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[Trabalho] Analise do filme - 12 Homens e uma sentença

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FACULDADE SALESIANA DO NORDESTE – FASNE 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
PSICOLOGIA JURÍDICA 
 
 
 
 
 
 
NEYL ARMSTRONG PEREIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
ANALISE DO FILME “12 HOMENS E UMA SENTENÇA” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE – 2013 
NEYL ARMSTRONG PEREIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANALISE DO FILME “12 HOMENS E UMA SENTENÇA” 
 
 
 
Atividade requerida como 
avaliação complementar, da 
primeira unidade da 
disciplina “psicologia 
jurídica”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE – 2013 
FILME: 12 HOMENS e uma sentença (12 Angry Men). Direção: Sidney Lumet. 
Produção: Henry Fronda. Roteiro: Reginald Rose. Estados Unidos, 1957. 96 min. 
Son, P&B. 
 
1. ANALISE CRÍTICA 
 
12 homens e uma sentença é um filme que narra, essencialmente, as 
discussões de um júri popular, acerca de um caso de assassinato, aparentemente 
de fácil solução. 
Um jovem pobre de 18 anos é acusado de assassinar o próprio pai, e todas 
as evidências indicam para sua condenação (que só poderia ser feita, mediante 
certeza total de todos os jurados). Na votação preliminar, onze dos doze jurados 
votam pela condenação, apenas o jurado numero oito, o arquiteto Davis (Henry 
Fronda), vota pela inocência do acusado, e não por acreditar nela, mas sim, porque 
“quando onze homens votam culpado, não é fácil levantar a mão e sentenciá-lo à 
morte”. Davis acreditava que havia “dúvida razoável” sobre o caso, o que seria 
suficiente para inocentar o acusado. 
A drama se desenvolve com uma tentativa dos doze homens em convencê-lo 
do dolo do acusado, porém, logo os papeis se invertem, e é Davis quem começa a 
questionar as provas e os depoimentos apresentados, de forma que, nem o 
advogado do jovem (um defensor público) se empenhara em fazer. A cada 
prova/depoimento analisado, os jurados iam mudando de posição. Durante as 
discussões, porém, ficam evidenciadas as motivações de cada um naquela quente 
sala do tribunal, que vão desde a indiferença, até o orgulho, passando pelo senso 
comum. 
Embora não haja duas verdades de um mesmo fato, a mesma verdade pode 
ser vista por diversos pontos de partida condicionados a partir das experiências de 
vida, valores e percepções de cada observador. Isso fica muito claro no filme, onde o 
perfil, condição sócio econômica, origem social, profissão, visão de mundo e até 
mesmo a experiência empírica de cada jurado são fatores preponderantes para uma 
primeira avaliação sobre o caso. 
Os fatores acima elencados, também servirão como “filtros” pelos quais, nós 
estudantes, analisemos o enredo. 
Limitamos a presente analise, na certeza de que o que está em jogo no caso 
do filme, é a distinção das decisões jurídicas de aspectos axiológicos pessoais. O 
Estado não pode revestir-se de preconceitos, de estereótipos de aspirações 
classistas em detrimento da verificação criteriosa dos fatos para balizar suas 
decisões. 
Por fim, 12 Homens e uma sentença, é matéria fundamental para os que 
debutam no ensino da ciência jurídica, por ser, um filme que coloca em cheque as 
cargas sentimentais e fundamentalistas daqueles que se propõe a operar o Direito. 
 
 
2. MENSAGEM DO FILME: 
 
“É sempre difícil deixar o preconceito fora de uma questão dessas. Não 
importa pra que lado vá, o preconceito sempre obscurece a verdade” Essa frase 
proferida em dado momento do enredo, pode muito bem, resumir a mensagem do 
filme. 
 Aos que se propõe a operarem o Direito, é indispensável o deixar de lado, 
valores pessoais que vão na contramarcha do que a sociedade já compreendeu 
como normalidade. Em outras palavras, não se pode enquanto operador do Direito, 
deixar que motivações pessoais interfiram na percepção dos fatos (por mais que 
seja difícil). 
 
3. COMENTE A SUA COMPREENSÃO A RESPEITO DO QUE 
ACONTECEU NO PROCESSO DECISÓRIO DOS JURADOS E 
CONFLITOS OCORRIDOS: 
 
Os jurados foram motivados por valores e experiências pessoais, e até mesmo, 
na conveniência (mudar de posição de acordo com a correlação de forças que se 
apresenta). Ao passo que a cada contestação à verdade criada por suas cabeças, 
que lhes forçava a sair de sua posição inicial, significava um grande conflito. Seja 
para o que mudava, seja para aqueles que viam na mudança do outro, uma perca 
de força de sua própria tese. 
 Os que defendiam a condenação de forma mais veementemente, só se 
convenceram, no entanto, quando atingidos no âmbito pessoal que os levavam a 
posição primeira (O dono de oficina, com um discurso carregado de preconceito 
classista, um especulador da bolsa de valores e um empresário influenciado em sua 
decisão pelo desprezo que recebia do filho). 
 
4. CONSIDERANDO OS PERSONAGENS DO FILME, DESCREVA 
AS DIFERENTES PERCEPÇÕES, AS MUDANÇAS DE 
PERCEPÇÃO OCORRIDAS E OS MOTIVOS DE CADA UM: 
 
1. Davis, o arquiteto é o único a votar pela inocência desde o primeiro 
momento. Motivado pelo sentimento de corresponsabilidade sobre a vida 
de alguém, não se vê na condição de mandar um jovem com sofrível 
história de vida, sem ao menos lhe dedicar um bom debate; 
2. McArdle, um velho senhor que se identificou com a posição solitária da 
Davis e muda seu voto a principio, para proporcionar àquele um espaço 
para expor suas opiniões. Esse sentimento inclusive, foi decisivo para que 
um dos depoimentos de acusação caísse por terra, pois, identificou as 
motivações do depoente. Por ser um bom observador, ainda ajuda a 
decifrar elementos sobre outro depoimento (o da mulher que usava óculos, 
que afirmava ter visto o assassinato); 
3. Jovem fã do Baltimore Orioles de origem pobre. Motivo pelo qual, logo foi 
alvo de preconceitos. Foi o terceiro a mudar de posição, talvez porque ter 
se identificado com o jovem, na mão daquele julgamento altamente 
sensacionalista. 
4. Um relojoeiro, que se sentia orgulhoso por sua cidadania americana, e 
valorizada o momento que vivenciava; 
5. Um jovem bancário, desde o inicio mostra que sua percepção foi calcada 
no senso comum. Disse que desde o inicio o achou culpado e que 
ninguém conseguiu provar o contrário; 
6. Um pintor de paredes. Coloca-se desde o inicio com muitas duvidas, disse 
procurar um motivo que levasse o jovem a assassinar o pai, e que o 
encontrara no caso da “briga” entre pai e filho na noite do crime, poucas 
horas antes do assassinato. Por estar a procura de motivos, e estes, 
serem fortemente contestado, logo muda de posição; 
7. Um vendedor, fã de esportes. Mostra-se totalmente indiferente ao caso, 
tanto é que, ao empatar a votação, decide mudar o voto por perceber que 
o “jogo estava mudando”. “Apostou no cavalo que estava caminhando 
para a vitória” porque só queria sair logo dali; 
8. Um publicitário. Estava totalmente disperso o que lhe fez mudar de 
posição algumas vezes; 
9. O professor e presidente do júri. Preocupou-se em todo o momento com a 
organização dos trabalhos. Mudou de opinião justamente no mesmo 
momento do publicitário quando as provas estavam todas caindo por terra. 
Talvez, o que mais se sentia numa posição importante por estar decidindo 
a vida de outra pessoa; 
10. Tendo um discurso altamente preconceituoso, foi atingido quando isto 
chegou ao ponto máximo. Foi ignorado por todos os membros da mesa, o 
que lhe fez se isolar em outro canto. Mudou de voto depois desse fato ter 
lhe afetado emocionalmente; 
11. Um especulador da bolsa de valores. Mostrou-se bastante racional no 
inicio, porém, mesmo com todas as evidências sendo contestadas, 
continuou com sua posição inicial até “ser envolvido pessoalmente” com o 
casoda mulher que usava óculos; 
12. Um empresário. Identificou-se com o caso, e talvez tenha encontrado ali, 
uma forma de “fazer justiça” contra seu filho, que o desprezava. Colocou-
se na posição do pai assassinado e “injustiçado” por um “filho ingrato”. 
Essa forte identificação fica clara nos diversos momentos em que se exalta 
na defesa de seu ponto de vista. É o ultimo a mudar de posição, e o faz 
num momento emocionante. 
 
5. ENQUANTO OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA, 
COMENTE A SUBJETIVIDADE NO JULGAMENTO; 
 
A subjetividade como singularidade de cada ser, manifestando-se na 
personalidade das pessoas (em suas três dimensões: inteligência, temperamento e 
caráter), é herança do conhecimento de mundo, experiências empíricas e valores de 
cada ser. 
Como vimos na analise feita acima, foi a subjetividade de cada individuo, que 
os levaram a ter seus posicionamentos iniciais, e mais, na mudança de posição no 
desenrolar da trama. 
 
6. QUE CONCLUSÕES VOCÊ PODE TIRAR SOBRE A 
INFLUÊNCIA DA PERCEPÇÃO PARA AS RELAÇÕES 
HUMANAS E PROFISSIONAIS? 
A percepção entendida como a interpretação das sensações por meio da 
atribuição de significados pessoais, é fundamental e está a todo momento, 
modelando a forma como nos relacionamos com os indivíduos ao nosso meio. 
Temos necessidades, que nos levam a apontar motivos que condicionam 
nossas percepções, sendo essas, portanto, apenas meio de suprir nossas 
necessidades de diversas ordens. São as percepções sobre as pessoas e seus 
comportamentos que nos levam a classifica-las e coloca-las em determinados 
grupos de relações preestabelecidas (aqueles com quem se pode contar, aqueles 
com quem devemos ter cuidado e etc). 
No entanto, há sempre o risco de que nossas percepções sejam baseadas 
em conceitos pré-concebidos, e que, portanto, ao serem submetidas a um exame 
criterioso de conhecimento por exemplo, podem ser mudadas radicalmente. 
Sendo assim, por mais que as percepções possam e devam existir, elas 
sempre devem estar abertas aos questionamentos sob a luz dos fatos. 
Principalmente a respeito de pessoas, de modo a não cair no dogmatismo cego que 
rotula as pessoas baseadas apenas nas percepções. O que pode levar a um 
caminho duro para ambas as partes.

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