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O Pré-Modernismo na Literatura Brasileira

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LITERATURA BRASILEIRA II
Prof. Luiz Carlos Sá
Aula 1- O Pré-Modernismo
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Aula 1- O Pré-Modernismo
Aula 1- O Pré-Modernismo
 Nesta aula, veremos como os primeiros anos da República são agitados no Brasil.
Mostraremos que o Pré-Modernismo não se constituiu como uma escola literária e sim como um período de transição entre as tendências das escolas literárias do século XIX e a renovação modernista, cujo marco é a Semana de Arte Moderna, em 1922.
Apresentaremos algumas obras representativas do pré-modernismo de Euclides da Cunha e de Lima Barreto. Não deixaremos de mencionar a contribuição literária de Monteiro Lobato para o público adulto e infantil.
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A proclamação da Republica (1889) não trouxe grande mudança no cenário econômico brasileiro, pois as famílias que viviam no campo, que representavam dois terços da população, tinham a sua situação determinada pelos grandes latifundiários, donos de extensas porções de terra no litoral e no interior. 
A velha República Velha (1894 – 1930) firmava-se na hegemonia dos proprietários rurais de São Paulo e de Minas Gerais, conduzindo-se pela política dos governadores, o “café com leite”, padrão que dava à lavoura cafeeira, somada à pecuária, o devido peso nas decisões econômicas e políticas do país. (Alfredo Bosi – História concisa da literatura, p. 303)
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No início do século XX, o avanço tecnológico e científico trouxe novas expectativas para a humanidade, pois as invenções como a lâmpada elétrica, o telefone e o automóvel iriam contribuir para a praticidade e o conforto, além de influenciar a vida do homem. Nas artes, a inovação foi o cinema, eficiente meio de diversão e entretenimento, assim como de comunicação. 
 
Em um ambiente de grande progresso há muito para se enunciar. Neste período, ocorre a 1ª Guerra Mundial e, na medida em que a Europa se prepara para a guerra, o Brasil praticava a política do “café com leite”, que nada mais era que o domínio da economia pelos grandes latifundiários do café.
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Em função disso a literatura é ampla nos anos iniciais do século XX. Os estilos literários englobam desde os poetas parnasianos e simbolistas, pois ainda produziam, e os que se concentravam na política e nas particularidades de sua região. 
Pré-modernismo é como chamamos essa transição literária entre as escolas antecedentes e a quebradura feita pelos novos escritores com essas escolas.
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Os principais centros políticos iriam passar por uma grande transformação no seu espaço urbano, desencadeando um processo de europeização do país. As cidades que mais foram afetadas pelo que foi chamado na época de bota-abaixo foram São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e Manaus. 
O bota-abaixo, na cidade do Rio, tinha como objetivo a abrir largas avenidas e imitar a construção de prédios europeus, pois, desse modo, apagariam os traços da arquitetura dos colonizadores, que orientaram a construção dessas cidades.
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Paralelamente, deslocavam-se ou marginalizam-se os antigos escravos em vastas áreas do país. Famílias pobres que habitavam em cortiços, nas áreas centrais, foram deslocadas para áreas de difícil acesso, em nome da reurbanização. 
O “embelezamento” da cidade do Rio de Janeiro, proposto por Pereira Passos, que introduziu um modelo francês adaptado à nossa realidade, gerou um desdobramento negativo, o nascimento das favelas.
A prosperidade sugerida pela “reurbanização” era somente aparente, visto que nos centros urbanos os escravos libertos viviam em completo abandono. 
Eles não tinham acesso à educação e nas áreas rurais não eram empregados nas propriedades, já que os proprietários preferiam importar imigrantes europeus.
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Foi uma época marcada por muitos conflitos e tensões sociais que se justificaram pelas desigualdades econômicas entre as diversas regiões do país, observadas também no campo e na cidade: 
Revolta da Armada, 
Revolta de Canudos, 
Cangaço, 
Revolta da Vacina, 
Revolta da Chibata, 
Guerra do Contestado .
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Revolta da Vacina -1904
No início do século XX, era precária a situação no Rio de Janeiro, onde a população carioca padecia por não existir sistema de saneamento básico eficiente, o que acarretava constantes epidemias, como peste bubônica, febre amarela, varíola e outras mais. A principal vítima era a população de baixa renda, uma vez que moravam em habitações precárias. 
Revolta da Vacina -1904:
Oswaldo Cruz convenceu o Congresso a aprovar a Lei da Vacina Obrigatória, em 31/10/1904. Embora o seu objetivo fosse positivo, a execução ocorreu de forma violenta e autoritária. A vacinação foi colocada em prática em novembro daquele ano. A lei permitia que brigadas sanitaristas, com o auxílio da polícia, invadissem as casas e vacinassem as pessoas. 
Recusa por desconhecer o que era vacina e medo dos seus efeitos.
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Revolta da Vacina -1904
Ocorreu de 10 a 16 de novembro de 1904, na cidade do Rio de Janeiro, desencadeada pela campanha de vacinação obrigatória imposta pelo governo federal, contra a varíola.
A revolta popular avolumou-se, impelida também pela crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de vida) e a reforma urbana que retirou a população pobre do centro da cidade, derrubando vários cortiços e outros tipos de habitações mais simples.
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Revolta da Chibata - 1910
Outro importante movimento que eclodiu no início do século XX foi a Revolta da Chibata, de 22 a 27 de novembro de 1910, devido à dura rotina de trabalho, os baixíssimos salários e principalmente porque os membros de baixa patente sofriam castigos físicos quando não cumpriam uma ordem. Essa prática já havia sido proibida após a proclamação da Republica. No Império, era comum os marinheiros receberem chibatadas. A prática foi restabelecida em 1890, por um decreto não publicado em Diário Oficial, mas adotado pela Marinha de Guerra. Ele previa “Para as faltas leves, prisão a ferro na solitária, por um a cinco dias, a pão e águas; faltas leves repetidas, idem, por seis dias, no mínimo; faltas graves, vinte e cinco chibatadas, no mínimo.”
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Revolta da Chibata - 1910
A revolta foi marcada para dez dias depois da posse de Hermes da Fonseca, em 15 de novembro de 1910, mas a punição dada ao marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes, embarcado no encouraçado Minas Gerais, foi o estopim da revolta. O marinheiro foi punido, não com as vinte e cinco chibatadas, mas com duzentas e cinquenta, que foram aplicadas na presença da tropa formada, ao som de tambores, no dia 21 de novembro. 
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Revolta da Chibata - 1910
No dia 22 de novembro, com a participação de mais ou menos 2.300 marinheiros – os marinheiros nacionais eram quase todos negros ou mulatos comandados por oficias brancos – liderados por João Cândido Felisberto – conhecido como Almirante Negro -, assumem o controle dos encouraçados Minas Gerais e São Paulo, do cruzador-ligeiro Bahia e do antigo encouraçado Deodoro. 
Os marinheiros redigem uma carta para o presidente reivindicando melhoria de suas condições de vida, o fim da chibata e do “bolo”, outra forma de castigo físico. Caso não fossem atendidas as reivindicações, eles bombardeariam a cidade.
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Revolta da Chibata - 1910
Como a situação era gravíssima,
e sendo pressionado pela oposição, Hermes da Fonseca aceita o ultimato. O Congresso vota uma lei pondo fim às torturas e que garantindo que os revoltosos não sofreriam punições. No entanto, assim que os marinheiros entregam as armas e os navios, são presos e alguns expulsos. Esse ato que gerou, em dezembro do mesmo ano, outra revolta, na Ilha das Cobras, que foi fortemente reprimida pelo governo.
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Essas grandes mudanças políticas, sociais e econômicas não permitem mais espaços para a idealização: 
O autores vão em busca de um conhecimento mais real e profundo da vida do país. 
O foco da produção é fragmentado e escrevem sobre diferentes regiões, centros urbanos, funcionários públicos, sertanejos, caboclos e imigrantes.
Tudo era motivo para os escritores como Monteiro Lobato, Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha e Augusto dos Anjos.
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Essa multiplicidade de focos e de interesses impossibilita tratar o Pré-Modernismo como uma escola literária, porque embora essa semelhança agrupe diferentes autores, as características estéticas dos poemas e romances que produzem são totalmente díspares. Em função disso, o Pré-Modernismo é considerado como período de transição, uma vez que conserva algumas tendências das estéticas da segunda metade do século XIX, como: Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo. Mas também antecipa outras que serão realmente aprofundadas no Modernismo.
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A linguagem utilizada é mais direta, mais objetiva, aproximando-se da linguagem jornalística em função da proximidade entre literatura e realidade .
Já surgem os romances e contos, que serão tendências e usados como bandeira pelos primeiros modernistas:
 A desmitificação do texto literário;
 O uso de um português “brasileiro”;
 A crítica à realidade social e econômica contemporânea; 
 A construção de uma literatura que retrate o Brasil real.
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Euclides da Cunha – pioneiro entre os pré-modernistas ao aproximar literatura e história por publicar em 1902 a recriação literária da guerra de Canudos (1896 e 1897), após cinco anos do sangrento conflito, com publicação de Os Sertões.
A Terra (primeira parte) detalha as características do sertão, clima, composição do solo, relevo e vegetação.
O Homem (segunda parte) retrato do sertanejo, o impacto do meio sobre as pessoas. Destaca a figura de Antônio Conselheiro e sua transformação em líder messiânico.
Luta (terceira parte) narra as lutas das tropas oficiais e os habitantes de Canudos. Termina com a queda e destruição do Arraial de Canudos.
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Alfredo Bosi -“(...)não enquadrá-lo em um gênero literário. Ao contrário a abertura de mais de um ponto de vista é o modo próprio de enfrentá-lo ” História concisa da literatura, p. 309.
Antônio Cândido, em Literatura e Sociedade, na página 160, afirma que Os Sertões está entre a literatura e a sociologia naturalista, marcando desse modo o fim do imperialismo literário e o começo da análise científica aplicada aos aspectos mais importantes da sociedade brasileira. (cultura das regiões litorânea e o interior)
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“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto,(...) revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável (...). É desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspectos a fealdade dos fracos.” Os Sertões, p 179 -180. 
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Lima Barreto (1881 – 1923) era um verdadeiro apaixonado pelo Rio de Janeiro. Em suas obras, Barreto apresenta um quadro social e humano dos subúrbios cariocas. Há também a presença dos seguintes personagens: aposentados, profissionais liberais, moças casadoiras, mulatos, além de figuras da classe média que lutam desesperadamente para ascender socialmente. 
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Será o responsável por compor o retrato de partes dos centros urbanos, ignorados pela elite cultural do país: os subúrbios. Era lá que vivia a pequena classe média composta por funcionários públicos, professores, moças à espera de casamento, mulatos, profissionais liberais e uma multiplicidade de outros personagens que habitam a obra do autor. Desse modo, dá voz a uma parcela da população ignorada pelos escritores românticos e realistas. 
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Isaías Caminha e Clara dos Anjos (romance inacabado) – denunciam o preconceito racial.
Triste fim de Policarpo Quaresma - narra os ideais e a frustração de Policarpo Quaresma, funcionário público, sujeito metódico e extremamente nacionalista. Lima tematiza o embate entre o real (desigualdades sociais) e o ideal (patriotismo – engrandecimento do país).
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Quaresma passou a vida inteira se dedicando aos estudos da linguagem e sugere a substituição da língua portuguesa pela língua tupi. Essa sugestão valeu sua internação num manicômio. Quaresma também se envolveu com as questões políticas de seu tempo, como a eclosão da Revolta da Armada, no Rio de Janeiro. Apoia o Marechal Floriano Peixoto, participando do conflito como carcereiro voluntário. Idealista, critica as injustiças contra os prisioneiros. Floriano, seu ídolo, insatisfeito com as atitudes do nacionalista, manda prendê-lo e o condena ao fuzilamento. 
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Monteiro Lobato (1882-1948) faz parte do grupo de autores regionalistas do Pré-Modenismo. Apresentava uma visão crítica da realidade brasileira. Em suas obras, criticou a obediência a modelos estrangeiros, a subserviência ao capitalismo internacional, a submissão das massas eleitorais e o nacionalismo extremado. Lobato destacou-se no gênero conto, principalmente com Urupês, Cidades Mortas e Negrinha. Mas foi na literatura infantil que o autor se tornou popular. Personagens como Narizinho, Dona Benta, Tia Anastácia Visconde de Sabugosa e a boneca de pano Emília, entre outros, da turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo, tornaram Monteiro Lobato inesquecível. 
 
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Um dos aspectos mais importantes da obra de Lobato é a sua preocupação em denunciar alguns problemas que marcavam a vida das pessoas do interior.
Foi com o personagem Jeca-tatu (do livro de contos Urupês), um típico caipira acomodado e miserável do interior paulista, que Monteiro Lobato pode criticar o Brasil agrário, atrasado e ignorante, segundo o autor. Lobato idealizava um país moderno, estimulado pelo progresso e pela ciência.
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RESUMINDO
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 Nesta aula, vimos como os primeiros anos da República são agitados no Brasil.
Vimos que o Pré-Modernismo não se constituiu como uma escola literária e sim como um período de transição entre as tendências das escolas literárias do século XIX e a renovação modernista, cujo marco é a Semana de Arte Moderna, em 1922.
Comentamos sobre as obras de:
 Euclides da Cunha: Os Sertões; 
 Lima Barreto: O triste fim de Policarpo Quaresma
 Monteiro Lobato: Urupês e sua literatura infantil.
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