Buscar

Roteiro de estudo - A Democracia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Página 1 de 5 
1 
 
Marcos Roberto Rosa 10/06/2009 
Faculdade Municipal de Palhoça 
Ciências Políticas Prof. Emerson Martins 
 
Roteiro de estudos – “A Democracia”. AZAMBUJA, Darcy. Introdução à Ciência Política. 5ª edição. 
Ed. Globo: Porto Alegre / Rio de Janeiro, 1985. Págs. 212-239. 
 
Conceito de democracia 
 Ela é, segundo conceito clássico, o governo do povo pelo povo, o regime político em 
que o poder reside na massa dos indivíduos e é por eles exercido, diretamente ou por meio de 
representantes eleitos. 
 Entende-se por cidadão o indivíduo que tem capacidade legal para votar e ser votado; 
democracia é o regime em que o governo é exercido pelos cidadãos, quer diretamente, quer por meio 
de representantes eleitos por esses cidadãos. É a forma de governo em que o povo toma parte efetiva 
no estabelecimento das leis e na designação dos funcionários que têm de executá-la e administrar a 
coisa pública. 
 A democracia não é concebida como devendo ser essencialmente política, é reclamada 
a intervenção do Estado em matéria econômica, pois não poderia haver liberdade política sem 
segurança econômica. A democracia deve também assegurar os direitos sociais; não somente deve 
defender o direito do homem à vida e à liberdade, mas também à saúde, à educação, ao trabalho, e 
daí nos Estados modernos, a abundante legislação social. 
 Em resumo, a democracia não deve ser apenas política, e sim política e social. 
 A democracia política quer na doutrina quer na prática, não poderia pretender dar a 
todos o uso, o exercício do poder. Ela dá a todos a aptidão legal, o direito subjetivo de exercer o 
poder, mas o seu exercício é subordinado à decisão da vontade geral, à designação feita por todos, ou 
pela maioria, por meio da eleição. 
 Assim como a democracia política não pode ser a participação de todos no exercício 
do poder, a democracia social não poderia ser o uso da propriedade por todos. Todos têm, sim, o 
direito subjetivo, a aptidão legal de possuir, de usar a propriedade, e o Estado deve facilitar os meios 
de adquiri-la. Mas, pela mesma razão por que, teoricamente ao menos, somente governam aqueles 
que a sociedade julga merecerem governar pela inteligência, o caráter e a experiência, também 
somente devem possuir os que demonstram aptidão para adquirir pelo trabalho honesto. 
Democracia direta, democracia representativa, democracia semidireta 
 Democracias diretas: os cidadãos reuniam-se frequentemente em assembléia para 
resolver os assuntos mais importantes do governo da cidade. Várias razões permitiam a forma direta 
de governo do povo pelo povo nos Estados gregos: a pequena extensão desses Estados, o número 
desses cidadãos era pequeno e os assuntos a resolver eram poucos e de caráter geral. Além disso, o 
cidadão grego, vivendo do trabalho escravo, tinha todo o tempo disponível para participar das 
assembléias, sua profissão era a de cidadão. 
 Democracias representativas: o povo não trata diretamente das coisas públicas, do 
governo, mas sim por meio de representantes eleitos por ele, o Poder Executivo e o Legislativo não 
são exercidos diretamente pelos cidadãos, e sim por pessoas especialmente eleitas para isso. A 
democracia representativa, ou o regime representativo, é o sistema comum de governo nos Estados 
modernos. 
 Democracia semidireta: trata-se de uma aproximação da democracia direta. É um 
sistema misto, que guarda as linhas gerais do regime representativo, porque o povo não se governa 
Página 2 de 5 
2 
 
diretamente, mas tem o poder de intervir, às vezes, diretamente na elaboração das leis e em outros 
momentos decisivos do funcionamento dos órgãos estatais. 
 Três formas principais revestem o governo semidireto – o referendum, o veto popular 
e a iniciativa popular. O referendum consiste em que todas ou algumas leis, depois de elaboradas 
pelo Parlamento, somente se tornam obrigatórias quando o corpo eleitoral, expressamente 
convocado, as aprova. O veto popular pressupõe uma lei já feita pelo Parlamento e que a 
Constituição não obriga a ser referendada pelo povo, porém, se um número determinado de cidadãos 
pede que seja ela submetida a referendum e o povo repudia a lei, tem-se o veto popular. A iniciativa 
popular aproxima-se mais da democracia direta, se certo número de eleitores se manifesta pela 
necessidade de certa lei, o Parlamento fica juridicamente obrigado a discuti-la e votá-la. 
Base da democracia 
 A democracia é o governo em que o povo se governa a si mesmo, quer diretamente, 
quer por meio de funcionários eleitos por ele para administrar os negócios públicos e fazer as leis de 
acordo com a opinião geral. Uma das ideias mais profundamente arraigadas é o de que têm o direito 
de escolher livremente seus governantes. Quando estes lhe são impostos pela força, o povo recebe-os 
sempre com desconfiança e julga-os pelos seus atos. Se o governo realiza uma boa obra 
administrativa e política, o povo dá-lhe assentimento e trata de torná-lo legal. Se o governo é infeliz 
e desastrado, cedo ou tarde explode a revolta. 
 Afirmam os que combatem a democracia que nenhum povo tem bastante cultura, 
senso prático, critério e inteligência para escolher os melhores homens, nem competência para 
intervir nas complexas questões políticas que o governo democrático acarreta. Teoricamente, essa 
asserção não pode ser aceita nem rejeitada, pois não se baseia em nenhuma lei científica ou princípio 
filosófico, é uma simples hipótese. 
 A liberdade que a democracia supõe, como fundamento e finalidade, forma o ideal 
político de nossa civilização, são os direitos individuais, também chamados liberdades individuais. 
Essa liberdade, positiva, concreta, reclamada e defendida pelos povos modernos, pode ser 
considerada sob dois aspectos: a liberdade política e a liberdade civil. 
 A liberdade política consiste no direito de escolher os governantes, as pessoas 
encarregadas da suprema direção da administração pública e da elaboração das leis. É a liberdade 
constituída pelos direitos individuais, que além da liberdade política compreende a liberdade civil, o 
direito à vida, à propriedade, à associação, à comunicação do pensamento, à religião, à locomoção 
etc. 
 Além desses direitos, poderá haver outros como ideais a conseguir, tendências e 
aspirações a realizar, mas que, na fase atual da civilização, não são ainda da essência da democracia. 
 O outro fundamento da democracia é a igualdade, ideia que pode ter e tem origem em 
princípios filosóficos, mas que na prática significa a realização de uma aspiração milenária e 
incoercível do homem: a igualdade perante a lei. 
 Devendo ser igual para todos, a lei procura tratar cada um conforme ele é realmente, 
ideal difícil de atingir, mas do qual as boas leis democráticas se aproximam sempre mais. Essa, a 
igualdade perante a lei, que é no fundo a justiça, inerente à democracia. 
A ditadura 
 Ditadura não é a tirania, porque esta, por definição, é um mau governo, que visa 
exclusivamente o interesse do governante em prejuízo dos interesses dos governados; ao passo que a 
ditadura pode ser boa ou má, conforme procura ou não realizar o bem geral. Não se confunde com a 
Página 3 de 5 
3 
 
monarquia porque pode ser exercida por um ou por vários indivíduos, além de outros traços 
acidentais. 
 Pode-se dizer que a ditadura tem como elemento característico o fato de estarem 
unidos na mesma pessoa ou grupo de pessoas os Poderes Executivo e Legislativo, e às vezes também 
o Poder Judiciário, porém isto raramente. 
 O que é essencial, para caracterizar essa forma de governo, é que a função executiva e 
a legislativa sejam exercidas pelo mesmo órgão, quer este seja um homem ou uma assembléia. 
Quando o mesmo indivíduo ou grupo de indivíduos administra, governa, e também faz as leis, temos 
uma ditadura. 
 A ditadura é em geral transitória e tendea tornar possível o estabelecimento de uma 
nova Constituição; é o processo enérgico de vencer uma crise quando o governo normal não o pode 
fazer. Por isso se disse que a ditadura não é sinônimo de mau governo, muitas vezes acontece que ela 
é o único meio de suplantar dificuldades que ameaçam destruir uma forma democrática de governo. 
Neste caso, vencido o perigo, a ditadura termina e se restabelece a democracia. 
Os regimes políticos contemporâneos 
 Burdeau1 propôs e desenvolveu o que denominou “uma classificação realista dos 
regimes políticos contemporâneos”. Começa dividindo os regimes em duas categorias: governos 
monocráticos e governos deliberativos. 
 Os primeiros são aqueles em que a totalidade do poder está concentrada em um só 
órgão, que não reconhece nem tolera oposição e que, em nome de uma ideologia, pretende 
reorganizar completamente a sociedade, mesmo empregando a força. Dividem-se em monocracia 
autoritária, quando poder é exercido por um indivíduo que o conquistou por golpe de Estado ou 
revolução e monocracia popular, quando a totalidade da força política reside oficialmente de acordo 
com o Direito Constitucional vigente, em um partido único. 
 Os segundos são aqueles onde existe oposição, garantidas pela Constituição e por isso 
todas as decisões são tomadas após deliberação e discussão, sendo aquelas quase sempre o resultado 
de um entendimento entre a maioria e a minoria. Nos governos deliberativos devem distinguir-se 
dois tipos: a democracia clássica ou governada, onde o povo não governa realmente, limita-se a 
eleger os governantes e a democracia governante, onde surge o povo real que se manifesta pelos 
órgãos de classe que procuram impor suas reivindicações aos órgãos governamentais para que se 
transformem em leis e decisões obrigatórias. 
Valor das formas de governo 
 Alguns afirmam que as formas de governo, a Moral, o Direito, dependem 
exclusivamente do caráter do povo, praticamente o caráter é imutável, e cada povo tem a moral e o 
governo que correspondem ao seu caráter, bom ou mal. 
 De uma premissa falsa, essas teorias deduzem uma conclusão parcialmente 
verdadeira. É falso que o caráter seja imutável e nem sempre os povos têm um governo que 
corresponda ao seu caráter. 
 Todos os povos, sem exceção, têm tido e têm ora bons, ora maus governos em certos 
períodos de tempo. Portanto ou os povos não têm caráter, ou o caráter se modifica frequentemente, 
ou nem sempre os governos correspondem ao caráter do povo. Em qualquer hipótese, o raciocínio 
daqueles é falso. 
 
1
 Georges Burdeau (1905-1988) foi um cientista político francês e professor de direito público. É autor de diversas obras 
na área de direito constitucional e de ciência política, como o Traité de science politique (1980) 
Página 4 de 5 
4 
 
 Aquelas teorias esqueceram que, assim como ao passar do mundo inorgânico para o 
mundo orgânico surge um elemento novo – a vida – assim também a vida, na sociedade humana, tem 
um elemento novo – a liberdade. 
 Inteligente e livre, o homem modifica o meio físico e o meio social, e modifica a si 
próprio, por mil instrumentos e ideias que sua inteligência inventa e sua liberdade prefere. 
 Se as ideias morais, científicas e filosóficas podem melhorar o caráter individual e 
coletivo, e influir sobre a forma de governo, somente são boas aquelas formas de governo em que 
essas ideias podem aparecer e desenvolver-se livremente. Somente são boas as formas de governo 
em que há liberdade. 
 Mas a questão capital não é apenas a modificação, e sim a modificação para melhor, o 
aperfeiçoamento. Quais as ideias boas, que devem ser propagadas, e as más, que devem ser 
suprimidas? Do ponto de vista filosófico, a questão é transcendente, mas do ponto de vista político 
não é tão difícil. 
 É preciso que, de acordo com a Moral e a opinião comum, a autoridade possa reprimir 
as ideias consideradas nocivas. São, pois, boas aquelas formas de governo onde há o equilíbrio entre 
a liberdade e a autoridade, onde o poder é exercido de acordo com a consciência social, expressa nas 
leis. E é má aquela onde um desses dois termos – liberdade, autoridade – ou falta ou é exercido de 
modo a anular a ação do outro. 
 Se a autoridade predomina a ponto de praticamente fazer desaparecer a liberdade, as 
ideias, sobretudo as nobres e generosas, não são mais propagadas e vão sendo aos poucos 
substituídas pelos sentimentos de ódio, vingança, ou de servilismo e desânimo. 
 Onde a liberdade não encontra limites e todos pretendem fazer o que querem, não há 
realmente liberdade e ninguém faz o que quer; “onde todos governam, ninguém governa; onde todos 
são senhores, todos são escravos”. A tirania das multidões é pior do que a tirania de um só, porque é 
onímoda, irresistível e irresponsável. 
 Todos os regimes em que o poder não é organizado e limitado pela vontade do povo 
através da eleição e das leis, são regimes de pura autoridade. Um regime em que a autoridade não 
existisse e a liberdade fosse ilimitada, seria a anarquia, que não é forma de governo, mas 
anormalidade transitória na vida das sociedades. 
 Só há uma forma de governo que, por essência e por definição, assegura teoricamente 
o equilíbrio entre a liberdade e a autoridade – é a democracia. Nela, a autoridade é forte porque se 
baseia na vontade popular, e a liberdade é respeitada porque o poder é limitado pelas leis, em cuja 
elaboração o povo intervém direta ou indiretamente. 
 A finalidade do governo ou do poder é, em resumo, manter a ordem interna e 
assegurar a defesa externa, administrar justiça e dar assistência social através dos serviços públicos. 
Sem ordem, a sociedade humana seria inferior às sociedades animais; sem justiça ela seria o roubo, o 
assassínio e a escravidão. 
 Se as formas de governo não dão a felicidade nem evitam por si sós a maioria dos 
infortúnios coletivos, algumas delas podem provocar ou facilitar indizíveis provações para os povos, 
e dentre estas a mais freqüente é a guerra. 
 A guerra é o clima favorável e o tônico predileto das tiranias. Quando um ou poucos 
indivíduos decidem soberanamente os destinos de uma nação, é sempre de esperar que o orgulho e a 
ambição os levem a atirar-se em guerras, onde esperam adquirir glória e poderio com que disfarcem 
o despotismo que exercem. 
Página 5 de 5 
5 
 
 A democracia é o governo do povo e para o povo, um regime em que os governantes 
devem refletir a consciência, a alma da sociedade que governam. Quando a sociedade está 
perturbada, a perturbação transmite-se aos órgãos supremos de direção, que, tendo conhecimento 
dela, indagam-lhe as causas para acudir. Mas, se a perturbação é conseqüência de uma doença grave, 
se as causas são muito gerais e profundas, os remédios de que o governo dispõe – ordem, justiça, 
assistência – não bastam para restituir a saúde ao doente. 
 Os governos, então, sentem, sofrem a crise, mas não podem curá-la, mesmo 
conhecendo-lhe as causas. 
 É precisamente o que se tem verificado de um século para cá. A crise não é da 
democracia, e sim da sociedade, a doença não é da forma de governo, mas do homem moderno.

Outros materiais