugere que essa “auto representação seletiva” pode na verdade aumentar nossa autoestima e confiança. hTTPs://www.shuTTersTocK.com/PT/blog/o-que-o-seu-selfie-diz-sobre-voce-a-ciencia-Por-Tras-da-nossa-obsessao(adaPTado ) TEXTO 2 O que é muito discutido atualmente é se toda essa exposição e busca revela um sintoma da sociedade, cada vez menos interessada nas relações de fato e reais, à medida que apenas investe na proliferação de imagens, que não necessariamente traduzem o sentido real, ou seja, se o indivíduo de fato está feliz e bem. Mas essa busca por ser admirado e amado, de modo tão instantâneo, traduz os reais sentimentos? E, ao final, o indivíduo que terá muitas curtidas e elogios realmente se sentirá melhor? Dessa forma, cada vez mais as relações se tornam superficiais, ou seja, quando o indivíduo está realmente em contato com o outro, pouco expõe o que deseja, sente, pensa,já que está tão voltado para sua selfie. hTTP://lounge.obviousmag.org/Psicologia_na_conTemPoraneidade/2014/09/o-narcisismo--na-conTemPoraneidade-o-mal-esTar-da-era-das-selfies.hTml ................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 59 V O LU M E Ú N IC O Como já anunciamos em aulas anteriores, a tese representa o posicionamento central a ser defendido pelo candidato a respeito do tema que está sendo proposto. No entanto, é comum que muitos alunos tenham dúvidas sobre como elaborar esse posicionamento de modo a torná-lo claro para seus leitores. Por essa razão, nesta aula, você vai conhecer as principais características da tese, suas diferentes formas e também algumas sugestões de como escrevê-la. 1. Características De modo geral, a escrita da tese não costuma ser muito extensa. Em geral, ela é redigida em um ou dois períodos de modo sucinto a fim de que o leitor consigo identificar facilmente qual será o ponto de vista adotado naquela dissertação. Além disso, também tem a função de mostrar ao leitor qual será o projeto de texto adotado ao longo da redação, fazendo possíveis referências aos argumentos a serem discutidos nos parágrafos de desenvolvimento. Essa apresentação permite ao corretor identificar um planejamento prévio por parte do aluno e também a existência de uma possível progressão textual ao longo da dissertação. Há também um outro detalhe importante: por se tratar de um posicionamento do autor, é fundamental que a tese seja composta por enunciados argumentativos, que possam ser questionados, contestados e que, obrigato- riamente, pressuponham explicações. Lembre-se das sugestões oferecidas na AULA 02 para redigir suas teses. Leia os exemplos e os comentários abaixo e observe a objetividade, o projeto de texto e natureza argumentativa das teses em destaque: TEMA: Democratização do acesso ao cinema no Brasil – Enem 2020 – 1ª aplicação EXEMPLO: "Com a consolidação do capitalismo ocorrida ao final da Guerra Fria o cinema sofreu transformações para adequar o seu conteúdo à demanda de consumo desse modelo. Desde então, o cinema tornou-se um dos principais meios de acesso e difusão da cultura, no entanto, o Brasil enfrenta desafios para democratizar o acesso ao cinema à população, seja pelo baixo incentivo para frequentá-lo — fruto da negligência escolar em estimular o apreço pelos filmes —, seja pela escassez de cinemas. Trecho exTraído de redação noTa 1000 do enem 2019, Publicada na carTilha “redação a mil 2.0” COMENTÁRIO: A tese do autor determina dois principais desafios para se democratizar o acesso ao cinema no Brasil: baixo incentivo na frequência desses espaços e a pouca quantidade de cinemas disponíveis. O candidato utiliza substantivos abstratos e adjetivos, “baixo incentivo” e “negligência escolar”, para determinar seu ponto de vista, questões que serão discu- tidas nos parágrafos de desenvolvimento. INTRODUÇÃO II: ELABORAÇÃO DE TESELC AULA 9 60 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O TEMA: Democratização do acesso ao cinema no Brasil – Enem 2020 – 1ª aplicação EXEMPLO: "O cinema, considerado a sétima arte, é um importante meio de difusão do conhecimento, entretenimento e cultura. Por oferecer tamanha carga intelectual, ele deveria ser de fácil acesso a todos. No Brasil, entretanto, percebe-se que, no decorrer dos anos, o acesso a essa arte tornou-se pouco democrático devido a fatores históricos e à reduzida a atuação estatal para resolver essa problemática. Trecho exTraído de redação noTa 1000 do enem 2019, Publicada na carTilha “redação a mil 2.0” COMENTÁRIO: A tese do candidato descreve que o cinema se tornou pouco democrático devido a fatores históricos e devido à baixa atuação do Estado para promover essa democratização. Da mesma forma, o autor se vale de substantivos abstratos e adjetivos “fatores históricos” e “atuação reduzida” para declarar seu posicionamento e determinar seu desenvol- vimento. TEMA: O papel da ciência no mundo contemporâneo – Fuvest 2020 EXEMPLO: A produção de conhecimento acompanha o ser humano desde as origens da espécie, paulatinamente, foi possível transformar a roda em carro e este em avião. No entanto, algumas épocas históricas elucidam mais claramente a va- lorização da razão e da ciência, fazendo uma ruptura com o passado, como o Renascimento. Inscrito em um quadrado e em um círculo, o “Homem-Vitruviano” de Leonardo da Vinci sintetiza essa exaltação do saber e da potencialidade humana, opondo-se, assim, aos saberesdogmáticos da “Idade das Trevas”. Contudo, a sociedade contemporâ- nea caminha ao contrário da história da humanidade: vem desvalorizando a luz da ciência, retornando às sombras do passado. (Trecho exTraído de redação noTa 48 da fuvesT 2020 – esTaTísTicas e desemPenho dos alunos da 108ª Turma da faculdade de medicina da universidade de são Paulo.) COMENTÁRIO: O posicionamento adotado pelo autor da redação defende que ciência tem sido desvalorizada, o que tem levado a sociedade de volta às sombras do passado. É possível perceber que essa tese mostra um ponto de vista claro e direto sobre o tema abordado, ao empregar os verbos no gerúndio “desvalorizando a luz da ciência” e “retornando às som- bras do passado”. TEMA: Vestimentas Religiosas No Esporte: Legitimação Da Opressão Ou Liberdade De Manifestação Religiosa? – Unifesp 2020 EXEMPLO: Recentemente, uma marca de materiais de esporte optou por suspender as vendas de seu hijab esportivo, um traje de- mandado por algumas praticantes de corrida islâmica, o que gerou controvérsias entre segmentos da comunidade global. Por um lado, políticos nacionalistas ocidentais, como Aurore Bergé, defendem que a existência do hijab esportivo é uma legitimação da opressão às mulheres e afronta os valores ocidentais; por outro lado, há quem enxergue na vestimenta um modo de tornar o esporte acessível às mulheres islâmicas. De qualquer forma, a presença de vestimentas religiosas no esporte configura-se em uma liberdade de manifestação religiosa, uma vez que a opção pelo seu uso é uma escolha individual de cada mulher e permite que sua integração ao esporte seja acompanhada da preservação de sua cultura. (Trecho exTraído de redação noTa 47,727 do vesTibular unifesP 2020 – disPonível em: esTaTísTicas dos esTudanTes aProvados em medicina na escola PaulisTa de medicina/universidade federal de são Paulo.) COMENTÁRIO: A tese em destaque no trecho acima mostra uma resposta direta à pergunta elaborada pela banca, bem como traça o desenvolvimento dos argumentos que comprovam essa tese: o fato de se tratar de uma escolha individual e o fato de tal ação permitir a integração ao esporte acompanhada da preservação da cultura. TEMA: O Carro Será O Novo Cigarro? – Unesp 2020 EXEMPLO: Marilena Chauí, renomada filósofa brasileira, considera a existência de um “tempo cultural”, que consiste nas constantes transformações que envolvem as relações humanas; desde mudanças de valores à visões de mundo de cada grupo e época. Nessa mesma dinâmica de mudanças que permeiam o “tempo cultural”, valores ocidentais que tempos atrás consideravam o cigarro como símbolo de juventude, saúde e beleza sofreram forte ressignificação para um produto que hoje é repudiado pela mídia e saúde pública. Com as crescentes mobilizações ambientais de ONG’s, ONU e pessoas influentes, não demorará para que o carro como conhecemos hoje passe a assumir, tal como o cigarro nos dias de hoje, um valor também negativo, ultrapassado e repudiado. (Trecho exTraído de redação noTa 28 do vesTibular unesP 2020 – disPonível em: esTaTísTicas - aProvados medicina unesP 2020.) COMENTÁRIO: O autor assume o posicionamento de que o carro será visto como um novo cigarro num momento futuro e, além disso, o candidato emprega adjetivos para denunciar esse novo valor do cigarro. Esse posicionamento do carro com um bem “negativo, ultrapassado e repudiado” será comprovado ao longo de sua dissertação. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 61 V O LU M E Ú N IC O 2. Sugestões De Escrita 2.1. ENEM Como as propostas do ENEM costumar girar em torno de um problema social a ser discutido, é comum que as teses dos candidatos sejam organizadoras. Isto quer dizer que a tese, no ENEM, resume-se a uma apresentação dos argumentos a serem trabalhados pelo autor a ser evidenciada logo após a menção ao problema discutido. Nesses casos, a presença de substantivos abstratos, acompanhados ou não de adjetivos, pode ser um recurso positivo para se criar essas teses. A lista abaixo pode auxiliar a redigir algumas teses no ENEM, a depender do teor e natureza da abordagem escolhida para se discutir o recorte temático: CAUSAS: Nesse sentido, cabe afirmar que o desconhecimento da população e facilitação de uma publicidade excessiva do setor são fatores determinantes na persistência desse problema. (TEMA: A CULTURA DA AUTOMEDICAÇÃO) EFEITOS: A manutenção desse cenário leva à sociedade brasileira à perda significativa da qualidade de vida e à acentuação da desigualdade social. (TEMA: OS EFEITOS DO TRABALHO INFORMAL) CAUSA E CONSEQUÊNCIA: Tal problemática se deve à inobservância estatal e tem como consequência a manutenção da desigualdade social. (TEMA: DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO CINEMA) DESAFIOS: Ainda há sérios desafios para ali se promover tal direito, como a falta de interesse do poder público em desenvol- vê-lo e a consequente elitização do acesso a espaços destinados à diversão e ao entretenimento. (TEMA: A PROMOÇÃO DO LAZER NAS PERIFERIAS) IMPORTÂNCIA: O acesso ao conhecimento é fundamental ao país para a ampliação das áreas de pesquisa e para consolidação de um conhecimento técnico nacional (TEMA: IMPORTÂNCIA DE SE PROMOVER A CIÊNCIA ENTRE A POPULAÇÃO) Lembre-se que essas são apenas EXEMPLOS de como apresentar as teses no ENEM. Na listagem abaixo, você encontra ainda outras sugestões de escrita para a tese, que se manifestam em um ou dois períodos. § A democratização do acesso à cultura na sociedade brasileira Tal problemática se deve à inobservância estatal e tem como consequência a manutenção da desigualdade social. § Combate ao uso indiscriminado das tecnologias digitais de informação por crianças No entanto, o combate a esse uso excessivo é prejudicado em virtude da dificuldade dos pais em lidar com tal situação e também em função do forte apelo das empresas de tecnologia no país. § Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Nesse contexto, a população sofre uma interferência em sua liberdade de escolha que passa a prejudicar sua capacidade de leitura do mundo. § Formas de organização da sociedade para o enfrentamento de problemas econômicos no Brasil Apesar desses exemplos positivos, a consolidação desse enfrentamento ainda carece de investimentos na iniciativa popular e do apoio de grandes organizações financeiras. § Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil A partir desse cenário, pode-se dizer que existem diferentes desafios a serem enfrentados por esses indivíduos, como o preconceito da sociedade e a inobservância do Estado no cumprimento do direito à educação. § Consequências da busca por padrões de beleza idealizados A procura por tais padrões tem provocado graves prejuízos à saúde mental dos indivíduos, sobretudo na população feminina. Além disso, a busca por um modelo único de beleza afeta negativamente a valorização da identidade de diferentes grupos étnicos. 62 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O § Caminhos para combater o racismo no Brasil No entanto, no Brasil, os caminhos para se combater o racismo são afetados negativamente em virtude da má compreensão da sociedade civil sobre o assunto e pela falta de políticas de inclusão advindas do Estado. § Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil Apesar dessas garantias legais, o combate à intolerância religiosa ainda encontra resistência na sociedade, seja em virtude da falta de debate sobre o assunto na opinião pública ou em função da forte influência da religião cristã no Estado. § A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira A adoção sistemática dessas ações bárbaras é fruto da grande dificuldade do país em combater, no discurso e na prática, as ações que inferiorizam as mulheres. E tal ineficiência apenas reforça os ciclos violentos, pois transformam a omissão de todos em uma regra a ser seguida. § O Histórico desafio de se valorizar oprofessor Nesse contexto, torna-se ainda mais difícil valorizar a profissão docente, pois, apesar de sua importância, ela ainda enfrenta uma forte estigmatização diante da opinião pública que é reforçada pela ausência de incentivos salariais por parte das instituições de ensino. 2.2. VUNESP Não devemos nos esquecer que as redações elaboradas pela fundação VUNESP, na maior parte das vezes, propõem um debate pola- rizado de ideias, diante do qual o candidato precisa se posicionar. Sabendo disso, é fundamental que a tese a ser elaborada pelo aluno declare qual é o posicionamento assumido por ele, e ainda, evidencie/mencione os argumentos que serão discutidos ao longo do texto. Convém ressaltar, contudo, que não existe uma regra única para a apresentação dessa tese. Ele irá variar de acordo com a forma de apresentação do recorte temático e de acordo com a abordagem escolhida pelo candidato. A lista abaixo sugere diferentes formas de apresentação e escrita da tese, considerando um posicionamento claro e o percurso argumentativo a ser discutido ao longo do texto: § O Imposto sobre Grandes Fortunas é uma injustiça com os mais ricos? A taxação das grandes fortunas equilibra a carga de impostos paga pela população de diferentes classes e ainda torna mais igualitária a qualidade da renda para toda a população. Portanto, a adoção de tal medida não representa uma injustiça às populações mais abastadas da sociedade, mas sim uma espécie de justiça tributária para os indivíduos que convivem numa mesma sociedade. § Atletas transexuais devem participar de esportes competitivos sob o novo gênero? A entrada de atletas transexuais no esporte sob seu novo gênero é fundamental para combater o preconceito e para legiti- mar o reconhecimento de tal grupo na sociedade. § A violência contra o professor é consequência de regras escolares impostas aos alunos de forma auto- ritária ou reflexo de uma sociedade violenta? Diante de tal cenário, nota-se que a violência dirigida aos docentes tem sua base numa gestão inadequada da autoridade escolar e na cristalização de um modelo de ensino que sistematicamente silencia os alunos. § O excesso de cirurgias plásticas em uma sociedade de padrões estéticos opressores impostos pela mídia A reprodução e valorização de tais procedimentos estéticos apenas evidencia o quanto a sociedade brasileira está submetida a um controle corporal quase inconsciente que produz consequências gravíssimas para a saúde física e mental dos cidadãos. § Obrigatoriedade da vacinação: entre a prevenção a doenças e o respeito às escolhas individuais Portanto, a obrigatoriedade da vacinação não deve sofrer influência da escolha individual e deve ser tratada como uma questão de saúde pública, pois o direito à vida e à segurança dos cidadãos depende desse grande acordo social. § O fracasso da lei de cotas para deficientes: negligência das empresas ou falha do estado? No entanto, pode-se afirmar que a ineficácia da lei reside, sobretudo, na falta de interesse das empresas em contratar os defi- cientes, ao subjugar a capacidade destes em atuar profissionalmente e ao burlar a legislação com a finalidade de não ser punida. § Selfies: mecanismo de interação social ou narcisismo em excesso? Diante desse cenário, pode-se afirmar que as selfies representam uma tentativa narcísica de ser visto, justamente, por produ- zirem um ilusório prazer aos usuários e por legitimarem uma falsa necessidade de estar sempre presente nas redes. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 63 V O LU M E Ú N IC O § Eutanásia: entre a liberdade de escolha e a preservação da vida Assim, a escolha pela eutanásia deve ser livre da ação do Estado, garantindo os direitos individuais e limitando a ação estatal à preservação da vida no que diz respeito à garantia de acesso aos tratamentos. § Uberização: entre a autonomia do trabalhador e a perda de direitos trabalhistas Nesse contexto, pode-se afirmar que o processo de uberização, de fato, representa uma perda grave dos direitos trabalhistas, afetando tanto a saúde quanto a qualidade dos trabalhadores. E a pretensa autonomia conquistada por tais indivíduos nesse processo apenas legitima a precarização de sua função. 2.3. FUVEST Como os temas abordados pela FUVEST trazem sempre abordagens mais amplas, reflexivas e atemporais, é importante que o aluno treine diferentes formas de elaborar sua tese, seja utilizando alguns verbos no presente, verbos de ligação, adjetivos ou substantivos abstratos. A melhor solução é trabalhar bem com todos os recursos argumentativos disponíveis para que sua tese tenha autoria e possa ser clara e objetiva em relação ao tema abordado. DICA: Para se preparar bem para a FUVEST, procure elaborar diferentes tipos de tese. Pegue temas de anos anteriores, leia a coletânea, faça um brainstorm e redija teses de formas diferenciadas, colocando sempre seu ponto de vista de modo claro para o leitor. Veja abaixo algumas teses em destaque de redações acima da média do vestibular FUVEST de anos anteriores: TEMA: O papel da ciência no mundo contemporâneo Na antiguidade, o conhecimento e a ciência eram restritos aos escribas, responsáveis pela transcrição e perpetuação desse conteúdo. No período clássico, mesmo com o advento da política, a ciência permane- ceu exclusiva. Somente com a revolução científica o acesso à ciência foi facilitado possibilitando um maior desenvolvimento e produção desta. Esses conhecimentos, no entanto, na contemporaneidade, assumiram a forma do capital e foram incorporados à sua lógica. Dessa maneira, em uma sociedade que mercantiliza o conhecimento, a ciência adquire o papel restrito de reprodutora do capital. O indivíduo, por sua vez, ten- do acesso aos saberes, mas pautado no senso comum, reproduz essa estrutura de ignorância, utilizando o saber científico para sustentar teses subjetivas que atendam a seu interesse. (Trecho exTraído de redação noTa 47 da fuvesT 2020 – esTaTísTicas e desemPenho dos alunos da 108ª Turma da faculdade de medicina da universidade de são Paulo.) TEMA: O papel da ciência no mundo contemporâneo Há mais de dois mil anos, Platão discorria, no Mito da Caverna, sobre o início do processo de transposição da doxa - pensamento calcado em opiniões e senso comum - em direção à episteme ou à verdade. A partir disso, segundo ele, a razão e o contato com o conhecimento permitiram que o homem se desvencilhasse das amarras da ignorância e chegasse à luz - signo para o pensamento racional e para a liberdade proporcionada por ele. Modernamente, um grande mantenedor da razão e da liberdade é a ciência, que, por meio de seus métodos, ajuda na distinção do falso e da verdade e, se realizada com as intenções corretas, colabora para a maioridade dos indivíduos e para a manutenção das democracias. Porém, sem um simultâneo desenvolvimento moral e ético, ela pode se tornar um instrumento de manipu- lação e consolidação de privilégios. (Trecho exTraído de redação noTa 50 da fuvesT 2020 – esTaTísTicas e desemPenho dos alunos da 108ª Turma da faculdade de medicina da universidade de são Paulo.) TEMA: Participação política: indispensável ou superada? É muito comum ouvir da boca de jovens hoje em dia que são apolíticos ou que a política não os diz respeito. Ainda assim, o Brasil possui um gigante movimento estudantil que participa das mais variadas discussões e lutas. É possível não ser engajado – seja por preguiça ou acomodação – mas apolítico, nunca. A política está presente em toda e qualquer detalhe da vida econômica e social, ela é indispen- sável e ser apolítico é uma ilusão. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2012 - disPonível www.fuvesT.br (acesso em 17.07.2017) 64 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O TEMA: Participação política: indispensável ou superada? O surgimento da ciência política remonta à época da Antiguidade, ainda quando os gregos se organizavam em torno da pólis e começavamo tema proposto e o texto do candidato; § Coesão textual – emprego correto de conjunções, pronomes e preposições nos enunciados; § Coerência dos argumentos; § Correção gramatical e seleção vocabular adequada. Aspectos INDESEJADOS nas dissertações argumentativas § Emprego de vocabulário rebuscado ou excessivamente expressivo; § Composição de parágrafos isolados; § Ausência de posicionamento crítico diante do tema proposto; § Desconexão entre exemplos, citações e análises críticas; § Repetição meramente descritiva das problemáticas apresentadas na coletânea (paráfrase); § Conclusão contraditória em relação aos argumentos e posicionamentos apresentados. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 7 V O LU M E Ú N IC O 2. Resumo Dissertação-argumentativa: é o gênero textual em que se discute um tema, a partir da defesa de um posicionamento sustentado por argumentos. Trata-se de um tipo de texto frequentemente exigido nos exames vestibulares do país. TESE: É o posicionamento a respeito do tema. Trata-se de um período dentro do texto que resume ao leitor qual será o ponto de vista defendido ao longo da redação. ARGUMENTO: É uma ideia que sustenta a tese. Deve ser apresentada e discutida por meio de dados, fa- tos, citações, exemplos, ou analogias artísticas. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA INTRODUÇÃO (1º PARÁGRAFO) DESENVOLVIMENTO (2º, 3º PARÁGRAFO) CONCLUSÃO (4º PARÁGRAFO) 8 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 3. Exercícios EXERCÍCIO 1: A redação abaixo recebeu nota máxima na prova do ENEM de 2017. Leia-a com atenção e ob- serve como se articulam a tese e os argumentos que a sustentam. Além disso, observe como objetividade e impessoalidade estão presentes no texto. Na antiga Esparta, crianças com deficiência eram assassinadas, pois não poderiam ser guerreiras, profissão mais valorizada na épo- ca. Na contemporaneidade, tal barbárie não ocorre mais, porém há grandes dificuldades para garantir aos deficientes – em especial os surdos – o acesso à educação, devido ao preconceito ainda existente na sociedade e à falta de atenção do Estado à questão. Inicialmente, um entrave é a mentalidade retrógrada de parte da população, que age como se os deficientes auditivos fossem incapazes de estudar e, posteriormente, exercer uma profissão. De fato, tal atitude se relaciona ao conceito de banalidade do mal, trazido pela socióloga Hannah Arendt: quando uma atitude agressiva ocorre constantemente, as pessoas param de vê-la como errada. Um exemplo disso é a discriminação contra os surdos nas escolas e faculdades – seja por olhares maldo- sos ou pela falta de recursos para garantir seu aprendizado. Nessa situação, o medo do preconceito, que pode ser praticado mesmo pelos educadores, possivelmente leva à desistência do estudo, mantendo o deficiente à margem dos seus direitos – fato que é tão grave e excludente quanto os homicídios praticados em Esparta, apenas mais dissimulado. Outro desafio enfrentado pelos portadores de deficiência auditiva é a inobservância estatal, uma vez que o governo nem sempre cobra das instituições de ensino a existência de aulas especializadas para esse grupo – ministradas em Libras – além da avaliação do português escrito como segunda língua. De acordo com Habermas, incluir não é só trazer para perto, mas também respeitar e crescer junto com o outro. A frase do filósofo alemão mostra que, enquanto o Estado e a escola não garantirem direitos iguais na educação dos surdos – com respeito por parte dos professores e colegas – tal minoria ainda estará sofrendo práticas discriminatórias. Destarte, para que as pessoas com deficiência na audição consigam o acesso pleno ao sistema educacional, é preciso que o Ministério da Educação, em parceria com as instituições de ensino, promova cursos de Libras para os professores, por meio de oficinas de especialização à noite – horário livre para a maioria dos profissionais – de maneira a garantir que as escolas e universidades possam ter turmas para surdos, facilitando o acesso desse grupo ao estudo. Em adição, o Estado deve divulgar propagandas institucionais ratificando a importância do respeito aos deficientes auditivos, com postagens nas redes sociais, para que a discriminação dessa minoria seja reduzida, levando à maior inclusão. TESE: Essa é a ideia central que o autor defenderá ao longo do texto ARGUMENTO 1: É uma das ideias que sustenta a tese. COMPROVAÇÃO DO ARGUMENTO 1: Trata-se da comprovação da ideia apresentada. Nesse caso, ao tratar da discriminação nas escolas brasileiras, o autor comprova sua ideia de que há uma mentalidade retrógrada. ARGUMENTO 2: É a segunda ideia que sustenta a tese. COMPROVAÇÃO DO ARGUMENTO 2: O autor apresenta a visão de um importante filósofo para ressaltar sua ideia de que a inclusão a ser feita pelo Estado precisa ser realizada de outra maneira, de modo a garantir efetivamente a inserção desses indivíduos na sociedade. Obs.: mais adiante, serão estudados detalhadamente os procedimentos necessários para a composição eficaz de um argumen- to e de suas comprovações. Veremos que esses elementos recebem outros nomes e possuem características específicas. EXERCÍCIO 2: Os trechos abaixo apresentam algumas máximas frequentemente disseminadas na sociedade brasileira. Em outras palavras, trata-se de exemplos do senso comum que são repercutidos – muitas vezes – quando determinado assunto está sendo debatido. Leia os trechos e, de acordo com seus conhecimentos, elabore um parágrafo apontando os problemas e os equívocos da visão apresentada. a) A democracia só funciona em países ricos. .............................................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................................... .............................................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................................... LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 9 V O LU M E Ú N IC O b) Não há nada de positivo no sistema de saúde brasileiro. ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ c) Todo político é corrupto. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................a definir os primeiros conceitos de cidadania que, posteriormente, difundir-se- -iam pelo mundo. É indiscutível a importância da política para a, então, formação da sociedade tal como ela é conhecida na contemporaneidade. A partir dela, foram definidos direitos e deveres e, ainda mais relevante, tornou-se possível a participação do povo nas decisões que dizem respeito à vida em comunidade. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2012 - disPonível www.fuvesT.br (acesso em 17.07.2017) TEMA: Consumismo (Análise das imagens de um shopping e de uma publicidade de cartão de crédito) No mito das sereias, o irresistível canto dessas criaturas atrai os marinheiros em direção aos rochedos que circundam a ilha em que elas estão entrincheiradas, inevitavelmente sendo o naufrágio das embarcações o desfecho. A música emitida por esses seres tem análogo na contemporaneidade: o capitalismo. Esse modo de produção apresenta três desencadeamentos que também levam o homem à ruina: o con- sumismo, a valorização do ter em detrimento do ser e a efemeridade das relações. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2013 - disPonível www.fuvesT.br (acesso em 17.07.2017) TEMA: Consumismo (Análise das imagens de um shopping e de uma publicidade de cartão de crédito) A Igreja diz: “O vício e o luxo são capazes de arruinar uma vida”. A sociedade contemporânea entrou em um momento em que o consumo tornou-se vício e luxo. Ascende socialmente aquele que aumenta a renda e o consumismo. Diante dessa ideia, contudo, a sociologia interpõe: o vício e o luxo são consequências de uma vida arruinada e frustrada, na qual a insatisfação é “cura- da”, por curta duração, pelo consumo. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2013 - disPonível www.fuvesT.br (acesso em 17.07.2017) TEMA: Fronteiras Fronteiras são limites e o homem de busca ultrapassá-las. Um grande canto à quebra de fronteiras está presente em Os Lusíadas. Camões, ao narrar a viagem de Vasco da Gama às Índias, conta uma história não só de ultra- passagem de barreiras físicas e geográficas mas também de quebra de limites psicológicos do povo português. Vencer fronteiras existentes ao redor do homem, leva-o a quebrar fronteiras dentro de si mesmo. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2009 - disPonível www.fuvesT.br (acesso em 17.07.2017) 3. Resumo TESE: O posicionamento central a ser defendido pelo candidato a respeito do tema em questão. CARACTERÍSTICAS DA TESE: • Deve ser clara e objetiva; • Costuma mostrar ao leitor qual será o projeto de texto adotado ao longo da redação; • É composta por enunciados argumentativos, que possam ser questionados, contestados e que, obrigatoriamente, pressuponham explicações. 4. Exercícios EXERCÍCIO 1: Identifique as teses dos parágrafos e também os parágrafos em que elas não estão presentes. a) A palavra é instrumento irresistível da busca pela liberdade”, afirmou Rui Barbosa em relação ao direito de expressão. No entanto, a liberdade de imprensa e propaganda, garantida pela constituição brasileira, depara-se com limites no que tange à persuasão aos pequenos. Esses, vivenciando a fase pueril, não detêm a criticidade desenvolvida e, consequentemente, são facilmente influenciáveis. Assim, a publicidade infantil brasileira progride apelando às crianças e, dessa maneira, necessita de reparos que atenuem os tons abusivos e persuasivos. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem2014) LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 65 V O LU M E Ú N IC O b) Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU promulgou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual assegura, em plano internacional, a igualdade e a dignidade da pessoa humana. Entretanto, no Brasil, há falhas na aplicação do princípio da isonomia no que tange à inclusão de pessoas com deficiência auditiva. Consequentemente, a formação educacional é comprometida, o que pressupõe uma análise acerca dos entraves que englobam esta problemática. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem2017) c) Desde o início da expansão da rede dos meios de comunicação no Brasil , em especial o rádio e a televisão, a mídia pu- -blicitária tem veiculado propagandas destinadas ao público infantil , mesmo que os produtos ou serviços anunciados não sejam destinados a este. Na década de 1970, por exemplo, era transmitida no rádio a propaganda de um banco utilizando personagens folclóricos, chamando a atenção das crianças que, assim, persuadiam os pais a consumir. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem2014) d) O ser humano é social: necessita viver em comunidade e estabelecer relações interpessoais. Porém, embora intitulado, sob a perspectiva aristotélica, político e naturalmente sociável, inúmeras de suas antiéticas práticas corroboram o contrário. No que tange à questão religiosa no país, em contraposição à laicização do Estado, vigora a intolerância no Brasil, a qual é resultado da consonância de um governo inobservante à Constituição Federal e uma nação alienada ao extremo. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem2017) e) Se houver duas religiões, cortar-se-ão os preços. Se houver trinta, viverão em paz. Na Idade Moderna, o filósofo iluminista Voltaire foi um importante defensor da liberdade de culto e da harmonia entre as diversas crenças. Já no Brasil do século XXI existe um retrocesso: embora haja muita diversidade religiosa, ainda há a necessidade de ser comemorar o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa – a qual é um crime vergonhoso cuja persistência é uma mácula. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem2017) f) Caracterizada pela evidente degradação do “ser” em “ter”, a atual estrutura socioeconômica, embasada no que é efê- mero e aparente, acarreta na vida uma devastadora inversão de valores. Os indivíduos, influenciados pela vivência em meio a um mercado de consumo marcado pela competição, passaram a enxergar o outro como um inimigo em potencial. Diante disso, entre relacionamentos superficiais, valores egocêntricos e atitudes que priorizam o imediato, o altruísmo vai se desfa- lecendo e se tornando uma raridade no mundo contemporâneo. (Trecho exTraído de redação noTa 10 fuvesT 2011) g) A Lei Seca foi implantada no Brasil no ano de 2008, com a finalidade de reduzir o número de acidentes de trânsito, tendo em vista que 30% destes são causados por condutores alcoolizados. A lei determina que, se comprovada a ingestão de álcool através do teste do “bafômetro” ou exame de sangue, o motorista poderia perder sua habilitação e até cumprir pena, além de pagar uma multa. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem2013) h) No mundo contemporâneo, o espaço para o altruísmo e o pensamento a longo prazo se restringem a escassas ações individuais, porquanto o “status quo” direcionam as instituições humanas para a crise total de valores. A otimização e a reificação do homem superficializam as relações interpessoais. A economia teocientífica e a ditadura do consumo consomem cada vez mais os recursos do planeta. Portanto, a humanidade vive em um período em que não há garantias para o futuro, somente incertezas e descrenças. (Trecho exTraído de redação noTa 10 fuvesT 2011) 66 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 1. Parágrafo padrão Na dissertação argumentativa, parágrafo padrão é a unidade composta por vários períodos na qual se desenvolve uma ideia central. Ele deve conter apenas um assunto, pois é jus- tamente a centralidade da ideia que garante sua unidade. A maior parte dos parágrafos confusos são aqueles que se propõem a discutir – num mesmo espaço – dois ou três as- suntos diferentes, prejudicando compreensão geral do texto, sobretudo por apresentarem grandes saltos temáticos. O parágrafo-padrão também possui uma estrutura fixa que deve ser respeitada, com uma espécie de introdução, de- senvolvimento e conclusão, conforme o parágrafo abaixo. A priori, é imperioso destacarque a manipulação da conduta dos usuários, pelo controle dos seus dados nas plataformas virtuais, é fruto do despreparo civil para lidar com a influ- ência das tecnologias. Isso porque, mediante a ausência de uma orientação adequada, os indivíduos são expostos, coti- dianamente, a conteúdos selecionados por algoritmos que direcionam os materiais, segundo os gostos pessoais. Esse panorama se evidencia, por exemplo, quando se observa a elaboração superficial de um “ranking“ diário de informa- ções em plataformas digitais como “Twitter”, em que o grau de relevância da disposição de conteúdos já é pré-determi- nado. Logo, é substancial a alteração desse quadro que vai de encontro à possibilidade de escolha inerente ao homem. (Trecho exTraído de redação modelo do exame enem 2018) No exemplo, podemos perceber que que o primeiro período configura a abertura de uma ideia (vermelho); os seguintes, o desenvolvimento (azul); e o último, a conclusão (verde), apresentada como uma consequência do problema dis- cutido. De modo geral, a organização escolhida deixou o trecho perfeitamente compreensível. Assim, é importante que o parágrafo padrão preze sempre por uma lógica sequencial, isto é, as informações precisam estar apresentadas de acordo com o raciocínio que o autor deseja mostrar. Muitas vezes, seja pelo nervosismo ou pela falta de experiência com a escrita, muitos alunos acumulam informações no parágrafo, tornando-o incoerente e até mes- mo incompreensível. Nesses casos, uma boa dica é escrever períodos curtos e realizar uma leitura atenta do parágrafo após terminar de redigi-lo. A forma mais segura para a construção do parágrafo padrão chama-se tópico frasal. Ela é utilizada com fre- quência por garantir organização e unidade na redação. No entanto, ela não é a única forma de estruturá-lo: alguns temas mais filosóficos ou sociológicos, como os da FUVEST, podem ser estruturados de outro modo. 2. Tópico frasal Chama-se tópico frasal o período-síntese que anuncia a ideia a ser desenvolvida no parágrafo. Ele deve ser curto e conciso, e deve sempre pressupor explicações. Além disso, o tópico frasal também recupera uma parte do que foi afir- mado no plano de texto anunciado na tese. PRESTE ATENÇÃO: É comum que os tópicos frasais dos parágrafos de desenvolvimento sejam paráfrases do que se afirmou na tese, como no exemplo abaixo: Tema: A CULTURA DA AUTOMEDICAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA Tese: Nesse sentido, pode-se dizer que esse cenário está relacionado à ausência de informação, por parte da sociedade civil, a respeito dos efeitos des- sas substâncias no organismo e também ao baixo acesso ao sistema de saúde público brasileiro. Tópico frasal 1: Inicialmente, é importante ressal- tar o fato de parte dos brasileiros desconhecerem os efeitos que o uso frequente de medicamentos pode ocasionar. Tópico frasal 2: Ademais, vale destacar que esse uso irregular de medicamentos é intensificado pela dificulda- de da população em acessar o sistema de saúde no país. PARÁGRAFO PADRÃOLC AULA 9 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 67 V O LU M E Ú N IC O Outro detalhe importante: em boa parte dos empregos eles estão acompanhados de conjunções que fazem a conexão com o parágrafo anterior. O uso da afirmação/declaração é o principal modo de empregar tópico frasal. Trata-se de uma ideia do autor que orienta- rá o parágrafo. Por se tratar de uma declaração geral, deve ser redigida por períodos argumentativos, isto é, períodos que contenham julgamentos, avaliações, ou definições do próprio autor que, obrigatoriamente, exijam explicações. Ex. 1: As habilidades publicitárias são poderosas. O uso de ídolos infantis, desenhos animados e trilhas sonoras induzem a criança a relacionar seus gostos a vários produtos. Dessa maneira, as indústrias acabam compartilhando seus espaços; como exemplo as bonecas Monster High fazendo propaganda para o fast food Mc Donalds. A falta de discussão sobre o assunto é evidenciada pelas opiniões distintas dos países. Conforme a OMS, no Reino Unido há leis que limitam a publicidade para crianças como a que proíbe parcialmente – em que comerciais são proibidos em certos horários -, e a que personagens famosos não podem aparecer em propagandas de alimentos infantis. Já no Brasil há a auto-regulamentação, na qual o setor publicitário cria normas e as acorda com o governo, sem legislação específica. (Trecho exTraído de redação modelo do exame enem 2014) No exemplo abaixo, há dois parágrafos extraídos da mesma redação. Além de cada um deles desenvolver uma ideia diferente – reforçando a opinião da autora – eles estão muito bem conectados por uma conjunção. Ex. 2: Os indivíduos com idade pouco avançada, em sua maioria, ainda não possuem condições emocionais para avaliar a necessidade de compra ou não de determinado brinquedo ou jogo. Isso porque eles não desenvolveram o senso crítico que possibilita uma escolha consciente e não impulsiva por um produto, como já observou Freud em seus estudos sobre os desejos e impulsos do homem. Consequentemente, os pais, principais responsáveis pela educação dos filhos, devem ter o controle sobre o que é divulgado para eles, pois possuem maior capacidade para enxergar vantagens e desvantagens do que é anunciado. Além disso, pela pouca maturidade, as crianças são facilmente manipuláveis pela mídia. Isso ocorre por uma crença inocente em imagens meramente ilustrativas, que despertam a imaginação e promovem o deslocamento da reali- dade, deixando a sensação de admiração pelo produto. Como consequência, empresas interessadas na venda em larga escala e no lucro aproveitam esse quadro para divulgar propagandas enganosas, em muitos casos. (Trecho exTraído de redação modelo do exame enem 2014) Às vezes, o tópico frasal pode estar acompanhado de referências: Ex. 3: A crescente valorização do consumo é preocupante se uma economia de mercado transforma-se em uma sociedade de mercado, como define Michael Sandel. Nesse tipo de sociedade, tudo pode ser comprado e tem um preço. São exemplos dessa possível transformação a venda da virgindade pela jovem brasileira em 2012 e a compra de votos no chamado Mensalão. Nesses casos, a virgindade e o deve cívico do voto, a princípio sem preço, foram vendidos como simples mercadorias. Desvirtua-se, portanto, os valores da sociedade e, de fato, cartões de credito e dinheiro poderão comprar felicidade e tudo o que o mundo oferece. (Trecho exTraído de redação modelo do exame fuvesT 2013) Ex. 4: Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como disserta Gilberto Freyre em “Casa-Grande Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até o século XIX estava com- pactada no interior da casa-grande, cuja religião era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhe deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser repudiado em um estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença. (Trecho exTraído de redação modelo do exame enem 2016) Em alguns casos, o tópico pode estar estruturado com uma oração concessiva. Ela serve para conduzir um raciocínio por meio de ressalvas e é introduzida pelas conjunções embora, ainda que, mesmo que, por mais que. Ex. 5: Em uma primeira abordagem, é importante sinalizar que, ainda que leis como a “Maria da Penha” tenham contribuído bastante para o crescimento do número de denúncias relacionadas à violência – física, moral, psico- lógica, sexual – contra a mulher, ainda se faz presente uma limitação. A questão emocional, ou seja, o medo, é uma causa que desencoraja inúmeras denúncias. Muitas vezes, a suposta submissão econômica da figura feminina agrava o desconforto. Em outros casos, fora do âmbito familiar, são instrumentos da perpetuação da violência o medo de uma retaliaçãodo agressor e a “vergonha social”, o que desestimula a busca por justiça e por direitos, peças-chave na manutenção de qualquer democracia. (Trecho exTraído de redação modelo do exame enem 2015) 68 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 3. Resumo Estrutura do Parágrafo-Padrão? TÓPICO-FRASAL Anúncio da ideia a ser trabalhada no parágrafo. Ele recupera uma parte do foi apresentado na tese. É mais curto e opinativo, e sempre pressupõe explicações. DESENVOLVIMENTO Desenvolvimento da ideia anunciada. É composto por explicações, comprovações e relações cons- tituídas a partir do tópico frasal. CONCLUSÃO Trata-se do fechamento dessa ideia principal, que pode ser feita de modo mais livre. Pode ser uma consequência de todo o processo descrito, uma observação crítica das ideias apresentadas ou até mesmo, no caso do ENEM, o anúncio de uma intervenção que poderia amenizar o problema. Exemplo: Parágrafo do tema “Desafios para a promoção do lazer nas periferias” (redação modelo) TÓPICO-FRASAL Nessas circunstâncias, outro desafio surge: o lazer para a população periférica passa a ser um objeto exclusivo dos moradores com maior renda. DESENVOLVIMENTO Isso ocorre, pois – diante de tantas ausências – o entretenimento e a diversão tornam-se possíveis apenas para aqueles que podem pagar por ingressos ou que conseguem se deslocar até as áreas com mais recursos, e assim, transformam o que deveria ser um direito em uma questão de privilégio social. A canção “Fim de semana no parque”, do grupo Racionais MCs, retrata esse cenário, pois mostra a frustração de um garoto da periferia impedido de acessar a piscina de um clube em virtude de sua condição econômica. CONCLUSÃO Embora seja uma obra de ficção, a experiência apresentada se torna uma constante, já que a maior parte da população desses espaços é de baixa renda e, com isso, permanece excluída da possibilidade de se divertir e de se entreter, precisando, muitas vezes, criar alter- nativas, inseguras para tal fim, como empinar pipas nas ruas da cidade e a nadar em águas impróprias para o banho. 3. Exercícios EXERCÍCIO 1: Redija um parágrafo de um texto dissertativo-argumentativo a partir dos tópicos frasais abaixo. Procure reunir informações, exemplos, dados ou citações de seu repertório pessoal que reafirmem a ideia proposta no período. a) As residências, nos grandes centros urbanos, transformaram-se em fortalezas repletas de segurança...................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................ .. ............................................................................................................................................................................................. b) Muitas empresas se valem do desconhecimento e da ignorância dos consumidores para impor a necessidade de novos produtos....................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 69 V O LU M E Ú N IC O c) A falta de estrutura nas escolas e o baixo incentivo em formação continuada prejudicam o desempenho dos professores da educação básica................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ d) As questões ambientais, no Brasil, são frequentemente atravessadas por conflitos entre ambientalistas e empresas privadas.................................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ EXERCÍCIO 2: Agora, redija o parágrafo considerando as ressalvas realizadas no tópico frasal. a) Embora a lei de imigração, de 2016, tenha facilitado a permanência legal dos estrangeiros no Brasil, a xenofobia existente em relação a algumas nacionalidades continua a torturar parte da população imigrante que vive no país............................. .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ b) Por mais que haja problemas graves na rede de atendimento do SUS, sua cobertura contempla diversos programas de exce- lência na saúde pública........................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ c) Apesar da possibilidade de desenvolver efeitos colaterais a longo prazo, é fundamental que a vacinação seja defendida e valorizada................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ 70 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O EXERCÍCIO 3: Leia atentamente os temas, as teses e os tópicos frasais propostos. Desenvolva esses tópicos frasais a partir de um raciocínio lógico que permita a conexão com o tópico frasal seguinte: TEMA: As diferentes formas de violência no brasil TESE: No Brasil, as instituições sempre se arquitetaram a partir de um uso perverso da violência que per- petuava a desigualdade social, mas que estava camuflado sob a égide da disciplina e do controle. O resultado de tal conduta não poderia ser menos trágico: a população passa a reagir violentamente diante de uma série de ausências, de privações e de outras agressões. TÓPICO FRASAL 1: Não são poucas as violências que a população brasileira, sobretudo a de baixa renda, vive através das mãos do Estado. ............................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ......................................................................................................................................................... TÓPICO FRASAL 2: Ao se verem acuados diante da violência dessas instituições, os indivíduos também passam a reagir de forma violenta. ................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 71 V O LU M E Ú N IC O TEMA: O impacto das redes sociais na experiência dos indivíduos TESE: Assim, convém salientar que vivência dos indivíduos é afetada pelas redes sociais de modo paradoxal: ao mesmo tempo em que resgata relações e tece vínculos importantes, antes improváveis, ela cria uma dependência tão forte capaz de comprometer seriamente toda a qualidade de vida dos sujeitos. TÓPICO FRASAL 1: É inegável a quantidade de aproximações positivas que surgiram graças às redes sociais. ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ......................................................................................................................................................... TÓPICO FRASAL 2: No entanto, a mesma rede beneficia esses indivíduos pode ser responsável por prejudi- car tantos outros, já que seu funcionamento também pode levar à dependência ........ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 72 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O TEMA: A gestão da segurança pública na sociedade brasileira TESE: Nesse cenário, é importante destacar a dificuldade do Estado em organizar os diferentes braços da segurança pública e também a falta de diálogo entre as autoridades da área e os responsáveis pelo desenvolvimento social do país. TÓPICO FRASAL 1: De início, é importante mencionar que existe uma falta de interação e comunicação entre as diferentes instâncias da segurança pública, sejam elas das esferas federais, estaduais ou municipais .................................................................................................................. ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ TÓPICO FRASAL 2: Além disso, a ausência de interlocução entre autoridades de segurança pública e de outras áreas voltadas ao desenvolvimento e a assistência social também pre- judica a gestão do setor ..................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 73 V O LU M E Ú N IC O TEMA: O legado da escravidão: entre o racismo e a democracia racial TESE: Diante de tantas segregações e exclusões, pode-se dizer que o racismo é a maior herança deixada pelo processo de escravidão no Brasil. E a ideia de democracia racial é apenas um subterfúgio disposto a conservar essa marginalização da população negra. TÓPICO FRASAL 1: Ainda que seja velado, o racismo está presente em diferentes instâncias da vida social ............................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ TÓPICO FRASAL 2: Nesse processo, a defesa de que o país consiste numa democracia racial torna-se ape- nas uma forma confortável de se isentar do debate sobre o racismo e manter essa estrutura segregadora. .............................................................................................................. ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 74 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O O objetivo principal deste e do próximo capítulo é oferecer um conjunto organizado de estratégias e técnicas que faci- litem a composição de um parágrafo de argumentação, le- vando em conta a existência de um tópico frasal. Conhecer bem e treinar bastante o emprego desses recursos aprimo- ra o processo de argumentação dos alunos, possibilitando a cada um deles escolhera melhor e mais interessante for- ma de convencer o seu leitor sobre diferentes temas. Na aula de hoje, nós conheceremos 05 dessas estratégias: explicação, exemplificação, dados estatísticos, narração e argumentação. Elas estão acompanhadas de exemplos e de comentários que facilitam a compreensão sobre os possíveis usos . Na sequência, você encontrará algumas sugestões de termos que auxiliam a utilização/escrita de cada uma dessas estratégias. 1. Explicação A explicação é uma estratégia argumentativa articulada em duas etapas sequenciais. A primeira vale-se do tópico frasal para fazer uma declaração do posicionamento do autor. Em seguida, no desenvolvimento, é necessário complementar a informação, explicando o motivo dos fatos anteriormente apresentados. Em outros termos, trata-se de uma elucidação mais ampla das causas do que se afirma no tópico frasal. É importante destacar também que a explicação do tópico fra- sal geralmente vem acompanhada de outras estratégias que contemplem um repertório do aluno, como exemplificações ou citações. Veja o exemplo: Ademais, é preciso compreender tal fenômeno pa- tológico (manipulação) como um atentado às ins- tituições democráticas. Isso porque a perspectiva de mundo dos indivíduos coordena suas escolhas em elei- ções e plebiscitos públicos. Dessa maneira, o povo tende a agir segundo o conceito de menoridade, do filósofo iluminista Immanuel Kant, no qual as decisões pessoais são tomadas pelo intelecto e influência de outro. Eviden- cia-se, assim, que o domínio da seletividade de informa- ções nas redes sociais, como Facebook e Twitter, pode representar uma sabotagem ao Estado Democrático. (Trecho de redação noTa 1000 do enem 2018) O tópico frasal apresentado pelo candidato considera a manipulação um fenômeno patológico que atenta contra democracia. A sequência do período (explicação) delineia os porquês. Em seguida, o candidato continua o desenvolvi- mento de seu raciocínio se valendo de um conceito filosófico para embasar seu argumento. DICA: Para se aprofundar nas estratégias argumenta- tivas, sempre procure ler redações com nota máxima e observar como as estratégias são empregadas para se legitimar os argumentos. EXPLICAÇÃO Expressões que ajudam a criar os períodos § Tal cenário deve-se ao fato de... § Essas atitudes ocorrem em virtude de... § Isso se torna constan- te na sociedade, pois... ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS ILC AULA 11 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 75 V O LU M E Ú N IC O 2. Exemplificação Outra estratégia interessante de desenvolvimento do tópico frasal é a exemplificação. O movimento consiste em apresentar uma afirmação geral mais simples para, na sequência, realizar uma prova dessa afirmação por meio de exemplos que sus- tentem o tópico. Exemplo: Em primeiro lugar, é notória a dificuldade que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar de algo tão pessoal como a religião. Prova disso é a presença da não aceitação das crenças alheias em diferentes regiões e momentos históricos, como no Império Romano antigo, com as perseguições aos cristãos, na Europa medieval, com as Cruzadas e no atual Oriente Médio, com os conflitos envolvendo o Estado Islâmico. (Trecho de redação noTa 1000 do enem 2016) Podemos perceber que o trecho destacado apresenta um tópico frasal bastante claro (é notória a dificuldade que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar de algo tão pessoal como a religião). Na sequência, o candidato se vale do recurso de exemplificação (o trecho em destaque) para elencar alguns casos que ratifiquem a informação contida no tópico. EXEMPLIFICAÇÃO Expressões que ajudam a criar os períodos § Essa situação é observada.. § Um exemplo dessa relação conflituosa é... § Prova desse uso desmedido ocorre em São Paulo... § Tal cenário pode ser visto... 3. Dados estatísticos / científicos O desenvolvimento do tópico frasal também pode ser realizado por meio de dados estatísticos / científicos. Essa estratégia requer um pouco de cautela, pois não se recomenda que o estudante forneça dados estatísticos de sua memória, principalmente se não há certeza sobre as fontes de obtenção. A principal recomendação é que o texto replique dados fornecidos pela própria coletânea de textos que acompanha a proposta de redação. Exemplo: Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a permanência das inú- meras formas de agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas acabam não sendo tomadas no devido momento. Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas 33,4% dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência continuam violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas psicológicas e abusos sexuais em diversos locais, como em casa e no trabalho. (Trecho da redação noTa 1000 do enem 2015) O trecho destacado evidencia que a candidata recorre a dados numéricos presentes na coletânea oferecida pelo ENEM para ratificar o tópico frasal de seu parágrafo. E também a partir desses dados, são encadeados argumentos conclusivos que estabelecem relação com o tema. DADOS ESTATÍSTICOS Expressões que ajudam a criar os períodos § Segundo dados do IBGE... § De acordo com os índices... § Um estudo do MEC revela que 11%... 76 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 4. Narração Os processos argumentativos também podem ser encadeados por meio da construção de uma narrativa. Em termos mais claros, ocorre quando recuperamos uma história / um caso, com seus personagens, localidades e vínculos temporais. Para que não haja confusões entre o entendimento do que é uma narração e, por exemplo, uma descrição ou exemplificação, é necessário lembrar desses três pontos: I. O processo narrativo configura um conjunto de alterações de situações referentes a personagens determinadas. Essas personagens podem ser unitárias ou coletivas (podemos ter um indivíduo sobre o qual se conta algo, como o prefeito de São Paulo, ou podemos ter uma personagem coletiva, como a sociedade ou os jovens da geração 2000). II. Não podemos nos esquecer de que a história dessa(s) personagem(ns) precisa(m) estar vinculada(s) a uma temporalidade precisa, e a também a um espaço bem configurado. A narrativa é um texto figurativo que irá compor um argumento concreto de seu texto. III. Toda história possui uma progressão temporal (temos eventos anteriores, concomitantes e posteriores). Aqui, é essencial saber manipular os elementos verbais, inclusive para que possamos organizar a disposição desses eventos em ordens varia- das, de acordo com a necessidade imposta pelo tema. Exemplo: O contexto histórico brasileiro indubitavelmente influencia essa questão. A colonização portuguesa buscou catequizar os nativos de acordo com a religião europeia da época: a católica. Com a chegada dos negros africanos, décadas depois, hou- ve repressão cultural e, consequentemente, religiosa que, infelizmente, perpetua até os dias de hoje. Prova disso é o caso de uma menina carioca praticante do candomblé que, em junho de 2015, foi ferida com pedradas, e seus acompanhantes, alvos de provocações e xingamentos. Ainda que a violência verbal, assim como a física, vá contra a Constituição Federal, os agressores fugiram e, como em outras ocorrências, não foram punidos. (Trecho de redação noTa 1000 do enem 2016) Para ratificar a ideia central de seu argumento, a candidata complementa o parágrafo com a narrativa de um fato con- creto que está vinculado ao tema. As personagens dessa narrativa foram uma menina carioca, seus acompanhantes e os agressores. Os fatos foram devidamente encadeados a partir de um dado de temporalidade (em junho de 2015) que exigia colocações verbais em pretérito perfeito. NARRAÇÃO Expressões que ajudam a criar os períodos § Um episódio ocorrido emSão Paulo mostrou... § Em junho de..., ocorreu algo semelhante em... 5. Contra-argumentação A contra-argumentação é uma estratégia argumentativa que consiste em apresentar um argumento oposto ao seu, para depois questioná-lo, desconstruí-lo, condená-lo ou relativizá-lo. Exemplo: Em primeira análise, convém avaliar que os entusiastas da redução da maioridade possuem argumentos válidos, que se baseiam na capacidade do jovem de responsabilizar-se por seus atos e na impunidade. Contudo, essa visão alimenta uma disputa entre a sociedade e o crime que só resulta em perdas, pois o desejo de punir o jovem infrator não atua no cerne da questão, que é a necessidade de garantir segurança para a população. Isso ocorre, pois as prisões não possuem capacidade de reabilitar o presidiário, de contribuir para sua melhora como cidadão, além do índice de reincidência criminal ser elevado e esses locais funcionarem como escolas do crime, já que pequenos infratores podem criar contato com as grandes máfias. (Trecho exTraído de redação noTa máxima do famema 2020 – esTaTísTicas dos aProvados no curso de medicina da famema em 2020.) LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 77 V O LU M E Ú N IC O No excerto, o candidato apresenta uma postura e a respectiva justificativa e, em seguida, condena comargumentos o posi- cionamento anteriormente apresentado. CONTRA- ARGUMENTAÇÃO Expressões que ajudam a criar os períodos § Muitos grupos asseguram que... Entretanto.... § Incialmente, vale considerar que os defensores de.. alegam que... Todavia, essa situação é inverídica, pois... § Embora parte da classe trabalhadora defenda que...., esse posiciona- mento ignora que... 6. Resumo 1. EXPLICAÇÃO Desenvolve-se as causas do que foi anunciado no tópico frasal. 2. EXEMPLIFICAÇÃO Apresenta-se um exemplo da realidade. 3. DADOS ESTATÍSTICOS Emprega-se dados apresentados por estudos ou pesquisas a fim de comprovar a argumentação. 4. NARRAÇÃO Apresenta-se uma situação ocorrida na vida real para se comprovar a ideia apresentada. Essa situação deve estar acompanhada da breve descrição do tempo, do espaço e dos personagens envolvidos no episódio. 5. CONTRA-ARGUMENTAÇÃO Apresenta-se uma ideia para depois desconstruí-la, invalidá-la ou mostrar como ela não ocorre. 7. Exercícios EXERCÍCIO 1: Determine as estratégias argumentativas utilizadas nos parágrafos abaixo. a) Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades em variados âmbitos de suas vidas. Um exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no mercado de trabalho, devido à precária educação recebida por eles e ao preconceito intrínseco à sociedade brasileira. b) A formação educacional de surdos encontra, no Brasil, uma série de empecilhos. Essa tese pode ser comprovada por meio de dados divulgados pelo Inep, os quais apontam que o número de surdos matriculados em instituições de educação básica tem diminuído ao longo dos últimos anos. c) O sistema de segurança no Brasil é falho. Como a violência é alta e existe uma enorme burocracia, os casos denunciados e julgados são pequenos. Além do mais, muitas mulheres têm medo de seus companheiros ou dependem financeiramente deles, não contando as agressões que sofrem. Dessa forma, mais criminosos ficam livres e mais mulheres se tornam vítimas. d) Além disso, há a violência moral, ainda muito frequente no mercado de trabalho. Pesquisas comprovam que, no Brasil, o salário dado a homens e mulheres é diferente, mesmo com ambos exercendo a mesma função. Ademais, empresas preferem contratar funcionários do sexo masculino para não se preocuparem com uma possível licença maternidade. e) Ademais, embora os favoráveis à redução da maioridade penal aleguem que os menores púberes têm total condição de saber o que é ou não ilícito e que, por isso, a infração seria uma escolha consciente, o encarceramento não é a so- lução porque deteriorará esses jovens em sua fase mais promissora. É justamente na juventude que ocorre a formação intelectual e psicológica do ser humano, de modo que trabalhar a recuperação de tais infratores nessa idade tem maior probabilidade de dar certo. Por conseguinte, ao modificar as variáveis do determinismo e apresentar novas oportunida- des, com o devido acompanhamento, é possível desenvolver o potencial desses indivíduos e inseri-los na sociedade com outra perspectiva. 78 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O EXERCÍCIO 2: Com base na estratégia argumentativa determinada e nas informações disponibilizadas, com- plete os parágrafos iniciados abaixo. I. EXEMPLIFICAÇÃO No Brasil existem 6.103 bibliotecas públicas - quantidade considerada baixa em relação ao número da população brasileira. E pensando nessa necessidade, em 2016, foi criado o projeto Cantos de Leitura. Muito mais do que biblio- tecas, os Cantos de Leitura são espaços de convivência onde o livro é o ponto chave. Desde então, já são 30 unidades inauguradas em todo país e mais de 36 mil livros doados, de diferentes hTTPs://www.em.com.br/aPP/noTicia/esPeciais/educacao/2019/02/21/inTernas_educacao,1032598/Pro- jeTo-leva-esPaco-de-culTura-e-convivencia-Para-locais-de-vulnerabil.shTml a) Embora o nível de leitura da população brasileira ainda seja baixo, existem alternativas positivas que fomentam a leitura em todo o país................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... II. DADOS ESTATÍSTICOS hTTPs://agenciadenoTicias.ibge.gov.br/agencia-noTicias/2012-agencia-de-noTicias/noTi- cias/20995-desemPrego-volTa-a-crescer-no-Primeiro-TrimesTre-de-2018 Na situação atual, é fundamental criar medidas para a geração de novos empregos formais no país, já que.............. ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 79 V O LU M E Ú N IC O III. CONTRA-ARGUMENTAÇÃO A geração de 16 a 25 anos poderá assumir na vida pública um bonde que representantes da faixa dos 40 anos acreditam ter perdido. Pesquisa Datafolha feita em agosto mostra que os jovens são o grupo com maior interesse em participar da política, seja disputando eleição ou assumindo cargo de governo. Entre os entrevistados, 29% dos que têm entre 16 e 25 anos responderam ter muito interesse ou um pouco de interesse em encarar as urnas. Conforme a idade sobe, diminui a disposição. De 26 a 40 anos, 19% das pessoas respondem dessa forma. Na faixa acima de 41 anos, a taxa é de 15%. hTTPs://www1.folha.uol.com.br/Poder/2018/09/jovens-Tem-mais-inTeresse-em-aTuar-na-PoliTica-mosTra-Pesquisa.shTml Parte da população brasileira afirma que os jovens não têm nenhum interesse na política. No entan- to,.............................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................................. ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................... 80 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 1. Estratégias argumentativas II: Dando continuidade à aula anterior, conheceremos nesse capítulo mais alguns modos de se constituir estratégias ar- gumentativas para a composição dos parágrafos centrais de uma redação. Na aula de hoje, veremos como são empre- gadas as seguintes estratégias: Argumento de autoridade, referências ficcionais, alusão histórica e comparação. 1.1. Argumento de autoridade Em uma redação, o argumento de autoridade é um recurso de composição que consiste em sustentar a opinião a res- peito de um assunto evidenciando também conhecimentos expressos por alguém que possui domínio técnico ou teó- rico sobre o tema apresentado. Usualmente, empregam-se conceitos de várias áreas do conhecimento para legitimar os argumentos, como a filosofia, a sociologia, a história, a geografia entre outras. É importante lembrar que uso dessa estratégia deve ser feito com cuidado, pois é necessário sempre verificar se o argumen- to apresentado realmente pode ser relacionado ao conceito/ informação expresso pelo teórico ou especialista apresentado. Em alguns casos, o argumento de autoridade pode ser retira- do de textos presentes na própria coletânea que acompanha a proposta de redação. Veja abaixo diferentes tipos de emprego do argumento de autoridade: a) Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de limitar a própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso do filósofo Jürgen Ha- bermas, no qual ele conceitua a ação comunica- tiva: esta consiste na capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e demonstrar o que acha melhor para a comunidade, demandando ampla informatividade prévia. Assim, sabendo que a cidadania consiste na luta pelo bem-estar social, caso os sujeitos não possuam um pleno co- nhecimento da realidade na qual estão inseridos e de como seu próximo pode desfrutar do bem comum – já que suas fontes de informação estão direcionadas –, eles serão incapazes de assumir plena defesa pelo coletivo. Logo, a manipulação do comportamento não pode ser aceita em nome do combate, também, ao individualismo e do zelo pelo bem grupal. Trecho reTirado de redação noTa 1000 do enem 2018 b) Somado a isso, tendo em vista a capacidade dos algoritmos de selecionar o que vai ou não ser lido, estes podem ser usados para moldar interesses pessoais dos leitores, a fim de alcançar objetivos políticos e/ou econômicos. Nesse cenário, a divul- gação de notícias falsas é utilizada como artifício para dispersar ideologias, contaminando o espaço de autonomia previsto pelo sociólogo Manuel Cas- tells, o qual caracteriza a internet como ambiente importante para a amplitude da democracia, devi- do ao seu caráter informativo e deliberativo. Desse modo, o controle de dados torna-se nocivo ao de- senvolvimento da consciência crítica dos usuários, bem como à possibilidade de uso da internet como instrumento de politização. Trecho reTirado de redação noTa 1000 do enem 2018 c) Ademais, é preciso compreender tal fenômeno patológico como um atentado às instituições de- mocráticas. Isso porque a perspectiva de mundo dos indivíduos coordena suas escolhas em eleições e plebiscitos públicos. Dessa maneira, o povo tende a agir segundo o conceito ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS IILC AULA 12 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 81 V O LU M E Ú N IC O de menoridade, do filósofo iluminista Immanuel Kant, no qual as decisões pessoais são tomadas pelo intelecto e influência de outro. Evidencia-se, assim, que o domínio da seletividade de informações nas redes sociais, como Facebook e Twitter, pode representar uma sabotagem ao Estado Democrático. Trecho reTirado de redação noTa 1000 do enem 2018 d) Nessas circunstâncias, deve-se ressaltar a importância econômica da problemática. Em face disso, Adorno traz em seus traba- lhos o conceito de Indústria Cultural, em que há uma objetificação do homem pela mídia, passando este a seguir os comportamen- tos ditados pela seara midiática. Seguindo essa linha de pensamento, as empresas que utilizam os dados dos usuários presentes na Internet para promover seus produtos estariam interessados não no bem-estar do indivíduo, mas nas benesses econômicos, promovendo a circulação de ideias e mercadorias com ausência de um conteúdo crítico, permitindo com isso a massificação des- ses comportamentos. Dessa maneira, entende-se essa questão como uma problemática cuja resolução deve ser imediata. Trecho reTirado de redação noTa 1000 do enem 2018 e) Outro desafio enfrentado pelos portadores de deficiência auditiva é a inobservância estatal, uma vez que o governo nem sempre cobra das instituições de ensino a existência de aulas especializadas para esse grupo – ministradas em Libras – além da avaliação do português escrito como segunda língua. De acordo com Habermas, incluir não é só trazer para perto, mas também respeitar e crescer junto com o outro. A frase do filósofo alemão mostra que, enquanto o Estado e a escola não garantirem direitos iguais na educação dos surdos – com respeito por parte dos professores e colegas – tal minoria ainda estará sofrendo práticas discriminatórias. Trecho reTirado de redação noTa 1000 do enem 2017 1. ARGUMENTO DE AUTORIDADE Expressões que ajudam a criar os períodos § Segundo o filósofo(...) Nesse sentido, é possível dizer... § De acordo com o sociólogo.... Nessa mesma linha, pode-se afir- mar que... § O historiador... afirma que “...”. A frase do autor evidencia como esse problema.. § O filósofo... assegura que.... Essa concepção pode ser relacio- nada ao...§ Essa situação confirma a ideia de Kant de que..., pois... § Tal cenário corrobora a afirmação de... sobre ... já que...... 1.2. Referências ficcionais A argumentação por referências ficcionais tem como característica a movimentação de repertório de cultural, em campo simbólico. Em termos mais práticos, é quando nos valemos de referências ou citações que encontramos em obras literárias, cinematográficas, teatrais, entre outras (obras que se ligam a um campo mais ficcional, embora essa fronteira possa ser problematizada pelo fato de existirem obras literárias enquadradas no gênero diário). Trata-se de um recurso que deve ser usado com parcimônia, vinculando adequadamente um dado que encontramos, por exemplo, em um texto literário, a um fato de nossa realidade material. Quando bem usado, o recurso da referência evidencia a capacidade que o candidato possui de relacionar um elemento artístico a sua experiência de mundo. Veja abaixo diferentes tipos de emprego de referências. Leia-as com atenção e perceba a conexão que os autores estabele- cem entre os exemplos da ficção e as ideias trabalhadas: a) Em primeiro plano, a liberdade dos cidadãos de terem suas próprias opções é prejudicada por essa mazela. Dessa forma, é imprescindível citar que no livro 1984, de George Orwell, o “Grande Irmão” observa e controla o comportamento do corpo social por meio de uma “teletela“. Sob essa ótica, a internet manipulada tem papel parecido no período atual, em que o internauta fica refém de imagens, de notícias e de assuntos baseados em algoritmos definidos por programas de computador. Desse modo, o indivíduo, majoritariamente, tem apenas uma falsa sensação de liberdade, uma vez que torna-se alienado pela rede e não tem verdadeira capacidade de escolha. (Trecho reTirado de redação noTa 1000 do enem 2018) 82 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O b) Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da coletividade ciber- nética. Ao observar somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível. (Trecho reTirado de redação noTa 1000 do enem 2018) 2. REFERÊNCIAS FICCIONAIS Expressões que ajudam a criar os períodos § Na obra... o personagem enfrenta... . De modo análogo ao livro, atualmente, as pessoas... § de Chico Buarque aborda esse universo ao fazer referência... 1.3. Alusão histórica O recurso da alusão histórica consiste, como o próprio nome indica, em fornecer algum dado/registro histórico que auxilie na composição de um argumento. A informação incorporada ao texto deve contribuir para a criação de uma linha lógica (e cronológica) entre o fato pregresso apresentado e o contemporâneo que se deseja discutir. Trata-se de uma estratégia que pode valorizar o texto do candidato, desde que se observem alguns fatores: § Cuidado com “saltos” históricos muito amplos: ao fazer uma alusão histórica, deve-se tomar cuidado em não vincular o tema que se discute a um fato histórico muito distante, sem que se estabeleçam adequadamente as informa- ções que permitiriam ao leitor estabelecer uma linha coerente entre os eventos. Não se trata aqui de dizer que é “impos- sível” estabelecer ligações entre um evento ocorrido, por exemplo, na Idade Média e algo de nossa vivência mais atual; mas nesse caso faz-se necessário explicitar maior número de fatos que deixem mais clara a conexão. § Cuidado com a apresentação de fatos históricos esvaziados de sentido: evite fazer referências históricas evasivas, em que não são explicitados os dados que farão conexão com o momento presente. Citações como “Desde a era paleolí- tica”, “Desde os tempos mais remotos” ou “Desde os primórdios”, além de abarcarem períodos históricos muito extensos (ou não definidos), não permitem ao leitor encontrar referências claras para as conexões com o momento presente. Veja os exemplos abaixo e observe de que modo os dados históricos se relacionam às ideias do autor: a) Vale ressaltar, também, que a exclusão vivenciada por deficientes auditivos no país evidencia práticas históricas de preconceito. A respeito disso, sabe-se que, durante o século XIX, a ciência criou o conceito de determinismo biológico, utilizado para legitimar o discurso preconceituoso de inferioridade de grupos minoritários, segundo o qual a função social do indivíduo é determinada por características biológicas. Desse modo, infere-se que a incapacidade associada hodiernamente aos deficientes tem raízes históricas, que acarreta a falta de consciência coletiva de inclusão desse grupo pela sociedade civil. (Trecho reTirado de redação noTa 1000 do enem 2017) b) Ademais, a influência de milhares de usuários se dá pela negligência e abuso de poder governamental. Durante a Era Vargas, a manipulação comportamental dos brasileiros foi uma realidade a partir da criação do Departamento de Imprensa e Propaganda que possuía a função de fiscalizar os conteúdos que seriam divulgados nos meios de comunicação usando o controle da população. Nos dias atuais, com o auxílio da internet, as pessoas estão mais expostas, uma vez que o governo possui acesso aos dados e históricos de navegação que possibilitam a ocorrência de uma obediência influenciada como ocorreu na Era Vargas. Desse modo, urge a extrema necessidade de alterações estruturais para a ocorrência de uma liberdade comportamental de todos. (Trecho reTirado de redação noTa 1000 do enem 2018) LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 83 V O LU M E Ú N IC O 3. ALUSÃO HISTÓRICA Expressões que ajudam a criar os períodos § Durante... a hostilidade era comum, pois.... Nos dias de hoje, essa mesma lógica pode ser vista, uma vez que ... § No período colonial, os brasileiros... § Atualmente, de modo análogo, a situação também ocorre, pois... § O cenário contemporâneo é análogo ao período... pois, assim como na época, a população se vê obrigada a... § Tal cenário tem suas raízes em........ 1.4. Comparação O recurso da comparação é bem simples, e consiste em estabelecer semelhanças e diferenças entre fatos / elementos e, a partir disso, chegar a uma conclusão. A comparação é marcada por um processo de intencionalidade, em que se deseja evidenciar pontos comuns ou distorções, a fim de embasar um argumento. Vejamos um exemplo: Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar, como já acontece em países como Canadá e Noruega, a propaganda para esse público, visando à proibição de técnicas abusivas e inadequadas. (Trecho reTirado da redação noTa 1000 do enem 2014) 4. COMPARAÇÃO Expressões que ajudam a criar os períodos § Situação semelhante a essa já ocorre em... § Tal situação é equivalente à ocorrida em ... § Diferentemente do Brasil, países como França e Argentina já aderiram ao... 2. Resumo 1. ARGUMENTO DE AUTORIDADE Sustenta-se a opinião a respeito de um assunto evidenciando também conhecimentos expressos por alguém que possui domínio técnico ou teórico sobre o tema apresentado. Usualmente, empregam-se conceitos de várias áreas do conhecimento para legitimar os argumentos, como a filosofia, a sociologia, a história, a geografia entre outras. 2. REFERÊNCIAS FICCIONAIS Emprego de referências ou citações que encontramos em obras literárias, cinematográficas, teatrais, entre outras. 3. ALUSÃO HISTÓRICA Emprego de algum dado/registro histórico qued) A doação de órgãos desfigura o indivíduo. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ e) Crianças adotadas sempre são problemáticas. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ f) A depressão não é doença, é frescura. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ g) Favela é sinônimo de criminalidade. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ h) Arte é algo para ricos. Os mais pobres não sabem prestigiá-la. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ 10 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Agora que você já conhece as principais características da dissertação argumentativa, é fundamental saber mobilizar a linguagem a ser adotada. Nesta aula, você aprenderá a reconhecer e a empregar os usos da linguagem mais ade- quados para esse tipo de texto. 1. Objetividade e clareza A linguagem utilizada na redação deve respeitar a norma padrão da língua portuguesa e prezar pela clareza e pela objetividade. Os termos que atribuem incerteza e imprecisão às afirmações devem ser dei- xados de lado. Além disso, é importante evitar palavras pouco usadas na língua e com nível muito alto de erudição. Às vezes, empregar uma palavra rebuscada para “impressionar” o corretor pode ser um grande equívoco. É importante lembrar que a linguagem do texto dissertativo- -argumentativo é basicamente denotativa, e, portanto, não pode estar recheada de clichês, ironias, frases de efeito ou recursos de estilo. Em princípio, as figuras de linguagem são ferramentas que exploram os sentidos das palavras em textos literários, quadrinhos ou canções e, consequentemente, podem atrapalhar a objetividade da redação. A criatividade é bem-vin- da quando é aplicada no título do texto ou na apresentação de alguma ideia, mas, para empregá-la, é preciso ter um domínio considerável dos elementos básicos do texto dissertativo. 2. Impessoalidade Embora a dissertação argumentativa seja caracterizada pela apresentação de um posicionamento sustentado por argumentos, a linguagem usada não deve pressupor o uso da 1ª pessoa do singular. Em vez disso, é fundamental adotar a 3ª pessoa do singular para expor suas ideias e pontos de vista, como se sugere na tabela a seguir: INADEQUADO ADEQUADO Eu penso que a globaliza- ção prejudicou a concepção de cultura. A globalização prejudicou a concepção de cultura. Acho necessário criar um novo sistema de avaliação educacional. É necessário criar um novo sistema de avaliação educa- cional. Considerando o atual cená- rio, estou convicto de que as novas políticas ambientais serão positivas. Considerando o atual cená- rio, as novas políticas am- bientais serão certamente positivas. Para se acostumar com o uso da 3ª pessoa do singular, você pode pode empregar as expressões sugeridas abaixo. § Nota-se que... § Observa-se que... § É possível perceber... § Pode-se afirmar... § Vale mencionar que... § Convém ressaltar... § É importante abordar... § Tal contexto denota… § Esse cenário evidencia... § Tais considerações apontam... § Essa relação mostra... § Esses exemplos revelam… § Não se pode esquecer... § Torna-se fundamental reavaliar ... § É necessário rever... § Passa-se a discutir... § É notável que... 3. Apresentação da opinião Não raramente, muitos alunos não sabem como colocar sua opinião em forma de texto. Ainda que tenham argumentos e um posicionamento bem definido, muitos deles não encon- tram termos, expressões e outros vocábulos para expressar seu ponto de vista. Sem essa habilidade, é comum que mui- tos textos soem expositivos, como se aluno apenas discorres- se sobre um assunto sem evidenciar suas opiniões sobre ele, como se estivesse num seminário escolar, por exemplo. Para evitar essa situação, é fundamental compreender a di- ferença entre um enunciado argumentativo e um enunciado expositivo. O enunciado argumentativo pressupõe explica- ções a respeito do que é dito, podendo, inclusive, ser contes- tado. O enunciado expositivo apresenta dados, fatos, infor- mações a respeito de um fato, sem emitir um posicionamento a respeito dessas informações. A LINGUAGEM NA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVALC AULA 2 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 11 V O LU M E Ú N IC O ENUNCIADOS EXPOSITIVOS ENUNCIADOS ARGUMENTATIVOS O Brasil é um país que viveu quase 400 anos de escravidão.auxilie na composição de um argumento. A informação incorporada ao texto deve contribuir para a criação de uma linha lógica (e cronoló- gica) entre o fato pregresso apresentado e o contemporâneo que se deseja discutir. 4. COMPARAÇÃO Estabelecimento de comparação entre situações/processões/episódios a fim de se susten- tar determinado argumento. 3. Exercícios EXERCÍCIO 1: Determine as estratégias argumentativas utilizadas nos parágrafos abaixo. a) Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por mecanismos legais, a discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação. Isso por ser explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos. b) Não é, no entanto, responsabilidade única do Estado a atual situação da publicidade infantil brasileira. Como afirmou Sér- gio Buarque, em sua obra “Raízes do Brasil”, os brasileiros estão acostumados a tratarem o Estado como um pai, deixando todas as questões político-sociais em suas mãos. Com a finalidade de proteger suas crianças, cabe aos pais abandonar essa característica patrimonialista e exigir mudanças, sem depender de governo ou de agências publicitárias. 84 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O c) Em segunda análise, o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta-se como outro fator preponderante para a dificuldade na efetivação da educação de pessoas surdas. Essa forma de preconceito não é algo recente na história da humani- dade: ainda no Império Romano, crianças deficientes eram sentenciadas à morte, sendo jogadas de penhascos. O preconceito ao deficiente auditivo, no entanto, reverbera na sociedade atual, calcada na ética utilitarista, que considera inútil pessoas que, apa- rentemente menos capacitadas, têm pouca serventia à comunidade, como é o caso dos surdos. Os deficientes auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas de menor capacidade intelectual, sendo excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o acesso à educação, mas também à posterior entrada no mercado de trabalho. d) Além disso, a ignorância social frente à conjuntura bilíngue do país é uma barreira para a capacitação pedagógica do surdo. Helen Keller – primeira mulher surdo-cega a se formar e tornar-se escritora – definia a tolerância como o maior pre- sente de uma boa educação. O pensamento de Helen não tem se aplicado à sociedade brasileira, haja vista que não se tem utilizado a educação para que se torne comum ao cidadão a proximidade com portadores de deficiência auditiva, como aulas de LIBRAS, segunda língua oficial do Brasil. Dessa forma, torna-se evidente o distanciamento causado pela inexperiência dos indivíduos em lidar com a mescla que forma o corpo social a que possuem. e) Em segundo lugar, é necessário compreender que o sufrágio é apenas o último estágio de um processo social e político muito mais amplo, que envolve a formação do cidadão, o comprometimento das pessoas com a comunidade e, em última instância, culmina na escolha de candidatos preparados para a administração pública. Em países exemplos de gestão políti- ca, como a Noruega e o Canadá, nota-se o alto grau de esclarecimento político da população e sua participação ativa na manutenção do bem-estar coletivo, características pouco observadas no Brasil. EXERCÍCIO 2: Com base nas informações disponibilizadas, complete os parágrafos iniciados abaixo. A) COMPARAÇÃO dados: baTTelle memorial insTiTuTe (ohio, eua) hTTPs://voyager1.neT/ciencia/queda-de-invesTimenTo-em-ciencia-no-brasil/ No Brasil, o investimento em ciência ainda deixa a desejar. .................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 85 V O LU M E Ú N IC O B) ALUSÃO HISTÓRICA O Brasil começou a investir em rodovias ao longo do século XX. O auge dessa política veio com o Governo JK, pois o processo de industrialização do Brasil, naquela época, demandava uma maior integração territorial, o que incluía, sem dúvidas, uma rede de transporte articulada por todo o território nacional. Nesse sentido, Juscelino Kubitschek trouxe para o país a indús- tria automobilística, construiu a capital Brasília no interior do espaço brasileiro e promoveu a construção de várias rodovias importantes, essas ocupando praticamente todo o orçamento então destinado a transportes terrestres. hTTPs://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/rodoviarismo-no-brasil.hTm (acessado em 11.03.2019) A predominância de um sistema rodoviário num país de dimensões continentais como o Brasil consiste num erro histórico. ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ C) REFERÊNCIAS FICCIONAIS Amara-o a princípio por afinidade de temperamento, pela irresistível conexão do instinto luxurioso e canalha que predomina- va em ambos, depois continuou a estar com ele por hábito, por uma espécie de vicio que amaldiçoamos sem poder largá-lo; mas desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranquila seriedade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho de raça superior. o corTiço. aluísio azevedo. Boa parte do preconceito racial existente nos dias de hoje é reflexo da reprodução negativa de uma inferioridade racial atribuída aos negros .............................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ 86 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Para isso, nessa aula você conhecerá as estratégias para se definir a proposta, as principais características da estrutura da intervenção, e ainda os seus elementos de composição. O objetivo dessa primeira etapa é apresentar o modo mais utilizado pelos candidatos para a elaboração de sua intervenção, tendo em vista que ela geralmente é apre- sentada no parágrafo de conclusão. Na próxima aula, você poderá conhecer mais afundo os agentes da intervenção e suas possíveis ações. I. Como definir a intervenção? Como a intervenção deve estar ligada às problemáticas discutidas pelo aluno, é fundamental que apresente uma ação que interfira nessas questões. Portanto, sempre pro- ponha soluções baseado nos pontos abordados por você nos parágrafos de desenvolvimento, conforma ressalta a Cartilha do Participante ENEM 2020: A proposta de intervenção precisa estar relacionada ao tema e integrada ao seu projeto de texto. Considerando seu planejamento de escrita (avaliado na Competência 3), sua proposta deve ser coerente em relação à tese desen- volvida e aos argumentos utilizados, já que expressa sua visão, como autor, das possíveis soluções para a questão discutida. Assim, é necessário que a intervenção apontada responda aos problemas discutidos por você, mostrando-se articulada ao seu projeto de texto. a redação do enem de 2020. carTilha do ParTiciPanTe – ineP Observe o diagrama abaixo criado a partir de duas redações publicadas também na Cartilha de 2020: Exemplo 1 TESE TÓPICO FRASAL INTERVENÇÃO Verifica-se que, em nosso país, o acesso ao cinema não é disponi- bilizado a todos os cidadãos, seja pela falta de investimentos, seja pelo alto custo cobrado por empresas para assistir a um filme. Sob esse viés, pode-se apontar as poucas verbas direcionadas à construção e à manutenção de cinemas, especial- mente nas pequenas cidades brasi- leiras, como uma das causas do proble- ma em questão. Portanto, cabe ao Governo investir em projetos que facilitem o acesso ao cinema, principalmente nas regiões interioranas, por intermédio do auxílio finan- ceiro a empresas exibidoras, a fim de descentralizar os lugares em que há transmissões de filmes. Ademais, nota-se, ainda, uma intensa elitização dos cinemas, porquanto o preço cobrado pelo ingresso de uma sessão é alto, o que limita a ida a esses lugares de exibição de filmes. Outrossim, compete às ONGs, como organizações que visam suprir as necessidades populacionais, realizar campanhas em prol de salas bem estruturadas e de reduções do preço cobrado pelos ingressos das sessões cinematográficas, por meio das redes sociais e dos outros veículos de comunicação, com o objetivo de de- mocratizar a ida ao cinema e de, dessa maneira, afastar-se da realidade narrada no filme “Cine Hollyúde”. Nesta e na próxima aula, trataremos – detalhadamente – da proposta de intervenção do ENEM. O objetivo é que você possa aprender a redigir uma intervenção extrema- mente organizada e que contemple todas as exigências da banca elaboradora do exame. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO I: COMPOSIÇÃOLC AULA 13 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 87 V O LU M E Ú N IC O Exemplo 2 TESE: TÓPICO FRASAL INTERVENÇÃO No entanto, há ainda diversos obstáculos que impedem a democratização do acesso a esse recurso no Brasil, centra- dos na elitização do espa- ço público e causadores da insuficiência intelectual presente na sociedade. De início, tem-se a noção de que a Constituição Fe- deral assegura a todos os cidadãos o acesso iguali- tário aos meios de propagação do conhecimento, da cultura e do lazer. Porém, visto que os cinemas, materialização pública desses conceitos, con- centram-se predominantemente nos espaços reservados à elite socioeconômica, como os “shopping centers”, é inquestionável a exis- tência de uma segregação das camadas mais pobres em relação ao acesso a esse recurso. Nesse âmbito, cabe ao Ministério da Educação e da Cultura promover um maior acesso ao conheci- mento e ao lazer, por meio da instalação de cinemas públicos nas áreas urbanas mais periféri- cas – que deverão possuir preços acessíveis à população local –, a fim de evitar a situação de alienação e insuficiência intelectual presente nos membros das classes mais baixas. Desse modo, o cidadão brasileiro po- derá atingir a condição de plenitude da essência, prevista por Aristóteles, destacando-se, logo, das outras espé- cies animais, através do conhecimen- to e da cultura. Como consequência dessa elitização dos espaços públicos, que promove a exclusão das camadas mais periféricas,é observado um bloqueio in- telectual imposto a essa parte da população. Trechos exTraídos de redações noTa máxima do enem 2019 , disPoníveis na carTilha redação a mil 2.0.) II. Características da proposta de intervenção do ENEM Sabemos que a competência 5 do ENEM refere-se a proposta de intervenção. Essa avaliação verifica se o aluno é capaz de propor uma medida concreta para o problema discutido ao longo da redação. Para tanto, é preciso que esteja muito claro na intervenção quem e quais são: a) os responsáveis por realizar a ação (os atores sociais) b) a ação a ser realizada e seu detalhamento (ação) c) o modo com essa ação será implantada (meios) d) a finalidade dessa ação. (efeitos/fins) e) o detalhamento de ao menos 01 desses elementos. O manual de redação do ENEM 2020 define com clareza como essa relação é estabelecida: Ao redigir seu texto, busque apresentar uma proposta concreta, específica ao tema e consistente com o desenvolvimento de suas ideias. Para construir uma proposta muito bem elaborada, você deve não apenas propor uma ação interventiva, mas também o ator social competente para executá-la, de acordo com o âmbito da ação escolhida: individual, familiar, comunitário, social, político, governamental e mundial. Além disso, você deve determinar o meio de execução da ação e o seu efeito ou a sua finalidade, bem como incluir algum outro detalhamento. Ao elaborar sua proposta, procure responder às seguintes perguntas: 1. O que é possível apresentar como solução para o problema? 2. Quem deve executá-la? 3. Como viabilizar essa solução? 4. Qual efeito ela pode alcançar? 5. Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta? Em outras palavras podemos compreender essa exigência do seguinte modo: ATOR – QUEM vai fazer a ação proposta? AÇÃO – O QUE vai ser feito? MEIO – COMO essa ação será realizada? FINALIDADE – PARA QUE essa ação serve? DETALHAMENTO - Qual desses elementos posso detalhar? 88 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Os exemplos abaixo, retirados de redações com nota mil do ano de 2018, ajudam a compreender o modo como a avaliação é realizada e como o detalhamento é exigido: Com o intuito de amenizar essa problemática, o Congresso Nacional deve formular leis que limitem esse assédio comercial realizado por empresas privadas, por meio de direitos e punições aos que descumprirem, a fim de acabar com essa imposição midiática. As escolas, em parceria com as famílias, devem inserir a discussão sobre esse tema tanto no ambiente doméstico quanto no estudantil, por intermédio de palestras, com a participação de psicólogos e especialistas, que debatam acerca de como agir “online”, com o objetivo de desenvolver, desde a infância, a capacidade de utilizar a tecnologia a seu favor. Feito isso, o conflito vivenciado na série não se tornará realidade. Trecho da redação noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. Diante desse panorama, antes que a internet seja transformada em instrumento de manipulação, é preciso intervir. Logo, cabe ao Ministério da Educação abordar a importância dos múltiplos pontos de vista na esfera virtual, mediante palestras, projetos e debates, a fim de mitigar a homogeneização das manifestações individuais, uma vez que o convívio social implica diálogo e consenso. Além disso, faz-se necessário que o Estado amplie a fiscalização do uso de informações pessoais por corporações políticas e empresariais, por intermédio da criação de órgãos de denúncia online, os quais inserirão os usuários nesse processo, com a finalidade de controlar o domínio elitista sobre os limites e possibilidades do indivíduo. Desse modo, o Brasil poderá vivenciar aquilo que o Marco Civil determinou: igualdade e segurança no paralelo universo virtual, indissociável da realidade do século XXI. Trecho da redação noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. Com base nessas informações, veremos de que maneira podemos organizar nosso parágrafo de conclusão para contemplar todas essas características. É importante dominar muito bem a estrutura do parágrafo e as exigências do ENEM para garantir uma nota máxima na competência 5. III. Estrutura do parágrafo de conclusão com proposta de intervenção Embora a intervenção do ENEM exija todos esses elementos para ser bem avaliada, é fundamental considerar que o parágra- fo de intervenção necessita de uma estrutura que garanta sua função de conclusão. Em outras palavras, não basta apresentar a intervenção diretamente: é preciso mostrar ao leitor como aquela intervenção se articula com o restante do texto. Por isso, apresentamos a seguir os elementos estruturais ideais da conclusão para que o candidato cumpra as exigências da competência 5 e consiga articulá-las bem com o restante da redação. Você verá que o parágrafo de conclusão também se articula com uma pequena introdução, desenvolvimento e conclusão. 1. Retomada do problema (Introdução) Para garantir a coesão entre os parágrafos, recomenda-se que o candidato redija um primeiro período que retome o proble- ma abordado no texto sem muito detalhamento. A função desse período é estabelecer conexão entre a discussão feita e a resolução que será apresentada em seguida. Para isso, é importante que o período seja iniciado por elementos (conjunções/ pronomes) capazes revelar ao leitor tal conexão. Veja os exemplos abaixo: Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização... É possível defender, portanto, que impasses econômicos e sociais constituem desafios a superar. Para tanto, o Poder Público... Fica claro, portanto, que medidas são necessárias a fim de atenuar a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Logo, é imperativo que o Ministério da... Portanto, fica evidente a necessidade de combater o uso de informações pessoais por empresas de tecnologia. Para tanto, é... Portanto, a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet é um problema que aflige a sociedade atual e que necessita ser combatido. Para tanto, é dever... Em suma, a manipulação comportamental pelo uso de dados é um complexo desafio hodierno e precisa ser combatida. Todos os excerTos acima foram reTirados de redações noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 89 V O LU M E Ú N IC O O que os períodos acima têm em comum? Todos eles retomam o problema discutido ao longo da redação (ou suas causas) e anunciam que é preciso intervir para amenizá-lo. Além disso, eles também fazem uso de um conectivo de CONCLUSÃO para estabelecer uma melhor conexão com o parágrafo anterior (observe a grande incidência da palavra “portanto”). Assim, para garantir uma nota excelente na coesão e na intervenção, mostra-se importante elaborar um período na redação do ENEM que possua essas características. CONECTIVOS / EXPRESSÕES PARA CONCLUSÃO Portanto Assim Logo Em suma Em síntese Diante desse cenário 2. Elementos da intervenção (Desenvolvimento) Já sabemos que a intervenção do ENEM exige fundamentalmente 4 elementos para que o candidato tenha a totalidade de sua nota contemplada. Sabemos também que elementos precisam estar visíveis na identificação do corretor, o que leva o candidato a sempre redigir sua intervenção obedecendo uma ordem clara e direta da aparição de tais termos. Portanto, va- mos estudar agora as características de cada um deles, tendo em vista qual é o vocabulário mais apropriado para redigi-los. A) AGENTE – Organismos responsáveis por realizar as ações. Considerando que a prova sempre tratará de um problema a ser enfrentado, é importante conhecermos – minimamente – quais são os agentes competentes para realizar as ações. Ao dizer simplesmente que “O Estado precisa realizar políticas”, temos uma proposta que – além de incompleta – é muito vaga, já que a concepção de Estado pode variar (Gov. Federal?, Estadual?, Municipal?).Desse modo, cabe ao aluno – na hora de elaborar a intervenção – refletir sobre qual instância da sociedade seria mais competente para amenizar o problema discutido. Abaixo estão listados os principais agentes que costumam ou podem aparecer nas redações nota 1000 do ENEM. Não se preocupe se você não conhecer a fundo a função de cada um deles: essas ações serão evidenciadas na próxima aula. VOCABULÁRIO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, MINISTÉRIO DA CIDADANIA, MINISTÉRIO DA SAÚDE, PODER LEGISLATIVO, ESCOLAS, ONGs, SOCIEDADE CIVIL, MINISTÉRIO PÚBLICO, CONGRESSO NACIONAL, PODER PÚBLICO, GOVERNO ESTADUAL, PREFEITURAS. Caso seja necessário, as ações também podem ser feitas por meio de parcerias entre – no máximo – dois órgãos diferentes. Nesses casos, é importante empregar a palavra “parceria”. Ex.: Além disso é necessário que o Ministério da Justiça, em parceria com empresas de tecnologia, crie canais de denúncia de “fake news”, mediante a implementação de indicadores de confiabilidade nas notícias veiculadas – como o projeto “The Trust Project” nos Estados Unidos – com o intuito de minimizar o compartilhamento de informações falsas e o impacto destes na sociedade. Trecho reTirado de redação noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. 90 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O B) AÇÃO – Ação que pode minimizar o problema discutido. A seleção da ação a ser descrita está diretamente ligada à escolha do agente. Novamente, é fundamental conhecer bem as funções de cada organismo da sociedade para compreendê-las e saber utilizá-las. Elas são sempre mais amplas, já que a viabilidade de cada uma é sempre descrita pelos meios. Nesse sentido, é importante dominar um certo vocabulário de verbos capazes de descrever bem tal ação e torná-la visual- mente fácil de ser reconhecida pelo corretor. A tabela de verbos abaixo ajuda a compreender algumas sugestões de técnicas de escrita desses termos: VOCABULÁRIO AGENTE AÇÃO O MINISTÉRIO DA SAÚDE DEVE CABE AO MINISTÉRIO DA SAÚDE INFORMAR a população... ELABORAR projetos que... CRIAR programas... IMPLANTAR políticas... O MINISTÉRIO DA SAÚDE DEVE CABE AO MINISTÉRIO DA SAÚDE INCENTIVAR a promoção ... AMPLIAR a fiscalização... PROMOVER o acesso... REALIZAR a discussão... RESTRINGIR a divulgação... C) MEIO – Elementos práticos/concretos que irão viabilizar a ação proposta Ao redigir os meios na proposta de intervenção, o aluno deve ter claro quais serão as atividades concretas, do cotidiano, que poderão viabilizar a ação descrita. Enquanto a ação é mais ampla, os meios são mais específicos, já que se restringem à aplicação prática da medida determinada. A tabela abaixo auxilia na compreensão dessa lógica. VOCABULÁRIO CONJUNÇÕES MEIOS POR MEIO DE POR INTERMÉDIO DE A PARTIR MEDIANTE criação de campanhas a serem veiculadas na TV e nas redes sociais... implantação de restrições e multas às empresas... cursos de formação continuada oferecidos aos professores da rede pública... palestras, aulas e distribuição de materiais didáticos sobre a questão... criação de órgãos de denúncia... D) FINALIDADE/EFEITOS – Resultado que poderá ser observado após a realização da ação. A composição da finalidade exige que o candidato saiba qual será o cenário posterior ao emprego da ação escolhida. Nova- mente, é importante dominar um vocabulário de conjunções e verbos que ajudem a descrever esses efeitos. VOCABULÁRIO CONJUNÇÕES/VERBOS FINALIDADE/EFEITO A FIM DE COM O OBJETIVO DE COM A FINALIDADE DE PARA COM O FITO VISANDO EVITAR o reaparecimento... DIMINUIR os índices... MELHORAR a qualidade... DESENVOLVER a capacidade... ACABAR com a exploração... REDUZIR a emissão... DESCONSTRUIR preconceitos... LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 91 V O LU M E Ú N IC O E) DETALHAMENTO – ao menos um dos elementos da sua redação precisa ser detalhado. Abaixo segue alguns exemplos desse detalhamento: DETALHAMENTO DA AÇÃO Assim, faz-se necessária a atuação do Ministério da Educação, em parceria com a mídia, na educação da população — especialmente dos jovens, público mais atingido pela influência digital — acerca da necessidade do posicionamen- to crítico quanto ao conteúdo exposto sugerido na internet. Isso deve ocorrer por meio da promoção de palestras, que, ao serem ministradas em escolas e universidades, orientem os brasileiros no sentido de buscar informação em fontes variadas, possibilitando a construção de senso crítico. DETALHAMENTO DA AÇÃO Além disso, é de suma importância que as instituições educacionais promovam, por meio de campanhas de conscientização, para pais e alunos, discussões engaja- das sobre a imprescindibilidade de saber usar, de maneira cautelosa, a internet, entendendo a relevância de uma “polarização digital” para a concretização da razão comunicativa, com o intuito de utilizar o meio virtual para o desenvolvimento pleno da sociedade. DETALHAMENTO DO MEIO As escolas, em parceria com as famílias, devem inserir a discussão sobre esse tema tanto no ambiente doméstico quanto no estudantil, por intermédio de palestras, com a participação de psicólogos e especialistas, que debatam acerca de como agir “online”, com o objetivo de desenvolver, desde a infância, a capacidade de utilizar a tecnologia a seu favor. Governo Central deve impor sanções a empresas, em especial as virtuais, que criam perfis de usuários para influenciar suas condutas, por via da instauração de Se- cretarias planejadas para a atuação no ambiente digital, uma vez que tais plataformas padecem de fiscalizações efetivas, com o fito de minorar o con- trole de comportamentos por particulares. Assim, cabe ao Executivo combater a manipulação de dados, mediante o investi- mento no Ministério de Ciência e Tecnologia, que aprimorará a fiscalização dos sis- temas virtuais das empresas e desenvolverá um setor de tecnologia da informação, rumo à ampla proteção dos usuários do ambiente cibernético. DETALHAMENTO DA FINALIDADE Às escolas desenvolverem a percepção dos perigos da “cognição preguiçosa” para a formação da visão de mundo dos seus alunos, mediante aulas de informática unidas à disciplina de Sociologia – voltadas para uma educação não só técnica, mas social das novas tecnologias -, a fim de ampliar nos jovens o interesse por diferentes opiniões e, consequentemente, reduzir os efeitos adversos da problemática. Para tanto, é dever do Poder Legislativo aplicar medidas de caráter punitivo às compa- nhias que utilizarem dados privados para a filtragem de conteúdos em suas redes. Isso seria efetivado por meio da criação de uma legislação específica e da formação de uma comissão parlamentar, que avaliará as situações do uso indevido de informações pesso- ais. Essa proposta tem por finalidade evitar a manipulação comportamental de usuários e, caso aprovada, certamente contribuirá para otimizar a expe- riência dos brasileiros na internet. Todos os excerTos acima foram reTirados de redações noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. 92 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 3. Fechamento especial (Conclusão) Para encerrar a redação, recomenda-se que o aluno escreva um período conclusivo curto no qual ele afirme o que poderá melhorar a partir das ações informadas. Trata-se de algo bem conciso e mais amplo que pode, inclusive, fazer referência – histórica, filosófica, literária, sociológica, entre outras – a algum dado trabalhado, geralmente, na introdução do texto. Assim, além de garantir o cumprimento do detalhamento descrito, ele consegue estabelecer o paralelismo com algo que foi abordado ao longo da redação. Observe os exemplos das redações nota mil do ano de 2018: INTRODUÇÃO A sociedade distópica retratada no longa-metragem “Matrix“ era controlada por uma inteli- gência artificial que ocasionava a ilusão de livre-arbítrio das pessoas, a qual era erroneamente interpretada como decisão inerenteao ser humano. Para além da ficção, o poder de alienação e manipulação dos indivíduos a partir do controle de dados na internet é uma realidade provo- cada pelas plataformas de comunicação e redes sociais no Brasil e no mundo. PERÍODO DE FECHAMENTO Só assim, a ignorância dará espaço a razão nas sociedades contemporâneas e a realidade do filme “Matrix” não será repetida no mundo real. INTRODUÇÃO George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual os meios de co- municação são controlados e manipulados para garantir a alienação da população frente a um governo totalitário. Entretanto, apesar de se tratar de uma ficção, o livro de Orwell parece refletir, em parte, a realidade do século XXI, uma vez que, na atualidade, usuários da internet são constantemente influenciados por informações previamente selecionadas, de acordo com seus próprios dados. Nesse contexto, questões econômicas e sociais devem ser postas em vigor, a fim de serem devidamente compreendidas e combatidas. PERÍODO DE FECHAMENTO Assim, será possível restringir, de fato, a distopia de Orwell à ficção. DESENVOLVIMENTO 3º PARÁGRAFO Ademais, é preciso compreender tal fenômeno patológico como um atentado às instituições democráticas. Isso porque a perspectiva de mundo dos indivíduos coordena suas escolhas em eleições e plebiscitos públicos. Dessa maneira, o povo tende a agir segundo o conceito de menoridade, do filósofo iluminista Immanuel Kant, no qual as decisões pessoais são tomadas pelo intelecto e influência de outro. Evidencia-se, assim, que o domínio da seletividade de in- formações nas redes sociais, como Facebook e Twitter, pode representar uma sabotagem ao Estado Democrático. PERÍODO DE FECHAMENTO Desse modo, atenuar-se-á, em médio e longo prazo, o impacto nocivo do controle comporta- mental moderno, e a sociedade alcançará o estágio da maioridade Kantiana. INTRODUÇÃO No livro Admirável Mundo Novo do escritor inglês Aldous Huxley é retratada uma realidade distópica na qual o corpo social padroniza-se pelo controle de informações e traços compor- tamentais. Tal obra fictícia, em primeira análise, diverge substancialmente da realidade con- temporânea, uma vez que valores democráticos imperam. No entanto, com o influente papel atribuído à internet, configurou-se uma liberdade paradoxal tangente à regulamentação de dados. Assim, faz-se profícuo observar a parcialidade informacional e o consumo exacerbado como pilares fundamentais da problemática. PERÍODO DE FECHAMENTO Enfim, será possível a construção de uma juventude responsável e dificilmente manipulada, sem nenhuma semelhança à obra de Aldous Huxley. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 93 V O LU M E Ú N IC O INTRODUÇÃO George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual os meios de comunicação são controlados e manipulados para garantir a alienação da população frente a um governo totalitário. Entretanto, apesar de se tratar de uma ficção, o livro de Orwell parece refletir, em parte, a realidade do século XXI, uma vez que, na atualidade, usuários da internet são constantemente influenciados por informações previamente selecionadas, de acordo com seus próprios dados. Nesse contexto, questões econômicas e sociais devem ser postas em vigor, a fim de serem devidamente compreendidas e combatidas. PERÍODO DE FECHAMENTO Enfim, será possível a construção de uma juventude responsável e dificilmente manipulada, sem nenhuma semelhança à obra de Aldous Huxley. ENCERRAMENTO SEM REFERÊNCIA Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida. ENCERRAMENTO SEM REFERÊNCIA Dessa forma, será possível tornar o meio virtual um ambiente mais seguro e democrático para a população brasileira. ENCERRAMENTO SEM REFERÊNCIA Dessa forma, garantir-se-á o combate à manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Todos os excerTos acima foram reTirados de redações noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. VOCABULÁRIO Desse modo, será possível... Feito isso, a sociedade poderá ... Dessa maneira, os desafios...poderão ser atenuados. DICA IMPORTANTE: Para não se esquecer de nenhum desses detalhes, organize o planejamento de sua intervenção a partir da seleção das informações: RETOMADA: QUEM? O QUÊ? COMO? PARA QUÊ? FECHAMENTO ESPECIAL: 4. Resumo 1. Identifique as problemáticas discutidos e determine a intervenção; 2. Redija o parágrafo de intervenção de forma completa: A. RETOMADA DO PROBLEMA: Assim, nota-se a necessidade de combater o.../ Diante desse cenário, nota-se a impor- tância de ... 94 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O B. DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO: (Ao menos 1 dos itens deve ser detalhado) AGENTE AÇÃO MEIO FINALIDADE c/ detalhamento Logo, o Ministério da Saúde deve alertar a popula- ção sobre a importân- cia da vacinação, por meio da amplia- ção de campanhas que mostrem os riscos... com o objetivo de aumen- tar o número de pessoas vacinadas no país, evi- tando o reaparecimento de novas doenças. AGENTE AÇÃO MEIO c/detalhamento FINALIDADE Em paralelo, cabe às escolas instruir os alunos a como lidar com as informações que aparecem na internet, por intermédio de ativi- dades lúdicas – como debates, rodas de conversas e oficinas de pesquisa – com a finalidade aprimorar a capacidade de filtragem de informações entre crianças e adolescentes... C. FECHAMENTO ESPECIAL (também vale como detalhamento da finalidade) § Diante dessas medidas, o Brasil poderá amenizar o problema da... § Assim, será possível garantir o direito ao trabalho conforme previsto na constituição brasileira. 5. Exercícios EXERCÍCIO 1: Reconheça e sublinhe os AGENTES, as AÇÕES, os MEIOS e as FINALIDADES das propostas a seguir: a) Portanto, é notório que a manipulação dos dados de pesquisa dos utentes se configura como um problema relativo à fragilidade das leis na rede. Logo, o Congresso Nacional deveria elaborar uma legislação que reforçasse os direitos e deveres dos usuários no ambiente virtual, por meio de reuniões com especialistas em segurança digital, com o fito de amenizar os crimes de roubos de dados por empresas. Assim, o Governo reverteria o estado de anomia na internet. b) Portanto, a manipulação de pessoas no meio digital, favorecida pela falta de autonomia nesse contexto, leva à formação de grupos os quais só compartilham um único interesse. Logo, cabe às escolas, instituições que desenvolvem sujeitos au- tônomos, a tarefa de alertar acerca da necessidade de navegar com responsabilidade pela internet, por meio de palestras e discussões sobre o assunto, envolvendo as disciplinas de Filosofia e Sociologia, a fim de formar cidadãos que não sejam controlados pelas ferramentas virtuais. Ademais, as redes sociais, principal espaço causador das “bolhas” de pensamentos e gostos, deve facilitar a interação de ideias divergentes, mediante a criação de páginas voltadas para a troca de opiniões. Só assim, o controle de indivíduos na “Era da Informação” será solucionado. c) Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com instituições de apoio ao surdo, proporcione a este maiores chances de se inserir no mercado, mediante a implementação do suporte adequado para a formação escolar e acadêmica desse indivíduo – com profissionais especializados em atendê-lo –, a fim de gerar maior igualdade na quali- ficação e na disputa por emprego. É imprescindível , ainda, que as famílias desses deficientes exijam do poder público a concretude dos princípios constitucionais de proteção a esse grupo, por meio do aprofundamento no conhecimento das leis que protegem essa camada, para que, a partir da obtenção do saber, esse empenho seja fortalecido e, assim, essa parcela receba o acompanhamento necessário para atingir a formação educacional e a contribuição à sociedade. d) Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que respeitemàs dife- renças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito desse tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de deficiência. Além disso, é im- prescindível que o Poder Público destine maiores investimentos à capacitação de profissionais da educação especializados no ensino inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer aos surdos uma formação mais eficaz. Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de trabalho. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 95 V O LU M E Ú N IC O 1. Proposta de intervenção II - Os agentes da intervenção Para compreender melhor como devemos elaborar a inter- venção, é importante conhecer mais de perto quais são os atores que – efetivamente – podem agir diante dos pro- blemas abordados, afinal, não é nada fácil sugerir soluções para as dificuldades enfrentadas em diferentes ambientes da vida social. Desse modo, esta aula ajudará você a com- preender quais são os principais atores sociais a serem considerados no momento de elaborar a intervenção. 1.1. Estado? Governo? O que usar? Muitas vezes, até mesmo nas redações avaliadas com nota máxima, costumamos encontrar os termos ESTADO e GOVERNO como sinônimos, embora essas instâncias não sejam a mesma coisa. O esquema abaixo traduz essa diferença: ESTADO é a unidade administrativa de um território. É composta por diversas instituições que organizam, representam e atendem a população que habita esse território, como as escolas e os hospitais públicos, a polícia, as bibliotecas, as prisões. GOVERNO é o ator responsável por administrar o Estado e está representado pelo Poder Executivo. O esquema abaixo ajuda a entender essas funções: Bibliotecas Hospitais Delegacias Bombeiros Transporte público ESTADO Prefeitura Gov. estadual Gov. federal GOVERNO Abaixo, você encontra a divisão do PODER EXECUTIVO – cuja é função administrar o território – e do PODER LEGISLATIVO – cuja função é criar leis. Além disso há a função de alguns ministérios importantes para serem utilizados na redação do ENEM. FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL PODER EXECUTIVO Presidente + Ministérios Governador + Secretários Prefeito + Secretários PODER LEGISLATIVO Senadores + Dep. Federais (Congresso Nacional) Deputados Estaduais Vereadores PROPOSTA DE INTERVENÇÃO II: AGENTES DA INTERVENÇÃOLC AULA 14 96 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 1.2. Executivo GOVERNO FEDERAL - Ministérios No âmbito federal, o Presidente da República governa o país com o auxílio dos Ministérios. Cada um deles possui órgãos voltados a diferentes setores da administração pública. Veja abaixo alguns deles: Principais ministérios para articulação na redação § Ministério da Educação § Ministério da Saúde § Ministério do Meio Ambiente § Ministério do Desenvolvimento Social § Ministério do Desenvolvimento Regional § Ministério das Cidades § Ministério das Relações Exteriores § Ministério do Trabalho e Emprego § Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações § Ministério da Justiça e Segurança Pública § Ministério da Fazenda § Ministério dos Transportes § Ministério das Mulheres § Ministério da Igualdade Racial § Ministério dos Povos Indígenas § Ministério dos Direitos Humanos – Temas: Crianças e Adolescentes, Pessoa com Deficiência, Pessoa Idosa, LGBT, Mortos e Desaparecidos Políticos, Combate às Vio- lações, Prevenção e Combate à Tortura, População em Situação de Rua. DICA: Para conhecer melhor as ações dos ministérios, leia as legislações descritas abaixo: Criação do SUS - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm Plano Nacional de Educação - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm Política Nacional do Meio Ambiente - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9630.htm Programa Nacional de Direitos Humanos - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7037.htm Plano Nacional de Cultura - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12343.htm Exemplos: O governo federal, como instituição regulamentadora da internet e propaganda, deve criar medidas que controlem e reduzam a publicidade direcionada, por meio da fiscalização e criação de leis que exijam a transparência das empresas. Espera-se, com isso, que os brasileiros possam ter a liberdade de escolha garantida e, assim, sejam menos manipulados pela mídia, como Adorno e Horkheimer defendiam. Trecho da redação noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 97 V O LU M E Ú N IC O Então, o governo federal deve deixar obrigatória para todos os colégios (públicos e privados) a disciplina Ensino Religioso durante o Ensino Fundamental. Outro caminho é o incentivo das prefeituras para que a população conheça as religiões como elas realmente são, e não a imagem criada pela mídia nem aquela herdada desde a época colonial, promovendo visitas aos centros religiosos, palestras e programas na televisão e no rádio.” Trecho da redação noTa mil do ano de 2016. Desse modo, com intuito de atenuar atos contrários a prática da religiosidade individual, cabe ao governo, na figura do Mi- nistério da Educação, a implementação na grade curricular a disciplina de teorias religiosas, mitigando defeito histórico. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2016. O MEC deve criar um projeto de conscientização para ser desenvolvido nas escolas, a qual promova passeios turísticos aos templos de várias religiões, além de apresentações artísticas e palestras a fim de ensinar a crianças e adolescentes a importância de conhecer e respeitar a pluralidade das crenças. Cabe ao Ministério da Cultura e à Secretaria dos Direitos Humanos realizar campanhas combativas permanentes, as quais devem ser divulgadas por meio da mídia. Outrossim, é fundamental que o Poder Legislativo desenvolva o “Estatuto da Tolerância Religiosa”, para esclarecer melhor os direitos e deveres dos cidadãos a respeito do tema. Também, é preciso que os sacerdotes brasileiros de todas as religiões unam-se com o objetivo de determinar a realização de palestras e discussões nas igrejas para estimular o convívio harmônico e evitar qualquer tipo de radicalismo. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2016. 2. Sociedade civil Para compreendermos qual é a noção de sociedade civil e qual é seu alcance enquanto agente da proposta de intervenção, recorrermos à definição do filósofo político Norberto Bobbio. “Sociedade civil é o lugar onde surgem e se desenvolvem os conflitos econômicos, sociais, ideológicos, religiosos, que as instituições estatais têm o dever de resolver ou através da mediação ou através da repressão. Sujeitos desses conflitos e portanto da sociedade civil exatamente enquanto contraposta ao Estado são as classes sociais, ou mais amplamente os grupos, os movimentos, as associações, as organizações que as representam ou se declaram seus representantes; ao lado das organizações de classe, os grupos de interesse, as associações de vários gêneros com fins sociais, e indiretamen- te políticos, os movimentos de emancipação de grupos étnicos, de defesa dos direitos civis, de libertação da mulher, os movimentos de jovens etc.” norberTo bobbio, “esTado, governo e sociedade” ediTora Paz e Terra, são Paulo, 1985. A partir do conceito de Bobbio, é possível dizer que a sociedade civil é formada tanto pela população em geral (aqueles que compõem a classe social), como – de modo mais amplo - pelas instituições que representam essa população (igrejas, associações, movimentos).No entanto, com o objetivo de deixarmos nossa proposta de intervenção ainda mais detalhada, é interessante sempre separar esses grupos quando necessário. Em outras palavras, devemos usar a expressão sociedade civil para nos referirmos aos cidadãos como um todo, e – quando for o caso – devemos especificar qual é a instituição representante que está agindo como ator social em nossa intervenção. Observe os exemplos abaixo: Tendo em vista a desconstrução da herança etnocentrista, cabe à sociedade civil (desde estudiosos, ativistas a fami- liares) incentivar o pluralismo e a tolerância religiosa, através de palestras e de núcleos culturais gratuitos em praças públicas. Trecho da redação noTa mil do ano de 2016. (AQUI HÁ ESPECIFICAÇÃO – População + ativistas) Convém, portanto, que, primordialmente, a sociedade civil organizada exija do Estado, por meio de protestos, a observância da questão religiosa no país. Trecho da redação noTa mil do ano de 2016. (AQUI NÃO HÁ ESPECIFICAÇÃO – População em geral) 98 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Além disso, cabe à sociedade efetivar o uso consciente da internet, por intermédio do policiamento acerca da obtenção de infor- mações, as quais devem ser originadas de fontes confiáveis — com o intuito de assegurar uma mudança de pensamento social. Trecho da redação noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. (AQUI O TERMO SOCIEDADE FOI UTILIZADO DE FORMA GENÉRICA) 3. Universidade De acordo com a Constituição Federal, as universidades brasileiras são formadas a partir do Ensino, da pesquisa e da ex- tensão: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. (Artigo 207) Em resumo, a universidade não deve apenas se dedicar à formação dos alunos ou à pesquisa científica, mas também deve oferecer conhecimento e cultura à sociedade em geral, já que é a entidade pública onde diferentes saberes são construídos. Esse é o papel da Extensão Universitária. Veja abaixo a descrição da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP: A extensão universitária é uma credencial de excelência, porque somente universidades com história e altos índices de qua- lidade no âmbito da pesquisa e do ensino podem repassar à sociedade, em forma de serviços ou ensinamentos, o conhecimento acumulado em todas as áreas. É o traço que melhor caracteriza o perfil de universidade pública, entendida esta como instituição a serviço da coletividade. Entretanto, a extensão universitária, ainda hoje, carece de reconhecimento, parcialmente, por não haver efetivamente se concretizado, nos diplomas regimentais da Universidade, como prática nos trabalhos acadêmicos dos departamentos. (hTTP://Prceu.usP.br/insTiTucional/) 4. Escola/comunidade escolar A escola é um dos agentes sociais mais presentes nas propostas de intervenção dos alunos. No entanto, é importante lem- brar que esse agente não deve ser considerado um grande “agente-coringa” a ser utilizado em qualquer tema. Deve-se observar bem o problema analisado no texto, para, assim, selecionar os atores capazes de nele intervir. Exemplos: Logo, cabe às escolas, instituições que desenvolvem sujeitos autônomos, a tarefa de alertar acerca da necessidade de na- vegar com responsabilidade pela internet, por meio de palestras e discussões sobre o assunto, envolvendo as disciplinas de Filosofia e Sociologia, a fim de formar cidadãos que não sejam controlados pelas ferramentas virtuais. Trecho da redação noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que respeitem às di- ferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito desse tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de deficiência. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2017. É imprescindível, também, que as escolas garantam a inclusão desses indivíduos, por intermédio de projetos e atividades lúdicas, com a participação de familiares, a fim de que os surdos tenham sua dignidade humana preservada. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2017. 5. Empresas / iniciativa privada Embora as empresas costumem figurar com frequência como agentes nas redações dos alunos, o seu uso deve ser restrito. Como ENEM aborda questões ligadas aos direitos sociais e humanos, pensar numa transformação nesse sentido que seja proveniente de empresas, pode – em alguns casos – soar utópico. Assim, é interessante que a iniciativa privada apareça como uma parceira das instituições do Estado, ou ainda, como agente de uma transformação na qual ela realmente está habituada a atuar. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 99 V O LU M E Ú N IC O Exemplos: Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de trabalho. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2017. Além disso, cabe às empresas a garantia de igualdade no espaço laboral, pagando um salário justo e admitindo funcioná- rios pela sua qualificação, livre de preconceitos. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2017. Além disso é necessário que o Ministério da Justiça, em parceria com empresas de tecnologia, crie canais de denúncia de “fake news”, mediante a implementação de indicadores de confiabilidade nas notícias veiculadas – como o projeto “The Trust Project” nos Estados Unidos – com o intuito de minimizar o compartilhamento de informações falsas e o impacto destes na sociedade. Feito isso, a sociedade brasileira poderá se proteger contra a manipulação. Trecho da redação noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. 6. Movimentos sociais Os movimentos sociais constituem-se por grupo organizados que buscam alcançar mudanças sociais por meio do embate político. Na maioria das vezes, os movimentos sociais pressionam o Governo para que este respeite a constituição e, assim, garanta aos indivíduos uma série de direitos. É importante lembrar que os movimentos costumam atuar em causas específicas. Por exemplo, uma das principais pautas do movimento feminista – de modo geral – é defesa da igualdade de condições entre os membros da mesma sociedade. Assim, essas organizações podem aparecer como agentes capazes de fortalecer a população para a reivindicação de deter- minados direitos. Exemplos: Cabe à sociedade civil, o apoio às mulheres e aos movimentos feministas que protegem as mulheres e defendem os seus direitos, expondo a postura machista da sociedade. Dessa maneira, com apoio do Estado e da sociedade, aliado ao debate sobre a igualdade de gênero, é possível acabar com a violência contra a mulher. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2015. 7. ONGs As ONGs (organizações não governamentais) são entidades privadas, sem fins lucrativos, com propósito é defender e pro- mover uma causa política de qualquer natureza. Tal causa pode estar vinculada a: direitos humanos, direitos animais, direitos dos indígenas, combate ao racismo, meio ambiente, questões urbanas, imigrantes, entre outras pautas. Basicamente, as ONGs funcionam com a verba de doações e também com contemplação de seus projetos por editais públicos e privados. Além disso, boa parte dos funcionários são voluntários e, por vezes, organizam eventos para arrecadar dinheiro destinado à manutenção da entidade. Portanto, convém que elas sejam apresentadas também em parceria com outros agentes. Nas redações, as ONGs podem ser tratadas também como instituições de apoio a determinado público. Exemplos: Paralelamente, ONGs devem corroborar esse processo a partir da atuação em comunidades com o fito de distribuir cartilhas que informemacerca das alternativas de denúncia dessas desumanas práticas, além de sensibilizar a pátria para a luta em prol da tolerância religiosa.” Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2016. 100 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com instituições de apoio ao surdo, proporcione a este maiores chances de se inserir no mercado, mediante a implementação do suporte adequado para a formação escolar e aca- dêmica desse indivíduo – com profissionais especializados em atende-lo -, a fim de gerar maior igualdade na qualificação e na disputa por emprego. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2017. Ademais, a mídia, associada a ONGs, deve alertar a população sobre as mazelas de não questionar o conteúdo acessado em rede, por meio de campanhas educativas. Isso pode ocorrer com a realização de narrativas ficcionais engajadas, como novelas e seriados, e reportagens que tratem do tema, a fim de contribuir com o uso crítico das novas tecnologias. Trecho da redação noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. 8. Mídia A situação da mídia, como um ator social na proposta de intervenção, é muito semelhante à das empresas. Não podemos considerar que ela, voluntariamente, atue em diferentes instâncias da vida social. Nesse sentido, é interessante ela seja utilizada a partir de relações com outros agentes da intervenção ou como um MEIO através do qual a ação será realizada. Exemplos: Logo, é imperativo que o Ministério da Educação, junto aos veículos midiáticos, mobilize-se por meio de palestras e campanhas sociais as quais atentem para a filtração virtual das informações. Isso ocorrerá com o propósito de aprimorar o senso crítico da população e, então, reduzir a influência das empresas globais sobre suas ações. Trecho da redação noTa mil do ano de 2018. fonTe: carTilha: redação a 1000. Outrossim, ONGs devem promover, através da mídia, campanhas que conscientizem a população acerca da importância do deficiente auditivo para a sociedade, enfatizando em mostrar a capacidade cognitiva e intelectual do surdo, o qual seria capaz de participar da população economicamente ativa (PEA), como fosse concedido a este o direito à educação e à equi- dade de tratamento, por meio da difusão do uso de libras. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2017. Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro, por meio de debates nas mídias sociais capazes de descontruir a prevalência de uma religião sobre as demais. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2016. Ademais, as instituições de ensino, em parceria com a mídia e ONGs, podem fomentar o pensamento crítico por inter- médio de pesquisas, projetos, trabalhos, debates e campanhas publicitárias esclarecedoras. Trecho exTraído de redação noTa mil do ano de 2016. 9. Ministério público O Ministério Público é um órgão institucional autônomo, responsável por defender o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis. Ele não se alinha com nenhum dos três poderes (executivo, judiciário e legislativo), e por essa razão, ele não pode ser extinto ou ter suas obrigações repassadas a outro órgão. Sua função principal é investigar e denunciar irregularidades (como a de Brumadinho, em 2019), observar a correta aplicação da lei, promover ações penais públicas, entre outras. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 101 V O LU M E Ú N IC O 10. Resumo 1. Sempre procure conhecer os atores sociais para definir quais ações eles podem executar em sua intervenção. AGENTE AÇÃO 1. MINISTÉRIOS § Reduzir e prevenir riscos e agravos à saúde da população; (SAÚDE) § Ampliar o acesso da população a medicamentos; (SAÚDE) § valorizar os profissionais da educação; (EDUCAÇÃO) § estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos de pesquisa e cursos de formação para profissionais da educação; (EDUCAÇÃO) § proteger áreas ameaçadas de degradação; (MEIO AMBIENTE) § acompanhar o estado e a qualidade do ambiente; (MEIO AMBIENTE) § combater a violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carcerária; (MULHER, FAMÍLIA E DIREITOS HUMANOS) § fortalecer os princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições formadoras; (MULHER, FAMÍLIA E DIREITOS HUMANOS) § ampliar o controle e o rastreamento de armas de fogo, munições e explosivos, (JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA) § elevar o nível de percepção de segurança da população; (JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA) 2. SOCIEDADE CIVIL § cobrar das autoridades uma posição... § denunciar os casos... § informar-se a respeito da... 3. UNIVERSIDADE § oferecer capacitação aos profissionais § aprimorar o currículo dos alunos na área da... § reavaliar as formas de ingresso na instituição... 4. ESCOLAS § discutir com os alunos sobre... § promover melhor interação entre alunos, professores e profissionais... § fortalecer o contato do aluno com... 5. EMPRESAS § reavaliar os processos de contratação... § aprimorar a qualidade do ambiente profissional... § oferecer postos de trabalho destinados... 6. ONGs (parcerias) § ajudar a população a encontrar... § oferecer auxílio durante... § criar projetos voltados... 7. MINISTÉRIO PÚBLICO § investigar as irregularidades ... § ampliar a fiscalização acerca... 8. PODER LEGISLATIVO § enrijecer punição contra os indivíduos que... § facilitar o acesso da população aos... 102 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 1. Conclusão Todos os textos dissertativos-argumentativos exigem um parágrafo destinado à conclusão do texto. Nas aulas ante- riores, vimos como esse parágrafo pode ser desenvolvido na redação ENEM, observando todas exigências propostas na competência 5. Na aula de hoje, o parágrafo de con- clusão será abordado com foco em outros exames, como FUVEST, VUNESP entre outros, tendo em vista a não obri- gação de construir uma proposta de intervenção. DICA: Evite iniciar suas conclusões com expressões como: “Diante dos fatos supracitados, pode-se con- cluir que “ ou “ “Diante dos argumentos expostos”. Essas introduções, por serem largamente utilizadas, não colaboram para a autoria das redações. Primeiramente, é preciso compreender qual é função do parágrafo de conclusão no texto dissertativo-argumentativo. Embora seja comum a ideia de que conclusão representa apenas a finalização das ideias já trabalhadas durante o texto, ela possui uma função muito mais relevante: preci- sa amarrar o raciocínio desenvolvido ao longo dos parágrafos e precisa explicitar a abordagem feita na introdução. Em outras palavras, a conclusão deve retomar a tese anunciada pelo autor no início do texto, mostrando ao leitor que aquela redação apresenta uma organização coerente de todo o raciocínio desenvolvido, com começo, meio e fim. Nesse sentido, é fundamental fugir das “frases prontas”, como “é possível concluir que”, “dado o expos- to”, “com base nas análises realizadas” pois para cada tese, haverá uma construção ideal de conclusão. Outro detalhe importante que pode render uma avaliação melhor da conclusão do texto dissertativo é a elaboração de um período final capaz de surpreender os olhos do leitor. Uma espécie de “fechamento especial” que pode ser uma reflexão, uma ressalva, e até mesmo um questionamento que possam levar a discussão para um outro nível, ou para outro caminho. Nessa aula, aprenderemos maneiras diferentes de realizar essa conclusão e daremos algumas sugestões – para os que já se sentem mais confortáveis com o texto – de introduzi- rem uma frase final bem apropriada para a conclusão da redação. 1.1. Retomada da tese A ação de retomar tese na conclusão é uma das formas de garantir que o texto tenha unidade. É a maneira de asse- gurar ao leitorque a redação foi planejada, organizada e realizada. Portanto, ao recuperar a ideia proposta, a ideia principal se fecha e o texto se torna redondo, coeso e co- erente. Essa retomada não deve ser construída com as mesmas palavras expostas na tese. Tal estratégia demonstra des- preparo e até mesmo falta de repertório vocabular. Uma possibilidade é tentar explicitar a tese com outras palavras, realizando uma paráfrase, e até mesmo desenvolvendo um pouco mais o raciocínio dado pela tese. O candidato pode, além disso, retomar – brevemente – os argumentos discu- tidos ao longo do texto. Observe o exemplo de um texto escrito para o tema "Eu- tanásia: entre a liberdade de escolha e a preservação da vida" CONCLUSÃO LC AULA 15 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 103 V O LU M E Ú N IC O INTRODUÇÃO Repertório: Há décadas, quando a sociedade era pautada pelo conservadorismo excessivo e por uma visão marcadamente teológica, discussões sobre sexualidade, aborto e eutanásia eram proibidas. Apresentação do tema/polêmica: Atualmente, grupos que lutam pelos direitos individuais e pelas li- berdades de escolha e de expressão acima de qualquer crença pessoal vêm ganhando força e levantando tais discussões. Nesse contexto, o questionamento sobre o poder sobre a vida ganha destaque, tornando a eutanásia uma pauta dentro das liberdades. Tese: Assim, a escolha pela eutanásia deve ser livre da ação do Estado, garantindo os direitos individuais e limitando a ação estatal à preservação da vida no que diz respeito à garantia de acesso aos tratamentos. CONCLUSÃO Retomada da tese: Em síntese, a eutanásia deve ser uma escolha livre de cada pessoa dentro de suas crenças pessoais e da sua capacidade de suportar uma dor física ou psicológica, sendo a interferência de outros nessa escolha uma ação indevida. Retomada dos argumentos/ remissão a textos: Ao Estado, dentro desse contexto, cabe dar suporte médico e não interferir na possibilidade de escolha, mantendo a eutanásia como uma ação legal, reafirman- do a visão médica de Reinaldo Ayer e uma visão filosófica de Paul Ricoeur e garantindo o direito sobre a vida e sobre a morte para a população. (Trechos exTraídos de redação noTa máxima do unifesP 2019 – esTaTísTicas dos aProvados no curso de medicina da unifesP em 2019.) 1.2. Modelos de conclusão A) Conclusão por reflexão A conclusão por reflexão é um dos modelos mais usados nos textos que não necessitem de intervenção. Na retomada por reflexão, o autor apresenta uma ponderação sua a partir de todas as ideias apresentadas. Uma espécie de síntese reflexiva diante dos dados analisados. Observe a redação abaixo: Portanto, o uso da propaganda e dos anúncios publicitários não é tão grande por acaso: a união entre a manipulação e a impo- sição é capaz de gerar resultados muito satisfatórios para quem a emprega, seja o governo de um país, uma comissão partidária, ou uma empresa de cartões de crédito. Para algumas pessoas, um cartão de crédito pode fazê-las aproveitar um shopping, tornando-o a melhor coisa do mundo; para outros, a melhor coisa do mundo não é um shopping, mas este passa a o ser. (exTraído de melhores redações fuvesT 2013) No exemplo acima, o autor finaliza seu texto com uma reflexão sobre o funcionamento da sociedade. Ele inicia o parágrafo com a retomada da tese e em seguida, descreve – a partir de suas análises – como a sociedade de consumo funciona. B) Conclusão por remissão a textos A conclusão por remissão a textos também pode ser uma ferramenta interessante para finalizar a dissertação. Trata-se de citar um texto ou um autor para endossar a síntese desenvolvida. Tal recurso demonstra erudição e elegância na finalização das ideias. Observe o excerto: Por fim, é notório a estreita relação entre a capacidade individual de compra e o acesso a benefícios sociais, o que acaba por despertar o caráter peculiarmente egoísta do ser humano, podendo até ser nefasto como no caso do personagem de Aluísio de Azevedo, João Romão, onde a avareza toma conta do indivíduo. Na sociedade do consumo, a avareza deixa de ser um pecado para se tornar quase um estilo de vida. (exTraído de melhores redações fuvesT 2013) O autor refere-se ao personagem de Machado de Assis a fim de confirmar a tese de que a avareza pode tomar conta do indivíduo. C) Conclusão por solução No caso do ENEM, como vimos, a conclusão por meio de uma “solução”, é obrigatória, uma vez que integra a competência “proposta de intervenção”. No entanto, a ideia de propor soluções para problemas abordados não se restringe ao exame nacional: ela pode ser utilizada também em vestibulares como Fuvest, UERJ e UNESP, desde que a proposta assim o permita. Vejamos abaixo o exemplo de umas das melhores redações FUVEST de 2013: Faz-se necessário, então, que a sociedade global repense seus valores e assuma um modelo de produção e consumo mais humanizado e responsável e que seja capaz de abranger a totalidade da população mundial de forma sustentável, afinal, todos os indivíduos devem ter direito ao acesso aos mesmos bens, à mesma dignidade e à mesma felicidade. Somente assim cada indivíduo poderá desfrutar do melhor que o mundo tem a oferecer, de maneira comedida, coletiva e verdadeira. (exTraído de melhores redações fuvesT 2013) 104 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O No excerto, vemos que o candidato(a) propõe uma ação que deveria acontecer na sociedade, através da mudança de postura da “sociedade global”. Por se tratar da articulação entre a felicidade e o consumo – como sugeria a proposta – tal proposição soa um tanto utópica, já que requer uma mudança coletiva de comportamento. Embora o período esteja muito bem construído, talvez seja melhor se distanciar da sugestão de soluções para problemas muito gerais: elas podem facilmente se transformarem em clichês irrealizáveis. Por mais difícil que seja, o pessimismo costuma vir acompanhado de uma boa dose de realidade bem fundamentada. 1.3. Período final – elemento especial No final do texto, um detalhe bem construído pode fazer a diferença na atribuição da nota. Trata-se da criação de um período não muito longo capaz de elaborar uma síntese, reflexão, sugestão ou ressalva em relação ao que já foi dito. Não há uma regra fixa: tais construções dependem da criatividade e de capacidade de analogia de cada aluno. Uma boa dica é utilizar as referências históricas, sociológicas, filosóficas, literárias empregadas na introdução do texto, com o objetivo de manter o paralelismo entre a introdução e a conclusão. Na redação abaixo, o autor optou por recuperar uma citação famosa, propondo-lhe outra versão: O capitalismo inerente à maioria das nações contemporânea trouxe consequências aterradoras para seus cidadãos. A felici- dade atribuída ao ato de comprar desencadeou diversas mazelas atuais, entre elas a sobreposição do “ter” em relação ao “ser”. Assim, tendo seu valor intrínseco associado às posses, as pessoas começaram a relacionar-se de forma efêmera, em um mundo onde apenas os endinheirados vivem perigosamente. Se Descartes vivesse no século XXI, alteraria sua afirmação para “tenho, logo existo”. (exTraído de melhores redações fuvesT 2013) No texto abaixo, o autor preferiu levar a discussão mais adiante, sugerindo uma possibilidade de se pensar em outras coisas além do consumo. É inegável que o consumismo provoca uma distorção social caótica e, sobretudo, cognitiva. É preciso combatê-lo em sua pró- pria trincheira: nossos cérebros. Só então será possível enxergar o que realmente existe no céu do shopping center: concreto, vidro e metal. O mundo tem coisas bem melhores a oferecer. (exTraído de melhores redações fuvesT 2013) 2. Resumo § O objetivo da conclusão é encerrar a discussão realizada ao longo do texto, a partir da recuperação da abordagem inicial. § Trata-se de um parágrafo mais livre, cabendo ao aluno decidir qual é forma de conclusão que melhor convém a cada tema. 2.1. Sugestão deestrutura da conclusão A. RETOMADA DA TESE: Inicia-se o período com uma reafirmação da posição inicial, sugerida pela tese. B. (OPÇÕES) B1. RETOMADA DOS ARGUMENTOS: Retoma-se os argumentos para endossar o posicionamento. B2. SOLUÇÃO: Apresenta-se uma solução para o problema discutido. B3. REMISSÃO A TEXTOS: Trata-se de uma referência a um autor/obra apresentado ao longo do texto. B4. REFLEXÃO CRÍTICA: Apresenta uma ponderação sua a partir de todas as ideias apresentadas. C. FECHAMENTO ESPECIAL (OPCIONAL): Crie um período curto, no qual você faça uma sugestão, uma ressalva em relação ao que já foi dito ou uma previsão futura a respeito do cenário discutido. OBSERVAÇÃO: Essa estrutura não é rígida. os modelos e a ordem podem ser combinados. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 105 V O LU M E Ú N IC O ANÁLISE DE REDAÇÕES 2 (FUVEST/VUNESP)LC AULA 16 1. Análise de redações A presente aula é dedicada à análise de duas propostas de redação: uma da FUVEST e outra da VUNESP. A ideia é que você observe as especificidades de cada banca, analise o atendimento à proposta e compreenda o desenvolvimento do texto dissertativo-argumentativo nas temáticas apre- sentadas. Leia os textos motivadores e as redações escolhidas e, na sequência, responda os exercícios. Proposta FUVEST - 2022 TEXTO I Por que rimos? Ninguém sabe. O riso tem uma qualidade universal: todas as culturas têm seus contadores de piadas. E, mesmo que a piada tenha graça só para uma cultura, as pessoas reagem sempre da mesma forma. Não importa se a língua é completamente diferente, se a pessoa é da Mongólia, um aborígene australiano ou um índio tupi, o riso é sempre muito parecido, uma reação física a um es- tímulo mental marcelo gleiser. sobre o riso. hTTPs://www1. folha.uol.com.br/fsP/ciencia/. TEXTO II Para compreender o riso, impõe-se colocá-lo no seu am- biente natural, que é a sociedade; impõe-se sobretudo de- terminar-lhe a função útil, que é uma função social (...). O riso deve corresponder a certas exigências da vida comum. O riso deve ter uma significação social. henri bergson. o riso. TEXTO III Estudado com lupa há séculos, por todas as disciplinas, o riso esconde seu mistério. Alternadamente agressivo, sarcástico, escarnecedor, amigável, sardônico, angélico, tomando as formas da ironia, do humor, do burlesco, do grotesco, ele é multiforme, ambivalente, ambíguo. Pode expressar tanto a alegria pura quanto o triunfo maldoso, o orgulho ou a simpatia. É isso que faz sua riqueza e fascina- ção ou, às vezes, seu caráter inquietante. georges minois. hisTória do riso e do escárnio. TEXTO IV Talvez o exemplo mais destacado de artista com um uso constante do sorriso ao longo de sua produção seja Yue Minjun, integrante do chamado Realismo Cínico chinês, que constantemente se autorretrata com sorrisos especial - mente exagerados, quase maníacos. Influenciada pela his- tória da arte oriental em sua representação de Buda e pela publicidade, o que sua risada oculta é, na verdade, uma profunda crítica política e social do país onde vive. hTTPs://brasil.elPais.com/verne/2020-06-17/Por-que- -Tao-Pouca-genTe-sorri-nas-obras-de-arTe.hTm TEXTO V Rir é um ato de resistência. Paulo gusTavo, aTor. Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dis- sertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: AS DIFERENTES FACES DO RISO 106 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Redação Riso: entre a crítica e o ódio Desde as peças de Gil Vicente que buscavam mudar os maus costumes pelo riso, até os atuais esquetes de humor ácido permeados de crítica social, rir está presente em toda a história da humanidade. Apesar de simples, tal ato possui grande poder e apresenta importantes funções na sociedade. Nesse sentido, o riso apresenta diferentes faces, uma vez que pode promover reflexões críticas e, por outro lado, fomentar o ódio contra grupos. Primeiramente, o riso pode assumir a face da criticidade. Isso porque, por meio de inteligentes jogos de palavras, a comicidade é capaz de apontar os defeitos de um governo autoritário, ou ainda expor as contradições de ações preconceituosas, ao caricaturá-las até o ridículo. Esse movimento permite ao humor, enquanto forma de arte, assumir sua faceta crítica e propagar a resistência contra esses males, uma vez que essa maneira de expressão é apresentada ao público, podendo não só retirar gargalhadas, mas também fomentar a reflexão crítica nos espec- tadores. Exemplo disso é o trabalho realizado pelo comediante Gregório Duvivier em seu programa de auditório “ Greg News”, no qual semanalmente retira risos da plateia ao mesmo tempo que critica uma grande questão social ou política, como a fome, a violência ou a corrupção, de modo que quem assiste passa a se questionar mais sobre a mazela debatida. Logo, fica claro que o riso é uma ferramenta que pode ser utilizada para estimular a criticidade. Ademais, o riso pode ser uma arma promotora de ódio. Esse fenômeno ocorre pois o humor pode ser usado para ridicularizar, estereotipar negativamente grupos minoritários. Tal face promove alienação, na medida em que fere o outro, o diferente, sem que se tenha consciência da gravidade desse ato. Exemplo disso ocorreu na Alemanha nazista, na qual judeus e outros grupos eram constantemente alvo de escárnio nas propagandas do governo. Con- sequentemente, grande parte da população, alienada pelo riso, acabou banalizando a violência contra minorias, legitimando a opressão, o que possibilitou o genocídio de seis milhões de judeus em locais como os campos de concentração. Desse modo, fica evidente que o riso, enquanto fenômeno de diversas faces, pode fomentar o ódio contra o outro. Portanto, o riso pode apresentar diversas faces, sendo uma ferramenta humana de enorme poder na sociedade. Tal ato é capaz de estimular reflexões críticas, mas também pode hostilizar grupos minoritários. Assim, o riso oscila entre suas diferentes expressões ao longo da história da humanidade, sempre arrancando gargalhadas, quer nas peças de Gil Vicente, quer nos esquetes de humor da contemporaneidade. redação noTa 47/50 do vesTibular fuvesT 2022 – maTerial exTraído de “redação Turma 110 facul- dade de medicina universidade de são Paulo” divulgado na Página @desemPenhosmed CRITÉRIOS FUVEST 1. Desenvolvimento do tema e organização do texto dissertativo-argumentativo Verifica-se inicialmente se o texto configura-se como uma dissertação argumentativa e se atende ao tema proposto. Pressupõe-se, então, que o candidato demonstre habilidade de compreender a proposta de redação e, quando esta con- tiver uma coletânea, que se revele capaz de ler e de relacionar adequadamente as ideias e informações dos textos que a integram. No que diz respeito ao desenvolvimento do tema, verifica-se, além da pertinência das informações e da efetiva progressão temática, a capacidade crítico-argumentativa que a redação venha a revelar. A paráfrase de elementos que compõem a proposta de redação não é um recurso recomendável para o desenvolvimento adequado do tema. Não se recomenda, também, que o texto produzido se configure como uma dissertação meramente expositiva, isto é, que se limite a expor dados ou informações relativas ao tema, sem que se explicite um ponto de vista devidamente sustentado por uma argumentação consistente. 20 PONTOS 2. Coerência dos argumentos e articulação das partes do texto Avaliam-se, conjuntamente, a coerência dos argumentos e das opiniões e a coesão textual, ou seja, a correta articulação das palavras, frases e parágrafos. A coerência reflete a capacidade do candidato de relacionar os argumentos e organizá-los de forma a deles extrair con- clusões apropriadas e, também, sua habilidade para o planejamento e a construção significativa do texto. Devem-se evitar contradições entre frases ou parágrafos, falta de encadeamento das ideias,O Brasil é uma país que não aprendeu a lidar com o passado de quase 400 anos de escravidão. 35% da população não compareceu às últimas eleições. Há um menosprezo à política por parte dos cidadãos. O Brasil é um dos países onde mais se realizam cirurgias plásticas. O Brasil é um país onde a aparência se tornou uma questão de pri- meira ordem na vida em sociedade. Parte da classe médica recebe novos medicamentos de labo- ratórios farmacêuticos. Há uma relação promíscua entre parte da classe médica e grandes laboratórios farmacêuticos. O governo brasileiro aumentou os impostos da população mais pobre. O governo brasileiro cometeu um erro ao aumentar os impostos da população mais pobre. O setor de saúde pública do país contraiu dívidas ao longo do ano de 2019. Nota-se uma ausência de planejamento na saúde pública brasileira. 44% da população brasileira não possui hábitos de leitura. Os baixos índices de leitura no Brasil comprometem o desenvolvi- mento social no país. DICA: sempre leia as redações modelo e redações nota mil e procure identificar os termos que marcam a opinião dos autores. Para poder redigir períodos argumentativos, atente-se às estratégias abaixo: 1. Alguns VERBOS NO PRESENTE exprimem juízos de fato a respeito de uma situação. TÓPICO FRASAL Além disso, a redução da maioridade penal viola o direito do adolescente de se desenvolver num ambiente com condições dignas. CONCLUSÃO DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO Assim, os indivíduos se recusam a ouvir a opinião alheia e se fecham ainda mais em sua própria bolha social. TÓPICO FRASAL Vale dizer também que veículos de mídia distorcem as informações fornecidas pelos entre- vistados. TESE A elite brasileira ignora a noção de cidadania e, assim, submete os outros a uma relação de hierarquia. CONCLUSÃO DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO No entanto, tal discurso deturpa a visão da sociedade a respeito de política. 2. Os ADJETIVOS podem ser usados para julgar e avaliar processos/atitudes/comportamentos As autoridades são negligentes ao negar o direito... Vale ressaltar que as políticas públicas são ineficazes no combate... A sociedade civil é conivente com as ações... As ações vinculadas à cultura são inexpressivas... A adoção de uma postura crítica é essencial aos sujeitos... 12 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 3. Os SUBSTANTIVOS ABSTRATOS podem ser usados para apontar a ocorrência de processos/eventos que você julga ocorrer na sociedade. TESE Diante da priorização de interesses privados e da conivência do Estado com a especulação imobiliária, qualquer ato político que contrarie essa determinação deve ter sua legitimidade reco- nhecida. TESE É importante analisar a forte influência política no setor e a impunidade das empresas que desrespeitam a legislação. TÓPICO FRASAL Há uma hipocrisia no discurso de parte da classe média brasileira. CONCLUSÃO DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO Logo, nota-se o desprezo da opinião pública em uma questão que deveria ser de interesse coletivo. CONCLUSÃO DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO Assim, esse cenário apenas fortalece o desconhecimento sobre o assunto. 4. Os VERBOS DE LIGAÇÃO também podem ser usados para avaliar e criticar: SER Com isso, os movimentos sociais passam a ser criminalizados e silenciados diante de toda a opi- nião pública. CONTINUAR Diante disso, nota-se que o racismo continua presente no cotidiano brasileiro, ainda que parte da sociedade civil negue sua existência. TORNAR-SE Tornou-se comum negar o próprio discurso. PERMANECER Além disso, vale dizer que o corpo docente permanece distante do interesse de seus alunos. 4. Resumo LINGUAGEM NA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA DEVE-SE BUSCAR A OBJETIVIDADE E A CLAREZA; EMPREGA-SE, PREDOMINANTEMENTE, A 3ª PESSOA DO SINGULAR; PARA CONSTRUIR ENUNCIADOS ARGUMENTATIVOS, USAR: • ALGUNS VERBOS NO PRESENTE; • ADJETIVOS; • SUBSTANTIVOS ABSTRATOS; • VERBOS DE LIGAÇÃO. LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 13 V O LU M E Ú N IC O 5. Exercícios EXERCÍCIO 1: Os períodos abaixo foram escritos na 1.ª pessoa do singular e alguns deles apresentam marcas referentes à 2.ª pessoa. Por esses motivos, eles não são adequados para a composição da dissertação-argumen- tativa. Identifique essas marcas de pessoalidade e, em seguida, reescreva os trechos tornando-os impessoais. a) Em primeiro lugar, não acredito que a tecnologia tenha dominado o homem. Ao contrário, penso que a humanidade está vivendo uma fase positiva em relação à ciência e à técnica. .............................................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................................... .............................................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................................... b) Não vejo como negativas as cotas para deficientes físicos. ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................ c) Diante de tantas polêmicas, acho que boa parte da população não está apta a manifestar-se politicamente pela internet. Vejo frequentemente pessoas destruírem suas relações em razão de conflitos políticos disseminados na rede, que estão repletos de incompreensão e egoísmo. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ d) Com a tecnologia de hoje, você pode saber o que acontece em qualquer lugar do mundo. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................circularidade ou quebra da progressão argu- mentativa, uso de argumentação baseada apenas no senso comum e falta de conclusão ou conclusões que não decorram do que foi previamente exposto. Quanto à coesão, serão verificados, entre outros, o estabelecimento de relações semânticas entre partes do texto e o uso adequado de conectivos. 15 PONTOS LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 107 V O LU M E Ú N IC O 3. Correção gramatical e adequação vocabular Avaliam-se o domínio da norma-padrão escrita da Língua Portuguesa e a clareza na expressão das ideias. Serão examina- dos aspectos gramaticais, como ortografia, morfologia, sintaxe e pontuação, e o emprego adequado e expressivo do vo- cabulário. Espera-se que o candidato revele competência para expor com precisão e concisão os argumentos selecionados para a defesa do ponto de vista adotado, evitando o uso de clichês ou frases feitas. Avalia-se, também, a seleção adequada do vocabulário, tendo em vista as peculiaridades do tipo de texto exigido. 15 PONTOS 2. Exercícios EXERCÍCIO 1: Considerando as características básicas do texto dissertativo-argumentativo e as especifici- dades da prova do FUVEST, responda: a) O autor inicia seu texto fazendo referência à obra de Gil Vicente. Por que a menção a este autor é muito pertinente para o desenvolvimento do tema proposto pela banca? ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ b) Na introdução, o autor do texto declara “o riso faz parte da história da humanidade”. Uma ideia muito próxima a essa está presente em um dos textos da coletânea. Que texto é esse? Transcreva o trecho que evidencia essa aproximação. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ c) No segundo parágrafo, o texto faz referência ao riso como forma de se estabelecer críticas. Essa ideia está presente em qual(is) texto(s) da coletânea? De que estratégia argumentativa o autor se vale para legitimar seu posicionamento nesse parágrafo? ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ d) No segundo e no terceiro parágrafo, o autor apresenta sua ideia por meio de um tópico frasal e, na sequência, justifica sua visão. Quais são as conjunções/locuções conjuntivas usadas para apresentar essas explicações? ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ 108 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O e) O texto 03 da coletânea aborda as múltiplas funções atribuídas ao riso na sociedade, sendo algumas delas, inclusive, relativamente opostas. Essa oposição está presente nas faces do riso escolhidas pelo autor para redigir seu texto? Justifique sua resposta. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ f) Na introdução, o autor do texto menciona a importância do riso para a sociedade e, na conclusão, repete essa mesma ideia. Transcreva os trechos desses dois parágrafos em que se observa essa menção e, em seguida, responda: considerando as características do parágrafo de conclusão, por que o autor reproduz novamente tal observação? ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................e) Quantos anos nós, brasileiros, passamos sem conhecer a verdadeira história de nosso país? ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ EXERCÍCIO 2: Leia os períodos abaixo e determine se eles são argumentativos ou expositivos. a) Houve um aumento no número de casos de febre amarela nas regiões rurais. b) A criminalidade em São Paulo tem crescido nos últimos anos. c) Não se pode atribuir às mulheres a responsabilidade pela violência que vivenciam. d) Ao invés de desconstruir os preconceitos, muitas práticas educacionais acabam reforçando-o. e) A valorização de um padrão de beleza na sociedade apaga e invalida outras identidades. f) No Brasil, a democracia tornou-se uma forma de poder ilusória. 14 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 1. Especificidades do ENEM Como ponto de partida para iniciarmos a produção das reda- ções, trataremos agora das especificidades da prova do ENEM. Embora ela seja um pouco diferente dos demais vestibulares, já que exige uma proposta de intervenção para um problema apresentado, sua estrutura é muito similar a dos outros ves- tibulares. Tese, argumento e reflexão crítica – como vimos – são itens INDISPENSÁVEIS para a realização do exame. Com o objetivo de esclarecer os principais pontos exigidos na prova, realizamos uma apresentação dos principais critérios de correção do ENEM baseada na “Cartilha do participante 2022”. Nesse documento, o aluno pode encontrar outros detalhes a respeito das competências de avaliação. De modo geral, o ENEM exige que o aluno produza um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, a res- peito de um tema de ordem social, científica, cultural ou política. Por isso, é importante estar sempre antenado com as principais discussões de cada uma dessas naturezas no país e no mundo. A cartilha do ENEM também propõe que o aluno defenda uma tese apoiada em argumentos consistentes, estrutu- rados com coerência e coesão. Além disso, o aluno deve apre- sentar proposta de intervenção social para o proble- ma apresentado no desenvolvimento do texto. Isso significa que o aluno precisa: expor seu posicionamento sobre a problemática adotada, apresentar argumen- tos que comprovem sua visão sobre o tema e sugerir uma intervenção social para o problema abordado, lembrando que tal ação deve respeitar os direitos humanos. https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/ava- liacoes_e_exames_da_educacao_basica/a_redacao_do_ enem_2020_-_cartilha_do_participante.pdf multimídia: site 1.1. Entendendo as competências ENEM Competência 1 - Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa A primeira competência do ENEM verifica se o aluno é ca- paz de compor um texto sem problemas de construção sintática e sem desvios (gramaticais, de convenções da escrita, de escolha de registro e de escolha vo- cabular). Em outras palavras, é preciso cuidar tanto dos aspectos fonológicos e morfossintáticos da escrita – como acentuação, ortografia, pontuação, concordância e regên- cia – como dos aspectos de adequação vocabular à norma padrão da língua portuguesa, o que significa evitar gírias, marcas da oralidade, vocabulário impreciso, entre outros. 200 pontos Demonstra excelente domínio da modalidade es- crita formal da língua portuguesa e de escolha de resgistro. Desvios gramaticais ou de convenções da escrita serão aceitos somente como excepcionali- dade e quando não caracterizarem reincidência. 160 pontos Demonstra bom domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de re- gistro, com poucos desvios gramaticais e de con- venções da escrita. 120 pontos Demonstra domínio mediano da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de regis- tro, com alguns desvios gramaticais e de convenções da escrita. 80 pontos Demonstra domínio insuficiente da modalidade escrita formal da língua portuguesa, com muitos desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita. 40 pontos Demonstra domínio precário da modalidade escrita formal da língua portuguesa, de forma sistemática, com diversificados e frequentes desvios grama- ticais, de escolha de registro e de convenções da escrita. 0 ponto Demonstra desconhecimento da modalidade escrita formal da língua portuguesa. ESPECIFICIDADES DO ENEM LC AULA 3 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 15 V O LU M E Ú N IC O DICAS § Esteja muito atento à construção sintática das orações e aos problemas de acentuação, pontuação, concordância e ortografia; § Dê preferência ao emprego de períodos menores, em que as subordinações e orações intercaladas possam ficar mais claras e orga- nizadas aos olhos do leitor; § Releia o seu rascunho antes de passar a limpo procurando eliminar quaisquer desvios da norma padrão e usos lexicais da informa- lidade. Competência 2 - Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa Essa competência avalia se o aluno redige o texto com uma estrutura completa, isto é, com introdução, desenvolvimento e conclusão. Avalia-se também se há o atendimento ao recorte temático proposto, observando se não houve tangenciamento ou fuga. Por último, avalia-se a capacidade do aluno de relacionar repertório sociocultural de outras de áreas do conhecimento aos argumentos desenvolvido. Nesse sentido, a cartilha do ENEM recomenda que aluno reflita sobre o tema apresentado pela coletânea e apresente um ponto de vista baseado nessa reflexão. É importante não se prender às ideias desenvolvidas nos textos apresentados, e muito menos copiar trechos desses textos. Para sair desse ponto inicial, o aluno deve buscar informações de várias áreas do conhecimento na composição de sua dissertação. Isso demonstra que ele possui repertório e que sabe interpretar corretamente um problema apresen- tado pela proposta. Entretanto, é preciso ter cuidado: todas as informações devem estar ligadas à construção do ponto de vista. Qualquer dado desconectado da argumentação, ainda que seja importante, não tem relevância nenhuma para a dissertação, pois não ajuda a convencer o leitor a respeito do posicionamento do autor. 200 pontos Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo. 160 pontos Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente e apresenta bom domínio do texto dissertativo-argumentativo, como proposição, argumentação e conclusão. 120 pontos Desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e apresenta domínio mediano do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão. 80 pontos Desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos motivadores ou apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo-argu- mentativo, não atendendo à estrutura com proposição, argumentação e conclusão. 40 pontos Apresenta o assunto, tangenciando o tema, ou demonstra domínio precário do texto dissertativo-argumentativo, com traços cons- tantes de outros tipos textuais. 0 ponto Fuga ao tema/não atendimento à estruturadissertativo-argumentativa. Nestes casos a redação recebe nota 0 (zero) e é anulada. DICAS § Leia com MUITA ATENÇÃO o recorte temático proposto, buscando elaborar uma redação que atenda integralmente ao que se pede; § Construa seus parágrafos de modo a deixar claro que seu texto possui uma introdução com uma tese, desenvolvimento conclusão; § Utilize ao menos dois repertórios externos na redação que estejam vinculado ao tema e que sejam provenientes de outras áreas do conhecimento: literatura, história, sociologia, filosofia, direito, cinematografia, música, etc. Competência 3 - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista De modo geral, a terceira competência do ENEM avalia o projeto de texto do aluno, observando se os argumentos apresentados realmente comprovam a tese defendida. Segunda a cartilha, trata-se da “forma como você, em seu texto, seleciona, relaciona, organiza e interpreta informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa do ponto de vista es- colhido como tese.” Muitas vezes, no projeto de redação, os alunos possuem um posicionamento e também argumentos correspondentes ao seu ponto de vista. No entanto, na hora de compor o texto, muitos deles têm dificuldade de organizar os parágrafos e de explicar as informações que sustentam a tese. Nesse caso, a má seleção, explicação e distribuição dessas informações entre os parágrafos – e também dentro deles – prejudica a compreensão geral da dissertação, ou seja, o corretor não consegue entender o raciocínio que o aluno desejou apresentar. 16 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O Para atender plenamente às expectativas em relação à Competência 3, a cartilha do ENEM apresenta as seguintes recomendações: § a partir do tema apresentado na prova de redação, defina qual será o ponto de vista que você vai defender em seu texto; § reúna todas as ideias que lhe ocorrerem sobre o tema e depois selecione as que forem pertinentes para a defesa do seu ponto de vista, procurando organizá-las em uma estrutura coerente para usá-las no desenvolvimento do seu texto; § verifique se informações, fatos, opiniões e argumentos selecionados são pertinentes para a defesa do seu ponto de vista; § na organização das ideias selecionadas para serem abordadas em seu texto, procure definir uma ordem que possibilite ao leitor acompanhar o seu raciocínio facilmente, o que significa que a progressão textual deve ser fluente e articulada com o projeto do texto; § examine com atenção a introdução e a conclusão, para garantir que a coerência foi mantida entre o início e o final da redação; § observe se os argumentos apresentados convergem para a defesa de seu ponto de vista. Além disso, verifique se todos eles estão bem desenvolvidos e não deixam lacunas de sentido para serem preenchidas pelo leitor; § evite apresentar informações, fatos e opiniões soltos no texto, sem desenvolvimento e sem articulação com as outras ideias apresentadas. Resumindo: na organização do texto dissertativo-argumentativo, você deve procurar atender às seguintes exigências: § apresentação clara do ponto de vista e seleção dos argumentos que o sustentam; § encadeamento das ideias, de modo que cada parágrafo apresente informações coerentes com o que foi apresentado ante- riormente, sem repetições desnecessárias ou saltos temáticos (mudanças abruptas sobre o que está sendo discutido); § desenvolvimento dessas ideias por meio da explicitação, explicação ou exemplificação de informações, fatos e opiniões, de modo a justificar, para o leitor, o ponto de vista escolhido. 200 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em defesa de um ponto de vista. 160 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, de forma organizada, com indícios de autoria, em defesa de um ponto de vista. 120 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, limitados aos argumentos dos textos motivadores e pouco organi- zados, em defesa de um ponto de vista. 80 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, mas desorganizados ou contraditórios e limitados aos argumentos dos textos motivadores, em defesa de um ponto de vista. 40 pontos Apresenta informações, fatos e opiniões pouco relacionados ao tema ou incoerentes e sem defesa de um ponto de vista. 0 ponto Apresenta informações, fatos e opiniões não relacionados ao tema e sem defesa de um ponto de vista. DICAS § Construa uma tese que já anuncie ao leitor quais serão seus argumentos: § Elabore seus parágrafos de desenvolvimento com sua opinião (introduzida pelo tópico frasal) e com explicações, informações e fatos que a comprovem. Para isso, utilize a estrutura do parágrafo-padrão. Competência 4 - Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação A quarta competência do ENEM avalia os mecanismos de coesão do texto. Em outras palavras, trata-se da forma como o aluno realiza as conexões entre as partes de sua redação a fim de garantir uma sequenciação coerente do seu raciocínio. Nesse sentido, o aluno é avaliado pela forma como ele realiza o encadeamento de suas ideias, seja por meio do uso conjunções, pro- nomes, preposições, advérbios e locuções adverbiais; seja pela articulação da própria estrutura textual. O grande objetivo é observar se o aluno conhece os mecanismos de coesão “que garantem a conexão de ideias tanto entre os parágrafos quanto dentro deles”. Para atender plenamente às expectativas em relação à Competência 4, a cartilha do ENEM recomenda evitar: § ausência de articulação entre orações, frases e parágrafos; § ausência de paragrafação (texto elaborado em um único parágrafo); § emprego de conector (preposição, conjunção, pronome relativo, alguns advérbios e locuções adverbiais) que não estabe- leça relação lógica entre dois trechos do texto e prejudique a compreensão da mensagem; § repetição ou substituição inadequada de palavras sem se valer dos recursos oferecidos pela língua (pronome, advérbio, artigo, sinônimo). LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 17 V O LU M E Ú N IC O 200 pontos Articula bem as partes do texto e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos. 160 pontos Articula as partes do texto com poucas inadequações e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos. 120 pontos Articula as partes do texto, de forma mediana, com inadequações, e apresenta repertório pouco diversificado de recursos coesivos. 80 pontos Articula as partes do texto, de forma insuficiente, com muitas inadequações e apresenta repertório limitado de recursos coesivos. 40 pontos Articula as partes do texto de forma precária. 0 ponto Não articula as informações. DICAS § Capriche na coesão entre os períodos e parágrafos de seu texto. Lembre-se que as ideias devem estar sempre muito bem amarradas; § Use a coesão referencial para retomar temos apresentados anteriormente, evitando ao máximo a repetição de palavras. § Use os conectivos para ligar seus períodos e parágrafos. Evite repetir conectivos: a pontuação máxima também depende de um repertório amplo de operadores argumentativos. Competência 5 - Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos A quinta competência do ENEM avalia se o texto do aluno apresenta uma proposta de intervenção para o proble- ma levantado. Por isso, é fundamental que esse problema esteja discutido na tese e nos argumentos, a fim de que a intervenção a ser proposta esteja coerente com o as- sunto abordado e realmente apresente uma uma me- dida que amenize o problema exposto no texto. Além disso, é imprescindível que a proposta de intervenção seja completa. Isso significa dizer que ela deve contemplar quem serão os atores sociais responsáveis pela solução de acordo com o âmbitoque ela demanda: individual, familiar, comunitário, social, político, governamental e mundial. Do mesmo modo, é preciso detalhar qual será essa ação e qual será o meio de sua execução, incluindo também quais são os resultados que ela pode gerar com relação ao problema discutido. Ademais, é fundamental detalhar ao menos 01 desses elementos para que a intervenção seja completa. Nesse sentido, recomenda-se que o aluno apresente inter- venções mais concretas, mais factíveis e mais próximas da realidade brasileira. As generalizações acerca dos “verdadeiros responsáveis” pelos problemas ou as soluções muito gerais, como “é preciso investir na educação...” de- vem ser evitadas. 200 pontos Elabora muito bem proposta de intervenção, detalha- da, relacionada ao tema e articulada à discussão de- senvolvida no texto. 160 pontos Elabora bem a proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto. 120 pontos Elabora, de forma mediana, proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desen- volvida no texto. 80 pontos Elabora, de forma insuficiente, proposta de intervenção relacionada ao tema, ou não articulada com a discus- são desenvolvida no texto. 40 pontos Apresenta proposta de intervenção vaga, precária ou relacionada apenas ao assunto. 0 ponto Não apresenta proposta de intervenção ou apresenta proposta não relacionada ao tema ou ao assunto. DICAS § Faça uma proposta concreta. Pense em ações possí- veis e evite clichês. § Não se esqueça de nenhum dos elementos: AGEN- TE, AÇÃO, MEIO, FINALIDADE. Lembre-se também de que ao menos 1 desses elementos precisa estar DETALHADO. 1.2. Recomendações gerais do INEP a. ler com bastante atenção o tema proposto e observar a tipologia textual exigida (texto dissertativo-argumentativo); b. ler os textos motivadores, observando as palavras ou os fragmentos que indicam o posicionamento dos autores; c. identificar, em cada texto motivador, se for o caso, a tese e os argumentos apresentados pelos autores e utilizá-los para defender o ponto de vista da redação; d. refletir sobre o posicionamento dos autores dos textos motivadores e definir com muita clareza qual será o seu posicionamento; e. ler atentamente as instruções apresentadas após os tex- tos motivadores; f. definir um projeto de texto em que seja planejada a or- ganização estratégica da sua redação, a fim de defender o ponto de vista por você escolhido, e apresentar uma pro- posta de intervenção ao problema abordado. 18 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O 1.3. Análise de redação nota 1000: A Revolução Técnico-científico-informacional, iniciada na segunda metade do século XX, inaugurou inúmeros avanços no setor de informática e telecomunicações. Embora esse movimento de mo- dernização tecnológica tenha sido fundamental para democratizar o acesso a ferramentas digitais e a participação nas redes sociais, tal processo foi acompanhado pela invasão da privacidade de usu- ários, em virtude do controle de dados efetuado por empresas de tecnologia. Tendo em vista que o uso de informações privadas de internautas pode induzi-los a adotar comportamentos intolerantes ou a aderir a posições políticas, é imprescindível buscar alternativas que inibam essa manipulação comportamental no Brasil. A princípio, é necessário avaliar como o uso de dados pessoais por servidores de tecnologia contribui para fomentar condutas intolerantes nas redes sociais. Em consonância com a filósofa Hannah Arendt, pode-se considerar a diversidade como inerente à condição humana, de modo que os indivíduos deveriam estar habituados à convivência com o diferente. Todavia, a filtragem de informações efetivada pelas redes digitais inibe o contato do usuário com conteúdos que divergem dos seus pontos de vista, uma vez que os algoritmos utilizados favorecem publicações compatíveis com o perfil do internauta. Observam-se, por conse- quência, restrições ao debate e à confrontação de opiniões, que, por sua vez, favorecem a segmentação da comunidade virtual. Esse cenário dificulta o exercício da convivência com a diferença, conforme defendido por Arendt, o que reforça condutas intransi- gentes como a discriminação. Em seguida, é relevante examinar como o controle sobre o conte- údo que é veiculado em sites favorece a adesão dos internautas a certo viés ideológico. Tendo em vista que os servidores de redes sociais como “Facebook“ e “Twitter” traçam o perfil de usuários com base nas páginas por eles visitadas, torna-se possível a identi- ficação das tendências de posicionamento político do indivíduo. Em posse dessa informação, as empresas de tecnologia podem privile- giar a veiculação de notícias, inclusive daquelas de procedência não confirmada, com o fito de reforçar as posições políticas do usuário, ou, ainda, de modificá-las para que se adequem aos interesses da companhia. Constata-se, assim, a possibilidade de manipulação ideológica na rede. Portanto, fica evidente a necessidade de combater o uso de in- formações pessoais por empresas de tecnologia. Para tanto, é dever do Poder Legislativo aplicar medidas de caráter punitivo às companhias que utilizarem dados privados para a filtragem de conteúdos em suas redes. Isso seria efetivado por meio da criação de uma legislação específica e da formação de uma co- missão parlamentar, que avaliará as situações do uso indevido de informações pessoais. Essa proposta tem por finalidade evi- tar a manipulação comportamental de usuários e, caso apro- vada, certamente contribuirá para otimizar a experiência dos brasileiros na internet. Trecho exTraído de redação noTa 1000 Publicada na carTilha do ParTiciPanTe – redação enem 2019 C1: A participante demonstra excelente domínio da mo- dalidade escrita formal da língua portuguesa, uma vez que a estrutura sintática é excelente e o texto não apresenta desvios de escrita. C2: Percebe-se que a participante apresenta uma tese, o desenvolvimento de justificativas que comprovam essa tese e uma conclusão que encerra a discussão, ou seja, a participante apresenta excelente domínio do texto disserta- tivo-argumentativo. Além disso, o tema é abordado de forma completa: ele é apresentado já no primeiro parágrafo, no qual se aponta que os avanços tecnológi- cos são acompanhados pela invasão da privacidade dos usuários da internet, que podem ser manipulados por meio do controle de seus dados por empresas de tecnologia. Observa-se que a participante usa, de forma produtiva, repertório sociocultural pertinente à discussão tanto no primeiro parágrafo, ao contextualizar a atual situação do controle de dados da internet a partir da revolução técnico-científico-cultural do século XX, quanto no segundo, ao trazer o pensamento da filósofa Hannah Arendt como argumento para reforçar a tese de que a fil- tragem de informações causa malefícios para a sociedade. C3: Podemos perceber, ao longo da redação, a presença de um projeto de texto estratégico, que se configu- ra na organização clara e no desenvolvimento consisten- te da redação. A participante apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto para defender seu ponto de vista de que o controle de dados na internet, além de induzir comportamentos intolerantes por partes dos usuários, pode favorecer a adesão destes a apenas uma posição política. C4: A Há também, nessa redação, um repertório di- versificado de recursos coesivos, sem inadequações. Há articulação tanto entre os parágrafos (“Em se- guida”, “Portanto”) quanto entre as ideias dentro de um mesmo parágrafo (como “esse movimento” e “tal processo”, no 1º parágrafo; “de modo que” e “uma vez que”, no 2º parágrafo; “ainda” e “assim”, no 3º pará- grafo; e “Para tanto” e “essa proposta”, no 4º parágrafo). C5: Por fim, a participante elabora excelente proposta de intervenção, concreta, detalhada e que res- peita os direitos humanos. A proposta apresentadaretoma o que foi discutido ao longo do texto ao propor soluções relacionadas aos problemas discutidos nos parágrafos de desenvolvimento. Comentário do INEP LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 19 V O LU M E Ú N IC O 2. Resumo CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA REDAÇÃO ENEM ELABORAR UM TEXTO EM PROSA, DO TIPO DISSERTATIVO- ARGUMENTATIVO, COM TEMA DE ORDEM SOCIAL, CIENTÍFICA, CULTURAL OU POLÍTICA. (GERALMENTE, DISCUTEM-SE PROBLEMAS DA SOCIEDADE) COMPOR O TEXTO A PARTIR DE UMA TESE QUE SEJA COMPROVADA POR ARGUMENTOS. SUGERIR UMA INTERVENÇÃO PARA O PROBLEMA ABORDADO. (A SUGESTÃO DEVE RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS) COMPETÊNCIA 1: Avaliação da modalidade escrita; COMPETÊNCIA 2: Avaliação da compreensão do tema, da estrutura dissertativo-argumentativa, e do repertório; COMPETÊNCIA 3: Avaliação do projeto de texto e da organização e seleção de informações no texto; COMPETÊNCIA 4: Avaliação dos recursos coesivos; COMPETÊNCIA 5: Avaliação dos elementos da proposta de intervenção: agente, ação, meio, finalidade e detalhamento. 3. Exercícios Os exercícios abaixo foram desenvolvidos buscando apresentar algumas das principais características da avaliação por com- petência do ENEM. Eles não contemplam todas as avaliações, já que estas pressuporiam a existência de uma coletânea e uma oração-tema essencial para sua avaliação. De qualquer modo, as questões a seguir conseguem contemplar boa parte das exigências para a prova do ENEM. EXERCÍCIO 1: Analise os parágrafos abaixo e identifique as marcas de afastamento da norma escrita for- mal. (COMPETÊNCIA 1) a) Diariamente há um bombardeio de notícias de crimes na cidade, por parte de diversos veículos de mídia e muitas vezes, é passada a ideia de que estes ficam impunes por conta da ineficiência do Estado. À partir da daí, surge o descontentamento e a insatisfação da população, o que faz com que a sede por vingança acabe falando mais alto. Essa situação tem que acabar, pois não podemos julgar nem ser julgados por outros, e sim pelos mecanismos de justiça. b) Com avanço tecnológico, aumentaram-se a quantidade de informações que circulam na internet, tanto pelas redes sociais como pelos jornais. Nesse cenário, muitas pessoas divulgam informações que não combinam com a realidade que é verdadeira, criando as chamadas Fake News. Portanto, a criminalização dessas falsas notícias se faz urgente na sociedade brasileira. 20 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E Ú N IC O EXERCÍCIO 2: Leia os temas propostos abaixo e analise se os parágrafos a eles referentes contemplam ou não a temática apresentada pela proposta. Justifique sua resposta. (COMPETÊNCIA 2) a) A entrada dos jovens na criminalidade É necessário repensar a trajetória do presidiário. Além das péssimas condições de higiene, muitos presídios são superlotados, impedindo que haja dignidade para esses cidadãos. Soma-se a isso a falta de atividades que podem ser oferecidas aos de- tentos, já que boa parte deles poderia desenvolver outras habilidades e conhecimentos. b) A importância da valorização das variantes linguísticas no Brasil A norma culta sempre foi prestigiada na sociedade brasileira. Embora não seja única, ela se tornou um critério de valor para que as pessoas hierarquizassem suas posições. Isso pode ser visto no tratamento conferido à população que não frequentou escola e que, geralmente, possui mais dificuldade em se expressar de modo culto: tais indivíduos são habitualmente vítimas de preconceito linguístico. EXERCÍCIO 3: Leia os parágrafos abaixo. Circule os períodos que apresentam um posicionamento do autor e sublinhe aqueles que apresentam fatos ou informações que comprovem a veracidade e legitimidade desses posicionamentos. (COMPETÊNCIA 3) a) Nesse contexto, vale ressaltar que a intolerância religiosa é um problema existente no Brasil desde séculos passados. Com a chegada das caravelas portuguesas, as quais trouxeram os padres jesuítas, os índios perderam a sua liberdade de crença e foram obrigados, de maneira violenta, a se converter ao catolicismo, religião a qual era predominante na Europa. Além disso, os africanos escravizados que aqui se encontravam também foram impedidos de praticar seus cultos religiosos, sendo punidos de forma desumana caso desrespeitassem essa imposição. Atualmente, constata-se que grande parcela da população brasileira herdou essa forma de pensar e de agir, tratando pessoas que acreditam em outras religiões de maneira desrespeitosa e, muitas vezes, violenta, levando instituições públicas e privadas à busca de soluções para reverter isso. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem 2016) b) A propaganda é meio eficiente a atingir a venda de produtos, já que, através de artifícios intrigantes, como imagens e até personalidades famosas, coage os consumidores. As crianças são alvos constantes da publicidade, pois, dotadas de desejo e imaginação, creem no mundo utópico desenvolvido pelos efeitos dos anúncios. Assim, devido a sua efe- tividade, os publicitários focam na criação de técnicas persuasivas ao público pueril e lançam suas propagandas em horários convergentes aos que os pequeninos assistem aos desenhos animados e programas afins. A criatividade dos que são graduados para apelar ao consumidor ganha o coração das crianças e perpetua os comerciais para essa faixa etária. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem 2014) EXERCÍCIO 4: Os períodos abaixo foram escritos com os conectivos suprimidos ou ainda apresentam repetições de palavras. Procure reescrevê-los utilizando-se de conectivos adequados e de pronomes ou sinônimos capazes de fazer referência a termos anteriormente mencionados, eliminando as repe- tições. (COMPETÊNCIA 4) a) Há uma visão difundida na sociedade de que o suicídio se resume à falta de religiosidade e até mesmo egoísmo. * Essa visão é problemática, * toma a vítima como culpada e não reconhece o suicídio como um problema de saúde. ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................ LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 21 V O LU M E Ú N IC O b) Além disso, há o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre, *a ideologia da superioridade do gênero mas- culino em detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos homens e a serem recatadas. *, cons- trói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência física ou psicológica de seu progenitor ou companheiro. (Trecho exTraído de redação com noTa 1.000 do enem 2015) ................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................