Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Programa de Educação Continuada a Distância Curso de BIOLOGIA CELULAR Aluno: EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Curso de Biologia Celular MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores SUMÁRIO MÓDULO I 1. Origem e Evolução da Célula 2. Como teriam surgido as células eucariontes? 3. A invenção do Microscópio e a Descoberta da Célula 3.1 Microscópio Óptico ou Microscópio de Luz 4. Vírus 4.1 A capa externa de um vírus pode ser um capsídeo proteico ou um envelope de membrana 5. Tipos de Células 5.1 Células Procariontes 5.1.1 As células procariontes são estruturalmente simples e bioquimicamente multiformes 5.2 Células Eucariontes 5.2.1 Citoplasma 5.2.2 Membrana Plasmática 5.2.3 Mitocôndrias 5.2.4 Retículo Endoplasmático 5.2.5 Aparelho de Golgi 5.2.6 Lisossomos 5.2.7 Peroxissomos 5.2.8 Citoesqueleto 5.2.9 Centríolos 5.2.10 Plastídios 5.3 Diferenças entre as células eucarióticas vegetais e animais 6 Núcleo 6.1 Cromatina 6.2 Nucléolo 6.3 Retículo Nucleoplasmático 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO II 7. Bases Macromoleculares da Constituição Celular 7.1 Componentes químicos da célula 7.2 As células utilizam quatro tipos básicos de pequenas moléculas 7.3 Os açúcares são moléculas de alimento da célula 7.4 Ácidos Graxos são componentes das membranas celulares 7.5 Aminoácidos constituem as subunidades de proteínas 7.6 Nucleotídeos são as subunidades do DNA e do RNA 7.7 Ácidos Nucleicos 7.8 DNA: Ácido Desoxirribonucleico 7.9 RNA: Ácido Ribonucleico 7.9.1 RNA de transferência MÓDULO III 8. Divisão, controle e morte celular 8.1 Cromossomos 8.2 Divisão Celular 8.2.1 Interfase ou Fase S 8.3 Mitose 8.3.1 Prófase 8.3.2 Metáfase 8.3.3 Anáfase 8.3.4 Telófase 8.4 Citocinese 8.4.1 Citocinese em célula animal 8.4.2 Citocinese em célula vegetal 8.5 Controle do ciclo celular 8.6 Regulação do ciclo celular 8.7 Meiose 8.7.1 Meiose I ou divisão reducional 8.7.2 Meiose II 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 8.8 Meiose e fecundação como fontes de variabilidade 8.9 Meiose e recombinação genética 9. Morte celular 10. Câncer 11. Apoptose 12. Necrose MÓDULO IV 13. Diversidade e diferenciação celular 14. Embriogênese 15. Células-tronco 15.1 Células-tronco e a Medicina 16. Diferenciação celular 16.1 Controle da diferenciação celular 17. Tecidos 17.1 Tecido Epitelial 17.2 Tecido Muscular 17.3 Tecido Conjuntivo 17.4 Tecido Nervoso 17.4.1 Atuação dos neurotransmissores REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO I 1. Origem e Evolução da Célula Atualmente existe uma forte corrente de estudiosos que defende a teoria de que o início do processo evolutivo que deu origem às primeiras células tenha iniciado há mais ou menos 4 bilhões de anos. Neste período o oxigênio ainda não estava presente na atmosfera, que provavelmente continha amônia, vapor d’água, hidrogênio, metano, gás carbônico e sulfeto de hidrogênio. O oxigênio, em sua forma livre, somente surgiu muito posteriormente, devido à ação fotossintética de células autotróficas. Há mais ou menos 4 bilhões de anos atrás, a superfície de nosso planeta estaria, em sua maior parte, coberta por uma enorme massa de água, disposta em imensos oceanos e também lagoas. Toda essa massa líquida recebeu o nome de “caldo primordial”, sendo rica em moléculas inorgânicas e contendo em solução todos os gases presentes na atmosfera daquela época (Junqueira & Carneiro, 2005). Sob a ação do calor e da radiação ultravioleta emitida pelo Sol e de descargas elétricas originadas pelas frequentes tempestades que ocorriam neste período, estas moléculas existentes no caldo primordial combinaram-se entre si quimicamente, constituindo o que seriam os primeiros compostos que apresentaram carbono em sua composição. Outras substâncias de natureza mais complexa, como por exemplo, as proteínas e os ácidos nucleicos, teriam aparecido em um momento posterior espontaneamente ao acaso, já que nas condições atuais de nosso planeta só seriam capazes de se formar naturalmente devido à ação de células. Segundo Junqueira & Carneiro (2005), esse tipo de síntese, realizada sem a ação de seres vivos, é denominada prebiótica, sendo experimentalmente comprovado que este processo pode ocorrer em tais condições (Figura 1). Três circunstâncias favoreceram o acúmulo gradual dos compostos de carbono: 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1) A enorme extensão do planeta, com uma ampla variedade de ambientes heterogêneos, onde provavelmente surgiram moléculas que permaneceram próximas umas às outras e, provavelmente, distintas estruturalmente em relação às existentes em outros locais; 2) O longo período em que ocorreu a síntese prebiótica no caldo primordial, estimado em mais de 2 bilhões de anos; 3) O fato de não existir oxigênio na atmosfera, o que fez com que as moléculas recém-formadas não fossem imediatamente destruídas pela oxidação. Figura 1: Aparelho criado por Stanley L. Miller para demonstrar a síntese de moléculas orgânicas, sem a participação de seres vivos (síntese prebiótica), nas condições da atmosfera terrestre há cerca de 4 bilhões de anos. O aparelho continha vapor d’água proveniente do balão inferior (A). Pela torneira superior esquerda (B) introduziam-se na coluna metano, amônia, hidrogênio e gás carbônico. Ao passar pelo balão superior direito (C), a mistura era submetida a centelhas elétricas. A mistura tornava-se líquida no condensador (D) e era recolhida pela torneira inferior (E). Observou-se que esse líquido continha diversas moléculas de compostos de carbono (orgânicas), inclusive aminoácidos. 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autoresLevando em consideração as características atuais da atmosfera, com elevada concentração de oxigênio, seria impossível a síntese prebiótica acontecer. É provável que no caldo primordial tenha surgido polímeros de aminoácidos e de nucleotídeos, tendo assim se formado as primeiras moléculas de ácidos nucleicos e de proteínas. Todavia, somente os ácidos nucleicos possuem a capacidade de se duplicar, o que juntamente com as recentes demonstrações em laboratório, de que as moléculas de RNA simples estruturalmente são capazes de originar moléculas mais complexas, sem qualquer auxílio de proteínas enzimáticas, nos faz pensar que o processo de evolução das moléculas mais complexas iniciou com moléculas de RNA. Uma vez surgidas as moléculas de RNA com capacidade de se multiplicarem e de evoluir, o caminho para o surgimento das primeiras células estava traçado. Porém, era muito importante que este sistema capaz de se autoduplicar ficasse isolado, evitando que as moléculas se dispersassem no líquido prebiótico. Assim, acredita-se que moléculas de fosfolipídios tenham surgido ao acaso, espontaneamente, e que passaram a constituir as primeiras bicamadas fosfolipídicas, passando estas então a envolver um conjunto de moléculas de RNA (ácido ribonucleico), nucleotídeos, proteínas e outras moléculas. Nascia assim a primeira célula, com sua membrana fosfolipídica. Caracteristicamente os fosfolipídios são moléculas alongadas, com uma extremidade hidrofílica e duas cadeias hidrofóbicas. Uma vez dissolvidos em água, estas moléculas se prendem por interação hidrofóbica de suas cadeias e acabam constituindo bicamadas espontaneamente, sem necessidade de energia. 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Os dados atualmente disponíveis permitem supor que, após o surgimento do RNA (ácido ribonucleico), provavelmente deva ter surgido o DNA (ácido desoxirribonucleico, originado a partir da polimerização de nucleotídeos sobre um molde de RNA, e a partir de então, estes dois ácidos nucleicos passaram a determinar quais os tipos de proteínas a serem sintetizadas. Considerando que existe uma grande variedade de proteínas celulares, formadas pela combinação de 20 aminoácidos diferentes, acredita-se que seja pouco provável que todas estas proteínas tenham se originado por acaso. A síntese de proteínas deve ter sido dirigida pelo RNA e DNA, sendo eliminadas ao longo da evolução aquelas proteínas consideradas “inúteis”. Com as evidências que atualmente existem, é realmente provável que a primeira célula tenha apresentado uma estrutura simples, sendo provavelmente uma procarionte heterotrófica, e, também, que antes do surgimento desta célula precedeu-se a formação de agregados de RNA, DNA e proteínas, envoltos por uma camada dupla de fosfolipídios. O processo evolutivo continuou com estes agregados originados pelas moléculas de ácido ribonucleico (RNA), dando origem às primeiras células, que por sua vez devem ter sido procariontes estruturalmente simples. Uma vez que estas células não possuíam a capacidade de sintetizar seu próprio alimento (heterotróficas), o processo evolutivo sofreu uma interrupção devido ao esgotamento de compostos de carbono formados pelo processo prebiótico, nos locais onde as células primordiais surgiram. Outro aspecto interessante é que estas células, além de serem heterotróficas e procariontes, eram também anaeróbias, uma vez que na atmosfera não existia oxigênio. Teria sido muito complicado sustentar o processo evolutivo destas células primitivas se elas permanecessem dependendo das moléculas energéticas formadas no caldo primordial, para a sua nutrição. Foi então que o surgimento das células autotróficas, capazes de sintetizar seu próprio alimento, proporcionou a manutenção da vida na Terra. Estas células autotróficas eram capazes de sintetizar moléculas mais complexas a partir de substâncias muito simples e da energia solar. Dessa forma, se aceita que deva ter surgido nas células procariontes um sistema com capacidade de utilizar a energia 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores solar, armazenando-a em ligações químicas, sintetizando alimento e liberando oxigênio. Esse novo tipo de célula seria muito semelhante às cianofíceas ou “algas azuis”, que são bactérias ainda hoje viventes. Dessa forma, teve início um dos processos mais importantes da natureza, a fotossíntese, que ocorreu devido ao aparecimento de certos pigmentos, nas células, como a clorofila, capaz de captar as radiações azul e vermelha da luz do Sol, utilizando essa energia para a ativação de processos de síntese. Com o surgimento das células autotróficas foram ocorrendo também mudanças na atmosfera, já que o aumento da concentração de oxigênio liberado pela fotossíntese intensificou-se. As moléculas de oxigênio (O2) acabaram se difundindo para as partes mais elevadas da atmosfera, onde, sob ação da radiação ultravioleta, romperam-se originando átomos de oxigênio. Alguns desses átomos recombinaram-se e constituíram moléculas de ozônio (O3), que possuem grande capacidade de retenção de radiação ultravioleta. Assim, de maneira contínua, originou-se uma camada de ozônio, transparente aos comprimentos de onda visíveis, mas protege a superfície do planeta contra a radiação ultravioleta. Sem dúvida, o início da fotossíntese e as grandes alterações da atmosfera contribuíram marcadamente para o processo evolutivo das células e de todas as formas de vida existentes no planeta. Somente com o surgimento da fotossíntese, ocorreu o aparecimento do oxigênio na atmosfera e dessa forma verificou-se o surgimento de células aeróbias, ao mesmo passo que se observou o surgimento da camada protetora de ozônio. As bactérias anaeróbias restringiram-se a nichos especiais, caracterizados pela ausência de oxigênio. 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O próximo passo do processo evolutivo, após o aparecimento das células procariontes autotróficas, foi o surgimento das células eucariontes. Existem fortes indicativos de que as células eucariontes, caracteristicamente apresentando um elaborado sistema de membranas, originaram-se a partir de procariontes, por invaginações da membrana plasmática, provavelmente puxadas por proteínas contráteis existentes no citoplasma (Fig. 2). Uma forte evidência dessa hipótese é de que as membranas intracelulares apresentam uma assimetria similar à observada na membrana plasmática. A face da membrana plasmática voltada para o citosol assemelha-se à sua equivalente nas membranas intracelulares, sendo o mesmo observado com a face externa da membrana plasmática, que se assemelha com a face voltada para o interior dos compartimentos intracelulares. Observa-se que foi de fundamental importância para a evolução das células eucariontes o processo de interiorização da membrana, processo tal que originou uma série de compartimentos intracelulares, como os lisossomos, complexo de Golgi, retículo endoplasmático que podem ser considerados microrregiões, com composição enzimática típica e funcionalidade específica. Os processos celulares tornaram-se mais eficientes diante desta separação molecular e funcional. Sugestivas evidências apontam para o fato de que organelas responsáveispor processos ligados às transformações energéticas, como as mitocôndrias e os cloroplastos, surgiram a partir de bactérias que foram fagocitadas, de alguma maneira escaparam da digestão intracelular, e se estabeleceram como endossimbiontes nestas células eucariontes hospedeiras, constituindo um relacionamento benéfico e que com o passar dos anos acabou se tornando irreversível. As principais evidências a favor dessa hipótese são as seguintes: Assim como as bactérias, as mitocôndrias e os cloroplastos possuem DNA circular; 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Ambas as organelas possuem duas membranas, sendo a interna semelhante, em sua composição, às membranas das bactérias. Já as membranas externas, que seriam a parede do vacúolo fagocitário, é muito semelhante à membrana plasmática das células eucariontes hospedeiras. Outro aspecto a ser ressalto é o de que simbiose entre células eucariontes e bactérias continua acontecendo, sendo possível observar diversos casos existentes atualmente. Durante o processo evolutivo, as mitocôndrias e cloroplastos foram perdendo parte de seu genoma par ao núcleo da célula hospedeira, tornando-se em parte dependentes do DNA das células hospedeiras. Grande parte das proteínas dos cloroplastos e das mitocôndrias é codificada por RNA mensageiro do núcleo celular, sendo posteriormente sintetizadas na matriz citoplasmáticas por polirribossomos e, em seguida, transferidas para dentro dos cloroplastos e mitocôndrias. Figura 2: Ilustração demonstrando como, provavelmente, apareceram os primeiros compostos intracelulares, através de invaginações da membrana plasmática. Esta hipótese é apoiada pela observação de que as membranas intracelulares têm constituição molecular muito semelhante à da membrana plasmática. Fonte: adaptado de Junqueira & Carneiro, 2005. 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Outro aspecto a ser ressalto é o de que simbiose entre células eucariontes e bactérias continua acontecendo, sendo possível observar diversos casos existentes atualmente. Durante o processo evolutivo, as mitocôndrias e cloroplastos foram perdendo parte de seu genoma par ao núcleo da célula hospedeira, tornando-se em parte dependentes do DNA das células hospedeiras. Grande parte das proteínas dos cloroplastos e das mitocôndrias é codificada por RNA mensageiro do núcleo celular, sendo posteriormente sintetizadas na matriz citoplasmática por polirribossomos e, em seguida, transferidas para dentro dos cloroplastos e mitocôndrias. 2. Como teriam surgido as células eucariontes? Não existem células intermediárias entre procariontes e eucariontes, o que com certeza dificulta a elucidação do aparecimento das células eucariontes. Embora as mitocôndrias e os cloroplastos tenham se originado de células procariontes, fica difícil imaginar a formação de uma célula eucarionte a partir da união entre duas células procariontes típicas. É bem provável que uma delas deve ter sofrido profundas modificações evolutivas que não foram conservadas nas células procariontes hoje conhecidas. Pensando em uma sequência cronológica, é possível que a evolução das células eucariontes tenha ocorrido conforme apresentado na figura 3. Dessa forma, uma célula procarionte anaeróbica e heterotrófica, já apresentando um sistema DNA RNA Proteína funcionando, teria perdido sua parede celular e, lentamente, aumentado o seu tamanho e volume e formado invaginações na membrana plasmática. Nessas reentrâncias, teriam se acumulado enzimas digestivas que possibilitaram uma melhor digestão e aproveitamento das partículas de alimento. 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Posteriormente, algumas dessas invaginações teriam se desprendido da membrana plasmática, originando vesículas membranosas que deram origem ao sistema lisossômico, às vesículas que antecederam o retículo endoplasmático, levando ainda para a parte mais profunda da célula o material genético (DNA) que estava preso à membrana plasmática. Uma vez já estando a atmosfera tomada pela presença de oxigênio (O2), os peroxissomos devem ter surgido, justamente para proporcionar às células defesa contra a ação danosa dos radicais livres contendo oxigênio. Houve um aumento na molécula de DNA, ao mesmo passo em que se observou uma crescente complexidade celular, e esse DNA, organizado em longas fitas, foi concentrado em cromossomos, que por sua vez foram segregados dentro de um núcleo já delimitado por um envoltório nuclear com aspecto membranoso, originado a partir do material de mesma característica vindo da superfície celular. Da mesma forma se observou o desenvolvimento do citoesqueleto, com o surgimento de microtúbulos e um incremento na quantidade de microfilamentos. 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 3: Desenho esquemático demonstrando a teoria da origem bacteriana das mitocôndrias, por endossimbiose. Fonte: Adaptado de Junqueira & Carneiro (2005). À medida que se observou um incremento na quantidade de oxigênio na atmosfera, estas células que incorporaram procariontes aeróbios acabaram predominando por seleção natural, por duas simples razões (Junqueira & Carneiro, 2005): 1ª: A respiração realizada na presença de oxigênio é muito mais eficiente; 2ª: Além de ser mais eficiente, a respiração aeróbia gasta oxigênio, reduzindo a formação intracelular de radicais de oxigênio (radicais livres). Os radicais de oxigênio são capazes de danificar macromoléculas, podendo ainda prejudicar o correto funcionamento das células. A simbiose intracelular (endossimbiose) de procariontes aeróbios deu origem às mitocôndrias, organelas que apresentam duas membranas, sendo a interna da bactéria precursora e a externa originada a partir da célula eucarionte que estava em formação. É bem provável que os cloroplastos se originaram de maneira semelhante, da mesma forma através da endossimbiose, entretanto a partir de bactérias fotossintéticas. Conforme relatado anteriormente, durante a evolução ocorreu a transferência de parte do genoma das mitocôndrias e cloroplastos para os núcleos celulares. Ainda assim, os cloroplastos transferiram menos DNA, quando em comparação com as mitocôndrias. Acredita-se que a endossimbiose das mitocôndrias tenha ocorrido anteriormente à que originou os cloroplastos. 3. A Invenção do Microscópio e a Descoberta da Célula A invenção do microscópio pode ser considerada o marco inicial da Biologia Celular. Foram os holandeses Hans Janssen e Zacharias Janssen, fabricantes de óculos, que inventaram o microscópio no final do século XVI. As observações realizadas por eles demonstraram que a montagem de duas lentes em um cilindro 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores possuía a capacidade de aumentar o tamanho das imagens, permitindo dessa forma que objetospequenos, invisíveis a olho nu, fossem observados de forma detalhada. Entretanto, Hans e Zacharias Janssen não utilizaram sua invenção para fins científicos. Foi o também holandês Antonie von Leeuwenhoek, que viveu entre os anos de 1632 e 1723 na cidade holandesa de Delft, quem primeiro registrou suas observações utilizando microscópios. Utilizando um microscópio de fabricação própria, Leeuwenhoek foi o primeiro a observar e descrever as fibras musculares, espermatozoides e bactérias. Leeuwenhoek relatou todas as suas experiências para Robert Hook, membro da Royal Society of London. Como falava somente Dutch (holandês), Robert Hooke traduziu os seus trabalhos, que posteriormente foram publicados pela entidade. Acerca de suas observações com o microscópio, Leeuwenhoek descreveu originalmente a seguinte frase: “Não há prazer maior quando meu olhar encontra milhares de criaturas vivas em apenas uma gota de água”. Entretanto, a “descoberta” da célula é atribuída a Robert Hooke. Em 1665 Hooke publicou seu livro intitulado Micrographie contendo observações microscópicas e telescópicas e algumas observações originais em Biologia. Buscando compreender por quais razões a cortiça era tão leve, Hooke estudou fatias finíssimas deste material. Foi então que, utilizando seu microscópio composto, Hooke observou que a baixa densidade deste material era devida à existência de pequenos compartimentos, até então vazios. A estes pequenos compartimentos Hooke deu o nome de “cell”, que em inglês significa cavidade ou cela. Na verdade estes compartimentos não estavam vazios, mas por se tratar de um tecido vegetal morto, o que Hooke observara não era a célula completa em si, mas sim compartimentos delimitados pela parede celular. 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Um grande número de pesquisadores passou a estudar as diversas partes dos vegetais e posteriormente dos animais. Assim, não demorou muito tempo para que o citoplasma, uma substância de aspecto gelatinoso, fosse descoberto. Robert Brown, botânico escocês que viveu de 1773 a 1858, constatou em 1833 que a maior parte das células apresentava em seu interior uma estrutura de forma esférica, a qual chamou núcleo. Nesta mesma época observações e descobertas revelaram ainda a existência da membrana plasmática e da parede celular presente nas células vegetais. A realização de diversos estudos microscópios permitiu que os cientistas alemães, Theodor Schwann e Mathias Schleiden postulassem a Teoria Celular. No final da década de 1830, após a realização de diversos estudos microscópicos, Schwann e Schleiden reuniram-se para discutir suas ideias acerca da organização dos seres vivos. Schleiden era botânico e tinha certeza que todas as plantas eram constituídas por células, sendo o mesmo verdadeiro para os animais, segundo as observações de Schwann. Dessa forma, Schwann e Schleiden sintetizaram as ideias sobre os aspectos estruturais dos seres vivos da seguinte maneira: “As partes elementares dos tecidos são células, semelhantes no geral, mas diferentes em forma e função. Pode ser considerado certo que a célula é mola-mestra universal do desenvolvimento e está presente em cada tipo de organismo. A essência da vida é a formação da célula." 18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Todos os conhecimentos envolvendo a Biologia Celular progrediram concomitantemente ao desenvolvimento de novos métodos de investigação. Em um primeiro momento, conforme vimos, a microscopia óptica, também chamada de microscopia de luz, possibilitou o descobrimento das células e a elaboração da Teoria Celular (Junqueira & Carneiro, 2005). Posteriormente, técnicas citoquímicas foram desenvolvidas, o que facilitou a identificação e localização de diversas moléculas integrantes das células. Com o desenvolvimento dos microscópios eletrônicos, que apresentam um grande poder de resolução, foram desvendados aspectos mínimos das células, que não poderiam ser feitos com a microscopia óptica. 3.1 Microscópio Óptico ou Microscópio de Luz Ainda hoje, poucas instituições possuem microscópios eletrônicos, sendo que a maior parte dos alunos tem contato apenas com o microscópio óptico durante a graduação. Caracteristicamente, um microscópio óptico é composto por uma parte mecânica, que serve de suporte e uma parte óptica, formada por três sistemas de lentes: o condensador, a objetiva e a ocular (Fig. 4) O condensador projeta um cone de luz sobre as células que serão examinadas no microscópio. Uma vez atravessando as células, este feixe luminoso em forma de cone chega até a lente objetiva. As objetivas possuem diferentes capacidades de aumento e projetarão sempre uma imagem aumentada, no plano focal da ocular que ampliará novamente a imagem. 19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 4: Microscópio óptico: A – Oculares; B – Objetivas; C – Platina e D – Condensador. A imagem projetada pela objetiva e fornecida pelas oculares pode ser percebida pela retina, com se estivesse a 25 cm das lentes oculares, podendo ainda ser projetada em uma tela. Para saber o tamanho total da ampliação da imagem, basta multiplicar o aumento utilizado na lente objetiva versus o aumento proporcionado pelas oculares. Por exemplo: se foi utilizada a objetiva no aumento 40 e a ocular proporciona um aumento de 10, então esta imagem foi ampliada 400 vezes. Conforme havíamos comentado anteriormente, existem microscópios com diferentes poderes de resolução, que representam a capacidade que um sistema óptico possui de separar detalhes. Na prática, o poder de resolução é expresso pelo limite de resolução (Junqueira & Carneiro, 2005), que representa a menor distância possível que deve ser observada entre dois pontos para que estes possam ser individualizados. Tomemos como exemplo o seguinte caso: duas partículas distantes entre si 3 µm, somente aparecerão individualizadas quando examinadas em um sistema óptico que apresentar limite resolutivo de 0,2 µm. Porém, quando o limite resolutivo for de 0,5 µm, aparecerão como uma única partícula. Dessa forma, o que determina o quão rica em detalhes é uma imagem fornecida pelo sistema óptico é o limite de resolução e não a sua capacidade de aumentar o tamanho dos objetos (Fig. 5). 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 5: As principais unidades de medida utilizadas na biologia celular são o nanômetro (nm) e o micrômetro (µm). A figura acima mostra a equivalência entre essas unidades, comparando- as também com o milímetro. As setas indicam os limites aproximados de resolução do microscópio eletrônico, microscópio óptico e olho humano. Como podemos ver, o microscópio eletrônico possui maior limite de resolução, indicando que é capaz de revelar uma maior riqueza de detalhes, quando comparado com o microscópio óptico ou de luz. 4. Vírus Os vírus possuem relações íntimas com as células, podendo causar doenças de gravidade variável de acordo com a intensidade de seusefeitos. Os vírus são estruturas simples, medindo em média não mais que 200 nm, sendo visíveis somente ao microscópio eletrônico. Os vírus não possuem a capacidade de se multiplicar sem que estejam parasitando alguma célula, da qual utilizará algumas enzimas que atuarão na síntese de macromoléculas que irão constituir novos vírus. É justamente a falta destas enzimas que faz com que um vírus sozinho não possa originar novos vírus sem parasitar uma célula, sendo, portanto, considerados obrigatoriamente parasitas intracelulares. Segundo Junqueira & Carneiro (2005), os vírus são na verdade parasitas moleculares, pois fazem com que todo o aparato molecular das células sintetize as moléculas que irão formar os novos vírus ao invés de trabalharem e benefício da própria célula. Um vírus é formado basicamente por duas partes: a porção central concentra toda a informação genética, sendo o genoma constituído por RNA (ácido ribonucleico), DNA (ácido desoxirribonucleico) ou ambas. O genoma reúne todas as informações necessárias para a síntese de novos vírus. A outra parte, chamada de porção periférica, é constituída de proteínas que protegem o material genético, possibilitando ainda ao vírus reconhecer as células que 21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores potencialmente podem ser parasitadas, facilitando ainda o acesso para o interior da célula. Um aspecto importante a ser ressaltado diz respeito ao material genético: um vírus possui os dois tipos de ácido nucleico, ou seja, ou apresenta RNA ou possui DNA em seu interior. Recentemente foi descoberto um vírus que possuí ambas (citomegalovírus). Alguns vírus de maior complexidade apresentam um invólucro lipoproteico, sendo que a porção lipídica deste invólucro é originada a partir das membranas celulares. Já as glicoproteínas são de natureza viral, codificadas pelo ácido nucleico do vírus. Os vírus apresentam alto grau de especialização, sendo que aqueles que parasitam células animais não parasitam células vegetais, e vice-versa, distinguindo- se desta forma em vírus vegetais e vírus animais. Entretanto, existem alguns exemplos de vírus vegetais que são capazes de se multiplicar nas células dos insetos que os disseminam de uma planta para a outra. Os bacteriófagos ou fagos são os vírus que ocorrem em bactérias. O vírus HIV pode ser considerado um dos vírus mais conhecidos e estudados de todos os tempos. Pode ser considerado um vírus estruturalmente mais complexo, uma vez que apresenta uma membrana lipídica juntamente com a camada de glicoproteínas em sua porção periférica (Fig. 6). Trata-se de um retrovírus, pois possui o RNA como material genético em seu genoma. 22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 6: Estrutura do HIV, mostrando a membrana lipídica e o RNA como genoma. 4.1 A capa externa de um vírus pode ser um capsídeo proteico ou um envelope de membrana Em um primeiro momento, acreditou-se fielmente que a capa externa de um vírus era constituída basicamente por apenas um único tipo de proteína (Alberts et al. 1997). Acreditava-se ainda, que as infecções se iniciavam com a dissociação do cromossomo viral (seu ácido nucleico) a partir das proteínas da capa externa, seguida pela replicação dos cromossomos dentro da célula hospedeira, para a seguir formar várias capas idênticas. Uma vez ocorrida a produção de novas capas proteicas, efetuadas por moléculas de RNA mensageiro codificadas pelos vírus, a formação dos novos vírus (progênie) ocorreria pela combinação espontânea destas moléculas de proteína da capa, em torno dos cromossomos da progênie viral (Fig. 7). 23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 7: O mais simples mecanismo de vida dos vírus, adaptado a partir de Alberts et al. (2005). Hoje em dia, sabe-se que estas ideias simplificam a diversidade dos ciclos de vida dos vírus. O capsídeo (proteína da capa) que circunda o material genético, por exemplo, contém mais do que um tipo de cadeia polipeptídica, geralmente organizada em várias camadas. Além disso, como é comum em muitos vírus e já reportado em nosso curso, a proteína do capsídeo é circundada por uma bicamada lipídica que contém também proteínas. 5. Tipos de Células Através da microscopia eletrônica foi possível chegar à conclusão definitiva que fundamentalmente existem duas classes de células: as células procariontes (pro, primeiro e cario, núcleo), nas quais os cromossomos encontram-se dispersos na matriz citoplasmática, não estando delimitados por uma membrana, e as células eucariontes (eu, verdadeiro e cario, núcleo), com um núcleo bem individualizado e envolto por uma membrana nuclear. Embora a complexidade nuclear seja sempre utilizada para nomear as classes de células, veremos que existem outras diferenças importantes entre as células eucariontes e procariontes. 5.1 Células Procariontes Caracteristicamente, as células procariontes apresentam um número reduzido de membranas, estando geralmente presente somente a membrana plasmática. Ao contrário das células eucariontes, as procariontes não apresentam um envoltório nuclear separando os cromossomos do citoplasma. Todos os seres vivos que possuem células procariontes são chamados procariotas, sendo esse tipo 24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores de célula característico das bactérias, incluindo neste grupo as algas azuis ou cianofíceas, também consideradas bactérias. Lembre-se que quando falávamos sobre a evolução das células abordamos o assunto de que as primeiras procariontes autotróficas a se desenvolverem deveriam ser muito parecidas com as cianofíceas atualmente viventes (Fig. 8). Figura 8: Células procariontes autotróficas (ALGAS AZUIS) encontradas em oceanos e mares de todo o globo terrestre. Entre as células procariontes mais estudadas está a bactéria Escherichia coli, muito utilizada em estudos de biologia molecular por apresentar rapidez de multiplicação e simplicidade estrutural (Fig. 9). Esta bactéria possui a forma aproximada de um bastão, com cerca de 2 µm de comprimento, apresentando uma membrana plasmática, muito semelhante à observada em células eucariontes, que separa o meio interno do externo. Externamente à esta membrana plasmática existe ainda uma parede rígida, que possui cerca de 20 nm de espessura, formada por uma complexo de glicosaminoglicanas e proteínas. A principal função da parede rígida está em proporcionar proteção mecânica a estas bactérias. Juntamente com Staphylococcus aureus, Escherichia coli é a bactéria mais comum na flora intestinal do ser humano. Na matriz citoplasmática dos indivíduos de Escherichia coli existem diversas moléculas de ribossomos ligados a moléculas de RNA mensageiro (mRNA), formando os chamados polirribossomos. Observa-se também dois (ou mais) 25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdosão dados aos seus respectivos autores cromossomos praticamente idênticos, com formato circular, ocupando regiões denominadas nucleoides e na maior parte das vezes presos a diferentes pontos da membrana plasmática. Cada cromossomo bacteriano é constituído de DNA não associado a histonas, que são as proteínas que compõem a cromatina dos eucariontes. Apresentam espessura de aproximadamente 2 nm e 1,2 mm de comprimento. As células procariontes não se dividem por mitose, sendo que seus filamentos de DNA não passam pelo processo de condensação que leva à formação de cromossomos visíveis em microscopia óptica, durante o processo de divisão celular. Figura 9: Colônia de Escherichia coli observada em microscópio eletrônico, chamando a atenção para o formato em bastão dos indivíduos e para duas bactérias multiplicando-se por bipartição na parte central da figura. O citoplasma dos procariotas normalmente não apresenta nenhuma outra membrana além da plasmática, que o separa do meio externo. Em alguns casos, a membrana plasmática pode apresentar invaginações, conhecidas como mesossomos, que têm como principal finalidade aumentar a eficiência do processo respiratório. No citoplasma dos procariotas que possuem a capacidade de realizar a fotossíntese existem algumas membranas associadas à clorofila ou ainda a outros pigmentos que são responsáveis por captar a luminosidade. 26 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Outra diferença marcante entre a célula procarionte e a eucarionte refere-se à ausência de citoesqueleto nas células procariontes. Conforme veremos mais para frente em nosso curso, o citoesqueleto é responsável pela forma e pelo movimento das células, salientando ainda que as células possuem formas variadas e complexas, citando como exemplo os neurônios. De forma geral, uma célula procarionte possui a forma de um pequeno bastão ou a forma esférica, sendo que a manutenção desta forma é proporcionada pela parede extracelular rígida, produzida na matriz citoplasmática e agregada externamente em relação à membrana plasmática (Fig. 10). Além desta função, a parede extracelular fornece proteção às células bacterianas. As bactérias podem ser encontradas habitando os mais variados ambientes na natureza, sendo que alguns desses ambientes somente podem ser habitados devido à proteção oferecida pela parede extracelular, já que muitos destes lugares são extremamente agressivos e nenhuma outra forma de vida consegue sobreviver sob tais condições. Além desta função, a parede extracelular fornece proteção às células bacterianas. As bactérias podem ser encontradas habitando os mais variados ambientes na natureza, sendo que alguns somente podem ser habitados devido à proteção oferecida pela parede extracelular, já que muitos destes ambientes são extremamente agressivos e nenhuma outra forma de vida consegue sobreviver sob tais condições. Entretanto, a diferença mais significativa entre as células eucariontes e as células procariontes é a pobreza de membranas nas células procariontes. Diferentemente do que veremos para as células eucariontes, o citoplasma dos procariotas não se encontra subdividido em compartimentos. 27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 10: Estrutura geral de um procarionte - A: membrana plasmática; B: parede extracelular rígida; C: polirribossomo; D: mesossomo e E: DNA 5.1.1 As células procariontes são estruturalmente simples e bioquimicamente multiformes As bactérias estão entre os organismos mais simples, do ponto de vista estrutural, encontrados nos ambientes naturais. Possuem formas esféricas ou bastonetes, com tamanhos variados, podendo em alguns casos atingir mais de um micrômetro linearmente em comprimento. Além de serem pequenas, as bactérias podem reproduzir-se rapidamente dividindo-se por fissão binária. Segundo Alberts et al. (1997), quando o alimento é farto, “a sobrevivência das bactérias mais capazes” em geral, significa a sobrevivência daquelas que se dividem mais rapidamente. Em condições adequadas, uma simples bactéria é capaz de dividir-se a cada vinte e cinco minutos, originando 5 bilhões de células em pouco menos de cinco horas. Esta habilidade de dividir-se rapidamente possibilita às bactérias adaptarem-se às mudanças no ambiente. Na natureza as bactérias vivem em uma enorme variedade de nichos ecológicos e mostram uma riqueza correspondente na sua composição bioquímica básica (Alberts et al. 1997). Dois grupos de bactérias são reconhecidos: as eubactérias, que reúnem os tipos comuns, encontrados no solo, água em endossimbiose com outros organismos; e ainda as arquibactérias, que ocorrem em ambientes inóspitos, como as fontes termais, fundo dos oceanos, vulcões, pântanos, fontes ácidas e etc. Existem bactérias que se utilizam de qualquer tipo de moléculas orgânicas como fonte de alimento, incluindo aminoácidos, açúcares, gorduras, hidrocarbonetos, polissacarídeos e polipeptídeos. Outras ainda são capazes de obter seus átomos a partir do carbono do CO2 e seu nitrogênio do gás nitrogênio 28 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores (N2). Mesmo diante de sua simplicidade, as bactérias são os seres mais antigos de nosso planeta e inda hoje os mais abundantes em praticamente todos os ecossistemas. 5.2 Células Eucariontes As células eucariontes apresentam duas partes distintas do ponto de vista morfológico, sendo estas o citoplasma e o núcleo, entre as quais se observa um intenso fluxo de moléculas diversas, em ambos os sentidos. O citoplasma está envolvido pela membrana plasmática e o núcleo pela membrana nuclear ou envoltório nuclear. Caracteristicamente, as células eucariontes possuem riqueza de membranas, formando pequenos compartimentos que isolam os variados processos metabólicos, direcionando as adsorvidas ou produzidas no interior das próprias células. Outro fato importante é que existem diferenças marcantes com relação às enzimas das membranas dos vários compartimentos. Além de aumentar a eficiência, a segregação das atividades faz com que as células eucariontes atinjam maior tamanho, sem que haja prejuízo de suas funções. 5.2.1 Citoplasma O citoplasma das células eucariontes contém as organelas, como o retículo endoplasmático, aparelho de Golgi, mitocôndrias, peroxissomos e lisossomos. O conceito que melhor define o termo organela ainda é motivo de muita discussão entre os especialistas. Enquanto alguns autores consideram que organelas são apenas as estruturas envoltas por uma membrana, como os lisossomos e as mitocôndrias. Já para outros autores são consideradas organelas todas as estruturas 29 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores intracelulares presentes em todas as células e que desempenham funções específicas, mesmo que não existam membranas delimitando-as, como é o caso dos centrossomos. Além das organelas, também se observa no citoplasma a presença de depósitos de substâncias diversas, como gotículas lipídicas e grânulos de glicogênio. O glicogênioé um polissacarídeo, sendo a forma sob a qual os animais armazenam glicose. O restante do espaço é preenchido pela matriz citoplasmática, conhecida também como citosol. O citosol contém água, aminoácidos precursores dos ácidos nucleicos, íons diversos e numerosas enzimas. No citosol ainda podem ser encontradas microfibrilas, constituídas basicamente de actina, e os microtúbulos, formados de tubulina, sendo estas duas estruturas constituintes do citoesqueleto. Quando despolimerizadas (separadas), as moléculas de proteínas actina e tubulina conferem maior fluidez ao citosol (Junqueira & Carneiro, 2005). Quando polimerizadas em microtúbulos e microfibrilas, estas conferem à região citoplasmática a consistência de gel onde se encontram. 5.2.2 Membrana Plasmática Está situada externamente em relação ao citoplasma, separando o conteúdo celular do meio externo, contribuindo para a manutenção da constância do meio intracelular, que na maior parte dos casos é diferente do meio extracelular. Possui cerca de 7 a 10 nm de espessura, sendo que quando observada em eletromicrografias aparece como duas linhas escuras separadas por uma porção central mais clara. Essa estrutura de aspecto trilaminar é comum às outras membranas encontradas nas células, sendo assim chamada de membrana unitária ou unidade de membrana (Fig. 11). As unidades de membrana são bicamadas lipídicas, constituídas principalmente por fosfolipídios e reunindo uma variável quantidade de moléculas proteicas, que aumentam de acordo com a atividade funcional da membrana. As proteínas são responsáveis pela maioria das funções da membrana (Junqueira & 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Carneiro, 2005). Algumas moléculas de colesterol também são partes constituintes da membrana plasmática. A porção externa da bicamada lipídica apresenta muitas moléculas de glicolipídios, com as porções glicídicas voltadas para o exterior da célula. Às porções glicídicas dos glicolipídios se juntam porções glicídicas das proteínas constituintes da própria membrana. Juntamente com as glicoproteínas e proteoglicanas sintetizadas, que são adsorvidas pela superfície celular, as porções glicídicas dos glicolipídios e das proteínas formam um conjunto denominado glicocálice. Assim, ao contrário do que se pensava há até poucos anos atrás, o glicocálice é uma projeção da parte mais externa da membrana, com apenas algumas moléculas adsorvidas, e não uma camada inteiramente extracelular (Junqueira & Carneiro, 2005). Figura 11: Aspectos gerais da estrutura da membrana plasmática. 5.2.3 Mitocôndrias As mitocôndrias apresentam forma esférica ou mais frequentemente alongada. Quando observadas em micrografias eletrônicas se mostram constituídas 31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores por duas unidades de membrana. Segundo a teoria da endossimbiose, abordada no tópico 2 de nosso curso, a membrana interna das mitocôndrias teria origem na bactéria precursora e a externa da célula eucarionte que estava em formação (Fig. 12). O tamanho das mitocôndrias pode variar de 0,2 a 1,0 μm de diâmetro e de 1 a 4 μm de comprimento. A quantidade de mitocôndrias também podem variar nos diferentes tipos celulares e isto está relacionado à maior ou menor quantidade de energia gasta pela célula. Assim, células do rim têm em torno de 300 mitocôndrias, já espermatozoides possuem cerca de 25 e algumas algas chegam a ter apenas uma mitocôndria. Figura 12: Estrutura básica de uma mitocôndria. Repare nas dobras da membrana interna, formando as cristas mitocondriais. A membrana interna das mitocôndrias se apresenta toda pregueada, originando dobras em forma de prateleira ou de túbulos. A principal função das mitocôndrias é liberar gradualmente energia das moléculas de glicose e ácidos graxos, provenientes dos alimentos, produzindo moléculas de ATP (adenosina- trifosfato) e calor. A energia armazenada sob a forma de ATP é utilizada pelas 32 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores células para a manutenção de seu metabolismo, realizando as diversas atividades, entre as quais movimentação, secreção e divisão mitótica. Além disso, as mitocôndrias estão envolvidas em diversos outros processos do metabolismo celular (denominado neste caso metabolismo o conjunto de processos químicos de degradação e síntese de moléculas), variáveis de acordo com a especificidade de célula. 5.2.4 Retículo Endoplasmático Presente no citoplasma das células eucariontes existe uma rede de vesículas achatadas, esféricas e túbulos que por estar intercomunicados formam um sistema contínuo, que quando observado ao microscópio eletrônico aparentam estar separados. Esses elementos possuem uma parede formada por uma unidade de membrana que isola cavidades do citoplasma, conhecidas como cisternas do retículo endoplasmático (Fig. 13). Estas cisternas se caracterizam por constituírem um sistema de túneis, de formato variável, que percorre praticamente todo o citoplasma. O retículo endoplasmático pode ser distinguido em granular, rugoso, e liso. Diferentemente do observado no retículo endoplasmático liso, a membrana do retículo rugoso apresenta-se repleta de ribossomos, em sua porção voltada para o citosol. Os ribossomos são pequenas partículas densas aos elétrons e constituídas de rRNA ou RNA ribossômico e proteínas. Os ribossomos das células eucariontes apresentam diâmetro variando entre 15 e 20 nm, sendo menores os ribossomos observados nas células procariontes. Cada ribossomo é constituído por duas subunidades de tamanhos distintos, somente associadas quando ligadas aos filamentos de RNA mensageiro (mRNA). 33 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 13: Retículo endoplasmático rugoso, (A) estrutura geral e (B) eletromicrografia eletrônica a 0,5 µm. Uma vez que diversos ribossomos se associam ao filamento único de RNA mensageiro (mRNA) estes constituem os polirribossomos que estão presos à superfície externa do retículo rugoso ou dispersos no citosol. Estas estruturas desempenham importante papel na síntese de proteínas. Dessa forma, uma das principais funções do retículo endoplasmático rugoso está relacionada com a síntese e transporte de proteínas no interior das células. Já o retículo endoplasmático liso caracteriza-se como túbulos anastomosados (Fig. 14). Em algumas células, é possível observar um retículo endoplasmático liso amplamente desenvolvido, como é o caso das células que secretam hormônios esteroides, células da glândula adrenal e células hepáticas. Basicamente as funções do retículo endoplasmático liso estão relacionadas com a síntese de esteroides, fosfolipídios e outros lipídios. Atua também na degradação do etanol ingerido em bebidas alcoólicas, atuando na desintoxicação do organismo, já que também promovem a degradação de medicamentos ingeridos pelo organismo, como as substâncias anestésicas (barbitúricos) e antibióticos (Wikipédia, 2009).34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 14: Aspecto geral do retículo endoplasmático liso e em detalhe, mostrando retículo liso em células hepáticas. 5.2.5 Aparelho de Golgi Também conhecida como zona ou Complexo de Golgi, esta organela caracteriza-se por ser formada por um número variável de vesículas achatadas circulares e por diversas vesículas esféricas de tamanhos variados, que parecem brotar das primeiras. Em muitas células é possível observar o Complexo de Golgi em uma posição constante, na maior parte das vezes próximo ao núcleo. Quando não situado ao lado do núcleo, está disperso no citoplasma (Fig. 15). O Complexo de Golgi possui funções múltiplas, porém é muito importante no endereçamento e separação das moléculas produzidas nas células, direcionando-as para as vesículas de secreção (que serão encaminhadas para o exterior das células), para os lisossomos, para a membrana celular ou ainda para àquelas vesículas que permanecem no citoplasma. 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 15: Ilustração demonstrando recebimento de proteínas vindas do R. E. (retículo endoplasmático) pelo aparelho de Golgi. Ao lado, eletromicrografia mostrando Golgi em sua ocorrência natural. 5.2.6 Lisossomos Os lisossomos apresentam forma e tamanho muito variáveis, frequentemente medindo entre 0,6 e 3,0 µm de diâmetro, apresentando em seu interior enzimas hidrolíticas, que são aquelas capazes de romper moléculas, adicionando átomos de água (Fig. 16). Outro aspecto interessante acerca dos lisossomos é que seu interior é ácido, já que as hidrolases dos lisossomos possuem atividade máximo em pH ácido. As hidrolases são produzidas pelos polirribossomos, aderidos ao retículo endoplasmático rugoso. Os lisossomos funcionam como uma espécie de “depósito” das enzimas que são utilizadas pelas células para atuar na digestão de moléculas adsorvidas por pinocitose, por fagocitose, ou ainda, organelas da própria célula. O processo conhecido como pinocitose refere-se ao englobamento de partículas líquidas enquanto que a fagocitose relaciona-se com o englobamento de partículas sólidas. A renovação e destruição de organelas é um processo fisiológico que faz com que a célula mantenha todos os seus componentes em excelente estado funcional e mais importante ainda, na quantidade adequada para suprir as suas necessidades momentâneas. O processo de substituição de organelas “velhas” por novas ocorre a todo instante nas células, sendo que aquelas não mais necessárias o são, os lisossomos atuam em sua remoção. 36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 16: Lisossomos (estruturas escuras) observados em microscopia eletrônica. 5.2.7 Peroxissomos Os peroxissomos caracterizam-se por apresentar enzimas oxidativas que transferem os átomos de hidrogênio de substratos distintos para o oxigênio, com base na seguinte reação: RH2 + O2 → R + H2O2 Os peroxissomos contêm a maior parte da catalase celular, enzima que transforma o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio, a partir da seguinte reação: 2H2O2 catalase→ O2+ 2H2O A atividade da enzima catalase é muito importante, uma vez que o peróxido de hidrogênio (H2O2), formado nos peroxissomos, é um oxidante energético e seria extremamente prejudicial para a célula caso não fosse eliminado rapidamente. Os peroxissomos diferem das mitocôndrias e dos cloroplastos em diversos aspectos. 37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Não contém em seu interior ribossomos nem DNA próprio e são envolvidos por apenas uma membrana. Uma vez que não possuem genoma próprio todas as suas proteínas, (sem exceção) devem necessariamente ser importadas. Segundo Alberts et al. (1997) os peroxissomos são semelhantes ao retículo endoplasmático por estarem envoltas por uma membrana que se autorreplicam sem possuírem genomas próprios. Quando observados ao microscópio eletrônico, os peroxissomos apresentam uma matriz glandular envolta por uma membrana, variando seu tamanho entre 0,3 e 1 µm (Fig. 17). Os peroxissomos catalisam a degradação dos ácidos graxos, produzindo a acetil-CoA, que pode penetrar nas mitocôndrias, participando assim da síntese de ATP por meio do Ciclo de Krebs (Ciclo do ácido cítrico). Além disso, as moléculas de acetil-CoA podem ser utilizadas em outros compartimentos citoplasmáticos, em processos de síntese de moléculas diversas. As estimativas apontam para cerca de 30% dos ácidos graxos sejam oxidados em acetil-CoA nos peroxissomos. Figura 17: Eletromicrografia mostrando peroxissomo (p) e mitocôndria (m). 38 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Dica de estudo: A síndrome cérebro- hepatorrenal, ou Sí ndrome de Zellweger, é um distúrbio raro, onde aparecem diversos defeitos neurológicos, hepáticos e renais. Procure saber, pesquisando em livros ou na internet, o que esta sí ndrome tem a ver com os peroxissomos? 5.2.8 Citoesqueleto Muitas células estão irregularmente arranjadas, existindo algumas, como as células nervosas ou neurônios, que apresentam longos prolongamentos. Além disso, as organelas, o núcleo, vesículas de secreção e outros componentes celulares apresentam localização definida, quase sempre constante, de acordo com o tipo celular. Diante do acima exposto, muitos pesquisadores passaram a admitir a existência de um citoesqueleto, que por desempenhar um papel mecânico e estrutural, mantendo a forma celular e dessa forma a posição de seus componentes. Posteriormente, alguns estudos não só confirmaram a existência do citoesqueleto como também demonstraram que seu papel funcional é muito mais amplo, uma vez que além de manter, também estabelece e modifica a forma das células. 39 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 18: Componentes do citoesqueleto: A – Microtúbulo; B – Filamento de Actina e C – Filamento Intermediário. O citoesqueleto é também responsável pelos movimentos celulares como formação de pseudópodos e deslocamentos intracelulares de organelas, contração celular, deslocamento de cromossomos, vesículas e grânulos diversos. Os principais elementos do citoesqueleto são os microtúbulos, filamentos de actina e filamentos intermediários (Junqueira & Carneiro, 2005) (Fig. 18). Com a cooperação das proteínas motoras, os microfilamentos de actina e os microtúbulos participam dos deslocamentos de partículas dentro das células e dos movimentos celulares. 5.2.9 Centríolos 40 Este material deve ser utilizadoapenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Os centríolos são feixes de microtúbulos dispersos no citoplasma. Podem ser encontrados em células eucariontes (no caos das plantas somente encontrados nas angiospermas) e ausentes em células procariontes. Na maior parte dos casos as células apresentam um par de centríolos, paralelo ou perpendicularmente posicionados entre si. Os centríolos são constituídos por nove túbulos triplos interligados, formando uma estrutura semelhante a um cilindro (Fig. 19). Figura 19: Estrutura básica de um centríolo, apresentando forma similar a um cilindro, sendo composto por nove túbulos triplos. Os mecanismos que regem o funcionamento e ativação dos centríolos ainda não são bem conhecidos até o presente momento, sabendo-se, contudo, que estes exercem vital função no processo de divisão celular. Durante os processos da mitose e meiose, feixes de microfibrilas e microtúbulos são sintetizados no citoplasma, denominados ásteres, de forma que uma de suas extremidades fica ligada aos centríolos, enquanto que a outra extremidade prende-se ao centrômero dos cromossomos. Esta polarização e os microtúbulos associados são constituem o fuso mitótico. O próprio centríolo é duplicado, e cada novo centríolo com os microtúbulos associados migra para uma extremidade da célula, puxando para si cada estrutura originada na reprodução celular (Wikipedia, 2009). O centríolo, portanto, age como organizador das estruturas celulares durante sua reprodução, sendo que acredita-se 41 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores que estes desempenhem outras funções durante a intérfase. 5.2.10 Plastídios Os plastídios compreendem uma família de organelas típicas dos vegetais, na qual os cloroplastos são os membros mais conhecidos. Os plastídios estão presentes em todas as células vegetais vivas, sendo característicos para cada tipo de célula. Todos os plastídios apresentam característias em comum. De forma mais curiosa ainda, aqueles plastídios encontrados em uma determinada espécie de vegetal contêm inúmeras cópias de um mesmo genoma e são circundados por um envoltório formado por duas membranas concêntricas. Os plastídios, também chamados de plastos, apresentam maior tamanho que as mitocôndrias. Os principais plastídios existentes: os leucoplastos, que são desprovidos de pigmentos fotossintetizantes, e os cromoplastos, dos quais o mais comuns são os cloroplastos ricos em clorofila, que por sua vez constitui-se no principal pigmento fotossintético. Para que a fotossíntese seja realizada, é necesário que haja um receptor para a energia luminosa, papel este desempenhado pela clorofila, que também atribui a cor verde a este plastídio. Os cloroplastos geralmente apresentam uma forma semelhante a um disco (discoide) e medem aproximadamente entre 3 e 6 micrômetros (Raven et al. 2001). Uma única célula do mesofilo, região que se situa entre a epiderme das duas faces da folha, pode apresentar entre 40 e 50 cloroplastos. Segundo Raven et al. (2001), um milímetro quadrado de folha pode apresentar até 500.000 cloroplastos. Influenciados pela luz, os cloroplastos podem rearranjar-se nas células, de forma a maximizar a utilização da energia luminosa disponível, podendo, por exemplo, dispor-se paralelamente à superfície da folha sob forte intensidade luminosa, e em caso de intensidade luminosa baixa ou média podem posicionar-se próximo e paralelamente às paredes celulares. Internamente, o cloroplasto possui uma estrutura complexa (Fig. 20). O estroma, substância fundamental dos plastídios, é atravessado por um elabordo 42 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores sistema de tilacoides, apresentando-se em pilhas de tilacoides discoides, de certa forma semelhantes a uma pilha de moedas, os grana (plural de grânulo) e tilacoides de estroma. Figura 20: Estrutura interna de um cloroplasto. 5.3 Diferenças entre as células eucarióticas vegetais e animais As células animais e vegetais assemelham-se muito em sua estrutura básica. A seguir são listadas as principais diferenças: 1ª) Presença de Paredes: Além da membrana plasmática, as células das plantas contêm uma ou duas paredes celulares rígidas que lhes conferem a manutenção constante de sua forma, protegendo o citoplasma contra injúrias e danificações mecânicas e contra a ação de parasitas. 2ª) Presença de Plastídios: Entre as características principais das células vegetais está a presença de plastídios, conhecidos também por plastos, que assim como as mitocôndrias são organelas delimitadas por duas membranas. 3ª) Vacúolos citoplasmáticos: As células das plantas possuem, com certa 43 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores frequência, vacúolos citoplasmáticos muitas vezes maiores que os vacúolos observados nas células animais. Os vacúolos das células vegetais muitas vezes ocupam a maior parte do volume celular, sendo que o citoplasma funcional, nestes casos, está reduzido a uma delgada faixa na zona periférica da célula. 4ª) Presença de amido: As células eucariontes animais armazenam o glicogênio como substância de reserva, ao contrário das células vegetais que têm no amido a sua reserva energética. 5ª) Presença de plasmodesmos: Células vegetais vizinhas são ligadas por pequenos tubos medindo entre 20-40 nm de diâmetro, que recebem o nome de plasmodesmos. Os plasmodesmos estabelecem canais para o trânsito de moléculas. Nas células animais não são encontrados plasmodesmos, porém, muitas se comunicam através das junções comunicantes, que apesar de apresentarem semelhanças funcionais com os plasmodesmos, do ponto de vista morfológico, são muito diferentes (Fig. 21). Diante do acima exposto, comparando diretamente os dois tipos de células eucariontes (animal e vegetal), podemos observar os componentes integrantes na tabela a seguir (Tab. 1). Figura 21: Imagem mostrando a localização dos plasmodesmos, estabelecendo canais que conectam células vizinhas. 44 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Tabela 1: Organelas e demais estruturas presentes em célula animal e vegetal, com base em Alberts et al. (1997) e Junqueira & Carneiro (2005). Organela Animal Vegetal Amido Ausente Presente Aparelho de Golgi Presente Presente Centríolo Presente Presente (angiospermas) Citoesqueleto Presente Presente Citosol Presente Presente Cloroplastos Ausente Presente Glicogênio Presente Ausente Lisossomos Presente Presente Membrana plasmática Presente Presente Parede celular Ausente Presente Peroxissomo Presente Presente Retículo endoplasmático Presente Presente Vacúolo Presente* Presente * bem menor que o vacúolo observado na célula eucarionte vegetal. 6. Núcleo Entre as principais características das células eucariontes está a presença de um núcleo bem individualizado, de forma variável, e que separa o conteúdo genético do citoplasma. O núcleo está separado do restante da célula por uma membrana dupla, conhecidacomo envoltório nuclear. Esta membrana apresenta poros espalhados por toda a sua superfície, que atuam na regulação de um intenso trânsito de macromoléculas, que se deslocam desde o núcleo para o citoplasma e vice-versa. Todas as moléculas de RNA existentes no citoplasma são obrigatoriamente sintetizadas no núcleo e todas as moléculas de proteínas do núcleo são sintetizadas 45 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores no citoplasma (Junqueira & Carneiro, 2005). A membrana externa do núcleo apresenta uma infinidade de polirribossomos aderidos, sendo estes constituintes do retículo endoplasmático. Basicamente o núcleo é composto pela cromatina, nucléolo e retículo nucleoplasmático, além do envoltório nuclear (Fig. 22). Figura 22: Constituintes do núcleo celular. 6.1 Cromatina A cromatina é composta por DNA (ácido desoxirribonucleico) associado a uma infinidade de proteínas como as histonas. As células eucariontes apresentam uma grande quantidade de DNA em seu interior. Estas proteínas possuem um importante papel nas funções e organização do DNA, tanto no núcleo interfásico, ou seja, o núcleo que não está passando por mitose, como na condensação dos cromossomos na divisão celular. 6.2 Nucléolo 46 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O nucléolo é uma estrutura encontrada apenas em células eucarióticas, atuando principalmente na coordenação do processo de reprodução das células, mesmo desaparecendo logo no início do processo de divisão celular. Atua também controlando os processos celulares básicos, pelo fato de conter trechos específicos de DNA, além de uma infinidade de proteínas associadas ou não ao RNA ribossômico (rRNA). Apresentam forma arredondada com aspecto esponjoso, estando diretamente mergulhados no nucleoplasma, não apresentando membrana envolvente. Basicamente, o nucléolo atua na organização dos ribossomos, sendo que quanto maior o seu tamanho mais intensa a síntese de proteínas na célula. Centralmente, o nucléolo apresenta uma porção fibrilar formada por rRNA e proteínas ribossomais. A porção periférica é denominada granular, sendo constituída por subunidades ribossômicas em processo de formação. 6.3 Retículo Nucleoplasmático Trata-se de uma estrutura similar ao retículo endoplasmático, sendo responsável pela síntese de proteínas e pelo armazenamento de cálcio. Esta estrutura foi visualizada pela primeira vez por cientistas britânicos no ano de 1997, sendo que sua função somente foi de melhor forma conhecida com os estudos realizados pelo Departamento de Fisiologia da Universidade federal de Minas Gerais – UFMG, em parceria com as universidades americanas de Cornell e Yale. Suas principais funções estão ligadas à utilização do cálcio no meio intracelular, envolvendo processos como ativação e transcrição de genes e apoptose e contração muscular. Até então, antes do retículo nucleoplasmático ser descoberto acredita-se que tais funções eram desempenhadas pelo retículo endoplasmático, que liberava o cálcio existente no citoplasma até o núcleo. ------------------FIM DO MÓDULO I-------------------
Compartilhar