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2009.2
1a Edição
PRÁTICA JURÍDICA II
PRODUZIDO POR: RAFAEL VIOLA
VOLUME 1
Sumário
Prática Jurídica II
MÉTODO DE AVALIAÇÃO: ....................................................................................................................................... 3
Avaliação em forma de Peça Processual........................................................................................... 4
ROTEIRO DAS AULAS ............................................................................................................................................ 5
Aula 1: Apresentação do Curso ...................................................................................................... 5
PARTE I: DIREITO CIVIL ......................................................................................................................................... 6
Aula 2: Petição Inicial .................................................................................................................... 6
Aula 3: Respostas do Réu: Espécies de Defesa; Contestação; Reconvenção; 
Exceções e Pedido Contraposto. Revelia. .............................................................. 14
Aula 4. Providências Preliminares: Réplica. Saneamento do Processo............................................ 23
Aula 5. Agravo de Instrumento e Agravo Retido. ......................................................................... 26
Aula 6. Audiência de Instrução e Julgamento. .............................................................................. 31
Aula 7. Cumprimento de Sentença. Impugnação ......................................................................... 34
Aula 8. Apelação. Contra-Razões de Apelação. ............................................................................. 38
Aula 9. Embargos de declaração. Embargos Infringentes. 
Recurso Especial e Recurso Extraordinário. .......................................................... 44
PARTE II: DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................................................................................. 57
Aula 10. Separação, Divórcio e Dissolução de União Estável. Guarda dos Filhos. ......................... 57
Aula 11. Ação de Alimentos e Ação de Revisão de Alimentos. 
Execução de Alimentos. Prisão Civil. .................................................................... 61
Aula 12. Ação de Investigação de Paternidade. Ação denegatória de Paternidade. ......................... 71
PARTE III: DIREITO DO TRABALHO ......................................................................................................................... 75
Aula 13. Relação de Trabalho. Reclamação Trabalhista ................................................................. 75
Aula 14. defesa do Empregador. Contestação. .............................................................................. 81
Aula 15. Recursos No Processo do Trabalho. ................................................................................ 85
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 3
MÉTODO DE AVALIAÇÃO:
Para facilitar a aprendizagem e o encadeamento lógico do curso, a discipli-
na é composta por três módulos, a saber: i) direito civil; ii) direito de família; 
e iii) direito do trabalho.
A avaliação de desempenho do aluno na disciplina Prática Jurídica II será 
realizada através do somatório de 4 (quatro) notas, correspondentes à elabora-
ção de uma peça processual ao término de cada módulo, totalizando três peças 
ao longo do semestre, e à participação na audiência simulada.
À peça processual do primeiro módulo será conferida nota de 0 (zero) a 9 
(nove). Esta nota será acrescida de até 1,0 (um) ponto referente à participação 
na audiência simulada. Às peças processuais dos módulos dois e três será con-
ferida nota de 0 (zero) a 10 (dez). A média do aluno será obtida mediante a 
soma da nota da primeira avaliação, acrescida da nota da atividade simulada, 
multiplicada por 2 (dois), com a segunda e terceira avaliações, sendo o resul-
tado posteriormente dividido por 4 (quatro).
Média Final =
P1 [(9,0+1,0) x 2] + P2 (10,0) + P3 (10,0)
4
O presente curso observará, ainda, o método do caso para uma maior efe-
tividade no desenvolvimento de capacidades nos alunos com o fi m de promo-
ver, especialmente, o desenvolvimento do seu raciocínio crítico. Espera-se do 
aluno, por conseguinte, que esteja preparado para participar ativamente dos 
debates que serão travados em sala de aula.
Cada aluno terá de elaborar, ainda, três petições na área de direito de fa-
mília e três petições na área de direito do trabalho. Ao total serão elaboradas 
10 (dez) peças processuais, incluídas as provas, dispostas da seguinte forma: 
4 (quatro) em direito civil, 3 (três) em direito de família e 3 (três) em direito 
do trabalho. Ressalte-se que para que o aluno possa realizar a prova de cada 
módulo, é requisito que ele entregue no prazo todas as peças solicitadas pelo 
professor.
Caso o aluno não entregue qualquer delas, ele estará impossibilitado de 
realizar a prova do respectivo módulo.
Além disso, será realizado um simulado no decorrer do semestre: uma audi-
ência de instrução e julgamento. Os alunos deverão se preparar em grupo para 
os respectivos simulados. A participação na atividade simulada representará 
10% da nota da primeira avaliação.
O professor presidirá a audiência. Os alunos que estiverem defendendo a 
mesma posição deverão se reunir e preparar a melhor linha de defesa para o 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 4
seu cliente. Na audiência, serão admitidos até três advogados para cada clien-
te. Caberá a cada aluno a elaboração da sentença.
Por fi m, a participação em sala de aula poderá ensejar um acréscimo de 
até 1,0 (um) ponto na nota fi nal, levando em consideração sua assiduidade e 
pontualidade, a leitura dos textos e sua participação.
AVALIAÇÃO EM FORMA DE PEÇA PROCESSUAL
O aluno deverá elaborar, como forma de avaliação, três peças processuais 
ao término de cada módulo. O dia da avaliação será marcado previamente 
pelo professor, no horário de aula, que será divulgado com antecedência para 
os alunos.
A primeira avaliação consistirá na entrega de uma peça processual a ser 
requisitada pelo professor que marcará a data para sua entrega. As demais 
avaliações serão nos moldes da prova de direito civil (incluído o direito de fa-
mília) e direito trabalhista para o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. 
Os alunos poderão consultar livremente livros e códigos.
A nota relativa à peça será avaliada pelo professor levando-se em considera-
ção os seguintes critérios:
I – Indicação do foro competente ..........................até 1,0 ponto
II – Preâmbulo, qualifi cação e fi nalização ..............até 1,5 ponto
III – Fundamentação jurídica ................................até 3,0 pontos
IV – Pedido e requerimentos .................................até 2,5 pontos
V – Lógica e argumentação ...................................até 1,0 ponto
VI – Ortografi a e gramática ...................................até 1,0 ponto
Total ......................................................................até 10,0 pontos
Observe-se, contudo, que em razão da primeira prova somar até 9 (nove) 
pontos, acrescido de 1 (um) ponto da atividade simulada, os itens II e IV dos 
critérios de correção da peça processual terão valores até 1,0 ponto e até 2,0 
pontos, respectivamente.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 5
ROTEIRO DAS AULAS
AULA 1: APRESENTAÇÃO DO CURSO
O objetivo dessa cadeira é o de oferecer aos alunos uma visão da prática no 
direito civil (aí incluído o direito de família) e do direito do trabalho, de modo 
a prepará-los para a advocacia, seja ela privada ou pública. Por intermédio do 
presente curso, desenvolver-se-á nos alunos a habilidade crítica e auto-crítica 
de elaboração de peças processuais atravésda análise e síntese do conhecimen-
to apreendido nas disciplinas dogmáticas e propedêuticas já ministradas no 
curso da graduação.
Dessa forma o aluno estará capacitado a 1) identifi car o problema jurídico; 
2) identifi car o instrumento processual adequado para lidar com a questão 
em discussão; 3) redigir a peça processual pertinente; 4) consultar a legislação 
apropriada ao caso e argumentar juridicamente com apoio na lei e na Consti-
tuição; 5) elaborar um texto que indique conhecimento da técnica profi ssional 
e capacidade de interpretação e de exposição.
Ao término do curso, o aluno estará capacitado a aplicar esses conheci-
mentos na prática permitindo que ele possa identifi car os diversos elementos e 
características das relações jurídicas materiais e, sua defesa no plano processu-
al, habilitando-o a desenvolver textos jurídicos e normativos. Paralelamente a 
isso, procurar-se-á prepará-lo para o exame de prática profi ssional da OAB.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 6
1 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras 
linhas de direito processual civil. V. 2, 
22ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 
2002, p.136.
PARTE I: DIREITO CIVIL
AULA 2: PETIÇÃO INICIAL
Leitura Obrigatória: SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direi-
to processual civil. V. 2. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 135-144.
Leitura Complementar: WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de 
processo civil, volume 1: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 
8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, p. 
266-267.
Petição Inicial
O princípio dispositivo, consistente na regra de que o juiz depende da pro-
vocação das partes, vigora no direito processual brasileiro, de acordo com o 
art. 2º (“Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou 
o interessado a requerer, nos casos e forma legais”). Em razão deste postulado 
básico, a iniciativa do processo, formado pelo direito abstrato de invocar a 
tutela jurisdicional do Estado para decidir sobre uma pretensão, é outorgada 
exclusivamente aos interessados.
Esse direito da parte manifesta-se, em concreto, por meio de petição escrita 
ao juiz. A essa petição denomina-se petição inicial. Ela, além de ato introdutório 
do processo, é exteriorização da demanda. Para Humberto Th eodor Júnior:
O veículo da manifestação formal da demanda é a petição inicial, que revela ao 
juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu, que o autor 
jula necessária para compor o litígio.
A petição inicial é, portanto, o ato mais importante do autor da demanda1. 
Com efeito, a distribuição da petição inicial vincula autor e juiz que fi cam ads-
tritos aos limites da peça vestibular. Desta forma, no momento da elaboração 
da petição inicial, o advogado deve estar atento aos seus requisitos, bem como 
à formulação dos pedidos.
Elaboração da Petição Inicial. Requisitos.
Art. 282. A petição inicial indicará:
I – o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II – os nomes, prenomes, estado civil, profi ssão, domicílio e residência do autor 
e do réu;
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 7
2 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso 
avançado de processo civil. Vol. 1. 8ªed. 
rev., atual. e ampl. RT: São Paulo, 2006, 
p. 269.
III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV – o pedido, com as suas especifi cações;
V – o valor da causa;
VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos ale-
gados;
VII – o requerimento para a citação do réu.
Para a elaboração de uma petição inicial, é utilizado, basicamente, o art. 
282 do Código de Processo Civil, ainda que de forma subsidiária em se tratan-
do de outros procedimentos. Em seu preparo deve-se observar, também, em 
regra, quatro partes: i) identifi cação; ii) corpo; iii) postulação e; iv) fecho.
A identifi cação compreende todas as indicações que individualizam a au-
toridade a que se dirige, o peticionário, as partes interessadas, o processo e 
a própria petição. A primeira parte, portanto, é basicamente formada pelos 
incisos I e II do art. 282.
Primeiramente, a petição é dirigida ao juiz ou tribunal. Esse aspecto é fun-
damental, pois não se está somente realizando um endereçamento, mas, em 
verdade, o autor estabelece a competência. Nesse sentido, a “escolha” equivo-
cada do juízo pelo autor pode trazer complicações processuais, ou seja, uma 
demora ainda maior na obtenção do provimento jurisdicional (em alguns ca-
sos, até mesmo a extinção do processo). Por fi m, ressalte-se que a petição é 
dirigida ao juízo ou tribunal e nunca à pessoa física.
Em segundo lugar, o autor deve proceder à qualifi cação das partes, ou seja, 
o nome, prenome, estado civil, profi ssão, domicílio e residência. Trata-se da 
necessária individualização do autor e réu para identifi cação e instauração da 
relação jurídico-processual evitando-se, por conseguinte, o processamento de 
pessoas incertas.
Por outro lado, a qualifi cação das partes é importante para fi ns de incidên-
cia de algumas normas, tais quais, litisconsórcio de pessoas casadas, domicílio 
necessário de funcionário público, exigência de caução, análise de gratuidade 
de justiça.
O autor deve identifi car o endereço do domicílio do réu. No entanto, é 
possível demanda contra pessoa incerta. Nesses casos, deve-se proceder à uma 
identifi cação genérica, requerendo a citação por edital (ex: demanda possessó-
ria relacionada a uma ocupação de terra).
Em se tratando de pessoa jurídica, é fundamental que a petição inicial venha 
acompanhada do estatuto social e da documentação que comprove a represen-
tação processual. Por outro lado, sendo ré a pessoa jurídica, a citação deve ser 
feita na pessoa do seu representante. Dessa forma, não cumpre o requisito do 
art. 282, II a inicial que “apenas trouxer a indicação da pessoa jurídica sem a 
exata individualização daquele em cuja pessoa a citação se realizará2”(art. 12, 
VI, CPC).
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 8
Observe-se que no Estado do Rio de Janeiro, em razão do Provimento 
20/1999 da Corregedoria-Geral da Justiça, todas as petições iniciais apresen-
tadas para distribuição devem conter o número do CPF ou CNPJ e, também, 
o número do Registro Geral de Identifi cação.
Na identifi cação o autor requer a prestação jurisdicional atuando em face do réu, 
por intermédio de uma sentença condenatória, constitutiva ou declaratória. Por 
fi m, a primeira parte é encerrada por meio de expressões de uso forense, tais como 
“pelos seguintes fatos e fundamentos”, “pelas razões que expõe a seguir”, etc.
O corpo da petição inicial é constituído pela narrativa do fato e/ou direito 
que se pleiteia. Ele está previsto no inc. III do art. 282. O autor deve expor 
todos os fatos e fundamentos que dão guarida ao seu pedido de forma clara e 
objetiva. O advogado, portanto, deve ter o máximo de atenção quando da sua 
elaboração, pois é na exposição dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido, 
isto é, da causa de pedir, que decorre o pedido. Diga-se, a propósito, que a 
ausência ou a narração dos fatos de maneira a não decorrer uma conclusão 
lógica, implicam na inépcia da inicial (art. 295, I, CPC).
Registre-se, ainda, que o CPC adotou a teoria da substanciação. Em outras 
palavras, impõe-se que na fundamentação do pedido estejam compreendidas 
a causa próxima e a causa remota. O autor deve expor todo o quadro fático, 
bem como o fato gerador do direito subetivo, ou seja, como os fatos narrados 
autorizam a produção do efeito jurídico perseguido.
Por fi m, ressalte-se que fundamento jurídico não se confunde com funda-
mentação legal, esta dispensável.
A terceira parte da petição inicial, postulação, inicia-se após a narração dos 
fatos e fundamentos. Geralmente, ela se inicia por expressões como “diante 
do exposto, requer”, “isto exposto”, “face ao exposto”, etc. A postulação en-
globa o pedido em sentidoamplo. Este, por sua vez, é o que se pretende com 
o exercício do direito de petição, englobando o requerimento e o pedido em 
sentido estrito.
O requerimento é tudo aquilo que se pede como forma necessária a obter 
a satisfação do pedido propriamente. O pedido em sentido estrito é o provi-
mento jurisdicional que se pretende obter. É o objeto da demanda.
O requerimento é, por conseguinte, a parte instrumental e formal da pos-
tulação que serve de meio para alcançar o fi m. O requerimento fundamental 
é a citação do réu (art. 282, VII, CPC). É ato de suma importância, pois 
completa a formação da relação jurídica processual, garantindo a ampla defesa 
e o contraditório.
O pedido em sentido estrito é o objeto da demanda. Ele é o elemento cen-
tral da petição, pois expressa o provimento jurisdicional pretendido. Petição 
sem pedido é inepta (art. 295, parágrafo único, I, CPC). O pedido pode ser 
imediato ou mediato. O primeiro é o provimento jurisdicional enquanto que 
o segundo é a tutela do bem jurídico em si.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 9
3 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso 
avançado de processo civil. Vol. 1. 8ªed. 
rev., atual. e ampl. RT: São Paulo, 2006, 
p. 283.
Ponto fundamental do pedido é que o juiz está adstrito ao pedido (princí-
pio da adstrição do juiz ao pedido das partes, também chamado princípio da 
congruência). Os arts. 128 e 460 declaram a regra de que o juiz não pode jul-
gar se afastando dos pedidos, sob pena de julgamentos extra petita (se decide 
coisa diversa), ultra petita (além da extensão do pedido) ou infra petita (aprecia 
apenas parte do pedido). Em todos os casos a sentença será nula.
É importante para o advogado analisar com cautela o pedido que será feito, 
pois ele é quem irá limitar a atividade jurisdicional, só se admitindo o adita-
mento até a citação ou, após a citação com a anuência do réu (art. 294 e 264 
do CPC).
O pedido deve ser certo e determinado, isto é, deve ser expresso e deli-
mitado em suas qualidade e quantidade. É admitido o pedido genérico (art. 
286, CPC), desde que suscetível de determinação na sentença ou em posterior 
liquidação. Ele pode ser, ainda, fi xo, alternativo, sucessivo, cumulado.
Fixo é o pedido consistente em determinada prestação. Alternativo é aquele 
em que, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de 
mais de um modo (art. 288, CPC). Far-se-á este tipo de pedido quando a 
relação de direito material se consubstanciar numa obrigação alternativa (ou 
disjuntivas), em que ao devedor compete a entrega de uma das prestações 
objeto da obrigação. O objeto não é único, mas o devedor se desobriga entre-
gando um deles. Nessa existem duas ou mais prestações, mas o devedor só está 
obrigado a cumprir uma delas. Quando o pedido é alternativo, tem-se dois ou 
mais objetos mediatos.
O pedido alternativo só tem cabimento quando a escolha for do devedor 
(que, aliás, é a regra de acordo com o art. 252 do CC/02). Sendo a escolha do 
credor, na própria inicial, ele já indicará a prestação que deve ser cumprida. 
José Carlos Barbosa Moreira adverte, no entanto, que cabendo a escolha ao 
credor, ele pode optar entre efetuar o pedido fi xo ou pedido alternativo po-
dendo efetuar a escolha no momento da execução, de acordo com o art. 571, 
§ 2º do CPC.
No art. 289, o Código de Processo Civil estabelece a possibilidade de pedi-
do sucessivo. Nesse caso, com o pedido principal, o autor cumulará, sucessi-
vamente, pedido subsidiário, para que o juiz conheça deste na impossibilidade 
daquele. Em realidade, o autor expressa uma sequência de pedidos em uma 
escala de interesses3. Assim, o juiz analisa o pedido principal e na impossibili-
dade de concedê-lo, passa ao julgamento do subsidiário, também em ordem 
sucessiva, sempre apreciando o subsquente.
A cumulação pode se dar de forma sucessiva, como visto, ou simples. Nesta 
hipótese, a cumulação é plena e simultânea e representam a soma de várias 
pretensões a serem satisfeitas, de acordo com o art. 292 do CPC. Em outras 
palavras, o juiz conhece de todos os pedidos. A cumulação simples será pos-
sível desde que os pedidos sejam compatíveis entre si, seja competente para 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 10
conhecer deles o mesmo juízo e que seja adequado para todos os pedidos o 
tipo de procedimento.
O pedido pode, ainda, ser de prestações periódicas ou cominatória. É de 
prestações periódicas o pedido feito em razão de relações jurídicas de trato su-
cessivo. Nessa caso a sentença abrangerá não só as prestações vencidas na pro-
positura da ação como, também, as prestações vincendas (art. 290 do CPC).
Se o pedido consistir na imposição do réu do dever de não praticar deter-
minado ato ou tolerar alguma atividade ou, ainda, de praticar determinado 
ato, será possível ao autor da ação cumular um pedido de preceito cominató-
rio (art. 287, CPC). Tais pedidos têm como escopo o cumprimento de obri-
gações de fazer ou não fazer. Ressalte-se, no entanto, que a Lei 10.444/02, 
modernizando o Código de Processo Civil, alterou a disposição do art. 287, 
compatibilizando-o com a regra dos art. 461 e 461-A, aumentando a efetivi-
dade do processo. Dessa forma, o juiz deverá, tanto nas obrigações de fazer e 
não fazer como nas de dar, conceder a tutela específi ca da obrigação, determi-
nando providências que assegurem a sua efetividade.
Não se pode olvidar, ainda, que na postulação, o autor, em atenção ao 
perigo na demora da prestação jurisdicional, pode requerer a antecipação da 
tutela pretendida, de acordo com o art. 273 do CPC. Trata-se de providên-
cia emergencial que tem como escopo evitar prejuízo irreparável ou de difícil 
reparação, ou medidas meramente protelatórias. É providência de natureza 
satisfativa e pode ser concedida mediante requerimento da parte.
O requerimento de tutela antecipada na petição inicial só pode versar sobre 
a hipótese do inciso I do art 273 (dano irreparável ou de difícil reparação) e 
deve ser destinado um capítulo específi co na postulação, antes do requeri-
mento de citação do réu e após a exposição dos fatos e fundamentos.
Concluída a postulação, o autor deverá indicar as provas que pretende 
produzir, de acordo com o art. 282, VI. Com efeito, o autor deve provar 
os fatos que constituem o seu direito (art. 333, I, CPC). Dessa forma, já na 
petição inicial deve indicar os meios de prova de que vai se servir. Não há 
necessidade de indicar a prova que irá produzir em concreto, isto é, basta 
indicar a espécie probatória que pretende se utilizar, tais como testemunhal, 
pericial, documental, depoimento pessoal. Registre-se, por oportuno, que a 
prova documental deverá ser produzida conjuntamente com a petição inicial 
(art. 283), admitindo-se a prova documental suplementar quando destinada 
a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapor à 
que foi produzida nos autos.
Para cumprimento dos requisitos da petição inicial, deve constar, ainda, o 
valor da causa e o endereço em que o advogado do autor receberá intimações 
(art. 39, I, CPC).
Finalmente, a última parte da petição inicial é o fecho, que consiste no 
encerramento da petição. Em outras palavras, o fecho é a indicação de que a 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 11
petição está encerrada. Normalmente ela é encerrada com expressões do tipo 
“nestes termos, pede deferimento”, “termos em que, pede deferimento”, “espe-
ra deferimento”, etc. Posteriormente inclui-se a data e o local onde está sendo 
elaborada e a assinatura.
Cabe uma observação. A assinatura do advogado subscritor é imprescindí-
vel para a formalização do ato, sob pena de nulidade, uma vez que se trata de 
ato privativo de quem é habilitado para exercer advocacia.
Instrumento do Mandato
A inicial deverá sempre ser acompanhada da procuração, isto é, o instru-
mento do mandato, salvo se o autor postular em causa própria.No entanto, o 
advogado poderá distribuir a petição inicial independentemente do mandato 
para evitar decadência ou prescrição do direito do autor. Neste caso, a parte 
deverá exibir o instrumento de mandato no prazo de quinze dias, prorrogável 
por mais quinze.
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar 
em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fi m de evitar deca-
dência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados 
urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir 
o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 
(quinze), por despacho do juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratifi cados no prazo, serão havidos por inexistentes, 
respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.
Elementos essenciais na elaboração da petição inicial:
Identifi cação
Endereçamento
Qualifi cação das partes
Corpo
Fatos e fundamentos
Postulação
Antecipação de tutela (eventual)
Requerimento de citação
Pedido
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 12
Indicação das provas
Valor da causa
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
Observações: Tratando-se de rito sumário, o autor deverá requerer na pe-
tição inicial a citação do réu para comparecer à audiência de conciliação que 
será designada, na qual deverá oferecer resposta. Deverá, ainda, indicar o rol 
de testemunhas, bem como formular os quesitos a serem respondidos pelo 
perito em prova pericial, indicando, desde já, o seu assistente técnico.
Caso Gerador:
1) Rogério alugou um imóvel para Aílton para fi ns residenciais, cujo aluguel 
fi gura no valor de R$ 790,00 mensais na Barra da Tijuca, fi cando convencio-
nado, ainda, que o locatário fi caria encarregado do pagamento do IPTU no 
valor de R$ 1.500,00 e as cotas condominiais, no valor de R$ 550,00. Pedro, 
irmão de Aílton, fi gurou como fi ador, sendo certo que foi obtido o aval de 
Clara, esposa de Pedro. No entanto, a partir de 10.05.08, após ter quitado o 
IPTU de 2008, Aílton parou de pagar os aluguéis em razão de sua demissão. 
Rogério, que necessita do dinheiro do aluguel para complementar sua renda, 
o procura afi rmando que quer o imóvel de volta para alugar para um terceiro, 
bem como o pagamento dos valores devidos.
Diante da situação, na qualidade de advogado de Rogério, redija a(s) peça(s) 
processual(is) cabíveis, abordando todas as questões de direito processual e 
material.
2) Cláudio, que atualmente conta com 85 anos, sempre prezou por uma 
vida ativa, cuidando de sua saúde física e mental. Cláudio, no entanto, se 
encontra debilitado, com sérios transtornos em seu sistema digestivo. Em vir-
tude de sofrer de um espasmo difuso esofagiano, seu médico recomendou que 
fi zesse tratamento urgente.
Contudo, em razão de sua idade, o procedimento cirúrgico possui um alto 
risco, sendo o tratamento mediante aplicação de injeções de toxina botulínica 
no esôfago para a dilação do esôfago o mais indicado. Diga-se, a propósito, 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 13
que em 2003 o mesmo Cláudio veio a fazer esse tratamento, sendo reembol-
sado por sua seguradora. Dessa vez, contudo, a situação é mais grave, sendo 
necessária a realização do tratamento urgentemente.
Ao contatar sua seguradora, Viva Bem Ltda., para autorização do trata-
mento, a mesma foi negada sob a justifi cativa de que a injeção de toxina bo-
tulínica é um tratamento experimental, violando, por conseguinte, a cláusula 
14 do item 5.1 da apólice de seguro, que exclui da cobertura os tratamentos 
experimentais. Afi rmou, ainda, que se trata de medicina diagnóstica e, por-
tanto, o plano não cobre.
Inconformada, a fi lha de Cláudio o procura com uma parecer técnico 
alegando que o procedimento está há muitos anos estabelecido na literatura 
mundial e vem sendo realizado com sucesso.
Na qualidade de advogado, redija a(s) peça(s) processual(is) cabível(is), 
abordando todas as questões de direito processual e material.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 14
4 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso 
avançado de processo civil. Vol. 1. 8ªed. 
rev., atual. e ampl. RT: São Paulo, 2006, 
p. 327.
5 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso 
de direito processual civil – teoria geral 
do direito processual civil e processo de 
conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 
2005, p. 411.
AULA 3: RESPOSTAS DO RÉU: ESPÉCIES DE DEFESA; CONTESTAÇÃO; 
RECONVENÇÃO; EXCEÇÕES E PEDIDO CONTRAPOSTO. REVELIA.
Leitura Obrigatória: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de di-
reito processual civil – teoria geral do direito processual civil e processo de 
conhecimento. Rio de Janeiro, 2005, p. 410-432.
Leitura Complementar: DIDIER Jr., Fredie. Curso de direito processual 
civil – teoria geral do processo e processo de conhecimento. Vol. 1. 8ª ed. 
Bahia: Podivm, 2007, p. 439-462.
O sistema processual brasileiro é pautado pelo princípio do contraditório. 
Desta forma, contraposto ao direito de ação do autor, é constitucionalmente 
assegurado (art. 5º, LV, CRFB/88) ao réu o direito de pleitear um provimento 
jurisdicional que indefi ra a pretensão deduzida em juízo4. Conforme lembra 
Humberto Th eodor Júnior, o processo é essencialmente dialético e a pretensão 
jurisdicional só deve ser concretizada após amplo e irrestrito debate das pre-
tensões deduzidas em juízo5.
Sendo o réu o sujeito que sofrerá os efeitos da sentença que vier a ser proferi-
da, é fundamental a sua convocação em juízo para compor a relação processual 
e permitir-lhe a faculdade de defender-se. É justamente com a citação, no prazo 
de 15 (quinze) dias (art. 297, CPC), que se confere esta oportunidade ao réu. 
Lembre-se, todavia, que em havendo litisconsórcio e os litisconsortes tiverem 
procuradores diferentes, o prazo será contado em dobro (art. 298, CPC).
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, 
dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.
Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para responder 
ser-lhes-á comum, salvo o disposto no art. 191.
Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não citado, 
o prazo para a resposta correrá da intimação do despacho que deferir a desistência.
Registre-se, ainda, que o réu é livre para se defender, ou seja, não há uma 
obrigação de se defender, podendo ele se manter omisso ou inerte. No entan-
to, em se tratando de litígios de direitos indisponíveis, ainda que o réu se man-
tenha inerte, o Ministério Público é convocado para atuar como custos legis 
(art. 81, CPC) e o autor, mesmo diante do silêncio do réu é obrigado a provar 
os fatos não contestados (art. 320, II, CPC). Diversas, portanto, podem ser as 
reações do réu diante da citação: omissão, defesa, e pedido em face do autor, 
além, é claro, do reconhecimento do pedido.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 15
Espécies de defesa
Duas são as espécies de defesa do réu. Ela pode dizer respeito ao processo 
ou à pretensão do autor. Em outras palavras, a defesa do réu pode referir-se a 
duas relações jurídicas distintas, quais sejam a relação processual e a relação de 
direito material. Na primeira espécie, o réu visa a trancar o processo, impedin-
do o provimento jurisdicional, ou pelo menos dilatá-lo. Na segunda, espera 
obter uma sentença que rejeite a pretensão do autor.
Defesa processual
A defesa processual tem como escopo atacar a relação jurídica processual. 
Ela é uma defesa indireta, pois não ataca frontalmente a pretensão do autor. 
No entanto, obsta a entrega da tutela jurisdicional.
As defesas processuais se dividem em peremptórias e dilatórias. São defesas 
processuais peremptórias, ou próprias, aquelas que, se reconhecidas, tem o 
condão de extinguir o processo, tais como inépcia da inicial, carência de ação, 
litispendência, coisajulgada, etc. Por outro lado, são dilatórias, ou impróprias, 
as que, mesmo acolhidas, não provocam a extinção, mas apenas a paralisação 
temporária, isto é, a dilatação do curso do processo, tais como invalidade da 
citação, conexão, continência, incompetência. Superada a questão processual, 
o processo retoma o seu curso normal.
Defesa de mérito
A defesa de mérito decorre da resistência à pretensão do autor. Esta pode ser 
direta ou indireta. Na defesa de mérito direta, o réu nega a ocorrência dos fatos 
que o autor narrou na peça vestibular, afi rmando que os fatos não ocorreram ou 
não se deram como informado pelo autor. Pode ser, ainda, que o réu concorde 
com os fatos colocados pelo autor, mas que discorde das consequências jurídicas
Na defesa de mérito indireta, o réu admite os fatos, conforme narrados na 
petição inicial, mas invoca fatos outros que são impeditivos, modifi cativos ou 
extintivos do direito do autor.
Contestação
A primeira, e mais importante, forma de defesa do réu é a contestação. Ele 
é o instrumento pelo qual o réu efetivamente exerce seu direito de defesa. Se 
a petição inicial é o ato mais importante do autor, a contestação é o ato mais 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 16
6 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras 
linhas de direito processual civil. V. 2, 
22ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 
2002, p. 211.
7 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso 
avançado de processo civil. Vol. 1. 8ªed. 
rev., atual. e ampl. RT: São Paulo, 2006, 
p. 332.
importante do réu. Todas as defesas, salvo as decorrentes de impedimento, 
suspeição e incompetência relativa, são formuladas na contestação.
Dessarte, é por intermédio da contestação que o réu “exerce, na plenitude, 
o direito de contradição, ou defesa, em face da ação e da pretensão do autor6”, 
alegando todas as defesas processuais e de mérito. Verifi ca-se, desde logo, que 
vigora no direito processual brasileiro o princípio da eventualidade, ou con-
centração da defesa na contestação.
Em outras palavras, toda a defesa, salvo as exceções e incidentes deve ser 
alegada obrigatoriamente na contestação, sob pena de preclusão. O réu, por-
tanto, deve deduzir todas as defesas em alegações sucessivas, ainda que in-
compatíveis. Esse princípio, todavia, é mitigado quando as alegações forem 
concernentes a direito superveniente, disser respeito à matéria que pode ser 
conhecida de ofício ou quando a matéria puder ser alegada em qualquer tem-
po e juízo (art. 303, CPC).
Por outro lado, recai sobre o réu o ônus da impugnação específi ca, isto 
é, deve impugnar especifi camente todos os fatos arrolados pelo autor, sendo 
inefi caz a contestação por negação geral. Não impugnados os fatos, tornam-se 
fatos incontroversos, dispensando qualquer tipo de prova. Essa regra, entre-
mentes, não se aplica quando não for admissível a confi ssão, quando a petição 
inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar 
da substância do ato ou quando os fatos narrados estiverem em contradição 
com a defesa, considerada em seu conjunto (art. 302, CPC).
Essas considerações demonstram a importância deste ato processual. O ad-
vogado, no momento de sua elaboração, deve atentar para todas as particulari-
dades do caso, bem como todas as possíveis consequências jurídicas, de forma 
a permitir a mais ampla defesa possível.
Elaboração da Contestação. Requisitos.
Assim como a petição inicial, a contestação também pode ser dividida em 
quatro partes: i) identifi cação; ii) corpo; iii) postulação e iv) fecho.
A identifi cação da petição conterá todas as indicações que individualizam 
a autoridade a que se dirige o contestante. A qualifi cação das partes torna-se 
desnecessária, salvo se existiu algum equívoco na petição inicial.
O corpo da contestação é integrado pela defesa processual e defesa de mérito. 
De acordo com o nosso sistema processual, toda a defesa deve ser alegada no 
corpo da contestação. A boa técnica lembra que, ainda que existam fortes razões 
para supor que a defesa processual será acatada, não deve a contestação deixar de 
conter toda a defesa de mérito, pois, se não exercida, opera a preclusão7.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 17
De acordo com art. 301 do Código de Processo Civil, as defesas processuais 
previstas ali e no art. 267 do mesmo diploma, devem ser arguidas em prelimi-
nar. As defesas de mérito vêm logo em seguida.
Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:
I – inexistência ou nulidade da citação;
II – incompetência absoluta;
III – inépcia da petição inicial;
IV – perempção;
V – litispendência;
Vl – coisa julgada;
VII – conexão;
Vlll – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
IX – compromisso arbitral;
IX – convenção de arbitragem;
X – carência de ação;
Xl – falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.
§ 1o Verifi ca-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação 
anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma 
causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa 
julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba 
recurso.
§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da 
matéria enumerada neste artigo.
Na postulação, por sua vez, o réu formula pedido, mas que não se confunde 
com o pedido do autor. Enquanto este se reveste de natureza substancial, o do 
réu se confi gura como o de tutela jurisdicional, que rejeite a pretensão. O con-
testante, portanto, conclui sua petição com pedido ao juiz de que sejam acolhi-
das as preliminares com a consequente extinção do processo sem resolução de 
mérito (caso tenha arguido alguma), ou improcedente o pedido do autor.
Pode ainda requerer a condenação do autor nas custas e honorários advoca-
tícios, apesar de não ser requerimento imprescindível, pois decorre de norma 
imperativa (art. 20, CPC).
Após a postulação, compete ao réu indicar as provas que pretende produzir, 
bem como indicar o endereço em que o seu advogado receberá intimações (art. 
39, I, CPC). Em seguida, procede-se ao fecho com data e assinatura. Ressalte-se 
que a ausência de assinatura do advogado impõe o reconhecimento da revelia.
Por fi m, a contestação deve ser feita por escrito (art. 297, CPC), ressalvado 
os casos de rito sumário (art. 278, caput) e dos juizados especiais cíveis (art. 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 18
8 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso 
de direito processual civil – teoria geral 
do direito processual civil e processo de 
conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 
2005, p. 421.
30, Lei 9.099/95) em que se autoriza a contestação oral, além de vir instruída 
com o mandato e todos os documentos com os quais o réu pretende fazer 
prova de suas alegações (art. 396, CPC).
Observação: Em alguns procedimentos não é possível ajuizar reconvenção. 
Nestes casos (art. 278, § 1º, CPC e art. 31 da Lei 9.099/95), o ordenamento 
autoriza ao réu formular na contestação pedido em seu favor (pedido contra-
posto). Para tanto, deve abrir tópico próprio para o pedido contraposto.
Elementos essenciais na elaboração da contestação:
Identifi cação
Endereçamento
Partes
Corpo
Preliminares: defesa processual peremptória e dilatória
Defesa de mérito direta e indireta
Postulação
Pedido extinção do processo sem resolução de mérito (preliminar)
Pedido de improcedência da pretensão do autor
Indicação das provas
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
Exceções
Exceção é “o incidente processual destinado a arguição da incompetência 
relativa do juízo, e de suspeição ou impedimento do juiz8”. Pela exceção, inci-
dente processual, o réu procura sanar alguma irregularidade de que padece o 
processo. Com efeito, a competência e a imparcialidadedo juiz são pressupos-
tos processuais que se apresentam como requisitos essenciais para o desenvol-
vimento válido do processo.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 19
A exceção é, portanto, matéria de defesa dilatória, voltando-se contra o ór-
gão jurisdicional ou seu titular. Uma vez julgada a exceção, o processo seguirá 
seu curso normal, mas com a irregularidade sanada.
Três são as exceções: incompetência, impedimento e suspeição (art. 304, 
CPC). Ela deve ser protocolada no prazo de quinze dias contado do fato que 
ocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição (art. 305). Se o 
fato for anterior ao ajuizamento da demanda, o prazo começa a correr da ci-
tação para o réu e, para o autor, do momento da distribuição ao juiz incapaz. 
Quando a causa for posterior, o prazo se inicia no momento em que a parte 
tiver conhecimento do fato. Se não oferecida no prazo, ocorre a preclusão.
A exceção de incompetência só pode versar sobre incompetência relativa 
(concernente ao valor e território), pois a absoluta é matéria de ordem pública, 
devendo ser arguida na contestação em preliminar de mérito. As exceções de 
impedimento e suspeição atacam o juiz em sua pessoa física, colocando em 
cheque a sua imparcialidade em virtude de algum dos fatos previstos no art. 
134 e 135 do CPC.
Elaboração das Exceções. Requisitos.
As exceções são apresentadas em petição escrita devidamente fundamentada. 
A sua identifi cação deve conter o endereçamento ao juiz da causa, ou relator do 
tribunal, bem como a individualização das partes e a indicação do processo.
No corpo da petição serão apresentados os fatos e fundamentos que le-
varam à oposição da exceção. A ausência de fundamentação implica no seu 
indeferimento. A postulação conterá o pedido feito pelo excipiente. No caso 
de exceção de incompetência o pedido será para que o processo seja remetido 
ao juízo competente, sendo obrigatório que o excipiente indique o juízo. Em 
se tratando de exceção de impedimento ou suspeição, o pedido será no senti-
do de que o processo seja remetido ao substituto legal. As petições devem ser 
instruídas com todos os documentos que o excipiente entender necessário e 
conterá, ainda, o rol de testemunhas (art. 312, CPC).
Elementos essenciais na elaboração da exceção:
Identifi cação
Endereçamento
Partes
Corpo
Fatos e fundamentos da exceção
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 20
Postulação
Pedido de remessa ao juízo competente (incompetência)
Pedido de remessa ao substituto legal (impedimento e suspeição)
Indicação das provas
Fecho
Local, data
Assinatura
Reconvenção
Além das formas de defesa por meio da contestação e das exceções, o réu 
pode partir para a contraofensiva. A reconvenção é uma verdadeira ação ajui-
zada pelo réu (reconvinte) em face do autor (reconvindo), nos mesmos autos. 
Com a reconvenção, o processo sofre um expressivo alargamento de seu obje-
to, passando a conter duas lides.
A reconvenção, contudo, não é obrigatória, conforme aduz o próprio art. 
315. No entanto, se o réu vier a se utilizar dela, deverá oferecê-la simultane-
amente com a contestação. Para que seja possível a utilização deste instituto 
processual, são importantes alguns pressupostos: a) legitimidade das partes; b) 
conexão com a ação principal ou com o fundamento da defesa; c) competên-
cia do juízo da ação principal; d) rito, pois o procedimento da ação principal 
deve ser o mesmo da ação reconvencional, sendo vedada sua utilização em rito 
sumário e nos juizados especiais cíveis (nestes, cabe o pedido contraposto).
Elaboração da Reconvenção. Requisitos.
Na elaboração da petição inicial da reconvenção, o réu/reconvinte deve 
observar o disposto no art. 282, com exceção de seu inciso VII. Isto se deve ao 
fato de que a reconvenção dispensa a citação do autor/reconvindo, pois este 
será apenas intimado, na pessoa de seu procurador, para contestar no prazo de 
quinze dias. Deve-se observar, ainda, o disposto no art. 39, I, bem como deve 
vir acompanhada dos documentos com os quais o reconvinte pretende provar 
suas alegações. No mesmo mandato que conferir os poderes para contestar, 
poderão constar os poderes para reconvir.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 21
Elementos essenciais na elaboração da reconvenção:
Identifi cação
Endereçamento
Qualifi cação das partes
Corpo
Fatos e fundamentos
Postulação
Antecipação de tutela (eventual)
Pedido
Indicação das provas
Valor da causa
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
Revelia.
Apesar de todas as possibilidades do réu se manifestar quando da citação, 
pode ser que ele se quede inerte. A revelia ou contumácia ocorre, justamente, 
quando o réu, regularmente citado, deixa de oferecer resposta no prazo legal.
O ponto fundamental da revelia diz respeito aos seus efeitos. São dois: i) 
desnecessidade de prova dos fatos alegados pelo autor e ii) desnecessidade de 
intimações do réu. De acordo com o art. 319 do CPC, quando o réu deixa 
de contestar, presumem-se verdadeiros os fatos narrados na inicial, podendo o 
magistrado julgar antecipadamente a lide, com base no art. 330, II do mesmo 
diploma legal.
Este primeiro efeito, no entanto, nem sempre será decretado pelo juiz. Em 
se tratando de litígio que versa sobre direitos indisponíveis, se a petição inicial 
não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indis-
pensável à prova do ato, ou quando houver pluralidade de réus, um deles con-
testar a ação, não ocorrerá o mencionado efeito da revelia (art. 320, CPC).
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 22
A segunda consequência esta prevista no art. 322 do CPC e prevê que os 
prazos correrão, independentemente de intimação, a partir da publicação de 
cada ato decisório.
Caso Gerador
Cláudio Rodrigues ajuizou ação de cancelamento de protesto cumulada 
com indenização por danos morais em face de Atlante RIO Ltda. e Constru-
tora Viva Bem Ltda., em trâmite perante a 22ª Vara Cível da Comarca da Ca-
pital do Rio de Janeiro. Alegou, em síntese, que contratou com a Atlante RIO 
Ltda. a compra de um imóvel, ainda na planta, no valor de R$ 120.000,00 a 
ser construído pela segunda. No entanto, quando da entrega do imóvel, cons-
tatou que existia uma diferença na metragem do imóvel, bem como o imóvel 
não se encontrava em condições de habitabilidade. Dessa forma, o autor pa-
rou de efetuar os pagamentos e ingressou com ação de rescisão contratual em 
12.01.2007, em curso na 27ª Vara Cível da Comarca da Capital do Rio de Ja-
neiro. Ocorre que em 10.01.2007, em virtude de sua inadimplência, a Atlante 
promoveu o protesto do título, razão que motivou o presente pleito.
Procurado pela segunda ré (Construtora), você foi informado que na ação 
de rescisão contratual a perícia constatou que a diferença da área útil do imó-
vel contratado e do imóvel entregue é de 0,012%, bem como a razão dos 
problemas no imóvel se deveu ao fato de que o autor exigiu uma série de 
mudanças no projeto original, em especial o rebaixo de gesso contínuo para 
placas de gesso justapostas e afastadas das paredes, o que acabou por acarretar 
as infi ltrações. Porém, apesar dessas mudanças, o imóvel foi entregue na data 
convencionada, tendo o autor, inclusive, assinado termo de vistoria e recebi-
mento das chaves.
Na qualidade de advogado constituído pela segunda ré, elabore a peça(s) 
processual(is) cabível(is), abordando todas as questões de direito processual e 
material.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 23
9 DIDIER Jr., Fredie. Curso de direito pro-
cessual civil – teoria geral do processo e 
processo de conhecimento. Vol. 1. 8ª ed. 
Bahia: Podivm, 2007, p.470.
10 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras 
linhas de direito processual civil. V. 2, 
22ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 
2002, p. 245.
AULA 4. PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES: RÉPLICA. SANEAMENTO 
DOPROCESSO.
Leitura Obrigatória: WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de pro-
cesso civil, volume 1: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 
8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, P. 
378-387.
Leitura Complementar: SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de 
direito processual civil. V. 2. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 245-274.
Uma vez citado, o réu pode ter várias reações. Pode oferecer resposta (con-
testação, exceção ou reconvenção) ou pode permanecer contumaz. Após o en-
cerramento do prazo para a resposta do réu, o Código de Processo Civil, sob a 
denominação de providências preliminares, estabelece o conjunto de atitudes 
possíveis do juiz e que se destinam a encerrar a fase postulatória do processo.
A fase postulatória, em regra, é encerrada com a resposta do réu. Entretanto, 
em determinadas circunstâncias, esta fase se prolonga9 para que o processo possa 
servir de instrumento idôneo da jurisdição, desenvolvendo-se de forma regular10. 
O fundamento das providências preliminares é garantir o princípio do contradi-
tório, assegurando o método dialético que inspira o processo civil brasileiro.
De acordo com art. 323 do Código de Processo Civil, então, fi ndo o prazo 
para resposta do réu, os autos retornarão conclusos ao juiz para que, no prazo 
de 10 dias, determine uma das seguintes providências: i) especifi cação de pro-
vas a produzir; ii) admitir pedido de declaração incidental de questão prejudi-
cial; iii) determinar que o autor seja ouvido no prazo de 10 dias.
Sempre que necessário, para dirimir os pontos controversos da demanda, 
o juiz ordenará que as partes especifi quem as provas que pretendem produzir, 
podendo indeferi-las quando desnecessárias, conforme o art. 130 do Código 
de Processo Civil. O juiz também determinará que o autor produza prova 
dos fatos alegados na inicial, ainda que o réu seja revel, mas desde que não se 
operem os seus efeitos (art. 324, CPC).
Por outro lado, quando o réu, em contestação, alegar defesas de mérito in-
diretas, ou seja, alegar fatos impeditivos, modifi cativos ou extintivos do direito 
do autor, ou, ainda, alegar alguma preliminar (art. 301, CPC), o juiz deter-
minará que seja ouvido o autor. Essa manifestação do autor é denominada de 
réplica. Caso o réu junte documentos à contestação, também será ouvido o 
autor. Diga-se a propósito que sempre que uma das partes juntar documentos, 
a outra deverá ser ouvida (art. 398, CPC).
Verifi ca-se, portanto, que o magistrado não é sempre obrigado a realizar 
providências preliminares. Em réu sendo revel, e operando-se os efeitos da 
revelia, o juiz proferirá diretamente a sentença (art. 330, II, CPC). Caso o 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 24
contestante não alegue qualquer das matérias previstas no art. 326 do CPC, o 
magistrado deverá sanar o processo, ou decidirá o mérito (art. 329, 330 e 331, 
todos do CPC).
Réplica
Vimos que sempre que o réu apresentar documentos na contestação (art. 
398, CPC), alegar defesa processual ou, ainda, alegar defesa de mérito indire-
ta, o autor deverá ser ouvido pelo juiz, respeitando-se o contraditório.
Elaboração da réplica. Requisitos.
Na réplica, o autor deverá impugnar o alegado na contestação, tanto em 
relação às defesas processuais como as de mérito. A petição é endereçada ao 
juiz da causa, contendo a individualização das partes, sendo desnecessária sua 
qualifi cação. O requerimento na réplica é de que sejam rejeitadas as prelimina-
res e acolhidos os fundamentos da peça inicial com a consequente procedência 
dos pedidos.
Elementos essenciais na elaboração da réplica:
Identifi cação
Endereçamento
Indicação das partes
Corpo
Impugnação das preliminares
Impugnação da defesa de mérito indireta
Postulação
Rejeição das preliminares
Procedência do(s) pedido(s) do autor na inicial
Fecho
Local, data
Assinatura
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 25
Julgamento conforme o estado do processo
Após o recebimento da réplica, caso não seja necessário ouvir o réu, o juiz 
procede ao saneamento do processo. Esta fase não se concentra numa decisão 
única, mas é resultado de uma análise ao longo da sucessão de atos e fatos que 
se inicia desde o despacho da petição inicial.
O julgamento conforme o estado do processo pode consistir em três si-
tuações: i) prolação de sentença de extinção do processo, sempre que o juiz 
verifi car uma das hipóteses previstas no art. 267 e 269, II a V do CPC; ii) 
julgamento antecipado da lide, quando a questão de mérito for unicamente 
de direito ou não houver necessidade de produzir prova; e iii) saneamento do 
processo, quando em audiência preliminar, não for possível a conciliação.
Despacho saneador
Quando impossível a conciliação em audiência preliminar, o juiz deverá sa-
near o processo. Neste momento, o juiz fi xa os pontos controvertidos, decide 
as questões processuais pendentes, determina as provas a serem produzidas e 
designa audiência de instrução e julgamento (art. 331, § 2º, CPC).
As questões atinentes ao despacho saneador não podem ser relegadas para 
exame em outra fase do procedimento. A sentença fi nal deverá ser proferida 
apenas sobre o mérito. O saneamento do processo, portanto, envolverá a trí-
plice declaração positiva de admissibilidade do direito de ação, validade do 
processo e deferimento de prova oral ou pericial.
O despacho saneador tem natureza de decisão interlocutória e, portanto, é 
atacável mediante agravo retido ou de instrumento, sob pena de preclusão.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 26
AULA 5. AGRAVO DE INSTRUMENTO E AGRAVO RETIDO.
Leitura Obrigatória: WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de pro-
cesso civil, volume 1: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 
8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, P. 
550-557.
Leitura Complementar: CARNEIRO, Athos Gusmão. Do recurso de 
agravo ante a lei 11.187/2005. In: Aspectos polêmicos e atuais dos Recursos 
Cíveis, v. 10, São Paulo: RT, pp. 34-48.
Recurso é o meio de impugnação de decisão judicial hábil a permitir o seu 
reexame. Com efeito, a decisão judicial pode ser passível de erro ou, ainda, 
má-fé. Diga-se a propósito, que é intuitivo das pessoas a inconformação diante 
do primeiro juízo que lhe é dado. Ora, a eliminação do confl ito deve se dar 
através de meios reconhecidamente idôneos. Neste particular, são extrema-
mente importantes os princípios do contraditório e ampla defesa, pois como 
ensina Candido Rangel Dinamarco, “existe predisposição a aceitar decisões 
desfavoráveis na medida em que cada um, tendo oportunidade de participar 
na preparação da decisão e infl uir no seu teor mediante observância do pro-
cedimento adequado, confi a na idoneidade do sistema em si mesmo”. Dessa 
forma, o recurso permite que o sucumbente, em eventual manutenção da 
decisão atacada, aceite-a, independentemente de não haver consenso.
No que tange às decisões interlocutórias, isto é, decisão pela qual o juiz, no 
curso do processo, resolve questão incidente, o recurso cabível é o agravo (seja 
no processo de conhecimento, cautelar ou execução), salvo disposição diversa 
em lei, no prazo de 10 (dez) dias, de acordo com o art. 522 do CPC.
O referido dispositivo informa que o agravo pode ser interposto na forma 
retida ou de instrumento. A regra geral, com o advento da Lei 11.187/2005, 
é de que o agravo seja interposto na forma retida, admitindo-se, excepcional-
mente, a modalidade de instrumento.
Assim, o agravo de instrumento só é admissível quando se tratar de decisão 
suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos 
casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é 
recebida. Também deve ser admitido quando a lei expressamente determinar, 
como, por exemplo, o art. 475-H e 475-M, § 3º, ambos do CPC.Ressalte-se que se a decisão interlocutória for proferida no processo de exe-
cução, o recurso cabível é o agravo de instrumento, apesar da ausência de 
disposição expressa, pois neste tipo de processo não há perspectiva de uma 
sentença fi nal apelável.
Existem outras decisões interlocutórias proferidas no âmbito dos tribunais 
que desafi am o agravo. São elas: i) decisão do relator que nega seguimento a 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 27
recurso (art. 557, § 1º, CPC); ii) decisão do relator que indefere embargos 
infringentes (art. 532, CPC); iii) decisão do presidente ou vice-presidente que 
não admite recurso especial ou extraordinário (art. 544, CPC); iv) decisão do 
relator que não admite o agravo de instrumento em recurso extraordinário 
ou especial, ou lhe nega provimento (art. 545, CPC); v) qualquer decisão, no 
âmbito do STF ou STJ, proferida pelo Presidente do Tribunal, da Seção, da 
Turma ou de Relator que cause gravame à parte (art. 39 da Lei 8.038/90).
Elaboração de Agravo Retido. Requisitos.
O agravo retido é interposto por petição escrita dirigida ao juiz da causa, ou 
oralmente de decisões interlocutórias proferidas em AIJ (art. 523, § 3º, CPC). 
O recurso deverá conter, ainda, a exposição do fato e fundamento e as razões 
do pedido de reforma ou anulação da decisão judicial.
Registre-se, ainda, o agravado será ouvido no prazo de 10 (dez) dias, po-
dendo o juiz exercer o juízo de retratação.
Observação: Esta modalidade de agravo só será conhecida quando do julga-
mento da apelação (art. 523, CPC). Desta forma, é imprescindível, sob pena 
de não ser conhecido, que na apelação o agravante requeira expressamente que 
o Tribunal, preliminarmente conheça do agravo.
Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal 
dele conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação.
§ 1o Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas razões 
ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal.
§ 2o Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz 
poderá reformar sua decisão.
§ 3º – Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julga-
mento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, 
bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões 
do agravante.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 28
Elementos essenciais na elaboração do agravo de instrumento:
Identifi cação
Endereçamento
Indicação das partes
Corpo
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reforma/anulação
Fecho
Local, data
Assinatura
Elaboração de Agravo de Instrumento. Requisitos.
O agravo de instrumento é interposto mediante petição escrita e dirigida 
diretamente ao Tribunal ad quem. No Estado do Rio de Janeiro, esta modali-
dade de agravo é dirigida ao 1º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça (art. 31, 
CODJERJ). Deverá constar, ainda, o nome e o endereço completo dos advo-
gados constantes do processo (art. 524, CPC). No corpo do agravo, o agra-
vante indicará os fatos e fundamentos para a reforma/anulação da decisão.
É imperioso que o agravo venha instruído com cópias da decisão agravada, 
da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advoga-
dos do agravante e do agravado, bem como todas as demais peças que enten-
dam ser importantes para o deslinde, além do preparo (art. 525, CPC).
Observação: é fundamental a elaboração de petição dirigida ao prolator da 
decisão impugnada comunicando da interposição do agravo, sob pena de ser 
inadmitido o recurso.
Identifi cação
Endereçamento
Indicação das partes
Indicação dos patronos e seus respectivos endereços
Corpo
Razões do pedido de reforma
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 29
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reforma/anulação
Documentos que instruem o recurso
Preparo
Fecho
Local, data
Assinatura
Registre-se, por oportuno, que é importante que o advogado, ao elaborar o 
recurso, qualquer que seja, abra um tópico próprio acerca da tempestividade 
da peça processual. De outro ponto, facilita a análise de admissibilidade a ela-
boração de um rol de documentos anexados.
Caso Gerador:
Suzana e Annie ingressaram com ação em face de Seguro Saúde Tudo em 
Cima Ltda. (seguradora) e Saúde Móvel Ltda. (prestadora de serviço de am-
bulância) em virtude da morte de Cláudio, fi lho e irmão das autoras, respec-
tivamente. Na inicial, as autoras afi rmam que o falecido começou a sofrer 
fortes dores no peito às 14:00 hs do dia 15.04.2008. Apesar de contatarem a 
prestadora de serviços móveis às 14:10 hs, a ambulância somente chegou às 
19:30hs, quando, então, Cláudio já havia falecido após inúmeras horas de 
sofrimento, não só para o próprio, mas, também, para sua mãe e irmã, que 
frente à sua impotência de obter socorro. Alegam que a demora demasiada na 
prestação do serviço médico de emergência, caracterizando a má prestação do 
serviço, resultou na morte de Cláudio.
Para provar os fatos alegados, requereram a produção de prova pericial para 
determinar se foi realmente a demora que levou ao resultado danoso. Após a 
contestação tempestiva do réu, que também pugnou pela produção de prova 
pericial, os autos voltaram conclusos ao magistrado que proferiu o seguinte 
despacho:
“Tem-se, assim, que as partes são legítimas e estão bem representadas, e presentes 
se encontram as condições da ação e os pressupostos processuais. Não há nulidades a 
declarar. Dispenso a audiência de conciliação, o que faço com fulcro no §3º do art.331 
do CPC. Dou o feito por saneado. Como se verifi ca da contestação ofertada, afi rmam 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 30
os réus que a morte do ente querido não se deu em virtude da demora, mas pela obs-
trução completa da passagem de sangue em uma das artérias coronárias. Tal questão 
fática, a toda evidência, está a exigir a produção de prova, até porque se consubstancia 
a mesma em verdadeiro fator extintivo do direito da parte autora. Em assim sendo, 
impõe-se defl agrar a fase de produção de provas, sendo certo, no entanto, que o meio de 
prova adequado para comprovação de tal questão fática não é a pericial, data venia, 
como requerido pelas partes, mas, sim, a testemunhal. Por força dos motivos supra 
consignados, indefi ro a prova pericial requerida pelas partes, por desnecessária. Defi ro, 
no entanto, a produção da prova testemunhal e documental suplementar, determi-
nando, ainda, o comparecimento dos réus e das autoras para colheita de depoimentos. 
Designo audiência de instrução e julgamento para o dia XX de XXXXXXX de XXXX, 
às XX horas, devendo o rol de testemunhas ser juntado até 20 dias antes da data ora 
assinalada. Cumpra-se e intimem-se.”
Redija a(s) peça(s) processual(is) cabível(is), abordando todas as questões 
de direito processual e material.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 31
AULA 6. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO.
Leitura Obrigatória: SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direi-
to processual civil. V. 2. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 285-299.
Uma vez encerrada a fase de saneamento, o juiz deverá marcar a audiência 
de instrução e julgamento, de forma a se produzirem as provas de natureza 
oral, debatendo as partes os fatos e o direto (princípio da concentração da 
causa). Ela é ponto chave, pois coloca o juiz em contato direto com as partes.
São características da audiência de instrução e julgamento a publicidade, 
a direção pelo juiz, a unicidade e continuidade, a identidade física do juiz, 
entre outros.
A AIJ comporta atos de quatro espécies:
a) Preparatórios, com a designação da data e hora de sua realização, a 
intimação das partes, o pregão das pares e seus advogados (art. 450, 
CPC);
b) Conciliatórios, quando o litígio versarsobre direitos patrimoniais de 
caráter privado (art. 447, CPC);
c) Instrutórios, em que se produzem provas e esclarecimentos adicio-
nais (art. 452, CPC); e
d) Decisórios, em que o juiz profere a sentença (art., 456, CPC).
Art. 450. No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência, mandan-
do apregoar as partes e os seus respectivos advogados.
Art. 451. Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fi xará os pontos contro-
vertidos sobre que incidirá a prova.
Art. 452. As provas serão produzidas na audiência nesta ordem:
I – o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos, 
requeridos no prazo e na forma do art. 435;
II – o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu;
III – fi nalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu.
Art. 453. A audiência poderá ser adiada:
I – por convenção das partes, caso em que só será admissível uma vez;
Il – se não puderem comparecer, por motivo justifi cado, o perito, as partes, as 
testemunhas ou os advogados.
§ 1o Incumbe ao advogado provar o impedimento até a abertura da audiência; 
não o fazendo, o juiz procederá à instrução.
§ 2o Pode ser dispensada pelo juiz a produção das provas requeridas pela parte cujo 
advogado não compareceu à audiência.
§ 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 32
Art. 454. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e ao 
do réu, bem como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de 20 
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez), a critério do juiz.
§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro, o prazo, que formará com o da prorrogação 
um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo 
diverso.
§ 2o No caso previsto no art. 56, o opoente sustentará as suas razões em primeiro 
lugar, seguindo-se-lhe os opostos, cada qual pelo prazo de 20 (vinte) minutos.
§ 3o Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate 
oral poderá ser substituído por memoriais, caso em que o juiz designará dia e hora 
para o seu oferecimento.
Art. 455. A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluir, num só dia, 
a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu prosseguimento para dia 
próximo.
Art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a senten-
ça desde logo ou no prazo de 10 (dez) dias.
Caso Gerador:
A presente aula tem como dinâmica de sala de aula a realização de uma 
audiência de instrução e julgamento simulada. Os alunos que estiverem de-
fendendo a mesma posição (elaborando a inicial ou a contestação) deverão se 
reunir e preparar a melhor linha de defesa para o seu cliente. Na audiência, 
serão admitidos até três advogados para cada cliente.
Analise a narrativa abaixo:
A Associação Dos Moradores Do Bairro Vida Feliz moveu em face de Carlos Júlio 
e s/ mulher, Maria Aparecida, ação, pelo rito sumário, para compelir os réus a partici-
parem, em igualdade de condições com os demais moradores, do rateio das despesas da 
Associação com a manutenção dos serviços prestados aos moradores, com a conseqüente 
condenação ao pagamento das cotas de manutenção vencidas desde 15/06/2006, e 
ainda as que se vencerem até o cumprimento da obrigação, acrescidas de juros legais 
e correção monetária.
Narra a inicial que a autora é uma associação que tem por fi m a defesa dos 
interesses coletivos dos moradores do bairro Vida Feliz, inclusive os réus, que são pro-
prietários do imóvel situado no referido bairro na rua Z, 326. Esclarece, ainda, que 
a associação vem benefi ciando os moradores com uma série de benfeitorias e serviços, 
tendo promovido a instalação de cancelas e guaritas e assumido a varredura das ruas, 
prestando ainda outros serviços, como os relativos à segurança, que ´hoje é feita 24 
horas por dia, sete dias por semana, utilizando 60 homens através da terceirização dos 
serviços´. Acrescenta a inicial que ´a associação, para manter os benefícios a todos os 
moradores, cobra deles uma cota de contribuição, sendo certo, no entanto, que alguns 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 33
moradores, dentre os quais os réus, se recusam a ratear tais despesas. Em razão de tais 
fatos, requer a autora, a condenação dos réus ao pagamento das cotas de manutenção 
vencidas desde 15/06/2006, bem como aquelas que se vencerem no curso da ação.
Em sua contestação, os réus afi rmam que o imóvel do qual são proprietários encon-
tra-se ´num logradouro público, não originário de loteamento fechado, muito menos 
de condomínio formal ou informal´. Acrescentam os réus que, ao contrário do que foi 
narrado pela parte autora, o local em que moram ´apresenta total decadência´, posto 
que há calçadas quebradas e sujas, rompimento de velhas tubulações, invasão de ve-
ículos e asfalto danifi cado, sendo certo, ainda, que a limpeza das calçadas é efetuada 
pelos empregados domésticos dos moradores.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 34
AULA 7. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. IMPUGNAÇÃO
Leitura Obrigatória: MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo 
civil brasileiro: exposição sistemática do procedimento. Ed. Ver. e atual. Rio 
de Janeiro: Forense, 2008, p. 189-202.
Noções
É interessante notar que a lei 11.232/05 alterou substancialmente o regra-
mento acerca do cumprimento da sentença. Antes do advento da referida lei, 
era necessário ao autor da demanda, que obteve êxito, ingressar com uma nova 
ação de execução, procedendo à uma nova citação.
O Código de Processo Civil, no entanto, foi sendo sistematicamente al-
terado pelo legislador (as leis 8.952/94 e 10.444/02 já haviam modifi cado o 
cumprimento das sentenças quando se tratassem de obrigações de fazer e dar), 
a fi m de permitir uma maior celeridade e efetividade ao processo.
Atualmente, a execução de sentença se fará, sem solução de continuidade, no 
mesmo processo em que se proferiu a sentença, dispensando-se, por conseguinte, a 
necessidade da propositura de uma nova ação. Assim dispõe o art. 475, I do CPC:
Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A 
desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos 
demais artigos deste Capítulo.
Liquidação de sentença
Em regra, a sentença de dívida pecuniária proferida pelo juiz deve ser lí-
quida (art. 459, parágrafo único). No entanto, quando o pedido for genérico, 
é possível que o juiz profi ra sentença ilíquida, salvo nos casos de rito sumário 
(art. 275, II, d ou e, CPC), sendo imperioso fi xar desde então o valor devido 
(art. 475, A, § 3º, CPC).
Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua 
liquidação. (...)
§ 3o Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso 
II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o 
caso, fi xar de plano, a seu prudente critério, o valor devido.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 35
Uma vez que a sentença seja ilíquida, contudo, é preciso proceder à sua li-
quidação para que o autor da demanda satisfaça sua pretensão, nos termos do 
caput do art. 475-A do CPC. A cognição na execução, entretanto, é limitada. 
Com efeito, o seu objeto consiste apenas na fi xação do quantum devido.
Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modifi car a sen-
tença que a julgou.
Inicialmente, a parte interessada deve requerer a liquidação da sentença. 
Este requerimento, por sua vez, poderá ser feito ainda na pendência de recurso 
(especialmente os recursos aos tribunais superiores que, em regra, não são do-
tados de efeito suspensivo), ou após o trânsito em julgado. No primeiro caso, 
a liquidação será processada em autos apartados, ao passo que no segundo, 
nos mesmoautos. Realizado o requerimento, o executado será intimado, na 
pessoa de seu advogado.
Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua 
liquidação.
§ 1o Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa 
de seu advogado.
§ 2o A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em 
autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com 
cópias das peças processuais pertinentes.
A liquidação pode se dar ou por arbitramento, ou por artigos. A liquida-
ção por arbitramento terá lugar sempre que a lei determinar, quando o juiz 
na própria sentença assim determinar ou quando houver sido acordado pelas 
próprias partes. Ela é realizada sempre que a fi xação do valor depender de 
conhecimentos técnicos especializados. Nesta caso, é chamado em juízo um 
perito, nomeado pelo juiz, que irá arbitrar o valor.
Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando:
I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;
II – o exigir a natureza do objeto da liquidação.
Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e 
fi xará o prazo para a entrega do laudo.
Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se 
no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência.
A liquidação por artigos será feita quando for necessário alegar e provar fa-
tos novos. É comum que em ações de indenização, a obrigação de indenizar já 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 36
exista, apesar de que ainda não se manifestaram todos os efeitos danosos, razão 
pela qual a fi xação da indenização só poderá se realizar integralmente após a 
prolação da sentença. Para tal liquidação, adotar-se-ão as regras do procedi-
mento ordinário, no que for compatível, a fi m de assegurar o contraditório.
Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor 
da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.
Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedi-
mento comum (art. 272).
Da decisão da liquidação, por não se tratar de sentença de mérito, caberá, 
recurso de agravo de instrumento.
Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.
Por fi m, é de se verifi car que se a liquidação depender, apenas, de cálculos 
aritméticos, não será possível a liquidação, devendo o exeqüente requerer o 
cumprimento da sentença, apresentando o cálculo discriminado.
Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de 
cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 
475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do 
cálculo.
Cumprimento de sentença
Uma vez que a sentença é líquida ou foi liquidada, cabe ao autor promover 
o seu cumprimento, na forma do art. 475, I e seguintes, todos do CPC. A lei 
determina que o réu deverá cumprir a sentença no prazo de 15 (quinze) dias, 
sob pena no valor de 10% da condenação.
Caso o réu não cumpra, será expedido mandado de penhora e avaliação, 
a requerimento do autor. Da penhora, será intimado o réu para impugnar o 
cumprimento de sentença no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fi xa-
da em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação 
será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor 
e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de 
penhora e avaliação.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 37
§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, 
na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante 
legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, 
querendo, no prazo de quinze dias.
Elaboração da petição de cumprimento de sentença.
Trata-se petição simples dirigida ao juízo do processo de conhecimento 
pelo qual o autor irá requerer a intimação do réu para pagar no prazo de 15 
(quinze) dias, apresentando, desde já, a planilha de débito discriminada. Por 
outro lado, não é necessário qualifi car as partes.
A planilha de débito, por sua vez, deverá conter o valor relativo ao princi-
pal, juros de mora, multa, se houver, despesas judiciais, honorários periciais, 
se for o caso, honorários advocatícios, correção monetária e honorários advo-
catícios da execução.
Caso Gerador:
Analise a parte dispositiva da decisão abaixo:
“Diante do exposto, julgo procedentes os pedidos para condenar os réus a pagar os 
reparos do imóvel do autor no valor de R$ 53.125,00, bem como a pagar a título de 
lucros cessantes o valor de aluguel do imóvel no importe de R$ 1.400,00 até o trânsito 
em julgado da ação; e ao pagamento de indenização a título de danos morais no valor 
de R$ 10.000,00, acrescidos dos juros de mora desde a citação
Condeno o réu, ainda, no pagamento das custas judiciais e honorários advocatí-
cios, fi xados em 10% sobre o valor da condenação.”
Levando-se em consideração que o dano ao autor foi causado no dia 
15.08.2006 e o trânsito em julgado ocorreu em 20.09.2008, sendo certo que 
a citação do réu ocorrera em 29.10.2006, redija a peça processual cabível.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 38
AULA 8. APELAÇÃO. CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO.
Leitura Obrigatória: MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo 
civil brasileiro: exposição sistemática do procedimento. Ed. Ver. e atual. Rio 
de Janeiro: Forense, 2008, p. 132-143.
O recurso em direito processual implica no meio ou remédio impugnativo 
apto para provocar, dentro da relação processual, ainda em curso, o reexame 
de decisão judicial, visando a obter a reforma, a invalidação, o esclarecimento 
ou a integração11.
Em outras palavras, a apreciação do processo não fi ca circunscrita, em re-
gra, a um único provimento. Com o fi to de garantir a “justiça” das decisões, o 
nosso ordenamento prevê a possibilidade de novos exames acerca da lide. Nes-
sas situações, deve a parte interessada promover o meio processual adequada 
para obter uma nova decisão.
Repare-se, no entanto, que existem algumas situações em que o próprio 
legislador previu a necessidade do reexame da decisão. Tratam-se de hipóteses 
em que a existe um interesse público que justifi ca a reapreciação da decisão 
judicial, independentemente do pedido das partes. É o caso das sentenças pro-
feridas contra a União, Estado, Distrito Federal, Município, suas autarquias e 
fundações de direito público. (art. 475, CPC). A regra, no entanto, é a de que 
as partes devem provocar o reexame das decisões. Para tanto, é preciso obser-
var algumas exigências previstas em lei.
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão 
depois de confi rmada pelo tribunal, a sentença:
I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as res-
pectivas autarquias e fundações de direito público;
II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida 
ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI).
Princípios Recursais
Dentre vários princípios apontados pela doutrina e jurisprudência, indi-
cam-se os principais princípios inspiradores do sistema recursal brasileiro:
– Duplo Grau de Jurisdição: consistente na possibilidade de submeter a 
lide a exames sucessivos, por juízes diferentes, como “garantia de boa 
solução12”.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 39
11 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso 
de direito processual civil – teoria geral 
do direito processual civil e processo de 
conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 
2005, p. 600.
12 BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Co-
mentários ao Código de Processo Civil. 
11ª ed., nº 138, p.237.
– Taxatividade: só há recursos que a lei preveja. Não existem recursos 
além daqueles prescritos pela lei, não se admitindo a interpretação ex-
tensiva. Deve-se observar, no entanto, que se não houver um recurso 
para a decisão que se pretende impugnar, é aplicável o mandado de 
segurança de acordo com o art. 5º Da Lei 1.533/51.
– Unirrecorribilidade: também chamado de princípio da singularidade ou 
unicidade, implicam em que só é possível apenas um tipo de recurso 
para cada decisão judicial.
– Fungibilidade: de acordo com este princípio, é admitido o recebimen-
to do recurso inadequado como se adequado fosse. Em outras pala-
vras, um recurso pode ser recebido por outro, desde que não haja erro 
grosseiro.
– Proibição ao Reformatio in Pejus: por este princípio, o recorrente nunca 
corre o risco de ver sua situação piorada. Isto é, a reforma da decisão 
nunca pode ser para piorar a situação jurídica do recorrente, sem que a 
outra parte também tenha recorrido. Sobre o tema, o Superior Tribu-
nal de Justiça elaborou a súmula 45 que determina que, ainda que se 
trate de reexame necessário, o Tribunal não pode agravar a condenação 
imposta à Fazenda Pública.
Súmula 45, STJ – No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a conde-
nação imposta à Fazenda Pública.
Efeitos dos Recursos
– Impedimento ao trânsito julgado: o recurso obsta a ocorrência da pre-
clusão e da coisa julgada, em relação ao objeto do recurso.
– Devolutivo: por intermédio do recurso é devolvido ao tribunal ad quem 
o conhecimento da matéria impugnada.
– Suspensivo: através deste efeito, o recurso prolonga o estado de inefi -
cácia em que se encontrava a decisão. Com efeito, a decisão ainda não 
começou a produzir seus efeitos, dessa forma, esse efeito impede toda 
a efi cácia da decisão.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 40
Admissibilidade e Mérito
Conforme mencionamos, para que uma decisão seja revista, é preciso que 
o recurso observe algumas exigências legais. É preciso, portanto, verifi car se a 
peça processual interposta cumpre todas as condições impostas pela lei. Uma 
vez cumpridas, decide-se a matéria impugnada.
Tratam-se de dois juízos distintos para a análise do recurso. Isto é, ao órgão 
que se endereçou o recurso, cabem duas deliberação: uma sobre as condições 
processuais (juízo de admissibilidade) e outro sobre a decisão impugnada (juízo 
de mérito).
O juízo de admissibilidade tem como objeto os “requisitos necessários para 
que se possa legitimamente apreciar o mérito do recurso”. Estes podem ser in-
trínsecos ou extrínsecos. Os primeiros são aqueles atinentes à própria existência 
do recurso. São eles: a) Cabimento (o ato deve ser suscetível de impugnação 
pelo recurso interposto); b) Legitimidade (tem legitimidade as partes, o Minis-
tério Público e o terceiro interessado – art. 499, CPC); c) Interesse (o interesse 
em recorrer é da parte sucumbente, ou seja, a parte prejudicada pela decisão).
Os segundos, concernentes ao exercício do direito de recorrer, são: a) tem-
pestividade (deve ser interposto no prazo correto); b) regularidade formal 
(deve-se observar a forma de interposição, por exemplo, forma escrita da ape-
lação); c) preparo (pagamento das custas judiciais); d) motivação (o recurso 
interposto sem motivação constitui pedido inepto).
Presentes todos os requisitos, o tribunal ad quem conhecerá do recurso e 
poderá julgar o mérito.
O juízo de mérito, por sua vez, tem como objeto o conteúdo da impugna-
ção à decisão recorrida. Procura-se analisar se existe um vício de juízo (error in 
judicando), com a consequente reforma da decisão, ou um vício de atividade 
(error in procedendo) quando se pleiteia a invalidação da decisão.
Apelação
A apelação é o recurso cabível contra a sentença (art. 513, CPC). Contra 
a decisão que põe fi m ao provimento jurisdicional de primeira instância, é 
cabível a apelação. É preciso lembrar, no entanto, que o juiz não receberá a 
apelação que estiver em conformidade com súmula do STJ ou STF (art. 518, 
§ 1º, CPC) – adoção do princípio da súmula impeditiva de recurso.
Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, 
mandará dar vista ao apelado para responder.
§ 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em confor-
midade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 41
Este recurso deve ser apresentado, em 15 dias, por petição escrita, perante 
o órgão jurisdicional que proferiu a sentença. Deve vir, necessariamente, ins-
truída com o comprovante de preparo, salvo nas hipóteses de gratuidade de 
justiça.
A apelação é recebida, em regra nos efeitos devolutivo e suspensivo. Ele 
devolve toda a matéria impugnada ao juízo a quo. Este recurso também impe-
de o início dos efeitos da decisão judicial, salvo nas hipóteses do art. 520, de 
maneira que é possível iniciar a execução provisória.
Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no 
entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que:
I – homologar a divisão ou a demarcação;
II – condenar à prestação de alimentos;
III – (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV – decidir o processo cautelar;
V – rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes;
VI – julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem;
VII – confi rmar a antecipação dos efeitos da tutela;
Elaboração da Apelação:
Os recursos podem ser interpostos em uma única peça, observando-se as 
quatro partes da petição (identifi cação, corpo, postulação e fecho). Em geral, 
no entanto, são os recursos organizados em duas peças que se integram:
– petição de interposição dirigida ao órgão prolator;
– razões com que impugna a decisão, dirigida ao juízo ad quem.
Nos dizeres de Luis Rodrigues Wambier:
“Trata-se, via de regra, de duas petições escritas: uma, dirigida ao próprio ór-
gão a quo, chamada de petição de interposição, onde a parte praticamente anun-
cia que vai interpor o recurso. A outra dirigida ao tribunal, é a petição de razões, 
onde o recorrente expõe os porquês de dever a decisão ser alterada e formula o 
pedido de reforma da decisão, fi xando os limites dentro dos quais pode decidir o 
tribunal, julgando o recurso”13
É fundamental ao causídico, ser cuidadoso com a prova produzida nos 
autos, fazendo expressa menção em suas razões, permitindo ao órgão ad quem 
uma análise mais apurada. Essa análise é ainda mais importante quando se 
pensa num eventual recurso especial ou extraordinário em que fi ca vedado o 
reexame de prova (Súmula 279, STF e 7 do STJ).
Pede-se, no recurso de apelação, o “conhecimento e provido”.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 42
13 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso 
avançado de processo civil, volume 
1: teoria geral do processo e processo 
de conhecimento. 8ª ed. rev., atual. e 
ampl. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2006, p. 541.
Petição de interposição
Identifi cação
Endereçamento (juízo a quo)
Indicação das partes
Postulação
Recebimento do recurso e sua remessa ao tribunal.
Preparo
Fecho
Local, data
Assinatura
Petição com as razões
Identifi cação
Indicação das partes (apelante e apelado)
Corpo
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reforma/anulação
Fecho
Local, data
Assinatura
Caso Gerador:
(37º Exame da OAB – 2ª Fase) Gustavo ajuizou, em face de seu vizinho 
Leonardo, ação com pedido de indenização por dano material suportado em 
razão de ter sido atacado pelo cão pastor alemão de propriedade do vizinho. 
Segundo relato do autor, o animal, que estava desamarrado dentro do quintal 
de Leonardo, o atacara, provocando-lhe corte profundo na face. Em consequ-
ência do ocorrido, Gustavo alegou ter gasto R$ 3 mil em atendimento hospi-talar e R$ 2 mil em medicamentos. Os gastos hospitalares foram comprovados 
por meio de notas fi scais emitidas pelo hospital em que Gustavo fora atendi-
do, entretanto este não apresentou os comprovantes fi scais relativos aos gastos 
com medicamentos, alegando ter-se esquecido de pegá-los na farmácia.
Leonardo, devidamente citado, apresentou contestação, alegando que o 
ataque ocorrera por provocação de Gustavo, que jogava pedras no cachorro. 
Alegou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado 
na indenização o valor gasto com medicamentos.
Houve audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas ouvi-
das declararam que a mureta da casa de Leonardo media cerca de um metro 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 43
e vinte centímetros e que, de fato, Gustavo atirava pedras no animal antes do 
evento lesivo.
O juiz da 40.ª Vara Cível de Curitiba proferiu sentença condenando Leo-
nardo a indenizar Gustavo pelos danos materiais, no valor de R$ 5 mil, sob 
o argumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda 
e por considerar razoável a quantia que o autor alegara ter gasto com medi-
camentos. Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão 
do fato, Leonardo foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6 mil. 
A sentença foi publicada em 12/1/2009. Após uma semana, Leonardo, não se 
conformando com a sentença, procurou advogado.
Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) 
contratado(a) por Leonardo, elabore a peça processual cabível para a defesa 
dos interesses de seu cliente.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 44
AULA 9. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EMBARGOS INFRINGENTES. RE-
CURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
Leitura Obrigatória: MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo 
civil brasileiro: exposição sistemática do procedimento. Ed. Ver. e atual. Rio 
de Janeiro: Forense, 2008, p. 155-175.
Embargos de Declaração
Ao recurso que objetiva pedir ao juiz ou tribunal prolator da decisão que 
afaste a obscuridade, supra a omissão ou elimine a contradição, denomina-se 
embargos de declaração.
Os litigantes têm o direito à prestação jurisdicional de forma completa 
e clara sendo, portanto, inadmissível a existência decisões obscuras, contra-
ditórias ou omissas. Esse o objetivo dos embargos: esclarecer ou integrar o 
pronunciamento judicial.
Toda e qualquer decisão judicial pode ser objeto de embargos de declara-
ção. Nesse sentido lembra Barbosa Moreira que “[o]s embargos de declaração 
podem caber contra qualquer decisão judicial, seja qual for a sua espécie, o ór-
gão de que emane e o grau de jurisdição em que se profi ra – não se limitando 
o cabimento, no primeiro grau, às sentenças (...)14”.
Art. 535. Cabem embargos de declaração quando:
I – houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição;
II – for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal.
Efeitos dos embargos de declaração
Apesar de alguns doutrinadores entenderem diferentemente15, os embargos 
de declaração produzem, em regra, os efeitos devolutivo, suspensivo e inter-
ruptivo. Ainda que seja para o mesmo órgão, os embargos devolvem a matéria 
ao prolator da decisão, porquanto este irá examinar a decisão em busca da 
omissão, obscuridade ou contradição.
Por outro lado, a interposição dos embargos não só impedem a efi cácia da 
decisão judicial como, também, interrompem o prazo para interposição de 
outros recursos. Esse efeito interruptivo afeta tanto o embargante quanto o 
embargado. Dessa forma, é especialmente importante que o embargado esteja 
atento caso pretenda interpor Recurso Especial ou Extraordinário.
Caso uma das partes interponha Recurso Especial ou Extraordinário dire-
tamente e a outra interponha Embargos de Declaração, o recurso especial ou 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 45
14 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O 
novo processo civil brasileiro: exposição 
sistemática do procedimento. Ed. Ver. 
e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2008, 
p. 155.
15 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O 
novo processo civil brasileiro: exposição 
sistemática do procedimento. Ed. Ver. 
e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2008, 
p. 156.
extraordinário serão considerados extemporâneos, pois o prazo para recorrer 
foi interrompido. Dessa forma, para que os referidos recursos sejam conheci-
dos, tornar-se-á imprescindível peticionar ratifi cando os recursos. Essa inter-
rupção atinge todas as partes, de acordo com o art. 538, caput do CPC.
Art. 538. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de 
outros recursos, por qualquer das partes.
Essa é, aliás, a posição já adotada pelos Tribunais, como pode se perce-
ber do julgamento do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 
580.648 – RS que fi cou assim consignado: “AGRAVO REGIMENTAL NO 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO 
ANTES DO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 
IMTEMPESTIVIDADE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1.É 
extemporâneo o recurso especial interposto antes do julgamento dos embar-
gos de declaração, salvo se houver reiteração posterior, porquanto o prazo para 
recorrer só começa a fl uir após a publicação do acórdão integrativo. 2. Agravo 
regimental improvido.”
Repare-se, por outro lado, que os embargos de declaração são fundamen-
tais para fi ns de prequestionamento em se tratando de decisões que não foram 
apreciadas pelo Tribunal a quo. O STF e o STJ já fi rmaram posição nesse 
sentido. O Superior Tribunal de Justiça também já determinou que os em-
bargos de declaração com notório propósito de prequestionamento não são 
considerados protelatórios.
Súmula 356, STF – O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos 
embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o 
requisito do prequestionamento.
Súmula 211, STJ – Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito 
da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal “a quo”.
Súmula 98, STJ – Embargos de declaração manifestados com notório propósito de 
prequestionamento não têm caráter protelatório.
Por fi m, ressalte-se que os embargos de declaração podem ter efeitos in-
fringentes quando o prolator da decisão, acolhendo os embargos, se deparar 
com situação que exija a reforma da decisão, como consequência da correção 
do vício. O STJ entende, ainda, cabíveis embargos de declaração com efeitos 
infringentes sempre que o órgão prolator tiver se baseado em premissa equivo-
cada baseada em erro de fato. Afi rma-se que “É admitido o uso de embargos 
de declaração com efeitos infringentes, em caráter excepcional, para a corre-
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 46
ção de premissa equivocada, com base em erro de fato, sobre a qual tenha se 
fundado o acórdão embargado, quando tal for decisivo para o resultado do 
julgamento” (Terceira Turma, EDcl no REsp n. 599.653, Relatora Ministra 
Nancy Andrighi, DJ de 22/8/2005).
Elaboração dos embargos de declaração
Os embargos devem ser opostos por petição escrita dirigida ao órgão pro-
lator da decisão no prazo de 5 (cinco) dias.
Identifi cação
Endereçamento (juízo a quo)
Indicação das partes
Corpo
Razões do recurso
Postulação
Admitidos e providos para sanar a obscuridade/solucionar a contra-
dição/suprir a omissão
Preparo
Fecho
Local, data
Assinatura
Embargos Infringentes
Embargos infringentes são o recurso cabível contra acórdão não-unânime 
proferido em apelação ou ação rescisória que reformou, em grau de apelação, 
sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória.
Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver 
reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente 
ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objetoda divergência.
O escopo do presente recurso é fazer valer o voto vencido. Ressalte-se que 
a ausência de unanimidade deve ocorrer no dispositivo do acórdão, pouco 
importando se for na fundamentação jurídica.
Interessante notar, contudo, que nem todas as decisões não-unânimes que 
reformam sentença de mérito são suscetíveis aos embargos infringentes. Ape-
sar de existir doutrina em contrário, o STF e o STJ já se manifestaram no 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 47
sentido de não cabimento do presente recurso em julgamento de apelação de 
mandado de segurança.
Súmula 169, STJ – São inadmissíveis embargos infringentes no processo de man-
dado de segurança.
Súmula 597, STF – Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em man-
dado de segurança decidiu, por maioria de votos, a apelação.
Não se pode olvidar, por fi m, que para a interposição do recurso especial ou 
extraordinário é fundamental esgotar todos os recursos possíveis. Dessa forma, 
é inadmissível o recurso especial quando cabíveis embargos infringentes (Sú-
mula 207, STJ).
Súmula 207, STJ – É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos 
infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem.
Efeitos dos embargos infringentes
Apesar de existir discussão na doutrina, predomina a existência do efeito 
devolutivo, porquanto “não são julgados obrigatoriamente pelo mesmo órgão 
que proferiu a decisão embargada”. Com razão, eles possuem efeito devolutivo 
restrito pelas dimensões da divergência verifi cada no julgamento.
Quanto ao efeito suspensivo, a doutrina é vacilante. Ora afi rma pela pos-
sibilidade, ora pela impossibilidade. É preciso verifi car, no entanto, que se a 
apelação foi não foi recebida no efeito suspensivo, evidentemente que os em-
bargos infringentes não poderão produzir efeito suspensivo. Por outro lado, 
este recurso impede a formação da coisa julgada, bem como permanece a 
proibição da reformatio in pejus.
Elaboração dos Embargos Infringentes
Os embargos são opostos no prazo de 15 (quinze) dias por petição escrita 
dirigida ao relator da apelação ou ação rescisória. Abrir-se-á prazo para o recor-
rido apresentar as contra-razões. Da decisão que não admitir o recurso, caberá 
agravo no prazo de 5 (cinco) dias.
No Estado do Rio de Janeiro, os embargos são interpostos para o relator 
do acórdão. Admitidos, serão remetidos ao 1º Vice-Presidente que fará a dis-
tribuição para outra Câmara Cível (art. 130, §3º do RITJ/RJ), sendo certo 
que o julgamento será feito por cinco desembargadores. Ressalte-se que no 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 48
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, os embargos dependem de 
preparo (Lei Estadual 3.350/99). No Tribunal Regional Federal da 2ª Região, 
no entanto, não há necessidade de preparo.
Art. 130 – Interpostos os embargos, abrir-se-á vista ao recorrido para contra-razões, 
após o que apreciará o relator do acórdão embargado, a admissibilidade do recurso.
§ 3º – Admitidos os embargos, o Secretário da Câmara remeterá os autos à 1ª 
Vice-Presidência para distribuição por sorteio a outro relator de outra Câmara, obser-
vada a vedação do § 3º do artigo 129.
Em regra são opostos em duas petições: a) petição de interposição; b) pe-
tição das razões.
Petição de interposição
Identifi cação
Endereçamento (juízo a quo)
Indicação das partes
Postulação
Recebimento do recurso e seu regular processamento.
Preparo
Fecho
Local, data
Assinatura
Petição com as razões
Identifi cação
Indicação das partes (embargante e embargado)
Corpo
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para condenar/decretar ou 
declarar (ou julgar improcedente no caso de embargante/réu)
Fecho
Local, data
Assinatura
Recurso Especial e Extraordinário.
Apesar do esgotamento do provimento jurisdicional de 1º e 2º grau, o 
nosso ordenamento processual prevê a possibilidade de apresentar o recurso 
especial e extraordinário. Estes recursos são excepcionais, pois não se tratam 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 49
de terceiro grau de jurisdição. Ou seja, não prestam para exame dos fatos 
controvertidos nem das provas existentes, tampouco para analisar a justiça 
ou injustiça do julgado. Ele serve apenas para rever as teses jurídicas federais 
envolvidas no julgamento impugnado. Isso explica, em muito, a proibição das 
súmulas 5 e 7 do STJ e da súmula 279 do STF.
Súmula 279, STF – Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.
Súmula 5, STJ – A simples interpretação de cláusula contratual não enseja re-
curso especial.
Súmula 7, STJ – A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.
Eles têm como escopo, justamente, a tutela do direito objetivo, no caso de 
recurso extraordinário (STF) a defesa da Constituição, e, no caso do recurso 
especial (STJ), das leis e tratados federais. Eles têm por fi nalidade “garantir a 
efetividade e a uniformidade de interpretação do direito objetivo em âmbito 
nacional, ou seja, por meio destes recursos se pretende que o direito federal 
(inclusive a própria Constituição) seja efetivamente aplicado e que se deem às 
regras constitucionais e federais interpretações uniformes.
Por essas razões é que não se pode admitir recurso especial ou extraordinário em 
questão que não foi objeto da decisão judicial impugnada. Se eles apenas analisam 
a aplicação do direito federal, é preciso que a questão constitucional ou federal 
tenha sido apreciada. Ou seja, torna-se imperioso o prequestionamento para que 
os recursos sejam admitidos (súmulas 280, 283, 284 e 356 do STF e 211 do STJ). 
Por outro lado, enquanto recursos excepcionais, só são cabíveis quando esgotados 
todos os recursos aos tribunais inferiores (súmula 281 do STF e 207 do STJ).
Súmula 280, STF – Por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário.
Súmula 281, STF – É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na 
justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.
Súmula 283, STF – É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recor-
rida assenta em mais de um fundamento sufi ciente e o recurso não abrange todos eles.
Súmula 284, STF – É inadmissível o recurso extraordinário, quando a defi ciência 
na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia.
Súmula 356, STF – O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos 
embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o 
requisito do prequestionamento.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 50
Súmula 211, STJ – Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito 
da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal “a quo”.
Súmula 207, STJ – inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos in-
fringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem.
Recurso Extraordinário
O recurso extraordinário tem sua incidência prevista no art. 102, III da 
CRFB/88. Dessa forma, a interposição deste recurso tem como exigência a 
violação da ordem constitucional. Mas não basta. É preciso que o julgamento 
tenha sido em última ou única instância, porquanto a sua função é tutelar a 
autoridade e integridade da Constituição Federal.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe:
III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou 
última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral 
das questões constitucionais discutidas no caso, nos termosda lei, a fi m de que o Tri-
bunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação 
de dois terços de seus membros.
Interessante notar que a EC 45/2004 criou um requisito de admissibilida-
de específi co para a interposição do Recurso Extraordinário que é a Repercus-
são Geral. Com efeito, regulado pelo art. 543-A do CPC, o recorrente tem 
que demonstrar em preliminar de recurso a existência da repercussão geral, 
considerada como questões relevantes de ordem econômica, política, social ou 
jurídica que ultrapassem os interesses subjetivos da causa, tendo como certa a 
repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a súmula 
ou jurisprudência dominante do STF.
Uma causa é provida de repercussão geral, portanto, quando há interesse 
geral pelo seu desfecho, ou seja, interesse público e não somente dos envolvi-
dos naquele litígio. No momento em que o julgamento daquele recurso deixar 
de afetar apenas as partes do processo, mas também uma gama de pessoas fora 
dele, despertando interesse público, tem aquela causa repercussão geral.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 51
Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá 
do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer 
repercussão geral, nos termos deste artigo.
§ 1o Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de 
questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultra-
passem os interesses subjetivos da causa.
§ 2o O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação 
exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral.
§ 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a 
súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal.
Por outro lado, o Código de Processo Civil estabelece que em havendo 
multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia (recur-
sos repetitivos), o tribunal de origem selecionará um ou mais recursos repre-
sentativos da controvérsia e os remeterá ao STF para julgamento, fi cando os 
demais recursos sobrestados. Não se admitindo a repercussão geral, todos os 
demais recursos serão automaticamente não admitidos. Uma vez julgado pelo 
STF, todos os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais que pode-
rão declará-los prejudicados ou poderão retratar-se.
Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idên-
tica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do Regi-
mento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo.
§ 1o Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos 
da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais 
até o pronunciamento defi nitivo da Corte.
§ 2o Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-
ão automaticamente não admitidos.
§ 3o Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apre-
ciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão 
declará-los prejudicados ou retratar-se.
Elaboração do Recurso Extraordinário
Ele será interposto no prazo de 15 dias por petição escrita dirigida ao Pre-
sidente ou Vice-presidente do tribunal de justiça, contendo a exposição do 
fato e do direito e a demonstração do cabimento do recurso e as razões para a 
reforma (art. 541 do CPC). No Estado do Rio de Janeiro, a petição é dirigida 
ao 3º Vice-presidente do Tribunal de Justiça (art. 33, II do CODJERJ). No 
Tribunal Regional Federal da 2ª região, no entanto, a petição é dirigida ao 
Vice-Presidente do Tribunal, por delegação de seu Presidente (art. 18, pará-
grafo 2º, I do Regimento Interno do TRF2).
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 52
No primeiro momento da elaboração, o recorrente deve expor os fatos e o 
direito objeto do recurso. Posteriormente discorre acerca do cabimento do re-
curso. Observe-se que nesse momento o recorrente não ingressa no mérito do 
recurso. Isto é, não discute a questão de direito, mas apenas aponta o dispositivo 
constitucional aplicado pelo tribunal a quo. Após, ele discorrerá acerca da corre-
ta interpretação da norma constitucional. Mas já se tratam das razões recursais.
Art. 541. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Cons-
tituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal 
recorrido, em petições distintas, que conterão:
I – a exposição do fato e do direito;
Il – a demonstração do cabimento do recurso interposto;
III – as razões do pedido de reforma da decisão recorrida
Também é elaborado em duas petições (interposição e razões)
Petição de interposição
Identifi cação
Endereçamento (Presidente ou Vice-presidente)
Indicação das partes
Postulação
Recebimento do recurso e seu regular processamento.
Fecho
Local, data
Assinatura
Petição com as razões
Identifi cação
Indicação das partes (recorrente e recorrido)
Corpo
Exposição do fato e direito
Exposição do cabimento do recurso
Demonstração da Repercussão Geral
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reformar/anular o 
acórdão
Fecho
Local, data
Assinatura
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 53
Recurso Especial
O recurso especial, com previsão no art. 105, III da Constituição Federal, 
tem como função guardar a autoridade e unidade da lei federal. Dessa forma, 
o presente recurso terá cabimento quando for necessário resolver uma questão 
federal. Como ele procura garantir a uniformização da jurisprudência entre os 
Tribunais Federais ou Estaduais e do Distrito Federal, só terá cabimento con-
tra decisão de única ou última instância dos referidos tribunais. Dessa forma, 
é imperioso que se tenha esgotado os recursos ordinários.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III – julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instân-
cia, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito 
Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Interessante notar a alteração introduzida pela lei 11.672/08 que incluiu 
(art. 543-C do CPC), no âmbito do recurso especial, disposição sobre os re-
cursos especiais repetitivos, ou seja, multiplicidade de recursos especiais com 
fundamento na mesma questão de direito.
Quando isto ocorrer, o presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido 
admitirá um ou mais recursos representativos e os remeterá ao STJ, fi cando os 
demais suspensos até a decisão do Tribunal. Após a decisão do STJ, os recur-
sos suspensos terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido 
coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça, ou serão nova-
mente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido 
divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça.
Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em 
idêntica questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo.
§ 1o Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos 
representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de 
Justiça, fi cando suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento defi nitivo 
do Superior Tribunal de Justiça.
§ 2o Não adotada a providência descrita no § 1o deste artigo, o relator no Superior 
Tribunal de Justiça, ao identifi car que sobre a controvérsia já existe jurisprudência do-
minante ou que a matéria já está afeta ao colegiado,poderá determinar a suspensão, nos 
tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida.
§ 7o Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais 
sobrestados na origem:
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 54
I – terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a 
orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou
II – serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão 
recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça.
§ 8o Na hipótese prevista no inciso II do § 7o deste artigo, mantida a decisão diver-
gente pelo tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso especial.
Elaboração do Recurso Especial
Assim como o recurso extraordinário, o recurso especial é dirigido ao Pre-
sidente ou Vice-presidente do Tribunal, contendo a exposição do fato e do 
direito e a demonstração do cabimento do recurso e as razões para a reforma 
(art. 541 do CPC). No Estado do Rio de Janeiro, a petição é dirigida ao 3º 
Vice-presidente do Tribunal de Justiça (art. 33, II do CODJERJ). No Tribu-
nal Regional Federal da 2ª região, no entanto, a petição é dirigida ao Vice-
Presidente do Tribunal, por delegação de seu Presidente (art. 18, parágrafo 2º, 
I do Regimento Interno do TRF2).
É preciso observar, também, a aplicação do art. 541 do CPC.
Petição de interposição
Identifi cação
Endereçamento (Presidente ou Vice-presidente)
Indicação das partes
Postulação
Recebimento do recurso e seu regular processamento.
Fecho
Local, data
Assinatura
Petição com as razões
Identifi cação
Indicação das partes (recorrente e recorrido)
Corpo
Exposição do fato e direito
Exposição do cabimento do recurso
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reformar/anular o 
acórdão
Fecho
Local, data
Assinatura
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 55
Observação: Havendo matéria constitucional e infraconstitucional, o re-
corrente interporá, simultaneamente, em 15 dias, as petições distintas de Re-
curso Especial e Extraordinário. Aliás, em existindo matéria constitucional, 
a não interposição do recurso extraordinário, quando for sufi ciente para o 
julgamento da lide, implica na inadmissibilidade do recurso especial.
Súmula 126, STJ – É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido 
assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles sufi cien-
te, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.
Agravo de Instrumento no Recurso Especial e Extraordinário
Caso o recurso especial ou o extraordinário sejam inadmitidos pelo tribu-
nal a quo (é o tribunal que faz o primeiro juízo de admissibilidade dos recursos 
excepcionais), as partes podem ingressar com o agravo de instrumento, no 
prazo de 10 dias, para o STF ou STJ, conforme o caso, de acordo com o art. 
544 do CPC.
Do agravo deverão constar cópias das peças trazidas pelas partes, sendo fun-
damental, sob pena de não conhecimento, as cópias do acórdão recorrido, da 
certidão da respectiva intimação, da petição de interposição do recurso denega-
do, das contra-razões, da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação 
e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.
Embargos de Divergência
Da decisão do recurso especial ou extraordinário caberão, no prazo de 15 
dias, embargos sempre que em recurso especial, divergir do julgamento de 
outra turma, da seção ou do órgão especial, ou em recurso extraordinário, 
divergir do julgamento da outra turma ou do plenário.
O recurso é interposto no STF para o plenário e no STJ para a seção com-
petente. Nos embargos de divergência é imprescindível que o embargante 
comprove a divergência.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 56
Elaboração dos Embargos de Divergência
Identifi cação
Endereçamento
Indicação das partes (embargante e embargado)
Corpo
Exposição do cabimento do recurso
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reformar a decisão
Fecho
Local, data
Assinatura
Caso Gerador:
Discorra sobre os requisitos de admissibilidade do recurso especial e recur-
so extraordinário?
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 57
PARTE II: DIREITO DE FAMÍLIA
AULA 10. SEPARAÇÃO, DIVÓRCIO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. 
GUARDA DOS FILHOS.
Leitura Obrigatória: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasi-
leiro, volume VI: direito de família. 6ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 
2009, p. 196-275.
Separação Consensual
A ação de separação consensual tem lugar quando os cônjuges, por mútuo 
consentimento, desejam pôr fi m a sociedade conjugal. Para que possam se 
utilizar desta modalidade de separação, basta que estejam casados por mais de 
um ano, conforme denuncia o art. 1.574 do CC.
Art. 1.574, CC. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos côn-
juges se forem casados por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por 
ele devidamente homologada a convenção.
Art. 4º, L. 6.515/77 – Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento 
dos cônjuges, se forem casados há mais de 2 (dois) anos, manifestado perante o juiz e 
devidamente homologado.
O art. 34 da Lei 6.515/77, que estabeleceu normas sobre o divórcio, deter-
mina que na separação consensual será observado o rito dos arts. 1.120 a 1.124 
do CPC. No entanto, os parágrafos do referido dispositivo determina que a pe-
tição será assinada por ambos os cônjuges, devendo ter as fi rmas reconhecidas.
Art. 34, L. 6.515/77 – A separação judicial consensual se fará pelo procedimento 
previsto nos arts. 1.120 e 1.124 do Código de Processo Civil, e as demais pelo pro-
cedimento ordinário.
§ 1º – A petição será também assinada pelos advogados das partes ou pelo advoga-
do escolhido de comum acordo.
§ 2º – O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial, se 
comprovar que a convenção não preserva sufi cientemente os interesses dos fi lhos ou 
de um dos cônjuges.
§ 3º – Se os cônjuges não puderem ou não souberem assinar, é lícito que outrem o 
faça a rogo deles.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 58
§ 4º – Às assinaturas, quando não lançadas na presença do juiz, serão, obrigato-
riamente, reconhecidas por tabelião.
Art. 1.120, CPC. A separação consensual será requerida em petição assinada por 
ambos os cônjuges.
§ 1o Se os cônjuges não puderem ou não souberem escrever, é lícito que outrem 
assine a petição a rogo deles.
§ 2o As assinaturas, quando não lançadas na presença do juiz, serão reconhecidas 
por tabelião.
Apesar do parágrafo segundo do art. 34 e do parágrafo único do art. 1.574 
determinarem que o juiz pode se recusar a homologar a separação se a con-
venção não preserva sufi cientemente os interesses dos fi lhos ou de um dos 
cônjuges, a verdade é que a doutrina e jurisprudência entendem que o juiz 
deve, sim, homologar a separação. No entanto, não homologará as cláusulas 
referentes à partilha e à guarda.
Elaboração da petição inicial de separação consensual
A petição inicial deverá ser dirigida para a Vara de Família ou, na ausência 
desta, Vara Cível. O foro competente é o da residência da mulher (art. 100, 
I do CPC). Ela deverá conter (i) a descrição dos bens do casal e a respectiva 
partilha, (ii) o acordo relativo à guarda dos fi lhos e o regime de visitas, (iii) o 
valor da contribuição para criar e educar os fi lhos e (iv) a pensão alimentícia. 
Observe-se, no entanto, que a partilha dos bens não é requisito necessário, 
podendo ser feita posteriormente à separação.
O valor da causa deve ser a somatória dos valores dos bens a serem partilha-
dos. Não havendo bens, deverão arbitrar um valor compatível com a natureza, 
a complexidade e as circunstâncias gerais do caso.
OBS: serápossível a separação extrajudicial, por meio de escritura pública, 
sempre que inexistirem fi lhos menores ou incapazes do casal, haja consenso 
sobre todas as questões emergentes da separação e que estejam acompanhados 
de um advogado.
Identifi cação
Endereçamento
Qualifi cação das partes
Corpo
Fatos e fundamentos
Descrição dos bens do casal e a respectiva partilha
Acordo relativo à guarda dos fi lhos menores e ao regime de visitas
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 59
Valor da contribuição para criar e educar os fi lhos
Pensão alimentícia do marido à mulher, se esta não possuir bens 
sufi cientes para se manter
Postulação
Decretação da separação
Valor da causa
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura do advogado e dos cônjuges
Separação litigiosa
Pode ser, no entanto, que não haja acordo entre as partes, ou que uma delas 
sequer queira se separar. Neste caso será necessário o ajuizamento de ação de 
separação litigiosa, seguindo o rito do procedimento ordinário, de acordo com 
o art. 1.572 e 1.573 do CC.
Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, 
imputando ao outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamen-
to e torne insuportável a vida em comum.
§ 1o A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges provar ruptu-
ra da vida em comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição.
§ 2o O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver aco-
metido de doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a 
continuação da vida em comum, desde que, após uma duração de dois anos, a enfer-
midade tenha sido reconhecida de cura improvável.
§ 3o No caso do parágrafo 2o, reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a 
separação judicial, os remanescentes dos bens que levou para o casamento, e se o regime dos 
bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos na constância da sociedade conjugal.
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocor-
rência de algum dos seguintes motivos:
I – adultério;
II – tentativa de morte;
III – sevícia ou injúria grave;
IV – abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;
V – condenação por crime infamante;
VI – conduta desonrosa.
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a 
impossibilidade da vida em comum.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 60
A petição deverá ser dirigida ao juiz da Vara de Família, ou em sua ausência, 
à Vara Cível, em especial, o foro da residência da mulher (art. 100, I do CPC). 
Ela deverá observar todos os requisitos do art. 282. O valor da causa será dos 
bens a serem partilhados.
Em se tratando de separação culposa, caso o cônjuge-réu queira provar que 
a culpa é do outro cônjuge, deverá ingressar com reconvenção. Não obstante, 
o STJ já tem julgados no sentido da desnecessidade da reconvenção, em espe-
cial quando o cônjuge só vem a saber do adultério após a contestação, com o 
depoimento da testemunha (REsp. 115.876).
Identifi cação
Endereçamento
Qualifi cação das partes
Corpo
Fatos e fundamentos
Postulação
Requerimento de citação
Pedido
Indicação das provas
Valor da causa
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
Divórcio
O Divórcio segue os mesmos ritos da separação consensual e litigiosa. Res-
salte-se que o divórcio pode ser direto ou indireto. No primeiro, passado um 
ano da separação, podem os cônjuges requerer a sua conversão em divórcio. 
No segundo, passados dois anos da separação de fato, os cônjuges podem re-
querer o divórcio diretamente.
Caso Gerador:
Análise de petição de separação consensual.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 61
AULA 11. AÇÃO DE ALIMENTOS E AÇÃO DE REVISÃO DE ALIMENTOS. 
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PRISÃO CIVIL.
Leitura Obrigatória: ASSIS, Araken. Da execução de alimento e prisão do 
devedor. 6ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 
109-112 e 162-207.
A união entre duas pessoas, seja o casamento, seja a união estável (art. 1566, 
III e art. 1724, ambos do CC/02), traz consigo o dever de mútua assistência. 
Isto é, os cônjuges e companheiros devem se auxiliar reciprocamente. Em 
outras palavras, os cônjuges e companheiros devem prestar auxílio material, 
moral e espiritual ao outro. Esse dever é oriundo, portanto, da união entre os 
sujeitos e tem como objetivo o socorro mútuo em qualquer circunstância.
É certo, também, que todas as pessoas, desde o nascimento, necessitam 
de bens sufi cientes para garantir a sua sobrevivência. Pode ocorrer, no entan-
to, que com a dissolução da sociedade conjugal ou da união estável, um dos 
cônjuges não tenha meios para garantir sua subsistência. Por outro lado, o 
sustento dos fi lhos, ainda quando encerrada a sociedade conjugal ou a união 
estável persiste. Nesses casos surge a chamada obrigação alimentar, decorrente 
justamente do dever de mútua assistência.
O termo alimentos deve ser entendido no sentido técnico não só como 
compreendendo a alimentação, mas, ainda, o necessário para moradia, vestu-
ário, assistência médica, criação e edução, bem como o lazer. Araken de Assis 
lembra que “[h]oje em dia, ao catálogo mencionado se acrescenta o lazer, fator 
essencial ao desenvolvimento equilibrado, sadio, e à sobrevivência sadia da 
pessoa humana”16. Alimentos são, portanto, prestações para a satisfação das 
necessidades vitais de quem não pode provê-las por si próprio, compreenden-
do, também, o necessário à manuntenção social e moral do alimentando.
Art. 1.694, CC. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos ou-
tros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição 
social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Espécies:
i) Quanto à natureza: os alimentos podem ser naturais ou civis. Os pri-
meiros são aqueles indispensáveis à satisfação das necessidades bási-
cas da vida. Os segundos dizem respeito à manutenção da condição 
social do alimentando.
ii) Quanto à causa jurídica: podem ser legítimos, voluntários ou inde-
nizatórios. Os primeiros estão ligados à obrigação legal decorren-
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 62
16 ASSIS, Araken. Da execução de ali-
mento e prisão do devedor. 6ª ed. rev., 
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2004, p. 110.
te do parentesco, do casamento ou da união estável. Os segundos 
emanam de uma declaração de vontade por ato inter vivos ou causa 
mortis. Os últimos resultam da prática de um fato danoso.
iii) Quanto à fi nalidade: se dividem em defi nitivos, provisionais e pro-
visórios. São defi nitivos os alimentos de caráter permanente, estabe-
lecido pelo juiz na sentença ou em acordo das partes homologado 
judicialmente. Os provisionais são determinados em medida caute-
lar de ação de separação judicial, de divórcio, de nulidade ou anu-
lação de casamento ou de alimentos. Os provisórios são os fi xados 
liminarmente no despacho inicial proferido na ação de alimentos. A 
diferença entre os provisionais e os provisórios é que estes exigem a 
prova pré-constituída do parentensco, casamento ou união estável, 
sendo obrigatórios. Já os provisionais dependem da verifi cação do 
fumus boni juris e do periculum in mora, sujeitos à discricionariedade 
do juiz.
Ação de Alimentos
A lei 5.478/68 regula a ação de alimentos. Este diploma legal, em razão da 
necessidade da prestação de alimentos, prevê um procedimento especial mais 
célere. Todavia, nem todos os alimentandos podem se utilizar dela. Para que 
o autor possa se valer da ação de alimentos prevista na Lei 5.478/68 é fun-
damental que possa apresentar prova pré-constituída do parentesco (certidão 
de nascimento) ou do dever alimentar (certidão de casamento ou contrato de 
união estável). Caso o autor da demanda não tenha essaprova pré-constituída, 
deverá ingressar com ação ordinária de investigação de paternidade cumulada 
com pedido de alimentos.
Em se tratando da ação de alimentos, o juiz fi xará os alimentos provisórios 
(art. 4º da Lei 5.478/68), que retroagem à data da citação. Caso se trate de 
ação ordinária, o autor poderá requerer os alimentos provisionais, desde que 
demonstre o fumus boni juris e o periculum in mora (art. 852, CPC). Sem a 
prova pré-constituída não se admite a fi xação dos provisórios, tampouco o rito 
especial da Lei de Alimentos. Registre-se, por oportuno, que os alimentos pro-
visórios sempre poderão ser revistos, sendo o pedido processado em apartado 
(art.13, § 1º, LA).
Art. 4º, L. 5.478/68 – As despachar o pedido, o juiz fi xará desde logo alimentos 
provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que 
deles não necessita.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 63
Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo 
regime da comunhão universal de bens, o juiz determinará igualmente que seja entregue ao 
credor, mensalmente, parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor.
Art. 13, L. 5.478/68 – O disposto nesta lei aplica-se igualmente, no que couber, às 
ações ordinárias de desquite, nulidade e anulação de casamento, à revisão de sentenças 
proferidas em pedidos de alimentos e respectivas execuções.
§ 1º. Os alimentos provisórios fi xados na inicial poderão ser revistos a qualquer 
tempo, se houver modifi cação na situação fi nanceira das partes, mas o pedido será 
sempre processado em apartado.
§ 2º. Em qualquer caso, os alimentos fi xados retroagem à data da citação.
Art. 852, CPC. É lícito pedir alimentos provisionais:
I – nas ações de desquite e de anulação de casamento, desde que estejam separados 
os cônjuges;
II – nas ações de alimentos, desde o despacho da petição inicial;
III – nos demais casos expressos em lei.
Parágrafo único. No caso previsto no no I deste artigo, a prestação alimentícia 
devida ao requerente abrange, além do que necessitar para sustento, habitação e ves-
tuário, as despesas para custear a demanda.
Repare-se, contudo, que o alimentante não é obrigado a esperar a pro-
positura da ação de alimentos, podendo ajuizá-la por si próprio. Em outras 
palavras, alimentante também tem legitimidade para propor a ação de ali-
mentos.
Art. 24, L. 5.478/68. A parte responsável pelo sustento da família, e que deixar a 
residência comum por motivo, que não necessitará declarar, poderá tomar a iniciativa 
de comunicar ao juízo os rendimentos de que dispõe e de pedir a citação do credor, 
para comparecer à audiência de conciliação e julgamento destinada à fi xação dos 
alimento a que está obrigado.
Por outro lado, o juízo competente para conhecer da ação de alimentos é o 
do domicílio do alimentando, conforme estabelece o art. 100, II do CPC.
Art. 100, CPC. É competente o foro:
II – do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem 
alimentos;
Por fi m, a decisão acerca do valor dos alimentos não transita em julgado, 
podendo ser revisto a qualquer tempo, desde que haja modifi cação da situa-
ção fi nanceira do alimentando e alimentante. Observe-se que os alimentos se 
pautam, sempre, pelo binômio necessidade/possibilidade.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 64
Art. 15, L. 5.478/68. A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado 
e pode a qualquer tempo ser revista, em face da modifi cação da situação fi nanceira 
dos interessados.
Elaboração da petição de alimentos
Como dissemos, o autor deverá juntar prova pré-constituída do parentesco 
do réu para que possa se utilizar do rito especial previsto na Lei 5.478/68. O 
foro competente é o do domicílio do alimentando. Na cidade do Rio de Janeiro, 
o juízo competente é a Vara de Família. Nas comarcas que não tiverem Vara de 
Família, compete à Vara Cível processar e julgar a causa (art. 85, CODJERJ).
Além dos requisitos do art. 282, na petição inicial o alimentando deve-
rá expor suas necessidades e as possibilidades do alimentante, requerendo 
a fi xação dos provisórios, bem como deverá provar o parentesco. Diga-se a 
propósito que nas ações de alimento, as questões de fato irão se restringir a 
três itens: (i) a relação de parentesco entre autor e réu; (ii) necessidade do ali-
mentando; e (iii) possibilidade do alimentante. Lembre-se que a contestação 
será oferecida por escrito ou verbalmente em audiência.
É importante, para agilizar o processo, que o autor indique o endereço do 
empregador do alimentante para facilitar a expedição do ofício que orienta 
sobre desconto, em folha de pagamento, da pensão alimentícia.
Finalmente, o valor da causa será equivalente à 12 (doze) vezes o valor da 
prestação alimentícia pleiteada pelo autor.
Identifi cação
Endereçamento
Qualifi cação das partes
Corpo
Fatos e fundamentos
Postulação
Requerimento de citação
Alimentos provisórios
Pedido
Prova pré-constituída do parentesco
Indicação das provas
Valor da causa
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 65
Ação Revisional de Alimentos
A ação revisional segue o trâmite da ação de alimentos, conforme dispõe o 
art. 13, caput da Lei 5.478/68. Como visto, a ação de alimentos não gera coisa 
julgada material, pois o valor fi xado a título de alimentos depende de uma 
série de fatores (situação econômica das partes).
Em razão disso, havendo mudança na situação fi nanceira de qualquer das 
partes, poderá, qualquer delas, ingressar com nova ação para rever o valor da 
prestação alimentícia, seja para majorá-la, seja para minorá-la.
Art. 13, L. 5.478/68 – O disposto nesta lei aplica-se igualmente, no que couber, às 
ações ordinárias de desquite, nulidade e anulação de casamento, à revisão de sentenças 
proferidas em pedidos de alimentos e respectivas execuções.
Art. 1.699, CC. Se, fi xados os alimentos, sobrevier mudança na situação fi nancei-
ra de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, 
conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.
Elaboração da petição de revisão de alimentos
Na inicial, além dos requisitos do art. 282 do CPC, o autor deverá expor os 
fatos que justifi cam a revisão, podendo requerer a fi xação de alimentos provi-
sórios sendo, contudo, excepcional sua concessão como, por exemplo, no caso 
de alimentos irrisórios.
O foro competente continua sendo o do domicílio do alimentando. Caso 
não tenha havido alteração do domicílio desde a ação de alimentos, a petição 
será dirigida ao juízo em que tramitou aquela ação.
Identifi cação
Endereçamento
Qualifi cação das partes
Corpo
Fatos e fundamentos
Postulação
Requerimento de citação
Alimentos provisórios
Pedido
Indicação das provas
Valor da causa
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 66
Execução de Alimentos
Quando o alimentante não cumpre com a obrigação alimentar, pode o 
alimentando, credor da prestação, ajuizar ação de execução para cobrar as pen-
sões em atraso.
Em regra o nosso ordenamento oferece quatro meios executórios ao credor 
das prestações alimentícias: desconto, coação pessoal e expropriação.
Desconto
Previsto no art. 734 do Código de Processo Civil, este é, possivelmente, 
a melhor das formas de coerção do devedor de alimentos a cumprir com sua 
obrigação. Aliás, foi em virtude de sua efi ciência prática que o art. 16 da Lei 
5.478/68, alterado pela Lei 6.014/73, conferiu total prioridade à esse meio.
Art. 16, L. 5.478/68. Na execução da sentença ou do acordo nas ações de ali-
mentos será observado o disposto no artigo 734 e seu parágrafo único do Código de 
Processo Civil.
Art. 734, CPC. Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou 
gerentede empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz man-
dará descontar em folha de pagamento a importância da prestação alimentícia.
Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao empre-
gador por ofício, de que constarão os nomes do credor, do devedor, a importância da 
prestação e o tempo de sua duração.
Somente na impossibilidade do desconto em folha é que o exequente poderá 
cogitar de outros expedientes para ver seu crédito satisfeito. Repare-se que em 
virtude de se tratar de norma de ordem pública, ainda que a sentença ou o acor-
do homologado nada cogite acerca da possibilidade de desconto, ele sempre será 
possível. Trata-se de um procedimento efi caz, rápido e pouco dispendioso.
De acordo com o referido art. 734, caberá ao exequente ajuizar a ação 
executiva a fi m de que o juiz possa “descontar em folha de pagamento a impor-
tância da prestação alimentícia”. A petição inicial, além dos requisitos do art. 
282, deverá ser indicada a fonte pagadora ou, em desconhecendo, requerer ao 
juiz a requisição dessas informações junto ao fi sco, quebrando, ainda, o sigilo 
bancário do executado.
Art. 20, L. 5.478/68. As repartições públicas, civis ou militares, inclusive do Im-
posto de Renda, darão todas as informações necessárias à instrução dos processos previs-
tos nesta lei e à execução do que for decidido ou acordado em juízo.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 67
O terceiro, devedor do alimentante, deverá realizar o pagamento direta-
mente ao exequente. No entanto, cessada a relação de crédito entre o terceiro 
e o executao, como, por exemplo, dissolução do vínculo trabalhista, a fonte 
pagadora não mais procederá ao pagamento perante o alimentando.
Coação Pessoal e prisão civil
O art. 733 do CPC, por sua vez, estabelece o procedimento para ajuiza-
mento da execução por coerção pessoal do alimentante. O ponto principal a 
se discutir, não obstante o art. 575, II do CPC, é que a competência para a 
ação é a do domicílio do alimentando, ainda que ocorra modifi cação do seu 
domicílio após o término da ação de alimentos.
Além dos requisitos do art. 282 do CPC, o exequente deverá explicitar o va-
lor do crédito e seus acréscimos, imputar inadimplemento ao obrigado e pedir 
providência executiva. Diferentemente da ação executiva comum, na execução 
de alimentos, o exequente requererá a citação do devedor para, no prazo de 3 
dias, efetuar o pagamento, provar que o fez tempestiva e satisfatoriamente ou 
apresentar justifi catva da impossibilidade de o fazer, sob pena de prisão civil.
O que se apreende é que no rito de coerção pessoal, não há que se falar em 
constrição de bens, pois o não cumprimento do mandado (pagar ou apre-
sentar justifi cativa) implicará na prisão civil do alimentante. Registre-se, por 
oportuno, que se o credor ingressar com ação executória por meio expropria-
tivo, fi cará impossibilitado de requerer a prisão civil.
A defesa de mérito do executado neste procedimento se restringe a duas 
matérias: (i) pagamento e (ii) impossibilidade do cumprimento. É preciso ob-
servar que a defesa prevista no caput do art. 733, no entanto, não é considera-
da como embargos, mas, tão-somente, uma hipótese de defesa de congnição 
sumária pelo juízo. O executado tem o ônus de alegar e provar a impossibili-
dade de cumprimento.
Ressalte-se, todavia, que a impossibilidade deve ser temporária, pois a im-
possibilidade permanente deve ser objeto de ação própria. Aliás, nesse sentido 
lembra Araken de Assis que da “impossibilidade defi nitiva, implicando o des-
fazimento do título, só em ação própria pode ser discutida efi cazmente”.
Aliás, o art. 733, caput do CPC está em perfeita consonância com o art. 
5º, LXVII da CRFB/88 e nossa jurisprudência pátria, em especial o STJ, que 
tem entendido que só é cabível a prisão civil do devedor pelo inadimplemento 
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia. Com efeito, a fi nalidade do 
dispositivo não é punir (prisma penal) o devedor, mas conceder a efetiva tutela 
jurisdicional ao alimentando. Ela é uma medida coercitiva, destinada a forçar 
o cumprimento. Em razão desta fi nalidade, uma vez pago o débito, a prisão 
deverá ser revogada.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 68
Art. 5º, CRFB/88 – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: (...)
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimple-
mento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infi el;
Art. 733, CPC. Na execução de sentença ou de decisão, que fi xa os alimentos pro-
visionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, 
provar que o fez ou justifi car a impossibilidade de efetuá-lo.
§ 1o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo 
prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§ 2o O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações 
vencidas e vincendas
§ 3o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.
O prazo da prisão, por sua vez, é altamente discutível. Uma corrente en-
tende que aos alimentos provisórios ou defi nitivos, o prazo máximo será de 60 
dias, de acordo com o art. 19 da Lei 5.478/68. Em se tratando de alimentos 
provisionais, o prazo será de 90 dias do § 1ºdo art. 733 do CPC. Prevalece, no 
entanto, o critério unitário de 60 dias para qualquer tipo de alimentos. Nesse 
sentido lembra Araken de Assis:
“Em que pese a divisão da doutrina, o caráter duvidoso da almejada uniformidade 
do prazo, o campo incoincidente – alimentos provisionais/alimentos defi nitivos – e bem 
delimitado de aplicação das normas, e as objeções técnicas no âmbito do direito inter-
temporal à última orientação, dúvida alguma ha do renovado prestígio da corrente.
Assim, alterando a opção anteriormente realizada, se adota, aqui, a tese de que, 
em nenhuma hipótese, o prazo excederá a 60 dias. Favorece a exegese o disposto no 
art. 620 do CPC: a prisão é providência executiva e o procedimento executório se 
desenvolverá pelo meio menos gravoso ao devedor”17
O remédio contra decisão que determina a prisão civil é o agravo de ins-
trumento, não sendo cabível o mandado de segurança. A jurisprudência tem 
aceito pacifi camente a impetração do habeas corpus em caso de evidente ilega-
lidade (em regra, error in procedendo), não se admitindo, entretanto, quando 
o impetrante alega impossibilidade fi nanceira de efetuar o pagamento. Por 
outro lado, a prisão do devedor não impede a apresentação de embargos de 
devedor, de acordo com o art. 736 do Código de Processo Civil.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 69
17 ASSIS, Araken. Da execução de ali-
mento e prisão do devedor. 6ª ed. rev., 
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2004, p. 192.
Registre-se que a prisão civil tem em vista a preservação da vida do alimen-
tando e, portanto, só é cabível para suprir necessidades atuais deste. Dessa 
forma o STJ elaborou a súmula 309 que determina que a prisão se restringe a 
execução das três prestações anteriores ao ajuizamento da demanda.
Súmula 309, STJ – O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentan-
te é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que 
se vencerem no curso do processo.
Execução por expropriação
Não obstante a possibilidade de desconto ou de prisão civil do devedor de 
alimentos, o crédito alimentar continua sendo um crédito pecuniário e, como 
tal, comportam execução através da via expropriativa comum, de acordo com 
o art. 732 e 646 do Código de Processo Civil.
Art. 732. A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação ali-
mentícia,far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título.
Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos 
não obsta a que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação.
Art. 646. A execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor, 
a fi m de satisfazer o direito do credor (art. 591).
A via por expropriação, no entanto, não é sempre voluntária. Existindo 
aluguéis de prédios e outros rendimentos, o alimentando, compulsoriamente, 
terá de utilizar a expropriação. Nessas situações, a penhora recairá sobre o cré-
dito, reguladas pelo art. 646 e seguintes.
Art. 17. Quando não for possível a efetivação executiva da sentença ou do acordo 
mediante desconto em folha, poderão ser as prestações cobradas de alugueres de prédios 
ou de quaisquer outros rendimentos do devedor, que serão recebidos diretamente pelo 
alimentando ou por depositário nomeado pelo juiz.
Art. 18. Se, ainda assim, não for possível a satisfação do débito, poderá o credor 
requerer a execução da sentença na forma dos artigos 732, 733 e 735 do Código de 
Processo Civil.
No entanto, na impossibilidade de desconto e da expropriação de aluguéis e 
rendimentos, o credor poderá escolher a coerção pessoal ou a via expropriativa.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 70
Caso Gerador: 
Mario Augusto Carreira e Vitória Maria da Silva são divorciados desde 
janeiro de 1999. Eles tiveram dois fi lhos: João da Silva Carreira e Orlando da 
Silva Carreira. O primeiro está com 10 anos e o segundo está com 14 anos. 
O divórcio se deu de forma consensual e fi cou convencionado, no processo 
de divórcio, que o pai arcaria com uma pensão mensal, em nome dos fi lhos, 
no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), por mês. Comprometeu-se, ainda, 
a arcar com uma pensão para a mulher de R$ 2.000,00 (dois mil reais), por 
mês. Explica-se: Mario era um alto executivo da maior mineradora do país, a 
Vale do Mar Salgado. Ocupava o cargo de Diretor para Assuntos Estratégicos, 
com o fabuloso salário de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), por mês, 
mais um bônus anual. Ocorre que, em 10 de março de 2008, ele foi demitido. 
Já conseguiu um novo emprego, na empresa CNH, empresa também da área 
de mineração, mas a remuneração é bem mais módica: R$ 12.000,00 (doze 
mil reais), por mês. Ocupa agora o cargo de Gerente de Assuntos Ordinários. 
Mario tentou convencer Vitória a reduzir a pensão. A idéia dele era reduzir a 
pensão dos fi lhos para R$ 4.000,00 (quatro mil), por mês, e deixar de pagar 
pensão a Vitória. Vitória é uma perua. Não gosta de trabalhar. Dedica-se a 
passar os seus dias nos shoppings da cidade. Gosta mesmo é de comprar. Bol-
sas, sapatos, sandálias etc. Obviamente, recusou a proposta de Mario. Mario 
procura V. Sa. No escritório e pede que adote todas as medidas cabíveis para 
reduzir o valor da pensão devida a seus fi lhos e pôr um fi m na pensão recebida 
por sua ex-mulher. Ele precisa que isso se dê imediatamente, porque não quer 
ser preso e não tem mais como arcar com o valor anteriormente combinado 
pelo casal. Minute a petição inicial respectiva.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 71
AULA 12. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. AÇÃO DENEGATÓ-
RIA DE PATERNIDADE.
Leitura Obrigatória: MORAES, Maria Celina Bodin de. Constituição e 
direito civil: tendências. e HC 71373-4 / RS..
Para além do reconhecimento voluntário da fi liação, é possível que o fi lho 
busque o reconhecimento judicial. Nesse caso, será necessária a propositura 
da chamada ação de investigação de paternidade ou maternidade, conforme 
for o caso.
Trata-se de ação de estado, de natureza declaratória, imprescritível, inalie-
nável e irrenunciável. Atualmente, por força da CRFB/88 e do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, o reconhecimento é ampla e irrestrita.
Art. 27, ECA. O reconhecimento do estado de fi liação é direito personalíssimo, 
indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, 
sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
A sentença da ação de investigação de paternidade produz efeito ex tunc e, 
portanto, retroage à data do nascimento (art. 1.616, CC).
Art. 1.616, CC. A sentença que julgar procedente a ação de investigação pro-
duzirá os mesmos efeitos do reconhecimento; mas poderá ordenar que o fi lho se crie e 
eduque fora da companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade.
Se por um lado a ação de reconhecimento de paternidade é imprescritível, 
os efeitos patrimoniais decorrentes podem ser objeto de prescrição, como é 
o caso da petição de herança (Súm. 149, STF), que prescreve em 10 anos a 
contar do momento em que foi reconhecida a paternidade.
Súmula 149, STF – É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas 
não o é a de petição de herança.
Tem legitimidade para propor a presente ação o fi lho. Tem legitimidade, 
ainda, o nascituro, com base no art. 1.069 do CC. É legitimado, também, o 
Ministério Público por força do art. 2º, § 4º da Lei 8.560/92.
Art. 1.609, CC. O reconhecimento dos fi lhos havidos fora do casamento é irrevo-
gável e será feito: (...)
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do fi lho ou ser 
posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 72
Art. 2°, L. 8560/92 – Em registro de nascimento de menor apenas com a mater-
nidade estabelecida, o ofi cial remeterá ao juiz certidão integral do registro e o nome 
e prenome, profi ssão, identidade e residência do suposto pai, a fi m de ser averiguada 
ofi ciosamente a procedência da alegação. (...)
§ 4° Se o suposto pai não atender no prazo de trinta dias, a notifi cação judicial, 
ou negar a alegada paternidade, o juiz remeterá os autos ao representante do Minis-
tério Público para que intente, havendo elementos sufi cientes, a ação de investigação 
de paternidade.
A legitimidade passiva é do suposto pai ou mãe. Caso já sejam falecidos, 
terá legitimidade passiva os herdeiros daqueles.
A investigação de paternidade segue o rito ordinário e pode ser cumulada 
com pedido de alimentos, se for o caso. O ponto fundamental do procedi-
mento é a prova do parentesco. Atualmente, a melhor prova é o exame de 
DNA, que detém precisão impressionante.
Se, contudo, o réu não pode ser submetido ao exame contra sua vontade, 
por implicar em violação à sua liberdade pessoal, a recusa injustifi cada gera 
presunção desfavorável ao réu (art. 232, CC). Aliás, nesse sentido o STJ ela-
borou a súmula 301.
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que 
se pretendia obter com o exame.
Súmula 301, STJ – Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se 
ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.
Em contestação basta que o réu negue o grau de parentesco. Não obstante, 
deverá impugnar os fatos e alegar todas as defesas processuais e de mérito em 
razão do princípio da eventualidade. Por outro lado, existindo pedido de ali-
mento, deverá impugná-los também.
Ação denegatória de paternidade
Pode o pai que não tenha reconhecido o fi lho ingressar com ação denega-
tória de paternidade para demonstrar que não é o verdadeiro pai da criança. 
O rito a ser seguido é o rito ordinário, sendo a prova pericial consistente no 
exame de DNA, um elemento determinante do processo.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 73
Elaboração da investigação de paternidade
Deverão ser obedecidos todos os requisitos do art. 282 do CPC. Quando 
a ação de investigação for cumulada com pedido de alimentos, observar-se-á a 
competência do domícilio do alimentando (art. 100, II). Se, entretanto, a ação 
for só de investigação de paternidade, o foro competente será o do domicílio 
do réu, de acordo com o art. 94 do CPC.
O valor da causa deverá observar o art. 259 caso seja cumulado com pedi-
do de alimentos.Caso contrário, o autor deverá atribuir um valor compatível 
com as circunstâncias gerais da ação.
Identifi cação
Endereçamento
Qualifi cação das partes
Corpo
Fatos e fundamentos
Postulação
Requerimento de citação
Pedido
Indicação das provas
Valor da causa
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
Caso Gerador:
(35º Exame da OAB – 2ª Fase) Márcia, vendedora domiciliada na cidade 
de São Paulo – SP, alega ter engravidado após relacionamento amoroso exclu-
sivo com Pedro, representante de vendas de empresa sediada em Porto Alegre 
– RS. Em 5/10/2002, nasceu João, fi lho de Márcia. Pedro manteve o referido 
relacionamento com Márcia até o quinto mês da gravidez, custeou despesas 
da criança em algumas oportunidades, além de ter proporcionado ajuda fi -
nanceira eventual e estado, também, nas três primeiras festas de aniversário 
de João, tendo sido, inclusive, fotografado, nessas ocasiões, com o menino, 
seu suposto fi lho, no colo. No entanto, Pedro se nega a reconhecer a paterni-
dade ao argumento de que tem dúvidas acerca da fi delidade da mãe, já que 
ele chegava a fi car um mês sem ir a São Paulo durante o relacionamento que 
tivera com Márcia. Sabe-se, ainda, acerca de Pedro, que seu o salário bruto, 
com as comissões recebidas, chega a R$ 5.000,00 mensais, bem como que arca 
com o sustento de uma fi lha, estudante de 22 anos, e que não tem domicílio 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 74
fi xo em razão de sua profi ssão demandar deslocamentos constantes entre São 
Paulo – SP, Rio de Janeiro – RJ e Porto Alegre – RS. Márcia, que já esgotou as 
possibilidades de manter entendimento com Pedro, ganha, no presente mo-
mento, cerca de dois salários mínimos. As despesas mensais de João totalizam 
R$ 1.000,00.
Diante da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de 
advogado(a) contratado(a) por Márcia, a ação judicial que seja adequada aos 
interesses de João, abordando todos os aspectos de direitos material e proces-
sual pertinentes.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 75
18 CASSAR, Vólia Bonfi m. Direito do tra-
balho. Niterói: Impetus, 2008, p.185.
PARTE III: DIREITO DO TRABALHO
AULA 13. RELAÇÃO DE TRABALHO. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
Leitura Obrigatória: SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do 
trabalho. 5ªed. São Paulo: Método, 2008, p. 314-330.
Relação de trabalho
As principais transformações dentro do direito do trabalho tiveram lugar na 
época da revolução industrial. Parte frágil da relação, o trabalhador era cons-
tante vítima de exploração pelo empregadores, que os submetiam a situações 
análogas às de escravos, condições de trabalho insalubres, nocivas, exercendo a 
atividade com remunerações extremamente baixas e sujeitando-os a jornadas 
de trabalho excessivas, inclusive para mulheres e crianças.
Verifi cando-se essa situação de clara desigualdade entre as partes, foi ne-
cessária a intervenção estatal nas relações de trabalho para evitar os abusos 
cometidos pelos empregadores.
Princípios do direito do trabalho
Diversos são os princípios tratados pelos autores. A diretriz básica do direi-
to do trabalho é a proteção do trabalhadores, em razão da desigualdade que in-
quina a relação de trabalho.No presente estudo, colocamos os mais comuns:
– Princípio da prevalência da condição mais benéfi ca ao trabalhador: deter-
mina que a situação mais vantajosa em que o empregado se encontrar preva-
lecerá sobre a situação anterior, qualquer que seja (art. 468, CLT). Para que 
o referido princípio tenha aplicação, é preciso observar alguns requisitos18: a) 
existência de uma condição anterior aplicável à situação concreta; b) condição 
mais favorável que a legal ou contratual; c) habitualidade na concessão da be-
nesse; d) concessão voluntária e incondicional.
Art. 468 – Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das res-
pectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, 
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula 
infringente desta garantia.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 76
– Princípio da norma mais favorável: deve-se optar pela norma mais favo-
rável ao trabalhador, ainda que de hierarquia inferior. O art. 620 da CLT é 
exteriorização deste princípio.
Art. 620. As condições estabelecidas em Convenção quando mais favoráveis, pre-
valecerão sôbre as estipuladas em Acôrdo.
– In dubio, pro operario: o intérprete deve optar pela interpretação mais fa-
vorável ao trabalhador, por ser a parte mais fraca. Este princípio, no entanto, 
não se aplica à valoração das provas (apesar de entendimento diverso). Isto é, 
o juiz, na decisão, deve sempre se pautar pelo livre convencimento motivado, 
não admitindo a valoração das provas em favor do trabalhador.
– Princípio da primazia da realidade: prevalecem sempre os fatos reais sobre 
as forma. O que importa é o que efetivamente aconteceu e não o que esta es-
crito. São privilegiados os fatos em detrimento da forma ou estrutura.
– Princípio da irrenunciabilidade: o trabalhador não pode renunciar ou 
transacionar seus direitos, seja de forma tácita ou expressa, pois os direitos 
trabalhistas são irrenunciáveis (art. 9º, CLT). Pode, no entanto, a transação 
ser realizada em juízo.
– Princípio da continuidade da relação de emprego: presume-se que o contra-
to de trabalho é sempre por prazo indeterminado, sendo o prazo determinado 
a exceção, que deve vir sempre expresso (art. 29, CLT). O ônus de provar a 
data e o motivo da extinção do contrato é sempre do empregador.
Súmula 212, TST – O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando 
negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da 
continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado.
Caracterização da relação de trabalho
O contrato de trabalho tem como objeto a prestação de uma atividade 
humana de forma subordinada e não eventual, mediante retribuição. Desde 
já, fi ca evidenciada a distinção entre contrato de trabalho e a prestação de ser-
viço e a empreitada, pois nestes dois últimos tipos contratuais, o prestador e 
o empreiteiro exercem uma atividade sem subordinação e com independência 
técnica. São requisitos do contrato de trabalho:
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 77
a) Pessoalidade: o contrato é intuito personae ou pessoal. Isto é, o con-
trato é realizado em consideração das qualifi cações pessoais do em-
pregado, não podendo, portanto, ser substituído.
b) Subordinação: o trabalhador exerce seu ofício com subordinação ao 
empregador. Em outras palavras, o empregado é dirigido pelo em-
pregador, tendo este o poder de fi scalizar e punir. Observe-se que a 
subordinação indireta não altera o contrato de trabalho.
c) Onerosidade: o empregado é necessariamente remunerado. Não há 
contrato de trabalho gratuito. O trabalhador recebe salário pelos ser-
viços prestados ao empregador.
d) Habitualidade: o trabalho deve ser desempenhado de forma não 
eventual. Isto é, deve-se verifi car se a necessidade do trabalho pres-
tado é permanente (forma contínua ou intermitente) ou acidental. 
Aquele que exerce atividade de forma eventual não é trabalhador.
A doutrina ainda fala em outros requisitos, tais como risco do negócio do 
empregador (o risco do empreendimento nunca é do empregado), alteridade 
(o empregado presta o serviço por conta do empregador). Mas estes, no entan-
to, não são requisitos essenciais à caracterização do contrato.
Petição inicial da reclamação trabalhista
A petição inicial da reclamação trabalhista pode ser feita de forma oral ou 
escrita. Se realizada na forma oral, contudo, o reclamante deverá comparecer 
à secretaria no prazo de 5 dias para reduzi-la a termo, sob pena de perda, pelo 
prazo de seis meses, do direito de reclamar (art. 786, parágrafo único e 731, 
ambos da CLT).
Art.786 – A reclamação verbal será distribuída antes de sua redução a termo.
Parágrafo único – Distribuída a reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo 
motivo de força maior, apresentar-se no prazo de 5 (cinco) dias, ao cartório ou à secre-
taria, para reduzi-la a termo, sob a pena estabelecida no art. 731.
Art. 731 – Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não 
se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo 
para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, 
do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 78
O art. 840 estabelece os requisitos da petição inicial trabalhista. Ela deve 
conter o endereçamento ao juiz do trabalho, a qualifi cação das partes, uma 
breve exposição dos fatos de que resulta o dissídio, o pedido, o valor da causa, 
a data e a assinatura do reclamante ou do representante legal.
Art. 840 – A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
§ 1º – Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Presidente da 
Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a qualifi cação do reclamante e do 
reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e 
a assinatura do reclamante ou de seu representante.
§ 2º – Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas) vias datadas 
e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no pa-
rágrafo anterior.
O endereçamento diz respeito, especialmente, à competência do juízo pelo 
qual o processo de desenvolverá. Em segundo lugar, o autor deve proceder à 
qualifi cação das partes, ou seja, o nome, prenome, estado civil, profi ssão, do-
micílio e residência. Trata-se da necessária individualização do autor e réu para 
identifi cação e instauração da relação jurídico-processual
Percebe-se que o processo do trabalho é mais simples que o processo civil 
exigindo tão-somente uma breve exposição dos fatos. Isto, contudo, não exi-
me o reclamante de indicar a causa de pedir, em atenção à ampla defesa e ao 
contraditório.
O pedido é fundamental para toda e qualquer petição, pois, assim como 
no processo civil, no processo do trabalho ele é quem irá limitar a atividade 
jurisdicional (princípio da congruência). Por fi m, é preciso encerrar a petição 
com a data e a assinatura.
O art. 840 da CLT nada menciona acerca do valor da causa, do requeri-
mento de citação e do requerimento de provas. A doutrina diverge quanto ao 
tema, mas em relação ao valor da causa parece existir uma posição predomi-
nante no sentido da sua necessidade, especialmente em atenção para saber se o 
procedimento é ordinário ou sumaríssimo (não se pode olvidar que no man-
dado de segurança o TST exige a indicação do calor da causa como requisito 
essencial da petição).
Quanto ao requerimento da citação, este é dispensável na justiça do tra-
balho. O servidor da secretaria da vara, de ofício, notifi cará o reclamado da 
audiência a ser realizada (art. 841, CLT).
Por fi m, quanto ao requerimento de provas, ele não é imprescindível, pois 
as partes apresentarão as provas em audiência. No entanto, é de bom alvitre 
consignar a produção das provas, ainda que de forma genérica.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 79
Identifi cação
Endereçamento
Qualifi cação das partes
Corpo
Fatos e fundamentos
Postulação
Pedido
Requerimento de citação (dispensável)
Indicação das provas (dispensável)
Valor da causa
Endereço do advogado
Fecho
Local, data
Assinatura
Caso Gerador
(33º Exame da OAB – 2ª Fase) No dia 6 de agosto de 2007, apresentou-
se em um escritório de advocacia o Sr. José Antonio Lins Júnior, brasileiro, 
casado, ex-encarregado de padaria, residente na Rua do Infi nito, n.º 1.678, 
Recreio, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 99.444-888, CPF 777.999.888.000-89 e 
inscrito no PIS sob o n.º 333.444.555.666-89, fi lho de Ana Maria Lins e José 
Antonio Lins.
Após ser cordialmente recebido, contou o seguinte caso ao advogado que o 
atendeu: “Doutor, quero meus direitos. Sou corretor de seguros desde 2001, 
quando fi z um contrato para vender os seguros da Seguradora Luz Divina 
S.A., que faz parte do Banco Luz do Sol S.A. A corretora providenciou meu 
registro na Susep. Ficou combinado que a seguradora me repassaria um per-
centual de 5% sobre as minhas vendas. Eu tirava um dinheirinho bom por 
mês, cerca de R$ 3.000,00. Como eu estava conseguindo segurar as pontas, 
achei bom e aceitei a condição de vender o seguro deles na agência do banco. 
Eu vendia o seguro de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, mas sempre tirava 
1 hora de intervalo, para levar meus fi lhos à escola. Acontece que no último 
mês meu fi lho mais velho teve um problema de saúde e precisei fi car mais em 
casa. Como eu tinha o cadastro de todos meus clientes, passei a fazer as vendas 
de casa, usando o telefone e a internet. Acontece que em seguida fui advertido 
pelo gerente da agência, que exigia que eu permanecesse na agência do banco. 
Após esse desentendimento, a empresa optou por rescindir nosso contrato e 
não me repassou o percentual sobre as vendas que fi z no mês de julho”.
Terminou o Sr. José Antônio aduzindo o seguinte: “Doutor, eu não sou de 
fi car ‘botando’ ninguém na justiça, não. Mas estou sem dinheiro e quero meus 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 80
décimos terceiros e tudo o mais a que tiver direito. Como falei, não recebi mi-
nhas vendas do último mês. Mas, em todo o caso, mesmo que eu não consiga 
mais nada, quero, pelo menos, que a empresa me pague as comissões relativas 
a essas vendas.”
Ao fi nal da entrevista, foram apresentados alguns documentos ao advoga-
do, como o contrato de corretagem fi rmado pelo Sr. José Antônio, nos termos 
dos arts. 722 e seguintes do Código Civil, com cláusula de exclusividade. A 
Seguradora Luz Divina S.A. é inscrita no CNPJ sob o n.º 11.345.777/0001-
44, com sede na Rua da Felicidade, n.º 2, Bairro Alegre, Rio de Janeiro, RJ, 
CEP: 33.444-999 e o Banco Luz do Sol S.A. é inscrito no CNPJ sob o n.º 
22.345.888/0001-55, com sede na Rua do Adeus, n.º 3, Bairro Bela Vista, 
Rio de Janeiro, RJ, CEP: 44.333-888. O contrato foi fi rmado em 10 de janei-
ro de 2001 e a rescisão ocorreu em 3 de agosto de 2007.
O nome do advogado é: J. Miranda de A. Delgado, inscrito na OAB/RJ 
sob o n.º 1.234.222.
Formule a peça processual adequada para defender os interesses do Sr. José 
Antonio. Apresente todos os fundamentos de fato e de direito, com base nas 
informações dadas acima.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 81
AULA 14. DEFESA DO EMPREGADOR. CONTESTAÇÃO.
Leitura Obrigatória: MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do tra-
balho. 26ª ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 276-305.
Respostas do Réu
Assim como no processo civil, em atenção ao contraditório e à ampla defe-
sa, uma vez chamado o reclamado para integrar a relação jurídico-processual, 
ele poderá apresentar contestação, exceção ou reconvenção.
O primeiro ponto de distanciamento entre o processo civil e o do trabalho 
é que, neste último, a defesa do reclamado é apresentado em audiência, po-
dendo ser apresentada tanto verbalmente como por escrito (art. 847, CLT).
Art. 847 – Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua de-
fesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.
Na contestação, o reclamado deverá deduzir toda a matéria de defesa, pois 
aqui também vigoram os princípios da eventualidade e da impugnação espe-
cífi ca. A CLT não dispõe a forma como a contestação deverá ser apresentada, 
cabendo, então, a aplicação subsidiária do art. 300 e 301, ambos do CPC.
Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expon-
do as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especifi cando 
as provas que pretende produzir.Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:
I – inexistência ou nulidade da citação;
II – incompetência absoluta;
III – inépcia da petição inicial;
IV – perempção;
V – litispendência;
VI – coisa julgada;
VII – conexão;
VIII – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
IX – compromisso arbitral;
IX – convenção de arbitragem;
X – carência de ação;
XI – falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 82
Interessante notar algumas questões no processo do trabalho no que tange 
às preliminares de mérito, notadamente a prescrição, e a compensação, a de-
dução e a retenção.
A prescrição extingue a pretensão e, como tal, é fato extintivo do direito 
do autor, pois o direito do reclamante torna-se judicialmente inexigível. É 
importante lembrar que a lei 11.280/06 modifi cou o art. 219, §5º do CPC 
para fazer constar que a prescrição deve ser reconhecida de ofício pelo julgador 
sendo, por conseguinte, cancelada a súmula 153 do TST.
Súmula 153, TST – Não se conhece de prescrição não argüida na instância ordi-
nária. (CANCELADA)
Por outro lado, entende-se que a simples distribuição da petição inicial, 
ainda que arquivada, interrompe a prescrição, em como é inaplicável a pres-
crição intercorrente na justiça do trabalho. Por fi m, ainda sobre a prescrição, é 
importante lembrar que o prazo para reclamar o não recolhimento da contri-
buição para o FGTS é de 30 anos.
Súmula 114, TST – É inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercor-
rente.
Súmula 268, TST – A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a pres-
crição somente em relação aos pedidos idênticos.
Súmula 362, TST – É trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o 
não-recolhimento da contribuição para o FGTS, observado o prazo de 2 (dois) anos 
após o término do contrato de trabalho.
Por outro lado, a compensação e a retenção só podem ser alegadas como 
matéria de defesa, na contestação, sob pena de preclusão. Não se admite a 
alegação da compensação ou retenção em alegações fi nais ou sede de recurso 
(art. 767, CLT e súmula 48 do TST).
Art. 767 – A compensação, ou retenção, só poderá ser argüida como matéria de defesa.
Súmula 48, TST – A compensação só poderá ser argüida com a contestação.
Compensação é forma indireta de extinção das obrigações quando recla-
mante e reclamado forem credores e devedores recíprocos. Neste caso, a dívida 
se extingue até o valor total dos débitos e créditos. No entanto, a CLT em seu 
art. 477, § 5º determina que, na rescisão, a compensação não poderá exceder 
o equivalente a um mês de remuneração.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 83
Art. 477 – É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a 
terminação do respectivo contrato, e quando não haja êle dado motivo para cessação 
das relações de trabalho, o direto de haver do empregador uma indenização, paga na 
base da maior remuneração que tenha percebido na mesma emprêsa.
§ 5º – Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior 
não poderá exceder o equivalente a um mês de remuneração do empregado.
A retenção consiste no direito do réu de reter algum bem do autor até que 
o mesmo quite sua dívida com o demandado. Ela também deverá ser alegada 
na contestação, sob pena de preclusão.
Por fi m, a dedução nada mais é do que o abatimento dos valores já pagos 
pelo empregador ao empregado em relação aos títulos pleiteados. A razão de 
ser é evitar o enriquecimento ilícito do reclamante.
Caso Gerador:
Carlos Santana é dono de um restaurante no Rio de Janeiro. Ao visualizar 
um terreno baldio situado no bairro do Recreio, teve uma brilhante idéia: ad-
quirir o terreno e realizar as obras necessárias para construir sua casa.
Carlos, no entanto, sem ter conhecimentos técnicos acerca de construção 
civil, optou por contratar um empreiteiro. Após a apresentação do projeto da 
casa com dois andares, piscina e churrasqueira, decidiu iniciar as obras.
Ficou defi nido, para a empreitada, o valor de R$ 115.000,00, para ser rea-
lizado no prazo de 3 meses.
O empreiteiro Antônio Jorge, então, providenciou a contratação de um 
mestre de obras, quatro pedreiros e oito serventes, para que a obra pudesse ser 
executada.
Carlos sempre tratou todas as questões diretamente com o empreiteiro, bem 
como todos os pagamentos foram feitos exclusivamente a este, sendo certo que 
jamais teve contato com qualquer dos empregados de Antônio Jorge. Tampou-
co tinha conhecimento das condições dos contratos de trabalho deles.
Executada a obra, no entanto, Antônio Jorge demitiu todos os seus fun-
cionários. Ocorre que passados 15 dias do término da obra, Carlos foi surpre-
endido por uma notifi cação de reclamação trabalhista ajuizada por Jaílson, 
mestre de obras, em face de Antônio Jorge e o próprio Carlos Santana, pleite-
ando a condenação subsidiária deste último formulando nas verbas rescisórias 
(horas extras e refl exos e adicional de insalubridade).
Elabore, na qualidade de advogado de Carlos Santana, a peça adequada, 
abordando os fundamentos de fato e de direito pertinentes.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 84
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 85
AULA 15. RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO.
Leitura Obrigatória: MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do tra-
balho. 26ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.
Peculiaridades recursais do processo do trabalho
Irrecorribilidade das decisões interlocutórias
No processo do trabalho, não é possível recorrer das decisões interlocutó-
rias proferidas pelo juiz, conforme determina o art. 893, § 1º da CLT. Elas só 
podem ser impugnadas no recurso da decisão defi nitiva.
Art. 893 – Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: (...)
§ 1º – Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, 
admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em 
recursos da decisão defi nitiva.
A proibição, no entanto, sofre um temperamento decorrente da súmula 
214 do TST, revisada com o advento da Resolução 127/2005. A súmula, atu-
almente, admite a interposição de recurso quando a decisão combatida (i) de 
Tribunal Regional do Trabalho for contrária à súmula ou orientação jurispru-
dencial do TST, (ii) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo 
tribunal, ou (iii) que acolhe exceção de incompetência territorial, com remessa 
dos autos para Tribunal Regional diferente daquele a que se vincula o juízo 
excepcionado.
Súmula 214, TST – Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da 
CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de 
decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurispru-
dencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para 
Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o 
disposto no art. 799, § 2º, da CLT.
Inexigibilidade de fundamentação
Pelo disposto no art. 899 da CLT, os recursos podem ser interpostos por 
petição simples, sem que o recorrente aduza as razões recursais. Em outras 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 86
palavras, o sucumbente pode interpor recurso sem qualquer fundamentação 
jurídica, mas tão-somente requerendo o reexame.
Art. 899 – Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramen-
te devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória 
até a penhora.
Apesar do dispositivo, é fundamental a fundamentação para (i) assegurar a 
ampla defesa e o contraditório (ii) possibilitar que o tribunal analise as razões 
do inconformismo. Aliás, diversos recursos no processotrabalhista exigem a 
fundamentação, tais como o recurso de revista, o recurso extraordinário, o 
agravo de petição, os embargos etc. Nesse sentido é, também, a súmula 422 
do TST.
Súmula 422, TST – Não se conhece de recurso para o TST, pela ausência do 
requisito de admissibilidade inscrito no art. 514, II, do CPC, quando as razões do 
recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que 
fora proposta.
Efeito devolutivo dos recursos
Os recursos trabalhistas apenas operam o efeito devolutivo, não possuindo 
qualquer efeito suspensivo. A única exceção reside no recurso ordinário em 
dissídio coletivo em que o presidente do TST pode conceder o efeito suspen-
sivo (art. 14 da Lei 10.192/01).
Por outro lado, em casos excepcionalíssimos, é possível obter efeito sus-
pensivo no recurso por intermédio de medida cautelar, como dispõe a súmula 
414, I do TST.
Súmula 414, I, TST – I – A antecipação da tutela concedida na sentença não 
comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável me-
diante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspen-
sivo a recurso.
Uniformidade de prazos de recurso
No processo do trabalho o prazo para interposição dos recursos é, em regra, 
de 8 (oito) dias. As exceções desse prazo são o recurso extraordinário (prazo de 
15 dias) e os embargos de declaração (prazo de 5 dias). Dessa forma, os prazos 
do recurso ordinário, de revista, agravo de petição, agravo de instrumento, 
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 87
recurso adesivo e embargos no TST estão sujeitos ao prazo de 8 dias (art. 6º 
da Lei 5.584/70 e Lei 11.925/09).
Súmula 283, TST – O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho 
e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, 
de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele 
veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.
Instância única nos dissídios de alçada
Em relação às ações que não ultrapassem dois salário mínimos, não caberá 
recurso, salvo se versarem sobre matéria constitucional.
Depósito recursal
Conforme visto, em regra, os recursos trabalhistas operam, apenas, o efeito 
devolutivo. Para que o empregador possa recorrer, é imperioso que ele garanta 
o juízo. Este requisito de admissibilidade tem como fi nalidade assegurar o 
cumprimento futuro de eventual condenação. Nos recursos ordinário, de re-
vista, embargos no TST, recurso extraordinário e recurso de revista, portanto, 
o empregador deverá, no prazo recursal, comprovar o depósito. Ressalte-se, 
ainda que a gratuidade de justiça não isenta o empregador do depósito recur-
sal, mas apenas das custas judiciais.
Todavia, este requisito não é aplicável às pessoas jurídicas de direito público e 
ao Ministério Público do Trabalho. Registre-se, por oportuno, que as empresas 
públicas e sociedades de economia mista são obrigadas a realizar o depósito.
Não se pode olvidar que a cada novo recurso interposto, o recorrente/empre-
gador deverá providenciar novo depósito, limitado ao valor da condenação.
Recurso Ordinário
É o recurso cabível contra decisão terminativa ou defi nitiva da vara do 
trabalho ou das decisões defi nitivas prolatadas pelo TRT em processo de com-
petência originária.
Art. 895 – Cabe recurso ordinário para a instância superior:
a) das decisões defi nitivas das Juntas e Juízos, no prazo de 10 (dez) dias;
b) das decisões defi nitivas dos Tribunais Regionais, em processos de sua compe-
tência originária, no prazo de 10 (dez) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos 
dissídios coletivos.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 88
§ 1º – Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário:
I – (VETADO).
II – será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o 
relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma 
colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;
III – terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de 
julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão;
IV – terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indi-
cação sufi ciente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto preva-
lente. Se a sentença for confi rmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julga-
mento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.
§ 2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para 
o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas deman-
das sujeitas ao procedimento sumaríssimo.
A elaboração do presente recurso é extremamente semelhante ao recurso de 
apelação do processo civil. Ele é interposto perante o juízo prolator da decisão 
em duas petições: (i) interposição e (ii) razões do recurso.
Petição de interposição
Identifi cação
Endereçamento (juízo a quo)
Indicação das partes
Postulação
Recebimento do recurso e sua remessa ao tribunal.
Preparo
Depósito recursal (caso de empregador com condenação em pecúnia)
Fecho
Local, data
Assinatura
Petição com as razões
Identifi cação
Indicação das partes (recorrente e recorrido)
Corpo
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reforma/anulação
Fecho
Local, data
Assinatura
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 89
Recurso de Revista
Este é um recurso eminentemente técnico que tem como função unifor-
mizar a interpretação e a aplicação correta da lei pelos tribunais do trabalho, 
conforme dispõe o art. 896 da CLT. Não obstante, para que o recurso de revis-
ta seja conhecido, é preciso que ele seja dotado de transcendência, isto é, tem 
que superar os estreitos limites da lide. No entanto, até a presente data, o TST 
não regulamentou a transcendência em seu regimento interno.
Art. 896 – Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Traba-
lho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos 
Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe 
houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissí-
dios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência 
Uniforme dessa Corte;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Traba-
lho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância 
obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator 
da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e 
literal à Constituição Federal.
1o O Recurso de Revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será apresentado ao 
Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, 
em qualquer caso, a decisão.
5º – Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da Ju-
risprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o, 
negar seguimento ao Recurso de Revista, aos Embargos, ou ao Agravo de Instrumento. 
Será denegado seguimento ao Recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta 
de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de Agravo.
Art. 896-A – O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará 
previamente se a causa oferece transcendência com relação aos refl exos gerais de natu-
reza econômica, política, social ou jurídica.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 90
Petição de interposição
Identifi cação
Endereçamento (Presidente do tribunal)
Indicação das partes
Postulação
Recebimento do recursoe sua remessa ao tribunal.
Preparo
Depósito recursal (caso de empregador com condenação em pecúnia)
Fecho
Local, data
Assinatura
Petição com as razões
Identifi cação
Indicação das partes (recorrente e recorrido)
Corpo
Indicação dos documentos da IN 23/2003
Cabimento do recurso
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reforma/anulação
Fecho
Local, data
Assinatura
Embargos no TST
São suscetíveis de embargos no TST as decisões não unânimes que con-
ciliarem, julgarem ou homologarem conciliação em dissídios coletivos que 
excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e 
estenderem ou reverem as sentenças normativas do Tribunal Superior do 
Trabalho, bem como as decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das 
decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais. A fi nalidade deste 
recurso é, justamente, unifi car a interpretação jurisprudencial das turmas 
do TST.
Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 
8 (oito) dias:
I – de decisão não unânime de julgamento que:
a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que 
excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e es-
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 91
tender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, 
nos casos previstos em lei; e
b) (VETADO)
II – das decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das decisões pro-
feridas pela Seção de Dissídios Individuais, salvo se a decisão recorrida estiver 
em consonância com súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Supe-
rior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal.
Identifi cação
Endereçamento
Indicação das partes (embargante e embargado)
Corpo
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reformar a decisão
Depósito recursal (caso de empregador com condenação em pecúnia)
Fecho
Local, data
Assinatura
Agravo de Petição
O agravo de petição é o recurso cabível em relação às decisões do juiz na 
execução do processo trabalhista. Essa petição é interposta perante o juiz pro-
lator da decisão, em duas peças, que remeterá os autos ao Tribunal. Observe-
se, ainda, que é fundamental que o agravante delimite fundamentadamente as 
matérias e os valores impugnados sob pena de não conhecimento do recurso.
Art. 897 – Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:
a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;
(...)
§ 1º – O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justi-
fi cadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da 
parte remanescente até o fi nal, nos próprios autos ou por carta de sentença.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 92
Petição de interposição
Identifi cação
Endereçamento (juízo a quo)
Indicação das partes
Postulação
Recebimento do recurso e sua remessa ao tribunal.
Preparo
Fecho
Local, data
Assinatura
Petição com as razões
Identifi cação
Indicação das partes (agravante e agravado)
Corpo
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso para reforma/anulação
Fecho
Local, data
Assinatura
Agravo de Instrumento
Diferentemente do homônimo no processo civil, o agravo de instrumento 
no processo do trabalho tem uma única fi nalidade, qual seja destrancar re-
cursos. Em outras palavras, ele é um recurso cabível contra o despacho que 
denegar a interposição do recurso. Observe-se, no entanto, que do recurso que 
denegar seguimento a recurso de embargos no TST caberá o agravo regimen-
tal e não o agravo de instrumento.
O presente recurso é dirigido diretamente ao Tribunal que teria competên-
cia para julgar o recurso denegado. Ele deverá vir instruído, obrigatoriamen-
te, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das 
procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição 
inicial, da contestação, da decisão originária, da comprovação do depósito 
recursal e do recolhimento das custas.
Ressalte-se, ainda, que o agravado será intimado para apresentar as contra-ra-
zões do agravo e, também, do recurso principal a que foi denegado seguimento.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 93
Art. 897 – Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:
b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.
§ 2º – O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber 
agravo de petição não suspende a execução da sentença.
§ 4º – Na hipótese da alínea b deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal 
que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.
§ 5o Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do ins-
trumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do 
recurso denegado, instruindo a petição de interposição:
I – obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva 
intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, 
da petição inicial, da contestação, da decisão originária, da comprovação do depósito 
recursal e do recolhimento das custas;
II – facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde 
da matéria de mérito controvertida.
§ 7o Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal, 
observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso.
Petição de interposição
Identifi cação
Endereçamento (juízo ad quem)
Indicação das partes
Postulação
Conhecimento do recurso.
Comprovante do depósito recursal no recurso principal, se for o caso
Fecho
Local, data
Assinatura
Petição com as razões
Identifi cação
Indicação das partes (agravante e agravado)
Corpo
Razões do pedido de reforma
Postulação
Conhecimento e provimento do recurso
Fecho
Local, data
Assinatura
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 94
Caso Gerador:
Discorra acerca das principais diferenças entre os recursos no processo cível 
e os recursos no processo do trabalho.
Rafael Viola. Mestre em Direito Civil pela UERJ. Pós-graduado em Di-
reito Civil pela UERJ. Professor da FGV Direito-Rio. Professor da Escola 
da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. Professor do programa de pós-
graduação lato sensu da Universidade Cândido Mendes. Advogado.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 95
RAFAEL VIOLA
Mestre em Direito Civil pela UERJ. Pós-graduado em Direito Civil pela 
UERJ. Professor da Escola de Direito da FGV-RIO. Professor da Escola da 
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro – EMERJ. Professor dos cursos 
de pós-graduação lato sensu em Direito do CEPED/UERJ. Professor do 
Curso de pós-graduação lato sensu da Universidade Cândido Mendes. 
Palestrante da FECOMÉRCIO-RJ. Advogado.
PRÁTICA JURÍDICA II
FGV DIREITO RIO 96
Fundação Getulio Vargas
Carlos Ivan Simonsen Leal
PRESIDENTE
FGV DIREITO RIO
Joaquim Falcão
DIRETOR
Fernando Penteado
VICE-DIRETOR ADMINISTRATIVO
Luís Fernando Schuartz
VICE-DIRETOR ACADÊMICO 
Sérgio Guerra
VICE-DIRETOR DE PÓS-GRADUAÇÃO
Luiz Roberto Ayoub
PROFESSOR COORDENADOR DO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO EM PODER JUDICIÁRIO
Ronaldo Lemos
COORDENADOR CENTRO DE TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Evandro Menezes De Carvalho
COORDENADOR DA GRADUAÇÃO
Rogério Barcelos Alves
COORDENADOR DE METODOLOGIA MATERIAL DIDÁTICO
Paula Spieler
COORDENADORA ATIVIDADE COMPLEMENTAR
Daniela Barcellos
COORDENADORA TRABALHO CONCLUSÃO CURSO
Lígia Fabris e Thiago Bottino do Amaral
COORDENADORES DO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
Wania Torres
COORDENADORA DE SECRETARIA DE GRADUAÇÃO
Diogo Pinheiro
COORDENADOR DE FINANÇAS
Milena Brant
COORDENADORA DE MARKETING ESTRATÉGICO E PLANEJAMENTO
FICHA TÉCNICA

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