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Crítica literária

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ - UNESPAR
CAMPUS DE UNIÃO DA VITÓRIA
Discente: Francisco Luis de Almeida
Curso de Letras Português – 2ª série
Disciplina: Teoria da literatura
Professor: Josoel Kovalski 
Ensaio: A importância da crítica literária na análise do texto
O presente ensaio tem como finalidade responder a uma pergunta que poderia ser feita a qualquer estudante da área de letras: de que forma a crítica literária influência no modo como você interpreta um texto? Antes de chegarmos a uma conclusão, alguns pontos merecem ser debatidos. A começar pelo que chamamos de um texto literário. 
	Há muitos anos teóricos da literatura tentam fazer a divisão entre o que são chamados textos literários e os que não são. Procurar uma definição formal e estrutural para algo tão mutável e abrangente como é a literatura não só chega beirar o impossível, como a mesma arranja meios de fugir destes padrões impostos. 
	O que podemos fazer aqui segundo Culler (1999) é elencar cinco pontos que são comuns a todo texto literário. Primeiramente ele vai falar sobre a própria linguagem, é o que chamamos na linguística de metalinguagem. Segundo, apresenta uma complexa relação de seus elementos textuais e seus componentes. Apresenta ainda o texto ficcional, onde o leitor consegue distinguir o uso de palavras e significados que possuem relação com o espaço imaginário da obra em si, e não com a nossa própria realidade. Além disso, quando se une os três primeiros itens à obra se torna um objeto estético: onde o texto permite a inter-relação entre a forma e o conteúdo. Por fim o texto literário possui a qualidade de ser intertextual, sendo um agrupamento de contextos anteriores a ele, tornando-se auto reflexivo. Para o autor o ponto seria a forma como essas características fazem sentido para quem lê e de que forma esses sentidos são construídos por quem lê. Essas definições do objeto servem para delimitar o campo sobre a qual a crítica se debruça. Agora que possuímos uma ideia aproximada do que seria um texto literário outra questão surge: o que é crítica em si?
	Inicialmente afastamos a ideia de que a teoria (crítica) só reflete sobre literatura, teoria literária é interdisciplinar. Filósofos, psicólogos, políticos, ao criarem conjecturas sobre determinados aspectos e/ou comportamentos da sociedade acabam por contribuir na forma como interpretamos os textos. Estes que nada mais são que discursos criados e que conversam entre si, que estão contidos uns nos outros e alteram a percepção de quem lê e de quem os cria. A teoria serve para quebrar o senso comum e mostrar além do óbvio mesmo não detendo a verdade absoluta sobre determinado assunto. Ela cria especulações do que poderia ser certo ou não, podendo ser refutada mais tarde como o contrário é válido também. Assim como seu próprio objeto, a teoria é mutável e volúvel. Esse leque de interpretações só é possível por se tratar da psique humana na relação do pensamento – fala – escrita. O pensamento seria a forma mais pura da verdade do autor. A fala seria o signo mais próximo para representar o pensamento no mundo físico e a escrita nesta hierarquia é o que mais nos afasta do pensamento, pois ao contrário da fala o indivíduo não está mais presente sendo assim suscetível a interferência do meio e principalmente a interpretação de quem lê. Mostra o quanto não somos detentores do conhecimento e nos preenche com mais perguntas. Nossas reflexões mudam e novas formas de pensar são forjadas, conexões são criadas e assim nos movemos por esse universo de associações. Após esboçarmos as características contidas tanto no objeto da crítica (texto literário) quanto à própria crítica em si (teoria) façamos um breve apanhado das escolas críticas e seus principais conceitos. 
	Nos primeiros anos do século XX surgiu o Formalismo Russo. Atêm-se a literariedade da literatura, suas estratégias verbais e mecanismos que utilizam. Seus principais nomes são Roman Jakobson, Boris Eichenbaum e Victor Scklovsky. De 1930 a 1940 surge a Nova Crítica, escola teórica que estudava os sinais verbais e os desdobramentos causados pelo sentido ignorando as intenções e ocorrências históricas de seus autores; recursos como a ironia, a ambiguidade, o paradoxo, sentidos conotativos e a imagem poética eram analisados como a forma que texto contribuía para uma estrutura intrínseca, gerando o objeto estético. 
	Destaque agora para duas escolas que partem do mesmo ponto e se distanciam na teoria: A Fenomenologia e o Estruturalismo. A primeira, formada por Edmund Husserl, entende que a obra apenas se torna obra na consciência, ou seja, essa escola estuda o papel do leitor como gerador de sentido final, e os mecanismos que o mesmo usa para criar esse sentido. Com Hans Robert Jauss (estética da recepção) o foco fica mais abrangente, não se analisa apenas um indivíduo, mas sim todo o impacto histórico de uma obra, tornando que a mesma seja lida em diferentes épocas. Já a segunda, apesar de também focar na produção do sentido, ignora a experiência e tem como meta identificar a estrutura que o produz. O leitor nada mais é do que o agente do sentido por conter os códigos que o tornam possível. 
	Depois das citadas vêm as escolas que participam do Pós-estruturalismo. São chamadas assim por que o estruturalismo inspirado no linguista Ferdinand de Saussure não conseguiu dominar e codificar estruturas para abarcar o sentido da literariedade dos textos. Barthes, Lacan e Foucault até foram identificados como pós-estruturalistas, mesmo suas ideias tendo surgido anteriormente. Jacques Derrida foi o precursor da Desconstrução fazendo críticas a modelos do pensamento ocidental, ele promove a ruptura de conceitos que eram tomados como naturais e inevitáveis. Outra escola é a Teoria Feminista, preocupada com o conceito de oposição homem/mulher e das ideias associadas à história cultural visando à identidade feminina, seus direitos e a promoção de textos representativos da experiência da mulher. Nomes que se destacam são de Jacqueline Rose, Mary Jacobus e Kaja Silverman. Já o Marxismo, o Novo Historicismo, a Teoria Pós-colonial e os Discursos da Minoria analisam o texto num cunho mais social. No Marxismo, por exemplo, existe a relação do objeto texto relacionando ele com uma superestrutura determinada por bases econômicas. Louis Althusser aponta que “o sujeito é um efeito, constituído no processo inconsciente” do discurso e das atividades autônomas organizadoras da sociedade.
	Os recursos linguísticos utilizados para escrever este ensaio não seriam possíveis sem os conceitos produzidos pela teoria literária. Tivemos que acionar diversos conhecimentos prévios na busca de compreender e responder as perguntas geradas ao longo deste trabalho. Esse exercício de busca e compreensão foi influenciado pelas correntes apresentadas aqui. E é exatamente assim que um teórico investiga seu componente de estudo e é nisto que um discente de letras deve se espelhar. Como dito anteriormente, assumir a importância da teoria/crítica literária é admitir que sabemos muito pouco, mas é também estar aberto a novas ideias, descontruir dicotomias e reorganizar linhas de pensamentos tomadas como naturais pelo senso comum, é sair de sua zona de conforto e confrontar as infinitas possibilidades que a prática metalinguística nos proporciona. 
REFERÊNCIAS
CULLER, Jonathan. Teoria Literária: uma introdução. São Paulo: Beca Produções Culturais Ltda., 1999. 
CÂNDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade. 9ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
FILHO, Domício Proença. A linguagem literária. 8ª ed. São Paulo: Ática, 2007.

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