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TRATAMENTOS TÉRMICOS 1 ENGENHARIA MECÂNICA RECOZIMENTO E NORMALIZAÇÃO 2 INTRODUÇÃO Antes de realizar um tratamento térmico: Qual é o objetivo do tratamento (aumento da dureza, da ductilidade, da abrasão, da resistência à corrosão) ? Qual modificação estrutural é necessária ? Fatores importantes: Tipo de liga e equipamento disponíveis Forma das peças a serem tratadas Condições de aquecimento e resfriamento Previsão de existências de tensões internas Necessidade de usinagem após tratamento Alternativas: Modificar a forma da peça, a composição da liga ou mudar o meio de resfriamento 3 Objetivo principal: Regularizar a textura bruta de fusão e eliminar os efeitos de quaisquer tratamentos mecânicos e térmicos a que o material tenha sido anteriormente submetido deixando o material com tensões residuais. Objetivos estruturais e de desempenho : Ajustar o tamanho de grãos Produzir uma estrutura definida Diminuir a dureza Melhorar a ductilidade 4 OBJETIVOS DO RECOZIMENTO E DA NORMALIZAÇÃO Nível macroscópico - efeito permanente: 5 EFEITOS DOS TRATAMENTOS MECÂNICOS E TÉRMICOS t t tteórica >> treal discordâncias l1 l0 < l2 (l2 < l1 ) l2lo Nível estrutural - deslizamento de um plano atômico sobre o outro mediante a ação de esforços cisalhantes: Tratamentos mecânicos: Deformação plástica (encruamento) → Tensões residuais Tratamentos térmicos: Resfriamento heterogêneo → Dilatação do material heterogêneo → Tensões residuais 6 DEFORMAÇÃO PLÁSTICA NOS METAIS - ENCRUAMENTO Deformação plástica (trabalho a frio) Encruamento Aumento da tensão necessária para produzir o deslizamento a medida que o metal é deformado Diminuição da mobilidade das discordâncias devido a interação das mesmas umas com as outras e com outras barreiras que impedem seu movimento através da rede cristalina Multiplicação de discordâncias • não deformado: 105 a 106 cm-2 • trabalhado a frio: 108 a 1010 cm-2 Deformação T e n s ã o 7 • Aço 1012 não deformado • Aço 1012 trefilado em 2 passes redução de área total ~ 40% 0 100 200 300 400 500 600 0 0,1 0,2 0,3 Deformação Verdadeira T en sã o V er d a d ei ra ( M P a ) LE = 176MPa LR = 404MPa ALU = 21% 0 100 200 300 400 500 600 0 0,01 0,02 0,03 Deformação Verdadeira T en sã o V er d ad ei ra (M P a) LE = 473MPa LR = 494MPa ALU = 2,5% subestrutura microestrutura 1,5mm 100mm subestrutura microestrutura 1,5mm 100mm ENCRUAMENTO – EXEMPLO AÇO TREFILADO 8 MOVIMENTAÇÃO DAS DESLOCAÇÕES discordâncias a b c t t a b c t t 9 DEFORMAÇÃO PLÁSTICA - ENCRUAMENTO Microestrutura metal não deformado metal deformado deformação grãos grãos grãos Subestrutura metal deformado (a) (b) metal não deformado 1 grão discordâncias (a) (b)discordâncias discordâncias 1 grão 1 grão deformação → Armazenamento de tensões no metal devido ao aumento das imperfeições cristalinas com a deformação 10 ENCRUAMENTO: ARMAZENAMENTO DE ENERGIA Exemplo: Energia armazenada no cobre deformado por tração em função do alongamento percentual O recozimento compreende três estágios principais: Recuperação – Alivio de tensões Recristalização Crescimento de grão 11 ESTÁGIOS DE RECOZIMENTO Tempo T e m p e r a tu r a resfriamento lento aquecimento temperatura de recozimento tempo necessário às transformações Existem vários tipos de recozimento em função da temperatura do tratamento e é importante que se saiba as diferentes características e objetivos de cada um: Recozimento para Alívio de tensões Recozimento de primeira ordem ou de Recristalização Recozimento de segunda ordem ou Pleno Recozimento Isotérmico Esferoidização ou Coalescimento 12 TIPOS DE RECOZIMENTO Recozimento pleno Esferoidização Características principais: Temperaturas mais baixas Não ocorrem apreciáveis modificações na micro/subestrutura e, consequentemente, nas propriedades mecânicas do material Diminuição das tensões internas (amaciamento parcial) 13 RECUPERAÇÃO - ALÍVIO DE TENSÕES • Aniquilação de discordâncias discordâncias de sinais opostos se anulam rearranjo das discordâncias • Poligonização de discordâncias por escalada e deslizamento Mecanismo -escorregamento- ativado por energia térmica: 14 RECRISTALIZAÇÃO Características principais: Temperaturas mais elevadas que a etapa de recuperação Formação de novos grãos com a mesma composição e estrutura cristalina dos grãos originais, porém aproximadamente equiaxiais, isentos dos defeitos criados durante a deformação Alterações pronunciadas nas propriedades mecânicas do metal 15 CINÉTICA DE RECRISTALIZAÇÃO Cinética da recristalização do cobre em função da temperatura: Definição da temperatura de recristalização: Temperatura na qual um determinado metal, com uma certa porcentagem de deformação a frio, recristalizará (cerca de 95%) em cerca de 1 hora 16 A temperatura de recristalização depende da química: TEMPERATURA DE RECRISTALIZAÇÃO Pureza do metal: → Quanto mais puro o metal, mais fácil a recristalização 17 FATORES QUE INFLUEM NA RECRISTALIZAÇÃO 18 Grau de encruamento prévio: → Quanto maior os grau de encruamento, mais fácil a recristalização FATORES QUE INFLUEM NA RECRISTALIZAÇÃO 400 650 °C 300 19 Tamanho de grão: → Quanto maior os grãos deformados , mais lento a recristalização e maior os novos grãos FATORES QUE INFLUEM NA RECRISTALIZAÇÃO 20 TAMANHO DE GRÃO – PADRÃO ASTM → N = 2n-1 (N = Numero de grão por polegada quadrada com magnificação x100) n° 1 n° 2 n° 3 n° 4 n° 5 n° 6 n° 7 n° 8 n → n → Latão: 21 trabalhado a frio, 33% 200mm 3s a 580°C 200mm 4s a 580°C 200mm 8s a 580°C 200mm RECRISTALIZAÇÃO - EXEMPLO 22 CRESCIMENTO DE GRÃO Movimento do contorno de grãoCrescimento do grão Características principais: Temperaturas elevadas Lenta migração dos contornos de alguns grãos, produzindo crescimento uniforme dos mesmos, às custas do desaparecimento gradual de grãos menores Alterações pronunciadas nas propriedades mecânicas do metal 23 CRESCIMENTO DE GRÃO - EXEMPLO Latão: 15min a 580°C 200mm 60min a 580°C 200mm 10min a 700°C 200mm 60min a 700°C 200mm 24 CRESCIMENTO DE GRÃO – EFEITO SOBRE AS PROPRIEDADES MECÂNICAS Latão: → Quanto menor o tamanho de grão, mais alta a dureza Equação de Hall-Petch: 25 RECOZIMENTO VS. PROPRIEDADES Efeitos do crescimento de grão excessivo Recozimento para alívio de tensões: → Tratamento térmico no qual o metal passa apenas pela etapa de recuperação Recozimento de primeira ordem ou de recristalização: → Tratamento térmico no qual o metal recristaliza sem transformação de fase Recozimento de segunda ordem ou pleno: → Tratamento térmico no qual o metal apresenta transformação de fase 26 TIPOS PRINCIPAIS DE RECOZIMENTOS → Em função da temperatura, os tipos de recozimentos compreendem um ou dois ou os três dos estágios previamente descritos: No recozimento pleno ou de segunda ordem ocorre os três estágios (recuperação, recristalização e crescimento de grão). Objetivo: Controlar a dureza e a estrutura dos metais Resfriamento Lento (dentro do forno) → implica tempo longo de processo (desvantagem) 27 RECOZIMENTO PLENO OU TOTAL Tempo T e m p e ra tu ra resfriamento lento aquecimento temperatura de recozimento tempo necessário às transformações 28 RECOZIMENTO PLENO NOS AÇOS Produtos do Recozimento • perlita • perlita + ferrita • perlita + cementita Resfriamento: Temperatura: Antes dos tratamentos mecânicos Invólucro de cementita proeutetóide fragiliza as peças 29 Metal encruado Estrutura acicular Estrutura bruta de fusão Estrutura martensítica Metal recozido (perlita, ferrita ...) Estrutura austenítica T em p er a tu ra 727°C Realização de Recozimento Pleno sobre Diversas Estruturas dos Aços RECOZIMENTO PLENO NOS AÇOS Características: A diferença com o recozimento pleno está no resfriamento que é bem mais rápido,tornando-o mais prático e mais econômico, Permite obter estrutura final mais homogênea Não é aplicável para peças de grande volume porque é difícil de baixar a temperatura do núcleo da mesma Esse tratamento é geralmente executado em banho de sais 30 RECOZIMENTO ISOTÉRMICO Produtos do Recozimento • perlita • perlita + ferrita • perlita + cementita Objetivos: Produção de uma estrutura globular ou esferoidal de carbonetos no aço Melhorar a usinagem, especialmente dos aços alto carbono Facilitar a deformação a frio 31 ESFEROIDIZAÇÃO OU COALESCIMENTO Tempo T e m p e ra tu ra resfriamento lento aquecimento temperatura de esferoidização - abaixo de 727ºC tempo necessário às transformações muito longo = 15 a 30 horas (ou mais) Tempo T e m p e ra tu ra resfriamento lento aquecimento temperatura de esferoidização variável (acima e abaixo de A1 - 727ºC) tempo necessário às transformações muito longo 10mm cementita globulizada ferrita esferoidita Grãos pequenos e homogêneos facilitam a esferoidização 32 ESFEROIDITA: PROPRIEDADES MECÂNICAS Objetivos: Refinar o grão e as estruturas dendriticas fundidas Melhorar uniformidade da microestrutura Melhorar a usinagem 33 NORMALIZAÇÃO Tempo T e m p e ra tu ra resfriamento menos lento que no recozimento aquecimento temperatura de normalização tempo necessário às transformações Aquecimento acima da austenização total Resfriamento ao ar mais forte que no recozimento pleno Usada antes da têmpera e revenido 34 NORMALIZAÇÃO DOS AÇOS Produtos da Normalização • perlita • perlita + ferrita • perlita + cementita Não há formação de um invólucro de carbonetos frágeis devido a velocidade de resfriamento ser maior 35 RECOZIMENTO VS. NORMALIZAÇÃO 36 RECOZIMENTO VS. NORMALIZAÇÃO • aço 1018 Rockwell 52HRB 100mm • aço 1045 Rockwell 68HRB 100mm Recozidos: • aço 1018 Rockwell 84HRB 100mm • aço 1045 Rockwell 97HRB 100mm Normalizados: 37 PROCESSO: LAMINAÇÃO A QUENTE recuperação dinâmica recuperação estática recuperação dinâmica recristalização estática recristalização dinâmica recristalização estática T e m p e ra tu ra o u d e fo rm a çã o c re sc e n te CONCLUSÃO Tratamentos mecânicos e térmicos deixam os metais com tensões residuais Recozimento e normalização têm como objetivo de aliviar dessas tensões as estruturas Recozimento pleno consiste em três estágios, Recuperação, Recristalização e Crescimento de grão, modificando as propriedades mecânicas. Esferoidização deixa o material muito mais dúctil Metais normalizados são mais duro que os recozidos 38
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