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Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho – FEIS - DBZ” ORIGEM E EVOLUÇÃO DA VIDA Aula – Nomenclatura Botânica Dra. Andréa Macêdo Corrêa Nomenclatura Botânica É a parte da Botânica (Sistemática) que se dedica a dar nomes às plantas e grupos de plantas (táxon). Nomenclatura botânica é o emprego correto dos nomes das plantas, envolvendo um conjunto de princípios, regras e recomendações aprovados em Congressos Internacionais de Botânica e publicados num texto oficial. Os primeiros nomes das plantas foram vernáculos ou nomes comuns, mas estes têm seus inconvenientes: Não são universais e somente são aplicados a uma língua. Somente algumas plantas têm nome vernáculo. Freqüentemente duas ou mais plantas não relacionadas possuem o mesmo nome ou uma mesma planta possui diferentes nomes comuns. Se aplicam indistintamente a gêneros, espécies ou variedades. Início da nomenclatura organizada Séc. XVIII (época pré-lineana) as plantas eram identificadas por uma longa fase descritiva em latim (sistema polinomial), que crescia a medida que se encontravam novas espécies semelhantes. Por exemplo: Carlina acaulis L. era conhecida como: Carlina acule inifloro florae breviore Gaspar Bauhin sugeriu adotar somente dois nomes (sistema binomial). Com a publicação de Species Plantarum por Lineu, em 1753, o sistema foi definitivamente estabelecido. Lineu descreveu e nomeou por este sistema todo o mundo vivo conhecido até aquela data. O nome científico ou nome específico de um organismo vivo é uma combinação de duas palavras em latim: – O nome genérico ou gênero – O epíteto específico O nome científico sempre está acompanhado pelo nome abreviado do autor que o descreveu pela primeira vez de forma efetiva ou válida. CINB - Código Internacional de Nomenclatura Botânica O sistema de nomenclatura botânica visa a padronização e aceitação mundial. O nome científico é o símbolo nominal da planta ou de um grupo de plantas e é uma maneira de indicar sua categoria taxonômica. O CINB está dividido em três partes: Princípios básicos do sistema de nomenclatura botânica; Regras para por em ordem a nomenclatura antiga; Recomendações para conseguir uniformidade e clareza na nomenclatura atual. Princípios do CINB: I. A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica e bacteriológica; II. A aplicação de nomes a grupos taxonômicos (táxons) de categoria de família ou inferior é determinada por meio de tipos nomenclaturais; III. A nomenclatura de um táxon se fundamenta na prioridade de publicação. IV. Cada grupo taxonômico não pode ter mais de um nome correto (o mais antigo segundo as regras); V. Os nomes científicos dos grupos taxonômicos se expressam em latim, qualquer que seja sua categoria e origem; VI. As regras de nomenclatura têm efeito retroativo, salvo indicação contrária. Regras do CINB As regras são organizadas em artigos, os quais visam por em ordem os nomes já existentes e orientar a criação de novos nomes. Seguem-se algumas regras importantes que aparecem no Código: 1. Os nomes científicos dos táxons devem ser escritos em latim, quando impressos, devem ser destacados, por artifícios como o negrito ou itálico e quando manuscritos, por grifos. 2. Os nomes científicos não devem ser abreviados, exceto o nome da espécie. Na combinação binária, o nome do gênero por ser substituído pela sua inicial quando o texto torna claro qual o gênero em questão. 3. As seguintes terminações dos nomes designam as categorias taxonômicas: ordem - o nome deriva do nome de uma das principais famílias (família-tipo) com adição da terminação ales. sub-ordem - a mesma raiz com terminação ineae. família - nome derivado de um gênero vivo ou extinto com a terminação aceae. sub-família - a mesma raiz com a terminação oideae. tribo - a mesma raiz com a terminação eae. sub-tribo - a mesma raiz com a terminação inae. gênero e infra-genéricas - o nome pode vir de qualquer fonte, sendo escolhido arbitrariamente pelo autor. Deve ser um substantivo ou adjetivo substantivado, latino ou latinizado e escrito com a inicial maiúscula. espécie - o nome da espécie é também de escolha arbitrária, escolhido pelo autor. Deve ser um adjetivo ou substantivo adjetivado, latino ou latinizado, sempre formando uma combinação binária com o gênero e sempre escrito com a inicial minúscula. Todo nome de espécie deve ser acompanhado pelo nome do autor da mesma. categorias infra-específicas - os nomes são os das espécies acrescidas do nome da categoria infraespecífica em terceiro lugar. Ex. Brassica oleracea var. capithata, Ipomoea batatas f. alba. cultivar - nome reservado a variedade cultivada, criada pelo homem em seus trabalhos de melhoramento e se opõe à variedade botânica, criada e selecionada pela natureza. Ex.: Zea mays cv. Piranão, Phaseolus vulgaris cv. Rosinha. Exemplo geral das categorias taxonômicas: Divisão: Magnoliophyta Classe: Magnoliopsida Sub classe: Rosidae Ordem: Rosales Sub-ordem: Rosineae Família: Rosaceae Sub-família: Rosoideae Tribo: Roseae Sub-tribo: Rosinae Gênero: Rosa Espécie: Rosa gallica L. Variedade: Rosa gallica var. versicolor Thory 4. Quando uma espécie muda de gênero, o nome do autor do basiônimo (primeiro nome dado a uma espécie) deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome do autor que fez a nova combinação. Ex. Majorana hortensis (Linn.) Moench.; basiônimo: Origanum majorana Linn. Nomes dos táxons O nome de um gênero pode ser o nome de uma pessoa latinizado, seguindo as regras: Terminação em vogal: se adiciona a, exceto quando termina em a (ea). Ex. Boutelou Boutelona Colla Collaea Terminação em consoante: se adiciona ia. Ex. Klein Kleinia Lobel Lobelia O epíteto específico pode ser um nome em comemoração a uma pessoa. Se implica em várias palavras, essas se combinam em uma só ou se ligam por travessão. Não se usa o epíteto específico de forma isolada, somente em combinação com o gênero. Um mesmo epíteto pode vir junto a diferentes nomes genéricos. Ex. Anthemis arvensis; Anagalis arvensis. Cada epíteto deve estar no mesmo gênero gramatical (singular, plural ou neutro) do nome genérico. As terminações mais frequentes são: M: alb-us nig-er brev-is ac-er F: alb-a nig-ra brev-is ac-ris N: alb-um nig-rum brev-e ac-re Ex. Lathyrus hirsutus, Lactuca hirsuta, Vaccinium hirsutum Outras terminações: eleg-ans, rep-ens, bicol-or, simple-x Tipos de epítetos específicos: Epítetos comemorativos: Terminação vogal (exceto a), se adiciona -i. Ex. Joseph Blake Aster blakei Terminação em vogal -a, se adiciona -e. Ex. Mr. Balansa balansae Terminação em consoante diferente de -er, se adiciona -ii. Se é uma mulher, -iae. Ex. Tuttin tuttinii Terminação em consoante -er, se adiciona -i. Ex. Boissier boissieri Se o nome se usa como adjetivo, a terminação deve coincidir com o gênero. Ex. Rubus cardianus (F. Wallace Card) Chenopodium boscianum (Augustin Bosc) Epítetos descritivos: Relacionados com a cor: albus, aureus, luteus, niger, virens, viridis Relacionados com a orientação: australis, borealis, meridionalis, orientalis Relacionadoscom a geografia: africanus, alpinus, alpestris, hispanicus, ibericus, cordubensis Relacionados com o hábito: arborescens, caespitosus, procumbens Relacionados com o habitat: arvensis, campestris, lacustris Relacionados com as estações: automnalis, vernalis Relacionados com o tamanho: exiguus, minor, major, robustus Normas para redação de nomes científicos 1. Todas as letras em latim devem vir em itálico (cursiva), sublinhadas ou negrito; 2. A primeira letra do gênero ou categoria superior há de vir em maiúscula; 3. O resto do nome vem em minúscula (exceto em alguns casos em que se conserva a primeira letra de epíteto específico) 4. Os nomes dos híbridos vem precedidos de x. Ex. x Rhaphanobrassica; Mentha x piperita Pronuncia de nomes científicos 1. Os ditongos ae e oe se lêem como e. Ex. laevis; rhoeas 2. A combinação ch se lê k; Ex. Chenopodium 3. A combinação ph se lê f; Ex.Phaseolus vulgaris Código Internacional de Nomenclatura Botânica Exercícios 1. Considerando o princípio da prioridade, indique os nomes válidos para as espécies abaixo, as quais possuem as seguintes sinonímias: a. Aristolochia gardens Lineu (1856) Aristolochia glabra Benton (1873) b. Gaudinia hispanica Stace & Tutin (1967) Gaudinia holosica Moore (1952) c. Omphalobium ovatifolius Martius (1817) Omphalobium glabratum A. DC. (1978) d. Combretum Loefl (1758) (Nomina conservanda) Crislea Lineu (1753) e. Viburnum fragrans Bunge (1831) Viburnum fragrans Lorsel. (1824) 2. Analise a nomenclatura empregada para as espécies, indicando: gênero, epíteto, autor (es) do nome (s) e características taxonômicas que o nome está evidenciando. a. Vulpia ciliata Dumont subsp. Ambigua (Le Gall) Stace & Auquier, comb. et stat. nov. b. Gaudinia hispanica Stace & Tutin, sp. nov. c. Ranunculus acris L. comb. nov d. Cassia conferta Betham var. machrisiana (Cowan) Irwin & Barneby, stat. nov. e. Cordia hermanniifolia var. calycina Cham. f. Silene dioica subsp. Zetlandia var. Alba 3. Das citações abaixo, indique: Autor do nome, autor que validou o nome da espécie e ano da publicação válida. a. Viburnum ternatum Rehder in Sargent, Trees and Scrubs 2:37. 1907 b. Teucrium chademii Sadwich in Lacaita, Cavanillesia 3:38. 1930 4. A espécie Iridophycus splendens Stech et Gardner foi coletada por Gardner 7781 (Registro de Herbário: UC 539565), sendo posteriormente modificada para: Iridaea splendens (Stech et Gardner) Papenf. O descrito acima é um exemplo de : ( ) sinonímia; ( ) parátipos; ( ) basinômio; ( ) autônimo 5. Pode existir um nome legítimo com publicação inválida? Explique. 6. A espécie Melochia cordata Burm. 1768 foi revisada por Borssum em 1966, que chegou a conclusão de que esta pertencia ao gênero Sida, modificando seu nome. Qual será a atual nomenclatura desta espécie? 7. Leia a informação abaixo e responda as perguntas: “Panicum maximum Poir. in Lam., Encycl., suppl. 4: 281. 1816. Planta herbácea, estolonífera ...... cariopses amarelo-avermelhados. Material selecionado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Cachoeirinha, 3/II/1999, Mattos 2233 (SP, RB, UEC); São José dos Pinhais, Roseira, 5/XI/1961, Hatschbach 8444 (MBM, US)”. a. Quem foi o primeiro autor a descrever esta espécie? b. Qual o autor e o ano da publicação válida? c. O que significa “Mattos 2233”? d. Como eu posso identificar os herbários possuidores de exemplares desta planta? e. O que significa “MBM, US”? f. Explique o texto sublinhado 8. Os textos abaixo foram extraídos de títulos de monografias. Alguns apresentam erros de nomenclatura. Escreva a forma correta. a. “Biologia floral de Cassia conferta IRWIN & BARNEBY”. b. “Estudos polínicos da família amaranthaceae”. c. “Morfologia floral de Eucalyptus maculata Hook.” d. “Sinopse da família ACANTHACEA”. e. “Análise da fenologia de Echinodorus macrocarpus do maciço de Baturité, CE”. f. “Variação intrapopulacional de Ficus Benjamina L.” g. “Leguminosae do Estado do Ceará”. 9. Explique a citação dupla de autores nas seguintes ocasiões: a. Cyathocalyx apoensis (Elmer) J. Sinclair b. Cyathocalyx crassipetalus R.J. Wang & R.M.K. Saunders, sp. nov. 10. Observe os dados abaixo e responda A espécie Iridophycus splendens Stech & Gardner teve sua nomenclatura modificada por Papenf., o qual foi responsável pelo seu posicionamento no gênero Iridaea. a. Escreva a nomenclatura atual desta espécie, indicando a citação dos autores. b. Explique a citação dupla de autores na expressão: Dugueia moricandiana Mart., in Mart., Fl. Bras. 13(1): 25. 1841. 11. Observe os dados abaixo e responda “Polygala warmingiana A.W. Benn. ex Martius, Eichler & Urban, Fl. Bras. 13: 6. 1874. Tipo: Brasil. Minas Gerais, Lagoa Santa. Warming 436. (Lectótipo C)”. a. Se você fosse citar esta espécie num trabalho científico, de maneira sucinta, como você escreveria? b. Caracterize o tipo de exemplar que está depositado no Herbário C.
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