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04. Biologia Celular Vol. 4

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Curso de 
BIOLOGIA CELULAR 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO IV 
 
13. Diversidade e diferenciação celular 
 
Os seres multicelulares são constituídos através de conjuntos de células distintas, 
onde cada uma é responsável por uma série de atividades. Os diferentes tipos celulares 
que compõem um organismo fazem com que os órgãos e tecidos desempenhem funções 
distintas e integradas. 
Um organismo pode apresentar muitos tipos celulares como células 
arredondadas, alongadas, em forma de colunas, entre outras, sendo que a forma dessas 
células está relacionada com a função que desempenham, nos diferentes tecidos. 
Embora exista uma grande variedade de células em relação à forma e à função, é 
importante lembrar que todas elas originaram de um mesmo tipo celular: o ovo ou zigoto. 
Por esse motivo, todas as células apresentam o mesmo genoma. 
Esse processo pelo qual a partir de uma célula indiferenciada (zigoto) tenhamos 
células distintas quanto à forma e função é denominado diferenciação celular. Antes de 
conhecer melhor os detalhes do processo de diferenciação celular vamos entender como 
tudo se inicia. 
 
14. Embriogênese 
 
É o processo através do qual o embrião é formado e se desenvolve. Ele se inicia 
no momento da fertilização do óvulo (gameta feminino) pelo espermatozoide (gameta 
masculino), sendo que após esse encontro dos gametas temos a formação do zigoto. Na 
figura a seguir (Fig. 53) abaixo temos uma representação do encontro do óvulo e 
espermatozoides, levando à formação do zigoto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 53: Representação da fecundação levando à formação do zigoto. 
 
Como o zigoto é formado a partir da união de duas células (gametas), é preciso 
que estas apresentem número haploide de cromossomos, ou seja, é preciso que cada 
gameta tenha apenas a metade do total de cromossomos, para que quando se unirem 
estas células passem então a ter o número correto de cromossomos, caso contrário, o 
embrião formado terá um número de cromossomos diferente do normal. 
 Assim, tomando como exemplo a espécie humana, temos que cada gameta deve 
ter 23 cromossomos para que após a fecundação o embrião tenha o número correto de 
cromossomos que para esse exemplo é de 46. O processo responsável por essa redução 
foi visto no módulo anterior e recebe o nome de meiose. 
 Após a fecundação o conjunto formado pela união do óvulo e do espermatozoide 
recebe o nome de zigoto. Passadas aproximadamente 24 horas após a fertilização, o 
zigoto sofre sucessivas divisões mitóticas, originando primeiramente duas células-filhas 
chamadas blastômeros. Quando 12 blastômeros são formados glicoproteínas adesivas 
vão sendo adicionadas e tornando as células mais compactas. Por volta do 3° dia após 
ocorrida a fecundação, quando os blastômeros já somam 16 células, a compactação 
torna-se cada vez mais evidente. A partir deste momento, quando atingem sua máxima 
compactação máxima, este conjunto de células passa a se chamar mórula. 
 Por volta do 4° dias após a fecundação a mórula alcança a cavidade uterina e a 
partir deste momento começa a armazenar em seu interior fluidos provenientes da 
cavidade uterina. Isto faz com que ocorra uma migração das células para uma posição 
Óvulo 
Espermatozoides 
 
 
 
 
 
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mais periférica, podendo ser observado o surgimento de uma cavidade, denominada 
blastocele. A partir deste momento a estrutura deixa de se chamar mórula e passa a se 
chamar blastocisto. 
 Pode-se observar nesta estrutura duas partes distintas: o embrioblasto, que 
representa um conjunto de células que faz saliência com o interior da cavidade e o 
trofoblasto, representado por uma camada de células achatadas (Fig. 54). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 54: Blastocisto (blástula) mostrando o trofoblasto, embrioblasto, a cavidade preenchida com fluidos 
da cavidade uterina (blastocele) e a zona pelúcida. 
 
 
Observe na figura acima que a blástula possui uma cavidade interna (blastocele) 
preenchida por líquidos em seu interior. A partir da blástula, o embrião passa por muitas 
transformações até o aparecimento de três linhagens celulares distintas: o endoderma, o 
mesoderma e o ectoderma. O aparecimento dessas três linhagens define o estágio de 
gástrula
 
. Abaixo, na figura a seguir (Fig. 55), há uma representação do estágio de 
gástrula, mostrando as três diferentes linhagens. 
Observe na figura que o endoderma corresponde à camada mais interna de 
células, da qual se desenvolvem as células pancreáticas, pulmonares e da tireoide, entre 
outras; já o mesoderma é a região mediana que dará origem às hemácias, células do 
túbulo renal e miócitos, entre outras; o ectoderma corresponde à camada mais externa de 
células e originará posteriormente os melanócitos, sistema nervoso central e periférico, 
epiderme e anexos, entre outras. 
 
 
 
 
 
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Figura 55: Representação de uma célula em estágio de gástrula, mostrando as três linhagens distintas de 
células. 
 
Note também na figura 55 que a região mais interna da gástrula recebe o nome 
de arquêntero; essa cavidade interna liga-se com o meio externo através do blastóporo. 
Na gastrulação ocorrem intensos movimentos morfogenéticos onde há intensa migração 
celular. Têm-se interações teciduais através das quais se formam novas células. Isso leva 
à diferenciação e agrupamento de células, que passam a se organizar em tecidos e 
órgãos, processo denominado de organogênese. 
É importante saber que a diferenciação celular refere-se ao grau de 
especialização das células, já a potencialidade é a capacidade de uma célula originar 
outros tipos celulares. Portanto não podemos deixar de falar um pouquinho a respeito das 
células-tronco, que estão sendo muito estudadas e têm uma grande importância médica, 
por serem células capazes de originar outras células. 
 
 
15. Células-tronco 
 
As células-tronco nada mais são do que células denominadas de totipotentes ou 
ainda células indiferenciadas, que correspondem aos blastômeros citados anteriormente. 
Todo organismo pluricelular é composto por diferentes tipos de células. Todos os 200 
tipos celulares distintos encontrados entre as cerca de 75 trilhões de células existentes 
em um homem adulto derivam das células precursoras denominadas células-tronco, 
também denominadas células-mãe. 
Blastocele Blastocele
Blastóporo 
Endoderme 
Ectoderme 
Arquêntero 
 
 
 
 
 
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Para qualquer célula, quanto maior for a potencialidade, menor a diferenciação e 
vice-versa. Assim, as totipotentes, como possuem grau de diferenciação zero, 
apresentam 100% de potencialidade, daí seu nome totipotente (com total potencialidade). 
Em oposição a essas células, temos, por exemplo, os neurônios e as células do músculo 
cardíaco, que perderam a capacidade de se dividir mitoticamente e não podem originar 
novas células. Nesse caso temos células com 100% de diferenciação e zero de 
potencialidade. 
Estudos sobre as células-tronco demonstraram que elas são indiferenciadas e 
possuem a capacidade de gerar não só novas células-tronco, como grande variedade de 
células diferenciadas funcionais. Mas para realizarem essa dupla tarefa de replicação e 
diferenciação, elas podem seguir dois modelos básicos de divisão: 
- Determinístico: no qual sua divisão gera sempre uma nova célula-tronco e uma 
diferenciada; 
- Aleatório: no qual algumas células-tronco geram somente novas células-tronco e 
outras geram apenas células diferenciadas. 
Na figura a seguir (Fig. 56) podemos observar os dois modelos de divisão 
apresentados pelas células-tronco. As células-tronco mais conhecidas são as 
embrionárias, responsáveis pela produção de todas as demais células de um organismo. 
Mas hoje sabemos também que os tecidos já diferenciados de organismos adultos 
conservam suas células precursoras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (A) (B) 
 
Figura 56: Representação dos modelos de divisão das células-tronco. Em (A) temos uma representação do 
modelo determinístico de divisão das células-tronco e em (B) o modelo aleatório. 
 
 
 
 
 
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Agora que sabemos que as células-tronco são capazes de originar qualquer 
célula do nosso corpo, podemos relacioná-la aos avanços na medicina, não esquecendo 
que isso envolve uma série de questões bioéticas. 
 
15.1 Células-tronco e a Medicina 
 
Um dos primeiros relatos das células-tronco auxiliando a medicina diz respeito a 
um experimento realizado em 1998 por cientistas italianos, liderados pela bióloga Giuliana 
Ferrari, no Instituto San Rafaelle-Telethon, onde as células derivadas da medula óssea 
regeneraram um músculo esquelético. Essas células, quando injetadas em músculos 
(lesados quimicamente) de camundongos geneticamente imunodeficientes, mostraram-se 
capazes de se diferenciar em células musculares, reduzindo a lesão. 
Em um experimento posterior, ao invés da injeção de células medulares 
diretamente na lesão muscular, os camundongos imunodeficientes receberam um 
transplante de medula óssea. Feito o transplante, verificou-se que as células-tronco 
migraram da medula para a área muscular lesada do animal. Isso demonstrou que, 
havendo uma lesão muscular, as células-tronco medulares adultas podem migrar até a 
região lesada e se diferenciar em células musculares esqueléticas. 
Em 1999 um grupo de cientistas liderados por dois neurobiólogos, o canadense 
Christopher Bjornson e o italiano Angelo Vescovi, demonstraram que células-tronco 
neurais de camundongos adultos podem restaurar as células hematopoiéticas (do 
sangue) em camundongos que tiveram a medula óssea destruída por irradiação. Esse 
trabalho revolucionou os conceitos até então vigentes, mostrando que uma célula tronco-
adulta, derivada de um tecido altamente diferenciado e com limitada capacidade de 
proliferação, pode seguir um programa de diferenciação totalmente diverso, se colocada 
em um ambiente adequado. 
Ainda em 1999 outros estudos mostraram que células-tronco adultas de medula 
óssea humana podem ser induzidas a se diferenciar, in vitro, em outras linhagens como 
condrocítica (cartilagem), osteocítica (osso) e adipogênica (gordura). Esses são apenas 
 
 
 
 
 
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alguns dos muitos trabalhos feitos com células-tronco e que contribuíram muito para o 
que hoje é conhecido. 
 
16. Diferenciação celular 
 
A diferenciação celular é o processo pelo qual todas as células vivas se 
“especializam” com o intuito de realizar determinada função. Estas células diferenciadas 
podem atuar de forma isolada, como é o caso dos gametas (espermatozoides e óvulos), 
ou podem agrupar-se e formarem tecidos distintos, como o tecido ósseo e o muscular. 
Apesar de diferenciadas, as células mantêm o mesmo código genético da primeira célula 
(zigoto), sendo que a diferença está na ativação e inibição de grupos específicos de 
genes que determinarão a função de cada célula. 
Esta especialização das células leva não somente a alterações da função, mas 
também da estrutura dessas células. O agrupamento de células foi ocorrendo ao longo da 
evolução dos organismos. Os metazoários agruparam diversos tecidos para formar 
órgãos diferenciados como o estômago, os órgãos sexuais, etc. E estes órgãos, por sua 
vez, podem estar agrupados em aparelhos ou sistemas que em conjunto realizam uma 
determinada função vital, como é o caso do aparelho ou sistema digestivo. 
Mas o processo inverso também pode ocorrer e células já especializadas, por 
algum motivo, podem perder a sua função, assumindo um estado de crescimento 
exagerado. Esse processo é denominado desdiferenciação e é o que ocasiona o 
surgimento de neoplasias. 
 
16.1 Controle da diferenciação celular 
 
Já sabemos que as informações necessárias para o desenvolvimento de um 
indivíduo e/ou a especialização de suas células estão contidas em seu genoma. Assim, 
um mesmo indivíduo deve ter diferentes tipos de células especializadas, sendo que cada 
célula contém o mesmo genoma e se diferem devido à expressão diferenciada de seus 
genes. 
 
 
 
 
 
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Foi mostrado anteriormente que um gene possui regiões de íntrons e éxons. Na 
montagem do mRNA (RNA mensageiro) os éxons expressam determinadas proteínas e 
esse processo de montagem do mRNA é denominado de splicing. Mas podemos ter 
organismos que apresentam splicing alternativo, ou seja, possuem os mesmos éxons, 
porém a ordem de montagem desses éxons no mRNA pode ser alterada. Assim, um 
mesmo genoma pode expressar muitos genes diferentes. Na figura a seguir (Fig. 57) 
temos um esquema de um splicing e um splicing alternativo, mostrando como duas 
proteínas distintas podem ser formadas a partir de um mesmo gene, sendo que esses 
genes expressam produtos diferentes. 
A maioria dos genes que controlam a diferenciação celular é bastante conservada 
evolutivamente e a grande maioria deles foi descoberta através de estudos com 
Drosophila (mosca das frutas). É interessante observar que quase todos os genes que 
controlam o desenvolvimento na mosca de frutas possuem um gene equivalente em 
mamíferos (camundongo ou humanos). Tanto que experimentos de biologia molecular 
que promovem a troca de um desses genes de Drosophila com o de camundongo ou 
humanos não acarretam prejuízos no desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 57: Esquema do splicing e splicing alternativo. 
 
Proteína A Proteína B 
Splicing alternativo
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Além disso, há um grande número de moléculas que sinalizam atuando no 
embrião e contribuem para a formação dos padrões do corpo do animal adulto. Essas 
moléculas recebem o nome de morfógenos. 
 
17. Tecidos 
 
Do ponto de vista biológico os tecidos correspondem a um conjunto de células 
integradas, que apresentam uma mesma função. Os quatro tipos básicos de tecidos que 
constituem nosso organismo são: muscular, nervoso, epitelial e conjuntivo. A seguir 
veremos mais detalhadamente cada um desses tipos de tecidos, bem como os tipos 
celulares que os constituem. 
 
17.1 Tecido Epitelial 
 
O tecido epitelial é um dos quatro tipos de tecidos básicos no nosso organismo. A 
principal função do tecido epitelial é de revestimento e proteção da superfície do corpo, 
além da absorção de substâncias, como ocorre no epitélio do intestino e das vias 
respiratórias. Ele reveste o corpo humano e todas as suas cavidades. 
Ele é composto quase que exclusivamente por células poliédricas justapostas, ou 
seja, muito unidas, com pouca ou até nenhuma substância intercelular entre elas. Essas 
células estão firmemente aderidas umas às outras através de junções intercelulares ou 
por meio de proteínas integrais da membrana (caderinas, que perdem a sua adesividade 
na ausência de cálcio). 
O epitélio é avascular, ou seja, não apresenta vasos sanguíneos, sendo a 
nutrição de suas células feita a partir do tecido conjuntivo adjacente, por difusão. Ele é 
classificado conforme o formato das células e o número de camadas celulares. Quanto ao 
número de camadas celulares, pode ser classificado em: 
- Simples: apresenta somente uma camada de células; 
- Estratificado: apresenta duas ou mais camadas de células, sendo uma delas a 
camada basal, apoiada na lâmina basal; 
 
 
 
 
 
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- Pseudoestratificado: apresenta os núcleos das células que o compõe em 
diferentes alturas, o que tem um aspecto de ser estratificado, porém todas as células 
desses epitélios repousam sobre a lâmina basal, sendo, portanto, um epitélio simples. 
Esse tipo de epitélio está presente na traqueia e epidídimo. 
Abaixo, na figura 58, temos uma representação dos três tipos de epitélios quanto 
ao número de camadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 58: Representação esquemática dos três tipos de epitélio quanto à quantidade de camadas 
celulares que apresentam. 
Em relação ao formato das células, elas são classificadas em: 
- Pavimentosas ou escamosas: as células são achatadas como escamas; 
- Cúbicas: quando as células têm forma de cubos; 
- Prismático cilíndrico ou colunar: células são alongadas em forma de colunas. 
Na figura 59 podemos visualizar cada um dos tipos de formato celular presente no 
tecido epitelial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 59: Representação dos diferentes tipos de epitélios mostrando os tipos de células presentes quanto 
às formas apresentadas e também quanto à camada de células. 
 
 
 
 
 
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Temos o epitélio denominado de Epitélio de Transição
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 60 – Representação esquemática do epitélio de transição. Observe que há células cúbicas na porção 
inferior e células mais achatadas na porção superior. 
 
 
É importante lembrar que no tecido epitelial há células denominadas de 
melanócitos, que são responsáveis pela produção de melanina, o pigmento que dá cor à 
pele, além de filtrar os raios UV (ultravioletas) provenientes da radiação solar. Na traqueia 
temos células que possuem os cílios, que têm a função de “varrer” o muco produzido 
pelas células. Esse conjunto de cílios e muco, além da própria barreira física do epitélio, é 
fundamental para a proteção das vias respiratórias. 
Temos também dois tipos de epitélio, conforme as funções que realizam no nosso 
corpo. Eles são: epitélio de revestimento e epitélio glandular ou de secreção. O 
, que apresenta células que 
mudam sua forma. Ex.: células da bexiga urinária têm forma cúbica, mas tornam-se 
achatadas quando submetidas ao estiramento causado pela dilatação do órgão, devido ao 
acúmulo da urina. Na figura 60 temos uma representação do epitélio de transição. 
tecido 
epitelial de revestimento
Como função do epitélio de revestimento podemos citar principalmente a pele, 
que é o órgão do tipo pavimentoso estratificado queratinizado, que impede a ação de 
 possui características relacionadas com suas funções. As células 
estão muito ligadas por meio das junções, há escassez de material intercelular (matriz 
extracelular) e há o que chamamos de polaridade celular (presença de um polo apical que 
fica voltado para a luz do órgão e polo basal que fica em contato direto com a membrana 
basal). 
 
 
 
 
 
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micro-organismos patogênicos conferindo proteção; evita também o ressecamento do 
organismo e ameniza a ação de choques mecânicos. Está presente nos órgãos e é ele 
que recobre todas as cavidades. 
Esse tipo de tecido apresenta certas especializações celulares, como os: 
- Microvilos: são prolongamentos que aumentam a superfície. Estão presentes 
nos intestinos e túbulos renais; 
- Cílios: prolongamentos celulares móveis que batem em ritmo ondular e 
sincrônicos. Presente na traqueia e tubas uterinas; 
- Estereocílios: prolongamentos extremamente longos e imóveis que podem ser 
vistos em microscopia óptica. Estão presentes no canal deferente, epidídimo e células 
pilosas do ouvido. 
Apenas para conhecimento, o epitélio que recobre a parede do vaso sanguíneo é 
denominado de endotélio. Esses tipos de células com especializações que estão 
presentes no epitélio de revestimento podem ser visualizadas na figura 61. 
O tecido epitelial glandular é formado por um conjunto de células especializadas 
que têm a função de produzir e liberar secreções. As moléculas que são secretadas são 
armazenadas nas células em pequenas vesículas envolvidas por uma membrana, 
chamadas de grânulos de secreção. As células epiteliais glandulares podem sintetizar, 
armazenar e secretar substâncias; no caso do pâncreas essas substâncias são as 
proteínas, no caso das glândulas sebáceas, os lipídios. Já as glândulas mamárias 
secretam todos os três tipos de substâncias (carboidratos, lipídios e proteínas). 
O termo glândula é normalmente usado para designar agregados maiores e mais 
complexos de células epiteliais glandulares. As glândulas são sempre formadas a partir 
de epitélios de revestimento, cujas células proliferam e invadem o tecido conjuntivo 
subjacente, após o que sofrem diferenciação adicional. Quanto ao local de secreção elas 
podem ser: 
- Exócrinas: mantêm sua conexão com o epitélio do qual se originaram. Esta 
conexão toma a forma de ductos formados por células epiteliais através dos quais as 
secreções são eliminadas, chegando à superfície do corpo ou uma cavidade. Este tipo de 
glândula tem uma porção secretora, constituída pelas células responsáveis pelo processo 
secretório, e ductos que transportam a secreção eliminada das células. 
 
 
 
 
 
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- Endócrinas: não há conexão com o epitélio e, portanto, não têm ductos; suas 
secreções são lançadas no sangue e transportadas para o seu local de ação, pela 
circulação. Na figura 62 há uma representação do epitélio glandular. 
 
 
Figura 61 - Representação de células que apresentam as especializações (A) microvilos, (B) cílios da 
traqueia e (C) estereocílios observados no epididimo, que fazem parte do epitélio de revestimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 62 - Representação do epitélio glandular mostrando como é o formato desse tipo de tecido. 
 
 
 
 
 
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17.2 Tecido Muscular 
 
Esse tipo de tecido é constituído por células alongadas, altamente especializadas 
e com capacidade contrátil, denominadas de fibras musculares. Essa capacidade de 
contração das fibras é responsável pelos movimentos dos membros, das vísceras, entre 
outras estruturas. Há alguns tipos de tecido muscular. São eles: 
- Tecido muscular liso: formado por fibras fusiformes, que possuem apenas um 
núcleo alongado e central. Essas fibras apresentam contração lenta e involuntária e 
aparecem no tubo digestivo (esôfago, estômago e intestino) e vasos sanguíneos; 
- Tecido muscular estriado esquelético: são fibras cilíndricas, com centenas de 
núcleos localizados na periferia da célula, que organizam os músculos esqueléticos e se 
ligam ao esqueleto pelos tendões. A contração desse tipo de tecido é rápida e voluntária, 
como acontece com o bíceps e o tríceps e o músculo do braço; 
- Tecido muscular estriado cardíaco: como o nome diz, está presente no coração 
(miocárdio) e apresenta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 63: Representação dos tipos de fibras musculares presentes em diferentes estruturas e regiões do 
corpo, compondo diferentes tecidos musculares. 
contração rápida e involuntária e possui um ou dois núcleos 
centrais. Entre uma fibra e outra existem discos intercalares, membranas que promovem 
a separação entre as células. 
 Abaixo temos uma figura (Fig. 63) mostrando os três tipos de fibras musculares e 
suas diferenças. 
 
 
 
 
 
 
 
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17.3 Tecido conjuntivo 
 
Diferentemente do tecido epitelial, esse tipo de tecido apresenta alta quantidade 
de substância intercelular e as células que o constituem possuem formas e funções 
bastante variadas. Trata-se, portanto, de um tecido com diversas especializações. 
Essa substância intercelular, ou matriz, preenche os espaços entre as células e é 
formada por uma substância amorfa e por fibras. Essa substância amorfa é constituída 
principalmente por água, polissacarídeos e proteínas. Já as fibras são proteínas que 
podem ser de vários tipos, como fibras colágenas, de alta resistência à tração, elásticas, e 
reticulares, que são semelhantes ao colágeno. 
Podem-se classificar os tecidos conjuntivos da seguinte maneira: 
- Tecido conjuntivo propriamente dito (TCPD): corresponde ao tecido conjuntivo 
frouxo e ao tecido conjuntivo denso. O tecido conjuntivo frouxo possui mais substância 
intercelular e amorfa, sendo pobres em fibras, que se encontram frouxamente 
distribuídas. Já o tecido conjuntivo denso é pobre em substância intercelular e amorfa, 
porém rico em fibras. Principalmente colágenas, a célula mais frequente nesse tecido é o 
fibroblasto; 
- Tecido conjuntivo hematopoiético: tem a função de produzir as células típicas do 
sangue e da linfa. Existem duas variações: tecido hematopoiético mieloide e linfoide. O 
mieloide está na medula óssea vermelha e produz glóbulos vermelhos, certos tipos de 
glóbulos brancos e plaquetas. Já o linfoide encontra-se de forma isolada em estruturas 
como os linfonodos, o baço, o timo e as amígdalas e tem o papel de produzir certos tipos 
de glóbulos brancos (monócitos e linfócitos). 
- Tecido conjuntivo adiposo: possui muitas células que armazenam lipídios; sua 
principal função é de reservatório energético e de isolante térmico, promovendo a defesa 
do organismo contra perdas excessivas de calor; 
- Tecido conjuntivo cartilaginoso:
- 
 formado por células denominadas condroblastos 
e condrócitos. É desprovido de vasos sanguíneos e de nervos; é nutrido pelo tecido 
conjuntivo denso, que o envolve, 
Tecido conjuntivo ósseo: é constituído de uma matriz rígida, formada por fibras 
colágenas e sais de cálcio e composto por vários tipos de células como osteoblastos, 
 
 
 
 
 
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osteócitos e osteoclastos. Na figura 64 há uma imagem do tecido adiposo e do tecido 
conjuntivo denso, que mostram as diferenças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 64 – Imagens de um fragmento do tecido adiposo (B) e do tecido conjuntivo denso (A). 
 
 
17.4 Tecido nervoso 
 
Esse tipo de tecido é responsável pela condução dos impulsos nervosos de 
maneira rápida e às vezes, por distâncias grandes, sendo sensível a vários tipos de 
estímulos que se originam de fora ou do interior do organismo. É um dos tecidos mais 
especializados do organismo animal. O sistema nervoso divide-se em: sistema nervoso 
central (SNC), formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e sistema nervoso periférico 
(SNP), formado pelos nervos e gânglios nervosos. 
 As células formadoras do tecido nervoso são os neurônios, que se constituem de 
um corpo celular e vários prolongamentos (Figura 65). O corpo celular do neurônio 
contém um núcleo grande e arredondado e as organelas comuns às células animais. Os 
prolongamentos do neurônio podem ser de dois tipos: dendritos, que são ramificações 
que têm a função de captar estímulos e o axônio que é o maior prolongamento da célula 
nervosa (varia de frações de milímetro até cerca de 1 metro). 
Fibra colágena 
A B 
 
 
 
 
 
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Figura 65: Representação esquemática de uma célula nervosa (neurônio). 
 
 
Em toda sua extensão o axônio é envolvido por células que se dispõem em torno 
de sua superfície, formando um envoltório espiralado que constitui a chamada bainha de 
Schwann. As células de Schwann determinam a formação de um invólucro membranoso, 
denominado bainha de mielina, que atua como isolante elétrico e contribui para o 
aumento da velocidade de propagação do impulso nervoso ao longo do axônio. 
Há também fibras nervosas que são formadas pelos prolongamentos dos 
neurônios (dendritos ou axônios) e seus envoltórios. As fibras nervosas organizam-se em 
feixes, sendo que vários feixes agrupados paralelamente formam um nervo. Os nervos 
não contêm os corpos celulares dos neurônios; esses corpos celulares localizam-se no 
sistema nervoso central. 
Quando partem do encéfalo, os nervos são chamados de cranianos; quando 
partem da medula espinhal denominam-se raquidianos. Os neurônios realizam sinapses, 
onde temos a conexão química estabelecida entre um neurônio e outro, ou entre um 
neurônio e uma fibra muscular, ou entre um neurônio e uma célula glandular. O espaço 
onde ocorrem as sinapses é denominado de espaço sináptico, no qual um neurônio 
transmite o impulso nervoso para outro, através da
ação de mediadores químicos ou 
neurotransmissores. 
Os neurotransmissores mais comuns são as acetilcolinas e a adrenalina. A 
acetilcolina é responsável por causar os seguintes efeitos no organismo humano: 
broncoconstrição, dilatação de esfíncteres no trato gastrointestinal, sudorese, aumento de 
salivação, entre outros. Já a adrenalina prepara o organismo para grandes esforços 
Corpo celular 
Axônio 
Dendritos Núcleo 
 
 
 
 
 
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físicos, estimula o coração, eleva a pressão arterial, relaxa certos músculos e contrai 
outros. 
 
 
 
 
17.4.1 Atuação dos neurotransmissores 
 
Os neurotransmissores estão contidos em vesículas presentes nas extremidades 
do axônio. Quando o impulso nervoso chega ao axônio, essas vesículas liberam o 
neurotransmissor para o espaço sináptico. Esse neurotransmissor se liga aos receptores 
moleculares presentes no neurônio que deverá ser estimulado (ou na fibra muscular ou na 
célula glandular) e essa combinação leva à mudança na permeabilidade da membrana da 
célula receptora, o que desencadeia uma entrada de íons no interior da célula e a 
consequente inversão da polaridade da membrana. Surge um potencial de ação que gera, 
na célula receptora, um impulso nervoso. 
Como os neurotransmissores que transmitem o impulso nervoso estão localizados 
nas extremidades dos axônios, conclui-se que o sentido de propagação do impulso ao 
longo do neurônio é unidirecional e tem o seguinte trajeto: 
Na figura abaixo (Fig. 66), há um modelo de como ocorre essa transmissão de 
impulsos nervosos de um neurônio para outro. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 66: Representação da atuação dos neurotransmissores na passagem do impulso de uma célula para 
outra. Em (A) temos a propagação de impulsos entre dois neurônios e em (B) a liberação de 
neurotransmissores com a chegada do impulso. 
Dendritos Corpo celular Axônio 
A B 
 
 
 
 
 
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Observe na imagem acima que há a propagação dos impulsos nervosos entre 
dois neurônios no sentido unidirecional. Além disso, note que com a chegada do impulso 
nervoso surge um potencial de ação que promove a liberação dos neurotransmissores 
que estavam dentro de vesículas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-------------------FIM DO MÓDULO IV--------------------- 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ALBERTS, B., BRAY, D., LEWIS, J., et al. Biologia Molecular da Célula. 3. ed. [S. I.]: 
Artes Médicas, 1997. 1294 p. 
 
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2005. 332 p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-----------------FIM DO CURSO!------------------ 
	Curso de
	BIOLOGIA CELULAR
	MÓDULO IV
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