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20- Os Diferentes Âmbitos da Legislação Educacional resumo.pdf

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Prévia do material em texto

Leila de Almeida de Locco*
Introdução
O Estado brasileiro republicano é organizado como uma federação, ou 
seja, um conjunto de estados, enquanto unidades federativas, que, por 
sua vez, dividem-se em municípios. Em razão dessa organização político-
administrativa, a legislação também acompanha essas esferas. Assim é 
que temos uma legislação em nível nacional, sendo a maior delas a Consti-
tuição Federal de 1988. Na estrutura do Sistema Nacional de Ensino faz-se 
presente órgãos de caráter legislativo, consultivo e deliberativo – o Con-
selho Nacional de Educação e o MEC com natureza de órgão executivo. 
Tanto um como outro legislam nesse âmbito. Essa organização se repro-
duz nos estados com os Conselhos Estaduais de Educação e as Secretarias 
Estaduais de Educação. Na esfera municipal, a organização deveria ser a 
mesma, mas não há tradição de os municípios se constitu-
írem em sistemas e, em razão disso, alguns não possuem 
Conselhos Municipais de Educação. No que se refere ao 
órgão executivo, os municípios se assemelham aos esta-
dos e possuem suas Secretarias Municipais de Educação.
Para entender melhor, podemos definir sistema de ensino como a apli-
cação na organização de uma estrutura coerente e coesa que subsidie a 
educação, no caso, em seu âmbito municipal. Na realidade não podemos 
confundir ou equiparar com Conselho de Educação. O primeiro refere-se 
à organização do ensino com suas competências educacionais, na esfera 
administrativa, enquanto o segundo é parte da estrutura administrativa 
do sistema, sendo um dos órgãos responsáveis pela gestão da educação.
O pressuposto legal para a existência do sistema de ensino está conti-
do na Constituição Federal de 1988:
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime 
de colaboração seus sistemas de ensino.
Não é curioso que, 
mesmo tendo direito, 
alguns municípios não 
criaram seus conselhos?
Os diferentes âmbitos 
da legislação educacional
* Doutora em Educação 
e Currículo pela Pontifícia 
Universidade Católica de 
São Paulo (PUC-SP). Mestre 
em Educação: Supervisão 
e Currículo pe la PUC-SP. 
Graduada em Pedagogia 
pela Universidade Estadual 
de Ponta Grossa (UEPG).
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
54
Os diferentes âmbitos da legislação educacional
§ 1.º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições 
de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e 
supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de 
qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal 
e aos Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitucional 14/1996)
§ 2.º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação 
infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional 14/1996)
§ 3.º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e 
médio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14/1996)
§ 4.º Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas 
de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório.(Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 14/1996)
§ 5.º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 53/2006)
Dessa forma, estão postas as coordenadas para a atuação do Município: a des-
centralização do poder, a autonomia e a gestão democrática do ensino público.
Por conseguinte, o parágrafo 2.º do artigo 8.º da Lei 9.394/96 estabelece:
Art. 8.º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de 
colaboração, os respectivos sistemas de ensino.
§ 1.º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes 
níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais 
instâncias educacionais.
§ 2.º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei.
A definição de sistema de ensino, formulada pelo MEC no Caderno de Apoio, 
que foi distribuído aos secretários municipais de Educação, diz:
por sistema de ensino entende-se o conjunto de instituições de educação escolar – públicas 
ou privadas, de diferentes níveis ou modalidades de educação e de ensino – e de órgãos 
educacionais administrativos, normativos de apoio técnico-pedagógico – elementos distintos 
mas interdependentes [...] garantidas as normas comuns elaboradas pelo órgão competente.
O Sistema Municipal de Ensino é composto pela Secretaria Municipal de Edu-
cação com os segmentos administrativos que a constituem, instituições de Ensino 
Fundamental e da Educação Infantil mantidas pelo Poder Público Municipal; pelas 
instituições de Educação Infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; pelo 
Conselho Municipal de Educação e o conjunto de normas complementares.
A Secretaria Municipal de Educação tem como atribuições:
planejar, supervisionar, dirigir e controlar o ensino público municipal; de- �
mocratizar a gestão e seu processo de ensino;
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Os diferentes âmbitos da legislação educacional
55
organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do Siste- �
ma Municipal de Ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais 
da União;
exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; �
oferecer prioritariamente o Ensino Fundamental; �
oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas; �
oferecer, diretamente ou mediante convênio, Educação de Jovens e Adultos; �
permitir a atuação em outro nível de ensino quando estiverem plenamen- �
te atendidas as necessidades de sua área de competência;
orientar, acompanhar, fiscalizar e controlar as instituições infantis filantró- �
picas conveniadas;
elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com �
as diretrizes, objetivos e metas do Plano Nacional de Educação;
autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do Sistema Mu- �
nicipal de Ensino, de acordo com as normas do referido sistema;
autorizar o funcionamento das instituições de ensino, bem como de seus �
cursos, séries ou ciclos;
instalar e manter os estabelecimentos municipais de ensino; �
promover programas de orientação pedagógica, objetivando aperfeiçoar �
o professorado municipal dentro das diversas especialidades, buscando 
aprimorar a qualidade de ensino;
manter e gerenciar a biblioteca pública municipal; �
efetuar outras atividades afins, no âmbito de sua competência. �
O Conselho Municipal de Educação é um órgão de natureza colegiada, vincu-
lado à Secretaria Municipal de Educação, com funções consultivas, de assesso-
ramento, deliberativa, propositiva, de controle social, mobilizadora, normativa e 
fiscalizadora.
Suas competências são:
elaborar, aprovar e alterar seu regimento; �
eleger, dentre seus membros, o presidente e o vice-presidente; �
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56
Os diferentes âmbitos da legislação educacional
participar da elaboração, acompanhar e avaliar a execução do Plano Mu- �
nicipal de Educação;
mobilizar a comunidade para o processo acima mencionado; �
emitir parecer sobre a criação de instituições municipais e particulares de �
ensino para a expansão da oferta pelo poder público;
participar da discussão sobre a organização pedagógica da educação es- �
colar no Município, representando a posição da comunidade;
propor ações e estratégias, a partir da análise de indicadores educacionais, �
para melhoria das taxas de abandono, reprovação, conclusão,distorção 
série–idade e dos níveis de desempenho dos alunos da rede municipal de 
ensino;
propor sistemática de formação continuada para o magistério municipal, �
com vistas a transformar a escola em unidade de capacitação permanente;
emitir parecer prévio sobre anteprojetos de lei ou emendas de alteração �
do plano de carreira para o magistério público municipal, quanto ao aten-
dimento às diretrizes nacionais;
participar da discussão sobre proposta de regulamentação da avaliação �
de desempenho do magistério público municipal;
acompanhar o processo de elaboração do PPA (Plano Plurianual), da LDO �
(Lei de Diretrizes Orçamentárias) e do orçamento anual do município, para 
assegurar o cumprimento das determinações constitucionais e legais e o 
atendimento às necessidades da educação municipal;
acompanhar a aplicação dos recursos vinculados para Manutenção e De- �
senvolvimento do Ensino (MDE) e exercer controle social para garantir a 
correta aplicação desses recursos, de acordo com a legislação vigente;
acompanhar, controlar e avaliar a execução de programas, projetos e ex- �
periências inovadoras na área da educação municipal;
responder consultas sobre questões que lhe forem encaminhadas por ór- �
gãos, instituições públicas e privadas e/ou entidades representativas da 
sociedade; estimular a participação da sociedade no acompanhamento e 
controle das ofertas dos serviços educacionais;
estabelecer normas complementares para o seu sistema de ensino e inter- �
pretar a legislação e as normas educacionais;
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Os diferentes âmbitos da legislação educacional
57
Você deve estar pensando... 
Por que a Lei Orgânica Municipal? 
Uma das explicações é o fato de o 
município, na sua organização, não 
ter o Poder Judiciário, a exemplo da 
União e do Estado.
fiscalizar o cumprimento da legislação educacional e aplicar sanções �
quando houver seu descumprimento;
acompanhar as atividades relacionadas com projetos de construção, am- �
pliação, reforma e adequação dos prédios escolares;
analisar os processos das escolas municipais e das instituições particulares �
que possuam Educação Infantil;
participar na elaboração das políticas educacionais da Secretaria Munici- �
pal de Educação;
elaborar resoluções que normatizem as políticas educacionais da Secreta- �
ria Municipal de Educação;
elaborar instruções que regulamentem o cumprimento de deliberações e �
resoluções para instituições educacionais de sua competência.
A Constituição Federal (1988), as Constituições 
Estaduais e as Leis Orgânicas Municipais
Considerando cada lei na sua esfera, essas são as leis maiores. Há uma hie-
rarquia e uma interdependência entre elas. As alterações nas esferas superiores 
implicam mudanças nas demais esferas.
Tanto a Constituição Federal como a Estadual e a Lei Orgâ nica Municipal 
foram elaboradas pelo processo de Constituinte e possibilitam a participação da 
sociedade civil organizada. Há, porém, uma questão a ser ressaltada1, é o acesso 
a esses documen tos. De início ocorreram várias tiragens da Constituição Federal, 
mas nunca o suficiente para que cada um dos cidadãos tenha acesso a ela. As 
instituições públicas, e no caso as escolas, recebem exemplar(es), mas é preci-
so, no entanto, acompanhar as alterações que foram 
ocorrendo ao longo desta década e meia, sob pena 
de nos desatualizarmos.
Vamos destacar os princípios, os deveres e as in-
cumbências desses documentos legais para serem 
dissentidas.
1 Com relação aos novos mu nicípios, houve uma ten dência de reproduzir a legis lação do município considerado capital.
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Os diferentes âmbitos da legislação educacional
Os princípios
Nossa constituição apresenta um conjunto de princípios que norteiam toda a 
educação brasileira. Esses mesmos princípios estão presentes nas Constituições 
Estaduais e nas Leis Orgânicas, no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Lei 
de Diretrizes e Bases. São eles, portanto, que vão garantir a unidade nas políti-
cas educacionais através das orientações que estão respaldadas numa educação 
com perspectiva democrática.
São alguns princípios: o acesso e a permanência, a gratuidade, a liberdade de 
aprender, o ensino da pluralidade de ideias e concepções pedagógicas, a gestão 
democrática, a qualidade do ensino e a valorização dos profissionais do ensino.
A legislação em seus diferentes âmbitos afirma a igualdade de condições 
para o acesso e permanência. Nas décadas anteriores, havia uma preocupação 
muito grande com o acesso no sentido de vaga, oportunidade educacional. Gra-
dativamente houve a constatação de que não era suficiente ter a vaga, mas de-
veria assegurar condições iguais para o aluno permanecer na escola. A evasão, o 
abandono, passou a ser uma constante preocupação e nossos índices de perma-
nência se mostravam bastante precários.
Constata-se ainda que a reprovação causa o abando-
no e nem sempre contribui para a melhoria do padrão de 
qualidade, outro princípio a ser garantido. Para garantir o 
acesso e permanência fez-se necessário a gratuidade do 
ensino nos estabelecimentos oficiais. Esse princípio, que 
na maioria das vezes tem um entendimento restrito às 
anuidades, precisa ser repensado. Para ser concretizado, 
tem de vir acompanhado de outras ações, tais como os programas de material 
didático, uniforme, transporte e merenda escolar.
Os princípios da liberdade e da pluralidade de concepções pedagógicas são 
ideias consagradas, já presentes no texto da Lei 4.024/61, a serem defendidas 
por todos nós educadores que acreditamos numa educação democrática e de 
igual qualidade para todos.
Esses princípios de pluralismo e liberdade têm condições de efetivação atra-
vés de outro princípio, o de gestão democrática do ensino público2.
2 Esse princípio não abrange as escolas particulares, o que é considerado um ranço, que foi mantido nas demais leis educacionais.
A escola pública é 
realmente gratuita 
ou é uma gratuidade 
simbólica entre aspas, 
considerando que já 
pagamos impostos...
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Os diferentes âmbitos da legislação educacional
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Bastante significativa é a presença da valorização dos profissionais de ensino 
como um dos princípios. 
Texto complementar
Conselhos Municipais de Educação: 
descentralização e gestão democrática da educação
(PRIMIANO, 2007)
A descentralização da gestão da educação no Brasil tem sido assunto re-
corrente ao longo de décadas e tem estado presente nas lutas frequentes dos 
movimentos municipalistas em seus esforços históricos para superar a heran-
ça colonial da centralização do poder e das decisões na administração públi-
ca brasileira e da desconfiança na capacidade da comunidade local para gerir 
seu próprio destino. Muitos se levantaram contra o centralismo e consideran-
do só o século XX, entre outros educadores, é exemplar a atuação de Anísio 
Teixeira que, desde os anos 40, defendeu a transferência dos encargos com a 
educação, sobretudo a primária, para o governo municipal, por entender que 
a “escola pública é por excelência a escola da comunidade, a escola mais sensí-
vel a todas as necessidades dos grupos sociais e mais capaz de cooperar para a 
coesão e a integração da comunidade como um todo”, uma vez que, para ele, 
as relações da escola local “com a família não são algo acidental, mas relações 
intrínsecas, pois são, mais do que tudo, suas representantes em tudo que elas 
tenham de comum e de mais essencial” [...].
Mais tarde, nos anos 60, um avanço em prol da descentralização da educa-
ção foi consolidado nas diretrizes e bases daeducação contidas na Lei 4024/61, 
hoje revogada. Em sua vigência, essa lei foi alterada pela Lei 5692/71 em que 
dispositivos incluíam o município como responsável pela manutenção da 
Educação Pré-Escolar e, juntamente com o estado, pelas escolas de ensino 
de 1.º grau, a escolaridade obrigatória. Também ao município foi facultado 
manter escolas de outros graus de ensino. Em qualquer dessas circunstâncias, 
o município estava submetido à manifestação de órgãos do poder estadual 
para obter autorização para a instalação e funcionamento de suas escolas. 
Face à apontada tradição centralizadora, a municipalização nunca deixou 
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Os diferentes âmbitos da legislação educacional
de ser assunto polêmico e, não tendo a necessária autonomia, o município 
estava à mercê da vontade singular, mais ou menos centralizadora, do gover-
nante (eleito ou designado) que chefiava a administração superior. O debate 
sempre esteve aberto e defrontou-se constantemente com o centralismo de 
Estado muito arraigado em nosso país, que muito bem servia ao autoritaris-
mo. Porém, nos anos 80, no bojo do processo de redemocratização do país, 
o movimento pela descentralização da gestão pública e fortalecimento do 
poder municipal ampliou e desembocou, com êxito, nas discussões da As-
sembleia Nacional Constituinte.
Em consequência, na atualidade, os frutos de todos esses esforços já apare-
cem. O marco fundamental na direção da descentralização está na Constituição 
Brasileira de 1988, que, em seu artigo 18, reconhece o município como um ente 
da Federação, autônomo e com a competência de “manter, com a cooperação 
técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré-escolar 
e de ensino fundamental”, conforme consta no inciso VI do artigo 30.
Ainda, em seu artigo 211, a Constituição determina que a União prestará 
assistência técnica e financeira ao município para o atendimento prioritário 
à escolaridade obrigatória e estabelece que o município atuará prioritaria-
mente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil. Para tanto, acrescenta 
o artigo 212; ele deve aplicar, anualmente, “nunca menos de vinte e cinco por 
cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a pro-
veniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino”, 
nas escolas públicas e tendo como objetivos, nos termos do parágrafo 1.º 
do artigo 211, desenvolver seu sistema de ensino e atender plenamente à 
demanda da escolaridade obrigatória .
[...]
Em 1996, decorrente de exigências constitucionais, a Lei 9394/96 veio esta-
belecer as diretrizes e bases da educação nacional vigentes. Nela, a autonomia 
do município é reafirmada , permitida a organização de seu sistema de ensino 
(art. 8.º) e esclarece que o sistema municipal de ensino compreende:
Art. 8.º, [...]
I - as instituições do ensino fundamental, médio e de educação infantil mantidas pelo 
Poder Público municipal;
II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada;
III - os órgãos municipais de educação.”
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Os diferentes âmbitos da legislação educacional
61
Assim, no sistema municipal temos a rede de escolas mantidas pela mu-
nicipalidade, a de educação infantil mantida por particular e os órgãos ges-
tores da educação, organizados para dar suporte às instituições escolares, 
onde ocorre sua atividade: a educação escolar, que se anseia de qualidade e 
é direito de todo cidadão.
Os órgãos municipais de educação devem desempenhar atividades de 
natureza diversa, porém complementares. Na gestão da educação, as ativi-
dades administrativas ligadas à rotina da manutenção das atividades das es-
colas e de seus órgãos de apoio, à orientação técnica aos recursos humanos 
e às decorrentes da implementação do planejamento e da política municipal 
de educação estão mais afetas às secretarias ou aos departamentos munici-
pais de educação, enquanto órgãos executivos, resguardadas a transparên-
cia e a responsabilidade na atuação dos executivos de governo e dos profis-
sionais de carreira.
Por outro lado, ao ser instituído, o sistema municipal de educação abre uma 
fecunda possibilidade de democratização da gestão da educação pública, por 
meio da criação e funcionamento do Conselho Municipal de Educação.
Embora não obrigatória, a existência desse colegiado é de grande conve-
niência se destinado a atuar na definição da política educacional local, a dar 
diretrizes para o plano de construções escolares, a acompanhar gastos dos 
recursos da educação, a avaliar o atendimento escolar oferecido, a possibili-
tar fóruns para a manifestação de pais, professores e demais interessados na 
situação da educação do município, inclusive ouvindo suas reivindicações.
[...]
Esse colegiado deveria ser um espaço de representação e participação da 
sociedade civil e dos munícipes e, conforme sugere Anísio Teixeira, deveriam 
ser criados “pequenos Conselhos Escolares locais constituídos por homens e 
mulheres de espírito público e não propriamente partidário [...] Dotados de 
poder governamental eles seriam tão importantes e tão desejados quanto 
o poder municipal (Prefeitura e Câmara), enriquecendo a comuna com um 
novo órgão representativo, singelo e fecundo, para a expressão das aspira-
ções locais.” [...].
Concluindo, é interessante notar que a lei de diretrizes e bases atual não 
contém dispositivos sobre a criação e funções do Conselho Municipal de Edu-
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62
Os diferentes âmbitos da legislação educacional
cação, mas não há impedimento em considerá-lo incluído entre os órgãos 
municipais de educação. Esse colegiado é mencionado na Lei 9424/96, de-
terminando que, existindo, ele deverá estar representado no Conselho Mu-
nicipal do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental incumbido 
de acompanhar e controlar os gastos dos recursos desse Fundo. Esse fato 
reforça a concepção de que, se criado, a atuação do Conselho Municipal de 
Educação deve estar voltada para a definição das diretrizes políticas para a 
educação do município, uma nova concepção, distante do modelo burocrá-
tico e cartorial que caracterizou colegiados educacionais de outrora.
Dicas de estudo
<www.paulofreire.org/twiki/pub/Institucional/MoacirGadottiArtigosIt0019/Sis-
tema_Municipal_1999.pdf >.
Nesse site você encontrará o texto do Prof. Moacir Gadotti sobre o Sistema 
Municipal de Educação. Este texto é muito interessante, pois fala sobre a organi-
zação e o sistema de colaboração, vale a pena ler!
Acesse o site do governo de seu estado, busque a Secretaria de Educação e 
veja a legislação inerente ao seu estado. Acesse também o site da prefeitura do 
município em que você reside, busque a Secretaria de Educação e veja a legisla-
ção inerente ao seu município.
Atividades
1. Pesquise a situação do seu município, procurando saber se ele constituiu um 
Sistema Municipal e se possui um Conselho Municipal de Educação.
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Os diferentes âmbitos da legislação educacional
63
2. O que é um sistema de ensino?
Referência
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Lei vai instituir Ensino Fundamental de nove anos. Jornal 30 de agosto, maio 
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Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
64
Os diferentes âmbitos da legislação educacional
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adolescente. Porto Alegre: Artmed, 2000a.
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Gabarito
1. Através dessa pesquisa o aluno irá conhecer o sistema educacional de seu 
município e deverá verificar se este possui um Conselho Municipal de Edu-
cação e suas principais atribuições.
2. Por sistema de ensino entende-se o conjunto de instituições de educação 
escolar – públicas ou privadas, de diferentes níveis ou modalidades de edu-
cação e de ensino – e de órgãos educacionais administrativos, normativos 
de apoio técnico-pedagógico, elementos distintos, mas interdependentes, 
garantidas as normas comuns elaboradas pelo órgão competente.
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