Buscar

Interpretação de texto

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
1 
RODRIGO BEZERRA 
 
Conteúdos abordados no curso: 
1. Compreensão da(s) ideia(s) de um texto; 
2. Estrutura textual – construção da ideia e 
tipologia textual; 
3. Estrutura textual – recursos argumentativos; 
4. Estrutura textual – compreensão de excertos 
de um texto; 
5. Coesão e coerência textuais – mecanismos; 
 
Conteúdos abordados no curso: 
6. Relações de causa e consequência (efeito); 
7. Relações de antonímia e sinonímia entre 
partes ou vocábulos de um texto; 
8. Paráfrases textuais; 
9. Análise dos implícitos textuais – inferências, 
depreensões, pressupostos e subentendidos; 
 
Conteúdos abordados no curso: 
10. Ordenação textual – sequência lógica de um 
texto; 
11. Análise de excertos e emprego de nexos 
prepositivos e conjuntivos; 
12. Questões mistas – interpretação, 
estruturação e gramática; 
 
Noções de paragrafação 
Parágrafo 
 O parágrafo é uma unidade de 
composição, constituída por um ou mais 
períodos, em que se desenvolve ou se explana 
determinada idéia central, a que geralmente se 
agregam outras, secundárias, mas intimamente 
relacionadas pelo sentido. É, literalmente, um 
bloco de idéias, delimitado por dois brancos, 
sendo uma idéia principal e as demais 
secundárias, todas unidas semanticamente. 
 
Noções de paragrafação 
 A aprovação das medidas que permitem 
uma fiscalização mais acurada dos sonegadores 
de impostos está suscitando dúvidas. É claro que 
a última coisa que se deseja neste país é a 
implantação da ditadura das burocracias e a 
intromissão de tecnocratas na vida dos cidadãos. 
Por outro lado, não se pode perpetuar a grave 
injustiça, mediante a qual um exército de 
aproveitadores vive às custas dos poucos que 
honram com suas obrigações perante a nação. 
Por se acreditar na democracia, não se deve 
fazer concessão à corrupção. 
(Folha de S. Paulo 
 
TRF 2ª REGIÃO (ANALISTA JUDICIÁRIO) 
 Os princípios éticos são normas de 
comportamento social, e não simples ideais de 
vida, ou premissas doutrinárias. Como normas de 
comportamento humano, os princípios éticos 
distinguem-se nitidamente não só das regras do 
raciocínio matemático, mas também das leis 
naturais ou biológicas. Ao contrário do que 
sustentaram grandes pensadores, como Hobbes, 
Leibniz e Espinosa, a vida ética não pode ser 
interpretada segundo o método geométrico 
(ordine geometrico demonstrata). As normas 
éticas tampouco... 
 
As normas éticas tampouco podem ser reduzidas 
a enunciados científicos, fundados na 
observação e na experimentação, como se se 
tratasse de leis zoológicas. Durante boa parte do 
século XIX, alguns pensadores, impressionados 
pelo extraordinário progresso alcançado no 
campo das ciências exatas, com a produção de 
certeza e previsibilidade no conhecimento dos 
dados da natureza, sucumbiram à tentação de 
explicar a vida humana segundo parâmetros 
deterministas. 
 
Compreensão da(s) ideia(s) de um texto 
 
 A tirania da experiência 
 Acompanhei as dificuldades de um 
jovem que, ao terminar sua formação, saiu à 
procura de um emprego. Ele esbarrou em 
recusas que só os jovens recebem. Os 
entrevistadores apreciavam seu diploma, 
gostavam de sua apresentação e perguntavam: 
“Você tem experiência?”. Meu jovem amigo 
sentia-se num círculo vicioso: era rechaçado por 
falta de uma experiência que nunca poderia 
adquirir, pois não conseguia emprego justamente 
porque lhe faltava experiência. 
 
 Parece um pretexto para condenar 
os jovens a um salário simbólico. Eternos 
estagiários, eles seriam obrigados a trocar seu 
trabalho pelo “privilégio” de aprender o ofício. 
Mas não é só isso: nossa cultura, em princípio, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
2 
venera a experiência. Salvo em momentos 
nostálgicos, duvidamos das sabedorias sagradas 
ou ancestrais. Preferimos confiar e acreditar nas 
coisas em que podemos colocar o dedo e o nariz. 
A autoridade, em suma, abandonou a tradição e 
veio para a experiência. 
 
 Se sou um adolescente, como 
afirmo minha liberdade? Sou obrigado a me 
aventurar em terrenos completamente novos. 
Para me esquivar da autoridade dos pais e dos 
adultos, tento fazer algo que não esteja no 
campo de experiências dos que me precederam. 
A novidade, a originalidade tornam-se 
verdadeiros valores, porque prometem libertar-
me da experiência dos outros. 
 
 Se fizer algo que ninguém nunca 
fez, quem poderia ditar minha conduta, dizendo-
se sábio e experiente? Recomendação aos 
pais de adolescentes: se, discutindo com seus 
filhos, você achar bom evocar a sabedoria que 
vem de sua experiência, seja humilde e modesto. 
Quanto mais você justificar sua autoridade pela 
experiência, tanto mais seu rebento estará a fim 
de aventurar-se por terrenos pouco ou nada 
mapeados. 
(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo, 
07/03/2002) 
 
 01. (FCC) De acordo com o texto, para 
escapar à tirania da experiência um adolescente 
de hoje sente-se impelido a: 
 
 (A) reconhecer a sabedoria antiga e sólida 
dos nossos ancestrais. 
 
 (B) aventurar-se em situações 
inteiramente novas e originais. 
 
 (C) ratificar os valores culturais que 
nortearam a geração precedente. 
 
 (D) corresponder à expectativa dos 
entrevistadores das empresas. 
 
 (E) repisar os caminhos em que seus pais 
se sentiram livres. 
 
 02. (FCC) Considere as seguintes 
afirmações: 
 
 I. As empresas se valem da pouca ou 
nenhuma experiência de um jovem para se 
aproveitarem de seu trabalho na precária 
condição de estagiário. 
 
 II. A responsabilidade pelo círculo vicioso 
a que o texto se refere deveria ser assumida 
pelos adolescentes, que não dão valor a nenhum 
tipo de experiência. 
 
 
 III. As dificuldades enfrentadas por um 
jovem que esteja buscando trabalho demonstram 
que está em baixa o prestígio da experiência. 
 
 
 Em relação ao texto, está correto o que se 
afirma em: 
 
 (A) I, somente. 
 (B) II, somente. 
 (C) I e II, somente. 
 (D) II e III, somente. 
 (E) I, II e III. 
 
 Ética de princípios 
 As duas éticas: a que brota da 
contemplação das estrelas perfeitas, imutáveis e 
mortas, a que os filósofos dão o nome de ética de 
princípios, e a que brota da contemplação dos 
jardins imperfeitos e mutáveis, mas vivos – a que 
os filósofos dão o nome de ética contextual. 
 
 Os jardineiros não olham para as 
estrelas. Eles nada sabem sobre as estrelas que 
alguns dizem já ter visto por revelação dos 
deuses. Como os homens comuns não vêem 
essas estrelas, eles têm de acreditar na palavra 
dos que dizem já as ter visto longe, muito longe... 
Os jardineiros só acreditam no que seus olhos 
vêem. Pensam a partir da experiência: pegam a 
terra com as mãos e a cheiram. 
 
 Vou aplicar a metáfora a uma 
situação concreta. A mulher está com câncer em 
estado avançado. É certo que ela morrerá. Ela 
suspeita disso e tem medo. O médico vai visitá-
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
3 
la. Olhando, do fundo do seu medo, no fundo dos 
olhos do médico, ela pergunta: “Doutor, será que 
eu escapo desta?” 
 Está configurada uma situação 
ética. Que é que o médico vai dizer? 
 
 
 Se o médico for adepto da ética 
estelar de princípios, a resposta será simples: 
“Não, a senhora não escapará desta. A senhora 
vai morrer.” Respondeu segundo um princípio 
invariável para todas as situações. A lealdade a 
um princípio o livra de um pensamento 
perturbador: o que a verdade irá fazer com o 
corpo e a alma daquela mulher? O princípio, 
sendo absoluto, não leva em consideração o 
potencial destruidor da verdade. 
 
 Mas, se for um jardineiro, ele não 
se lembrará de nenhum princípio. Ele só pensará 
nos olhos suplicantes daquela mulher. Pensará 
que a sua palavraterá que produzir a bondade. E 
ele se perguntará: “Que palavra eu posso dizer 
que, não sendo um engano (a senhora breve 
estará curada...), cuidará da mulher como se a 
palavra fosse um colo que acolhe uma criança?” 
E ele dirá: “Você me faz essa pergunta porque 
você está com medo de morrer. Também tenho 
medo de morrer...”Aí , então, os dois conversarão 
longamente – como se estivessem de mãos 
dadas – sobre a morte que os dois haverão de 
enfrentar. 
 
 Como sugeriu o apóstolo Paulo, a verdade 
está subordinada à bondade. 
 Pela ética de princípios, o uso da 
camisinha, a pesquisa das células-tronco, o 
aborto de fetos sem cérebro, o divórcio, a 
eutanásia são questões resolvidas que não 
requerem decisões: os princípios universais os 
proíbem. Mas a ética contextual nos obriga a 
fazer perguntas sobre o bem ou mal que uma 
ação irá criar. 
 
 O uso da camisinha contribui para diminuir 
a incidência da Aids? As pesquisas com células-
tronco contribuem para trazer a cura para uma 
infinidade de doenças? O aborto de um feto sem 
cérebro contribuirá para diminuir a dor de uma 
mulher? O divórcio contribuirá para que homens 
e mulheres possam recomeçar suas vidas 
afetivas? A eutanásia pode ser o único caminho 
para libertar uma pessoa da dor que não a 
deixará? Duas éticas. A única pergunta a se fazer 
é: “Qual delas está mais a serviço do amor?” 
(Rubem Alves, Folha de S. Paulo, 04/03/2008) 
 
 
 03.(FCC – MPE/RS – Assessor) Ao tratar 
das duas éticas, o autor: 
 
 (A) considera-as complementares entre si 
e as julga com plena isenção. 
 
 (B) aponta fatores de uma sutil 
divergência entre elas e os classifica. 
 
 
 
 (C) julga-as convergentes e demonstra 
esse fato por meio de uma metáfora. 
 
 (D) opõe-nas a partir dos distintos 
compromissos de cada uma. 
 
 (E) aponta drásticas divergências entre 
elas e propõe um modo de conciliá-las. 
 
Coisas vagas 
 
 Uma carta de P. V., queixando-se 
de que ainda não respondi à sua interpelação. 
 
 Também, amigo P. V., as suas 
perguntas versam assuntos tão vagos, tão 
difíceis de responder: poesia e outras coisas 
afins... A culpa é um tanto minha, que quase 
unicamente de tais coisas trato nestas páginas, 
as quais – da mesma forma que mestre João 
Ribeiro deu a um livro seu o subtítulo de “crônica 
de vário assunto” – bem poderiam denominar-se 
“crônicas de vago assunto”. 
 
 
 Ah, nem queira saber como eu 
invejo um amigo médico que tenho e que recebe 
cartas assim: “Como posso ter certeza de que 
vou ter um bebê? Quais são os primeiros sinais 
de gravidez?” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
4 
 Isso sim, que é pergunta precisa, 
sobre assunto urgente, e que traz logo uma 
resposta exata, definitiva, única. 
 
 Mas poesia é coisa que não se 
explica: sente-se ou não se sente... 
 
 P. S. – Se não quiser sentar-se, pior para 
você, amigo P. V. 
 
 Mas, para que não se diga que só 
me interessam coisas vagas, eis aqui uma notícia 
que acabo de ler num dos últimos números d´ O 
Cruzeiro, na seção “O impossível acontece”: 
 
 “Robert Tucker, de Boston, 
processado por dar álcool a beber a seu filho, de 
três anos de idade, em vez de leite, foi absolvido 
porque as leis do Estado de Massachusetts 
proíbem ministrar álcool a menores, mas 
somente entre os sete e os dezessete anos.” 
 
 
 Está vendo? Quando a lei é só a lei, 
inteiramente ao pé da letra, o espírito da justiça 
fica uma coisa tão vaga... 
 
(Adaptado de Mário Quintana, Na volta da 
esquina) 
 
 04.(FCC – MPE/RS – Assessor) 
Considere as seguintes afirmações: 
 
 I. A imprecisão no manejo das palavras é 
uma característica própria da linguagem literária. 
 II. Há questões tão objetivas que podem 
ser respondidas de modo a não gerar qualquer 
hesitação ou controvérsia. 
 III. A aplicação das leis só é justa e 
rigorosa quando se prende ao sentido literal do 
texto em que se formulam. 
 
 
 Em sua crônica, Mário Quintana sustenta 
o que está afirmado APENAS em: 
 
 (A) I. 
 (B) II. 
 (C) III. 
 (D) I e II. 
 (E) II e III. 
 
 Livros e política 
 A premiação do turco Orhan 
Pamuk com o Nobel de Literatura deste ano é 
uma veemente declaração do comitê que 
concede o prêmio em favor da liberdade de 
expressão. 
 A Turquia nutre o objetivo de ser 
aceita na União Européia. A fim de aproximar seu 
padrão institucional do europeu, os turcos, entre 
outras ações, já aboliram a pena de morte, 
acabaram com os privilégios dos homens na 
escola e encaminharam uma ampla reforma do 
Judiciário. 
 
 As diplomacias européias 
pressionam a Turquia, ainda, para que reconheça 
formalmente o genocídio de mais de um milhão 
de armênios, sob o nacionalismo turco, entre 
1915 e 1923. É nesse ponto, de trato espinhoso 
na política turca, que o Nobel concedido a Pamuk 
toca diretamente. 
 
 O escritor é um dos intelectuais 
que ousaram questionar o status quo na Turquia, 
que, contra as evidências históricas, nega que 
tenha havido uma campanha de “limpeza étnica” 
contra a minoria armênia. De acordo com as leis 
do país, insultar as instituições ou a identidade 
turca é crime punível com cadeia − e Pamuk foi 
processado por isso. 
 
 A escolha do comitê faz sentido. 
Pena que a láurea tenha sido anunciada no 
mesmo dia em que a Assembléia da França 
aprovou projeto que torna crime negar o 
genocídio armênio. Os fins dos deputados 
franceses são justos, mas os meios acabam por 
criminalizar a palavra e a opinião − justamente o 
que se quer combater, com razão, na Turquia. 
(Folha de S. Paulo, editorial, 15/10/06) 
 
 05.(FCC – TCE/PB) A relação indicada no 
título Livros e política esclarece-se, ao longo do 
texto, como uma: 
 
 (A) oposição já histórica entre os objetivos 
da literatura e os da política. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
5 
 (B) tentativa de estabelecimento, na 
Turquia, de uma política editorial eficaz. 
 
 
 (C) associação do prestígio de um escritor 
à discussão de um fato político a ele vinculado. 
 
 (D) dissociação entre a função estética da 
literatura e o momento histórico-cultural. 
 
 (E) inclusão da política literária de um país 
no concerto das nações européias. 
 
Texto 
 
 Está surgindo no mundo uma nova 
tendência de consumo. De acordo com uma 
pesquisa mundial divulgada no final de 2009, 
consumidores reconhecem as boas causas e 
estão cada vez mais dispostos a apoiar as 
marcas e empresas que as praticam, percebendo 
o poder que possuem de determinar as 
tendências do mercado. 
 
 Uma das mudanças de valores 
mais significativas é que encontrar felicidade em 
consumir parece fazer parte do passado. Apenas 
16% dos consumidores ouvidos disseram tirar 
satisfação em fazer compras. Em 2008, eram 
25%. Entre os consumidores brasileiros, a 
diferença é ainda maior: 29% disseram encontrar 
satisfação em ir às compras em 2008, enquanto 
em 2009 foram apenas 14%. 
 
 Esse cenário faz emergir um 
paradoxo para as empresas e para o mercado 
em geral: como atender as demandas de 
inclusão social e transformar a base do consumo 
no mundo? É necessária uma revolução nos 
processos industriais e isso inclui os aspectos 
relacionados ao consumo, que precisa 
urgentemente ser reinventado. E é aqui que 
surge a frustração. As empresas não estão 
preparadas para enfrentar as mudanças que 
estão em curso no mundo hoje. 
 
 Os grandes líderes de mercado 
parecem ainda ter dificuldade para entender o 
que está acontecendo de fato. O discurso e a 
prática dessas empresas ainda estão baseados 
em modelos ultrapassados, que veem os custos 
ainda da maneira tradicional, deixando as 
externalidades para a sociedade. 
 
 E mais, não são apenas os 
grandes líderesdo setor privado que demonstram 
essa dificuldade. Uma manchete recente em um 
grande jornal diário mostra que pesquisadores e 
jornalistas também não entenderam as 
oportunidades que estão surgindo a partir das 
transformações que estamos vivendo. Eis o título 
da matéria: “Só estagnação econômica pode 
reduzir aquecimento global, diz estudo”. 
 
 O relatório da Fundação Nova 
Economia explica que, segundo a NASA, a 
agência espacial norte-americana, a 
concentração máxima de gás carbônico na 
atmosfera para manter o aquecimento global 
dentro dos 2 ºC deveria ser de 350 ppm 
(partículas por milhão). E, para atingir essa meta 
até 2050, a humanidade teria de reduzir a 
intensidade das emissões de gás carbônico 
relacionadas às atividades econômicas em 95%. 
 
 Então, o estudo classifica essa 
drástica redução na intensidade das emissões de 
gás carbônico relacionadas às atividades 
econômicas de “sem precedente e, 
provavelmente, impossível”, reforçando a defesa 
da estagnação econômica. Porém, esse é um 
grande equívoco. Uma análise desse tipo está 
claramente baseada em uma visão ultrapassada 
de desenvolvimento. As demandas provenientes 
das mudanças climáticas nos obrigam a repensar 
e recriar nossos modelos, com inovação e visão 
de futuro. É isso que estão fazendo (ou deveriam 
estar fazendo) os líderes mundiais. 
 
 É possível e imprescindível criar 
uma nova economia, com base em novos 
modelos, que incluam de fato os aspectos sociais 
e ambientais. 
 
Ricardo Young. Mudanças no consumo. In: 
CartaCapital, 
26/2/2010. Internet: <www.cartacapital.com.br> 
(com adaptações). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
6 
 (CESPE/AGU) De acordo com as ideias 
apresentadas no texto, julgue os itens que se 
seguem. 
 
 1 A valorização, pelo consumidor, do 
trabalho de empresas que demonstram 
responsabilidade social e ambiental está ligada à 
conscientização desse consumidor acerca de seu 
poder de influenciar o mercado. 
 
 2 No Brasil, as pessoas tendem a 
consumir menos do que em outros países, fato 
que se verificou especialmente a partir do ano de 
2008. 
 
 3 Se compreendessem, de fato, a 
necessidade de mudança nos parâmetros de 
produção e de consumo, provavelmente os 
pesquisadores e os jornalistas levariam para os 
diversos setores da sociedade a 
responsabilidade pela redução do aquecimento 
global. 
 
 
 4 Segundo o autor, a visão que se tem de 
economia é ultrapassada porque o sistema 
econômico vai de encontro ao que se almeja no 
mundo de hoje nos aspectos social e ambiental. 
 
 5 O texto põe em xeque a atuação das 
empresas diante do cenário mundial, visto que as 
mudanças climáticas continuam acontecendo. 
 
 
 6 O conceito de consumo precisa ser 
revisto porque é ele que determina os padrões de 
consumo e que, portanto, dita as regras na hora 
de as empresas decidirem o que produzir e 
como. 
 
 7 Apenas empresas com boas práticas de 
produção, isto é, que levam em conta fatores 
sociais e ambientais, são valorizadas pelos 
consumidores. 
 
TEXTO DISSERTATIVO 
 Expõe um tema, explica, avalia, classifica, 
analisa. 
 É um tipo de texto argumentativo 
 Predominam substantivos abstratos 
denominados de temas. 
 Predominam verbos no presente do indicativo – 
nocionais. 
 
TEXTO DISSERTATIVO 
 Predomínio da linguagem objetiva. 
 Prevalece a denotação. 
 Defesa de um argumento: introduz, desenvolve e 
conclui. 
 
TEXTO NARRATIVO 
 Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, 
aponta antes, durante e depois dos 
acontecimentos. 
 É um tipo de texto seqüencial. 
 Predominam substantivos concretos 
denominados de figuras. 
 Predominam verbos no pretérito, especialmente o 
pretérito perfeito. 
 
TEXTO NARRATIVO 
 Presença de narrador, enredo, cenário, tempo. 
 O diálogo direto e o indireto são frequentes. 
 Apresentação de um conflito. Há transformações 
de estado. 
 
TEXTO DESCRITIVO 
 Expõe características dos seres ou das coisas, 
apresenta uma visão. 
 É um tipo de texto figurativo. 
 Predominam adjetivos. É um texto atributivo. 
 Predominam verbos de ligação. 
 Predomínio de atributos. 
 
TEXTO DESCRITIVO 
 Tem como resultado a imagem física ou 
psicológica. 
 Frequente emprego de metáforas, comparações 
e outras figuras. 
 
 
 Estrutura textual – construção da ideia e 
tipologia textual 
 
 A doença da pressa A “doença da 
pressa” parece acometer cada vez mais 
indivíduos no mundo atual. Não se sabe 
exatamente se as exigências da atualidade estão 
gerando esse padrão comportamental, ou se as 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
7 
pessoas que sofrem da pressa e afobação já 
nascem com essa tendência. Também existem 
estudiosos que acreditam que o modo de criação 
das crianças pode contribuir para o 
desenvolvimento dessa característica. Mas o que 
é a “doença da pressa”? 
 
 
 Trata-se de um conjunto de ações 
e emoções que inclui ambição, agressividade, 
competitividade, impaciência, tensão muscular, 
estado de alerta, fala rápida e enfática e um ritmo 
de atividade acelerado. Essas características se 
constituem em um estilo de vida que inclui muitas 
demandas, segundo o qual a pessoa está 
sempre pressionada pelo tempo, que se torna 
curto para a realização de tantas tarefas. 
 
 Muitas das pessoas acometidas 
pela “doença da pressa” passam toda a sua vida 
queixando-se de tanto trabalhar, de como 
precisam correr para dar conta de todas as suas 
atividades, reclamam da competitividade no 
trabalho, das exigências de produtividade, de 
prazos irreais, enfim, de como sua vida é difícil. 
No entanto, observa-se que, na maioria das 
vezes, são elas próprias que transformam suas 
vidas nesse corre-corre sem fim. Essas pessoas, 
portanto, costumam ser vítimas de si mesmas e 
de um estilo de vida estressante auto-produzido. 
 
 
 Normalmente, pessoas com a 
“doença da pressa” se sentem valorizadas por 
serem capazes de manter um ritmo cada vez 
mais rápido e uma intensidade cada vez maior 
nas atividades em que se engajam. Envolvem-se 
em lutar para alcançar metas, sendo super-
conscienciosas e dedicadas ao trabalho. 
 
 Costumam se esforçar para sempre se 
superarem nas tarefas, até mesmo no lazer, 
ocupando todo o seu dia com alguma tarefa e 
experimentando sentimentos de culpa quando 
estão paradas. Apesar de o mundo moderno 
estar exigindo do ser humano cada vez mais 
conhecimento, aprimoramento e dinamismo, nem 
todas as pessoas apresentam a “doença da 
pressa”. 
 
 Algumas pessoas conseguem 
manter um ritmo mais lento, serem mais 
contemplativas e planejarem suas ações, vivendo 
a vida de modo bastante diferente dos 
superapressados. No entanto, se a pessoa não 
acompanhar o ritmo exigido pela sociedade 
contemporânea, pode ter sérias dificuldades de 
adaptação, observando-se a necessidade de um 
misto de comportamentos mais apressados e 
mais lentos que devem ser acionados 
dependendo da situação. 
 
 Esse manejo é fundamental para uma boa 
qualidade de vida. 
 
(Texto adaptado de NOVAES, L. In: Com ciência. 
Revista Eletrônica de Jornalismo 
Científico – SBPC 
http://www.comciencia.br/comciencia) 
 
 
 01.(FGV – SAD/PE) A respeito da 
tipologia textual, é correto afirmar que o texto II: 
 
 (A) constitui uma dissertação 
argumentativa acerca dos malefícios da “doença 
da pressa” em relação à qualidade de vida. 
 
 (B) apresenta uma descrição da “doença 
da pressa”, porque se ocupa fundamentalmente 
de sua caracterização. 
 
 
 (C) constitui uma narração, uma vez que 
se ocupa do relato de portadores da “doença da 
pressa”, comum nos dias atuais. 
 
 (D) constitui uma dissertação 
argumentativa acerca das causas e 
consequênciasdo estresse na sociedade 
moderna. 
 
 (E) apresenta uma descrição da “doença 
da pressa”, porque defende um ponto-de-vista 
acerca das causas da referida patologia. 
 
 
 Rio Grande do Norte: a esquina do 
continente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
8 
 Os portugueses tentaram 
iniciar a colonização em 1535, mas os índios 
potiguares resistiram e os franceses invadiram. A 
ocupação portuguesa só se efetivou no final do 
século, com a fundação do Forte dos Reis Magos 
e da Vila de Natal. 
 
 O clima pouco favorável ao cultivo da 
cana levou a atividade econômica para a 
pecuária. O Estado tornou-se centro de criação 
de gado para abastecer os Estados vizinhos e 
começou a ganhar importância a extração do sal 
– hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95% 
de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra 
fonte de recursos: é o maior produtor nacional de 
petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410 
quilômetros de praias garantem um lugar 
especial para o turismo na economia estadual. 
 
 
 O litoral oriental compõe o Polo 
Costa das Dunas − com belas praias, falésias, 
dunas e o maior cajueiro do mundo –, do qual faz 
parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no 
oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: 
de um lado, a caatinga; do outro, o mar, com 
dunas, falésias e quilômetros de praias 
praticamente desertas. 
 
 A região é grande produtora de sal, 
petróleo e frutas; abriga sítios arqueológicos e 
até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em 
Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais 
importante. Além da rica história, é conhecida por 
suas águas termais, pelo artesanato reunido no 
mercado São João e pelas salinas. 
 
 
 Caicó, Currais Novos e Açari 
compõem o chamado Polo do Seridó, dominado 
pela caatinga e com sítios arqueológicos 
importantes, serras majestosas e cavernas 
misteriosas. Em Caicó há vários açudes e 
formações rochosas naturais que desafiam a 
imaginação do homem. O turismo de aventura 
encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima 
ameno e geografia formada por montanhas e 
grutas atraem os adeptos do ecoturismo. 
 
 
 Outro polo atraente é 
Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, 
rochas e lajedos nos 13 municípios que 
compõem a região. Em Santa Cruz, a subida ao 
Monte Carmelo desvenda toda a beleza do 
sertão potiguar – em breve, o local vai abrigar um 
complexo voltado principalmente para o turismo 
religioso. A vaquejada e o Arraiá do Lampião são 
as grandes atrações de Tangará, que oferece 
ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi. 
 
(Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O 
Estado de S. 
Paulo). 
 
 
 02.(FCC – TRE/RN) O texto se estrutura 
notadamente 
 
 (A) sob forma narrativa, de início, e 
descritiva, a seguir, visando a despertar interesse 
turístico para as atrações que o Estado oferece. 
 
 (B) de forma instrucional, como orientação 
a eventuais viajantes que se disponham a 
conhecer a região, apresentando-lhes uma 
ordem preferencial de visitação. 
 
 
 (C) com o objetivo de esclarecer alguns 
aspectos cronológicos do processo histórico de 
formação do Estado e de suas bases 
econômicas, desde a época da colonização. 
 
 (D) como uma crônica baseada em 
aspectos históricos, em que se apresentam 
tópicos que salientam as formações geográficas 
do Estado. 
 
 (E) de maneira dissertativa, em que se 
discutem as várias divisões regionais do Estado 
com a finalidade de comprovar qual delas se 
apresenta como a mais bela. 
 
 
 Humes observou certa vez que a 
civilização humana como um todo subsiste 
porque “uma geração não abandona de vez o 
palco e outra triunfa, como acontece com as 
larvas e as borboletas”. Em algumas guinadas da 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
9 
história, porém, em alguns picos críticos, pode 
caber a uma geração um destino parecido com o 
das larvas e borboletas. Pois o declínio do velho 
e o nascimento do novo não são 
necessariamente ininterruptos; 
 
 entre as gerações, entre os que, por uma 
razão ou outra, ainda pertencem ao velho e os 
que pressentem a catástrofe nos próprios ossos 
ou já cresceram com ela [...] está rompida a 
continuidade e surge um “espaço vazio”, espécie 
de terra de ninguém histórica, que só pode ser 
descrita em termos de “não mais e ainda não”. 
Na Europa, essa absoluta quebra de 
continuidade ocorreu durante e após a Primeira 
Guerra Mundial. 
 
 
 É essa ruptura que dá um fundo de 
verdade a todo o falatório dos intelectuais, 
geralmente na boca dos “reacionários”, sobre o 
declínio necessário da civilização ocidental ou a 
famosa geração perdida, tornando-se, portanto, 
muito mais atraente do que a banalidade do 
pensamento “liberal”, que nos apresenta a 
alternativa de avançar ou recuar, a qual parece 
tão desprovida de sentido justamente porque 
ainda pressupõe uma linha de continuidade sem 
interrupções. 
 
(ARENDT, Hannah. “Não mais e ainda não”. In 
Compreender: formação, exílio e totalitarismo. 
Ensaios (1930-1954). São Paulo: Companhia das 
Letras; Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008, p. 187) 
 
 
 
 03.(FCC – Oficial de Chancelaria) Na 
organização do texto, a autora: 
 
 (A) toma como tema certo pensamento de 
Humes, que detalha para convencer o leitor 
sobre esta compreensão que ela tem do que seja 
a civilização: “A natureza não dá saltos”. 
 
 (B) vale-se de Humes como argumento de 
autoridade, considerando irretorquível o 
pensamento citado. 
 
 
 (C) tira proveito da constatação de 
Humes, de caráter universal, para ratificá-la no 
plano mais particular que ela aborda no seu 
discurso. 
 
 (D) cita Humes porque a comparação que 
ele faz entre os homens e os animais se aplica, 
ipsis litteris, à concepção que ela tem acerca do 
que ocorre com gerações em momentos críticos. 
 
 (E) refere comentário do filósofo Humes e 
o desconstrói, pois o desfaz para reconstruí-lo 
em outras bases. 
 
 
Informalidade reconfigurada 
 
 As atividades informais têm sido 
tradicionalmente identificadas no Brasil como as 
práticas de trabalho mais relacionadasà luta pela 
sobrevivência. Na maior parte das vezes, trata-se 
de um conjunto expressivo da população que se 
encontra excluída das regras formais de proteção 
social e trabalhista. 
 
 
 Salvo períodos conjunturais determinados 
de desaceleração econômica, quando o 
segmento informal funcionava como uma espécie 
de colchão amortecedor da temporária situação 
de desemprego aberto, percebia-se que a 
informalidade era uma das poucas possibilidades 
de os segmentos vulneráveis se inserirem no 
mercado de trabalho. Por não impor praticamente 
nenhuma barreira à entrada, o trabalho informal 
representaria uma atividade laboral que também 
poderia compreender a transição para o emprego 
assalariado formal. 
 
 O trabalho informal submete-se à 
baixa remuneração e à vulnerabilidade de quem 
não conta com a aposentadoria na velhice, a 
pensão para o acidente de trabalho, o seguro 
para o desemprego, o piso oficial para a menor 
remuneração, a representação sindical, entre 
outras regras de proteção. Pelo menos durante o 
ciclo da industrialização nacional (1930-80), a 
informalidade foi sendo drasticamente reduzida. 
A força do assalariamento com carteira assinada, 
decorrente de taxas de crescimento econômico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
10 
com média anual de 7%, foi a principal 
responsável pela queda do trabalho informal. 
 
 
 Apesar disso, o Brasil ingressou na 
década de 1980 com cerca de 1/3 do total dos 
ocupados ainda submetidos às atividades 
informais. Com o abandono da condição de 
rápido e sustentado crescimento econômico, o 
mercado de trabalho sofreuuma importante 
inflexão. O desemprego aberto vem crescendo, e 
com ele a ocupação informal. Em vinte anos, o 
Brasil gerou um contingente adicional de 13,1 
milhões de postos de trabalho não assalariados 
(40% do total de novos postos de trabalho). 
 
 No mesmo período de tempo, a 
informalidade cresceu mais no meio urbano, uma 
vez que o setor rural continuou a expulsar mão 
de obra. 
 
 (Adaptado de Marcio Pochmann, revista 
Forum) 
 
 04.(FCC – SEFAZ/SP – APOF 2010) Em 
seu conjunto, o texto constitui uma: 
 
 (A) análise mercadológica pela qual se 
revelam as causas de exclusão do trabalhador do 
mercado informal de trabalho. 
 
 (B) minuciosa exposição das causas que 
levaram ao crescimento do trabalho informal no 
Brasil, nas últimas duas décadas. 
 
 
 (C) constatação objetiva da retração da 
informalidade no mercado de trabalho, a partir da 
década de 1980. 
 
 (D) verificação da crescente instabilidade 
do setor industrial e seus efeitos no campo do 
trabalho assalariado. 
 
 (E) exposição de fatos e dados 
estatísticos que identificam tendências do 
mercado de trabalho no Brasil. 
 
 
 05-(ESAF – TRF) Assinale a opção em 
desacordo com as idéias do texto. 
 
 Não mais se conta com um eixo filosófico 
ou religioso sobre o qual girem as ciências, as 
técnicas e até mesmo a organização social. 
Como adverte Edgar Morin, a ciência também 
produz a ignorância, uma vez que as 
especializações caminham para fora dos grandes 
contextos reais, das realidades complexas. 
 
 
 Paradoxalmente, cada avanço 
unidirecional dos conhecimentos científicos 
produz mais desorientação e perplexidade na 
esfera das ações a implementar, para as quais se 
pressupõem acerto e segurança. Vivemos em 
uma nebulosa, que não é a via-láctea 
deslocando-se no espaço cósmico e explicável 
pela astronomia, mas em uma nebulosa 
provocada pela falta de contornos definidos para 
o saber, para a razão e, na prática, para as 
decisões fundamentais. 
 
 Afinal, o que significa tudo isso para a 
felicidade das pessoas e o destino último da 
sociedade? 
 
(José de Ávila Aguiar Coimbra, Fronteiras da 
Ética, São 
Paulo: Senac, 2002, p. 27) 
 
 
 a) O eixo filosófico ou religioso sobre o 
qual giravam as ciências, as técnicas e até 
mesmo a organização social não está mais 
disponível. 
 
 b) Como as especializações se desviam 
dos grandes contextos reais e das realidades 
complexas, a ciência também produz ignorância. 
 
 c) Se o avanço dos conhecimentos é 
unidirecional, produz-se desorientação e 
perplexidade nas ações para as quais acerto e 
segurança são pressupostos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
11 
 d) A falta de contornos definidos para o 
saber é provocada pela razão e pelas decisões 
fundamentais da prática. 
 
 e) A nuvem de matéria interestelar em que 
vivemos, que se desloca no espaço cósmico, é 
explicável pela astronomia. 
 
 
 Livros e política 
 A premiação do turco Orhan 
Pamuk com o Nobel de Literatura deste ano é 
uma veemente declaração do comitê que 
concede o prêmio em favor da liberdade de 
expressão. 
 A Turquia nutre o objetivo de ser 
aceita na União Européia. A fim de aproximar seu 
padrão institucional do europeu, os turcos, entre 
outras ações, já aboliram a pena de morte, 
acabaram com os privilégios dos homens na 
escola e encaminharam uma ampla reforma do 
Judiciário. 
 
 
 O escritor é um dos intelectuais 
que ousaram questionar o status quo na Turquia, 
que, contra as evidências históricas, nega que 
tenha havido uma campanha de “limpeza étnica” 
contra a minoria armênia. De acordo com as leis 
do país, insultar as instituições ou a identidade 
turca é crime punível com cadeia − e Pamuk foi 
processado por isso. 
 
 
 A escolha do comitê faz sentido. 
Pena que a láurea tenha sido anunciada no 
mesmo dia em que a Assembléia da França 
aprovou projeto que torna crime negar o 
genocídio armênio. Os fins dos deputados 
franceses são justos, mas os meios acabam por 
criminalizar a palavra e a opinião − justamente o 
que se quer combater, com razão, na Turquia. 
(Folha de S. Paulo, editorial, 15/10/06) 
 
 
 06.(FCC – TCE/PB) A relação indicada no 
título Livros e política esclarece-se, ao longo do 
texto, como uma: 
 
 (A) oposição já histórica entre os objetivos 
da literatura e os da política. 
 
 (B) tentativa de estabelecimento, na 
Turquia, de uma política editorial eficaz. 
 
 
 (C) associação do prestígio de um escritor 
à discussão de um fato político a ele vinculado. 
 
 (D) dissociação entre a função estética da 
literatura e o momento histórico-cultural. 
 
 (E) inclusão da política literária de um país 
no concerto das nações européias. 
 
 
 Texto 
 
 Os mitólogos costumam chamar de 
imagens de mundo certas estruturas simbólicas 
pelas quais, em todas as épocas, as diferentes 
sociedades humanas fundamentaram, tanto 
coletiva quanto individualmente, a experiência do 
existir. Ao longo da história, essas constelações 
de idéias foram geradas quer pelas tradições 
étnicas, locais, de cada povo, quer pelos grandes 
sistemas religiosos. 
 
 No Ocidente, contudo, desde os últimos 
três séculos uma outra prática de pensamento 
veio se acrescentar a estes modos tradicionais 
na função de elaborar as bases de nossas 
experiências concretas de vida: a ciência. Com 
efeito, a partir da revolução científica do 
Renascimento as ciências naturais passaram a 
contribuir de modo cada vez mais decisivo para a 
formulação das categorias que a cultura ocidental 
empregará para compreender a realidade e agir 
sobre ela. 
 
 
 Mas os saberes científicos têm 
uma característica inescapável: os enunciados 
que produzem são necessariamente provisórios, 
estão sempre sujeitos à superação e à 
renovação. Outros exercícios do espírito humano, 
como a cogitação filosófica, a inspiração poética 
ou a exaltação mística poderão talvez aspirar a 
pronunciar verdades últimas; as ciências só 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
12 
podem pretender formular verdades transitórias, 
sempre inacabadas. 
 
 Ernesto Sábato assinala com precisão 
que todas as vezes que se pretendeu elevar um 
enunciado científico à condição de dogma, de 
verdade final e cabal, um pouco mais à frente a 
própria continuidade da aplicação do método 
científico invariavelmente acabou por demonstrar 
que tal dogma não passava senão... de um 
equívoco. Não há exemplo melhor deste tipo de 
superstição que o estatuto da noção de raça no 
nazismo. 
 
(Luiz Alberto Oliveira. “Valores deslizantes: 
esboço de um ensaio 
sobre técnica e poder”, In O avesso da liberdade. 
Adauto 
Novaes (Org). São Paulo: Companhia das Letras, 
2002. p. 191) 
 
 
 07.(FCC – MPU – Analista Judiciário) É 
correto afirmar: 
 
 (A) Infere-se do texto que os distintos 
discursos – religioso, filosófico, artístico, científico 
–, quando formalizam, cada um a seu modo, os 
dogmas da humanidade, na verdade estão 
conscientemente burlando o espírito que orienta 
cada específica prática. 
 
 (B) O texto demonstra que superstições 
surgem nos mais diversos campos do 
conhecimento, e são elas que, através do tempo, 
configuram o estatuto do humano. 
 
 (C) O texto esclarece que é uma 
pretensão imprópria aspirar a conquistas que, 
duradouras, podem acabar por se constituir em 
meros passos de um trajeto insuperável. 
 
 (D) Seria coerente com as idéias 
expressas no texto o seguinte comentário, 
suscitado pelo exemplo dado: "O nazismo, por 
mais assustador que seja o fato, não foi isento de 
racionalidade". 
 
 
 
 
 (E) No texto exprime-se o entendimento 
de que é comum a várias práticas de 
pensamento, excluindo-se o mítico, defender que 
o espíritohumano é capaz de atingir o saber 
pleno. 
 
 Os vadios eram um grupo infrator 
caracterizado, antes de mais nada, por sua forma 
de vida. Era o fato de não fazerem nada, ou de 
nada fazerem de forma sistemática, que os 
tornava suspeitos ante a parte bem organizada 
da sociedade. Por não terem laços – a família, 
domicílio certo, vínculo empregatício –, 
constituíam um grupo fluido e indistinto, difícil de 
controlar e até mesmo de enquadrar. 
 
 Passados os primeiros tempos dos 
descobertos auríferos, quando, como disse o 
jesuíta Antonil, os arraiais foram “móveis como os 
filhos de Israel no deserto”, a itinerância passou a 
ser cada vez mais tolerada. Em 1766 surge 
contra os vadios das Minas a primeira investida 
oficial de que se tem notícia: uma carta régia 
dirigida em 22 de julho ao governador Luís Diogo 
Lobo da Silva, e incisiva na condenação da 
itinerância de vadios e da forma peculiar de vida 
que escolhiam. 
 
 Tais homens, dizia o documento, vivem 
separados do convívio da sociedade civil, 
enfiados nos sertões, em domicílios volantes, ou 
seja, sem residência fixa. Isto não podia ser 
tolerado, e deveriam passar a viver em 
povoações que tivessem mais de cinqüenta 
casas e o aparelho administrativo de praxe nas 
vilas coloniais: juiz ordinário, vereadores etc. 
 
 
 Uma vez estabelecidos, ser-lhes-iam 
distribuídas terras adjacentes ao povoado para 
que as cultivassem, e os que assim não 
procedessem seriam presos e tratados como 
salteadores de caminhos e inimigos comuns. 
 
(Laura de Mello e Souza. “Tensões sociais em 
Minas na segunda 
metade do século XVIII”, In Tempo e história, org. 
Adauto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
13 
Novaes. São Paulo: Companhia das 
Letras/Secretaria Municipal da 
Cultura, 1992. p. 358-359) 
 
 
 08.(FCC – MPU – Analista Judiciário) No 
texto, o autor: 
 
 (A) põe em foco um determinado estrato 
social, particularizando uma tentativa de 
disciplinamento oficial. 
 
 (B) desenvolve considerações minuciosas 
a respeito do tema central de seu discurso: a 
carta de Luís Diogo Lobo da Silva. 
 
 
 (C) narra um específico episódio ocorrido 
em Minas, tomado como exemplo do que se 
pode esperar da ação de grupo de infratores. 
 
 (D) lança hipóteses sobre as causas de 
um determinado comportamento social, depois 
de caracterizá-lo a partir da teoria de 
pesquisadores, religiosos ou não. 
 
 (E) toma os dados de pesquisa histórica 
como apoio para expressar e justificar o seu 
próprio juízo de valor acerca de infratores. 
 
 
 No século XIX, enfatizou-se, nos 
mais diversos domínios, a busca de explicações 
sobre as origens — dos homens, das 
sociedades, das nações. Foi dentro desse quadro 
que se procurou conhecer e dar sentido 
explicativo ao Brasil, enfatizando-se ora aspectos 
selvagens e naturais, ora aspectos civilizados — 
civilização versus barbárie. À natureza se 
conferiu papel importante nas representações 
que foram sendo elaboradas ao longo de sua 
história — natureza em grande parte tropical, 
que, ao mesmo tempo em que seduz, 
desconcerta. 
 
 Ora, se o mundo civilizado é visto como 
distante e pensado como contraponto ao mundo 
natural, o Brasil, consideradas a sua natureza e a 
sua população em meio a essa natureza, 
encontrava-se perigosamente afastado da 
civilização. 
 
 
 O ponto de partida desse enfoque 
tomou como contraposição dominante os polos 
estabelecidos a partir de cidade e campo — luz e 
treva, civilização e barbárie, oposição que faz 
parte, também, de um contexto mais amplo, com 
a identificação da cidade com técnica e 
artificialidade —, a cidade como expressão do 
maior domínio da natureza pelo homem, espaço 
diferenciado, destinado ao exercício da civilidade; 
o campo como símbolo da rusticidade, do não 
inteiramente civilizado, espaço intermediário 
entre a civilização e o mundo natural 
propriamente dito. 
 
 Ora, se o campo se encontra mais perto 
do natural, pode ser associado à paz, à 
inocência, à virtude, a cidade, então, por sua vez, 
seria a expressão de “barbárie” — e isso deriva 
do entrelaçamento de significados que podem ser 
atribuídos aos qualificativos, ou seja, aos polos, a 
depender do sentido que se lhes atribui ou ao 
sentimento a eles associado, ou, ainda, ao que 
está, momentaneamente, sendo entrevisto. 
 
 
 As formas de representação 
realizam outras mediações, constituem outras 
projeções e, carregadas de dubiedade e 
ambivalência, podem alcançar o homem (cidade 
versus campo; intelecto versus coração; razão 
versus sensibilidade), o povo, a Nação. No 
século XIX, o Brasil foi representado como um 
verdadeiro caleidoscópio. 
 
 
 09.(CESPE – TRT/21ª) Mesmo relatando 
aspectos subjetivos, o que é feito a partir de um 
enfoque classificatório ou tipológico, embasado 
em aspectos históricos e literários, o texto se 
apresenta essencialmente objetivo. 
 
 Estrutura textual – recursos 
argumentativos 
 
 Leia o texto para responder à questão 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
14 
 A revolução da informação, o fim da 
guerra fria – com a decorrente hegemonia de 
uma superpotência única – e a 
internacionalização da economia impuseram um 
novo equilíbrio de forças nas relações humanas e 
sociais que parece jogar por terra as antigas 
aspirações de solidariedade e justiça distributiva 
entre os homens, tão presentes nos sonhos, 
utopias e projetos políticos nos últimos dois 
séculos. 
 
 Ao contrário: o novo modelo – cuja 
arrogância chegou ao extremo de considerar-se o 
ponto final, senão culminante, da história – 
promove uma brutal concentração de renda em 
âmbito mundial, multiplicando a desigualdade e 
banalizando de maneira assustadora a perversão 
social. 
 
(Ari Roitman, O desafio ético, com adaptações) 
 
 
 01- (ESAF – AFTN)- Nos itens abaixo, 
trechos do texto foram reescritos. Assinale a 
opção em que as idéias, ou a argumentação, do 
texto não foram respeitadas. 
 
 a) Parece que destruir antigas aspirações 
de solidariedade e justiça distributiva é fruto da 
arrogância a que chegou o ponto final da história 
nos últimos dois séculos: os homens presentes 
na nova utopia têm diferentes projetos políticos. 
 
 
 
 b) Um novo equilíbrio de forças nas 
relações humanas e sociais surgiu a partir de três 
fatores: a revolução da informação, o fim da 
guerra fria e a internacionalização da economia. 
 
 c) Como conseqüência do fim da guerra 
fria houve hegemonia de uma superpotência 
única e um novo equilíbrio de forças – também 
ligado a outros fatores – nas relações humanas e 
sociais. 
 
 
 d) Nos últimos dois séculos, estiveram 
presentes nos sonhos, utopias e projetos 
políticos antigas aspirações de solidariedade e 
justiça que parecem estar em risco com o 
surgimento de um novo equilíbrio de forças nas 
relações humanas e sociais. 
 
 e) Uma brutal concentração de renda em 
âmbito mundial vem com um novo equilíbrio de 
forças nas relações humanas e sociais; têm-se, 
conseqüentemente, uma banalização da 
perversão social com a multiplicação da 
desigualdade. 
 
 
 Texto para a próxima questão 
 
 É urgentemente necessário criar critérios 
objetivos para a seleção de projetos, obrigando a 
autoridade pública a comprovar o atendimento a 
critérios mínimos de interesse público, de 
viabilidade econômico-. financeira, de equilíbrio 
social e ambiental e de agregação de valor. 
 
 Diante da realidade federativa do Brasil, é 
de se esperar também que o governo federal 
tenha uma visão ampla e generosa do papel 
central que deve exercer, no incentivo às boas 
práticas de planejamento e implantação de 
projetos. Essas inquietações surgem porque 
ações prepósteras do governo podem gerar errosgraves na condução de programas de Parcerias 
Público-Privadas (PPP). 
 
 
 Reverter erros em PPP – que se 
verificam na experiência internacional – pode 
custar muito caro ao país e a frustração 
decorrente pode inviabilizar mudança cultural tão 
necessária. 
 
(Rubens Teixeira Alves & Leonardo Grilo. PPP – 
uma lei só 
não faz verão. Correio Braziliense, 25 de julho de 
2005, com 
adaptações) 
 
 
 02-(ESAF – AFRFB) A argumentação 
textual está organizada em torno da seguinte 
relação de condicionalidade: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
15 
 a) Não haverá realidade federativa se o 
governo federal não tiver uma visão ampla e 
generosa do seu papel central de incentivador 
das boas práticas de planejamento e implantação 
de projetos. 
 
 
 
 b) Se ações proteladoras do governo 
gerarem inquietações que ocasionem erros 
graves na condução de programas de PPPs, 
poderá ser inviabilizada a mudança cultural por 
eles pretendida. 
 
 c) Será urgentemente necessário criar 
critérios objetivos para a seleção de projetos, se 
for verificada na experiência internacional que 
reverter erros nas PPPs pode custar caro. 
 
 
 
 d) Erros graves na condução de PPPs 
podem custar caro ao país, se não forem criados 
critérios objetivos para a seleção de projetos e a 
autoridade pública não comprovar o atendimento 
a critérios mínimos. 
 
 e) Se custar muito caro ao país a 
frustração decorrente de más práticas de 
planejamento e implantação de projetos, poderá 
ser inviabilizada a mudança cultural tão 
necessária para a implantação das PPPs. 
 
 
 03. (ESAF) Assinale a opção que não 
representa ilustração confirmatória da tese do 
texto. 
 
 Brasileiros e latino-americanos fazemos 
constantemente a experiência do caráter postiço, 
inautêntico, imitado da vida cultural que levamos. 
Essa experiência tem sido um dado formador de 
nossa reflexão crítica desde os tempos da 
Independência. 
 
 Ela pode ser e foi interpretada de muitas 
maneiras, por românticos, naturalistas, 
modernistas, esquerda, direita, cosmopolitas, 
nacionalistas etc., o que faz supor que 
corresponda a um problema durável e de fundo. 
Antes de arriscar uma explicação a mais, 
digamos portanto que o mencionado mal-estar é 
um fato. As suas manifestações cotidianas vão 
do inofensivo ao horripilante. 
 
(SCHWARZ, Roberto, Cultura e política, p. 108) 
 
 
 a) Papai Noel enfrentando a canícula em 
roupa de esquimó configura uma inadequação 
cultural. 
 
 b) Da ótica de um tradicionalista, a 
guitarra elétrica no país do samba é um 
despropósito. 
 
 c) Entre os representantes do regime de 
64, era comum dizer que o povo brasileiro é 
despreparado e que democracia aqui não 
passava de uma impropriedade. 
 
 
 d) Os brasileiros souberam associar o 
clima tropical a um inusitado estilo de vida, em 
que se conjugam pouca roupa, muita 
sensualidade e alegria. 
 
 e) No século XIX comentava-se o abismo 
entre a fachada liberal do Império, calçada no 
parlamentarismo inglês, e o regime de trabalho 
efetivo, que era escravo. 
 
 
 Os teóricos, ao dizerem que os 
indivíduos são cronicamente insatisfeitos porque 
são consumistas, não estão constatando um fato, 
mas emitindo um julgamento moral, isto é, a 
satisfação psicológica obtida com a compra de 
objetos é interpretada como insatisfação, porque 
seria um tipo de realização emocional espúrio. 
 
 Em outras palavras, supõe-se que existe 
uma forma mais nobre de satisfação emocional 
que se perderia no contato com o mundo dos 
artefatos, ou então, como nos autores de 
orientação marxista, que a insatisfação é 
inevitável quando o sujeito é expropriado do que 
ele próprio produz e coagido a comprar os 
objetos produzidos pelos proprietários do capital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
16 
 Em suma, pode existir satisfação com os 
objetos de uso, mas, não, com os de troca, ou 
seja, com a mercadoria. 
 
(Texto adaptado de Jurandir Freire Costa. "O 
vestígio e a 
aura: corpo e consumismo na moral do 
espetáculo", p.203) 
 
 
 04. (ESAF) Assinale a afirmativa que está 
de acordo com o que argumenta o autor do texto. 
 
 a) Na análise do ser humano e de sua 
conduta pessoal e social, deve haver mais rigor, 
para que não prevaleçam as crenças e os fatos 
sejam examinados com objetividade. 
 
 b) Aqueles que criticam as leis de 
mercado, como os marxistas, por exemplo, 
elaboram análises equivocadas a respeito dos 
estados psicológicos do ser humano. 
 
 
 
 c) É verdadeiro o pressuposto de que é 
espúria a satisfação emocional resultante da 
compra de objetos, mas a relação de causa e 
efeito entre esses dois fatos é falsa. 
 
 d) A mercadoria, vilã da satisfação plena 
do indivíduo, é referida por grande parte dos 
teóricos como a forma mais nobre de satisfação 
emocional. 
 
 
 e) Os teóricos não estariam emitindo 
julgamento de valor se, ao contrário do que 
afirmam sobre a insatisfação crônica dos 
indivíduos, declarassem que, apesar de 
insatisfeitos, os indivíduos continuam 
consumistas. 
 
 
 Os vadios eram um grupo infrator 
caracterizado, antes de mais nada, por sua forma 
de vida. Era o fato de não fazerem nada, ou de 
nada fazerem de forma sistemática, que os 
tornava suspeitos ante a parte bem organizada 
da sociedade. Por não terem laços – a família, 
domicílio certo, vínculo empregatício –, 
constituíam um grupo fluido e indistinto, difícil de 
controlar e até mesmo de enquadrar. 
 
 Passados os primeiros tempos dos 
descobertos auríferos, quando, como disse o 
jesuíta Antonil, os arraiais foram “móveis como os 
filhos de Israel no deserto”, a itinerância passou a 
ser cada vez mais tolerada. Em 1766 surge 
contra os vadios das Minas a primeira investida 
oficial de que se tem notícia: uma carta régia 
dirigida em 22 de julho ao governador Luís Diogo 
Lobo da Silva, e incisiva na condenação da 
itinerância de vadios e da forma peculiar de vida 
que escolhiam. 
 
 
 Tais homens, dizia o documento, vivem 
separados do convívio da sociedade civil, 
enfiados nos sertões, em domicílios volantes, ou 
seja, sem residência fixa. Isto não podia ser 
tolerado, e deveriam passar a viver em 
povoações que tivessem mais de cinqüenta 
casas e o aparelho administrativo de praxe nas 
vilas coloniais: juiz ordinário, vereadores etc. 
 
 Uma vez estabelecidos, ser-lhes-iam 
distribuídas terras adjacentes ao povoado para 
que as cultivassem, e os que assim não 
procedessem seriam presos e tratados como 
salteadores de caminhos e inimigos comuns. 
 
(Laura de Mello e Souza. “Tensões sociais em 
Minas na segunda 
metade do século XVIII”, In Tempo e história, org. 
Adauto 
Novaes. São Paulo: Companhia das 
Letras/Secretaria Municipal da 
Cultura, 1992. p. 358-359) 
 
 05.(FCC – MPU – Analista Judiciário) 
Considere as afirmações que seguem sobre a 
organização do texto. 
 
 I. No processo de argumentação, o autor 
valeu-se de testemunho autorizado. 
 II. A fala do jesuíta constitui argumento 
para a consolidação da idéia de que a itinerância 
passou a ser cada vez mais tolerada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
17 
 III. A data de 1766 foi citada como 
comprovação explícita de que o rei era realmente 
signatário da carta. 
 
 
 Está correto o que se afirma SOMENTE 
em: 
 
 (A) I. 
 (B) II. 
 (C) III. 
 (D) I e II. 
 (E) II e III. 
 
 
 
 Estrutura textual – compreensão de 
excertos de um texto 
 
Informalidade reconfigurada 
 
 As atividades informais têm sido 
tradicionalmente identificadas no Brasil como as 
práticas de trabalho mais relacionadasà luta pela 
sobrevivência. Na maior parte das vezes, trata-sede um conjunto expressivo da população que se 
encontra excluída das regras formais de proteção 
social e trabalhista. 
 
 Salvo períodos conjunturais determinados 
de desaceleração econômica, quando o 
segmento informal funcionava como uma espécie 
de colchão amortecedor da temporária situação 
de desemprego aberto, percebia-se que a 
informalidade era uma das poucas possibilidades 
de os segmentos vulneráveis se inserirem no 
mercado de trabalho. Por não impor praticamente 
nenhuma barreira à entrada, o trabalho informal 
representaria uma atividade laboral que também 
poderia compreender a transição para o emprego 
assalariado formal. 
 
 
 O trabalho informal submete-se à 
baixa remuneração e à vulnerabilidade de quem 
não conta com a aposentadoria na velhice, a 
pensão para o acidente de trabalho, o seguro 
para o desemprego, o piso oficial para a menor 
remuneração, a representação sindical, entre 
outras regras de proteção. Pelo menos durante o 
ciclo da industrialização nacional (1930-80), a 
informalidade foi sendo drasticamente reduzida. 
 
 
 A força do assalariamento com carteira 
assinada, decorrente de taxas de crescimento 
econômico com média anual de 7%, foi a 
principal responsável pela queda do trabalho 
informal. 
 Apesar disso, o Brasil ingressou na 
década de 1980 com cerca de 1/3 do total dos 
ocupados ainda submetidos às atividades 
informais. Com o abandono da condição de 
rápido e sustentado crescimento econômico, o 
mercado de trabalho sofreu uma importante 
inflexão. 
 
 O desemprego aberto vem crescendo, e 
com ele a ocupação informal. Em vinte anos, o 
Brasil gerou um contingente adicional de 13,1 
milhões de postos de trabalho não assalariados 
(40% do total de novos postos de trabalho). No 
mesmo período de tempo, a informalidade 
cresceu mais no meio urbano, uma vez que o 
setor rural continuou a expulsar mão de obra. 
(Adaptado de Marcio Pochmann, revista Forum) 
 
 
 01.(FCC – SEFAZ/SP – APOF 2010) 
Atente para as seguintes afirmações: 
 
 I. No 1o parágrafo, considera-se que a 
informalidade é uma atividade laboral que 
compensa a falta de proteção social e trabalhista, 
garantida no trabalho formal. 
 II. No 2o parágrafo, admite-se que a 
industrialização nacional permitiu o acesso de 
mais trabalhadores às garantias e aos direitos do 
trabalho assalariado. 
 III. No 3o parágrafo, adverte-se que a 
ocupação informal crescerá ainda mais, caso se 
altere a tendência de expulsão da mão de obra 
do setor rural. 
 
 
 Em relação ao texto, está correto o que se 
afirma em: 
 
 (A) II, apenas. 
 (B) I e II, apenas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
18 
 (C) I, II e III. 
 (D) I e III, apenas. 
 (E) II e III, apenas. 
 
 
 02.(FCC – SEFAZ/SP – APOF 2010) 
Considerando-se o contexto, traduz-se 
adequadamente o sentido de um segmento em: 
 
 (A) gerou um contingente adicional (3o 
parágrafo) = ensejou um aumento circunstancial. 
 (B) excluída das regras formais (1o 
parágrafo) = à revelia de parâmetros mais 
estáveis. 
 
 
 (C) Salvo períodos conjunturais (1o 
parágrafo) = afora momentos circunstanciais. 
 
 (D) foi sendo drasticamente reduzida (2o 
parágrafo) = foi sofrendo quedas incipientes. 
 
 (E) sofreu uma importante inflexão (3o 
parágrafo) = absorveu significativa influência. 
 
 
A aproximação das duas Américas 
 
 Ufano-me de falar nesta instituição, 
digna da cidade que, pelo seu crescimento 
gigantesco, vem assombrando o mundo como a 
mais avançada de todas as estações 
experimentais de americanização. Em Chicago, 
melhor do que em qualquer outro ponto, pode-se 
acompanhar o processo sumário que usais para 
conseguir, de plantas alienígenas, ao fim de curto 
estágio de aclimação, frutos genuinamente 
americanos. 
 
 Aqui estamos em frente de uma das 
cancelas do mundo, por onde vêm entrando 
novas concepções sociais, novas formas de vida 
e que é uma das fontes da civilização moderna. 
O tributo à ciência do qual nasceu esta 
universidade foi o mais benfazejo emprego de 
uma fortuna dedicada à humanidade. Aumentar a 
velocidade com que cresce a ciência é de longe o 
maior serviço que se poderia prestar à raça 
humana. 
 A própria religião não teria o poder de 
trazer à terra o reino de Deus sem o auxílio da 
ciência, na época de progresso que se anuncia e 
de que não podemos ainda fazer ideia. 
Aumentando o número de homens capazes de 
manejar os delicados instrumentos da ciência, de 
compreender-lhes as várias linguagens e de 
aproveitar-lhes os mais altos sentidos, as 
universidades trabalham mais depressa que 
qualquer outro fator para esse dia de adiantados 
conhecimentos que, no futuro, hão de 
transformar por completo a condição humana. 
 
(Conferência pronunciada por Joaquim Nabuco a 
28 de agosto de 1908 na Universidade de 
Chicago. Essencial Joaquim Nabuco. 
Organização e introdução de Evaldo Cabral de 
Mello. São Paulo: Penguin Classics, Companhia 
das Letras, 2010, p. 548) 
 
 
 03.(FCC – TRF 1ª Região) O autor, ao 
empregar o segmento: 
 
 (A) às estações experimentais de 
americanização, revela entender que o norte-
americano, à época, ainda não tinha 
desenvolvido o sentimento de nacionalidade. 
 
 (B) melhor do que em qualquer outro 
ponto, nega a possibilidade de que haja mais de 
uma estação americana em que se produzam 
frutos genuinamente nacionais. 
 
 
 (C) pode-se acompanhar o processo 
sumário, insinua crítica ao processo citado, por 
não respeitar o necessário protocolo. 
 
 (D) para conseguir, de plantas 
alienígenas, ao fim de curto estágio de 
aclimação, frutos genuinamente americanos, 
exemplifica o que concebe por americanização. 
 
 (E) estamos em frente de uma das 
cancelas do mundo, advoga para Chicago a 
legítima autoridade para acatar ou condenar uma 
conquista científica americana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
19 
 Leia o seguinte texto para responder à 
próxima questão. 
 
 O cérebro humano é um órgão que 
absorve quase 
 25% da glicose que consumimos e 20% 
do oxigênio 
 que respiramos. Carregar neurônios ou 
sinapses 
 que interligam os neurônios em demasia é 
uma 
05 desvantagem evolutiva, e não uma vantagem, 
 como se costuma afirmar. 
 
 
 Todos nós nascemos com muito mais 
sinapses 
 do que precisamos. Aqueles que nascem 
em 
 ambientes seguros e tranqüilos vão 
perdendo 
10essas sinapses, fenômeno chamado de 
regressão 
 sináptica. 
 
 
 Portanto, toda criança nasce com 
inteligência, mas 
 aquelas que não a usam vão perdendo-a 
com o 
 tempo. Estimular o cérebro da criança 
desde cedo 
15 é uma das tarefas mais importantes de 
toda mãe e 
 de todo pai modernos. 
 
(Stephen Kanitz, A favor dos videogames, Veja, 
12 de 
outubro, 2005, com adaptações) 
 
 
 04.(ESAF) De acordo com o texto, 
constitui uma “desvantagem evolutiva” (l.5): 
 
 a) levar o cérebro a consumir mais glicose 
do que oxigênio. 
 
 b) sobrecarregar de sinapses e neurônios 
cérebros que não se conectam. 
 
 
 c) perder sinapses que não são 
desenvolvidas quando a criança cresce em 
ambientes seguros e tranqüilos. 
 
 d) não nascer com inteligência necessária 
para evitar o fenômeno da regressão sináptica. 
 
 e) ter uma educação que se diz moderna, 
mas que retira dos pais a tarefa de educar os 
filhos. 
 
 
 A tirania da experiência 
 Acompanhei as dificuldades de um 
jovem que, ao terminar sua formação, saiu à 
procura de um emprego. Ele esbarrou em 
recusas que só os jovens recebem. Os 
entrevistadores apreciavam seu diploma, 
gostavam de sua apresentação e perguntavam: 
“Você tem experiência?”. 
 
 Meu jovem amigo sentia-se num círculo 
vicioso: era rechaçado por falta de uma 
experiência que nunca poderiaadquirir, pois não 
conseguia emprego justamente porque lhe 
faltava experiência. 
 Parece um pretexto para condenar 
os jovens a um salário simbólico. Eternos 
estagiários, eles seriam obrigados a trocar seu 
trabalho pelo “privilégio” de aprender o ofício. 
Mas não é só isso: nossa cultura, em princípio, 
venera a experiência. 
 
 
 Salvo em momentos nostálgicos, 
duvidamos das sabedorias sagradas ou 
ancestrais. Preferimos confiar e acreditar nas 
coisas em que podemos colocar o dedo e o nariz. 
A autoridade, em suma, abandonou a tradição e 
veio para a experiência. 
 
 Se sou um adolescente, como 
afirmo minha liberdade? Sou obrigado a me 
aventurar em terrenos completamente novos. 
Para me esquivar da autoridade dos pais e dos 
adultos, tento fazer algo que não esteja no 
campo de experiências dos que me precederam. 
A novidade, a originalidade tornam-se 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
20 
verdadeiros valores, porque prometem libertar-
me da experiência dos outros. 
 
 Se fizer algo que ninguém nunca fez, 
quem poderia ditar minha conduta, dizendo-se 
sábio e experiente? Recomendação aos pais de 
adolescentes: se, discutindo com seus filhos, 
você achar bom evocar a sabedoria que vem de 
sua experiência, seja humilde e modesto. Quanto 
mais você justificar sua autoridade pela 
experiência, tanto mais seu rebento estará a fim 
de aventurar-se por terrenos pouco ou nada 
mapeados. 
(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo, 
07/03/2002) 
 
 
 05. (FCC) Considerando-se o contexto, 
traduz-se corretamente o sentido de uma 
expressão do texto em: 
 
 (A) rechaçado por falta de uma 
experiência = absorvido pela inexperiência. 
 
 (B) eternos estagiários = aprendizes 
eventuais. 
 
 
 (C) salvo em momentos nostálgicos = à 
exceção dos instantes de nostalgia. 
 
 (D) evocar a sabedoria = protelar o 
conhecimento. 
 
 (E) seu rebento estará a fim de aventurar-
se = seu ímpeto o levará a ousadias. 
 
 
Ética de princípios 
 As duas éticas: a que brota da 
contemplação das estrelas perfeitas, imutáveis e 
mortas, a que os filósofos dão o nome de ética de 
princípios, e a que brota da contemplação dos 
jardins imperfeitos e mutáveis, mas vivos – a que 
os filósofos dão o nome de ética contextual. 
 
 
 Os jardineiros não olham para as 
estrelas. Eles nada sabem sobre as estrelas que 
alguns dizem já ter visto por revelação dos 
deuses. Como os homens comuns não vêem 
essas estrelas, eles têm de acreditar na palavra 
dos que dizem já as ter visto longe, muito longe... 
Os jardineiros só acreditam no que seus olhos 
vêem. Pensam a partir da experiência: pegam a 
terra com as mãos e a cheiram. 
 
 
 Vou aplicar a metáfora a uma 
situação concreta. A mulher está com câncer em 
estado avançado. É certo que ela morrerá. Ela 
suspeita disso e tem medo. O médico vai visitá-
la. Olhando, do fundo do seu medo, no fundo dos 
olhos do médico, ela pergunta: “Doutor, será que 
eu escapo desta?” 
 Está configurada uma situação 
ética. Que é que o médico vai dizer? 
 
 
 Se o médico for adepto da ética 
estelar de princípios, a resposta será simples: 
“Não, a senhora não escapará desta. A senhora 
vai morrer.” Respondeu segundo um princípio 
invariável para todas as situações. A lealdade a 
um princípio o livra de um pensamento 
perturbador: o que a verdade irá fazer com o 
corpo e a alma daquela mulher? O princípio, 
sendo absoluto, não leva em consideração o 
potencial destruidor da verdade. 
 
 
 Mas, se for um jardineiro, ele não 
se lembrará de nenhum princípio. Ele só pensará 
nos olhos suplicantes daquela mulher. Pensará 
que a sua palavra terá que produzir a bondade. E 
ele se perguntará: “Que palavra eu posso dizer 
que, não sendo um engano (a senhora breve 
estará curada...), cuidará da mulher como se a 
palavra fosse um colo que acolhe uma criança?” 
E ele dirá: “Você me faz essa pergunta porque 
você está com medo de morrer. Também tenho 
medo de morrer...”Aí , então, os dois conversarão 
longamente – como se estivessem de mãos 
dadas – sobre a morte que os dois haverão de 
enfrentar. 
 
 
 Como sugeriu o apóstolo Paulo, a verdade 
está subordinada à bondade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
21 
 Pela ética de princípios, o uso da 
camisinha, a pesquisa das células-tronco, o 
aborto de fetos sem cérebro, o divórcio, a 
eutanásia são questões resolvidas que não 
requerem decisões: os princípios universais os 
proíbem. Mas a ética contextual nos obriga a 
fazer perguntas sobre o bem ou mal que uma 
ação irá criar. 
 
 O uso da camisinha contribui para 
diminuir a incidência da Aids? As pesquisas com 
células-tronco contribuem para trazer a cura para 
uma infinidade de doenças? O aborto de um feto 
sem cérebro contribuirá para diminuir a dor de 
uma mulher? O divórcio contribuirá para que 
homens e mulheres possam recomeçar suas 
vidas afetivas? A eutanásia pode ser o único 
caminho para libertar uma pessoa da dor que não 
a deixará? Duas éticas. A única pergunta a se 
fazer é: “Qual delas está mais a serviço do 
amor?” 
(Rubem Alves, Folha de S. Paulo, 04/03/2008) 
 
 
 
 06.(FCC – MPE/RS – Assessor) 
Considere as seguintes afirmações: 
 
 I. Na figuração da frase os jardineiros não 
olham para as estrelas, a palavra sublinhada é 
uma metáfora dos princípios absolutos. 
 II. A diferença básica entre a ética de 
princípios e a ética contextual está no fato de que 
a primeira não tem aplicabilidade possível. 
 III. A frase a verdade está subordinada à 
bondade foi citada como contraposição a um 
princípio da ética estelar. 
 
 
 Em relação ao texto, está correto o que se 
afirma em: 
 
 (A) I, II e III. 
 (B) I e II, apenas. 
 (C) I e III, apenas. 
 (D) II e III, apenas. 
 (E) III, apenas. 
 
Coisas vagas 
 
 Uma carta de P. V., queixando-se 
de que ainda não respondi à sua interpelação. 
 
 Também, amigo P. V., as suas 
perguntas versam assuntos tão vagos, tão 
difíceis de responder: poesia e outras coisas 
afins... A culpa é um tanto minha, que quase 
unicamente de tais coisas trato nestas páginas, 
as quais – da mesma forma que mestre João 
Ribeiro deu a um livro seu o subtítulo de “crônica 
de vário assunto” – bem poderiam denominar-se 
“crônicas de vago assunto”. 
 
 
 Ah, nem queira saber como eu 
invejo um amigo médico que tenho e que recebe 
cartas assim: “Como posso ter certeza de que 
vou ter um bebê? Quais são os primeiros sinais 
de gravidez?” 
 
 Isso sim, que é pergunta precisa, 
sobre assunto urgente, e que traz logo uma 
resposta exata, definitiva, única. 
 
 
 
 Mas poesia é coisa que não se 
explica: sente-se ou não se sente... 
 
 P. S. – Se não quiser sentar-se, pior para 
você, amigo P. V. 
 
 
 Mas, para que não se diga que só 
me interessam coisas vagas, eis aqui uma notícia 
que acabo de ler num dos últimos números d´ O 
Cruzeiro, na seção “O impossível acontece”: 
 
 “Robert Tucker, de Boston, 
processado por dar álcool a beber a seu filho, de 
três anos de idade, em vez de leite, foi absolvido 
porque as leis do Estado de Massachusetts 
proíbem ministrar álcool a menores, mas 
somente entre os sete e os dezessete anos.” 
 
 
 Está vendo? Quando a lei é só a 
lei, inteiramente ao pé da letra, o espírito da 
justiça fica uma coisa tão vaga... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
22 
(Adaptado de Mário Quintana, Na volta da 
esquina) 
 
 
 07.(FCC – MPE/RS – Assessor) A notícia 
transcrita da revista O Cruzeiro ilustra o fato de 
que, por vezes, num texto legal, 
 
 (A) há imprevisões que impedem uma 
justa condenação. 
 
 (B) a excessiva maleabilidade da lei torna 
injusta a aplicaçãode uma pena. 
 
 
 (C) o alcance da lei pode ser 
excessivamente abrangente. 
 
 (D) imputa-se o dolo até mesmo a quem 
age irrefletidamente. 
 
 (E) relevam-se as contravenções que 
ocorrem amiúde. 
 
 
Livros e política 
 A premiação do turco Orhan 
Pamuk com o Nobel de Literatura deste ano é 
uma veemente declaração do comitê que 
concede o prêmio em favor da liberdade de 
expressão. 
 A Turquia nutre o objetivo de ser 
aceita na União Européia. A fim de aproximar seu 
padrão institucional do europeu, os turcos, entre 
outras ações, já aboliram a pena de morte, 
acabaram com os privilégios dos homens na 
escola e encaminharam uma ampla reforma do 
Judiciário. 
 
 
 As diplomacias européias 
pressionam a Turquia, ainda, para que reconheça 
formalmente o genocídio de mais de um milhão 
de armênios, sob o nacionalismo turco, entre 
1915 e 1923. É nesse ponto, de trato espinhoso 
na política turca, que o Nobel concedido a Pamuk 
toca diretamente. 
 O escritor é um dos intelectuais 
que ousaram questionar o status quo na Turquia, 
que, contra as evidências históricas, nega que 
tenha havido uma campanha de “limpeza étnica” 
contra a minoria armênia. 
 
 
 De acordo com as leis do país, insultar as 
instituições ou a identidade turca é crime punível 
com cadeia − e Pamuk foi processado por isso. 
 A escolha do comitê faz sentido. 
Pena que a láurea tenha sido anunciada no 
mesmo dia em que a Assembléia da França 
aprovou projeto que torna crime negar o 
genocídio armênio. Os fins dos deputados 
franceses são justos, mas os meios acabam por 
criminalizar a palavra e a opinião − justamente o 
que se quer combater, com razão, na Turquia. 
(Folha de S. Paulo, editorial, 15/10/06) 
 
 
 
 08.(FCC – TCE/PB) Considere as 
seguintes afirmações: 
 
 I. Apesar de haver demonstrado o 
interesse de se integrar à União Européia, a 
Turquia não tem tomado providências jurídicas 
com vistas a esse ingresso. 
 
 
 II. Os deputados franceses reconheceram 
que, assim como a Turquia, também a França 
deveria ser responsabilizada por antigos atos de 
genocídio. 
 
 III. Ao contrário dos pronunciamentos 
oficiais da Turquia, o escritor Pamuk admite ter 
ocorrido a “limpeza étnica” que vitimou os 
armênios. 
 
 
 Em relação ao texto, está correto 
SOMENTE o que se afirma em: 
 
 (A) I. 
 (B) I e II. 
 (C) II. 
 (D) II e III. 
 (E)III. 
 
 
 Texto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
23 
 
 Os mitólogos costumam chamar de 
imagens de mundo certas estruturas simbólicas 
pelas quais, em todas as épocas, as diferentes 
sociedades humanas fundamentaram, tanto 
coletiva quanto individualmente, a experiência do 
existir. Ao longo da história, essas constelações 
de idéias foram geradas quer pelas tradições 
étnicas, locais, de cada povo, quer pelos grandes 
sistemas religiosos. 
 
 No Ocidente, contudo, desde os últimos 
três séculos uma outra prática de pensamento 
veio se acrescentar a estes modos tradicionais 
na função de elaborar as bases de nossas 
experiências concretas de vida: a ciência. Com 
efeito, a partir da revolução científica do 
Renascimento as ciências naturais passaram a 
contribuir de modo cada vez mais decisivo para a 
formulação das categorias que a cultura ocidental 
empregará para compreender a realidade e agir 
sobre ela. 
 
 
 Mas os saberes científicos têm 
uma característica inescapável: os enunciados 
que produzem são necessariamente provisórios, 
estão sempre sujeitos à superação e à 
renovação. Outros exercícios do espírito humano, 
como a cogitação filosófica, a inspiração poética 
ou a exaltação mística poderão talvez aspirar a 
pronunciar verdades últimas; as ciências só 
podem pretender formular verdades transitórias, 
sempre inacabadas. 
 
 Ernesto Sábato assinala com precisão 
que todas as vezes que se pretendeu elevar um 
enunciado científico à condição de dogma, de 
verdade final e cabal, um pouco mais à frente a 
própria continuidade da aplicação do método 
científico invariavelmente acabou por demonstrar 
que tal dogma não passava senão... de um 
equívoco. Não há exemplo melhor deste tipo de 
superstição que o estatuto da noção de raça no 
nazismo. 
 
(Luiz Alberto Oliveira. “Valores deslizantes: 
esboço de um ensaio 
sobre técnica e poder”, In O avesso da liberdade. 
Adauto 
Novaes (Org). São Paulo: Companhia das Letras, 
2002. p. 191) 
 
 
 09.(FCC – MPU – Analista Judiciário) No 
primeiro parágrafo, o autor: 
 
 (A) fornece uma descrição objetiva do 
modo como, ao longo da história, germinam e se 
desenvolvem as imagens do mundo, expressão 
emprestada aos mitólogos. 
 
 (B) ratifica a idéia, construída ao longo da 
trajetória humana, de que o pensamento 
científico é a via mais eficaz para o conhecimento 
da realidade. 
 
 
 (C) atribui a idiossincrasias culturais as 
distintas representações daquilo que legitimaria 
as práticas humanas. 
 
 (D) defende que as sociedades humanas, 
apoiadas na religião ou em mitos variados, 
constroem imagens para autenticar a experiência 
individual perante a coletiva. 
 
 (E) expressa sua compreensão de que, 
fora do âmbito racional, não há base sólida que 
fundamente a vida dos seres humanos. 
 
 
 Coesão e coerência textuais – 
mecanismos 
 
 01. (ESAF) Considere as frases a seguir. 
 
 I. Eles estavam preocupados com o 
problema que causaram. 
 II. Eles apresentaram suas explicações. 
 III. As explicações não eram convincentes. 
 
 Reunidas em um só período, elas estarão 
em correta relação lógica e sintática na frase: 
 
 a) Apresentaram suas explicações porque 
estavam preocupados com o problema causado 
por eles, pois não eram convincentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
Rodrigo Bezerra 
 
24 
 b) As explicações não eram convincentes, 
mas eles as apresentaram, contudo estavam 
preocupados com o problema que haviam 
causado. 
 
 
 c) Preocupados com o problema que 
haviam causado, eles apresentaram suas 
explicações, ainda que não convincentes. 
 
 d) Quando apresentaram suas 
explicações, elas não eram convincentes, 
portanto estavam preocupados com os 
problemas que causaram. 
 
 e) Quanto mais eles apresentavam suas 
explicações, mais elas não eram convincentes, à 
medida que eles estavam preocupados com o 
problema que causaram. 
 
 O mate gelado corria sem pressa, e os 
vizinhos, convidados e imprensa se misturavam 
para ouvir histórias,receber a bênção e 
acompanhar os brevíssimos discursos. Antes de 
começar a festa, os vizinhos já tinham tomado 
conta da Casa, na alegria deste sinal de vida 
nova... 
 Esse exemplo de união pela cidadania 
deveria mover muitas vezes o poder público, o 
empresariado, os artistas e a comunidade para 
semear Casas da Leitura pelo Acre como 
seringueiras e castanheiras. 
 
2. (FGV – Ministério da Cultura) O pronome Esse 
(L.40) tem, no texto I, valor: 
(A) díctico. (B) catafórico. 
(C) anafórico. (D) metafórico. 
(E) resumitivo. 
 
3. Com base na frase “No seu entender, é lícito 
tudo que o beneficia” (L.54-55), analise os itens a 
seguir: 
I. O pronome “seu” tem valor anafórico. 
II. O sujeito do verbo “beneficia” é “tudo”. 
III. O sujeito do verbo “é” é oracional. 
Analise: 
(A) se somente o item I estiver correto. 
(B) se todos os itens estiverem corretos. 
(C) se somente os itens II e III estiverem corretos. 
(D) se somente os itens I e II estiverem corretos. 
(E) se somente os itens I e III estiverem corretos. 
 
Esse raciocínio baseia-se, contudo, numa falsa 
comparação. Primeiramente, porque a alocação 
de novos recursos nada tem a ver, em princípio, 
com o impacto tecnológico. O avanço deste não 
acarreta necessariamente impacto positivo 
daquela. 
4. (FGV) No trecho “O avanço

Outros materiais