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classificação do estado nutricional sumário introdução Antropometria 04 Antro- pometria para o Programa Nutrir 06 Fome 06 Des- nutrição 07 Sobrepeso e obesidade 08 A transição nutricional no Brasil 08 Como usar as curvas de crescimento 13 Curvas de crescimento de altura por idade 14 Curvas de cresci- mento de peso por idade 16 Curvas de IMC por idade 18 Curvas de crescimento peso por estatura (apenas até os cinco anos) 20 Avaliação do estado nutricional de ado- lescentes de dez a 19 anos 23 Avaliação do estado nutricio- nal de adultos 26 Avaliação do estado nutricional de idosos (a partir de 60 anos) 27 avaliação do estado nutricional Avaliação 09 Os equipa- mentos necessários 10 Metodologia 11 ações pós- avaliação nutricional Ações pós-avaliação 28 Culinaristas: Ana Maria D’Angelo e Agostinha Assis nutriCionistas: Márcia Kitagawa - CRN3 - 12559 Gabriela Raggio - CRN3 - 12736 Fonte dos gráficos: Ministério da Saúde, atualiza- do em Fevereiro de 2010. NUTRIR Uma Iniciativa Social faz bem Saiba mais: www.nestle.com.br 5 O uso de medidas antropométri- cas na avaliação do estado nutricional tem se tornado, embora com limita- ções, o modo mais prático e de menor custo para a análise de indivíduos e populações, seja em condições clíni- cas, de triagem, ou mesmo em moni- toramento de tendências. O estado nutricional é excelente indicador da qualidade de vida e do balanço ingestão-gasto de nutrientes. Ele exerce influência decisiva sobre os riscos de mor- bi-mortalidade e sobre o cres- cimento e de- senvolvimento infantil. O instrumento mais usado para avaliar o estado nutricional de crian- ças e adolescentes é a Curva de Cres- cimento. Com ela é possível verifi- car se o crescimento da criança está acompanhando ou se afastando do padrão saudável. As curvas de crescimento que ve- remos neste manual foram desen- volvidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e são adotadas pelo Ministério da Saúde como referencial. Para desenhá-las, a OMS acompanhou o crescimento e desenvolvimento de 800 crianças entre zero e cinco anos de idade com condições de atingir o desenvolvimento máximo: filhos de mães não fumantes, com renda su- perior a seis salários mínimos do país, com acesso a serviços de saúde, vaci- nação correta e aleitamento materno exclusivo de quatro a seis meses. O grupo de estudo estava dividi- do em seis países: Brasil, Gana, Índia, Noruega, Omã e Estados Unidos. Esta amostra heterogênea (com crianças de etnias e estruturas físicas distintas) faz com que a curva possa ser usada no mun- do todo com se- gurança. A pos- sibilidade de um diagnóstico errado, como acontecia antigamente quando brasileiros eram avaliados em curvas americanas, fica reduzida. Assim, o peso e a altura das crian- ças saudáveis devem seguir as cur- vas de crescimento. Se o peso estiver acima da curva, a criança estará com excesso de peso e se ficar abaixo, des- nutrida ou com risco de desenvolver desnutrição. O mesmo acontece com a altura, que exige atenção para as crianças que ficam abaixo do padrão mundial. Elas estariam com o cresci- mento comprometido provavelmente por alguma doença ou por carências nutricionais crônicas. [Antropometria] O uso de medidas antropométricas na avaliação do estado nutricional tem se tornado o modo mais práti- co e de menor custo para a análise de indivíduos e populações. Introdução 6 7 A desnutrição energético-proteica é uma síndrome que compreende uma série de doenças, cada uma das quais tem uma causa específica rela- cionada com um ou mais nutrientes (por exemplo, proteínas, iodo ou cál- cio) e se caracteriza pela existência de um desequilíbrio celular entre o fornecimento de nutrientes e energia por um lado, e por outro, a demanda corporal para assegurar o crescimen- to, manutenção e funções específicas. Ocorre mais facilmente em crianças em fase de amamentação e menores de cinco anos. A desnutrição, quando é diagnosti- cada no início, atinge apenas o peso da criança, o que é relativamente simples de ser corrigido. Porém, se diagnostica- da com a doença avançada, a altura da criança pode ser comprometida (des- nutrição crônica), e esta, na maioria das vezes, não pode ser sanada. A identificação da desnutrição também pode ser feita pela obser- vação de alguns sinais físicos. Esses sinais nem sempre aparecem todos juntos na criança. São eles: [Desnutrição] tre e, com o tempo, seu crescimento pode ficar comprometido. A desnutri- ção e a anemia ferropriva (deficiência de ferro) são doenças carenciais que ocorrem também em virtude de um aproveitamento inadequado dos nu- trientes, geralmente consequente da presença de doenças. Por ser um problema de natureza social, a erradicação da fome e da des- nutrição depende fundamentalmen- te da melhora das condições sociais. No Brasil, convivemos com um pro- blema grave, numericamente maior do que a fome crônica, que é a po- breza. A complexidade que envolve a pobreza faz dela uma somatória de problemas de várias naturezas: ha- bitações insalubres, roupas que não protegem adequadamente o corpo nos dias frios, não ter acesso a trata- mentos de saúde, escolas precárias ou falta de acesso à escola, falta de meios de transporte, falta de trabalho, de lazer, de repouso adequado e até de comida. É ilusório pensar que se está tratando a questão da pobreza dando ou doando alimentos. A fome é ape- nas uma parte do problema. Fraqueza e magreza; Presença de edema (inchaço nos pés e nas mãos); Poucos cabelos, descoloridos e secos; Pele seca; Olhos embaçados, sem lágrimas e secos; A criança parece triste, não brin ca, fica muito quieta, chora pou- co ou fica irritada facilmente; A criança adoece com facilidade, repetidas vezes e por longos perío- dos (são comuns diarreia, infecções na garganta e no ouvido, gripe, anemia, verminose e pneumonia). Introdução A avaliação nutricional é uma prática regular de colaboradores vo- luntários da nestlé. Desde 1999, os vo- luntários do Nutrir realizam avaliações nutricionais das crianças e dos ado- lescentes atendidos para verificar se a ação está ou não tendo impacto sobre o estado nutricional do público atendido. Além disso, a avaliação permite dire- cionar suas ações. Se entre as crianças o problema mais grave é a obesidade, é interessante, por exemplo, trabalhar com as mães (nas oficinas de culinária) receitas nutritivas, saborosas e com baixas calorias e, ao mesmo tempo, promover gincanas para as crianças com brincadeiras que estimulem ati- vidades com grande gasto de energia. O trabalho dos voluntários do Pro- grama Nutrir tem grande impacto nos locais em que atuam porque, em dois ou três anos de trabalho, a confiança e a amizade entre voluntários e comuni- dade são muito fortes. Pensando nesse laço de confian- ça, o Programa Nutrir incentiva que profissionais das secretarias de edu- cação (professores, diretores, nu- tricionistas) e de saúde (agentes de saúde, enfermeiros, nutricionistas) realizem avaliações antropométri- cas: em escolas, instituições sociais e mutirões nos bairros. [Antropometria para o Programa Nutrir] [Fome] A fome crônica, que ronda as casas de pessoas empobrecidas, constitui uma violação do direito fundamental de todos os seres humanos à alimenta- ção, estabelecido em 1948, pela Decla- ração Universal dos Direitos Humanos: “Todo homem tem direito a um pa- drão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar, inclu- sive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença, in- validez, viuvez, velhice, ou outroscasos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.” A fome crônica ocorre quando a ali- mentação diária é insuficiente para fornecer a energia necessária para a manutenção das funções orgânicas e para o desenvolvimento das ativida- des cotidianas. A consequência da fome crônica é o baixo peso e a deficiência estatural, pois, quando a criança não recebe to- dos os alimentos de que necessita, em quantidade suficiente, ela se desnu- 8 Avaliação Este capítulo trará o passo a passo da avaliação antropométrica, para que pos- sa ser realizada por qualquer profissional treinado da sua escola ou instituição. A obesidade pode ser definida como a condição na qual o indivíduo apresenta quantidade excessiva de gordura corporal e o sobrepeso como uma proporção relativa de peso maior que a desejável para a altura. Vários fatores são importantes na gênese da obesidade, como os genéti- cos, os fisiológicos e os metabólicos; no entanto, os que mais se destacam são os relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares. Entre as complicações que o exces- so de peso pode trazer, destacam-se: diabetes mellitus tipo 2, hipercoleste- rolemia, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, apneia do sono, pro- blemas psicossociais, doenças ortopé- dicas e vários tipos de câncer (prin- cipalmente de cólon, ovário, mama, próstata, esôfago, endométrio e rim). [Sobrepeso e obesidade] O conceito de transição nutricional diz respeito a mudanças seculares em padrões nutricionais que resultam de modificações na dieta e que se correla- cionam com as mudanças econômicas, sociais, demográficas e relacionadas à saúde. A dieta rica em gorduras (prin- cipalmente de origem animal), açúcar e alimentos refinados e reduzida em car- boidratos complexos e fibras, além do declínio da atividade física, são aspec- tos comuns encontrados em diferen- tes regiões do mundo que contribuem para o aumento da obesidade. Nas últimas décadas, o Brasil vem rapidamente substituindo o pro- blema da escassez pelo problema do excesso dietético. A desnutrição, embora ainda relevante, particular- mente em famílias de baixa renda, vem diminuindo em todas as idades e em todos os estratos econômicos. O aumento da prevalência da obesida- de entre adultos ocorre em todos os estratos econômicos, com aumento proporcional mais elevado nas famí- lias de mais baixa renda. A redução da desnutrição infantil no Brasil pode ser atribuída a um au- mento moderado da renda familiar combinado com a expansão dos servi- ços públicos de saúde, saneamento e educação. Esses fatores foram facilita- dos pelo cenário demográfico favorá- vel, que envolveu a rápida urbanização e o declínio das taxas de fertilidade. Independente das razões subjacen- tes ao fenômeno da transição nutricio- nal no Brasil, é certo que ele determina importantes implicações para a defi- nição de prioridades e de estratégias de ação da saúde pública. Entre outros aspectos, impõe-se que a agenda da saúde pública do país incorpore de vez a prevenção e o controle das doenças crônico-degenerativas, reservando lu- gar de destaque a ações de educação em alimentação e nutrição que alcan- cem de modo eficaz todos os estratos econômicos da população. [A transição nutricional no Brasil - Da desnutrição à obesidade] Introdução 10 11 Mensuração do peso As crianças menores de dois anos devem ser pesadas em balança pediá- trica (manual ou eletrônica) ou balan- ça tipo gancho (para crianças até 23kg), sem roupas, sapatos ou fraldas. As crianças maiores de dois anos podem ser pesadas em balança tipo plataforma, balança eletrônica ou me- cânica portátil. Antes da pesagem, a ba- lança deve ser testada para ver se está regulada. O teste pode ser feito pesan - do, por exemplo, um saco de arroz. Devem-se pesar as meninas e os meninos separadamente. Em uma antessala é necessário pe- dir para que as crianças fiquem des- calças, retirem os acessórios (bolsas, mochilas, pochetes, bonés, chapéus etc.) e o excesso de roupas (jaquetas, blusas de frio). A criança ou adolescente deve ficar em pé no centro da balança, parada, com os pés completamente apoiados, os braços ao longo do corpo para que não se apoiem em nada e sem segurar nenhum objeto nas mãos. Se for possível, realize a pesagem duas vezes, para garantir que não há diferença. A medida não pode diferir em mais de 100g. Mensuração da estatura (compri- mento e altura) As crianças menores de dois anos devem ser medidas (comprimento) com régua pediátrica ou antropôme- tro infantil, sem roupas nem sapatos. As crianças maiores de dois anos podem ser medidas (altura) com um estadiômetro ou com as fitas métricas e um esquadro de madeira ou acrílico. As fitas métricas devem ser fixadas de baixo para cima (com o zero na parte de baixo) em parede lisa. Se houver roda- pé, é indicado o uso de calço ou bloco. Para a tomada de altura, são neces- sárias pelo menos duas pessoas, pois é difícil que a criança permaneça na posição correta: • Apoie as costas da criança no local onde estão fixadas as fitas métricas; • A criança deve permanecer com os braços estendidos ao longo do cor- po, os pés descalços e juntos. Os cal- canhares, joelhos, glúteos, ombros e a cabeça tocando a parede; • Mantenha a criança olhando para frente; • Uma das pessoas segura o quei- xo, tentando manter a cabeça ereta, e mantém os joelhos e calcanhares tam- bém eretos e a outra pessoa desliza o esquadro sobre a fita até que toque a cabeça, formando um ângulo de 90o; • Se possível, tomar duas vezes a medida de cada criança até que duas delas não sejam diferentes em mais de 0,5cm; • É importante que as medidas sejam realizadas sempre pelas mes- mas pessoas ou por pessoal previa- mente treinado. Não é indicado utilizar o estadiôme- tro das balanças, pois a criança pode não estar na posição correta. [Metodologia] Pedir autorização para os pais ou responsáveis – é interes- sante escrever uma carta ex- plicando o que será realizado e quais são os objetivos da ava- liação (modelo em anexo 1); Capacitar as equipes de trabalho; Verificar a disponibilidade e a confiabilidade dos equipamen- tos e materiais necessários; Balança regulada; Fita métrica (uma ou duas unidades) ou estadiômetro; Fita adesiva transparente para fi- xar as fitas métricas na parede; Calço de madeira ou bloco (se a parede em que for realizada a medida de altura tiver rodapé); Esquadro de madeira ou de acrílico; Canetas; Ficha de identificação e descri- ção da saúde da criança (mo- delo em anexo 2); Gráficos de crescimento – ideal é que cada criança tenha o seu. Os equipamentos necessários são: Realizar a tomada de medidas; Avaliar as crianças por meio dos gráficos de crescimento (anexo 4); Apresentar os resultados para os pais ou responsáveis; Realizar parceria com o posto ou unidade básica de saúde mais próxima da escola ou da comu- nidade. Para realizar a avaliação nutricional, é necessário: Após a tomada de medidas, a equi- pe trabalha junta para preencher os gráficos de crescimento e ter o diag- nóstico do estado nutricional das crianças e adolescentes avaliados. Dependendo do número de pes- soas avaliadas, há a possibilidade da avaliação ser realizada utilizando um programa de estatística, mas essa prática requer treinamento para uso do programa. É recomendado que a avaliação antropométrica seja realizada com todas as crianças e adolescentes pelo menos três vezes por ano, com intervalo de, no máximo, seis meses. No caso de escolas, quatro vezes: no começo do ano letivo, antes das fé- rias, após as férias e no final do ano letivo seriao ideal para verificarmos o papel da alimentação escolar no estado nutricional dos alunos. Avaliação 12 13 No eixo horizontal do gráfico está localizada a idade da criança, sendo que as linhas em negrito são os anos completos e as linhas mais claras, os meses. No vertical, encontra-se a es- tatura ou o peso. Para classificar a criança, siga pelo eixo horizontal até a idade (ano e mês) e assinale. Depois, siga pelo eixo verti- cal até o seu peso (ou altura) e assina- le. Projete estes pontos para o gráfico e marque novamente onde as linhas se cruzam. Veja o exemplo nos gráficos a seguir. O próximo passo após a coleta das medidas das crianças (peso e altura) é classificar o estado nutricional. Para isso, contamos com os gráficos de crescimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2007. Sexo: Curva de crescimento de meninos Curva de crescimento de meninas Idade: • Curva de crescimento para crianças de zero a cinco anos • Curva de crescimento para crianças e jovens de cinco a 19 anos Devemos conferir o peso e a altura de cada criança nos gráficos adequados para o sexo e a faixa etária: [Como usar as curvas de crescimento] Classificação 14 15 Classificação de estatura x idade abaixo de -3 entre -2 e -3 acima de -2 Baixa estatura severa Baixa estatura Normalidade Como a relação da idade para a altura de João ficou entre 0 e +1, seu crescimen- to está adequado e dentro do esperado. Veja outros exemplos no gráfico abaixo: • Ponto preto: Baixa estatura severa • Ponto vermelho: Baixa estatura • Ponto verde: Normalidade O Classificação Curvas de crescimento de altura por idade Exemplo: João, oito anos, 24kg e 1,30m [Avaliação do estado nutricional de crianças menores de 10 anos] Interpretação: No exemplo, a idade e a altura de João se cruzaram entre as curvas de crescimento de cor laranja e verde. Observe no gráfico. Ao olhar para a direita do gráfi- co, vemos que no final destas linhas existem os números: -3, -2, -1, 0, 1, 2 e 3. Cada um destes números é cha- mado de z-score, que é um modo de classificação do estado nutricional. O intervalo entre os z-scores indica como está o crescimento da criança. Veja a classificação: Q 16 17 Veja alguns outros exemplos no gráfico abaixo: Q Classificação de peso por idade: • Ponto preto: Baixo peso severo • Ponto vermelho: Baixo peso • Ponto verde: Normalidade • Ponto rosa: Possível excesso de peso* • Ponto laranja: Possível excesso de peso* • Ponto roxo: Possível excesso de peso* *Verificar também na curva de IMC x idade ou peso x estatura. Classificação peso x idade abaixo de -3 abaixo de -2 entre +1 e -2 acima de +1 acima de +2 acima de +3 Baixo peso severo Baixo peso Normalidade Possível excesso de peso* Possível excesso de peso* Possível excesso de peso* *Verificar na curva de IMC x idade ou peso x estatura. Curvas de crescimento de peso por idade Interpretação: No exemplo acima, Maria, com três anos e 19kg tem a sua relação peso x altura localizada entre as faixas pre- ta e vermelha, ou seja, no intervalo de +2 e +3. Ao conferir na classificação abaixo, podemos notar que Maria está com peso em excesso. Porém, problemas com excesso de peso têm melhor in- terpretação usando gráficos que ire- mos apresentar a seguir (IMC x idade e peso x altura). O Para avaliar se o peso da criança está adequado à idade, é preciso seguir os mesmos passos da avaliação da altura para idade. Ou seja, após pesar a criança, selecione o gráfico adequado para avaliá-la (sexo e faixa etária). O eixo horizontal do gráfico continua sendo a idade (em anos e meses), mas o eixo vertical passa a ser do peso, indicado em quilos. Exemplo: Maria, três anos, 19kg e 1,05m 18 19 Classificação IMC x idade abaixo de -3 abaixo de -2 entre +1 e -2 acima de +1 acima de +2 acima de +3 Desnutrição severa Desnutrição Normali- dade Risco para sobrepeso Sobrepeso Obesidade Classificação para IMC: Interpretação: Paula, de três anos, diagnosti- cada com peso excessivo na curva peso x idade, possui IMC de 19,9 kg/ m2. Ao avaliá-la neste gráfico, po- demos observar que ela está com sobrepeso, pois ficou entre a linha vermelha e a preta, ou seja, acima de +2 e abaixo de +3. Esta curva exige atenção ao ser uti- lizada com uma população com alto índice de desnutrição. Se uma criança tiver baixa estatura devido à desnu- trição crônica, o IMC por idade po- derá ser considerado erroneamente normal para a idade e, muitas vezes, obeso ou com sobrepeso. Por outro lado, como já dissemos ante- riormente, é fundamental para a classifi- cação de crianças com excesso de peso. O IMC para a idade de Fabiano está normal, mesmo apresentando baixo peso e baixa estatura para a idade. Isso nos mostra que a curva de crescimento IMC x idade não é uma curva adequada para crianças com baixo peso para a idade. Veja este exemplo (com a linha vermelha tra- cejada) e alguns outros no gráfico da próxima página: Exemplo de viés na classificação de crianças com baixo peso: Fabiano, três anos, 11kg (baixo peso para a idade) e 0,85m (baixa estatura para a idade) Curvas de IMC* por idade *IMC - Índice de Massa Corpórea A curva de crescimento IMC x idade é indicada para população com alto índice de excesso de peso. A neces- sidade desta curva se dá, principal- mente, quando a avaliação de peso x idade de alguma criança (até 10 anos) resulta em peso excessivo para a ida- de e para avaliar o estado nutricional de adolescentes (10 a 19 anos). O IMC relaciona o peso e a altu- ra do indivíduo. Se houver excesso de peso para uma altura média, por exemplo, o IMC será alto, e se enqua- drará em obesidade ou sobrepeso. Para calcular, basta seguir a fór- mula matemática: O Após calcular o IMC, inclua-o no gráfico assim como é feito nas outras curvas. Exemplo: Paula, três anos, 18kg e 0,95m 20 21 A curva peso x estatura também exige atenção ao trabalhar com crian- ças desnutridas e necessita avaliar a estatura obrigatoriamente para evi- tar erros de classificação. Portanto, evite considerá-la quando a criança avaliada tiver baixa estatura (use a curva peso x idade). Exemplo: José, três anos com 95cm (estatura adequada para a idade) e 14kg. Antes de tudo, é necessário es- colher a curva referente à idade de José. O próximo passo é localizar no eixo vertical os 14kg e no horizontal os 95cm. Projetando para o centro do gráfico, no local do cruzamento das curvas, marque o ponto. Classificação peso x estatura abaixo de -3 abaixo de -2 entre +1 e -2 acima de +1 acima de +2 acima de +3 Desnutrição severa Desnutrição Normalidade Risco para sobrepeso Sobrepeso Obesidade Q A última curva existente para ava- liar o estado nutricional das crianças é a que relaciona peso com a estatura. É muito usada aliada à estatura x idade ao avaliar crianças de zero a cinco anos de idade, faixa que ela compreende. Ela é dividida em duas curvas, a que vai do nascimento até os dois anos e a que compreende de dois a cinco anos. No eixo vertical está o peso e, no hori- zontal, a estatura. Q • Ponto preto: Desnutrição severa • Ponto vermelho: Desnutrição • Ponto verde: Normalidade • Ponto rosa: Risco para sobrepeso • Ponto laranja: Sobrepeso • Ponto roxo: Obesidade Curvas de crescimento peso por estatura (apenas até os cinco anos) 22 23 Segundo a Organização Mundial de Saúde, a adolescência compreende o período de vida que se estende dos dez aos 19 anos de idade. Cerca de 50% do peso total e 20 a 25% da estatura final do indivíduo são adquiridos nessa fase da vida. Os índices antropométricos adota- dos pelo Ministério da Saúde são as curvas de IMCpor idade e estatura por idade (IMC e E/I). Não há, para esta fai- xa etária, a curva peso x idade (existe apenas até os dez anos). Para avaliar adolescentes, devem ser considerados critérios de maturação se- xual, pois a idade cronológica apresenta importância secundária durante a ado- lescência, dada a grande variabilidade biológica no processo de maturação. Por isso, a avaliação nutricional realizada em escolas ou instituições sem profissionais de saúde capacita- dos para avaliar a maturação sexu- al pode ser um pouco frágil. Mesmo assim, ainda é recomendável que ela seja realizada e, após esta triagem, co- municar aos pais e encaminhar para o sistema de saúde disponível. A metodologia para realizar as men- surações e as análises gráficas das cur- vas de crescimento de IMC x idade e altura x idade é igual à explicada neste manual para crianças de zero a dez anos. A classificação também é a mesma. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES DE DEZ A 19 ANOS O José está com o peso adequado para sua estatura, e como ele foi avaliado com boa estatura para a sua idade, po- de-se concluir que está com desenvolvi- mento normal. Veja alguns exemplos de classi- ficação na curva abaixo. Observe também que ela compreende do nascimento aos dois anos de idade. • Ponto preto: Desnutrição severa • Ponto vermelho: Desnutrição • Ponto verde: Normalidade • Ponto rosa: Risco para sobrepeso • Ponto laranja: Sobrepeso • Ponto roxo: Obesidade O 24 25 Classificação IMC x idade abaixo de -3 abaixo de -2 entre +1 e -2 acima de +1 acima de +2 acima de +3 Desnutrição severa Desnutrição Normalidade Risco para sobrepeso Sobrepeso Obesidade Ponto preto Ponto vermelho Ponto verde Ponto rosa Ponto laranja Ponto roxo PASSO A PASSO DA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Coletar data de nascimento Pesar e medir Selecionar as curvas adequadas para a faixa etária trabalhada: 0 a 5 anos 5 a 10 anos 10 a 19 anos CLASSIFICAR • Estatura por idade • Peso por idade • IMC por idade • Peso por estatura • Estatura por idade • Peso por idade • IMC por idade • IMC por idade • Estatura por idade Classificação de estatura x idade abaixo de -3 entre -2 e -3 acima de -2 Baixa estatura severa Baixa estatura Estatura adequada Localizar na curva de crescimento: Q Avaliação do IMC 26 27 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS (a partir de 60 anos) IMC Classificação < 22 kg/m2 Baixo peso 22 e < 27 kg/m2 Adequado 27 kg/m2 Sobrepeso Para obter o estado nutricional de adultos, basta calcular a fórmula do IMC e conferir na tabela abaixo em qual intervalo se encontra. A classifica- ção fica ao lado e o define como baixo peso, eutrófico ou peso adequado para a altura, com sobrepeso ou obeso. O cálculo do IMC para a classifica- ção dos adultos é igual ao das crian- ças, mas vale ressaltar que essa tabela não deve ser utilizada para crianças ou adolescentes, somente para pesso- as com mais de 19 anos. Para os meno- res de 19 anos, o diagnóstico por meio da curva é indispensável, pois leva em consideração a faixa etária e o sexo. Outra forma de diagnóstico do estado nutricional de adultos muito utilizada atualmente é a circunferên- cia da cintura (menor circunferência da região abdominal). Esta avaliação indica se há risco aumentado ou não para doenças cardiovasculares. Veja a classificação abaixo: A região abdominal é usada como medida, pois a gordura depositada nesta região é mais danosa à saúde do que o próprio IMC elevado. Es- tudos apontam que o acúmulo de gordura nesta região tem relação com a hipertensão, diabetes tipo II e colesterol elevado. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ADULTOS IMC Classificação Menor que 18,5kg/m2 Baixo peso 18,5 kg/m2 e < 25kg/m2 Adequado ou eutrófico 25 kg/m2 e < 30kg/m2 Sobrepeso 30 kg/m2 Obesidade Sexo medida (cm) Mulheres menor que 80,0 Homens menor que 94,0 28 29 A proposta da escola ou instituição realizar antropometria com os alunos não tem, em momento algum, a inten- ção de substituir o profissional de saú- de, muito pelo contrário, o educador apenas fará o diagnóstico, que pode ser realizado por qualquer pessoa, desde que seja de forma padronizada, como ensina este manual. Os postos de saúde, programas do governo e outras organizações que tra- balham com a saúde têm como princi- pal prioridade crianças menores de cin- co anos. Sabemos que essa é a faixa de idade que realmente necessita de mais cuidado, mas nossa maior dúvida é: e depois? Quem faz o acompanhamento das crianças maiores de cinco anos e dos adolescentes? Durante as capacitações que o Programa Nutrir realiza para profes- sores e merendeiras da rede pública, questionamos aos participantes sobre a avaliação das crianças maiores de cinco anos e a resposta qua- se sempre foi a mesma: não fa- zemos o acom- panhamento. Em algumas cidades, os nu- tricionistas que trabalham na Se- cretaria de Edu- cação tentam rea lizar parcerias com a Secretaria de Saúde ou com Universidades para tentar traçar o perfil nutricional das crianças da rede, mas nem sempre o trabalho é concluído. Muitas vezes, o grande número de crianças e o pe- queno número de pesquisadores faz com que o trabalho seja realizado com amostras. E os resultados nem sem- pre chegam até os pais das crianças avaliadas, viram teses ou estudos. Na maioria das escolas, as crianças até são pesadas e medidas pelo profes- sor de Educação Física, mas esses dados só fazem parte da ficha das crianças. Quando a escola ou instituição de- cide adotar a Educação Nutricional como projeto institucional, envolven- do não só os professores, mas todos os profissionais que trabalham na escola, a avaliação antropométrica é uma fer- ramenta muito importante para dire- cionar as ações prioritárias. Para o sucesso dos projetos, é in- teressante o trabalho com os pais e responsáveis pelas crianças. Primei- ro, eles devem saber que a es- cola também se preocupa com a alimentação dos alunos e que o papel de- les é muito im- portante para o sucesso do pro- jeto. Não adian- ta abordarmos o tema com as crianças e ado- lescentes se, quando eles chegam em casa, a realidade é outra e não há perspectivas de mudanças. Após a avaliação antropométrica, os responsáveis da escola ou ins- tituição deverão se reunir com os pais das crianças que apresenta- ram algum problema nutricional para explicar, individualmente, como foi realizado o diagnóstico, mostrar a curva de crescimento e sugerir que eles procurem o posto de saúde ou hospital mais próximo para acompanhamento médico. Ações pós-avaliação 30 _______________________, _______ de __________________ de 20___. Caros pais e responsáveis, Este ano estaremos realizando ____ avaliações antropométricas, que consiste em pesar e medir as crianças e adolescentes da escola/instituição para saber o estado nutricional deles, se estão com peso e altura normais para a idade, abaixo ou acima do peso. Cada criança terá uma curva de crescimento, que será apresentada para os pais. Autorização para avaliação antropométrica Eu, _______________________________________________________ ________, portador do RG número __________________, autorizo as ava- liações antropométricas (pesar e medir) do meu(minha) filho(a): ____ _____ ___________________________________________________________ _________, que serão realizadas pelos professores e funcionários da escola/ instituição __________________________________________________ _______________________. Os resultados serão divulgados para os pais e responsáveis individualmente. __________________________________________________________ Assinatura do pai ou responsável Agradecemos a colaboração.Att, _________________________________________________ Diretor(a) da escola/instituição [Exemplo de pedido de autorização para avaliação antropométrica]Anexo - 1 Rodas de conversa para que os pro- blemas (e também soluções) sejam ex- postos podem ser bons recursos para fortalecer o vínculo com a família e, assim, chegar ao objetivo principal: ajudar o desenvolvimento da criança. Parcerias com as Secretarias de Educação e de Saúde podem trazer profissio- nais que pos- sam palestrar sobre temas re- lacionados à alimentação. As crian- ças que apresentarem problemas de peso (falta ou excesso) poderão ser encaminhadas para os postos de saúde ou hospitais parceiros e os nutricionistas que trabalham no Departamento de Alimentação Esco- lar podem fazer um trabalho espe- cífico com essas crianças, por meio da dieta oferecida. Não deve- mos nunca nos aco modar. Se somarmos o tra- balho das es- co las ou insti - tui çõ es, com o trabalho dos pais e o apoio das Se- cretarias de Educação e de Saúde, te- remos, com certeza, crianças e ado- lescentes mais saudáveis e muito bem assistidos. Rodas de conversa para que os problemas (e também soluções) sejam expostos, podem ser bons recursos para fortalecer o vínculo com a família e, assim, chegar ao objetivo principal: ajudar o de- senvolvimento da criança. SÉRIE:_________ TURMA:_________ PROFESSOR:____________________ DATA DA MEDIÇÃO: ____________________ ________ VEZ DO ANO (1ª, 2ª, 3ª a ou 4ª medição) [Tabela de dados da pesagem por classe]Anexo - 3 No Nome Data de nasc. Idade (anos e meses) Peso (kg) Altura (m) IMC (kg/m2) Classificação do Est. Nutricional 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Nome da escola/instituição: ___________________________________________ Período que frequenta a escola/instituição: ________________________________ Nome da criança: ____________________________________________________ Nome da mãe/responsável: ____________________________________________ Endereço (rua e referência): ____________________________________________ Vacinação em dia: ( ) sim ( ) não Peso ao nascer: ______________________________________________________ A mãe trabalha? ( ) sim ( ) não Horário: ________________________ Escolaridade da mãe: _________________________________________________ O pai trabalha? ( ) sim ( ) não Horário: ________________________ Escolaridade do pai: __________________________________________________ O pai mora com a família? ( ) sim ( ) não Número de pessoas que moram na casa: __________________________________ Número de cômodos da casa (não contar o banheiro): _________________________ A criança está matriculada no posto de saúde? ( ) sim ( ) não Qual? _____________________________________________________________ Data de nascimento: ___/___/______ Sexo: ( ) feminino ( ) masculino [Modelo de ficha de identificação e descrição da saúde da criança]Anexo - 2 Data Idade(anos e meses) Peso (kg) Altura (m) IMC (kg/m2) Classificação do Est. Nutricional Observações: _______________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ______________________________________ Equipe responsável pelas avaliações antropométricas:_________________________ __________________________________________________________________ Anexo - 4[Curvas de Crescimento]Anexo - 4 Anexo - 4[Curvas de Crescimento]Anexo - 4 Anexo - 4[Curvas de Crescimento]Anexo - 4 Anexo - 4[Curvas de Crescimento]Anexo - 4 Anexo - 4[Curvas de Crescimento]Anexo - 4 Anexo - 4[Curvas de Crescimento]Anexo - 4 Anexo - 4[Curvas de Crescimento]Anexo - 4 Anexo - 4[Curvas de Crescimento]Anexo - 4 BARBOSA, V.L.P. Prevenção da obesidade na infância e na adolescência: exercício, nutrição e psicologia. Barueri: Manole, 2004. BATISTA FILHO M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad. Saúde Publica (Rio de Janeiro). 2003; 19 (Supl. 1): S181-S191. BOOG, M.C.F. O professor e a alimentação escolar: ensinando a amar a terra e o que a terra produz. Campinas: Komedi, 2008. BOSA, V.L. et al. Diagnóstico nutricional de crianças. J. Pediatr. Rio de Janeiro, 2008; 84 no 5. CONDE, W.L.; MONTEIRO C.A. Body mass index cutoff points for evaluation of nutritional status in Brazilian children and adolescents. J. Pediatr. (Rio de Janeiro). 2006; 82: 266-72. MELLO, E.D. O que significa a avaliação do estado nutricional. J. Pediatr. Rio de Janeiro, 2003; 78 no 5. MONTEIRO, C.A. Velhos e novos males da saúde no Brasil: a evolução do país e suas doenças. 2a ed. rev. e aumentada. São Paulo: Hucitec, Nupens/USP, 2000. NOBREGA, F.J. O que você quer saber sobre nutrição: perguntas e respostas comentadas. Barueri: Manole, 2008. http://nutricao.saude.gov.br/sisvan.php?conteudo=curvas_cresc_oms http://nutricao.saude.gov.br/documentos/nova_curva_cresc_sec_xxi.pdf http://nutricao.saude.gov.br/documentos/curvas_oms_2006_2007.pdf http://www.who.int/childgrowth/en/ http://www.who.int/childgrowth/training/module_c_interpreting_indicators.pdf http://www.opas.org.br/ [Bibliografia consultada] [Portal do Ministério da Saúde] [Organização Mundial da Saúde – World Health Organization] [Organização Pan-Americana de Saúde] Bibliografia
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