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LITERATURA BRASILEIRA II
Aula 05: A prosa de ficção modernista – experimentalismo e regionalismo 
Aula 05: A prosa de ficção modernista 
LITERATURA BRASILEIRA II
Aula 05: A prosa de ficção modernista 
Nesta aula, veremos que o contexto histórico e literário em que a prosa modernista foi produzida é o mesmo vivenciado pelos poetas da segunda geração modernista.
Analisaremos a prosa experimental de Mário de Andrade e de Oswald de Andrade, produzida naquele período.
Apresentaremos as prosas modernistas de alguns romancistas representativos do regionalismo brasileiro.
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Crise de 1929 na bolsa de Nova Iorque
Crise cafeeira
Revolução de 1930
Intentona Comunista
Estado Novo
Ascensão do Nazismo e do Fascismo
Combate ao Socialismo
2ª Guerra Mundial
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Seca intensa na região semiárida do Nordeste (1914–1915), entre 1919 e 1921, é responsável pelo enorme crescimento do êxodo rural no Nordeste. Este fato chama a atenção da imprensa, da opinião pública e do Congresso Nacional, que exigem a atuação do governo. Em 1920, foi criada a Caixa Especial de Obras de Irrigação de Terras Cultiváveis do Nordeste Brasileiro, que seria mantida com 2% da receita tributária da União e outros recursos. Entretanto, nada foi feito para amenizar os efeitos causados pela seca.
 
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Jorge Amado publica O país do carnaval, seu primeiro romance, em 1931;
Casa-grande & senzala, de Gilberto Freyre, é publicada em 1933, tendo sido uma referência para os escritores da geração de 1930;
Em 1935, ocorre a intentona Comunista, que pretendia derrubar Getúlio Vargas;
Em 1936, Graciliano Ramos é preso sob a acusação de ser comunista;
Rachel de Queiroz, acusada de subversão, é presa em 1937;
Em 1938, Virgulino da Silva, o Lampião, rei do cangaço, é morto em Sergipe;
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Em 1939, é criado o Departamento de Informação e Propaganda e Dorival Caymmi faz sucesso com a música “O que é que a baiana tem ?” 
Em 1945, ocorre a prisão de Luiz Carlos Prestes por sua participação na Intentona Comunista. É legalizado o Partido Comunista Brasileiro e criado o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, no lugar da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas.
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Na década de 1930, o Brasil testemunha um verdadeira explosão do romance. Os escritores, preocupados com país em que viviam, utilizaram a narrativa para denunciar a realidade, principalmente na região Nordeste, na qual milhares de pessoas estavam condenadas a viver na miséria.
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Dividimos o tema de hoje em dois momentos: no primeiro, trataremos da prosa experimental de Oswald de Andrade e de Mário de Andrade. No segundo, será a vez da prosa regionalista de Graciliano Ramos e de Jorge de Amado.
Oswald de Andrade e Mário de Andrade já são nossos “velhos” conhecidos da primeira geração modernista. Mas, agora, eles nos revisitam com suas prosas experimentais.
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As primeiras produções em prosa de Oswald de Andrade são os romances Memórias sentimentais de João Miramar, escrito antes de 1916, mas publicado em 1924, e Serafim Ponte Grande, de 1933. Os princípios defendidos nos manifestos Pau-Brasil e Antropofágico estão presentes nestas duas obras.
Na década de 1930, o Brasil testemunha uma verdadeira explosão do romance. Os escritores, preocupados com país em que viviam, utilizaram a narrativa para denunciar a realidade, principalmente na região Nordeste, na qual milhares de pessoas estavam condenadas a viver na miséria.
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“Memórias sentimentais de João Miramar” e “Serafim Ponte Grande” representam o amadurecimento do autor e a radicalização do emprego de algumas técnicas inovadoras, como a mescla de prosa e poesia, estrutura fragmentária, estilo elíptico e telegráfico, sátira paródica, linguagem jornalística, utilização da linguagem cotidiana presente em discursos, bilhetes, anotações e cartas. 
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“Memórias sentimentais de João Miramar” teve várias versões, mas a que se oficializou foi a que tem 163 capítulos de escrita telegráfica. Nesse romance, Oswald Andrade mistura estilos, tendo por objetivo a verborragia bacharelesca, que produz um texto condensado em episódios-relâmpagos. Em termos de linguagem tenta comprimir ao máximo. O objetivo era transmitir o máximo de informação com o mínimo de palavras. 
	
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O experimentalismo com a linguagem é o ápice de sua obra. Podemos percebê-lo no jogo de metonímias, na presença de neologismos, trocadilhos e hipérbatos. Oswald diz que Memórias sentimentais de João Miramar é “forma em romance de poema”. 	Nos breves capítulos do romance, o modernista vai da verborragia, na voz de alguns personagens, à composição de corte cinematográfico. Na opinião de Antônio Candido, esse romance oswaldiano “ é uma tentativa seríssima de estilo e narrativa, ao mesmo tempo que um primeiro esboço de sátira social”. 
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O romance fala da vida de João Miramar, que podemos chamar de caricatura do homem paulistano da alta classe, herdeiro da cultura do café, que não gosta das coisas brasileiras, mas é fascinado pelo que é estrangeiro. Assim como Oswald de Andrade na juventude.
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O experimentalismo com a linguagem é o ápice de sua obra. Podemos percebê-lo no jogo de metonímias, na presença de neologismos, trocadilhos, hipérbatos. Oswald diz que Memórias sentimentais de João Miramar é “forma em romance de poema”. 
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ONOMATOPÉIA- (Cap.8)"...No silêncio tique-taque..."(Antítese:-silêncio/barulho)
"Dez horas da noite, o relógio farto batia dão! dão! dão! dão! dão! dão! dão! dão! 
 dão! dão!
HIPÉRBATO - (Cap. 9) "... mapas do secreto Mundo." ao invés de "...mapas do Mundo secreto.
METONÍMIA -(Cap. 79) "... de geografia aberta sobre a mesa..." = mapa
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Alguns teóricos apontam que Oswald de Andrade, ao trabalhar a linguagem em Memórias sentimentais de João Miramar, coloca em xeque a capacidade do leitor de entender a obra. Para eles, essa obra não sofreu influência da vanguarda cubista; é uma obra cubista em todos os sentidos.
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Serafim Ponte grande é considerada a obra mais radical de Oswald de Andrade. Em termos de composição, estão presentes a autobiografia, memórias e diário de confissão.
Estes recursos servem para romper com o passado estético. Na verdade, é um convite à destruição bem ao gosto da primeira geração modernista.
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Como a obra toda é fragmentada, é quase impossível resumi-la. Podemos dizer que o texto é formado por pedaços de frases, capítulo-síntese, errata-capítulo, prefácio criticando o texto, dramas (paródia teatral), notícias de jornal, paródias de romance e poesia. Há, ainda, a utilização de códigos numéricos, símbolos matemáticos. 
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Por ter um canhão no quintal, Serafim Ponte Grande era o único cidadão livre de uma São Paulo que acabara de sair de uma guerra civil ocorrida na segunda metade da Década de 1920. Ele era funcionário público nada exemplar, tendendo ao
anarquismo. “Nosso herói tende ao anarquismo enrugado”.
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Na obra, não encontramos capítulos, e sim fragmentos, num total de 203. Pode ser considerado como um livro de memórias separado em 11 partes que foram incorporadas em três. Em cada uma podem ser encontradas narração em primeira e terceira pessoas, cartas, diário de viagem anotações, poemas e personagens que somem e aparecem, e até um dicionário que termina na letra “L”. 
 
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O termo Macunaíma é originário da Venezuela e da Guiana – Makunaíma, que significa “o Grande Mau”. Era o Grande Mau, poderoso e transformador que ressuscitava os mortos. Mas o nosso Macunaíma modernista não se assemelha ao da lenda venezuelana, pois sua figura é muito mais humana do que mitológica.
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Macunaíma (1928), para muitos teóricos, é um dos livros mais importantes da literatura brasileira. Sua composição narrativa se assemelha aos romances acima vistos, de Oswald de Andrade. Em Macunaíma, também podemos verificar rupturas narrativas de tempo e espaço. Rupturas linguísticas: mescla de culto e popular, o urbano e o regional, o escrito e o oral. O que contribui para uma “fala brasileira”.
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Gilda de Mello e Souza, em “O Tupi e o alaúde – uma interpretação de Macunaíma”, define Macunaíma como um herói heterogêneo, indeciso, descaracterizado. O antropólogo e escritor Darcy Ribeiro acrescenta astuto, insaciável, esperto, encantador, grotesco, imprudente, covarde e preguiçoso. Haroldo de Campos vê Macunaíma como “o herói in progress”, insubmisso a padrões rígidos, insuscetível de ser legitimado. 
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O seu criador afirma que ele é “uma sátira universal ao homem contemporâneo”. Talvez a definição de José Miguel Wesnik para Macunaíma seja, além de cômica, a que melhor traduz nosso personagem: “não se trata de um mau caráter, mas de um herói sem caráter. Macunaíma é um preguiçoso, tem preguiça até de ter caráter.”
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Quanto ao gênero da obra, podemos afirmar que é indefinido. Mário de Andrade a chamou de história, no entanto, a caracterizou como uma rapsódia. Cavalcanti Proença, em Roteiro de Macunaíma (1978), concordou com o autor: “tanto no sentido musical de obra composta com temas populares, quanto no sentido de narrativa em que se recolhem e se fundem vários motivos fabulatórios tradicionais, à maneira dos rapsodos gregos”.
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Macunaíma, Memórias sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande formam uma tríade para se pensar a ficção experimental do início do século XX. Percebemos, nestas obras, uma liberdade expressiva que nunca se separa da visão crítica da própria linguagem e das questões sociais de seu tempo.
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O projeto literário do romance da geração de 1930 era revelar como uma determinada realidade, neste caso, o subdesenvolvimento brasileiro, influenciou a vida dos seres humanos. A maioria dos autores utilizou o conhecimento pessoal que tinham daquela realidade nordestina na execução de seus projetos. A única exceção foi o escritor Erico Veríssimo, uma vez suas obras abordavam o homem e a sociedade a partir amplitude dos pampas do Rio Grande do Sul. 
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Os escritores que produziam essa ficção concentravam-se em Maceió e não estando centralizados no Rio de Janeiro ou São Paulo. A prosa regionalista brasileira de 1930 foi produzida no mesmo contexto histórico e literário em que ocorreu a segunda geração modernista. Abordando temas como a seca, o coronelismo, o cangaço entre outros, representa um momento de maturidade da ficção modernista brasileira. Inovando desse modo, abandona a idealização romântica e a impessoalidade realista e passa apresentar uma visão crítica da relações sociais e também do impacto causado ao indivíduo pelo meio. Os romances produzidos neste período ficaram conhecidos como regionalistas ou neorrealistas.
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Graciliano Ramos (1892 - 1953), em seus romances, retratou o universo do sertanejo nordestino: o fazendeiro autoritário e o caboclo comum, um homem de inteligência limitada, vítima da seca e submisso diante dos poderosos. 
O cuidado com as palavras é uma das características mais importantes da prosa deste autor. Nota-se na economia de adjetivos e advérbios e na escolha cautelosa dos substantivos o que colabora para a criação do “realismo bruto”, que define o olhar neorrealista do escritor. 
[...] Bichos. As criaturas que me serviam durante anos eram bichos. Havia bichos domésticos, como o Padilha. Bichos do mato, como Casimiro Lopes e muitos bichos para o serviço do campo, bois mansos.[...] São Bernardo (2005), p. 217 
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São Bernardo consegue mostrar toda a sua força no foco narrativo em 1.ª pessoa. Esta obra traduz o nível de consciência de um homem que absorveu toda a agressividade de um sistema competitivo para conseguir, com muito sacrifício, um lugar ao sol. Segundo Alfredo Bosi, Vidas secas dispersa-se em farrapos de ideias, na desagregação que o meio arrasta o destino inútil dos personagens Fabiano, Sinhá, Vitória e a cadela Baleia. É o único romance do autor em que o foco narrativo é em 3º pessoa, nasceu do conto “Baleia”, os capítulos foram escritos fora da ordem da publicação. 
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Jorge Amado(1912- 2001) assim se define: “(sou) apenas um baiano romântico e sensual”. Suas obras apresentam o seu interesse temático: marginais, pescadores, marinheiros baianos. É um dos escritores brasileiros mais conhecidos e lidos de todos os tempos. Ele produziu um recorte particular ao projeto literário da sua geração, que foi o estudo das relações humanas que levaram à formação do perfil multicultural e multirracial do nosso povo.
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Por ter sido um cronista de tensão mínima, soube agradar ao público. Segundo Alfredo Bosi, “o populismo literário deu uma mistura de equívocos, e o maior deles será por certo o de passar por arte revolucionária”. 
Bosi, em História concisa da literatura brasileira, apresenta cinco fases distintas nas obras de Jorge Amado.
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um primeiro momento de águas-fortes da vida baiana, rural e citadina (Cacau e Suor), que lhe deram a fórmula do “romance proletário”;
depoimentos líricos, isto é, sentimentais, espraiados em torno de rixas e amores marinheiros (Jubiabá, Mar morto e Capitães da Areia);
c) um grupo de escrito de pregação partidária (O cavaleiro da Esperança e O Mundo da Paz);
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alguns grandes afrescos da região do cacau, certamente suas invenções mais felizes que animam de tom épico as lutas entre coronéis e exportadores (Terras do Sem-Fim, São Jorge dos Ilhéus);
Mais recentemente, crônicas amaneiradas de costumes provincianos (Gabriela Cravo e Canela, Dona Flor e seus Dois Maridos). (...). Na última fase abandonam-se os esquemas de literatura ideológica que norteiam os romances de 30 e de 40; e tudo se dissolve no pitoresco, no “saboroso”, no “gorduroso”, no apimentado do regional.
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Outros importantes autores dessa geração são:
José Lins do Rego (1901 – 1957) – “Lembranças de um menino de engenho”. Nas obras do ciclo da cana-de-açúcar recria a realidade
dos trabalhadores da região canavieira de Pernambuco, a partir da memórias da infância na fazenda de seu avô.
Raquel de Queiroz (1910 – 2003) – única mulher presente entre os escritores de prosa da geração de 1930. Dos horrores da seca de 1915, mudou-se de Fortaleza para o Rio de Janeiro. O fato marcou tanto a sua vida que em 1930 escreveu “O quinze”, aos 18 anos, que ajudou a firmar a tradição dos romances do “ciclo nordestinos”.
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Nesta aula, vimos que o contexto histórico e literário em que a prosa modernista foi produzida é o mesmo vivenciado pelos poetas da segunda geração modernista.
Analisamos a prosa experimental de Mário de Andrade e de Oswald de Andrade produzidas neste período.
Apresentamos as prosas modernistas de dois romancistas representativos do regionalismo brasileiro – Graciliano Ramos e Jorge Amado.
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