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UNIVERSIDADE SĀO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE 
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS 
Licenciatura em Economia 
Economia II 
Pos-Laboral 
Cadeira: Macroeconomia II 
Tema: Crescimento e Desenvolvimento económico em Moçambique; 
 
 
Docente: Discentes: Edson Garrine 
1. Diogênia da Conceição Ferreira 202000964 
2. Helton Choo 202000552 
3. Hortência Júlio Chitive 202200229 
4. Kelly Silva 202200805 
5. Suzimila Dos Santos Caniate 202200475 
 
 
 
Maputo, Maio de 2025 
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índice 
Introdução ....................................................................................................................................... 2 
Objectivos Gerais .................................................................................................................... 2 
Contextualização ......................................................................................................................... 4 
1. O Crescimento Económico ......................................................................................................... 5 
1.1. Factores do Crescimento Económico................................................................................... 5 
1.2. Cálculo do Crescimento Económico .................................................................................... 6 
1.3. Apresentação Modelo Harrod-Domar ................................................................................. 7 
2. O Desenvolvimento Económico ................................................................................................. 9 
2.2 Importância do Conceito de Desenvolvimento ..................................................................... 9 
2.3. Medidas que Colocam em Números o Padrão de Desenvolvimento de um País ................ 9 
2.4. Evolução do conceito de desenvolvimento económico ..................................................... 10 
2.4.1. Teorias a Respeito do Desenvolvimento Económico ...................................................... 10 
2.4.2. Indicadores de desenvolvimento económico ...................................................................11 
2.4.3. Obstáculos ao desenvolvimento .......................................................................................11 
2.5. Diferenças entre Crescimento Económico e Desenvolvimento Económico .......................11 
2.6. Desenvolvimento Económico em Moçambique ................................................................ 12 
3. Breve Caracterização das Economias ....................................................................................... 13 
3.1 Análise e Comparação dos Dados Estatísticos Angola, China e Moçambique................... 13 
3.1.1. Inclusão Financeira ......................................................................................................... 16 
3.2. Propostas para a continuação do Desenvolvimento ........................................................... 16 
Conclusão ...................................................................................................................................... 18 
Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 19 
 
 
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Introdução 
Este trabalho visa compreender de que maneira diferentes estratégias de crescimento impactam no 
desenvolvimento económico, identificando as fragilidades e potencialidades do modelo 
moçambicano à luz de experiências internacionais bem-sucedidas. 
O crescimento e o desenvolvimento económico são temas centrais e recorrentes nas agendas 
académicas e políticas, especialmente nos países em vias de desenvolvimento como Angola e 
Moçambique. Embora ambos os conceitos estejam interligados, é fundamental distinguir que o 
crescimento económico frequentemente medido pelo aumento do Produto Interno Bruto (PIB) não 
garante, por si só, melhorias nas condições de vida da população. O verdadeiro desenvolvimento 
económico pressupõe uma transformação estrutural que se reflita no bem-estar social, na justiça, 
na liberdade, na segurança e na proteção do meio ambiente (Ricardo, 1998). 
Este estudo constitui uma oportunidade para analisar criticamente a relação entre crescimento e 
desenvolvimento económico, a partir da comparação entre três países com trajetórias distintas: 
Angola, Moçambique e China. A análise recai sobre indicadores-chave como o PIB per capita, a 
taxa de crescimento económico, a inflação e o desemprego, no período de 2009 a 2017. Para além 
dos dados quantitativos, o trabalho propõe uma reflexão qualitativa sobre os fatores que explicam 
o desequilíbrio entre nações, tais como a tecnologia, o capital humano e a estrutura produtiva. 
Historicamente, a teoria do crescimento económico procurou justificar essas disparidades a partir 
de variáveis como os recursos naturais, o capital e o trabalho. No entanto, com o avanço dos 
estudos particularmente a partir dos modelos endógenos percebeu-se que o crescimento económico 
nem sempre se traduz em desenvolvimento real. O caso da China, uma potência emergente, é 
especialmente relevante para contrastar com os desafios enfrentados por Angola e Moçambique, 
que, apesar do crescimento registado em certos períodos, continuam a enfrentar altas taxas de 
desemprego e baixos níveis de escolaridade. 
 
Objectivos Gerais 
➢ Pesquisar e analisar o conhecimento teórico a respeito do desenvolvimento e crescimento 
económico em Moçambique. 
Objectivos Específicos 
➢ Definir os conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico e suas diferenças. 
➢ Identificar os principais indicadores de crescimento e desenvolvimento econômico. 
➢ Perceber qual desses factores influencia uma da outra e até que ponto. 
 
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Metodologia: Este trabalho adopta uma abordagem metodológica mista, de natureza qualitativa 
e quantitativa. A pesquisa foi realizada com base em análise documental e bibliográfica, apoiando-
se em dados secundários provenientes de fontes oficiais, como o Banco Mundial, relatórios 
económicos internacionais e instituições estatísticas. Para complementar, foi realizada uma revisão 
teórica baseada em obras clássicas como Os Economistas, de Paul Samuelson, e nos modelos de 
crescimento de autores como Solow (1956) e Romer (1990), que destacam o papel do capital 
humano e da inovação tecnológica no desenvolvimento económico. 
Além disso, procedeu-se à análise gráfica e comparativa de indicadores económicos fundamentais 
como PIB per capita, taxa de crescimento, inflação e desemprego no período de 2009 a 2017, nos 
países de Angola, Moçambique e China. 
 
Problemática: O debate sobre o desenvolvimento económico é vasto e multifacetado, sobretudo 
no que se refere à distinção entre crescimento económico e desenvolvimento humano. Embora 
muitos países em vias de desenvolvimento tenham apresentado taxas de crescimento positivas, 
nem sempre esse crescimento resultou em melhorias reais na qualidade de vida da população. 
Como destaca Marconi e Lakatos (2002), o problema de pesquisa surge quando determinados 
fenómenos não se ajustam ao conhecimento prévio existente, suscitando questionamentos. 
No caso moçambicano, a dúvida central reside em entender por que, apesar de um crescimento 
económico significativo ao longo das últimas décadas, o país não conseguiu converter esse avanço 
em desenvolvimento sustentável, redução da pobreza e melhoria generalizada do bem-estar social. 
A questão que orienta esta pesquisa é, portanto: Em que medida o crescimento fomenta ou gera 
desenvolvimento económico em Moçambique? 
 
Justificativa: Compreender a relação entre crescimento e desenvolvimento económico é 
essencial para formular políticas que promovam melhoria da qualidade de vida. Este estudo é 
relevante para identificar estratégias adaptáveis à realidademoçambicana e contribuir para um 
crescimento mais sustentável e inclusivo. 
 
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Contextualização 
Desde o início do século XX, o conceito de desenvolvimento económico tem sido amplamente 
discutido. Inicialmente, desenvolver uma economia era sinónimo apenas de aumento da produção 
e da renda per capita. Com o tempo, passou-se a incluir também a melhoria da qualidade de vida 
e das condições sociais da população, reconhecendo-se que o desenvolvimento económico deve 
abranger avanços conjuntos em todos os campos da sociedade. Assim, um país que cresce 
economicamente, mas não promove melhorias significativas no bem-estar do seu povo, não pode 
ser considerado verdadeiramente desenvolvido. 
O crescimento económico depende de fatores como a educação, o desenvolvimento tecnológico e 
o capital humano, conforme defendido por teóricos como Solow (1956) e Romer (1990). 
Atualmente, além desses fatores, aspectos ambientais também são considerados no 
desenvolvimento das regiões. Para medir o desenvolvimento, utiliza-se, além do Produto Interno 
Bruto (PIB), indicadores sociais como educação, saúde, renda e pobreza, com destaque para o 
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). 
No contexto específico de Moçambique, o país registou um crescimento económico significativo 
entre 1993 e 2015, impulsionado por investimentos públicos e pelo setor extrativo. Contudo, esse 
crescimento mostrou-se frágil diante de choques externos como a “dívida oculta”, desastres 
naturais, conflitos internos e a pandemia da COVID-19. A fraca integração dos grandes projetos 
com o restante da economia, a baixa produtividade agrícola e a falta de políticas efetivas de 
inclusão contribuíram para a persistência da pobreza e das desigualdades sociais. 
Em contrapartida, a China adotou reformas estruturais, investiu fortemente em capital humano e 
desenvolveu seu parque industrial, construindo uma trajetória de desenvolvimento mais 
equilibrada e sustentável. Essa comparação evidencia a importância de uma abordagem integrada 
e multidimensional para o desenvolvimento económico. 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Crescimento económico; Desenvolvimento sustentável; Indicadores 
macroeconómicos; Moçambique; PIB per capita; Desigualdade social; Inclusão financeira; 
Políticas públicas. 
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1. O Crescimento Económico 
O crescimento económico refere-se ao aumento quantitativo da produção de bens e serviços de um 
país ao longo do tempo, sendo geralmente medido pela variação do Produto Interno Bruto (PIB). 
Este crescimento representa a expansão do PIB potencial e ocorre quando a Fronteira das 
Possibilidades de Produção (FPP) se desloca para fora, indicando uma maior capacidade produtiva 
da economia. 
Embora seja um importante indicador da capacidade de um país gerar riqueza, o crescimento 
económico não reflete, por si só, melhorias na qualidade de vida da população. Por essa razão, os 
países tendem a focar-se especialmente no crescimento do PIB per capita, pois este está associado 
ao aumento dos rendimentos médios e pode contribuir para uma série de benefícios sociais, como 
melhores condições de vida, acesso a serviços e redução da pobreza. 
 
1.1. Factores do Crescimento Económico 
Há muitas estratégias bem-sucedidas na via para o crescimento económico auto-sustentado, mas 
devido aos estudos dos economistas foi descoberto que a máquina do progresso económico têm de 
se deslocar sobre as mesmas rodas, seja o país rico ou pobre. Estas rodas ou factores de 
crescimento, ou ainda determinantes próximos do crescimento económico, são: 
• Capital físico: São os activos não humanos, feitos por humanos e que são utilizados na 
produção, como por exemplo as ferramentas, máquinas e estruturas físicas usadas nas 
empresas e instituições. Entram nessa lista as máquinas, os prédios da companhia, infra-
estrutura, como transportes, energia, comunicações e tecnologia. 
• Capital humano: São as actividades que resultam em um custo no período corrente e que 
proporcionam um crescimento na produtividade no futuro. Em outras palavras, as 
características adquiridas pelo cidadão que melhoram sua performance. Quanto maior for 
o nível médio de habilidade e conhecimento das pessoas, mais fácil será aplicar esse 
conhecimento em prol do progresso técnico, consequentemente aumentando o padrão de 
vida do país. 
• Tecnologia: Por fim, o desenvolvimento da tecnologia é outra fonte primordial, que é 
considerada a força motora principal fonte do crescimento económico. Historicamente o 
desenvolvimento tecnológico proporciona um aumento da produtividade do trabalho, 
tornando-se fundamental para o crescimento económico. 
Também existem certos determinantes distantes do crescimento económico nomeadamente: 
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• Estrutura Institucional – Estabilidade de preços, sistemas de imposto e taxação 
adequados, sistema legal de eficiente, estabilidade política e equilíbrio entre livre mercado 
e intervenção governamental. 
• Integração Económica Internacional - Países mais abertos possuem níveis mais elevados 
de investimentos estrangeiros e consequentemente e taxas maiores de acumulação de 
capitais. 
• Recursos Naturais - A diferença na disponibilidade dos recursos é feita de diferença no 
desempenho económico dos países. 
 
1.2. Cálculo do Crescimento Económico 
O crescimento económico é possível ser calculado por meio do PIB, que é a soma de todos os bens 
e serviços produzidos em um país durante certo período. É importante ressaltar que entra na conta 
do PIB os bens e serviços finais, desta forma, a matéria-prima utilizada na fabricação não entra no 
cálculo. 
Exemplo: O pão consumido diariamente entra na conta, mas a farinha de trigo utilizada para fazer 
o pão, não. 
Diversos factores influenciam directamente a variação do PIB, onde os principais são: 
• Consumo da população: quanto mais as pessoas gastam, maior será o crescimento da 
economia e mais o PIB cresce. Por outro lado, quanto menor for o consumo, mais o índice 
do PIB vai reduzir. 
• Investimentos das empresas: quanto mais as empresas crescem, ou seja, gastam com 
máquinas, expandem suas actividades ou contratam novos trabalhadores, mais elas ajudam 
a movimentar a economia e o PIB. 
• Gastos do governo: as movimentações do governo também influenciam directamente no 
crescimento económico. Neste caso, quando o estado realize novas obras, contrata novos 
funcionários e gasta com produtos. 
• Exportações: quanto mais dinheiro entra no país e é utilizado para gastar em investimentos 
e consumo, mais o PIB cresce. 
 
 
 
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Existe uma fórmula de cálculo do PIB para chegar a um número exacto: 
PIB= C+I+G+X-M 
Sendo que: 
C = Consumo privado; 
I = Total de investimentos realizados no período; 
G = Período do governo; 
X = Volume de exportações; 
M = Volume de importações. 
 
Fórmula para medir o crescimento económico 
 𝑻𝑪 =
𝐏𝐈𝐁𝐟−𝐏𝐈𝐁𝐢
𝐏𝐈𝐁𝐢
 – 
𝐏𝐑𝐟 − 𝐏𝐑𝐢
𝐏𝐑𝐢
 × 𝟏𝟎𝟎 
Sendo que: 
TC = Taxa de crescimento; 
PIBf = PIB real no período final; 
PIBi = PIB real n período inicial; 
PRi = População residente no período inicial; 
PRf = População residente no período final. 
 
1.3. Apresentação Modelo Harrod-Domar 
O Modelo Harrod-Domar é um modelo de crescimento económico pós-keynesiano e que resulta 
da tentativa de alargar os princípios da análise keynesiana do curto para o longo prazo, tendo sido 
desenvolvido independentemente por Sir Roy F. Harrodem 1939 e por Evsey Domarem 1946. O 
modelo desenvolvido por Domar assenta sobre a distinção entre os dois efeitos de qualquer 
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investimento: por um lado um efeito rendimento (criação de rendimentos suplementares por acção 
do multiplicador) e um efeito capacidade (aumento da capacidade de produção). Para que o 
crescimento ocorra de forma equilibrada, é necessário que estes dois efeitos sejam iguais, ou seja, 
a procura acrescida provocadapelo aumento dos rendimentos deverá originar mercado suficiente 
para absorver a oferta suplementar criada pelo aumento da capacidade de produção. Domar 
demonstra que não existe qualquer razão para que tal ocorra de forma duradoura, pelo que o 
sistema capitalista está condenado ao desequilíbrio permanente a que se seguirá a estagnação. 
Entendido por seu lado, Harrod distingue diversas taxas de crescimento, nomeadamente: 
• Taxa de Crescimento Natural - determinada pela taxa de crescimento da população e pelo 
progresso técnico; 
• Taxa de Crescimento Necessária (warranted) - taxa de crescimento necessária para que 
as empresas realizem as suas expectativas; 
• Taxa de Crescimento Esperada - taxa de crescimento decidida pelos empresários, tendo 
em conta as suas expectativas sobre os mercados; 
• Taxa de Crescimento Efectiva 
Tendo em conta esta distinção, Harrod demonstra que qualquer desvio a partir do equilíbrio tem 
tendência a acentuar-se, resultando num afastamento cada vez maior das taxas de crescimento 
esperada e efectiva da taxa de crescimento necessária. Daqui se conclui que o processo de 
crescimento é fundamentalmente instável e que, ao contrário do que defendem os neoclássicos, a 
probabilidade de um crescimento equilibrado de pleno emprego é muito baixa. 
Harrod Domar destaca a importância de três variáveis básicas para o crescimento: 
• Taxa de investimento; 
• Taxa de poupança; 
• Relação produto-capital. 
Objectivo: enfatizar a actuação das variáveis económicas estratégicas para promover o 
crescimento económico. 
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2. O Desenvolvimento Económico 
O desenvolvimento económico é um conceito amplo e qualitativo que vai além do simples 
crescimento da produção de bens e serviços. Refere-se ao processo de acumulação sistemática de 
capital e de incorporação do progresso técnico ao trabalho e ao capital, resultando num aumento 
sustentado da produtividade e da renda por habitante, o que, por sua vez, contribui para a elevação 
dos salários e dos padrões de bem-estar da sociedade. 
Esse processo envolve não apenas a variação positiva de variáveis quantitativas como o Produto 
Interno Bruto (PIB) e o Produto Nacional Bruto (PNB) , mas também melhorias significativas nas 
variáveis qualitativas, como o acesso à educação, saúde, infraestrutura, e a redução da pobreza e 
das desigualdades sociais. 
O desenvolvimento económico, portanto, implica mudanças estruturais profundas na economia e 
na sociedade, promovendo um progresso sustentável e inclusivo que beneficia toda a população. 
Indicadores como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Índice de Pobreza Humana e o 
Coeficiente de Gini são frequentemente utilizados para medir esse progresso. 
 
2.2 Importância do Conceito de Desenvolvimento 
Como se pode ver, existem diferentes ideias a respeito do desenvolvimento econômico. Em suma, 
no entanto, todas convergem para o fato de que o país deve atingir o crescimento da renda (PIB) e 
do consumo, bem como o avanço de aspectos qualitativos do bem-estar da população. 
 
2.3. Medidas que Colocam em Números o Padrão de Desenvolvimento de um País 
 Dentre os mais conhecidos destacam-se: Índice de Desenvolvimento Humano 
• O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) : permite medir o desenvolvimento 
humano de qualquer localidade combinando medidas de renda per capita, expectativa de vida 
e escolaridade. 
Este varia entre 0 e 1, sendo que o desenvolvimento é maior quanto mais elevado o indicador. 
Além disso, as estatísticas recebem classificações de "muito elevado", "elevado", "médio" e 
"baixo" 
• Gini : índice de Gini permite entender como a renda, em crescimento ou não, está distribuída 
na população. Quanto mais elevado, maior a desigualdade do país analisado. 
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2.4. Evolução do conceito de desenvolvimento económico 
A definição de desenvolvimento econômico passou por mudanças desde que começou a ser 
debatido no início do século XX. De início baseava-se apenas no crescimento da economia, com 
o aumento da produção e dos rendimentos de uma população. 
 
Com a sua evolução passou a um conceito mais amplo, indo além da expansão dos rendimentos e 
incluindo aspectos que relacionavam a melhoria da qualidade de vida e de aspectos sociais. Desta 
forma, o desenvolvimento econômico surge com a melhora do padrão de vida geral, indo 
além de óticas como o aumento da renda per capita de um país. 
 
Com o tempo o desenvolvimento econômico passou a ser reconhecido como um processo que 
atinge múltiplos setores da sociedade, incluindo o econômico e o social. 
A separação destes termos ocorreu principalmente por conta do crescimento de economias no 
século XX, sem que deixassem de ser subdesenvolvidas. Em muitos países não houve, por 
exemplo, queda no desemprego ou na pobreza de parte da população. 
Considerando isso, o desenvolvimento quando visto de quantitativa ocorre com a melhora de 
medidas como a renda e a sua distribuição, taxas de alfabetização, expectativa de vida, entre outros. 
 
2.4.1. Teorias a Respeito do Desenvolvimento Económico 
Não existe, até hoje, um consenso sobre como atingir o desenvolvimento da economia. No entanto, 
existem teorias que são mais aceitas, no entanto, essas teorias representam correntes de 
pensamento que acordo com a época que foram produzidas. 
Dito isto, existem duas principais correntes atuais na teoria do desenvolvimento da economia, 
nomeadamente: 
• Teoria clássica (possui suas variações, tais como a teoria neoclássica e o neoliberalismo) 
- em suma esta crê no avanço do comércio e da liberdade econômica como a chave para o 
desenvolvimento. Os defensores desta corrente acreditam no poder da iniciativa privada 
em gerar desenvolvimento e pregam que o estado deve interferir o mínimo possível na 
economia.O desenvolvimento se daria, principalmente, através do aumento da 
produtividade dos factores de produção. Isto é, através do avanço da tecnologia, que 
permitiria uma maior produção com menor uso do tempo e do trabalho. 
https://www.suno.com.br/artigos/abertura-comercial/
https://www.suno.com.br/artigos/abertura-comercial/
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• Keynesianismo - outra corrente do desenvolvimento econômico deriva das ideias do 
Keynesianismo. As pessoas que suportam esta corrente acreditam que o estado deve ter um 
maior papel como indutor do crescimento econômico. 
Principalmente de acordo com Keynes, o estado deveria atuar com políticas anticíclicas em 
momentos de crise. Como por exemplo, elevando a demanda agregada para frear o 
desemprego. 
2.4.2. Indicadores de desenvolvimento económico 
Um país pode ser muito rico podendo ter um PIB crescente na economia pulsante e não atender a 
esses indicadores de desenvolvimento, logo não existe relação entre estes. 
• Índice de mortalidade infantil; 
• Expectativa de vida média; 
• Grau de dependência económica externa; 
• Nível de industrialização; 
• Potencial científico e tecnológico; 
• Grau de on alfabetização; 
• Grau de instrução; 
• Condições sanitárias. 
2.4.3. Obstáculos ao desenvolvimento 
• Dificuldade de toda a população integrar-se na economia nacional; 
• Isolamento social, cultural ou económico por barreiras linguísticas e religiosas; 
• Dificuldade de distribuir o excedente para setores prioritários com a indústria; 
• Desperdício de recursos; 
• Escassez de capital; 
• Dependência política e económica. 
 
2.5. Diferenças entre Crescimento Económico e Desenvolvimento Económico 
Como mostrado, crescimento e desenvolvimento económico são fundamentais para qualquer país, 
porém, são índices diferentes. Enquanto o crescimento económico é voltado para produção, 
consumo e enriquecimento, o desenvolvimento está mais ligado a ideia de qualidade de vida, 
considerando diversos factores. 
https://www.suno.com.br/artigos/keynesianismo/
https://www.suno.com.br/artigos/demanda-efetiva/
https://www.suno.com.br/artigos/demanda-efetiva/
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2.6.Desenvolvimento Económico em Moçambique 
Moçambique é um país rico em recursos naturais, mas com baixos padrões de vida, o que evidencia 
um paradoxo no seu desenvolvimento. Apesar dos avanços em estabilidade e paz, desafios 
históricos, políticos e institucionais continuam a dificultar o progresso económico inclusivo e 
sustentável. 
Desde a independência em 1975, Moçambique passou por mudanças profundas. A saída dos 
colonos portugueses desestruturou completamente as instituições existentes, deixando o país 
com escassez de quadros qualificados. Pouco depois, em 1977, iniciou-se uma guerra civil entre 
a Frelimo e a Renamo, agravada por interferências externas, especialmente do regime do 
apartheid da África do Sul. Durante a década de 1980, em meio ao conflito e a uma grave crise 
económica, o país foi forçado a adotar programas de ajustamento estrutural impostos por 
instituições internacionais. A paz só chegou em 1992, o que possibilitou alguma recuperação, mas 
o crescimento verificado posteriormente foi pouco inclusivo e muito dependente de 
megaprojetos e da ajuda externa. 
A partir dos anos 2000, o crescimento começou a desacelerar e, apesar da descoberta de grandes 
reservas de gás, os benefícios desses recursos não se refletiram amplamente na população. O 
escândalo da dívida oculta, a estagnação do setor rural, eventos climáticos extremos e o 
ressurgimento da violência em algumas regiões, como Cabo Delgado, contribuíram para agravar 
a crise económica e institucional. 
Entre os principais obstáculos ao desenvolvimento destacam-se a fraca integração territorial, a 
diversidade étnica com pouca coesão nacional, a concentração prolongada do poder político na 
Frelimo e a falta de separação entre os poderes executivo, legislativo e judicial. A elite política 
capturou grande parte dos ativos económicos, deixando a oposição enfraquecida e sem apoio 
empresarial significativo. Além disso, a dependência de financiamento externo e a forte influência 
dos doadores internacionais comprometeram a autonomia estratégica do país. 
Para reverter este cenário, é necessário adotar uma visão unificadora de desenvolvimento que 
aposte na agricultura, agroindústria e setores intensivos em mão-de-obra. Reformas profundas nas 
áreas de educação, saúde, proteção social e transparência institucional são igualmente essenciais. 
Também se torna urgente promover uma maior descentralização, garantir a separação dos poderes 
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e assegurar condições equitativas para a participação política. A gestão dos investimentos 
estrangeiros deve ser melhor alinhada com uma estratégia nacional de desenvolvimento que 
beneficie a sociedade moçambicana de forma ampla e sustentável. 
 
Fig 5: Quadro da Periodização da Economia Moçambicana 
3. Breve Caracterização das Economias 
3.1 Análise e Comparação dos Dados Estatísticos Angola, China e Moçambique 
A análise dos indicadores económicos de Angola, China e Moçambique entre 2009 e 2017 permite 
observar diferentes trajetórias de desenvolvimento. 
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Fig.1: Comparação do PIB per capita de Angola, China e Moçambique 
PIB per capita (Fig. 1) Este indicador ajuda a medir o nível de desenvolvimento económico. A 
China apresenta uma tendência de crescimento contínuo ao longo do período, com um ligeiro 
abrandamento entre 2015 e 2016, retomando o crescimento em 2017. Angola regista um aumento 
entre 2009 e 2014, seguido de uma queda entre 2015 e 2016, reflexo da crise do petróleo, com uma 
ligeira recuperação em 2017. Moçambique, por sua vez, apresenta uma evolução relativamente 
estável, com variações pouco significativas. 
 
Fig.2: Comparação do Crescimento Económico 
Crescimento económico (Fig. 2) A China regista crescimento entre 2009 e 2010, mas apresenta 
uma tendência decrescente entre 2011 e 2017. Angola segue um padrão semelhante, com 
crescimento entre 2009 e 2013, mas uma queda acentuada a partir de 2014, sobretudo em 2016. 
Moçambique mantém uma evolução estável entre 2009 e 2014, mas observa-se uma tendência 
decrescente nos anos seguintes. 
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Fig. 3: Inflação do Índice de preços ao consumo 
Inflação (Fig. 3) A inflação é medida pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC). Angola 
apresenta uma média de 14% entre 2009 e 2010, seguida de um período de estabilidade (2011–
2015) e um pico em 2016 (36%), refletindo a crise cambial. Em 2017, a taxa diminui. A China 
demonstra estabilidade ao longo de todo o período, com inflação baixa e controlada. Moçambique 
tem um comportamento semelhante ao de Angola, mas com taxas significativamente mais baixas, 
especialmente entre 2012 e 2015, período em que se aproxima da estabilidade chinesa. 
 
Fig.4: Taxa de Desemprego 
Taxa de Desemprego (Fig. 4) Angola apresenta uma elevada taxa de desemprego em 2009, com 
melhorias nos anos seguintes. Moçambique mostra o padrão oposto, com aumento progressivo, 
atingindo o pico em 2017. A China, por outro lado, mantém uma taxa baixa e estável durante todo 
o período analisado. 
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3.1.1. Inclusão Financeira 
Em Cabo Delgado, a população enfrenta dificuldades no acesso a serviços financeiros formais, o 
que limita a capacidade de poupança e de obtenção de crédito. Para mitigar este problema, a 
Fundação Aga Khan (AKF), com o apoio do Governo do Canadá, promoveu a criação de mais de 
300 grupos de poupança comunitária (CBSG) entre 2010 e 2012, envolvendo cerca de 5.000 
membros dos quais 53% são mulheres. Estes grupos permitiram melhorar práticas de alfabetização 
financeira, garantir locais seguros para poupança e facilitar o acesso a microcrédito adaptado às 
capacidades dos participantes. 
Moçambique registou um crescimento económico robusto entre 1993 e 2015, com uma taxa média 
anual de 7,9%, impulsionado principalmente pela indústria extractiva e pelo investimento público. 
No entanto, a divulgação de dívidas ocultas em 2016 desencadeou uma crise económica e 
institucional, resultando numa forte desaceleração do crescimento, que caiu para cerca de 3% entre 
2016 e 2019. Esta tendência foi agravada por desastres naturais em 2019, o conflito armado no 
Norte desde 2017 e a pandemia de COVID-19. 
Apesar do crescimento, a economia moçambicana tem revelado uma fraca capacidade de gerar 
empregos produtivos e reduzir a pobreza. Cerca de dois terços da população vive abaixo da linha 
da pobreza, e o país figura entre os mais desiguais da África Subsariana. Esta situação decorre, em 
grande parte, da elevada dependência de megaprojectos extractivos com fracas ligações ao restante 
tecido económico, e de uma agricultura de baixa produtividade. 
A descoberta de vastas reservas de gás natural liquefeito (GNL) representa uma oportunidade 
estratégica para impulsionar um crescimento económico mais inclusivo. Contudo, para que os 
benefícios destes recursos cheguem às camadas mais desfavorecidas da população, será necessário 
adotar um novo modelo de desenvolvimento que vá além do sector extractivo e promova a 
diversificação económica. 
 
3.2. Propostas para a continuação do Desenvolvimento 
Moçambique possui potencial para expandir e sofisticar o seu sector de serviços, especialmente 
nas áreas de telecomunicações, transportes e logística. Estes serviços básicos são essenciais para 
impulsionar outros sectores com vocação exportadora, como o agronegócio e a mineração. No 
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entanto, para que tal crescimento seja possível, é necessário garantir um ambiente de comércio 
aberto e um regime de investimento sustentado por um quadro regulamentar transparente e eficaz. 
Atualmente, um sistema de governação frágil tem dificultado a implementação de reformas 
regulatórias indispensáveis ao desenvolvimento do sector dos serviços. Além disso, a corrupção é 
identificada pelas empresas como um dos três principais entraves às suas operações no país. 
Promover um crescimento económico mais inclusivo requer também esforços no aumentoda 
produtividade agrícola e na melhoria da mobilidade rural, ligando os produtores aos mercados e a 
oportunidades fora da agricultura. As políticas públicas devem favorecer o acesso a corredores 
logísticos e mercados estratégicos, além de incentivar a utilização de sementes melhoradas e 
fertilizantes. 
Adicionalmente, é fundamental reforçar a resiliência às alterações climáticas. Para isso, 
recomenda-se a expansão das redes de proteção social, a disponibilização de sistemas de alerta 
meteorológico e o desenvolvimento de mecanismos de gestão e transferência de riscos. 
 
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Conclusão 
Conclui-se que o crescimento económico, por si só, não garante o desenvolvimento de um país. O 
debate académico distingue claramente entre crescimento e desenvolvimento, sendo que este 
último exige não apenas o aumento contínuo do rendimento, mas também a sua distribuição 
equitativa e a melhoria das condições de vida da população. 
A análise comparativa entre Angola, China e Moçambique evidencia que estratégias centradas 
exclusivamente na exploração de recursos naturais, sem articulação com os demais sectores da 
economia, tendem a produzir resultados limitados e insustentáveis. O desenvolvimento exige 
investimento robusto em capital humano, tecnologia, inclusão financeira, boa governação e 
políticas públicas eficazes. Modelos económicos como os de Solow (1956) e Romer (1990) 
reforçam essa perspectiva, ao destacarem o papel do conhecimento, da inovação e do capital 
humano qualificado como motores essenciais do crescimento económico sustentável. 
Além disso, é através do Estado que se regulam políticas que garantem infraestrutura eficiente em 
áreas fundamentais como educação, saúde, alimentação, emprego e lazer. Países que promovem a 
cooperação entre o setor público e privado tendem a criar ambientes propícios à inovação 
tecnológica, à expansão do parque industrial e à geração de empregos de qualidade — fatores que 
impulsionam o desenvolvimento económico. 
Dessa forma, o desenvolvimento, quando observado de forma quantitativa e qualitativa, manifesta-
se por meio de melhorias nos indicadores sociais como a taxa de alfabetização, expectativa de 
vida, redução da violência, da pobreza e da mortalidade. O Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH) é uma das ferramentas mais utilizadas para aferir o nível de progresso de um país. 
Portanto, para que Moçambique alcance um desenvolvimento duradouro e inclusivo, é 
imprescindível adotar um novo modelo de crescimento, que vá além das indústrias extrativas e 
promova o fortalecimento dos sectores dos serviços, da agricultura produtiva e a redução das 
desigualdades. É necessário implementar uma abordagem integrada, estratégica e ambiciosa que 
envolva todos os sectores da sociedade moçambicana. 
 
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McGraw Hill, 2007. 
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Oxford: Oxford University Press, 1961. Primeira edição alemã, 1911. 
➢ SEN, Amartya (1999). Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia 
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