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Eduardo Tanaka Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, em Florianópolis. Foi de Chefe de Fiscalização da Delegacia da Receita Previdenciária em Campo Grande. Pós-Graduado em Direito Constitucio- nal. Professor de Direito Previdenciário, Direi- to Administrativo e Direito Constitucional em cursos preparatórios presenciais e teletransmiti- dos. Instrutor da Escola de Administração Fazen- dária do Ministério da Fazenda (ESAF). Diretor do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil – Sindifisco Nacional – Diretoria Executiva Nacional. Bacharel em Direi- to pela USP e UFMS e formado em Odontologia pela USP. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Seguridade Social Seguridade Social – origem e evolução legislativa no Brasil A proteção social no Brasil surgiu primeiramente com a iniciativa privada, cuja adesão era voluntária. Seguiu-se, então, com a intervenção crescente do Estado. No Brasil, uma das primeiras manifestações de Seguridade Social são as santas casas, em 1543, e o montepio para a guarda pessoal de D. João VI, em 1808. Montepio é uma instituição formada com o objetivo de prover a sub- sistência daqueles designados por seu filiado, mediante o pagamento de pensão, quando este vier a falecer. A primeira Constituição do Brasil, de 1824, preconizava a constituição dos socorros públicos. Em 1835 foi criado o Montepio Geral dos Servidores do Estado (Mongeral). Era de natureza privada e previa um sistema típico do mutualismo. Mutualismo é um sistema por meio do qual várias pessoas se associam e vão se cotizando para a cobertura de certos riscos, mediante a repartição dos encargos com todo o grupo. Lei Eloy Chaves (Decreto 4.682/23) – o marco da Previdência Social no Brasil Essa Lei criou as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) para os ferro- viários, em nível nacional. Previa aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária (equivalente à aposentadoria por tempo de contribuição), pensão por morte, medicamentos com preço especial e socorros médicos. Devido a todos esses benefícios concedidos, considerou-se essa Lei como sendo o marco da Previdência Social no Brasil. A partir daí foram surgindo outras caixas de aposentadoria e pensões, sempre por empresa. 9Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 10 Seguridade Social As CAPs eram de natureza privada, caráter voluntário e organizadas por empresas. No início foram criadas para os ferroviários. No entanto, poste- riormente outras categorias profissionais passaram a ser beneficiadas, como: os funcionários das empresas de serviços telegráficos e radiotelegráficos (Lei 5.485/28); os empregados nos serviços de força, luz e bondes (Decreto 19.497/30). Institutos de aposentadorias e pensões (IAPs) A formação dos IAPs deu-se no início do governo de Getúlio Vargas. As IAPs eram autarquias (portanto, de natureza estatal) organizadas por categorias profissionais, com atuação nacional. Eram subordinadas direta- mente à União, em especial ao Ministério do Trabalho; em seguida, o contro- le passou a ser do Estado. Temos como primeiro IAP o dos marítimos, seguidos pelos bancários, co- merciários, industriários, transportadores de carga, ferroviários e emprega- dos em serviço público. O IAPs foram originados de decretos e leis diferentes. Cada IAP operava de forma autônoma em relação aos outros. Na Constituição de 1934, a palavra “Previdência” é usada pela primeira vez, embora não adjetivada de “social”. Estabelece-se a tríplice forma de custeio, com a participação dos empregados, empregadores e União. A contribuição social torna-se obrigatória, e os funcionários públicos eram aposentados aos 68 anos compulsoriamente. A Constituição de 1937 é muito sintética em matéria previdenciária, não evoluiu em relação às anteriores. Ela emprega a expressão “seguro social”, em vez de Previdência. Na Constituição de 1946, a expressão “Previdência Social” é usada pela primeira vez, substituindo a expressão “seguro social”. Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) Com a criação de diferentes IAPs por diferentes legislações, administra- dos por diversas autarquias, houve a necessidade da uniformização da legis- lação e unificação administrativa. A partir de 1945, várias tentativas foram realizadas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Seguridade Social 11 Em 26 de agosto de 1960, houve a uniformização da legislação previden- ciária, pela Lei 3.807, chamada de Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS). E em 21 de novembro de 1966, por meio do Decreto-Lei 72, todos os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) foram fundidos em um só, formando-se o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que somente foi implanta- do em 2 de janeiro de 1967. Com essa unificação, o INPS constituía entidade da administração indire- ta da União, com personalidade jurídica de natureza autárquica e gozava, em toda sua plenitude, inclusive no que se refere a seus bens, serviços e ações, das regalias, privilégios e imunidades da União (conforme artigo 2.º do refe- rido Decreto-Lei). O INPS é considerado como a raiz do atual INSS. Com a Lei 6.439/77, cria-se o Sistema Nacional de Previdência e Assistên- cia Social (SINPAS), sob a orientação, coordenação e controle do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), com a finalidade de integrar as funções atribuídas às entidades, as quais passamos a descrevê-las: INPS – Instituto Nacional da Previdência Social. Função: conceder e � manter os benefícios e outras prestações em dinheiro. Ou seja, o INPS fica apenas com a parte de concessão e manutenção de benefícios, semelhante ao que é o atual INSS. Iapas – Instituto de Administração Financeira da Previdência Social. � Função: promover a arrecadação, fiscalização e cobrança das contri- buições e demais recursos destinados à Previdência e assistência so- cial. Ou seja, exercia a função do custeio, semelhante à atual Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), no que diz respeito à arrecadação das contribuições previdenciárias. Inamps – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência So- � cial. Função: prestar assistência médica. Atualmente, essa competên- cia pertence ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ceme – Central de Medicamentos. Função: distribuir medicamentos às � pessoas carentes. Atualmente, essa competência pertence ao Sistema Único de Saúde (SUS). LBA – Fundação Legião Brasileira de Assistência. Função: prestar assis- � tência às pessoas carentes. Atualmente, essa função pertence ao Mi- nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 12 Seguridade Social Funabem – Fundação Nacional do Bem-estar do Menor. Função: pres- � tar assistência ao bem-estar do menor. Dataprev – Empresa de Processamento de Dados da Previdência So- � cial. Função: prestar serviço de processamento de dados. A Constituição Federal de 1988, nossa atual, mostrou sua atenção com o bem-estar social conferindo um capítulo que trata da Seguridade Social, nos artigos 194 a 204, tendo como espécies do gênero Seguridade Social: a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde. Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Em 1990, o SINPAS é extinto. A Lei 8.029/90 cria o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), como autarquia federal, mediante a fusão do Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social (IAPAS), responsável pelo custeio, com o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), responsá- vel pelo benefício. Dessa forma, custeio e benefício unem-se em uma única entidade,o INSS. Inamps, LBA, Funabem e Ceme foram extintos. A Dataprev é uma empresa pública vinculada ao MPS. Atualmente, está em atividade prestando serviços ao INSS e à Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB). Criação da Secretaria da Receita Previdenciária (SRP) A Lei 11.098, de 13 de janeiro de 2005, atribui ao Ministério da Previdên- cia Social competências relativas a arrecadação, fiscalização, lançamento e normatização de receitas previdenciárias. Autorizou, também, a criação da Secretaria da Receita Previdenciária no âmbito do referido Ministério. Consequentemente, o INSS passou a ser apenas responsável pelo be- nefício. O custeio deixa de ser competência do INSS e passa a ser do Mi- nistério da Previdência Social, exercida por meio da Secretaria da Receita Previdenciária. Desse modo, voltou-se à forma anterior em que o benefício (INPS) era separado do custeio (Iapas). Entretanto, é bom lembrar que a Secretaria da Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Seguridade Social 13 Receita Previdenciária, ao contrário do INSS, não era uma autarquia e sim um órgão do Ministério da Previdência Social. Fusão da Secretaria da Receita Previdenciária com a Secretaria da Receita Federal A Lei 11.457, de 16 de março de 2007, extinguiu a Secretaria da Receita Previdenciária e criou a Secretaria da Receita Federal do Brasil, conhecida como a Super-Receita. Na prática, a criação da Secretaria da Receita Previ- denciária, a partir do INSS, foi um preâmbulo para a criação da SRFB. Assim, todas as contribuições sociais, inclusive as contribuições previdenciárias, passaram a ser arrecadadas por essa secretaria. Seguridade Social – conceituação Conforme a Constituição Federal (CF), artigo 194: Art. 194. A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à Previdência e à assistência social. A partir daí, Sérgio Pinto Martins (2004, p. 44) conceitua o termo “Direito da Seguridade Social”: O Direito da Seguridade Social é um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à Previdência e à assistência social. Seguridade Social – organização Analisando-se o conceito de Seguridade Social, percebemos que ela é gênero do subgrupo: Previdência Social, assistência social e saúde. Dessa forma, podemos esquematizar da seguinte maneira: Seguridade Social Previdência Social Assistência Social Saúde Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 14 Seguridade Social Entretanto, apesar de comporem a Seguridade Social, Previdência Social, assistência social e saúde são administradas e coordenadas por autarquias, órgãos e ministérios diversos. Suas atuações são independentes, mas regi- dos pelos mesmos princípios da Seguridade Social. O objeto dessa obra (Direito Previdenciário) é o estudo detalhado da Previ- dência Social. Porém, é interessante, agora, fazer uma sucinta diferenciação. Previdência Social A Previdência Social será organizada sob a forma de regime geral, de ca- ráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preser- vem o equilíbrio financeiro e atuarial. Sobre ela é que versará nosso estudo. Pode ser dividida em duas partes: benefício e custeio. O benefício é regido pelo INSS, autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social e que está relacionada com a concessão de benefícios, por exemplo: aposentadorias, pensões, salário-maternidade, salário-família etc. Já o custeio é regido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão subordinado ao Ministério da Fazenda e responsável pela arrecadação e fiscalização das contribuições so- ciais, como as contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento, o Cofins e a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). Assistência social De acordo com a Constituição Federal de 1988, Art. 203. A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à Seguridade Social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Dessa forma, notamos que a Assistência Social é devida somente às pes- soas necessitadas, que realmente precisam do benefício para sua subsis- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Seguridade Social 15 tência, e não é necessária nenhuma contribuição prévia para a Seguridade Social. Essa missão cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que é o responsável pelas políticas nacionais de desenvolvi- mento social, de segurança alimentar e nutricional, de assistência social e de renda de cidadania no país. Como exemplos de assistência social, podemos citar: fome zero, bolsa fa- mília, benefício de prestação continuada (BPC-LOAS). Saúde A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante po- líticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário a ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. A saúde, cujas ações partem do Sistema Único de Saúde, é acessível a todas pessoas, independentemente de classe social (pobre e ricos têm acesso) e não há necessidade de contribuição para Seguridade Social. Assim, podemos fazer um quadro que resume sinteticamente as caracte- rísticas e diferenças dos itens que compõem a Seguridade Social: Espécies da Seguridade Social: Quem tem direito? Exemplo Previdência Social Quem contribuiu (pagou) para o INSS e seus dependentes. Aposentadorias, salário-mater- nidade. Assistência social Pessoas de baixa renda. Fome zero, bolsa família. Saúde Todos, sem distinção de renda. Atendimento hospitalar pelo SUS. Princípios constitucionais da Seguridade Social Estudaremos, aqui, os princípios constitucionais da Seguridade Social. Eles se encontram elencados no artigo 194, parágrafo único, incisos I a VII da Constituição Federal, que também são considerados objetivos na organiza- ção da Seguridade Social. Também estudaremos os princípios constitucio- nais gerais aplicados à Seguridade Social. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 16 Seguridade Social Os princípios poderiam ser divididos, segundo Sérgio P. Martins (2004, p. 69), em: gerais, que se aplicam não só à Seguridade Social, como a outras ma- � térias; específicos, aplicados à Seguridade Social. � Princípios gerais Igualdade De acordo com a Constituição Federal de 1988, Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, [...] Deve-se tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais, na exata proporção de suas desigualdades. Ou seja, a verdadeira igualdade está presente quando procuramos diminuir as desigualdades sociais. Legalidade “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisasenão em virtude de lei”, assim diz o inciso II do artigo 5.º da CF. Vivemos em um Estado de Direito e somente a lei poderá, por exemplo: obrigar ao pagamento de contribuições sociais, proporcionar a concessão de benefícios, conceder isenções. As pessoas podem fazer tudo o que a lei não proibir e devem fazer tudo o que a lei mandar. Solidariedade Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: “construir uma sociedade livre, justa e solidária”. Assim preconiza o artigo 3.º, inciso I, da Constituição Federal. Dessa forma, todos aqueles que produzem, que trabalham, devem con- tribuir com parte de seus ganhos para auxiliar os que precisam de alguma assistência. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Seguridade Social 17 Por exemplo, todo mês é descontado na folha de pagamento do empre- gado um percentual que será destinado à Previdência Social. Esse dinheiro será usado imediatamente para pagar os aposentados de hoje. Por isso, fala-se que nosso sistema é contributivo de repartição simples: as empresas e os trabalhadores de hoje “pagam” o aposentado de hoje. Princípios específicos O Título VIII que fala “Da Ordem Social” na Constituição Federal, dispõe em seu art. 193 que: Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem- estar e a justiça sociais. Logo após, seu artigo 194 assim preconiza: Art. 194. A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à Previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a Seguridade Social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - equidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Passaremos a tratar sobre esses objetivos da Seguridade Social contidos nos incisos I a VII acima. Universalidade da cobertura e do atendimento Segundo Martins (2004, p. 78), Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 18 Seguridade Social a universalidade da cobertura deve ser entendida como a necessidade daquelas pessoas que forem atingidas por uma contingência humana, como a impossibilidade de retornar ao trabalho, a idade avançada, a morte etc. Já a universalidade do atendimento refere-se às contingências que serão cobertas, não às pessoas envolvidas, ou seja, às adversidades ou aos acontecimentos em que a pessoa não tenha condições próprias de renda ou de subsistência. Entretanto, alguns autores entendem o contrário, em que todas as con- tingências devem estar cobertas pela Seguridade Social e todas as pessoas devem ser atendidas pela Seguridade Social. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais Seguindo-se o princípio da igualdade, deve-se haver um tratamento equânime entre as populações urbanas e rurais. Uniformidade diz respeito aos tipos de benefícios existentes. Por exemplo: tanto o trabalhador urbano como o rural têm direito aos mesmos benefícios. Equivalência diz respeito ao valor dos benefícios, que, em regra, não será menor que um salário mínimo. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços Deve haver uma seletividade séria e consciente, escolhendo-se criteriosa- mente, dentro da legalidade, quais as pessoas que realmente têm o direito na prestação dos benefícios e serviços da Seguridade Social e quais são as regras para obtenção desses benefícios e serviços. Irredutibilidade do valor dos benefícios O valor do benefício não pode diminuir, pelo contrário, deve ser preserva- do, conforme dispõe o artigo 201, §4.º, da Constituição Federal: Art. 201 [...] §4.o É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Seguridade Social 19 Equidade na forma de participação e custeio Esse princípio pode ser entendido como: quem tem mais paga mais; quem tem menos paga menos e quem nada tem nada paga. Quando falamos em custeio, estamos falando em pagamento. Um paga- mento equânime é um pagamento justo. Diversidade da base de financiamento Esse princípio ordena que o dinheiro que entra para financiar a Segurida- de Social deverá vir de diversas fontes. E de onde vêm as receitas da Seguridade Social? O artigo 195 da Consti- tuição Federal assim diz: Art. 195. A Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da Previdência Social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de Previdência Social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos; IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. Além das receitas citadas, uma lei complementar pode instituir nova con- tribuição social desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gera- dor ou base de cálculo próprio das contribuições sociais já previstas na Cons- tituição Federal1. 1 Conforme art. 195, pará- grafo 4.º, combinado com art. 154, I da Constituição Federal. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 20 Seguridade Social Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados A administração deve ser exercida por órgão colegiado, ou seja, com a participação dos diferentes representantes e interessados na gestão da Se- guridade Social. E é chamada de quadripartite (quatro partes) por haver quatro tipos de representantes que têm interesse com relação à Seguridade Social, são estes: trabalhadores, empregadores, aposentados e governo. No âmbito da Previdência Social, a Lei 8.213/91, em seu artigo 3.º, insti- tuiu o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS). Sendo a gestão qua- dripartite assim distribuída: seis representantes do Governo Federal; � três representantes dos aposentados e pensionistas; � três representantes dos trabalhadores em atividade; � três representantes dos empregadores. � Atividades de aplicação 1. Julgue os itens a seguir utilizando certo (C) ou errado (E). (Cespe) O Instituto Nacional do Seguro Social, autarquia federal )( atualmente vinculada ao Ministério da Previdência Social, surgiu, em 1990, como resultado da fusão do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) e o Instituto de Administração Financeira daPrevidência e Assistência Social (Iapas). (Cespe) Um dos objetivos da Seguridade Social é a universalidade )( da cobertura e do atendimento, meta cumprida em relação à Assistência Social e à Saúde, mas não à Previdência. 2. (ESAF) À luz da Organização da Seguridade Social definida na Consti- tuição Federal, julgue os itens a seguir. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Seguridade Social 21 I. Previdência Social, educação e assistência social são partes da Seguri- dade Social. II. A Saúde possui abrangência universal, sendo qualquer pessoa por ela amparada. III. A Previdência Social pode ser dada gratuitamente à população rural carente. IV. A assistência social, por meio de sistema único e centralizado no po- der central federal, pode ser dada a todos os contribuintes individuais da Previdência Social. O número de itens errados é: a) zero. b) um. c) dois. d) três. e) quatro. Dica de estudo Para aprofundar os conhecimentos desta aula, recomendamos a leitura do livro Direito Previdenciário, de Eduardo Tanaka – editora Campus-Elsevier. Referências MARTINS, Sérgio Pinto. Direito de Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 2004. TANAKA, Eduardo. Direito Previdenciário. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Gabarito 1. E, E 2. D Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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