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Como elaborar um contrato Social

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Como elaborar um contrato social 
1) Normas Gerais para a Elaboração de um Bom Contrato 
O Contrato Social não poderá conter emendas, rasuras e entrelinhas, admitidas, 
porém, nesses casos, ressalva expressa no próprio instrumento, com assinatura das 
partes. 
Nos instrumentos particulares, não deverá ser utilizado o verso das folhas do 
contrato, cujo texto será grafado na cor preta ou azul, obedecidos os padrões de 
indelebilidade e nitidez para permitir sua reprografia, microfilmagem e/ou 
digitalização. As cláusulas devem ser redigidas de forma clara e preferencialmente 
deve-se colocar um título antes de cada uma. 
O conteúdo do contrato pode ser sintético, com poucas cláusulas ou extenso, com 
detalhes. Essa opção é uma decisão dos sócios: quanto mais cláusulas e detalhes 
maior a segurança para as partes, mas menor a liberdade de ação. 
Há cláusulas obrigatórias e cláusulas facultativas. 
As facultativas podem ser divididas entre: 
• Cláusulas cuja falta determinará aplicação de uma regra prevista em lei. 
• Cláusulas que são detalhamento 
• Cláusulas exigidas pela lei para instituição de determinada condição especial. 
a) Cláusulas previstas em lei como obrigatórias 
A lei que rege essa matéria é o Código Civil, Art. 1052 a 1087. 
Também são usados muitos artigos que se encontram na parte do Código que trata 
das sociedades simples Art. 997 a 1038. 
Esses artigos serão aplicados sempre que o Código expressamente indicar ou se a 
parte específica que rege as limitadas não tratar do assunto. 
Regula ainda a matéria, em conjunto como o Código, as leis especiais do direito 
empresarial, como, por exemplo, a lei de Registro de Empresas. 
1. Elementos do Contrato Social (Instrução Normativa N. 10 do DREI) 
“O contrato social deverá conter, no mínimo, os seguintes elementos: 
a) Título (Contrato Social); 
b) Preâmbulo; 
“Deverão constar do preâmbulo do contrato social: 
1. Qualificação dos sócios e de seus representantes: 
 sócio pessoa física (brasileiro ou estrangeiro) residente e domiciliado no 
País ou no exterior: 
 nome civil, por extenso; 
 nacionalidade; 
 estado civil e regime de casamento (no caso de união estável, incluir o 
estado civil) 
 data de nascimento, se solteiro; 
 profissão; 
 documento de identidade, número e órgão expedidor/UF; 
 CPF; 
 endereço residencial (tipo e nome do logradouro, nº, complemento, 
bairro/distrito, município, unidade federativa e CEP, se no País); 
 sócio pessoa jurídica com sede no País: 
 nome empresarial; 
 nacionalidade; 
 endereço da sede (tipo e nome do logradouro, nº, complemento, 
bairro/distrito, município, unidade federativa e CEP); 
 Número de identificação do Registro de Empresa – NIRE ou número de 
inscrição no Cartório competente; 
 CNPJ; 
 sócio pessoa jurídica com sede no exterior: 
 nome empresarial; 
 nacionalidade; 
 endereço da sede; 
 CNPJ; 
 2.Tipo jurídico da sociedade (Sociedade Limitada). 
c) Corpo do contrato: 
c.1) Cláusulas Obrigatórias; 
O corpo do contrato social deverá contemplar, obrigatoriamente, o seguinte: 
a) Nome empresarial, que poderá ser firma social ou denominação social”. 
(Código Civil) 
“Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, 
integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura. 
§ 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde 
que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. 
§ 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo 
permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. 
§ 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade 
solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma 
ou a denominação da sociedade”. 
b) Endereço completo da sede (tipo e nome do logradouro, número, complemento, 
bairro/distrito, município, unidade federativa e CEP) bem como o endereço das 
filiais; 
c) Capital da sociedade, expresso em moeda corrente, a quota de cada sócio, a forma 
e o prazo de sua integralização; 
d) Declaração precisa e detalhada do objeto social; 
Nos termos do Decreto 1800/96 o objeto deve ser preciso e 
detalhadamente descrito. 
Art. 53, § 2º Entende-se como preciso e detalhadamente declarado o 
objeto da empresa mercantil quando indicado o seu gênero e espécie. 
e) Prazo de duração da sociedade. 
f) As pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e 
atribuições. 
• Deve existir uma cláusula de qualificação do administrador não sócio, designado no 
contrato, se for o caso. 
• Sendo os administradores nomeados no contrato, é obrigatória a indicação de seus 
poderes e atribuições. 
• Caso não haja nomeação dos administradores, deverá constar no contrato que o 
serão em ato separado. Oportunidade em que deverá averbá-lo à margem da 
inscrição da sociedade, e, pelos atos que praticar, antes de requerer a averbação, 
responde pessoal e solidariamente com a sociedade. (art. 1.012 do CC) 
• Caso não haja designação de administrador, competirá separadamente a todos os 
sócios. (art. 1.013 do CC). 
g) Data de encerramento do exercício social, quando não coincidente com o ano civil 
e participação de cada sócio nos lucros e nas perdas. 
h) Foro ou cláusula arbitral. 
 (observação: Se uma sociedade institui uma convenção de arbitragem, em especial, 
em seu contrato social, os sócios estarão obrigatoriamente sujeitos ao processo 
arbitral, podendo tão somente discutir seus litígios através do Juízo Arbitral). 
a) Responsabilidades dos Sócios (art. 1052, CCB). 
a) Inexistência de Impedimentos dos Administradores. 
CLÁUSULAS FACULTATIVAS DO CONTRATO SOCIAL 
Há situações nas quais a lei disciplina o assunto, em caso de omissão contratual. 
Assim, é interessante a elaboração de uma cláusula se se desejar disciplina diversa da 
prevista em lei. 
Há ainda situações nas quais a previsão expressa no contrato social é exigência do 
legislador para instituição de determinado procedimento ou condição. 
Vejamos: 
a) Regras das reuniões de sócios (art.1.072 do CC); 
Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão 
tomadas em reunião ou em assembléia, conforme previsto no contrato social, 
devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no 
contrato. 
§ 1o A deliberação em assembleia será obrigatória se o número dos sócios for 
superior a dez. 
§ 6o Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no contrato, o disposto na 
presente Seção sobre a assembleia. 
Na hipótese de sociedade com numero igual ou inferior a 10 sócios é interessante 
estabelecer que a forma de deliberação é a Reunião de Sócios estipulando-se as 
condições para sua convocação, instalação e realização. 
Assim, garante-se um procedimento mais simplificado e menos oneroso. 
É interessante prever: 
• Quem pode convocar. 
• Como se convoca. 
• Prazos de convocação. 
• Conteúdo da convocação. 
• Quórum de instalação da Reunião e sua forma. 
• Como será organizada. 
• Como ocorrerá a deliberação. 
• Formalidades de Registro da Reunião (ata). 
b) Previsão de regência supletiva da sociedade pelas normas da sociedade anônima 
(parágrafo único, art. 1.053 do CC); 
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas 
normas da sociedade simples. 
Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade 
limitada pelas normas da sociedade anônima. 
Logo, se os sócios não desejarem seguir as regras da sociedade simples é fundamental 
incluir no contrato uma cláusula com essa previsão. 
 
c) Exclusão de sócios por justa causa (art. 1.085 do CC); 
Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios, 
representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais 
sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de 
inegável gravidade,poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do 
contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa. 
Parágrafo único. A exclusão somente poderá ser determinada em reunião ou 
assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo 
hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa. 
d) Instituição de conselho fiscal (art. 1.066 do CC). 
Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembléia dos sócios, pode o contrato 
instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos 
suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na assembléia anual prevista 
no art. 1.078. 
§ 1o Não podem fazer parte do conselho fiscal, além dos inelegíveis enumerados 
no § 1o do art. 1.011, os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra por 
ela controlada, os empregados de quaisquer delas ou dos respectivos 
administradores, o cônjuge ou parente destes até o terceiro grau. 
§ 2o É assegurado aos sócios minoritários, que representarem pelo menos um 
quinto do capital social, o direito de eleger, separadamente, um dos membros do 
conselho fiscal e o respectivo suplente. 
Art. 1.067. O membro ou suplente eleito, assinando termo de posse lavrado no 
livro de atas e pareceres do conselho fiscal, em que se mencione o seu nome, 
nacionalidade, estado civil, residência e a data da escolha, ficará investido nas 
suas funções, que exercerá, salvo cessação anterior, até a subseqüente assembléia 
anual. 
Parágrafo único. Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes ao da 
eleição, esta se tornará sem efeito. 
Art. 1.068. A remuneração dos membros do conselho fiscal será fixada, 
anualmente, pela assembléia dos sócios que os eleger. 
Art. 1.069. Além de outras atribuições determinadas na lei ou no contrato social, 
aos membros do conselho fiscal incumbem, individual ou conjuntamente, os 
deveres seguintes: 
I - examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade e o 
estado da caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-
lhes as informações solicitadas; 
II - lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos exames 
referidos no inciso I deste artigo; 
III - exarar no mesmo livro e apresentar à assembléia anual dos sócios parecer 
sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando 
por base o balanço patrimonial e o de resultado econômico; 
IV - denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo 
providências úteis à sociedade; 
V - convocar a assembléia dos sócios se a diretoria retardar por mais de trinta dias 
a sua convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes; 
VI - praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos a que se refere 
este artigo, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação. 
Art. 1.070. As atribuições e poderes conferidos pela lei ao conselho fiscal não 
podem ser outorgados a outro órgão da sociedade, e a responsabilidade de seus 
membros obedece à regra que define a dos administradores (art. 1.016). 
Parágrafo único. O conselho fiscal poderá escolher para assisti-lo no exame dos 
livros, dos balanços e das contas, contabilista legalmente habilitado, mediante 
remuneração aprovada pela assembléia dos sócios. 
e) Forma de cessão das quotas. (art. 1.057 do CC). 
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou 
parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou 
a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital 
social. 
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive 
para os fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo 
instrumento, subscrito pelos sócios anuentes. 
g) matérias que dependem para sua aprovação da deliberação dos sócios, além das 
listadas no art. 1071, CCB. (art. 1.071 do CC). 
Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias 
indicadas na lei ou no contrato: 
I - a aprovação das contas da administração; 
II - a designação dos administradores, quando feita em ato separado; 
III - a destituição dos administradores; 
IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato; 
V - a modificação do contrato social; 
VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado 
de liquidação; 
VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas; 
VIII - o pedido de concordata. 
f) Quórum de aprovação para matérias não previstas em lei ou para as quais os sócios 
querem quórum superior ao da lei (não é permitido reduzir o quórum legal). (art. 
1.076 do CC). 
Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061 e no § 1o do art. 1.063, as 
deliberações dos sócios serão tomadas: 
I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social, nos 
casos previstos nos incisos V e VI do art. 1.071; 
II - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos casos 
previstos nos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071; 
III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei ou no 
contrato, se este não exigir maioria mais elevada. 
g) Forma de apuração de haveres diversa da do art. 1031 do Código (art. 1.077 e 1031 
do CC). 
Art. 1.077. Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, 
incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de 
retirar-se da sociedade, nos trinta dias subseqüentes à reunião, aplicando-se, no 
silêncio do contrato social antes vigente, o disposto no art. 1.031. 
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o 
valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-
se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial 
da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente 
levantado. 
§ 1o O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios 
suprirem o valor da quota. 
§ 2o A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir 
da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário. 
j) Hipóteses de dissolução do contrato, além das legais. (art. 1.035 do CC). 
Art. 1.035. O contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem 
verificadas judicialmente quando contestadas. 
Art. 1.087. A sociedade dissolve-se, de pleno direito, por qualquer das causas 
previstas no art. 1.044. 
Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas 
enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência. 
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: 
I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de 
sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo 
indeterminado; 
II - o consenso unânime dos sócios; 
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo 
indeterminado; 
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta 
dias; 
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. 
Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de 
qualquer dos sócios, quando: 
I - anulada a sua constituição; 
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade. 
k)Hipóteses falecimento ou interdição dos sócios. (art. 1028, CCB) 
Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo: 
I - se o contrato dispuser diferentemente; 
II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; 
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido. 
FECHO DO CONTRATO 
Ao final deve vir o que chamamos “fecho do contrato” 
Do fecho do contrato social deverá constar: 
1. Localidadee data do contrato; e 
2. Nomes dos sócios e respectivas assinaturas.

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