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MECÂNICA GERAL Exercícios Resolvidos – Capítulo 6 Os exercícios aqui resolvidos são avaliados como de grau fácil e médio pelos alunos. Autor: Prof. Carlos Alberto Kuhnen UFSC / CFM / FSC 1) Uma massa é suspensa por meio de um fio de comprimento . Calcule a velocidade angular necessária para que este pêndulo descreva um cone cujo ângulo com a vertical é m l θ . SOLUÇÃO: A figura abaixo mostra o pêndulo descrevendo um cone e um sistema de coordenadas centrado na massa e girando com ela. m�R X´ Z´ Y´ R Tl mg Note que, como podemos escolher qualquer ponto da trajetória para analisar o problema, escolhemos o mais conveniente e que torna a solução mais simples. No sistema de coordenadas S« a massa está em repouso de modo que podemos escrever para as componentes da força, m y •• «= −Tsenθ + mω 2R = 0 m z •• «= T cosθ − mg = 0 1 onde T é a tensão no fio. Como R = l senθ vem e assim obtemos T = mω 2l mω 2l cosθ = mg ou seja, ω 2 = gl cosθ . 2) Um corpo de massa é colocado na superfície interna de um tronco de cone que gira com velocidade angular m ω . O corpo fica localizado a uma distância R do eixo de rotação. O coeficiente de atrito estático entre o corpo e a superfície é μ . Veja a figura abaixo. Calcular as velocidades angulares máxima e a mínima necessárias para que o corpo permaneça em repouso. R N m�R fa mg SOLUÇÃO: Na figura acima mostramos a força de atrito quando o corpo tende a descer, isto é, quando a velocidade angular é a mínima necessária para que impedir que o corpo desça. (ωmin ) Escolhemos um sistema de coordenadas fixo no corpo como mostra a figura abaixo 2 Y´ Z´ N m�R fa mg Como no referencial S« o corpo está em repouso vem que, m z •• «= N cosθ + fa cos(π2 −θ) − mg = 0 m y •• «= −Nsenθ + fasen(π2 −θ) + mωmin 2 R = 0 Lembrando que obtemos fa = μN N[cosθ + μsenθ] = mg N[senθ − μ cosθ] = mωmin2 R Logo a velocidade angular mínima necessária para que o corpo na desça pela superfície do tronco de cone é, ωmin = gR senθ − μcosθ cosθ + μsenθ Para obtermos a velocidade angular máxima permitida sem que o corpo deslize para cima, apenas trocamos o sentido da força de atrito e assim, ωmax = gR senθ + μcosθ cosθ − μsenθ 3 Note que quando o cone está em repouso e o ângulo é tal que tgθ = μ o corpo permanece em repouso e para este ângulo qualquer que seja a velocidade angular o corpo irá deslizar superfície acima, isto é temos . No outro caso, quando ωmin = 0 cosθ = μsenθ a força peso não é equilibrada, qualquer que seja a velocidade angular. 3) Um bloco de massa M está ligado a uma mola de constante elástica e encontra-se sobre uma superfície horizontal sem atrito. Sobre este bloco encontra-se um outro bloco de massa . O coeficiente de atrito entre os blocos é k m μ . Qual é a amplitude máxima das oscilações que o sistema pode ter sem que o bloco superior se mova em relação ao inferior? SOLUÇÃO: A situação está esquematizada na figura abaixo: S´ S X´ Z´ X Z M k m Como o sistema está oscilando com uma amplitude a coordenada que localiza o corpo de massa em relação ao referencial A m S pode ser descrita por x = Asenω0t onde ω0 = kM + m . Portanto o referencial S«localizado no corpo tem uma aceleração igual a a0 = x •• = −ω02 Asenω0t No referencia S« a equação de movimento é m x •• «= μmg − mω02 Asenω0t 4 O valor máximo para força inercial é , de modo que a amplitude máxima das oscilações em que o corpo de massa se movimente em relação ao de massa mω02 A m M é, A = μgω02 = μg M + m k 4) Uma barra lisa de comprimento gira em uma superfície lisa com velocidade angular constante L wr em torno de um eixo fixo em uma das extremidades da barra e que é perpendicular ao plano de rotação. Uma pequena massa está inicialmente posicionada na extremidade estacionária da barra e sobre a qual é dado um impulso de maneira que ela adquire uma velocidade inicial m 0v r em direção à outra extremidade da barra. Quanto tempo a massa leva para atingir a outra extremidade da barra? Calcule este tempo quando rv0 = ωL e . 0, 25 /rad sw = SOLUÇÃO: Encontramos a solução mais facilmente adotando um referencial não inercial que gira junto com a barra como mostra a figura abaixo. m Y´ v´ X´ F No referencial que gira com a barra temos , isto é, o movimento é em uma dimensão. Note que estamos desprezando o atrito entre a barra e o plano horizontal e entre a massa e a barra. Assim a força que atua é a força de reação da barra na massa ˆ´ ´r x i=r ´ 5 m . A força F r não tem componente na direção do eixo ´X , pois ignoramos o atrito. Assim ˆ´F F j=r A velocidade angular é e a força de Coriolis é, rω = ω ök« r FCo = −2m rω x rv«= − 2m öi« öj« ök« 0 0 ω x • « 0 0 = −2mω x•«öj« A força centrífuga é r FCe = −mω ök«x (ω ök«x x«öi«) = −mω 2 ök«x x«öj« r FCe = mω 2x«öi« A equação de movimento é m rr •• «= rF − 2m rω x rv«−m rω x ( rω x rr«) Em componentes m x •• «= mω 2x« 0 = F − 2mω x • « Pois a massa não se desloca na direção ( ). Logo a força de Coriolis equilibra a força de reação da barra na massa . O movimento na direção ´Y y • «= y •• «= 0 m ´X satisfaz a equação x •• «−ω 2x«= 0 Já encontramos a solução desta equação no primeiro capítulo, pois corresponde ao caso de uma força repulsiva proporcional ao deslocamento. A solução pode ser escrita em termos de funções hiperbólicas, x«= Asenhωt + Bcoshωt Encontramos as constantes e A B mediante as condições iniciais. Como a massa estava inicialmente na extremidade da barra temos (´0) 0x = e desde que ela tem uma velocidade inicial temos, 0(´0)x v • = . Como, x • «= ω Acoshωt +ωBsenhωt obtemos, e 0B = A = v0 /ω Logo a solução é 6 x«= v0ω senhωt O instante ( ) em que a massa atinge a outra extremidade da barra obtém-se Lt ´x L= e assim tL = 1ω arcsenh ωL v0 Se e v0 = ωL ω = 0,25rad / s obtemos tL = 1 ωarcsenh1= 0,88 ω = 3,5s . 5) Considere uma bala de um rifle disparada horizontalmente com alta velocidade . Suponha que a direção do movimento da bala seja para Leste. Pede-se para calcular a deflexão na trajetória devido a força de Coriolis. 0v SOLUÇÃO: A figura a seguir mostra o referencial na superfície da Terra e o disparo da bala. Hemisfério Norte z (Oeste) (Sul) (Norte)Y´v0 X´ Z´ (Leste) Estamos considerando o movimento de um projétil próximo a superfície da Terra. No capítulo 6 obtivemos as coordenadas do projétil como função do tempo, equações 6.55, 6.56 e 6.57, x«= 13ωgt3 cosλ +ωt2 (v0 ysenλ − v0zcosλ) + v0xt + x0 . , y«= v0 yt −ωv0xt2senλ + y0 z«= − 12 gt2 + v0zt +ωv0xt2 cosλ + z0 . 7 Como estamos considerando o movimento no plano ´ ´X Y ignoramos o movimento na direção ´Z . Tomamos a origem das coordenadas no ponto em que a bala foi disparada. Assim as condições iniciais são: (´0) ´(0) 0x y= = e , . Portanto, x • «(0) = v0 y • «(0) = 0 y«= −ωv0xt2senλ Fornece a deflexão da bala em um instante t qualquer. Observe que a deflexão é para o Sul no hemisfério Norte ( ) e para o Norte no Hemisfério Sul. Podemos estimar a deflexão após a bala percorrer uma distância 0l > Ax . Por exemplo, o alvo se encontra a 500 metros do disparo da bala. Desprezando-se a resistência do ar, a bala percorre esta distância em e assim a deflexão 1 /At x v= 0 ´dy será, y«d = ω xA 2 v0 senλ Como a deflexão depende do quadrado do alcance do projétil ela pode ser apreciável quando o alcance é grande. No caso de uma bala disparada com 0 250 /v m s= estando o alvo a 500Ax m= temos uma deflexão de ´ 7, 27 (dy sen= l )cm . Na colatitude de 450 vem ´ 5,14(dy = )cm . Para um alvo a 1000 metros o desvio será ´ 29 ( ) 20dy sen cm cm= =l para . 045l = 6) Um projétil é lançado verticalmente a partir do solo com velocidade . Considere que seja constante e ignore a resistência do ar. Em que posição o projétil retorna ao solo? 0v g SOLUÇÃO: A figura a seguir mostra o lançamento do projétil. 8 Hemisfério Norte z (Oeste) (Sul) (Norte)Y´ v0 X´ Z´ (Leste) Usamos as soluções encontradas para um projétil e que já utilizamos no problema anterior: x«= 13ωgt3 cosλ +ωt2 (v0 ysenλ − v0zcosλ) + v0xt + x0 . , y«= v0 yt −ωv0xt2senλ + y0 z«= − 12 gt2 + v0zt +ωv0xt2 cosλ + z0 . Agora temos as condições iniciais: 0 0 0 0x y z= = = , 0 0 0x yv v= = e . Logo as soluções acima se tornam 0zv v= 0 x«= 13ωgt3 cosλ −ωt2v0cosλ y«= 0 z«= − 12 gt 2 + v0t O tempo de subida é e a altura atingida é . A posição 0 /st v g= 20 / 2h v g= ´x da partícula em st é x«(ts ) = 13ωgts3 cosλ −ωts2v0cosλ x«(ts ) = ωv03 cosλ 3g 2 − ωv0 3 cosλ g 2 = − 2ωv0 3 cosλ 3g 2 Este desvio é para Oeste. A figura abaixo mostra o desvio (ampliado) para o Oeste. 9 Hemisfério Norte (Oeste) (Sul) (Norte)Y´ v0 X´ Z´ (Leste) Para analisarmos a descida devemos lembrar que no ponto mais alto da trajetória o projétil tem uma velocidade na horizontal na direção Oeste. A velocidade segundo a direção Leste-Oeste em qualquer instante é x • «= ωgt2 cosλ − 2ωtv0cosλ Logo no ponto mais alto esta velocidade tem vale, x • «(ts ) = ωgts2 cosλ − 2ωtsv0cosλ x • «(ts ) = − ωgvo2 cosλ g , sendo esta a velocidade inicial no movimento de descida. Para o movimento de descida as coordenadas como funções do tempo são, portanto, x«= 13ωgt3 cosλ −ωt2v0cosλ − 2ωv03 cosλ 3g 2 z«= v0 2 2g − 12 gt2 − ω 2v02 cosλ g t2 ≅ v0 2 2g − 12 gt2 onde desprezamos o termo contendo , pois é muito pequeno mesmo para velocidades iniciais da ordem de 1000 . O tempo de descida é ( ω 2 /m s ´ 0z = ) 0 /dt v g= (igual ao de subida, pois desprezamos a resistência do ar) e neste instante a coordenada ´x é igual a 10 x«= 13 ωv03 cosλ g 2 − ωv0 3 cosλ g2 − 2ωv0 3 cosλ 3g 2 x«= −2 2ωv0 3 cosλ 3g2 Ou seja o projétil cai a uma distância 2 2ωv03 cosλ 3g 2 a oeste do ponto de lançamento. Nos pólos ( λ = ±π / 2 ) o desvio é nulo sendo máximo no equador (λ = 0 ). Este desvio é pequeno. Considere que o projétil seja lançado no equador com uma velocidade de então o desvio será de apenas 12 . Mas será de 1metro se dobramos a velocidade inicial. 0 50 /v m= s cm 11
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