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Introdução à Literatura Comparada

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LITERATURA COMPARADA
Aula 1- Primeiros Passos
O que é Literatura Comparada? 
 
“A Literatura Comparada é a forma de pesquisa que se serve do método comparativo”. 
 
Literatura Comparada é um campo de estudo.
Método de pesquisa (simples) x Campo de Estudo
“O uso deste método comparativo é bastante comum (às vezes, de modo amplo, e mais frequentemente, de forma menor), não tem nada de exclusivo e de característico, nem para a literatura em geral, nem para quaisquer pesquisas em torno da literatura.” Benedetto Croce (1866 -1952).
Tema da Apresentação
Literatura Comparada traz como característica fundamental, desde o seu surgimento como disciplina acadêmica, a noção de transversalidade, seja com relação às fronteiras entre as nações ou idiomas, seja no que diz respeito aos limites entre as áreas do conhecimento. Projetando, desse modo, a Literatura Comparada em um terreno muito mais amplo, dificultando qualquer delimitação. 
 
Os estudos realizados pela Literatura Comparada não abrangem somente a literatura de dois países ou mais, produzidas no mesmo idioma ou não. Abarca também as relações entre a literatura e as diferentes formas de manifestação estética ou a literatura e distintas áreas do conhecimento, principalmente as que fazem parte das Ciências Humanas.
Tema da Apresentação
“A literatura comparada é o estudo da literatura além das fronteiras de um determinado país e o estudo das relações entre a literatura e diferentes áreas do conhecimento e da crença, tais como as artes – a pintura, a escultura, a arquitetura, a música -, a história, a filosofia, as ciências sociais – a política, a economia, a sociologia -, as religiões etc. É a comparação de uma literatura com outra ou outras e a comparação da literatura com outras esferas da expressão humana”. (Henri Remak)
Seu objeto de estudo dialoga com outros saberes adicionando diferentes disciplinas: Linguística, Semiótica, História, Psicanálise, etc. 
Tema da Apresentação
Aspectos sobre o estudo de Literatura Comparada
– Complexidade x Complicação
Complexidade:
Está presente nas minúcias (riqueza de detalhes)
Está presente na variedade e no entrelaçamento de informações que teremos de coletar e absorver para produzir o resultado de nossa investigação.
Complicação: 
Dificuldade de se fazer entender.
Coisas mais simples podem se tornar um tormento para serem explicadas com clareza. (complicação)
 
Tema da Apresentação
Mergulhar a fundo na compreensão dos fenômenos humanos implica em aceitar o convite de conviver com a complexidade.
Está presente nas minúcias (riqueza de detalhes).
Está presente na variedade e entrelaçamento de informações que teremos de coletar e absorver para produzir o resultado de nossa investigação.
- Constante ação do tempo 
 
O conceito de Literatura Comparada evolui com o passar dos anos, acompanhando os rumos do processo histórico, como os conceitos elaborados pelo homem para compreender o mundo à sua volta.
Tema da Apresentação
Caminhando na “babel” 
(Tânia Franco Carvalhal - Literatura comparada: os primórdios)
Forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas.
No contato com os trabalhos qualificados como “estudos literários comparados”, podemos observar investigações variadas que envolvem diferentes metodologias, dando à literatura comparada vasto campo de atuação, em consequência da pluralização dos objetos de análise. 
Em função dessa diversidade de estudos, a sua complexidade é acentuada.
Tema da Apresentação
Caminhando na “babel” 
(Tânia Franco Carvalhal - Literatura comparada: os primórdios)
 Dificuldade de determinar um consenso sobre a natureza da literatura comparada, seus objetivos e métodos. Há uma grande divergência de noções e de orientações metodológicas:
Alguns não falam sobre essa questão;
Outros utilizam as tendências tradicionais sem questionar; 
Uns tendem a uma conceituação generalizadora. 
 
Tema da Apresentação
Ainda Caminhando...
A expressão “literatura comparada” torna-se complexa ao descobrirmos que existe mais de uma orientação a seguir e que às vezes utiliza-se um certo ecletismo metodológico. 
Recentemente, pudemos observar que o método – ou os métodos – decorrem da análise. Ele não antecede a análise como algo previamente elaborado. 
Ainda Caminhando...
Não pode ser entendida como uma sinonímia de “comparação”.
A comparação não é um recurso privativo do comparatista. Ela é um processo mental que beneficia a generalização ou a diferenciação, ou seja, indução e dedução. 
Tema da Apresentação
“Comparar é um procedimento que faz parte da estrutura de pensamento do homem e da organização da cultura. É um hábito comum em diferentes áreas do saber humano e mesmo na linguagem do cotidiano, em que os provérbios como exemplo esboçam a constância do uso deste recurso.” 
 Tânia Carvalhal.
As comparações no cotidiano 
Têm sido usadas como método pelo homem para compreender os fatos da vida durante milhares de anos. Sempre buscamos referência em algo que já conhecemos para facilitar o ato de compreender o que antes não conhecíamos.
Tema da Apresentação
A comparação como instrumento de análise e aprendizado
A comparação é um processo que se apresenta de modo constante em variados aspectos de nossa vida. Comparar textos sempre foi um recurso utilizado por professores e ensaístas para levar seus alunos e leitores a uma melhor compreensão dos fatos. Ela tem sido sempre usada como um modo de facilitar nossa compreensão do mundo.
Aristóteles, no capítulo IX da Poética, aponta que a poesia, por ser mais universal, é mais filosófica que o discurso histórico, uma vez que a primeira, fala do que poderia ter acontecido, e a segunda, está preocupada com a narração autêntica. 
Tema da Apresentação
MARIA-PELEGO-PRETO
Maria-pelego-preto, moça de 18 anos, era abundante de pelos no pente. A gente pagava para ver o fenômeno. A moça cobria o rosto com um lençol branco e deixava pra fora só o pelego preto que se espalhava quase até pra cima do umbigo. Era uma romaria chimite! Na porta o pai entrevado recebendo as entradas... Um senhor respeitável disse que aquilo era uma indignidade e um desrespeito às instituições da família e da Pátria! Mas parece que era fome. 
 (Manuel de Barros - Poemas concebidos sem pecado (1937)
Tema da Apresentação
Rato
Um rato, de pé sobre as patinhas traseiras, rilha uma casquinha de pão, observando os companheiros que se espalham nervosos por sobre a imundície, como personagens de um videogame. Outro, mais ousado, experimenta mastigar um pedaço de pano emplastrado de cocô mole, ainda fresco, e, desazado, arranha algo macio e quente, que imediatamente se mexe, assustando-o. No após, refeito, aferra os dentinhos na carne tenra, guincha. Excitado, o bando achega-se, em convulsões. 
O corpinho débil, mumificado em trapos fétidos, denuncia o incômodo, o músculo da perna se contrai, o pulmão arma-se para o berreiro, expele um choramingo entretanto, um balbucio de lábios magoados, um breve espasmo. A claridade envergonhada da manhã penetra desajeitada pelo teto de folhas de zinco esburacadas, pelos rombos nas paredes de placas de outdoors.  Mas, é noturno ainda o barraco.
Tema da Apresentação
[...] A chupeta suja, de bico rasgado, que o bebê mordiscava, escapuliu rolando por sob a irmãzinha de três anos, que, a seu lado, suga o polegar com a insaciedade de quando mamava nos seios da mãe. [...] O colchão-de-mola-de-casal onde se aninham sobreveio numa tarde úmida, manchas escuras desenhando o pano rasgado, locas vomitando pó, aboletado no teto de uma Kombi de carreto, vencendo toda a Estrada de Itapecerica, em-desde a Vila Andrade até o Jardim Irene, quando viviam com o Birôla, homem bom, ele. Uma vez levou a meninada no circo, palhaços, cachorro ensinado roupinha-de-balé, macaco de velocípede, domador chicoteando leão desdentado
em-dentro da jaula, cavalos destros, trapezista, equilibrista, pipoca, engolidor de espadas, maçã-do-amor, moças de maiô, algodão-doce, serrador de gente, pirulito, sorvete-de-palito. Aí começou a abusar da mais velha, agora de-maior, mas na época treze anos.[...] Dele herdou o menino, oito anos, seu escarro, hominho. 
Tema da Apresentação
[...] Pensam, é fácil, mas forças não tem mais, embora seus trinta e cinco anos, boca desbanguelada, os ossos estufados os olhos, a pele ruça, arquipélago de pequenas úlceras, a cabeça zoeirenta. E lêndeas explodem nos pixains encipoados das crianças e ratazanas procriam no estômago do barraco e percevejos e pulgas entrelaçam-se aos fiapos dos cobertores e baratas guerreiam nas gretas. Já pediu-implorou para a de treze ajudar, mas, rueira, some, dias e noites. Viu ela certa vez carro em carro filando trocado num farol da Avenida Francisco Morato. Quando o frio aperta, aparece. 
A de onze, ajuizada, cria os menorzinhos: carrega eles para comer na sopa-dos-pobres, leva eles para tomar banho na igreja dos crentes, troca a roupa deles, toma conta direitinho, a danisca. E faz eles dormirem, contando invencionices, coisas havidas e acontecidas, situações entrefaladas no aqui e ali. [...] inoculando sonhos até mesmo na mãe, que geme baixinho num canto, o branco-dos-olhos arreganhado sob o vaivém de um corpo magro e tatuado, mais um nunca antes visto. 
 (Luiz Ruffato – Eles eram muitos cavalos - 2001)
Tema da Apresentação
Literatura comparada compara, pois como recurso analítico e interpretativo, a comparação possibilita a este estudo literário a exploração adequada de seus campos de trabalho e o alcance dos objetivos a que se propõe. E é o seu emprego sistemático que distinguirá a sua atuação. Ela é um meio, não um fim. 
Vimos a partir de alguns exemplos como podem render os estudos comparatistas. Sem evidenciar uma preocupação com a questão do método, deixamos claros princípios que norteiam nossa atividade. O importante foi deixar estabelecida a importância do comparatismo como recurso indispensável para aprimorar nossa capacidade de conhecimento e de análise sobre Literatura. Como o ato de comparar é indispensável para a história do pensamento humano, estando presente desde os momentos mais triviais do cotidiano, até a análise de obras literárias da tradição.
Tema da Apresentação
Registro de frequência 
Questão 1– Dizer que o conceito de Literatura Comparada está sujeito à ação do tempo significa que...
1) Os autores do passado foram incapazes de compreender todos os aspectos necessários para um efetivo conhecimento de nosso objeto de estudo.
2)Os autores do passado avançaram em muitos aspectos, porém todos os conceitos humanos se encontram igualmente sujeitos ao curso do processo histórico.
3)Os autores do presente estão mais bem equipados de ferramentas de pesquisa, de modo que seu trabalho tende a superar as conquistas realizadas antes.
4) Os autores do passado eram incapazes de ter uma plena dimensão da complexidade de seu objeto de pesquisa, fazendo sempre análises superficiais.
Tema da Apresentação
Questão 2 – Para Tânia Carvalhal, comparar nunca é um fim em si mesmo, porque...
1) Não podemos perder tempo com cada texto literário que está sendo analisado, uma vez que existem muitos outros a nos exigir atenção.
2) Não podemos perder de vista que o principal objetivo da disciplina é debater o método mais adequado para analisar os textos literários.
3) Não podemos perder de vista que o objetivo primordial é compreender e analisar de modo mais profundo cada um dos diferentes textos literários em estudo.
4) Não podemos perder de vista que o objetivo primordial é procurar textos cada vez melhores, mais dignos de serem objetos de estudo.
Tema da Apresentação
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