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A intervenção de terceiros no novo código de processo civil - Jus Navigandi

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20/05/2015 A intervenção de terceiros no novo código de processo civil ­ Jus Navigandi
http://jus.com.br/imprimir/38186/a­intervencao­de­terceiros­no­novo­codigo­de­processo­civil 1/6
Este texto foi publicado no site Jus Navigandi no endereço
http://jus.com.br/artigos/38186
Para  ver  outras  publicações  como  esta,  acesse
http://jus.com.br
A intervenção de terceiros no novo código de processo civil
Raphael Funchal Carneiro
Publicado em 04/2015. Elaborado em 04/2015.
Trata o presente de analisar as formas de intervenção de terceiros, no novo Código de Processo
Civil, lei nº 13.105/2015. Aborda as principais alterações promovidas em relação ao Código de
Processo Civil de 73.
Resumo:  Trata  o  presente  de  analisar  as  formas  de  intervenção  de  terceiros,  no  novo  Código  de  Processo  Civil,  lei  nº
13.105/2015.  Aborda  as  principais  alterações  promovidas  em  relação  ao  Código  de  Processo  Civil  de  73.  A  criação  do
incidente de desconsideração de personalidade  jurídica,  o  novo procedimento  especial  da  oposição  e  a  participação do
amicus curiae.
Palavras­chave: Intervenção de terceiros. Novo Código de Processo Civil. Principais inovações.
Sumário: 1. Introdução. 2. A intervenção de terceiros no novo Código de Processo Civil. 3. O procedimento especial da ação
de oposição. 4. Conclusão. 5. Bibliografia.
1 – Introdução.
O novo Código de Processo Civil, lei nº 13.105/2015, traz inovações na intervenção de terceiros, regulada nos artigos 119 a 138
do título III do livro III da parte geral. Dentre elas destaca­se o tratamento da ação de oposição nos procedimentos especiais e
não mais em conjunto com as outras formas de intervenção, a criação do incidente de desconsideração da personalidade
jurídica, a previsão da participação do amicus curiae.
A ação de oposição passa a ser regulada nos artigos 682 a 686 do novo Código de Processo Civil, dentro do título III do livro I
da  parte  especial.  As  formas  de  intervenção  de  terceiro,  tratadas  nos  artigos  119  a  138  são:  a  assistência,  simples  e
litisconsorcial; a denunciação da lide; o chamamento ao processo; o incidente de desconsideração da personalidade jurídica
e o amicus curiae.
Tendo em conta a necessidade de se resguardar o terceiro, assim entendido aquele que não é parte no processo, de decisões
que possam afetar a sua relação jurídica com uma das partes, o Código de Processo Civil admite a sua intervenção na relação
processual fazendo­se parte.
A seguir passa­se a análise do referido instituto, descrevendo os tipos atuais de intervenção e as inovações trazidas pelo novo
Código de Processo Civil.
2 – A intervenção de terceiros no novo Código de Processo Civil.
Em regra, ninguém pode ver alterada a  sua  situação  jurídica, mediante decisão  judicial de  cujo processo não  foi parte.
Contudo, as relações jurídicas não subsistem isoladas e estanques, havendo inúmeras vezes interdependência de relações, de
modo que a decisão proferida quanto a uma delas atinge a outra em parte ou no seu todo. [1]
Pela intervenção o terceiro torna­se parte ou coadjuvante no processo pendente, devendo sua existência à necessidade de
evitar resultados contraditórios e diminuir o número de processos. [2]
O Código de Processo Civil de 73 arrola como formas de intervenção de terceiros a oposição, artigos 56 a 61; a nomeação à
autoria, artigos 62 a 69; a denunciação da lide, artigos 70 a 76; o chamamento ao processo, artigos 77 a 80 e a assistência nos
artigos 50 a 55.
A assistência, embora tratada no mesmo capítulo que o litisconsórcio é forma de intervenção, e não se dá por meio de ação
própria e sim por incidente no processo pendente. Neste caso, o assistente atua como um auxiliar de um das partes no intuito
de que o resultado final do processo seja favorável á parte a quem assiste.
Para a intervenção do terceiro é necessário que se observe o limite temporal referente ao processo pendente, assim entendido
o momento em que se inicia com a petição inicial e se extingue quando a sentença torna­se irrecorrível. [3]
20/05/2015 A intervenção de terceiros no novo código de processo civil ­ Jus Navigandi
http://jus.com.br/imprimir/38186/a­intervencao­de­terceiros­no­novo­codigo­de­processo­civil 2/6
A  assistência  pode  ser  simples  ou  litisconsorcial,  dependendo  da  intensidade  do  interesse  do  terceiro  no  resultado  do
processo.  Qualquer  que  seja  a  modalidade  o  assistente  terá  faculdades,  ônus,  poderes  e  deveres  relativos  à  relação
processual.
A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus de jurisdição, inclusive nos Tribunais
Superiores, recebendo o processo no estado em que se encontre, conforme parágrafo único do artigo 50 do CPC de 73. É
cabível,  portanto,  em  todos  os  ritos  do  processo  de  conhecimento;  no  processo  cautelar;  nos  embargos  do  devedor  e  na
liquidação de sentença.
A assistência no novo Código de Processo Civil é tratada nos artigos 119 a 124, em capítulo separado do litisconsórcio, que é
regulado nos artigos 113 a 118. Continua sendo caracterizada como assistência simples, nos artigos 121 a 123, e litisconsorcial,
no artigo 124.
 Importante inovação refere­se ao disposto no parágrafo único do artigo 121, ao determinar que na assistência simples sendo
revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual e não mais gestor
de negócios como dispunha o CPC de 73.
Na hipótese do parágrafo único do artigo 121 do novo Código de Processo Civil, a assistência deixa de ser simples e passa a ser
litisconsorcial por força do disposto no artigo 18 do Código: “Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo
quando  autorizado  pelo  ordenamento  jurídico.  Havendo  substituição  processual,  o  substituído  poderá  intervir  como
assistente litisconsorcial.”
O prazo para a impugnação passa a ser de 15 dias, nos termos do artigo 120 do novo Código de Processo Civil, e a assistência
simples não obsta que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que
se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos, porque o bem e o interesse em litígio pertencem ao assistido.
A nomeação à autoria regulada nos artigos 62 a 69 do Código de Processo Civil de 73, não encontra correspondente no novo
Código de Processo Civil. Isto porque a nomeação à autoria corresponde a uma alegação de ilegitimidade para a causa por
parte do réu
Candido Rangel Dinamarco destaca que “a utilidade da nomeação à autoria consiste em antecipar soluções para a questão da
legitimidade passiva mediante um incidente razoavelmente simples em que o autor, alertado, tem oportunidade de retificar
a mira da demanda proposta.” [4]
Deste modo, preceituam os artigos 338 e 339 do novo Código de Processo Civil, que incumbe ao réu, quando alegar sua
ilegitimidade  na  contestação,  indicar  o  sujeito  passivo  da  relação  jurídica  discutida,  sempre  que  tiver  conhecimento,
podendo arcar com as despesas processuais e indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. Se o autor
aceitar a indicação, procederá à alteração da petição inicial para a substituição do réu. O autor pode, ainda, optar por alterar
a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
A denunciação da lide é tratada nos artigos 70 a 76 do Código de Processo Civil de 73, encontrando correspondente no novo
Código de Processo Civil, nos artigos 125 a 129. Apresenta­se como uma ação regressiva, no mesmo processo, que pode ser
proposta pelo autor e pelo réu no âmbito exclusivo do processo de conhecimento.
O artigo 125 do novo Código de Processo Civil arrola as hipóteses em que a denunciação da lide é admissível, ao contrário do
artigo 70 do Código de Processo Civil de 73, que arrola as hipóteses emque a denunciação da lide é obrigatória. A parte tem o
ônus  de  denunciar  a  lide,  podendo  exercer  o  direito  regressivo  em  ação  autônoma  quando  a  denunciação  da  lide  for
indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
A hipótese do inciso II, do artigo 70 do CPC de 73, foi excluída das hipóteses de denunciação da lide previstas no novo Código
de Processo Civil, pois como ensina Candido Rangel Dinamarco:
A hipótese descrita no inc. II do art. 70, de raríssima incidência na prática, deve ser entendida em consonância
com o instituto da nomeação à autoria. Aquele que exerça posse direta sobre o bem é admitido a denunciar a
lide ao proprietário ou ao possuidor indireto; mas o mero detentor, que possuidor não é, apenas cabe nomear
tais  pessoas  à  autoria  (art.  62)  (supra,  n.  599).  O  possuidor  direito  que  denuncia  faz  como  todo
litisdenunciante: convoca o terceiro a oficiar como seu assistente litisconsorcial e ao mesmo tempo pede sua
condenação a ressarcir em caso de sucumbir perante adversário comum; não é como o mero detentor, que, ao
nomear à autoria o possuidor ou proprietário, pede sua própria exclusão do processo. [5]
No parágrafo 2º do artigo 125, admite­se apenas uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu
antecessor  imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por  indenizá­lo, não podendo o denunciado sucessivo
promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.
Isto porque, cada sujeito do processo pode denunciar a lide ao seu próprio garante e jamais aos garantes de seu garante. No
Recurso Especial nº 9876/SP o Superior Tribunal de Justiça admite o indeferimento de denunciações sucessivas da lide,
quando ocasionarem demora excessiva ao processo:
DENUNCIAÇÃO  DA  LIDE.  ARTIGO  70,  III,  DO  CODIGO  DE  PROCESSO  CIVIL.  DENUNCIAÇÕES
SUCESSIVAS, POSSIBILIDADE DE INDEFERI­LAS.
20/05/2015 A intervenção de terceiros no novo código de processo civil ­ Jus Navigandi
http://jus.com.br/imprimir/38186/a­intervencao­de­terceiros­no­novo­codigo­de­processo­civil 3/6
Ação indenizatória, promovida por paciente contra estabelecimento hospitalar, com  posterior intervenção do
banco  de  sangue,  que  denunciou  a  lide  aos  laboratórios  encarregados  da  analise  do  sangue  utilizada  em
transfusões.
Embora admitida exegese ampla ao disposto no artigo 70, III, do CPC, não esta obrigado a magistrado a admitir
sucessivas  denunciações  da  lide,  devendo  indeferi­las  (certamente  que  com  resguardo  de  posterior  'Ação
Direta'),  naqueles  casos  em  que  possa  ocorrer  demasiada  demora  no  andamento  do  feito,  com  manifesto
prejuízo a parte autora.
Recurso Especial não conhecido.
O chamamento ao processo distingue­se da denunciação da lide, por não se tratar de um exercício de direito de regresso, mas
da instauração de um litisconsórcio sucessivo facultativo. No chamamento o réu pede a integração do terceiro ao processo,
como parte, para que a sentença tenha força executiva também em relação a ele.
Os artigos 130 a 132 do novo Código de Processo Civil tratam do chamamento ao processo, e correspondem aos artigos 77 a 80
do Código de Processo Civil de 73. Foram alterados, apenas, os prazos para citação dos litisconsortes que passaram a ser de 30
(trinta) dias do deferimento do chamamento, e de 2 (dois) meses se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção
judiciárias, ou em lugar incerto.
Os referidos prazos contidos no artigo 131 do novo Código são aplicáveis à denunciação da lide, conforme determina o artigo
126. No Código de 73 ocorria o inverso, os dispositivos relativos aos prazos de citação na denunciação da lide, artigos 72 e 74,
é que eram aplicáveis ao chamamento ao processo.
O  chamamento  ao  processo  continua  sendo  procedimento  exclusivo  do  processo  de  conhecimento,  incompatível  com  o
processo de execução, pois tem como objeto a condenação do terceiro a reembolsar o réu pelo que vier a pagar em razão da
sentença.
Em todas as hipóteses do artigo 125 do novo Código, os terceiros já eram legitimados passivos para a causa, mas não foram
incluídos na petição inicial. Deste modo, o chamamento é instituído em favor do réu e não do autor da demanda.
 Foram introduzidas duas novas formas de intervenção de terceiro pelo novo Código, que são o incidente de desconsideração
da personalidade jurídica e o amicus curiae, nos artigos 133 a 137 e no artigo 138.
O  Código  Civil,  no  artigo  44,  confere  às  pessoas  jurídicas  personalidade  distinta  da  dos  seus  sócios.  Ao  constituírem  a
sociedade  os  sócios  transferem­lhe  bens  que passam a  integrar  o  seu patrimônio. A manifestação de  vontade da  pessoa
jurídica se dá por meio de seus órgãos deliberativos e administrativos.
  Ocorre que a autonomia patrimonial da pessoa jurídica não pode servir para acobertar situações antijurídicas prejudiciais a
terceiros.  Em  razão  disto  foi  construída  a  teoria  da  desconsideração  da  personalidade  jurídica,  possibilitando  a
responsabilização dos sócios quando caracterizada a utilização abusiva da forma societária. [6]
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica, difundida na doutrina brasileira após a década de 60, por Rubens
Requião, encontra nos dias atuais suporte no ordenamento jurídico (artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho, artigo
28 do Código de Defesa do Consumidor, artigo 4º da Lei nº 9.605/98, artigo 50 do Código Civil), devendo ser aplicada
quando presentes os pressupostos específicos, relacionados com a fraude ou abuso de direito em prejuízo de terceiros.
A  jurisprudência  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  trata  da  desconsideração  da  pessoa  jurídica  como  um  incidente
processual, e não como um processo incidente, razão pela qual pode ser deferida nos próprios autos, em desfavor de quem foi
superada a pessoa jurídica (Recurso Especial nº 1.096.604/DF).
Seguindo  o  mesmo  entendimento,  o  novo  Código  de  Processo  Civil  disciplina  o  incidente  de  desconsideração  da
personalidade jurídica, nos artigos 133 a 137, que será instaurado pela parte ou pelo Ministério Público com a comprovação
dos pressupostos específicos previstos em lei, fraude ou abuso da personalidade jurídica e confusão patrimonial.
A existência dos referidos pressupostos deve ser demonstrada sob o crivo do contraditório, exigindo­se a citação do sócio ou
da pessoa jurídica (no caso de desconsideração inversa), para manifestar­se sobre o incidente, no prazo de 15 (quinze) dias.
Neste  caso,  forma­se  um  litisconsórcio  eventual  entre  a  sociedade  e  o  sócio  para  permitir  a  excussão  dos  bens  do  sócio
quando o patrimônio da pessoa jurídica não for suficiente para a satisfação da obrigação.
O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na
execução fundada em título executivo extrajudicial, podendo a desconsideração ser requerida na petição inicial, hipótese
em que se dispensa a instauração do incidente, artigo 134 do novo Código de Processo Civil.
O  incidente,  também,  é  cabível  na  ação  de  execução  fiscal  por  força  do  disposto  no  artigo  1º  da  lei  nº  6.830/80,  que
determina a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil. Neste caso, deve­se observar o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça que determina que a citação do sócio deva ocorrer dentro do prazo prescricional de 5 (cinco) anos [7].
Do mesmo modo, é cabível no processo do trabalho por decorrência expressa do artigo 769 da Consolidação das Leis do
Trabalho, decreto­lei 5.452/43, que prevê a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil nos casos omissos.
20/05/2015 A intervenção de terceiros no novo código de processo civil ­ Jus Navigandi
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A decisão que resolve o incidente é interlocutória, cabendo agravo de instrumento, artigo 1.015 inciso IV do novo Código. No
caso de acolhimento do pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será
ineficaz em relação ao requerente.
Atualmente, o amicus curiae atua como um terceiro que participa do processo para defender os interesses do grupo por ele
representado, perseverando no objetivo de fazer prevalecer as suas alegações. [8]
A intervenção de terceiro como amicus curiae passou a ter previsão legal com a lei n° 6.835/76, que no artigo 31 permite a
intervenção  da  Comissão  de  Valores  Mobiliários  (CVM)  em  demandas  individuais,  nas  quais  devessem  ser  analisadas
questões de direito societário, sujeitas, no plano administrativo à competência da referida autarquia. [9]
Posteriormente,  a  lei n° 9.868/99 no § 2º do artigo 7º, passou a  admitir  a manifestação do amicus curiae no  processo
objetivo  de  controle  de  constitucionalidade,  como  instrumento  de  abertura  do  processo  e  de  pluralização  do  debate
constitucional.
Na ação direta de inconstitucionalidade não se admite a intervenção de terceiros, mas o relator poderá admitir mediante
decisão irrecorrível, e considerada a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, a manifestação de outros
órgãos ou entidades.
Seguindo  a mesma  sistemática  o  novo  Código  de  Processo  Civil  trata  da  participação  do amicus  curiae,  no  artigo  138,
dispondo que “o juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a
repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão  irrecorrível, de ofício ou a  requerimento das partes ou de quem
pretenda manifestar­se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada,
com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.”
Na decisão do  juiz ou relator que admitir a participação de pessoa natural ou  jurídica, será definido o poder do amicus
curiae. A referida intervenção não acarreta a modificação de competência nem autoriza a interposição de recursos, salvo a
oposição de embargos de declaração e de recurso da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.
Conforme disposto no caput do artigo 138, a participação do amicus curiae pode ocorrer em primeiro e segundo grau de
jurisdição, no âmbito do processo de conhecimento.
No  tocante  a  representatividade  e  a  pertinência  temática,  destaca­se  o  acórdão  proferido  no Agravo  de  Instrumento  nº
201400001023563, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. PATENTE
MAIL BOX. ADMISSÃO DA ABIFINA COMO AMICUS CURIAE. PRELIMINARES DE NÃO CABIMENTO DO
AGRAVO E AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSO REJEITADAS. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS
DE  ADMISSÃO  DA  ABIFINA  EM  DEMANDAS  SEMELHANTES.  IRRELEVANTE  O  INTERESSE
DO  AMICUS  CURIAE.  REPRESENTATIVIDADE  E  PERTINÊNCIA  TEMÁTICA  VERIFICADOS.
PROVIMENTO NEGADO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO I ­ Trata­se de agravo de instrumento, com pedido
de efeito suspensivo ativo, interposto contra decisão que deferiu o ingresso como amicus curiae de ABIFINA ­
Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades. II ­ Rejeitadas as
preliminares de não cabimento do agravo e ausência de interesse recursal. III ­ A jurisprudência deste Tribunal
Regional Federal passou a admitir o ingresso de amicus curiae sempre que a matéria debatida ultrapassar a
esfera patrimonial das partes e afetar o interesse de toda coletividade. IV ­ O papel do amicus curiae é trazer ao
processo informações que auxiliem o magistrado, sendo irrelevante eventual interesse que tenha na demanda.
V ­ Requisito da representatividade satisfeito. A ABIFINA é “associação classista de âmbito nacional, fundada
há  cerca  de  trinta  anos,  que  congloba  laboratórios  públicos  (FARMANGUINHOS,  LAFEPE,  IQUEGO)  e
privados  (EMS,  ACHE,  LIBBS,  CRISTÁLIA,  EUROFARMA  etc)”.  VI  ­  Requisito  da  pertinência  temática
também satisfeito. A demanda principal versa sobre prazo de patente relacionado ao medicamento TAMIFLU,
utilizado para tratamento do vírus influenza (H1N1). VII ­ Provimento negado ao agravo de instrumento.
Deste modo, a representatividade deve relacionar­se diretamente à identidade funcional, natureza ou finalidade estatutária
da  pessoa  física  ou  jurídica  que  a  qualifique  para  atender  ao  interesse  público  de  contribuir  para  o  aprimoramento  do
julgamento da causa, não sendo suficiente o interesse em defender a solução da lide em favor de uma das partes. Sendo
necessário, ainda, que a matéria debatida transcenda a esfera patrimonial das partes, possuindo relevância econômica e
social.
O amicus curiae, agora com previsão expressa no Código de Processo Civil, representa uma nova forma de intervenção de
terceiros, que se diferencia da assistência.
A intervenção de terceiros não é autorizada nos juizados especiais estaduais e federais, por força do disposto no artigo 10 da lei
nº  9.099/95,  em  razão  de  se  orientar  pelos  critérios  da  oralidade,  simplicidade,  informalidade,  economia  processual  e
celeridade.
Do mesmo modo,  entende  o  Superior  Tribunal  de  Justiça  que  o  rito  do mandado  de  segurança  é  incompatível  com  a
intervenção de terceiros, ainda que na modalidade de assistência litisconsorcial. [10]
O  recurso  previsto  no  novo  Código  de  Processo  Civil  para  as  decisões  interlocutórias  de  admissão  ou  inadmissão  de
intervenção de terceiros é o agravo de instrumento, inciso IX do artigo 1.015.
20/05/2015 A intervenção de terceiros no novo código de processo civil ­ Jus Navigandi
http://jus.com.br/imprimir/38186/a­intervencao­de­terceiros­no­novo­codigo­de­processo­civil 5/6
3 – O procedimento especial da ação de oposição no novo Código de Processo Civil.
Diferente do Código de Processo Civil de 73, o novo Código trata a ação de oposição como um procedimento especial, no
capítulo VIII do título III do livro I da parte especial, e não em conjunto com as demais formas de intervenção de terceiros.
Isto porque, a oposição é realmente uma ação na qual terceiro deduz em juízo pretensão incompatível com os  interesses
conflitantes do autor e do réu de um processo cognitivo pendente. O que caracteriza a pretensão do terceiro é o fato do pedido
ser relativo ao mesmo bem que as partes originárias disputam. [11]
Conforme Athos Gusmão Carneiro: “trata­se de instituto de origem germânica, ligado ao princípio da universalidade do juízo,
que se contrapõe ao princípio da singularidade, que caracterizou o direito romano.” [12]
No Código de Processo Civil de 73 quando a oposição é oferecida antes da audiência, ela será apensada aos autos principais e
correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença, conforme dispõe o artigo 59. Neste caso,
trata­se de verdadeira intervenção de terceiro.
Diferentemente, se a oposição for oferecida após a audiência seguirá o procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo
da  causa  principal,  conforme  artigo  60  do Código  de  Processo Civil  de  73. Neste  caso,  a  oposição  não  tem natureza  de
intervenção, mas de ação autônoma por formar um processo incidente.
A  oposição  interventiva  não  encontra  correspondente  no  novo  Código  de  Processo  Civil,  apenas  a  oposição  autônoma  é
prevista nos artigos 682 a 686. A oposição deve ser oferecida até o momento de ser proferida a sentença, não havendo mais
distinção se oferecida antes ou após a audiência. O oferecimento da oposição após a audiência acarreta apenas a suspensão
do processo principal.
Esta é basicamente a única diferença da oposição no Código de Processo Civil de 73 e no novo Código de Processo Civil. Os
artigos 57,58 e 61 do CPC de 73 correspondem aos artigos 682, 683, 684 e 686 do novo CPC.
A ação de oposição deverá observar os requisitos para propositura da ação, artigos 319 e 320 do novo Código, devendo ser
distribuída por dependência ao processo principal. Ambas as ações serão  julgadas na mesma sentença, sendo a ação de
oposição prejudicial à ação principal.
4 – Conclusão.
Diante do  exposto,  pode­se notar  que houve uma adequação nas  formas de  intervenção de  terceiros no novo Código de
Processo Civil. A nomeação à autoria não encontra previsão, a oposição é somente a autônoma tratada nos procedimentos
especiais,  a  denunciação  da  lide  e  o  chamamento  ao  processo  sofreram  alguns  ajustes  e  foram  criados  o  incidente  de
desconsideração da personalidade jurídica e a participação do amicus curiae.
As referidas alterações atendem aos reclamos da celeridade, da economia processual, da efetividade e da razoável duração
do processo, sem se descuidar da necessidade do contraditório.
5 – Bibliografia.
Borba, José Edwaldo Tavares. Direito societário. 8ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
Bueno, Cassio Scarpinella. Partes e terceiros no processo civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2003.
Carneiro, Athos Gusmão. Intervenção de terceiros. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
Dinamarco, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil II. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.
Fux, Luiz. Mandado de Segurança. 1ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010.
Gonçaçves, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
Medina, Damares. Amicus Curiae: amigo da corte ou amigo da parte? São Paulo: Saraiva, 2010.
Notas:
[1] Luiz Fux, Mandado de Segurança, p. 33.
[2] Athos Gusmão Carneiro, Intervenção de Terceiros, p. 53.
[3] Candido Rangel Dinamarco, Instituições de direito processual civil II, p. 372.
[4] Instituições de direito processual civil II, p. 397.
[5] Instituições de direito processual civil II, p.401/402.
[6] José Edwaldo Tavares Borba, Direito societário, p. 23.
[7] “(...) O redirecionamento da execução contra o sócio deve dar­se no prazo de cinco anos da citação da pessoa jurídica,
sendo  inaplicável  o  disposto  no  art.  40  da  Lei  n.º  6.830/80  que,  além  de  referir­se  ao  devedor,  e  não  ao  responsável
tributário, deve harmonizar­se com as hipóteses previstas no art. 174 do CTN, de modo a não tornar imprescritível a dívida
20/05/2015 A intervenção de terceiros no novo código de processo civil ­ Jus Navigandi
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fiscal.  Precedentes:  REsp  205887,  Rel.  DJ  01.08.2005;  REsp  736030,  DJ  20.06.2005;  AgRg  no  REsp  445658,  DJ
16.05.2005; AgRg no Ag 541255, DJ 11.04.2005 (...)” (STJ – 1ª Turma, AgRg no REsp 1202195/PR, Rel. Min. Luiz Fux, DJe
22.02.2011)
[8] Damares Medina, Amicus Curiae: amigo da corte ou amigo da parte?, p. 42.
[9] Athos Gusmão Carneiro, Intervenção de Terceiros, p. 163/164.
[10] Superior Tribunal de Justiça – 2ª Turma, AgRg na Pet no RMS 45505, Rel. Ministro Humberto Martins, DJe 13.03.2015
[11] Candido Rangel Dinamarco, Instituições de direito processual civil II, p. 381/382.
[12] Intervenção de Terceiros, p. 72.
Autor
Raphael Funchal Carneiro
Advogado Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Pós
Graduado em Direito Tributário pela Universidade Anhanguera – Uniderp.<br>
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