Logo Passei Direto
Buscar
Material

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Benisio Ferreira da Silva Filho 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Não pense que o biomédico é apenas um laboratorista. Hoje em dia, o 
biomédico atua fora do laboratório e ganha destaque por isso. Com 
competência, começou a trabalhar em áreas alternativas, que são igualmente 
importantes. 
Com a evolução do estilo de vida e o crescimento populacional, nada 
mais justo que as equipes de saúde também crescessem e evoluíssem. Com 
isso, áreas que tinham a ver com a formação, as competências e as 
habilidades biomédicas foram absorvendo profissionais. Isso fez com que a 
própria biomedicina mudasse, crescesse e evoluísse para melhor atender. 
Nesse cenário de modernidade característica da biomedicina, surgiram 
novas habilitações e houve a consolidação da importância dos biomédicos 
naquelas que já existiam. Por último, falaremos bastante da atuação original do 
biomédico como pesquisador e docente, aquele cuja missão é formar mais 
profissionais da saúde – um papel importantíssimo. 
TEMA 1 – O BIOMÉDICO, TÉCNICAS MOLECULARES E DE REPRODUÇÃO 
Dentre as áreas que falaremos a seguir, estão as mais sensíveis do 
ponto de vista técnico e que muitos apontam como o futuro das análises 
laboratoriais. Há quem diga que irá ocorrer primeiro uma substituição de 
técnicas bioquímicas por técnicas de análise por DNA, porém isso não passa 
de pura especulação. São análises diferentes. Outros apostam que o futuro é a 
miniaturização dos equipamentos e que os biossensores irão substituir os 
laboratórios. 
Com certeza, até lá, a própria biomedicina evoluirá e se adaptará aos 
novos tempos. Característica nossa. Por enquanto, analisar o material genético 
e embriões é o que há de mais sensível, preciso e capaz de responder da 
melhor forma possível às perguntas médicas. Cabe a nós, biomédicos, 
respondê-las com qualidade, precisão e ética. 
1.1 Habilitação em biologia molecular 
Muito se fala da biologia molecular no meio acadêmico. Ela na verdade é 
uma área de estudos científicos que engloba mecanismo moleculares capazes 
 
 
3 
de fazer uma ação significativa para célula. Portanto, a ciência da biologia 
molecular estuda os mecanismos moleculares que permitem uma célula 
funcionar (interações proteicas, enzimáticas), analisando também duplicação e 
reparo de genoma, vias metabólicas e outros pontos do funcionamento celular. 
A ciência sempre tentou reproduzir in vitro eventos celulares e, dessas 
tentativas e estudos de compreensão, surgiram técnicas que hoje são 
empregadas com outras finalidades. Técnicas de separação de proteínas por 
uma corrente elétrica (eletroforese de proteínas) ou de ácidos nucleicos 
(separação de DNA ou RNA), são antigas forma de estudo. O método de 
sequenciamento de proteína e o método de sequenciamento de DNA – ambos 
desenvolvidos pelo mesmo pesquisador, Frederick Sanger (1918-2013), que 
recebeu duas vezes o Prêmio Nobel (um para cada método) – são técnicas que 
ajudaram a desenvolver o conhecimento e nos mostraram outras formas de 
usá-las para o diagnóstico. 
Uma das principais técnicas de biologia molecular é, sem dúvida 
nenhuma, a Reação em Cadeia da Polimerase, ou apenas PCR (do inglês, 
Polimerase Chain Reaction). Essa técnica desenvolvida nos anos 1980 por 
Karry Mullis é de fácil execução e robusta a ponto de dar segurança nos 
resultados de confirmação de material genético na amostra. Com a PCR, você 
pode confirmar se, em uma amostra de sangue, há a presença de vírus HIV. A 
confirmação é precisa, será detectado o material genético do vírus e isso é 
irrefutável. Uma outra aplicação: por meio da PCR, é possível especificar se há 
ou não determinada mutação em um paciente. Se forem estudadas diferentes 
mutações, é feita uma PCR e, em seguida, o sequenciamento para não só 
confirmar que há mutações, mas também identificá-las, resultando assim em 
um detalhamento maior do problema genético. 
Essa mesma técnica é empregada para se localizar várias sequências 
específicas do genoma humano e compará-las entre indivíduos, próprio para 
realização dos testes de paternidade, ou para confirmar que um mesmo padrão 
genético encontra-se em diferentes ambientes ou cenas de crime, usado da 
técnica com fins forenses. 
A biologia molecular é utilizada pelo biomédico como um conjunto de 
técnicas laboratoriais para investigação e diagnóstico de doenças, para 
diagnósticos que confirmem a presença de patógenos e para casos judiciais e 
criminais. O biomédico com habilitação em biologia molecular pode usar seus 
 
 
4 
conhecimentos nas áreas de diagnóstico molecular por DNA e genética 
forense. A PCR, o sequenciamento de DNA e as análises cromossômicas são 
algumas das técnicas que auxiliam o biomédicos em diferentes tipos de 
investigações. 
1.2 Habilitação em genética 
O biomédico geneticista utiliza ferramentas de biologia molecular para 
responder às perguntas da genética. Sua atuação é parecida com a do 
biomédico que se dedica à biologia molecular, apesar de este trabalhar muito 
com as técnicas, seu desenvolvimento e otimização (as técnicas ficam cada 
vez mais modernas e com aumento de sensibilidade para detecção). 
Como geneticista, além de trabalhar na investigação de doenças por 
técnicas moleculares e na parte forense, o biomédico usa técnicas laboratoriais 
para pesquisar doenças genéticas e distúrbios metabólicos no período pré-
natal e pós-natal. É importante deixar bem claro que o biomédico recebe no 
laboratório a amostra coletada pelo médico – por exemplo, o líquido amniótico 
para testes moleculares. 
Do ponto de vista laboratorial, o biomédico geneticista pode realizar – 
por meio de técnicas moleculares e bioquímicas – o monitoramento de doentes 
com erros hereditários do metabolismo. Usando técnicas de investigação por 
citogenética, ele analisa a estrutura cromossômica e realiza o diagnóstico de 
alterações que comprometem o indivíduo – como, por exemplo, nos casos de 
aneuploidias, síndromes de deleção, síndrome de Patau, síndrome de Edwards 
e síndrome do X frágil. 
O art. 5º da Resolução n. 78, de 29 de abril de 2002, que fala do ato 
profissional biomédico, fala do geneticista em seu parágrafo 3º: 
É atribuição do profissional biomédico, além das outras atividades 
estabelecidas, a realização de exames de Biologia Molecular, 
Citogenética Humana e Genética Humana Molecular (DNA), podendo 
para tanto realizar as análises, assumir a responsabilidade técnica, 
firmar os respectivos laudos e transmitir os resultados dos exames 
laboratoriais a outros profissionais, como consultor, ou diretamente 
aos pacientes, como aconselhador genético. 
No laboratório, se consultado pelas pessoas que receberam o laudo de 
exames genéticos, o biomédico pode responder às perguntas e, por seu 
conhecimento e formação, realizar os devidos comentários acerca das doenças 
 
 
5 
diagnosticadas ou sobre os detalhes dos resultados. Não poderá ser feita 
qualquer indicação de tratamentos ou sugestões de terapias. 
Como aconselhador genético, a atuação do biomédico também é de 
acompanhamento ou montagem de casos em que se investigue vínculo 
genético, aconselhando operadores do direito (advogados, juízes e 
interessados) sobre quem deve ser chamado para investigações por DNA que 
apontem se um indivíduo é ou não membro de uma família. 
1.3 Habilitação em reprodução humana 
Quando o profissional biomédico possuir habilitação em reprodução 
humana, ele pode atuar na embriologia e está apto a assumir responsabilidade 
técnica sobre todos os procedimentos laboratoriais e de exames referentes à 
biopsia embrionária. Embora o biomédico realize exames e todos os 
procedimentos laboratoriais (como analisar e manipular gametas e embriões), 
o profissional médico é o único que pode realizar a indução à ovulação da 
paciente, a coleta dos óvulos e, quando estes forem fecundados, é o
médico 
que realiza a transferência dos embriões para o útero da paciente. 
O biomédico recebe os gametas no laboratório, manipula, processa, 
opina ou escolhe o tipo de fertilização que será realizado e o executa (sempre 
em contato com todos os demais profissionais envolvidos), acompanha o 
desenvolvimento dos embriões, seleciona os melhores e dá o destino 
adequado conforme o objetivo da paciente. Pode ser decisão da paciente a 
imediata transferência para o útero (realizada pelo médico) ou a 
criopreservação do embrião (congelamento). 
Na grande maioria das vezes, o embrião é biopsiado para análise 
genética ou descartado (respeitando a legislação brasileira) se for inviável, ou 
se possuir alguma alteração genética. Além dos procedimentos com os 
embriões, os próprios gametas (óvulos e espermatozoides) podem ser 
individualmente processados e congelados para posterior utilização – um 
recurso muito usado hoje em dia por mulheres acima dos 30 anos que decidem 
ter filhos após estabilidade profissional. Esse procedimento também preserva a 
fertilidade da pessoa em casos específicos como o de uma doença. 
Os biomédicos que atuam na área da reprodução humana também 
realizam exames específicos de espermograma, teste de fragmentação de 
 
 
6 
DNA espermático, teste pós-coital e outros, os quais dão suporte para análise 
de infertilidade conjugal e posterior escolha de tratamento. 
TEMA 2 – BIOMEDICINA E AS ANÁLISES CELULARES 
A microscopia é muito usada pelos profissionais que se dedicam a 
analisar morfologia celular. Essa técnica tem como objetivo possibilitar o 
aumento da imagem de estruturas microscópicas, imperceptíveis a olho nu. 
Como seria possível observar alterações celulares sem um microscópio? 
O microscópio óptico ilumina a lâmina com as células que foram 
coletadas com luz visível e se caracteriza por três parâmetros: aumento, 
resolução e contraste. É possível ter um aumento de cem vezes da imagem do 
que está na lâmina. No momento apropriado, você, futuro biomédico, terá aulas 
específicas e práticas quanto à técnica de microscopia. Vamos falar das 
habilitações que mais usam essa técnica. 
2.1 Habilitação em histotecnologia clínica 
Para diagnosticar a presença de patógenos e doenças por meio da 
leitura de lâminas, é preciso confeccioná-las e, para isso, existem técnicas 
específicas. Dependendo de qual for empregada, haverá diferentes tipos de 
investigações. 
O conjunto de métodos para o preparo de lâminas permanentes para 
observação de células e tecidos constitui a base da histotecnologia. São 
procedimentos da área de histotecnologia: técnicas de análise histoquímicas, 
imuno-histoquímicas, morfométricas, histológicas e citológicas. 
Produzir uma lâmina para diagnóstico de doenças permite que o 
profissional biomédico devidamente habilitado realize o processamento de 
amostras histológicas para análise macroscópica, imuno-histoquímica e 
citoquímica, e permite até o emprego de técnicas moleculares, dando ao 
profissional autoridade para firmar os respectivos laudos. É permitido também 
ao biomédico executar técnicas auxiliares de necropsia e análises forenses, 
desde que esteja sob supervisão do médico legista. 
O preparo de material para observação em microscópios eletrônicos de 
varredura – dentre outros tipos de maior resolução – também faz parte da 
histotecnologia. O profissional dessa área pode ainda atuar como gestor de 
 
 
7 
empresa que trabalhe na produção e na confecção de lâminas para estudos 
histológicos, no controle de qualidade do material produzido. 
2.2 Habilitação em citologia 
Conhecida também como citopatologia ou citologia clínica, essa é a área 
da ciência que realiza pesquisas citomorfológicas com o objetivo de 
diagnosticar por meio da observação das células. 
Essas análises de morfologia celular (citomorfológicas) visam identificar 
alterações estruturais da célula. Consequentemente, é um retrato do que está 
ocorrendo no tecido e dos demais componentes do microambiente a que 
pertence as células em análise. De forma simples, é observar a célula e 
reconhecer se: ela está normal, se está alterada por motivos não patológicos, 
se está alterada por algum parasita intracelular, se está alterada por um motivo 
patológico e, por último, reconhecer se a alteração corresponde a uma 
neoplasia. 
Todas as informações referentes às células em análise são levadas 
também em consideração. Por exemplo: em amostras obtidas por raspagem do 
colo do útero (exame de Papanicolau), analisa-se as células escamosas e 
glandulares (células em análise) e, eventualmente, leucócitos, hemácias e 
outros componentes da microbiota (fungos e bactérias por exemplo). É 
importantíssimo e faz parte da formação do biomédico conhecer a estrutura 
celular e os diferentes tipos de células que serão alvos de estudos e análises. 
Logo, se há células, a citologia será aplicada. Dependendo do local de origem 
das células, teremos diferentes tipos de análises citológicas: 
 Citologia ginecológica (cérvico-vaginal), conhecida como exame de 
Papanicolau 
 Citologia mamária 
 Citologia de pulmão 
 Citologia de líquido peritoneal/ascítico 
 Citologia de líquido cefalorraquidiano 
 Citologia de tireoide 
 Citologia urinária 
 Citologia pericárdica 
 Citologia oral, ocular e nasal 
 
 
8 
 Citologia hepática 
 Citologia renal 
 Citologia linfonodal 
 Citologia pancreática 
TEMA 3 – BIOMEDICINA DE SAÚDE, BELEZA E BEM-ESTAR 
Fala-se muito sobre como o biomédico é um laboratorista que não tem 
contato com os pacientes, mas, na acupuntura e na estética, a postura 
profissional é outra. Exige-se mais ética e responsabilidade, uma vez que há o 
contato direto. A união é entre o conhecimento milenar da medicina tradicional 
chinesa, a ciência e a inovação tecnológica. Tudo baseado em evidências 
científicas. 
3.1 Habilitação em acupuntura 
A acupuntura, baseada em ensinamentos clássicos da medicina 
tradicional chinesa, consiste no diagnóstico e na aplicação de agulhas em 
pontos específicos do corpo, chamados de "acupontos", que se distribuem 
principalmente sobre linhas chamadas "meridianos chineses" e "canais", para 
diferentes efeitos terapêuticos conforme o caso a ser tratado. Também são 
utilizadas outras técnicas alternativas ou complementares, sendo as mais 
conhecidas a moxabustão (aplicação de calor sobre os “acupontos”), a 
auriculoterapia e, mais recentemente, a eletroacupuntura. 
Com as tecnologias modernas, a acupuntura vem agregando recursos, 
como a eletricidade (eletroacupuntura, ryodoraku e moxa elétrica), agulhas 
mais seguras e práticas, cristais stiper (estimulação permanente), esferas 
banhadas a ouro, prata, de quartzo e de vidro, ventosas de material plástico ou 
acrílico com válvulas de pressão, ventosas de borracha. 
Mesmo com princípios milenares, a acupuntura praticada por biomédicos 
é baseada principalmente em estudos científicos que comprovam a eficácia 
das técnicas que fazem parte do universo da acupuntura, bem como de seus 
novos elementos e instrumentos. 
São competências do biomédico acupunturista: 
 
 
9 
• Atuar clinicamente em consultório otimizando os tratamentos 
convencionais de saúde, através do equilíbrio energético e do 
reestabelecimento da integração funcional dos sistemas orgânicos. 
• Realizar diagnóstico energético complementar (ou seja, não substitui o 
diagnóstico clínico nosológico). 
• Atuar em equipes de saúde em conjunto com atividades de diagnóstico e 
política nacional de práticas integrativas e complementares em 
secretarias de estado e autarquias vinculadas ao Sistema Único de 
Saúde (SUS). 
• Docência em cursos de especialização e graduação. 
3.2 Habilitação em biomedicina estética 
A biomedicina estética é uma especialidade que visa a saúde estética, 
orienta a população quanto à disfunção dermato-fisiológica, identificando as 
formas de correção, prevenindo o envelhecimento
cutâneo natural e elevando a 
autoestima do indivíduo. 
O biomédico esteta, devido à sua especialização, possui competência 
para realização de procedimentos de estética avançada. É permitido ao 
biomédico realizar procedimentos injetáveis, perfurocortantes e escarificantes e 
minimamente invasivos como os listados abaixo: 
 Aplicação de toxina botulínica tipo A (Botox®) 
 Mesoterapia/intradermoterapia 
 Aplicação de substâncias por via intramuscular 
 Preenchimentos cutâneos semipermanentes 
 Fios de dermossustentação absorvíveis 
 Peelings químicos 
 Peelings físicos 
 Carboxiterapia 
 Microagulhamento 
 Procedimento estético injetável para microvasos (PEIM) 
 Jato de plasma 
 Diversos tipos de laser (diodo, luz intensa pulsada, fracionado etc.) 
 Diversos tipos de ultrassom (focalizado, dissipado etc.) 
 Correntes elétricas 
 
 
10 
 Ultracavitação 
Essas são algumas das inúmeras técnicas utilizadas em tratamentos para: 
 Rejuvenescimento e prevenção do envelhecimento cutâneo 
 Alterações nas conformações corporais (celulite, estrias, flacidez, 
gordura localizada etc.) 
 Problemas capilares (calvície, alopecia etc.) e outros 
É responsabilidade do profissional a realização de anamnese para 
definição e planejamento de tratamento a ser realizado. Podem ser feitos 
exames rápidos e análises clínicas são solicitadas quando necessário, para fins 
exclusivamente de triagem, não sendo permitido diagnóstico e tratamento de 
patologias (competência exclusiva da classe médica). 
É permitido também ao biomédico esteta a prescrição e receita de 
substâncias e medicamentos para fins estéticos: 
 Cosméticos, cosmecêuticos e nutricosméticos 
 Medicamentos livres 
 Medicamentos manipulados não controlados 
O biomédico esteta possui entendimento e domínio dos recursos 
medicamentosos, laboratoriais e tecnológicos, o que o torna um profissional 
diferenciado, podendo atuar como responsável técnico de estabelecimentos de 
serviços de estética; e como profissional liberal em consultórios, clínicas 
especializadas, redes de franquias e todas as demais empresas relacionadas à 
indústria do bem-estar, da saúde e do envelhecimento saudável. Também 
lecionando em cursos profissionalizantes, de graduação e especialização na 
biomedicina estética; desenvolvendo pesquisas e trabalhos em biomedicina 
aplicados à estética e suas tecnologias e procedimentos. O profissional da área 
tem também a opção de se tornar empreendedor com sua própria clínica de 
estética. 
TEMA 4 – BIOMEDICINA E O TRABALHO EM EQUIPES CIRÚRGICAS 
Essas duas habilitações que discutiremos agora são importantíssimas 
na manutenção da vida do paciente e mostram que o biomédico pode ser 
fundamental no trabalho da equipe cirúrgica. 
 
 
11 
4.1 Habilitação em perfusão extracorpórea 
A perfusão ou circulação extracorpórea (CEC) é um sistema artificial 
baseado na substituição temporária da função do coração e dos pulmões 
durante um processo cirúrgico, mantendo a circulação do sangue e do oxigênio 
no corpo. O sistema mantém a perfusão nos outros órgãos e tecidos e permite 
que o cirurgião trabalhe em um campo cirúrgico sem sangue. 
Durante o procedimento – como numa cirurgia cardiovascular –, o 
paciente fica com a função cardiopulmonar submetida a dispositivos externos 
artificiais (coração, pulmão e rim artificial). O sangue é drenado, filtrado, 
oxigenado e reinjetado, enquanto é monitorada a pressão, a temperatura, o 
fluxo, a coagulação, os equilíbrios hidroeletrolítico e hemodinâmico e a função 
renal, realizando-se as devidas correções quando necessário. 
O biomédico perfusionista é o profissional responsável por operar os 
maquinários de circulação extracorpórea, selecionando dispositivos 
descartáveis em cirurgias torácicas e cardíacas; é responsável também pela 
manutenção das atividades vitais do organismo durante a realização do 
procedimento cirúrgico e pelo funcionamento da circulação sanguínea, operada 
pelos órgãos artificiais que mantêm o paciente em equilíbrio hidroeletrolítico, 
hemodinâmico, pressórico e sanguíneo. 
Além disso, o perfusionista realiza o monitoramento das informações 
bioquímicas podendo interceder quando necessário. Em caso de alterações, 
ele alerta a equipe médica, que decidirá o que fazer em meio à cirurgia. 
4.2 Habilitação em monitoramento neurofisiológico transoperatório 
O princípio aqui é muito semelhante ao da CEC (circulação 
extracorpórea). O objetivo é proteger de riscos as vias neurais durante o 
procedimento cirúrgico, diminuindo a ameaça de déficits neurológicos pós-
operatórios para o paciente. 
A principal diferença é que, nesse caso, a cirurgia é mais delicada e o 
monitoramento exige mais da equipe. 
O biomédico de monitoramento neurofisiológico transoperatório atua sob 
supervisão médica, operando equipamentos específicos para a atividade e 
utilizando métodos eletrofisiológicos como eletroencefalografia (EEG), 
 
 
12 
eletromiografia (EMG) e potenciais evocados para monitorar a integridade de 
estruturas neurais específicas durante uma intervenção cirúrgica. 
TEMA 5 – BIOMÉDICO GESTOR 
Em nossos estudos, as palavras gestão e gestor apareceram algumas 
vezes. Isso porque o biomédico, por ser um profissional de nível superior, 
bacharel, tem a capacidade de gerir áreas a qual domina e tem formação para 
tal. 
A partir de agora, será muito mais intenso a atividade gestora 
apresentada por nós para explicar o que são essas outras habilitações do 
profissional biomédico. 
Gestão é a ação de administrar algo, seja um laboratório, uma empresa, 
uma clínica ou um setor, e fazer com que seja alcançado os objetivos de forma 
eficaz e eficiente. Que objetivos são esses? Para nós, biomédicos, esses 
objetivos são, basicamente, velocidade na apresentação dos resultados, 
qualidade dos resultados, garantia de que sejam críveis e coerentes, e garantia 
de que os serviços prestados sejam de alta qualidade. 
5.1 Habilitação em gestão das tecnologias de saúde 
Atuando como consultor, auxiliando e/ou participando de forma direta da 
elaboração de políticas que incorporem e utilizem novas tecnologias nos 
sistemas de saúde, o biomédico irá aplicar seus conhecimentos a serviço de 
governos municipais ou estaduais, bem como de órgãos a esses subordinados 
(secretarias de saúde, por exemplo), para efetivar melhorias. 
O crescimento da população exige constante estudo e mudanças que 
viabilizem a manutenção e ampliação dos serviços de saúde ou de qualquer 
outra ação que cause impactos positivos no bem-estar da população. 
As mudanças no perfil populacional e epidemiológico trazem 
necessidades diversificadas de atenção à saúde. É necessário um profissional 
que seja capaz de articular setores envolvidos na produção, incorporação e 
utilização de novas tecnologias de gerenciamento e serviços nos sistemas de 
saúde. 
Portanto, o biomédico responsável pela gestão das tecnologias de saúde 
irá coordenar um conjunto de atividades gestoras relacionadas com processos 
 
 
13 
de avaliação, implementação, gerenciamento e, quando for necessário, de 
retirada (ou substituição, dependendo do caso) de tecnologias do sistema de 
saúde. Sempre baseado nas características populacionais, orçamento 
disponível, subordinação hierárquica dos três níveis de governo, além dos 
princípios de equidade, universalidade e integralidade que fundamentam a 
atenção à saúde no Brasil. 
Segundo o que está apresentado na Portaria n. 2.510/GM, de 19 de 
dezembro de 2005, do Ministério da Saúde, considera-se tecnologias em 
saúde: medicamentos, materiais, equipamentos e procedimentos; sistemas 
organizacionais, educacionais, de informações e de suporte; e programas e 
protocolos assistenciais, por meio dos quais a atenção e os cuidados com a 
saúde são prestados à população. 
5.2 Habilitação em auditoria 
As atividades de auditoria têm por finalidade verificar a eficácia dos 
sistemas
da qualidade – se estão em concordância com a gestão e a política 
de qualidade dos estabelecimentos de saúde. 
Existem dois tipos de auditorias: interna e externa. A auditoria interna 
pode ser realizada por profissionais capacitados e membros da equipe de 
colaboradores do estabelecimento e/ou auditor independente que verificará 
internamente a adequação do sistema de gestão da qualidade. Já a auditoria 
externa é quando há contratação de uma empresa certificadora para realização 
da auditoria com o objetivo de certificar o sistema de gestão da qualidade. 
Quando há a necessidade de certificação, um estabelecimento contrata 
um biomédico como consultor para orientar da melhor forma possível como se 
regularizar e respeitar as normas necessárias para certificação. 
Estabelecimentos de saúde como hospitais, clínicas e laboratórios precisam de 
profissionais capacitados, que possam atuar como auditores em qualquer 
centro prestador de serviços da saúde. 
Quem controla e avalia é o auditor. Portanto, qualquer atividade 
referente ao que será oferecido por prestadores de serviços de saúde deverá 
ser analisado e o biomédico é um dos profissionais habilitados para tal função. 
Como um tipo de gestor, com caráter avaliativo, ele será o responsável pela 
manutenção de processos já existentes, pela implantação de novos e, quando 
 
 
14 
necessário, pela substituição ou remoção de outros. Dessa forma, ele avalia a 
conformidade da empresa em relação às leis, normas e resoluções. 
O profissional com essa habilitação atua – individualmente e/ou 
participando de equipes – da auditoria dos serviços de toda área da saúde, nos 
níveis federal, estadual ou municipal, na esfera pública ou privada. Realiza 
demandas procedentes do Ministério da Saúde, do Ministério Público, de 
diretorias da Secretaria de Estado de Saúde e do SUS. Audita contas 
hospitalares de hospitais particulares, municipais, estaduais e federais. Realiza 
auditorias e vistorias em conjunto com a vigilância sanitária municipal, estadual 
e federal (Anvisa), com vistas a credenciamentos e acompanhamento em 
hospitais, clínicas públicas e particulares, dos planos de saúde em geral. E 
também ministra cursos para formação de auditor. 
5.3 Habilitação em informática de saúde 
Com a possibilidade de se dedicar à gestão, assim como em outras 
habilitações citadas nesta aula, o biomédico que trabalha com informática de 
saúde concentra seus esforços no desenvolvimento de softwares que auxiliem 
no trabalho de gestão em saúde. 
Também faz parte da informática de saúde o desenvolvimento de 
softwares da engenharia biomédica no desenvolvimento de equipamentos 
médicos e laboratoriais, permitindo a execução de trabalhos na área da saúde 
mais automatizados e eficientes. 
5.4 Habilitação em fisiologia do esporte e da prática do exercício físico 
Um gestor com grande conhecimento em fisiologia e atualizado 
cientificamente – esse é o perfil do biomédico fisiologista do esporte. É ele que 
traz riqueza e atualizações científicas ao grupo multiprofissional que cuida de 
atletas de alto rendimento. 
Hoje em dia, o esporte cresceu muito como negócio e os clubes e 
organizações esportivas cuidam muito mais de seus atletas. O trabalho de 
manutenção de desempenho visando aumento dos limites alcançados pelo 
atleta é o principal desafio da equipe que está organizando e controlando a 
vida do atleta, da alimentação até o tipo de treino mais adequado, prestando 
atenção também à qualidade do sono. Médicos, fisioterapeutas, preparadores 
 
 
15 
físicos e o biomédico participam da elaboração de estratégias que permitam 
obter melhores resultados. Tudo baseado em evidências científicas das novas 
metodologias a serem aplicadas. 
O biomédico fisiologista do esporte tem como principal área de atuação 
os esportes de alto rendimento. Ele é o gestor científico do grupo e, entre suas 
funções, está a de se atualizar por meio de estudos, pesquisas e congressos 
específicos da área do esporte para levar seus conhecimentos até a equipe 
que irá colocá-los em prática com os atletas. Ele é o elo entre a ciência do 
esporte moderna e o grupo que trabalha cuidando do físico do atleta. O 
biomédico fisiologista é um profissional cada vez mais requisitado devido aos 
resultados apresentados pelos grandes clubes e organizações esportivas. 
NA PRÁTICA 
Saímos do laboratório. Para alguns biomédicos, pode soar estranho, 
mas isso realmente aconteceu. Havia biomédicos que não aceitavam essa 
nova condição. Infelizmente, os que pensavam dessa forma esqueciam que a 
biomedicina moderna se adapta para melhor servir à população, esqueceram 
que uma das características da biomedicina é o avanço científico. A ciência 
avança, a sociedade necessita de serviços de saúde mais modernos, ágeis e 
eficientes, e o biomédico estará em constante crescimento para melhor servir. 
Somos laboratoristas, gestores, estetas, acupunturistas, fisiologistas do esporte 
moderno, sanitaristas e, por isso mesmo, cumprimos nossas promessas de 
estarmos sempre à frente cientificamente para melhor atender aos serviços de 
saúde. 
Já foi atendido por algum biomédico? Conhece algum biomédico que 
não esteja atuando em laboratório? Qual seu time de futebol do coração? Será 
que no grupo de preparo físico tem um biomédico? Vamos continuar falando 
sobre nossas habilitações para que você conheça cada vez mais como nós 
atuamos – e que, até o fim do curso, você descubra qual é sua área. 
 
 
 
16 
Figura 1 – Habilitações possíveis para um biomédico 
 
FINALIZANDO 
Vimos algumas das atualizações que surgiram devido à necessidade e à 
demanda da população. Respondemos a esse pedido, nos atualizando e 
adaptando para atender essas novas tarefas em saúde. Em breve, falaremos 
dos posicionamentos profissionais necessários para que o biomédico cumpra 
com seu juramento e sempre trabalhe de forma ética. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Conselho Federal de Biomedicina. Resolução n. 198, de 21 de 
fevereiro de 2011. Código de ética do profissional biomédico. Diário Oficial da 
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 abr. 2011. Disponível em: 
. 
Acesso em: 9 out. 2019 
_____. Resolução n. 58, de 29 de abril de 2002. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 29 abr. 2002. Disponível em: 
. Acesso 
em 9 out. 2019. 
_____. Resolução n. 227, de 7 de maio de 2013. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 14 jun. 2013. Disponível em: 
. Acesso 
em: 9 out. 2019 
BRASIL. Conselho Regional de Biomedicina 1ª Região. Manual do 
Biomédico. 1. sem. 2017. Disponível em: . 
Acesso em: 9 out. 2019. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.510, de 19 de dezembro de 2005. 
Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 dez. 2005. 
Disponível em: . Acesso em: 9 out. 2019

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Mais conteúdos dessa disciplina