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Prosa de Ficção Modernista: Clarice Lispector

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LITERATURA BRASILEIRA II
Aula 06: A prosa de ficção modernista – psicologismo e intimismo.
 Aula: 6 - A prosa de ficção modernista – psicologismo e intimismo
LITERATURA BRASILEIRA II
Aula 06: A prosa de ficção modernista – psicologismo e intimismo.
Nesta aula, reconheceremos que o período histórico e literário em que Clarice Lispector produziu suas obras é o mesmo da geração de 1945, e de João Cabral de Melo Neto e Guimarães Rosa.
Experimentaremos o intimismo e o psicologismo nos contos e romances de Clarice Lispector.
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Crise de 1929 na Bolsa de Nova Iorque
Crise cafeeira
Revolução de 1930
Intentona Comunista
Estado Novo
Ascensão do Nazismo e do Fascismo
Combate ao Socialismo
2ª Guerra Mundial
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Clarice Lispector começa a produzir suas obras literárias no mesmo contexto histórico e literário de João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e da geração de 1945, conforme vimos nas aulas anteriores.
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Clarice Lispector desenvolve um universo ficcional no qual investiga os processos que tornam o ser humano um ser único, que lhe atribuem identidade. Observamos que suas narrativas abdicam do interesse pelo enredo, submetendo as personagens a um processo de individuação, que permitirá que elas reconheçam a própria identidade. 
 O conhecimento dessa identidade os leva a um processo de reavaliação do contexto em que se encontram e passam a questionar a sua submissão às expectativas familiares e sociais.
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Nascida na Ucrânia, Haia, quando veio para o Brasil, em 1922, recebeu o nome de Clarice Lispector (1926 – 1977). Estreou nas letras com o romance “Perto do coração selvagem” (1943). Com apenas 17 anos, provocou verdadeiro alvoroço com seu romance. O público e a crítica, acostumados com os romances de 1930, se espantaram com a construção narrativa de Clarice. Álvaro Lins, embora tenha reconhecido o talento de Clarice, aponta falhas na construção de sua obra: “Li o romance duas vezes, e ao terminar, só havia uma impressão: de que ele não estava realizado, a de que estava incompleta e inacabada a sua estrutura como obra de ficção”.
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A impressão que “Perto do coração selvagem” causou no crítico literário se deve ao fato de a autora ter subvertido a linearidade temporal do romance. Clarice quebra a sequência lógica da narrativa “começo, meio e fim”. Além disso, ela funde a prosa e poesia ao fazer uso de imagens, metáforas, antíteses e paradoxos.
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Clarice Lispector interagia com a realidade levando em consideração o texto literário como algo vivo, que devia afetar o leitor, refletir o contexto, expressar os pontos de vista do seu autor. Como ela mesma afirma: 
“O escritor não é um ser passivo, que se limita a recolher dados da realidade, mas deve estar no mundo como presença ativa, em comunicação com o que o cerca.”
“A literatura deve ter objetivos profundos e universalistas: deve fazer refletir e questionar sobre o sentido da vida e, principalmente, sobre o destino da homem na vida.”
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O fato de ter morado fora do país foi uma experiência pessoal que influenciou a obra da escritora, que abordam aspectos da vida brasileira, mas também apontam para questões universais. Logo, o contexto da produção de Clarice Lispector, como também de Guimarães Rosa, foi mais internacional que os dos outros escritores brasileiros. 
Em Rosa e Clarice, o trabalho com a linguagem é a principal ferramenta para criação literária.
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Escrever é sinônimo de liberdade para Clarice.
“Nasci na Ucrânia, terra de meus pais. Nasci numa aldeia chamada Tchetchelnik, que não figura no mapa de tão pequena e insignificante. Quando minha mãe estava grávida de mim, meus pais já estavam se encaminhando para os Estados Unidos ou Brasil, ainda não haviam decidido: pararam em Tchetchelnik para eu nascer, e prosseguiram viagem. Cheguei ao Brasil com apenas dois meses de idade.
Sou brasileira naturalizada, quando, por uma questão de meses, poderia ser brasileira nata. Fiz da língua portuguesa a minha vida interior, o meu pensamento mais íntimo, usei-a para palavras de amor. Comecei a escrever pequenos contos logo que me alfabetizaram, e escrevi-os em português, é claro. Criei-me em Recife (...) E nasci para escrever. Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo.”
(Apud Berta Waldman. Clarice Lispector. São Paulo:Brasiliense, 1983. p 9-10).
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“É preciso falar daquilo que nos obriga ao silêncio”. 
Para Benedito Nunes, “Linguagem e silêncio”, publicado no livro O dorso do tigre, a linguagem envolve o próprio objeto da narrativa - nas obras da autora – abrangendo o problema da existência, como problema da expressão e da comunicação. Segundo Nunes, à medida que falamos de nós mesmos, procurando expressar-nos, as palavras, dizendo de mais ou menos, formam uma casca verbal, que circunda com seus significados o âmago da personalidade, acabando por se converter numa imagem provisória, porém inevitável, do nosso próprio ser. Não conseguimos exprimir tudo o que somos e adquirimos um ser aparente mediante aquilo que conseguimos exprimir.
Clarice Lispector, ao escrever, adota um estilo autoral. Faz uso de uma técnica de “desgaste”, segundo Benedito Nunes. Como, se, em vez de escrever, Clarice descrevesse, conseguindo um efeito mágico de refluxo da linguagem, que deixa à mostra o “inexpressado”. Nunes compara o efeito desta técnica da autora à sensação de estranheza quando repetimos várias vezes uma palavra qualquer. 
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Na escrita de Clarice, a experimentação afeta de maneira especial a estrutura da narrativa. O controle que tem sobre a técnica do fluxo de consciência é a marca registrada desta grande autora.
Fluxo de consciência é uma técnica narrativa utilizada para expressar, através de monólogo interior, os variados estados de espírito, as emoções que caracterizam uma personagem. Os pensamentos apresentados pelo narrador não têm a preocupação de seguir uma articulação lógica entre as ideias. As impressões auditivas, físicas, visuais, olfativas, associativas, essas séries de impressões ganham forma no texto, recriando, num universo ficcional, o funcionamento da mente humana.
 
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O Fluxo de consciência é outro aspecto inovador da prosa de Clarice Lispector. Para alguns teóricos, é uma experiência muito mais radical do que a introspecção psicológica já utilizada pelos escritores realistas do século XIX. Essa experiência com o fluxo da consciência já vinha sendo realizada pelos escritores Marcel Proust e James Joyce. No Brasil, coube a Clarice adotar esta inovação literária, que também pode ser chamada de monólogo interior.
 
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A introspecção psicológica tenta desvendar o universo mental das personagens tradicionalmente, ou seja, de forma linear. Os espaços são determinados e há a presença de marcadores temporais. O leitor
tem domínio da situação, pois consegue distinguir o que se refere ao passado, geralmente revivido pela personagem por meio da memória, o que se refere ao presente e o que se refere à pura imaginação.
O fluxo da consciência, por sua vez, rompe com essa linearidade espaço-temporal da introspecção psicológica. De certa maneira, o fluxo da consciência pode comprometer a verossimilhança da obra literária. Passado, presente, realidade e desejo se fundem. No fluxo da consciência não há a preocupação com a lógica ou com a ordem da narrativa.
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Vejamos um fragmento de Perto do coração selvagem, para que possamos identificar essa experiência: 
“Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. (...).”
(LISPECTOR, Clarice. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.) 
 – – – – – – estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra coisa?(...) (LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G. H.. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1998.) 
 
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Podemos notar, no segundo excerto, que não há qualquer aviso ao leitor de que ele será lançado nos confusos pensamentos da personagem. O texto inicia-se simplesmente com uma série de travessões, não há como saber o que essa personagem viveu e por que essa experiência produziu um impacto tão grande na sua vida. O fluxo de consciência é esta cadeia de impressões, de reações, de sentimentos da personagem. É usada pela autora em suas obras para permitir que o leitor acompanhe bem de perto todas as transformações pelas quais as personagens passam durante o processo de descoberta interior.
 
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As personagens de Clarice Lispector experimentam um outro processo inaugurado pela escritora – a epifania.
A epifania é de origem grega, tem sentido religioso e remete à ideia de “manifestação ou revelação extraordinária”. Na obra da autora, significa descoberta da própria identidade, a partir de um estímulo externo, que leva a personagem a descobrir a própria essência, transformando-a em pessoa singular e distinguindo-a das demais. 
 
Nas obras de Clarice, esse processo pode surgir a partir de fatos corriqueiros e banais do cotidiano das personagens: um encontrão, um beijo, um susto entre outros. A personagem, depois de vivenciar o processo epifânico, passa a ver o mundo, as pessoas e a si mesma de outra forma. É como se, de fato, tivesse tido uma revelação extraordinária e passasse a se relacionar com o mundo e com as pessoas de maneira mais profunda. Esses momentos epifânicos, na prosa de Clarice Lispector, resultam em questionamentos filosóficos e existenciais por parte dos personagens. 
 
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“Amor”
Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tricô, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde começou a andar. Recostou-se então no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfação.
Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas. E cresciam árvores. [...] No fundo, Ana sempre tivera necessidade de sentir a raiz firme das coisas. E isso um lar perplexamente lhe dera. Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o tivesse inventado. 
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O bonde vacilava nos trilhos, entrava em ruas largas. Logo um vento mais úmido soprava anunciando, mais que o fim da tarde, o fim da hora instável. Ana respirou profundamente e uma grande aceitação deu a seu rosto um ar de mulher.
 O bonde se arrastava, em seguida estacava. Até Humaitá tinha tempo de descansar. Foi então que olhou para o homem parado no ponto.
 A diferença entre ele e os outros é que ele estava realmente parado. De pé, suas mãos se mantinham avançadas. Era um cego.
 O que havia mais que fizesse Ana se aprumar em desconfiança? Alguma coisa intranquila estava sucedendo. Então ela viu: o cego mascava chicles... Um homem cego mascava chicles.[...]
 Ele mascava goma na escuridão. Sem sofrimento, com os olhos abertos. O movimento da mastigação fazia-o parecer sorrir e de repente deixar de sorrir, sorrir e deixar de sorrir — como se ele a tivesse insultado, Ana olhava-o. E quem a visse teria a impressão de uma mulher com ódio. Mas continuava a olhá-lo, cada vez mais inclinada[...] (LISPECTOR, Clarice. Amor, In: Laços de família. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.) 
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Clarice Lispector nunca aceitou o adjetivo feminista. O que se verifica em suas obras é a presença de protagonistas femininas vivenciando sua condição de mulher em plena década de 1970, tentando, através do processo epifânico, alguns momentos de liberdade existencial.
Clarice Lispector é considerada uma escritora intimista e psicológica. O eixo temático de suas narrativas é o questionamento do ser, do estar no mundo, enfim, a existência humana. 
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Nos seus vários romances e contos, a autora aborda a condição feminina, a dificuldade de relacionamento humano, a hipocrisia do papéis socialmente definidos e da busca pelo “eu”. Afonso Romano de Sant’Anna afirma que as narrativas da autora possuem uma estrutura semelhante, que podem ser definidas como:
A personagem é disposta em uma determinada situação cotidiana;
Um evento é preparado e é pressentido discretamente pela personagem (como uma inquietação); 
Ocorre o evento que ilumina sua vida (epifania);
Apresenta-se o desfecho, no qual a situação da vida da personagem é reexaminada.
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Outra característica na ficção da autora é a presença constante de animais: cavalo, galinha, barata, aranha, gato, etc., que podemos ler como representação do “coração selvagem” da vida ou símbolo da busca das personagens pela libertação dos grilhões sociais e mergulho no processo de individuação. 
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No romance A hora da estrela, Clarice deixa um pouco de lado a linha intimista que marca a sua ficção. O Romance é narrado por Rodrigo S. M. – o primeiro narrador masculino na obra de Clarice - que se apresenta ao leitor e aponta o seu objetivo literário, ou seja, narrar a história de uma nordestina chamada de Macabéa.
 Macabéa é alagoana, ignorante, pobre, tem dezenove anos e é virgem. Sua profissão: diz-se datilógrafa.
Veio para o Rio de Janeiro com uma tia, quase mãe. Essa tia morre e Macabéa passa a dividir um quarto com quatro moças. Trabalhava com o datilógrafa, mas foi dispensada por errar demais na datilografia.
Num dia de chuva, Macabéa conhece um paraibano que se diz metalúrgico
– Olímpico de Jesus Moreira Chaves. Nada conversavam de fato: ela, por não saber expressar-se, nem ter o que dizer e ele, por considerar-se superior a ela. Esse relacionamento não dura muito, pois Olímpico mostra interesse pela amiga de quarto de Macabéa. 
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Com o rompimento da relação, Macabéa resolve comprar um batom vermelho e pintar seus lábios. Seu desejo é ficar parecida com a Marilyn Monroe.
Passado um tempo, Macabéa resolve consultar uma cartomante, que mente descaradamente para a nordestina. Macabéa sai da casa da cartomante acreditando que será feliz, que encontrará o amor de sua vida. Ao atravessar a rua, é atropelada por um carro Mercedes Benz. Vive, finalmente, sua hora da estrela. 
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Segundo o crítico Eduardo Portella, A hora da estrela poderia estar revelando uma nova Clarice, “exterior e explícita”, para concluir que Macabéa, “a moça alagoana é um substantivo coletivo por personificar um drama em que ela deixa de ser o transeunte anônimo, solitário e inconsequente, para adquirir o sentido incômodo de uma provocação em aberto”.
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A literatura de Clarice não está preocupada com a construção de um enredo estruturado com começo, meio e fim; busca a compreensão da consciência individual, marcada pela introversão das personagens. São narrativas complexas, em que as personagens passam por transformações que irão abalar a estrutura corriqueira de suas vidas. 
Segundo a própria autora: “os meus livros não se preocupam com os fatos em si, porque para mim o importante é a repercussão dos fatos no indivíduo”.
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Nesta aula, reconhecemos que o período histórico e literário em que Clarice Lispector produziu suas obras é o mesmo da geração de 1945 e de João Cabral de Melo Neto e Guimarães Rosa.
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