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INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA AULA 4 Prof. Benisio Ferreira da Silva Filho 2 CONVERSA INICIAL Não pense que o biomédico é apenas um laboratorista. Hoje em dia, o biomédico atua fora do laboratório e ganha destaque por isso. Com competência, começou a trabalhar em áreas alternativas, que são igualmente importantes. Com a evolução do estilo de vida e o crescimento populacional, nada mais justo que as equipes de saúde também crescessem e evoluíssem. Com isso, áreas que tinham a ver com a formação, as competências e as habilidades biomédicas foram absorvendo profissionais. Isso fez com que a própria biomedicina mudasse, crescesse e evoluísse para melhor atender. Nesse cenário de modernidade característica da biomedicina, surgiram novas habilitações e houve a consolidação da importância dos biomédicos naquelas que já existiam. Por último, falaremos bastante da atuação original do biomédico como pesquisador e docente, aquele cuja missão é formar mais profissionais da saúde – um papel importantíssimo. TEMA 1 – O BIOMÉDICO, TÉCNICAS MOLECULARES E DE REPRODUÇÃO Dentre as áreas que falaremos a seguir, estão as mais sensíveis do ponto de vista técnico e que muitos apontam como o futuro das análises laboratoriais. Há quem diga que irá ocorrer primeiro uma substituição de técnicas bioquímicas por técnicas de análise por DNA, porém isso não passa de pura especulação. São análises diferentes. Outros apostam que o futuro é a miniaturização dos equipamentos e que os biossensores irão substituir os laboratórios. Com certeza, até lá, a própria biomedicina evoluirá e se adaptará aos novos tempos. Característica nossa. Por enquanto, analisar o material genético e embriões é o que há de mais sensível, preciso e capaz de responder da melhor forma possível às perguntas médicas. Cabe a nós, biomédicos, respondê-las com qualidade, precisão e ética. 1.1 Habilitação em biologia molecular Muito se fala da biologia molecular no meio acadêmico. Ela na verdade é uma área de estudos científicos que engloba mecanismo moleculares capazes 3 de fazer uma ação significativa para célula. Portanto, a ciência da biologia molecular estuda os mecanismos moleculares que permitem uma célula funcionar (interações proteicas, enzimáticas), analisando também duplicação e reparo de genoma, vias metabólicas e outros pontos do funcionamento celular. A ciência sempre tentou reproduzir in vitro eventos celulares e, dessas tentativas e estudos de compreensão, surgiram técnicas que hoje são empregadas com outras finalidades. Técnicas de separação de proteínas por uma corrente elétrica (eletroforese de proteínas) ou de ácidos nucleicos (separação de DNA ou RNA), são antigas forma de estudo. O método de sequenciamento de proteína e o método de sequenciamento de DNA – ambos desenvolvidos pelo mesmo pesquisador, Frederick Sanger (1918-2013), que recebeu duas vezes o Prêmio Nobel (um para cada método) – são técnicas que ajudaram a desenvolver o conhecimento e nos mostraram outras formas de usá-las para o diagnóstico. Uma das principais técnicas de biologia molecular é, sem dúvida nenhuma, a Reação em Cadeia da Polimerase, ou apenas PCR (do inglês, Polimerase Chain Reaction). Essa técnica desenvolvida nos anos 1980 por Karry Mullis é de fácil execução e robusta a ponto de dar segurança nos resultados de confirmação de material genético na amostra. Com a PCR, você pode confirmar se, em uma amostra de sangue, há a presença de vírus HIV. A confirmação é precisa, será detectado o material genético do vírus e isso é irrefutável. Uma outra aplicação: por meio da PCR, é possível especificar se há ou não determinada mutação em um paciente. Se forem estudadas diferentes mutações, é feita uma PCR e, em seguida, o sequenciamento para não só confirmar que há mutações, mas também identificá-las, resultando assim em um detalhamento maior do problema genético. Essa mesma técnica é empregada para se localizar várias sequências específicas do genoma humano e compará-las entre indivíduos, próprio para realização dos testes de paternidade, ou para confirmar que um mesmo padrão genético encontra-se em diferentes ambientes ou cenas de crime, usado da técnica com fins forenses. A biologia molecular é utilizada pelo biomédico como um conjunto de técnicas laboratoriais para investigação e diagnóstico de doenças, para diagnósticos que confirmem a presença de patógenos e para casos judiciais e criminais. O biomédico com habilitação em biologia molecular pode usar seus 4 conhecimentos nas áreas de diagnóstico molecular por DNA e genética forense. A PCR, o sequenciamento de DNA e as análises cromossômicas são algumas das técnicas que auxiliam o biomédicos em diferentes tipos de investigações. 1.2 Habilitação em genética O biomédico geneticista utiliza ferramentas de biologia molecular para responder às perguntas da genética. Sua atuação é parecida com a do biomédico que se dedica à biologia molecular, apesar de este trabalhar muito com as técnicas, seu desenvolvimento e otimização (as técnicas ficam cada vez mais modernas e com aumento de sensibilidade para detecção). Como geneticista, além de trabalhar na investigação de doenças por técnicas moleculares e na parte forense, o biomédico usa técnicas laboratoriais para pesquisar doenças genéticas e distúrbios metabólicos no período pré- natal e pós-natal. É importante deixar bem claro que o biomédico recebe no laboratório a amostra coletada pelo médico – por exemplo, o líquido amniótico para testes moleculares. Do ponto de vista laboratorial, o biomédico geneticista pode realizar – por meio de técnicas moleculares e bioquímicas – o monitoramento de doentes com erros hereditários do metabolismo. Usando técnicas de investigação por citogenética, ele analisa a estrutura cromossômica e realiza o diagnóstico de alterações que comprometem o indivíduo – como, por exemplo, nos casos de aneuploidias, síndromes de deleção, síndrome de Patau, síndrome de Edwards e síndrome do X frágil. O art. 5º da Resolução n. 78, de 29 de abril de 2002, que fala do ato profissional biomédico, fala do geneticista em seu parágrafo 3º: É atribuição do profissional biomédico, além das outras atividades estabelecidas, a realização de exames de Biologia Molecular, Citogenética Humana e Genética Humana Molecular (DNA), podendo para tanto realizar as análises, assumir a responsabilidade técnica, firmar os respectivos laudos e transmitir os resultados dos exames laboratoriais a outros profissionais, como consultor, ou diretamente aos pacientes, como aconselhador genético. No laboratório, se consultado pelas pessoas que receberam o laudo de exames genéticos, o biomédico pode responder às perguntas e, por seu conhecimento e formação, realizar os devidos comentários acerca das doenças 5 diagnosticadas ou sobre os detalhes dos resultados. Não poderá ser feita qualquer indicação de tratamentos ou sugestões de terapias. Como aconselhador genético, a atuação do biomédico também é de acompanhamento ou montagem de casos em que se investigue vínculo genético, aconselhando operadores do direito (advogados, juízes e interessados) sobre quem deve ser chamado para investigações por DNA que apontem se um indivíduo é ou não membro de uma família. 1.3 Habilitação em reprodução humana Quando o profissional biomédico possuir habilitação em reprodução humana, ele pode atuar na embriologia e está apto a assumir responsabilidade técnica sobre todos os procedimentos laboratoriais e de exames referentes à biopsia embrionária. Embora o biomédico realize exames e todos os procedimentos laboratoriais (como analisar e manipular gametas e embriões), o profissional médico é o único que pode realizar a indução à ovulação da paciente, a coleta dos óvulos e, quando estes forem fecundados, é o médico que realiza a transferência dos embriões para o útero da paciente. O biomédico recebe os gametas no laboratório, manipula, processa, opina ou escolhe o tipo de fertilização que será realizado e o executa (sempre em contato com todos os demais profissionais envolvidos), acompanha o desenvolvimento dos embriões, seleciona os melhores e dá o destino adequado conforme o objetivo da paciente. Pode ser decisão da paciente a imediata transferência para o útero (realizada pelo médico) ou a criopreservação do embrião (congelamento). Na grande maioria das vezes, o embrião é biopsiado para análise genética ou descartado (respeitando a legislação brasileira) se for inviável, ou se possuir alguma alteração genética. Além dos procedimentos com os embriões, os próprios gametas (óvulos e espermatozoides) podem ser individualmente processados e congelados para posterior utilização – um recurso muito usado hoje em dia por mulheres acima dos 30 anos que decidem ter filhos após estabilidade profissional. Esse procedimento também preserva a fertilidade da pessoa em casos específicos como o de uma doença. Os biomédicos que atuam na área da reprodução humana também realizam exames específicos de espermograma, teste de fragmentação de 6 DNA espermático, teste pós-coital e outros, os quais dão suporte para análise de infertilidade conjugal e posterior escolha de tratamento. TEMA 2 – BIOMEDICINA E AS ANÁLISES CELULARES A microscopia é muito usada pelos profissionais que se dedicam a analisar morfologia celular. Essa técnica tem como objetivo possibilitar o aumento da imagem de estruturas microscópicas, imperceptíveis a olho nu. Como seria possível observar alterações celulares sem um microscópio? O microscópio óptico ilumina a lâmina com as células que foram coletadas com luz visível e se caracteriza por três parâmetros: aumento, resolução e contraste. É possível ter um aumento de cem vezes da imagem do que está na lâmina. No momento apropriado, você, futuro biomédico, terá aulas específicas e práticas quanto à técnica de microscopia. Vamos falar das habilitações que mais usam essa técnica. 2.1 Habilitação em histotecnologia clínica Para diagnosticar a presença de patógenos e doenças por meio da leitura de lâminas, é preciso confeccioná-las e, para isso, existem técnicas específicas. Dependendo de qual for empregada, haverá diferentes tipos de investigações. O conjunto de métodos para o preparo de lâminas permanentes para observação de células e tecidos constitui a base da histotecnologia. São procedimentos da área de histotecnologia: técnicas de análise histoquímicas, imuno-histoquímicas, morfométricas, histológicas e citológicas. Produzir uma lâmina para diagnóstico de doenças permite que o profissional biomédico devidamente habilitado realize o processamento de amostras histológicas para análise macroscópica, imuno-histoquímica e citoquímica, e permite até o emprego de técnicas moleculares, dando ao profissional autoridade para firmar os respectivos laudos. É permitido também ao biomédico executar técnicas auxiliares de necropsia e análises forenses, desde que esteja sob supervisão do médico legista. O preparo de material para observação em microscópios eletrônicos de varredura – dentre outros tipos de maior resolução – também faz parte da histotecnologia. O profissional dessa área pode ainda atuar como gestor de 7 empresa que trabalhe na produção e na confecção de lâminas para estudos histológicos, no controle de qualidade do material produzido. 2.2 Habilitação em citologia Conhecida também como citopatologia ou citologia clínica, essa é a área da ciência que realiza pesquisas citomorfológicas com o objetivo de diagnosticar por meio da observação das células. Essas análises de morfologia celular (citomorfológicas) visam identificar alterações estruturais da célula. Consequentemente, é um retrato do que está ocorrendo no tecido e dos demais componentes do microambiente a que pertence as células em análise. De forma simples, é observar a célula e reconhecer se: ela está normal, se está alterada por motivos não patológicos, se está alterada por algum parasita intracelular, se está alterada por um motivo patológico e, por último, reconhecer se a alteração corresponde a uma neoplasia. Todas as informações referentes às células em análise são levadas também em consideração. Por exemplo: em amostras obtidas por raspagem do colo do útero (exame de Papanicolau), analisa-se as células escamosas e glandulares (células em análise) e, eventualmente, leucócitos, hemácias e outros componentes da microbiota (fungos e bactérias por exemplo). É importantíssimo e faz parte da formação do biomédico conhecer a estrutura celular e os diferentes tipos de células que serão alvos de estudos e análises. Logo, se há células, a citologia será aplicada. Dependendo do local de origem das células, teremos diferentes tipos de análises citológicas: Citologia ginecológica (cérvico-vaginal), conhecida como exame de Papanicolau Citologia mamária Citologia de pulmão Citologia de líquido peritoneal/ascítico Citologia de líquido cefalorraquidiano Citologia de tireoide Citologia urinária Citologia pericárdica Citologia oral, ocular e nasal 8 Citologia hepática Citologia renal Citologia linfonodal Citologia pancreática TEMA 3 – BIOMEDICINA DE SAÚDE, BELEZA E BEM-ESTAR Fala-se muito sobre como o biomédico é um laboratorista que não tem contato com os pacientes, mas, na acupuntura e na estética, a postura profissional é outra. Exige-se mais ética e responsabilidade, uma vez que há o contato direto. A união é entre o conhecimento milenar da medicina tradicional chinesa, a ciência e a inovação tecnológica. Tudo baseado em evidências científicas. 3.1 Habilitação em acupuntura A acupuntura, baseada em ensinamentos clássicos da medicina tradicional chinesa, consiste no diagnóstico e na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo, chamados de "acupontos", que se distribuem principalmente sobre linhas chamadas "meridianos chineses" e "canais", para diferentes efeitos terapêuticos conforme o caso a ser tratado. Também são utilizadas outras técnicas alternativas ou complementares, sendo as mais conhecidas a moxabustão (aplicação de calor sobre os “acupontos”), a auriculoterapia e, mais recentemente, a eletroacupuntura. Com as tecnologias modernas, a acupuntura vem agregando recursos, como a eletricidade (eletroacupuntura, ryodoraku e moxa elétrica), agulhas mais seguras e práticas, cristais stiper (estimulação permanente), esferas banhadas a ouro, prata, de quartzo e de vidro, ventosas de material plástico ou acrílico com válvulas de pressão, ventosas de borracha. Mesmo com princípios milenares, a acupuntura praticada por biomédicos é baseada principalmente em estudos científicos que comprovam a eficácia das técnicas que fazem parte do universo da acupuntura, bem como de seus novos elementos e instrumentos. São competências do biomédico acupunturista: 9 • Atuar clinicamente em consultório otimizando os tratamentos convencionais de saúde, através do equilíbrio energético e do reestabelecimento da integração funcional dos sistemas orgânicos. • Realizar diagnóstico energético complementar (ou seja, não substitui o diagnóstico clínico nosológico). • Atuar em equipes de saúde em conjunto com atividades de diagnóstico e política nacional de práticas integrativas e complementares em secretarias de estado e autarquias vinculadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). • Docência em cursos de especialização e graduação. 3.2 Habilitação em biomedicina estética A biomedicina estética é uma especialidade que visa a saúde estética, orienta a população quanto à disfunção dermato-fisiológica, identificando as formas de correção, prevenindo o envelhecimento cutâneo natural e elevando a autoestima do indivíduo. O biomédico esteta, devido à sua especialização, possui competência para realização de procedimentos de estética avançada. É permitido ao biomédico realizar procedimentos injetáveis, perfurocortantes e escarificantes e minimamente invasivos como os listados abaixo: Aplicação de toxina botulínica tipo A (Botox®) Mesoterapia/intradermoterapia Aplicação de substâncias por via intramuscular Preenchimentos cutâneos semipermanentes Fios de dermossustentação absorvíveis Peelings químicos Peelings físicos Carboxiterapia Microagulhamento Procedimento estético injetável para microvasos (PEIM) Jato de plasma Diversos tipos de laser (diodo, luz intensa pulsada, fracionado etc.) Diversos tipos de ultrassom (focalizado, dissipado etc.) Correntes elétricas 10 Ultracavitação Essas são algumas das inúmeras técnicas utilizadas em tratamentos para: Rejuvenescimento e prevenção do envelhecimento cutâneo Alterações nas conformações corporais (celulite, estrias, flacidez, gordura localizada etc.) Problemas capilares (calvície, alopecia etc.) e outros É responsabilidade do profissional a realização de anamnese para definição e planejamento de tratamento a ser realizado. Podem ser feitos exames rápidos e análises clínicas são solicitadas quando necessário, para fins exclusivamente de triagem, não sendo permitido diagnóstico e tratamento de patologias (competência exclusiva da classe médica). É permitido também ao biomédico esteta a prescrição e receita de substâncias e medicamentos para fins estéticos: Cosméticos, cosmecêuticos e nutricosméticos Medicamentos livres Medicamentos manipulados não controlados O biomédico esteta possui entendimento e domínio dos recursos medicamentosos, laboratoriais e tecnológicos, o que o torna um profissional diferenciado, podendo atuar como responsável técnico de estabelecimentos de serviços de estética; e como profissional liberal em consultórios, clínicas especializadas, redes de franquias e todas as demais empresas relacionadas à indústria do bem-estar, da saúde e do envelhecimento saudável. Também lecionando em cursos profissionalizantes, de graduação e especialização na biomedicina estética; desenvolvendo pesquisas e trabalhos em biomedicina aplicados à estética e suas tecnologias e procedimentos. O profissional da área tem também a opção de se tornar empreendedor com sua própria clínica de estética. TEMA 4 – BIOMEDICINA E O TRABALHO EM EQUIPES CIRÚRGICAS Essas duas habilitações que discutiremos agora são importantíssimas na manutenção da vida do paciente e mostram que o biomédico pode ser fundamental no trabalho da equipe cirúrgica. 11 4.1 Habilitação em perfusão extracorpórea A perfusão ou circulação extracorpórea (CEC) é um sistema artificial baseado na substituição temporária da função do coração e dos pulmões durante um processo cirúrgico, mantendo a circulação do sangue e do oxigênio no corpo. O sistema mantém a perfusão nos outros órgãos e tecidos e permite que o cirurgião trabalhe em um campo cirúrgico sem sangue. Durante o procedimento – como numa cirurgia cardiovascular –, o paciente fica com a função cardiopulmonar submetida a dispositivos externos artificiais (coração, pulmão e rim artificial). O sangue é drenado, filtrado, oxigenado e reinjetado, enquanto é monitorada a pressão, a temperatura, o fluxo, a coagulação, os equilíbrios hidroeletrolítico e hemodinâmico e a função renal, realizando-se as devidas correções quando necessário. O biomédico perfusionista é o profissional responsável por operar os maquinários de circulação extracorpórea, selecionando dispositivos descartáveis em cirurgias torácicas e cardíacas; é responsável também pela manutenção das atividades vitais do organismo durante a realização do procedimento cirúrgico e pelo funcionamento da circulação sanguínea, operada pelos órgãos artificiais que mantêm o paciente em equilíbrio hidroeletrolítico, hemodinâmico, pressórico e sanguíneo. Além disso, o perfusionista realiza o monitoramento das informações bioquímicas podendo interceder quando necessário. Em caso de alterações, ele alerta a equipe médica, que decidirá o que fazer em meio à cirurgia. 4.2 Habilitação em monitoramento neurofisiológico transoperatório O princípio aqui é muito semelhante ao da CEC (circulação extracorpórea). O objetivo é proteger de riscos as vias neurais durante o procedimento cirúrgico, diminuindo a ameaça de déficits neurológicos pós- operatórios para o paciente. A principal diferença é que, nesse caso, a cirurgia é mais delicada e o monitoramento exige mais da equipe. O biomédico de monitoramento neurofisiológico transoperatório atua sob supervisão médica, operando equipamentos específicos para a atividade e utilizando métodos eletrofisiológicos como eletroencefalografia (EEG), 12 eletromiografia (EMG) e potenciais evocados para monitorar a integridade de estruturas neurais específicas durante uma intervenção cirúrgica. TEMA 5 – BIOMÉDICO GESTOR Em nossos estudos, as palavras gestão e gestor apareceram algumas vezes. Isso porque o biomédico, por ser um profissional de nível superior, bacharel, tem a capacidade de gerir áreas a qual domina e tem formação para tal. A partir de agora, será muito mais intenso a atividade gestora apresentada por nós para explicar o que são essas outras habilitações do profissional biomédico. Gestão é a ação de administrar algo, seja um laboratório, uma empresa, uma clínica ou um setor, e fazer com que seja alcançado os objetivos de forma eficaz e eficiente. Que objetivos são esses? Para nós, biomédicos, esses objetivos são, basicamente, velocidade na apresentação dos resultados, qualidade dos resultados, garantia de que sejam críveis e coerentes, e garantia de que os serviços prestados sejam de alta qualidade. 5.1 Habilitação em gestão das tecnologias de saúde Atuando como consultor, auxiliando e/ou participando de forma direta da elaboração de políticas que incorporem e utilizem novas tecnologias nos sistemas de saúde, o biomédico irá aplicar seus conhecimentos a serviço de governos municipais ou estaduais, bem como de órgãos a esses subordinados (secretarias de saúde, por exemplo), para efetivar melhorias. O crescimento da população exige constante estudo e mudanças que viabilizem a manutenção e ampliação dos serviços de saúde ou de qualquer outra ação que cause impactos positivos no bem-estar da população. As mudanças no perfil populacional e epidemiológico trazem necessidades diversificadas de atenção à saúde. É necessário um profissional que seja capaz de articular setores envolvidos na produção, incorporação e utilização de novas tecnologias de gerenciamento e serviços nos sistemas de saúde. Portanto, o biomédico responsável pela gestão das tecnologias de saúde irá coordenar um conjunto de atividades gestoras relacionadas com processos 13 de avaliação, implementação, gerenciamento e, quando for necessário, de retirada (ou substituição, dependendo do caso) de tecnologias do sistema de saúde. Sempre baseado nas características populacionais, orçamento disponível, subordinação hierárquica dos três níveis de governo, além dos princípios de equidade, universalidade e integralidade que fundamentam a atenção à saúde no Brasil. Segundo o que está apresentado na Portaria n. 2.510/GM, de 19 de dezembro de 2005, do Ministério da Saúde, considera-se tecnologias em saúde: medicamentos, materiais, equipamentos e procedimentos; sistemas organizacionais, educacionais, de informações e de suporte; e programas e protocolos assistenciais, por meio dos quais a atenção e os cuidados com a saúde são prestados à população. 5.2 Habilitação em auditoria As atividades de auditoria têm por finalidade verificar a eficácia dos sistemas da qualidade – se estão em concordância com a gestão e a política de qualidade dos estabelecimentos de saúde. Existem dois tipos de auditorias: interna e externa. A auditoria interna pode ser realizada por profissionais capacitados e membros da equipe de colaboradores do estabelecimento e/ou auditor independente que verificará internamente a adequação do sistema de gestão da qualidade. Já a auditoria externa é quando há contratação de uma empresa certificadora para realização da auditoria com o objetivo de certificar o sistema de gestão da qualidade. Quando há a necessidade de certificação, um estabelecimento contrata um biomédico como consultor para orientar da melhor forma possível como se regularizar e respeitar as normas necessárias para certificação. Estabelecimentos de saúde como hospitais, clínicas e laboratórios precisam de profissionais capacitados, que possam atuar como auditores em qualquer centro prestador de serviços da saúde. Quem controla e avalia é o auditor. Portanto, qualquer atividade referente ao que será oferecido por prestadores de serviços de saúde deverá ser analisado e o biomédico é um dos profissionais habilitados para tal função. Como um tipo de gestor, com caráter avaliativo, ele será o responsável pela manutenção de processos já existentes, pela implantação de novos e, quando 14 necessário, pela substituição ou remoção de outros. Dessa forma, ele avalia a conformidade da empresa em relação às leis, normas e resoluções. O profissional com essa habilitação atua – individualmente e/ou participando de equipes – da auditoria dos serviços de toda área da saúde, nos níveis federal, estadual ou municipal, na esfera pública ou privada. Realiza demandas procedentes do Ministério da Saúde, do Ministério Público, de diretorias da Secretaria de Estado de Saúde e do SUS. Audita contas hospitalares de hospitais particulares, municipais, estaduais e federais. Realiza auditorias e vistorias em conjunto com a vigilância sanitária municipal, estadual e federal (Anvisa), com vistas a credenciamentos e acompanhamento em hospitais, clínicas públicas e particulares, dos planos de saúde em geral. E também ministra cursos para formação de auditor. 5.3 Habilitação em informática de saúde Com a possibilidade de se dedicar à gestão, assim como em outras habilitações citadas nesta aula, o biomédico que trabalha com informática de saúde concentra seus esforços no desenvolvimento de softwares que auxiliem no trabalho de gestão em saúde. Também faz parte da informática de saúde o desenvolvimento de softwares da engenharia biomédica no desenvolvimento de equipamentos médicos e laboratoriais, permitindo a execução de trabalhos na área da saúde mais automatizados e eficientes. 5.4 Habilitação em fisiologia do esporte e da prática do exercício físico Um gestor com grande conhecimento em fisiologia e atualizado cientificamente – esse é o perfil do biomédico fisiologista do esporte. É ele que traz riqueza e atualizações científicas ao grupo multiprofissional que cuida de atletas de alto rendimento. Hoje em dia, o esporte cresceu muito como negócio e os clubes e organizações esportivas cuidam muito mais de seus atletas. O trabalho de manutenção de desempenho visando aumento dos limites alcançados pelo atleta é o principal desafio da equipe que está organizando e controlando a vida do atleta, da alimentação até o tipo de treino mais adequado, prestando atenção também à qualidade do sono. Médicos, fisioterapeutas, preparadores 15 físicos e o biomédico participam da elaboração de estratégias que permitam obter melhores resultados. Tudo baseado em evidências científicas das novas metodologias a serem aplicadas. O biomédico fisiologista do esporte tem como principal área de atuação os esportes de alto rendimento. Ele é o gestor científico do grupo e, entre suas funções, está a de se atualizar por meio de estudos, pesquisas e congressos específicos da área do esporte para levar seus conhecimentos até a equipe que irá colocá-los em prática com os atletas. Ele é o elo entre a ciência do esporte moderna e o grupo que trabalha cuidando do físico do atleta. O biomédico fisiologista é um profissional cada vez mais requisitado devido aos resultados apresentados pelos grandes clubes e organizações esportivas. NA PRÁTICA Saímos do laboratório. Para alguns biomédicos, pode soar estranho, mas isso realmente aconteceu. Havia biomédicos que não aceitavam essa nova condição. Infelizmente, os que pensavam dessa forma esqueciam que a biomedicina moderna se adapta para melhor servir à população, esqueceram que uma das características da biomedicina é o avanço científico. A ciência avança, a sociedade necessita de serviços de saúde mais modernos, ágeis e eficientes, e o biomédico estará em constante crescimento para melhor servir. Somos laboratoristas, gestores, estetas, acupunturistas, fisiologistas do esporte moderno, sanitaristas e, por isso mesmo, cumprimos nossas promessas de estarmos sempre à frente cientificamente para melhor atender aos serviços de saúde. Já foi atendido por algum biomédico? Conhece algum biomédico que não esteja atuando em laboratório? Qual seu time de futebol do coração? Será que no grupo de preparo físico tem um biomédico? Vamos continuar falando sobre nossas habilitações para que você conheça cada vez mais como nós atuamos – e que, até o fim do curso, você descubra qual é sua área. 16 Figura 1 – Habilitações possíveis para um biomédico FINALIZANDO Vimos algumas das atualizações que surgiram devido à necessidade e à demanda da população. Respondemos a esse pedido, nos atualizando e adaptando para atender essas novas tarefas em saúde. Em breve, falaremos dos posicionamentos profissionais necessários para que o biomédico cumpra com seu juramento e sempre trabalhe de forma ética. 17 REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Federal de Biomedicina. Resolução n. 198, de 21 de fevereiro de 2011. Código de ética do profissional biomédico. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 abr. 2011. Disponível em: . Acesso em: 9 out. 2019 _____. Resolução n. 58, de 29 de abril de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 29 abr. 2002. Disponível em: . Acesso em 9 out. 2019. _____. Resolução n. 227, de 7 de maio de 2013. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 14 jun. 2013. Disponível em: . Acesso em: 9 out. 2019 BRASIL. Conselho Regional de Biomedicina 1ª Região. Manual do Biomédico. 1. sem. 2017. Disponível em: . Acesso em: 9 out. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.510, de 19 de dezembro de 2005. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 dez. 2005. Disponível em: . Acesso em: 9 out. 2019