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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Profª Rafaella Zulianello dos Santos. “Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro.” Heródoto 2600 aC. Conhecer a história de nossa profissão é crucial, e nos remete a importância do saber, nos faz apoiar na postura do grande historiador, filósofo e sociólogo, Sócrates (469 a 399 a.c), que pregava a ética do conhecimento. 1. DEFINIÇÕES • HISTÓRIA: relatos de acontecimentos, podendo ser imaginário e/ou real. • EDUCAÇÃO: ato de aprendizagem de algo por meio de... Educar por meio de... • FÍSICA: em relação ao físico. Estudo do corpo em toda a sua dimensão. Mas, o que é ATIVIDADE FÍSICA? É todo o movimento corporal voluntário humano, que resulte, num gasto energético acima dos níveis de repouso. No âmbito da Intervenção do Profissional de Educação Física, compreende a totalidade de movimentos corporais, executados através de Exercícios Físicos no contexto de diversas práticas, como: Ginástica, Lutas, Capoeira, Artes Marciais, Ioga e etc. E o que é EXERCÍCIO FÍSICO? Sequência sistematizada de movimentos de diferentes segmentos corporais, executados de forma planejada, segundo um determinado objetivo a atingir inclusive para o Esporte. Uma das formas de atividade física planejada, estruturada, repetitiva, que objetiva o desenvolvimento da aptidão física, do condicionamento físico, de habilidades motoras ou reabilitação orgânico- funcional, definida de acordo com diagnóstico de necessidades ou carências específicas de seus praticantes, em contextos sociais diferenciados. Então, o que é ESPORTE ou DESPORTO? Atividade competitiva, institucionalizada, realizada conforme técnicas, habilidades e objetivos definidos pelas modalidades desportivas, determinada por regras pré-estabelecidas que lhe dá forma, significado e identidade, podendo também, ser praticado com liberdade e finalidade lúdica estabelecida por seus praticantes, realizado em ambiente diferenciado, inclusive na natureza (jogos: da natureza, radicais, de orientação, de aventuras e outros). A Atividade Esportiva aplica-se ainda, na promoção da saúde e em âmbito Educacional de acordo com diagnóstico e/ou conhecimento especializado, em complementação a interesses voluntários e/ou organização comunitária de indivíduos e grupos não especializados. Portanto, o que é EDUCAÇÃO FÍSICA? • O conjunto das atividades físicas e desportivas; • A profissão constituída pelo conjunto dos graduados e demais habilitados no Sistema CONFEF/CREF, que ministram atividades físicas e/ou desportivas; • O comportamento curricular obrigatório em todos os níveis e modalidades do ensino básico; • Área de estudo e/ou disciplina no ensino superior; • O corpo de conhecimento, entendido como o conjunto de conceitos, teorias e procedimentos empregados para elucidar problemas teóricos e práticos, relacionados à esfera profissional e ao empreendimento científico, na área específica das atividades físicas, desportivas e similares. 2 . Origens da Educação Física A cultura física é parte integrante da cultura geral. É componente essencial de uma civilização, de um povo, e sempre tem mantido uma função determinante na evolução humana. Logo é necessário basear nosso questionamento sobre a análise específica da educação física nos períodos históricos básicos: primitivo, oriental, grego, romano, medieval, renascimento e século XIX e atualidade. Período primitivo/ pré-histórico: Todas as atividades humanas no período que se convencionou como pré-histórico dependiam de movimento, ato físico. Ao analisar a cultura primitiva em qualquer uma de suas dimensões (social, cultural, econômica, religiosa), vemos logo a importância das atividades físicas. A origem da prática esportiva mediante a qual se procura acrescentar a força e agilidade do corpo, confunde-se com as mesmas origens da história da humanidade. Condenado a uma situação de nomadismo e seminomadismo na maior parte de sua existência, o homem primitivo dependia de suas valências físicas para sobreviver. Suas constantes migrações em busca de moradia, alimento e segurança faziam com que realizassem longas caminhadas, sentiam necessidade de: • LUTAR; • CONQUISTAR; • FUGIR; • CAÇAR PARA SOBREVIVÊNCIA. Assim executa os seus movimentos corporais mais básicos e naturais desde que se colocou de pé: CORRER – SALTAR – ARREMESSAR – TREPAR – EMPURRAR – PUXAR – NADAR Sua supremacia no reino animal se deveu ao domínio de um gesto que lhe era próprio: foi capaz de atirar objetos. Provavelmente por ser o único que possuía polegar desenvolveu a preensão por oposição daquele dedo aos demais. O aspecto econômico na se fez exceção na prática dos exercícios físicos visto que a caça e a pesca eram a base dessa economia. Posteriormente iniciaram um processo de sedentarização quando desenvolveram técnicas rudimentares de agricultura e domesticação de animais. Em qualquer destes momentos foi necessário o aprimoramento das habilidades físicas para otimização dos gestos e construção de ferramentas que possibilitassem maior sucesso nas práticas de sobrevivência. A partir do instante que o homem se sedentarizou, podemos registrar a luta pela posse de terras. Como a fixação do homem ao solo não se deu ao mesmo tempo em todos os lugares, os primeiros combates marcaram a vitória dos grupos nômades que possuíam maior vigor física devido a sua atividade física intensa. Porém é necessário distinguir o treinamento empírico e instigado pelo instinto de sobrevivência dos homens primitivos daquele sistemático praticado pelos povos mais evoluídos. A Educação Física é fruto de autoconsciência, logo, o período primitivo poderia ser descrito como um antecessor da Educação física. Ou seja, inicialmente a Educação Física era entendida como um conceito primitivo de jogo com muitas de suas bases na religiosidade. O jogo revela uma estrutura racional ainda que indiretamente na predisposição do corpo de assumir particulares posições a fim de atingir determinados objetivos. Nas suas diversas formas o jogo é um primeiro passo em direção a harmonia dos movimentos, encontrando sua origem na religiosidade. (brilhantismo coreográfico dos ritos). Outra atividade de grande difusão era a caça: expressa através de pinturas rupestres. TAUROCATHAPSIA: jogo muito em voga junto aos cretenses que exaltavam um antigo rito de caça a um touro, animal sagrado para diversos povos do mediterrâneo. As danças do sol dos Astecas tinham um conhecidíssimo simbolismo sagrado e religioso, onde as danças terminavam com o sacrifício de uma vítima em honra ao deus sol, o qual para renascer todos os dias necessitava de sangue, da mesma cor de seus últimos raios do dia. América do norte: Suas atividades motoras eram destinadas a motivos essencialmente práticos, de sobrevivência, bélicos, sem relevância ao lúdico. Astecas, Maias e Incas: as primeiras instalações humanas nas Américas verificaram-se nas regiões centrais, onde o ambiente e as condições de vida determinavam atividades motoras ligadas à defesa e ao ataque, como a caça e a pesca. Em seguida a utilização do cavalo como animal doméstico favoreceu a equitação. As características destas civilizações permanecem ligadas a fins religiosos de extrema crueldade. Usava-se após cada manifestação gímnica ou lúdica, sacrifícios humanos aos deuses. Essas “guerras” não tinham como finalidade a defesa das cidades, mas eram verdadeiras caças ao homem, na procura de prisioneiros para serem sacrificados aos deuses. Estes ritos eram acompanhadosde instrumentos musicais (como a percussão) e danças propiciatórias ou de agradecimento. A atividade motora, mesmo que de forma obsessiva e cruel teve grande desenvolvimento. O jogo de bola que se praticava no Tlachtli, um campo murado (mais ou menos 50 pés) em voga por volta de 500 – 600 a.C, que utilizava bola de borracha maciça com mais ou menos 3, 5 Kg. Esporte chamado Ollama, com regras semelhantes ao atual futebol, tinha uma linha central de onde se iniciava o jogo e em cada extremidade do campo um buraco por onde era possível passar a bola. Os melhores jogadores jogavam junto ao soberano e contra uma equipe composta por ilustres personagens. Ganhavam ouro, campos de trigo, casas, etc. A bola simbolizava o sol durante a corrida através do céu e o jogo tinha como objetivo influenciar o sol sobre sua necessidade da luz do dia. Eram comuns também competições de tiro com arco, competições de canoas, e outros jogos com bola semelhantes ao rugby e hochey (1000 a. C) de onde vem a origem da palavra pelota. À medida que o homem entra num espaço definitivo de sedentarização, seu tempo ocioso aumenta, levando ao surgimento de uma concepção “esportiva”, para atividades que até então eram praticadas por razões apenas utilitárias guerreiras ou ritualísticas. Cada vez mais os jogos implicavam em criar uma ordem social e moral: a sociabilidade inerente às atividades lúdicas levava ao aparecimento de uma hierarquia de valores onde tanto os vencedores quanto os perdedores deveriam aceitar os resultados com “esportividade”. 3.História da educação física no mundo 3.1 Antiguidade Oriental Mesmo que ainda com características de povos primitivos, algumas civilizações surgidas há mais de 6 000 anos, obtiveram uma evolução cultural suficiente para que se considerasse iniciado um novo período da história. Nesse contexto os exercícios e atividades físicas continuam merecendo o mesmo destaque alcançado na pré-história. Não é dessa época a origem de uma Educação Física científica, mas já é possível uma análise mais apurada das atividades físicas desse novo mundo, agora civilizado, com seus feitos agora registrados através da escrita. CHINA: Tiveram uma evolução política, cultural e social notável, conhecendo os exercícios físicos desde os tempos mais remotos. Certo imperador guerreiro, HOANG TI, pensando no progresso do seu povo pregava os exercícios físicos com finalidades higiênicas e terapêuticas, além do caráter guerreiro. Os chineses foram os primeiros a racionalizar o exercício físico, dando a ele um forte caráter médico. Há registros que a cultura antiga da China era monopólio das classes sociais superiores, e a cultura física merecia destaque desde a infância. De fato as crianças eram criadas junto às famílias até os seis anos e da condição social destas dependia sua educação. Dos seis aos 14 anos as crianças freqüentavam as escolas onde eram passados os conhecimentos que deviam lhe servir para a vida, entre elas a educação física sob a forma de exercícios preventivo-terapeuticos, aliados a inconscientes tabus de purificação. A partir dos 15 anos os jovens rapazes praticavam exercícios em uma espécie de ginásio rudimentar nos quais eram adestrados em vários exercícios como salto e corrida, com fins prioritariamente militares. Estes exercícios eram complementados por equitação (de onde surgiram os carros de guerra que durante anos deram aos chineses superioridade em relação aos outros povos), danças militares e evoluções de ordem unida. Quanto às mulheres a dança e a equitação eram os exercícios mais comuns. Tais aspectos acabaram dando aos chineses certo exibicionismo pessoal que tendia a valorização do corpo físico. Criaram provavelmente o mais antigo sistema de ginástica terapêutica de que se tem notícia: o Kong- Fou (a arte do homem), surgido por volta de 2700 a.C, e praticado pela seita Tao-Tsé, onde a pessoa realizava exercícios nas mais diversas posições obedecendo a certos critérios sobre a respiração, tudo de acordo com a doença a ser tratada. Há de se ressaltar ainda o aspecto religioso desta prática que, além de curar enfermidades do corpo, servia para torná-lo um “leal servidor da alma”. A busca pela imortalidade da alma através do Taoísmo sugeria que as doenças eram originárias do enfraquecimento do corpo e esses esmorecimentos deveriam ser eliminados mediante decididos e regulares exercícios destinados ao fortalecimento das vias respiratórias, claro quando esta doença ainda não estivesse avançada. Na China também foi praticado alguns jogos como o Go (semelhante ao xadrez), jogado sobre um tabuleiro com 319 peças. Outro grande divertimento da China feudal foi a caça principalmente de aves como falcões. JAPÃO: A Educação física no Japão baseou-se quase que exclusivamente em rituais mágico-sacrais, fundando suas raízes em conceitos tribais de contaminação e purificação. Os japoneses não tratavam dos doentes como os chineses e ainda, quando seus entes enfermos faleciam, eram abandonados em suas cabanas e quem ali habitava mudava-se para outro lugar. Do ponto de vista militar a Educação Física no Japão era cultivada sobretudo pelos Samurais (homens das armas) que no período feudal não constituíam milícias, eram vassalos dos senhores pelos quais dariam até a própria vida. Os Samurais constituíam uma casta privilegiada que estabeleceu uma série de ideais, normas e princípios morais que com o nome de Bushido, constituiu a vida e modo de ser de cada um deles. Com a chegada de uma nova religião, o budismo (século VI a.C), os rituais mágicos e sacros foram transformados. A nova religião influenciou também a língua, as artes, a cultura física, a arte das flores e dos jardins, as técnicas respiratórias e a casta militar muito bem organizada social e politicamente. As principais artes marciais eram o Karatê, Judô e Sumô. Tanto o Karatê quanto o Judô miravam o desenvolvimento corporal e espiritual, a autodisciplina e a autodefesa. O Sumô é a forma de luta japonesa mais antiga, ainda hoje muito popular. Dava-se grande importância ao peso dos lutadores os quais, embora submetidos a um regime de super-alimentação, conseguiam manter uma notável agilidade de movimentos. Os dois atletas enfrentavam-se sobre um estrado circular onde eram jogados água e sal, com caráter espiritual. ÍNDIA: Eram práticas comuns a luta, o pugilato, a equitação, a esgrima, a caça e a natação. Eram voltados a contemplação e tinham como metas se não a dominação do universo, a obtenção da perfeição. Para tanto era necessária grande concentração mental (ensinada pelos professores particulares chamados “gurus”) A Índia é reconhecida como a nação que atingiu o maior grau de elevação espiritual de toda humanidade No século VI a. C surgiram duas grandes escolas filosófico-religiosas: a Sankya e a Yoga. Entre as práticas hindus temos que destacar a yoga como sua manifestação suprema. A parte desse sistema que trata do corpo físico chama-se hatha-yoga e é fundamentalmente uma ginástica de posições corporais com a utilização de respiração adequada. A yoga é uma doutrina que busca além da purificação do corpo facilitar a identificação do homem com sua essência divina através da meditação. Tratava da submissão total do corpo ao espírito. Na Índia era muito popular também o jogo em geral como, por exemplo, o jogo de dados praticado em todas as classes sociais. No setor militar a ginástica consistia basicamente no tiro ao arco e em guiar carros de guerra já muito aperfeiçoados. A beleza física era considerada de grande importância, onde podemos recordar a representaçãoatlética e a beleza do deus Indra. A Educação Física atinge o máximo de seu valor com o Advento do Budismo, que considera a vida que se desenrola no movimento e no tempo sem circundar-se pela indiferença. Desta maneira o corpo não deveria ser mortificado, mas sim ser satisfeito harmoniosamente. No começo do primeiro milênio, os exercícios físicos eram tidos como uma doutrina por causa das “LEIS DE MANU” uma espécie de código civil, político, social e religioso. Eram indispensáveis às necessidades militares além do caráter fisiológico. Buda atribuía aos exercícios o caminho da energia física, pureza dos sentimentos, bondade e conhecimento das ciências para a suprema felicidade do Nirvana (no budismo, estado de ausência total de sofrimento). 3.2 ORIENTE MÉDIO EGITO: É o mais progredido e bem documentado povo do oriente médio. Os seus maciços monumentos e abundância de material arqueológico colaboraram para a conservação de sua personalidade histórica. Desde as origens no Egito a cultura física teve grande importância, em particular o esporte em geral foi parte primordial da educação. Quanto aos motivos religiosos dava-se extraordinária importância ao físico mesmo após a morte, tencionava-se assegurar ao corpo uma longa duração, donde daí o embalsamento do cadáver. Daqui também a concepção de tumbas não como custódia do morto, mas como lugar no qual perdurava uma forma de vida, onde deveriam ser mantidos os mesmos hábitos. Em ocasião das mais importantes manifestações religiosas eram realizadas inúmeras exercitações físicas, dentre as quais a antiqüíssima luta com bastões. Ainda entre os exercícios físicos há de se levar em consideração a dança, expressa de diferentes maneiras: dança lenta, ritimada, vivaz, acrobática e erótica. Os egípcios tiveram uma Educação Física eminentemente esportiva, sendo a caça um dos mais apreciados esportes. Aqui a caça constitui-se de em agredir uma fera (em geral leões) antes que ela te agredisse matá-la antes que ela te mate. Chegou a ser praticada por alguns faraós e era considerado um esporte heróico. Ainda a luta com o arco e a flecha e com o boomerang eram muito conhecidas. Ainda a corrida, desde a veloz até a de fundo, era muito apreciada. A luta como expressão puramente esportiva, também era muito difundida Na tumba de um importante faraó de cerca de 2500 a.C foram encontrados dezenas de desenhos de lutadores, nas mais variadas posições de luta, também numa expressão puramente esportiva. No país do grande rio (Nilo), a pesca e o remo eram muito comuns também entre as mulheres. Ainda quanto às garotas, na primeira juventude lhes era reservada a recreação e as exercitações gímnicas-rítmicas. Aquelas que apresentavam qualidades físicas e se mostravam dinâmicas eram educadas e preparadas para serem dançarinas de exaustivas e longas apresentações particulares em números de agilidade e acrobacia (o que corresponde à atual ginástica de solo). Outro esporte característico era o levantamento de peso. Cada egipsiano, em seus momentos de folga livremente aderia em ritual ao levantamento de peso, como as pirâmides. Apaixonados por velocidade o povo do Egito conheceu por volta de 1500 a. C a equitação e o hipismo. A ginástica egípcia já valorizava o que se conhece hoje como qualidades físicas tais como: equilíbrio, força, flexibilidade e resistência. Já usavam rudimentos de materiais de apoio tais como tronco de árvores, pesos e lanças. Palestina e o mundo Hebraico: A educação corporal se manteve sempre conexa às concepções religiosas. Sempre estiveram ligados a profilaxia, prevenção de doenças. Em ocasião de festas, especialmente as agrícolas, realizavam jogos, lutas, o manuseio de armas e danças rituais. Persas e Mundo Hebreu: Tiveram uma atenção especial à Educação Física e miravam o desenvolvimento harmonioso do corpo,mesmo independente dos objetivos da guerra. Muito dessa educação se deve aos mestres que davam às crianças uma educação por vezes espartana. As crianças até os cinco anos eram criadas pela mãe, dos cinco aos sete anos eram confiados ao pai, depois iam para a escola onde aprendiam noções de religião, legislação e medicina. Em seguida os jovens das classes aristocráticas continuavam aprofundando-se culturalmente dos 20 aos 24 anos, quando se destinavam a classe dirigente. Aos outros de castas mais modestas era ensinado, sobretudo a cavalgar e o uso do arco. Entretanto todos, indistintamente, recebiam uma escrupulosa preparação de cultura física destinada a fins militares. A preparação consistia de corridas de longas distâncias, exercícios de equitação, longas marchas em qualquer tipo de clima, transposição de rios, etc. Muito praticada era a caça em geral e, em particular a caça ao leão da qual participava também o rei. Muito em auge também estavam os jogos como de dados. Era importante também a dança acompanhada por harpa, flauta e tambor. É curioso também lembrar que a pérsia teve os primeiros espertos da arte cosmética, os assim chamados Kosmetái. Educação Física no Mediterrâneo Os Cretenses: Creta foi uma antiqüíssima, protegida e brilhante civilização que antecipa o mundo grego clássico. Inicia-se o conceito de Herói e a conseqüente criação do mito: relação entre o herói e a cultura física. Ou seja, quem sobrepujava-se nos jogos e nas competições atléticas tornava-se herói, como por exemplo os atletas que praticavam a taurocathapsia ( ao mesmo tempo um jogo e uma cerimônia religiosa), perigosos e espetaculares exercícios gímnicos sobre o dorso e a cabeça dos touros. Algumas pinturas confirmam a coragem e a preparação física dos toureiros. O touro, animal sagrado por excelência, merece destaque na cultura cretense desde 3000 a. C. Havia também uma espécie de combate praticado por jovens acrobatas e touros nas cerimônias mortuárias, religiosas e festivas. A influência de Creta sobre a civilização grega deve-se ao fato de que desde os tempos mais remotos era praticado na ilha as lutas, o pugilato ( já talvez dividido em pesos pesados, médios e leves). E atividades gímnico-culturais das quais os gregos aprecem ter herdado não somente a paixão, mas também alguns jogos que eram ali desenvolvidos. O culto físico era muito apreciado, não somente as corridas de fundo como também as de velocidade. Existia há muito tempo a função do PEDOTRIBA, uma espécie de treinador, muito solicitado nas ocasiões festivas e cerimônias fúnebres. Os cretenses faziam grande reverência às danças culturais, que tinham sempre um caráter mágico-sacro. Enfim há de se considerar que a cultura física praticada pelos cretenses foi também conseqüência ao valor que davam a higiene pública (cisternas para expiação de culpas ou purificação), privadas (instalações sanitárias em casas particulares) e o tratamento estético do físico, os homens usavam barbeadores e as mulheres cosméticos Etruscos: Foram grandes apaixonados pelas atividades atléticas, em geral os jogos gímnicos espetaculares e a dança. Influenciaram profundamente os costumes romanos, favorecendo o surgimento do culto do “circo” e dos jogos romanos. A hípica e suas variáveis (do trote ao galope), o pugilato junto aos duelos de gladiadores, constituem a realçante característica dos “ludos” ou jogos etruscos. A “Truria’ consistia em uma corrida de cavalo onde ao longo de uma pista em forma de labirinto haviam obstáculos As representações das tumbas que foram salvas de conquistadores nos mostram o alto grau de desenvolvimento técnico na área gímnico-esportiva. Além do espetáculo e do fato militar, os exercícios físicos eram utilizadoscomo remédio profilático-preventivo a serviço da medicina. Importantes competições esportivas e hípicas eram realizadas sempre na ocasião de uma cerimônia fúnebre para honrar o defunto no momento de sua sepultura. É importante observar que esses espetáculos podiam ser assistidos também por mulheres ao contrário da Grécia onde isso era expressamente proibido. Os estrucos eram ainda admiradores da caça, pesca, natação e mergulho. 3.3 OPERÍODO CLÁSSICO: A GRÉCIA Esse povo decididamente desenvolvido no campo econômico, sociológico e político encontrou no esporte uma necessidade que não podia ser desligada das demais manifestações. A religião politeísta tinha em Zeus o deus supremo, seguido por uma série de intermináveis deuses como Apolo, Vênus etc. Adoravam também os semideuses, isto é, heróis divinizados por suas gloriosas ações como Teseo, e Perseo. Foi na atmosfera de admiração aos deuses que surgiram os jogos. A educação grega unia a ginástica à música e era concebida como cultura espiritual. A civilização grega marca o início de um novo ciclo na História com o nascimento de um novo mundo civilizado, agora ocidental. É o descobrimento do valos humano, da sua individualidade e o início autêntico da história da Educação Física. A filosofia pedagógica que determinou os caminhos a serem percorridos pela educação grega tem o grande mérito de não divorciar a Educação Física da intelectual e da espiritual. Postulava, dessa forma, o mais significativo de todos os princípios humanistas, considerando que o homem é somente humano enquanto completo. Apesar de não ter o mesmo peso ao longo da história a educação física sempre pode ser considerada como elemento característico da escalada cultural do povo helênico, em qualquer de seus momentos. O primeiro desses momentos foi consignado pelos poemas de Homero (Ilíada e Odisséia). A educação dessa época (1200/800 a.C) embora não possuísse uma organização institucionalizada, presumia o ideal de sabedoria (representada por Ulisses) e ação (representada por Aquiles). A origem dos jogos gregos, entre eles os Olímpicos está situada neste período e materializada nos jogos fúnebres. Entre eles destacam-se os que foram mandados realizar por Aquiles em homenagem ao amigo Patroclo morto por Heitor. Estes jogos constaram de oito provas: corrida de carros, pugilato, luta, corrida a pé, combate armado, arremesso de bola de ferro, arco e flecha e arremesso de lança, mostrando o ecletismo a que estavam submetidos os atletas-heróis nesse período. A par dos exercícios que levassem a um bom desempenho atlético da aristocracia guerreira, grande privilegiada desta época, aprendiam também as artes musicais e a retórica. Em se tratando dos tempos heróicos, a educação era marcadamente guerreira. Tinha como traço essencial o mais alto grau cavalheiresco (aretê) e o desejo de ser sempre melhor (agonística) que vieram a caracterizar o povo grego. O momento que se segue ao homérico é o chamado histórico (800/500 a.C) com a formação das cidades estados. Dentre estas Esparta e Atenas representando o jogo de antagonismos ideológicos fadado a definir a evolução político-histórica da Grécia antiga. Esparta, a acidade mais desenvolvida, neste período, representa uma espécie de anti-humanismo grego. Os seus ideais totalitários levavam os seus cidadãos a um devotamento ao estado e a uma subordinação absoluta à vontade dos superiores. A educação espartana pode ser considerada uma extensão daquela existente no período homérico. Perpetuava a formação cavalheiresca, militar e aristocrática, com um sensível desprezo pelo aspecto cultural, este tomado no sentido mais amplo. O estado era essencialmente guerreiro, todos deviam ser soldados, alimentava uma política de eugenismo que outorgava a uma comissão de anciãos o direito de condenar os nascidos raquíticos e disformes. Suas mulheres eram formadas robustas enrijecidas e moral e emocionalmente, prontas para cumprir seu papel de reproduzir espécimes perfeitos em nome do melhoramento da raça. Nessa época surgem os grandes jogos gregos, dos quais participava toda comunidade helênica, principalmente os Olímpicos criados em 776 a.C. em homenagem a Zeus. Estes jogos eram festas populares e religiosas que envolviam além de competições atléticas, provas literárias e artísticas. Os gregos possuíam cidades que eram estados independentes. Somente três situações marcavam um espírito verdadeiramente nacional: a iminência de um perigo extremo, a religião e estas festas esportivas. Por ocasião da época da realização destas festas esportivas, tudo parava, inclusive os conflitos internos em nome da honra maior da participação esportiva. O estilo de educação adotado em Esparta levava seus atletas e vencer a maior parte das provas que participavam, pelo menos nos primeiros séculos de sua história. Assim, de 720 a 576 a.C, dos 81 vencedores olímpicos de que se tem notícia, 46 são espartanos. Na prova de corrida e velocidade dos 36 vencedores conhecidos, 21 tem a mesma origem. A história da Educação em Atenas nesse período é bastante significativa. Podemos constatar o lugar peculiar que a ginástica e o atletismo ocupavam, tal qual em Esparta. A educação ateniense não tinha porém, o caráter eminentemente militar que caracterizou a vida espartana. Os atenienses eram amantes da cultura, não tinham espírito guerreiro, por isso a prática esportiva em Atenas subsistirá como meio de formação do homem total, não se prestando apenas para a guerra. Sólon, legislador ateniense, no século VI a.C deu o seguinte conselho: “as crianças antes de tudo devem aprender a nadar e a ler”. O modelo ateniense vem servir como modelo para todo o mundo grego com exceção de Esparta. Seus locais para a prática esportiva,semelhantes aos de hoje serviam não apenas para a prática da educação física mas também para a formação intelectual do povo, salvo os escravos. Roma Herdeira direta dos gregos, porém a prática esportiva era prioritariamente utilitarista e o estimulo as realizações pessoais nãos e faz presente, dando lugar ao ideal de coletivo. Os jovens romanos tinham um ideal cívico e expansionista. “Doce e belo é morrer pela pátria”, cantou Horácio. Praticavam a equitação, corridas de velocidade e resistência, natação, pugilato, luta, arco e flecha e esgrima. Os atletas eram profissionais e a ginástica perdeu o sentido do belo prestando-se apenas a formar um protótipo de virilidade.
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