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Aula 01 Civil 1 - das pessoas

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C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVIIL L PPAARRA A IICCMMSS--DDFF 
P PRROOFFEESSSSOOR R::LLAAUURRO O EESSCCOOBBAARR 
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DAS PESSOAS: NATURAIS E JURÍDICAS 
(arts. 1o ao 78 do Código Civil) 
Itens específicos previstos do edital que serão abordados nesta aula: 2) 
Pessoa natural: conceito, capacidade e incapacidade, começo e fim, direitos da 
personalidade. 3) Pessoa jurídica: conceito, classificação, começo e fim de sua 
existência legal, desconsideração. 
Meus amigos e alunos: Após a análise da Lei de Introdução do Código Civil 
(que, apesar de ser considerada como “aula demonstrativa”, é muito 
importante, pois também consta do edital e por isso pode cair na prova), 
vamos analisar nesta aula o tema “Pessoas”, que é o primeiro ponto 
referente ao Código Civil (Parte Geral). Comecemos... 
Podemos conceituar Pessoa como sendo todo ente físico ou jurídico, 
suscetível de direitos e obrigações. É sinônimo de sujeito de direitos. No 
Brasil temos duas espécies de Pessoas: Naturais e Jurídicas. Ambas possuem 
aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. 
PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL 
É o conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela ordem 
jurídica a alguém, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair 
obrigações. É atributo da dignidade do homem. Prevê o art. 1o do Código 
Civil que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. 
Assim, o conceito de Pessoa inclui homens, mulheres e crianças; qualquer 
ser humano sem distinção de idade, saúde mental, sexo, cor, raça, credo, 
nacionalidade, etc. Por outro lado o conceito exclui os animais (que gozam 
de proteção legal, mas não são sujeitos de direito), os seres inanimados, etc. 
Concluindo = Pessoa Natural ou Pessoa Física é o próprio ser 
humano. 
INÍCIO DA PERSONALIDADE 
Há muita polêmica doutrinária envolvendo o início da personalidade 
civil. São três as principais teorias sobre o tema: 
a) Teoria Concepcionista – a personalidade tem início com a concepção; 
ou seja, com a própria gravidez. 
b) Teoria Natalista – a personalidade se inicia a partir do nascimento da 
criança com vida. 
c) Teoria da Viabilidade – que pressupõe a possibilidade de sobrevivência 
da criança. Países que adotam esta teoria entendem que se uma criança 
nasceu com uma doença que a levará a morte em poucos dias, não haverá a 
aquisição da personalidade. 
 
 
 
 
 
 
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No Brasil a doutrina se manifesta de forma divergente, pois, se por um 
lado a lei estabelece que a personalidade civil tem início com o nascimento 
com vida, o mesmo dispositivo a seguir assegura ao nascituro direitos desde 
sua concepção. Em uma prova objetiva o aluno deve se limitar ao texto 
expresso da lei. Porém, em um prova dissertativa, deve citar as três teorias, 
expondo que no Brasil há ferrenhos defensores da Concepção e da 
Natalidade, devendo abordar os aspectos mais relevantes de cada uma. A 
tendência atual é se proteger, cada vez mais, o nascituro e seus direitos 
desde a concepção. 
Analisando o texto legal, podemos afirmar que a personalidade da 
pessoa natural ou física inicia-se com o nascimento com vida, ainda que 
por poucos momentos. Esta é a primeira parte do art. 2o do CC. Se a criança 
nascer com vida, ainda que por um instante, já adquire a personalidade. 
Ocorre o nascimento quando a criança é separada do ventre materno 
(parto natural ou por intervenção cirúrgica), mesmo que ainda não tenha 
sido cortado o cordão umbilical. Além disso, é necessário que tenha 
respirado. Há nascimento e há parto quando a criança, deixando o útero 
materno, respira. Portanto... se o recém-nascido respirou... nasceu com 
vida. E é nesse momento que a personalidade civil terá início em sua 
plenitude, com todos os efeitos subsequentes, conforme veremos. 
NASCITURO 
O termo nascituro significa “aquele que há de nascer”. É o ente que já 
foi gerado ou concebido, mas ainda não nasceu, embora tenha vida 
intrauterina e natureza humana. Tecnicamente (teoria natalista), ele não tem 
personalidade, pois ainda não é pessoa sob o ponto de vista jurídico. Mas 
apesar de não ter personalidade jurídica, a lei põe a salvo os direitos do 
nascituro desde a concepção. Trata-se da segunda parte do art. 2o, CC. 
Na realidade o nascituro tem uma expectativa de direito. Ex: o nascituro tem 
o direito de nascer e de viver (o aborto, como regra é considerado como 
crime - arts. 124 a 127 do Código Penal). 
O nascituro também tem direito à filiação, adequada assistência pré-
natal, honra, imagem, direito de ser contemplado por doação, por 
testamento, etc. Além disso, o art. 8o do Estatuto da Criança e do 
Adolescente (Lei n° 8.069/90 – ECA) determina que a gestante tem 
condições de obter judicialmente os alimentos para garantia do bom 
desenvolvimento do feto, consulta médica, remédios, etc. 
O principal direito do nascituro é o de ter direito à sucessão. Aquele 
que já foi concebido no momento da abertura da sucessão (morte do de 
cujus) legitima-se a suceder de forma legítima (conferir arts. 1.784 e 1.798, 
CC). Também se legitimam a suceder por testamento “os filhos ainda não 
concebidos de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao 
abrir-se a sucessão” (art. 1.799, I, CC). 
Por tal motivo, tendo já tantos “direitos”, é que está crescendo a teoria 
concepcionista, considerando o nascituro como sendo uma Pessoa Natural. 
 
 
 
 
 
 
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Justifica-se esta posição porque somente uma pessoa pode ser titular de 
direitos... e o art. 2o, CC afirma que o nascituro tem direitos... logo, tendo 
direitos, ele já pode ser considerado como tendo personalidade. A situação 
fica ainda mais definida segundo os seguidores desta teoria com o art. 542, 
CC que estabelece: “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo 
seu representante legal”. 
Mas o que se pode afirmar, sem medo de errar, é que o nascituro é 
titular de um direito eventual. Ex: homem falece deixando a esposa 
grávida. Não se pode concluir o processo de inventário e partilha enquanto a 
criança não nascer. O nascituro, nesta hipótese, tem direito ao resguardo à 
herança. Os direitos assegurados ao nascituro estão em estado potencial, 
sob condição suspensiva: só terão eficácia se nascer com vida. A 
representação do nascituro se dá por intermédio de seus pais. Nascendo com 
vida, a sua existência, no tocante aos seus interesses, retroage ao 
momento de sua concepção. As expectativas de direito, agora se 
transformam em direitos subjetivos. 
Mas há outro problema, de ordem filosófica, religiosa e jurídica 
envolvendo o nascituro. Isto devido ao avanço da medicina, com as técnicas 
de fertilização in vitro. Indaga-se: qual o momento em que podemos usar o 
termo nascituro de uma forma técnica? Uma corrente afirma que a vida tem 
início legal no momento da penetração do espermatozoide no óvulo, mesmo 
que fora do corpo da mulher. Para outra corrente a vida somente teria início 
com a concepção no ventre materno (embora ainda não se possa considerar 
como sendo uma pessoa). Isto porque é com a nidação (fixação do óvulo 
fecundado no útero) que se garante eventual gestação e o nascimento. 
Portanto somente será considerado como nascituro, o óvulo fecundado que 
for implantado no útero materno. Assim, o embrião humanocongelado não 
poderia ser tido como nascituro, embora tenha proteção jurídica como 
pessoa virtual, com uma carga genética própria. 
Com o objetivo de regulamentar o art. 225, §1o, inciso II da CF/88, foi 
editada inicialmente a Lei n° 8.974/95, proibindo e considerando como crime 
a manipulação genética de células humanas, a intervenção em material 
genético humano e a produção, guarda e manipulação de embriões humanos 
destinados a servir como material biológico disponível. No entanto foi 
aprovada a Lei n° 11.105/05, dividindo opiniões: trouxe esperança para 
alguns e indignação para outros. Pela nova lei é permitida, para fins de 
pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias, obtidas de 
embriões humanos produzidos por fertilização in vitro, desde que: a) sejam 
inviáveis, ou estejam congelados há três anos ou mais; b) haja 
consentimento dos seus genitores. 
Importância de se nascer com vida 
Como vimos, o nascituro tem apenas expectativa de vida e é 
importante que nasça vivo, nem que seja por um segundo. Se nascer vivo, 
adquire personalidade. Será um sujeito de direitos e obrigações. No entanto, 
 
 
 
 
 
 
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caso nasça morto, nenhum direito terá adquirido e/ou transmitido. 
Observem. 
 
Demonstração Ordem de vocação hereditária 
1. Descendente (em concorrência com o 
cônjuge sobrevivente) – filho, neto, bisneto, 
etc. 
2. Ascendente (em concorrência com o 
cônjuge sobrevivente) – pai, avô, bisavô, 
etc. 
3. Cônjuge sobrevivente. 
4. Colaterais até o 4° grau – irmão, sobrinho, 
tio, primo, etc. 
Levando em consideração o quadro demonstrativo acima, suponhamos 
que X comprou um apartamento e a seguir se casou com Y pelo regime de 
separação parcial de bens. Faleceu um ano depois, deixando viúva grávida, 
pais vivos e apenas aquele apartamento para ser partilhado. Para saber 
quem será o proprietário do imóvel devemos aguardar o nascimento de Z. 
Não se pode fazer a partilha antes de seu nascimento. Vejamos as situações 
que podem ocorrer a partir daí. 
Situações: 
1) Se Z (filho de X - descendente) nascer morto, o apartamento irá 
para A e B, que são os pais (ascendentes) de X (observe o quadro da ordem 
de vocação hereditária). Neste caso Y (que é o cônjuge sobrevivente) 
também terá direitos sucessórios, pois atualmente é considerado herdeiro 
necessário e concorre com os ascendentes do falecido. 
2) Se Z (descendente) nascer vivo, herdará o imóvel, em concorrência 
com sua a mãe Y, pois como vimos atualmente o cônjuge é considerado 
herdeiro necessário e também concorre na herança com os descendentes do 
falecido. Observem que neste caso os pais de X nada herdarão. 
3) Se Z nascer vivo e logo depois morrer, os bens irão todos para sua 
mãe. Isto porque inicialmente Z herdará parte dos bens de seu pai; no 
instante em que nasceu vivo, ele foi um ‘sujeito de direito’. Morrendo a 
seguir, transmite tudo o que recebeu a seus herdeiros. Como não tinha 
descendentes e nem cônjuge (até porque era recém-nascido) e seu pai já 
havia falecido, seu único herdeiro será o ascendente remanescente, ou seja, 
sua mãe. Neste caso A e B nada herdarão. 
É necessário dizer ainda, que todo nascimento deve ser registrado, 
mesmo que a criança tenha nascido morta ou morrido durante o parto. Se 
for natimorta, o assento será feito no “Livro C Auxiliar". Neste livro irá 
A B
X Y
Z
 
 
 
 
 
 
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constar apenas: “o natimorto de Dona Fulana...”. Ou seja, pela nossa lei não 
se dá nome ao natimorto. No entanto, parte da doutrina entende que o 
“natimorto tem humanidade” e por isso teria direito a um nome (tese 
aprovada na Jornada de Direito Civil promovida pelo Superior Tribunal de 
Justiça: “A proteção que o Código confere ao nascituro alcança o natimorto, 
no que concerne aos direito da personalidade, tais como o nome, imagem e 
sepultura”). 
Por outro lado, é inquestionável que se a criança nasceu viva e logo 
depois morreu (chegou a respirar), serão feitos dois registros: o do 
nascimento (constando o nome da criança, pois naqueles poucos segundos 
a criança teve personalidade) e logo depois o de óbito. 
Observações: 
01) Segundo a doutrina, nascituro é uma expressão mais ampla do 
que feto, pois este seria o nascituro somente depois que adquiriu a forma 
humana. 
02) É importante salientar que a expressão natimorto não é 
considerada juridicamente técnica. O vocábulo é composto pelas palavras 
latinas natus (nascido) e mortus (morto), não tendo previsão no Código Civil. 
Possui um duplo sentido. Os Dicionários Jurídicos conceituam o natimorto 
como sendo "aquele que nasceu sem vida OU aquele que veio à luz, com 
sinais de vida, mas, logo morreu". Portanto, qualquer uma dessas situações 
está correta para conceituar natimorto. 
DIREITOS DE PERSONALIDADE (arts. 11 a 21, CC) 
Adquirindo a personalidade (aptidão para adquirir direitos e contrair 
obrigações), o ser humano adquire o direito de defender o que lhe é próprio, 
como sua integridade física ou corporal (como vida, corpo, seus órgãos, 
voz, imagem, liberdade, identidade, alimentos, etc.), intelectual (como a 
liberdade de pensamento, autoria científica, artística e intelectual, etc.), 
moral (como a honra, segredo pessoal ou profissional, privacidade, imagem, 
opção religiosa, sexual, etc.). Os direitos de personalidade são subjetivos e 
seu titular pode exigir de todos que tais direitos lhe sejam respeitados. Por 
isso dizemos que eles são erga omnes (extensíveis a todos). 
O art. 227 da Constituição Federal dispõe sobre os deveres da Família, 
da Sociedade e do Estado em relação à criança e ao adolescente, disposições 
completadas com a Lei n° 8.069/90 – ECA. Observem que a relação dos 
direitos de personalidade não é taxativa, mas apenas exemplificativa. 
Lembrem-se: a dignidade é um direito fundamental, previsto em nossa 
Constituição, que também prevê que são invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de 
indenização pelo dano material ou moral decorrente dessa violação 
(confiram também o art. 5°, inciso X da CF/88). 
Estabelece o art. 11, CC que com exceção dos casos previstos em 
lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não 
 
 
 
 
 
 
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podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Apesar do Código fazer 
referência a apenas três características, a doutrina lhes dá maior extensão, 
afirmando que eles são: 
• inatos – os direitos de personalidade já nascem com o seu titular. 
• absolutos – não podem ser relativizados e são opostos contra todos 
(erga omnes). 
• intransmissíveis – pertencem de forma indissolúvel ao próprio titular. 
Neste tópico, cabe uma observação: embora os estes direitos sejam 
intransmissíveis em sua essência, os efeitos patrimoniais dos direitos 
de personalidade podem ser transmitidos. Ex: a autoria de uma obra 
literária é intransmissível; porém podem ser negociados os direitos 
autorais sobre esta obra. 
• indisponíveis – não podem ser cedidos, a título oneroso ou gratuito a 
terceiros. 
• irrenunciáveis – nem mesmo o seu titular pode abrirmão destes 
direitos. 
• imprescritíveis – valem durante toda vida, não correndo os prazos 
prescricionais; podem ser reclamados judicialmente a qualquer 
tempo. 
• impenhoráveis – se eles não podem ser objeto de cessão ou venda, 
também não pode recair penhora sobre os mesmos. 
• inexpropriáveis – ninguém pode removê-los de uma pessoa. 
Vamos acompanhar os próximos dispositivos a respeito: 
O art. 12, CC prevê a possibilidade de exigir que cesse lesão a direito 
da personalidade, por meio de ação própria, sem prejuízo da reparação de 
eventuais danos materiais e morais suportados pela pessoa. A lei prevê 
também a possibilidade de defesa do direito do morto, por meio de ação 
promovida por seus sucessores, ou seja, pelo cônjuge sobrevivente, parentes 
em linha reta (descendentes ou ascendentes) e os colaterais até quarto grau 
(irmãos, tios, sobrinhos ou primos). 
O corpo, como projeção física da individualidade humana, é inalienável. 
O art. 13 e seu parágrafo único do CC prevê o direito de disposição de 
partes, separadas do próprio corpo em vida para fins de transplante, ao 
prescrever que, “salvo por exigência médica, é defeso (proibido) o ato de 
disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da 
integridade física, ou contrariar os bons costumes. O ato previsto neste 
artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei 
especial” (conferir com o art. 199, §4° da CF). Em hipótese alguma será 
admitida a disposição onerosa de órgãos, partes ou tecido do corpo humano. 
É possível, também, com objetivo científico ou altruístico, a disposição 
gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, 
podendo essa disposição ser revogada a qualquer momento (art. 14, CC). 
Resumindo. A disposição sobre o próprio corpo: a) é proibida quando 
importar diminuição permanente da integridade física (salvo por exigência 
 
 
 
 
 
 
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médica), ou contrariar os bons costumes; b) é válida com o objetivo 
científico ou altruístico, para depois da morte, ou, em vida, para fins de 
transplante. O Código Civil adotou o princípio do consenso afirmativo 
(termo usado pela doutrina e que caiu em alguns concursos), segundo o qual 
o titular do direito pode manifestar sua vontade em ser doador de órgãos, 
mas a qualquer tempo pode revogar esta intenção. 
OBS: A Lei 9.434/97 (regulamentada pelo Decreto 2.268/97 e 
posteriormente alterada pela Lei 10.211/01) trata do assunto, estabelecendo 
as regras para transplantes. Permite-se a doação voluntária nas seguintes 
hipóteses: a) órgãos duplos (rins) e b) partes recuperáveis de órgão (fígado) 
ou de tecido (pele, medula óssea), sem que sobrevenham mutilações ou 
deformações. 
O art. 15, CC obsta que uma pessoa seja constrangida a submeter-se, 
com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Trata-se 
do Princípio da Autonomia do Paciente. Portanto, não há a chamada 
supremacia do interesse médico-científico, que se invocava em nome da 
coletividade, em face ao interesse individual. Uma pessoa, embora enferma, 
tem o direito oponível contra todos de sentir-se constrangida a enfrentar 
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica com risco de vida. O direito 
não pertence ao médico, à ciência, ou à família, mas, exclusivamente, ao 
paciente que após ser informado do seu estado de saúde e das alternativas 
terapêuticas, decidirá se se submete ou não ao tratamento ou à intervenção 
cirúrgica. Mesmo que saiba ou tenha consciência de que isso abreviará a sua 
expectativa da vida. Somente em situações extremas, quando a pessoa não 
consegue expressar a sua vontade, o direito se desloca para a família do 
enfermo. 
Notem agora que os artigos de 16 a 19 do Código Civil, tutelam o 
direito ao nome (falaremos sobre ele logo adiante, em um item especial) e 
contra o atentado de terceiros, expondo-o ao desprezo público, ao ridículo, 
acarretando dano moral ou patrimonial. 
O art. 20, CC tutela, de forma autônoma, o direito à imagem e os 
direitos a ele conexos (art. 5o, XXVIII, letra “a”, CF/88). A imagem-retrato é 
a representação física da pessoa, implicando o reconhecimento de seu titula 
por meio de fotografia, escultura, desenho, pintura, interpretação dramática, 
cinematográfica, televisiva, sites, etc. A imagem-atributo refere-se ao 
conjunto de caracteres e qualidades cultivadas pela pessoa, como a 
habilidade, competência, lealdade, etc. O direito à imagem se refere ao 
direito de ninguém ver seu rosto estampado em público ou comercializado 
sem seu consenso e o de não ter sua personalidade alterada, material ou 
intelectualmente, causando dano à sua reputação. Como normalmente 
ocorre, há certas limitações ao direito de imagem, com dispensa da 
anuência para sua divulgação. Vejamos algumas situações: a) pessoas 
famosas (ex: artistas, políticos, etc.), pois elas têm sua imagem divulgada 
em razão de sua atividade; mas mesmo assim, não pode haver abusos, pois 
a sua vida íntima deve ser preservada; b) necessidade de divulgação da 
 
 
 
 
 
 
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imagem por questões de segurança pública (ex: publicação da fotografia de 
um perigoso marginal procurado pela polícia); c) quando se obtém uma 
imagem, mas a pessoa é tão somente parte do cenário, pois o que se 
pretende divulgar é o acontecimento em si (ex: um congresso, uma 
exposição de objetos de arte, a inauguração de uma obra pública, um hotel 
ou um restaurante, reportagens sobre tumultos, enchentes, shows, etc.). Há 
diversas decisões de que não cabe direito de imagem em fotografia de 
acontecimento carnavalesco, pois a pessoa que dele participa, de certa 
forma, “renuncia a sua privacidade”. 
O titular de um direito de personalidade, quando este for violado, 
poderá pleitear reparação de danos morais e patrimoniais. E se ele já for 
falecido o direito será exercido pelo cônjuge, ascendente ou descendente 
(trata-se do art. 20, parágrafo único, CC). Ficou famoso um caso em que 
uma empresa elaborou um “álbum de figurinhas” estampando a fotografia de 
jogadores de futebol. Como no caso havia o intuito de lucro da empresa e 
não houve o consentimento dos atletas, concluiu-se que foi uma prática 
ilícita, sujeita à indenização. A Súmula 221 do STJ estabelece que é cabível a 
reparação do dano decorrente de publicação da imprensa, tanto do autor do 
escrito, quanto do proprietário do veículo de divulgação. 
O Código Civil também tutela, em seu art. 21 o direito à intimidade 
(art. 5o, X, CF/88), prescrevendo que a vida privada da pessoa natural é 
inviolável (ex: inviolabilidade de domicílio, de correspondência, bancário, 
conversas telefônicas, etc.). 
Devemos reforçar que o Código Civil não exauriu a matéria referente 
aos direitos de personalidade. A enumeração exposta é meramente 
exemplificativa, deixando ao Juiz margem para que estenda a proteção a 
situações não previstas expressamente. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL 
A) NOME 
É o sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece uma pessoa. É 
pelo nome que ela fica conhecida no seio da família e da comunidade em que 
vive. Prevê o art. 16, CC que toda pessoa tem o direito ao nome, nele 
compreendido o prenome e o sobrenome. Trata-se de direito inalienável (não 
pode ser vendido), imprescritível (não correm prazos prescricionais) e 
personalíssimo, essencial para o exercício de direitos e cumprimento das 
obrigações. Háuma proteção especial da lei em relação ao nome, mediante 
as ações judiciais. A lei protege a honra da pessoa, proibindo que o seu 
nome seja usado ou empregado em situações agressivas à intimidade de 
quem se vê exposto à veiculação pública que provoque depreciação ética, 
moral ou jurídica, mesmo que a intenção na publicação ou representação não 
revele intuito difamatório (art. 17, CC). O nome é um direito da 
personalidade, que também é conferido às pessoas jurídicas, pois estas 
também têm direito ao nome. São elementos constitutivos do nome: 
 
 
 
 
 
 
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• Prenome ⎯ é o nome individual, próprio da pessoa, que pode ser 
simples (ex: João, José, Rodrigo, Laura, Aparecida, etc.) ou composto (ex: 
José Carlos, Antônio Pedro, Ana Maria, etc.). 
• Patronímico ⎯ ou nome de família, ou apelido de família, ou 
simplesmente sobrenome ⎯ identifica a procedência da pessoa, o tronco 
familiar do qual provém, indicando sua filiação ou estirpe, podendo também 
ser simples ou composto. 
• Agnome ⎯ é o sinal distintivo entre pessoas da mesma família com 
nomes iguais, que se acrescenta ao nome completo (ex: Júnior, Filho, Neto, 
etc.). 
O pseudônimo (em latim: nome falso) consiste no nome atrás do qual 
se abriga um autor de obra cultural ou artística, para o exercício desta 
atividade específica (ex: cantor, ator, autor de um livro, etc.). A lei prevê, de 
forma expressa, como um direito inerente à personalidade (art. 19, CC), 
gozando da mesma proteção que se dá ao nome, quando usado para 
finalidades lícitas. 
Em regra o nome é imutável. No entanto o princípio da 
inalterabilidade do nome sofre diversas exceções em casos justificados. A 
lei e a jurisprudência admitem a retificação ou a alteração de qualquer dos 
seus elementos. No entanto na prática há um maior rigor quanto à 
modificação do prenome e um menor rigor em relação ao sobrenome. A 
propósito, vejam a alteração que a Lei 9.708/98 fez na Lei de Registros 
Públicos (LRP – Lei nº 6.015/73), em especial no art. 58: “O prenome será 
definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos 
notórios”. O parágrafo único deste mesmo dispositivo estabelece outra 
possibilidade: “A substituição do prenome será ainda admitida em razão de 
fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de 
crime, por determinação, em sentença, de Juiz competente, ouvido o 
Ministério Público”. Outro exemplo é o previsto no art. 56 da própria LRP que 
permite que o interessado, no primeiro ano, após completar a maioridade 
civil, altere seu nome, desde que não prejudique os apelidos de família, 
averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. No entanto o 
art. 57 determina que qualquer alteração posterior de nome, somente será 
feita por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, e 
por sentença do Juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o 
mandado e publicando-se a alteração na imprensa. Outros exemplos: 
• quando expuser seu portador ao ridículo ou situações vexatórias. 
• quando houver evidente erro gráfico (ex: Ner son, Osvardo, etc.). 
• quando causar embaraços comerciais e/ou morais ⎯ trata-se da 
homonímia (ou homônimo). 
• com uso prolongado e constante de um nome diverso do que figura 
no registro ⎯ admite-se a alteração do nome adicionando-se o 
apelido ou alcunha (ex: Edson Pelé Arantes do Nascimento, Luiz 
Inácio Lula da etc.). 
 
 
 
 
 
 
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• com o casamento – atualmente o art. 1.565, §1º, CC permite que 
qualquer dos nubentes acrescente ao seu, o sobrenome do outro. 
• com a união estável ⎯ a lei permite que os conviventes adotem o 
patronímico de seus parceiros, desde que haja concordância 
recíproca. 
• adoção, reconhecimento de filho, separação judicial, divórcio, serviço 
de proteção de vítimas e testemunhas, tradução de nomes 
estrangeiros, etc. 
B) ESTADO 
O estado é definido como sendo o modo particular de existir, ou seja, a 
soma de qualificações de uma pessoa na sociedade. Apresenta, basicamente 
sob 03 (três) aspectos: 
• Individual (ou físico) ⎯ são as características pessoais: idade, sexo, 
saúde mental e física, altura, peso, etc. 
• Familiar ⎯ indica a situação que a pessoa ocupa na família: a) quanto 
ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, separado ou divorciado); b) quanto 
ao parentesco consanguíneo (pai, mãe, filho, avô, irmão, primo, tio, etc.); 
c) quanto à afinidade (sogro, sogra, genro, nora, cunhado, etc.). 
• Político ⎯ identifica a pessoa a partir do local em que nasceu ou de sua 
condição política dentro de um País: nacional (nato ou naturalizado), 
estrangeiro, apátrida. Obs.: a expressão heimatlos (origem alemã) 
significa apátrida. 
O estado é regulado por normas de ordem pública. É irrenunciável, pois 
não se pode renunciar aquilo que é uma característica pessoal. É uno e 
indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro; maior 
e menor, etc. Por ser um reflexo da personalidade, é inalienável, não 
podendo ser objeto de comércio. Trata-se de um direito indisponível e 
imprescritível. As ações tendentes a afirmar, obter ou negar determinado 
estado, também chamadas de ações de estado (ex: investigação de 
paternidade, divórcio, etc.). Estas ações são personalíssimas. 
C) DOMICÍLIO 
O conceito de domicílio surge da necessidade legal que se tem de 
fixar as pessoas em determinado ponto, onde possam ser encontradas para 
responder por suas obrigações. Distinção: 
• Residência ⎯ é o lugar em que o indivíduo se estabelece 
habitualmente, com a intenção de permanecer, mesmo que dele se 
ausente temporariamente; trata-se de uma situação de fato. 
• Domicílio ⎯ é a sede da pessoa, tanto física como jurídica, onde se 
presume a sua presença para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, 
habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. É o lugar onde a pessoa 
estabelece sua residência com ânimo definitivo de permanecer; trata-
se de um conceito jurídico. Possui dois elementos: 
 
 
 
 
 
 
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a) Objetivo – é o estabelecimento físico da pessoa; a fixação da 
residência. 
b) Subjetivo – é a intenção, o ânimo de ali permanecer em definitivo 
(a doutrina chama isso de animus manendi). 
Regra Básica: O domicílio da pessoa natural é o lugar onde 
ela estabelece a residência com ânimo definitivo (art. 70, CC). É 
também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes 
à profissão, o lugar onde esta é exercida (art. 72, CC). 
Outras regras: 
A) Uma pessoa pode residir em mais de um local, tomando apenas 
um como sendo o centro principal de seus negócios; este local então será o 
seu domicílio. Mas se a pessoa tiver várias residências, onde alternadamente 
viva, sem que se possa considerar uma delas como sendo o seu centro 
principal, o domicílio pode ser qualquer delas → o Brasil adotou o sistema da 
pluralidade domiciliar (art. 71, CC). 
B) Pode ocorrer que uma pessoa não tenha uma residência habitual; 
ela não tem um ponto central de negócios. O exemplo clássico é o dos 
circenses que a cada momento estão em uma localidade diferente. O 
domicílio desta pessoa então será o lugaronde ela for encontrada (art. 
73, CC). Trata-se do chamado foro aparente ou ocasional. 
Espécies de Domicílio 
1) Domicílio Voluntário ⎯ escolhido livremente pela própria vontade 
do indivíduo e por ele pode ser modificado (geral) ou estabelecido conforme 
interesses das partes em um contrato (especial). 
2) Domicílio Legal ou Necessário ⎯ é a lei que determina o 
domicílio, em razão da condição ou situação de certas pessoas. Deixa de 
existir a liberdade de escolha do domicílio. Observem o art. 76, CC. Assim: 
• Incapazes (qualquer tipo de incapacidade ) ⎯ os incapazes têm por 
domicílio o de seus representantes legais (pais, tutores ou curadores). 
• Servidor Público ⎯ seu domicílio é o lugar onde exerce 
permanentemente sua função. 
• Militar em serviço ativo ⎯ o domicílio do militar do Exército é o lugar 
onde está servindo; o da Marinha ou da Aeronáutica é a sede do 
comando a que se encontra imediatamente subordinado. Aplica-se este 
dispositivo, por analogia, também aos Policiais Militares estaduais. O 
militar reformado (aposentado) não tem mais este domicílio. 
• Preso ⎯ é o lugar onde a pessoa cumpre a sentença (não se aplica ao 
preso provisório; é necessário que haja uma decisão condenatória). 
• Marítimos (são os oficiais e tripulantes da marinha mercante) ⎯ Marinha 
Mercante é a que se ocupa do transporte de passageiros e mercadorias. 
O domicílio legal é no lugar onde estiver matriculado o navio. 
 
 
 
 
 
 
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• Agente Diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar 
extraterritorialidade, sem indicar seu domicílio no país, poderá ser 
demandado no Distrito Federal ou no seu último domicílio. 
3) Especial ⎯ O domicílio voluntário especial merece um destaque à 
parte. Segundo a doutrina ele pode ser subdividido: a) domicílio 
contratual (art. 78, CC) – local especificado no contrato para o 
cumprimento das obrigações dele resultantes; b) domicílio (ou foro) de 
eleição ou cláusula de eleição de foro (previsto no art. 111 do Código de 
Processo Civil) – escolhido pelas partes para a propositura de ações relativas 
às obrigações. Quando se tratar de ação que verse sobre imóveis a 
competência é a da situação da coisa. Há uma forte corrente 
jurisprudencial negando o foro de eleição nos contratos de adesão, 
“quando constitui um obstáculo à parte aderente, dificultando-lhe o 
comparecimento em juízo”. Trata-se de uma orientação do STJ, que entende 
ser cláusula abusiva, pois ela prejudica o consumidor, uma vez que o 
obriga a responder ação judicial em local diverso de seu domicílio (“é nula a 
cláusula que não fixar o domicílio do consumidor”). Lembrando que contrato 
de adesão (ou por adesão) é aquele que já está pronto, elaborado de forma 
unilateral. Ou você assina (adere) o contrato da forma como que ele foi 
redigido ou o mesmo não sai. Não é possível ficar discutindo cláusulas 
contratuais. Por tal motivo a tendência é não ser possível colocar o foro ou 
domicílio de eleição no contrato (até porque ele não foi eleito; foi imposto 
por uma das partes). 
FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL 
A existência da pessoa natural termina com a morte (art. 6o, CC). 
Verificada a morte de uma pessoa, desaparecem, como regra, os direitos e 
as obrigações de natureza personalíssima (ex: dissolução do vínculo 
matrimonial, relação de parentesco, etc.). Já os direitos não personalíssimos 
(em especial os de natureza patrimonial) são transmitidos aos seus 
sucessores. 
Num sentido genérico podemos dizer que há três espécies de morte: a) 
real; b) civil; c) presumida. A doutrina acrescenta também a hipótese da Lei 
9.140/95 que reconheceu como mortos, para todos os efeitos legais, os 
“desaparecidos políticos”. 
Morte Real ⎯ A personalidade civil termina com a morte física, deixando o 
indivíduo de ser sujeito de direitos e obrigações. No momento do falecimento 
a pessoa deixa de ser um sujeito de direitos e obrigações. A morte real se dá 
com o óbito comprovado da pessoa natural. A regra geral é que inicialmente 
se exige um atestado de óbito (para isso é necessário o corpo), que irá 
comprovar a certeza do evento morte, devendo o mesmo ser lavrado por 
profissional registrado no Conselho Regional de Medicina. Com este 
documento é lavrada a certidão de óbito, por ato do oficial do registro civil 
de pessoa natural, sendo esta a condição para o sepultamento. Na falta do 
corpo, recorre-se aos meios indiretos de comprovação morte real (também 
 
 
 
 
 
 
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chamada de justificação judicial de morte real). Isto está disciplinado no art. 
88 da Lei n° 6.015/73 (Lei de Registros Públicos): "Poderão os juízes togados 
admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em 
naufrágios, incêndio, terremoto ou outra qualquer catástrofe, quando estiver 
provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar o 
cadáver para exame". Se um avião explode matando todos os passageiros, 
há o óbito comprovado de todos; entretanto, pode ser que não tenhamos os 
corpos de todos os passageiros. Mesmo assim podemos dizer que houve a 
morte real, pela justificação judicial: não foram encontrados todos os corpos, 
mas há certeza da morte de todos. 
Morte Civil ⎯ A morte civil era a perda da personalidade em vida. Era 
uma pena aplicada a pessoas condenadas criminalmente, em situações 
especiais. Atualmente, pode-se dizer ela não existe mais. No entanto, há 
resquícios de morte civil. Ex: exclusão de herança por indignidade do filho, 
“como se ele morto fosse” (vejam esta expressão no art. 1.816, CC). 
Morte Presumida ⎯ ocorre quando a pessoa for declarada ausente. 
Ausência é o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio. A pessoa 
que deixa de dar notícias de seu paradeiro por um longo período de tempo, 
sem deixar um representante (procurador) para administrar seus bens (art. 
22, CC). Os efeitos da morte presumida são patrimoniais (protege-se o 
patrimônio do ausente) e alguns pessoais (ex: o estado de viuvez do cônjuge 
do ausente). A ausência só pode ser reconhecida por meio de um processo 
judicial composto de três fases: a) curadoria de ausentes; b) sucessão 
provisória; c) sucessão definitiva. Vejamos. 
Primeira Fase – Declaração de Ausência. Ausente uma pessoa, 
qualquer interessado na sua sucessão (e até mesmo o Ministério Público) 
poderá requerer ao Juiz a declaração de ausência e a nomeação de um 
curador. Trata-se da curadoria de ausentes. Os bens são arrecadados e 
entregues ao curador apenas para os mesmos sejam administrados (não há 
efeitos pessoais). Durante um ano (no caso do ausente não deixar 
representante ou procurador) devem-se expedir editais convocando o 
ausente para retomar a posse de seus haveres. Com a sua volta opera-se a 
cessação da curatela, o mesmo ocorrendo se houver notícia de seu óbito 
comprovado. No entanto, se o ausente deixou um representante para cuidar 
de seus interesses, aquele prazo (de um ano) eleva-se para três anos. É o 
que diz o art. 26, CC. 
Segunda Fase – Sucessão Provisória. Se o ausente não comparecer 
no prazo (um ou três anos, dependendo da hipótese), poderá ser requerida e 
aberta a sucessão provisória e o início do processo de inventário e 
partilha dos bens. No processo de ausência a sentença do Juiz é dada logo 
no início do processo, para que se inicie a sucessão provisória. Mas esta 
sentença determinando a abertura da sucessão aindanão produz efeitos de 
imediato. O art. 28, CC prevê uma cautela a mais. Ou seja, concede um 
prazo de mais 180 dias para que o ausente reapareça e tome conhecimento 
da sentença que determinou a abertura da sucessão provisória de seus bens. 
 
 
 
 
 
 
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Assim, a sentença somente irá produzir efeitos após 180 dias de sua 
publicação na imprensa. Trata-se, digamos, de uma “última chance” que se 
dá ao ausente. Após este prazo, a ausência passa a ser presumida. Nesta 
fase cessa a curatela dos bens do ausente. É feita a partilha dos bens 
deixados e agora são os herdeiros, de forma provisória e condicional (e não 
mais o curador) que irão administrar os bens, prestando caução (ou seja, 
dando garantias de que os bens serão restituídos no caso do ausente 
aparecer). Nesta fase os herdeiros ainda não têm a propriedade; exercem 
apenas a posse dos bens do ausente. Apenas se antecipa a sucessão, sem 
delinear definitivamente o destino dos bens desaparecido. Por isso os 
sucessores ainda não podem vender os bens. Os imóveis somente podem ser 
vendidos com autorização judicial. A sucessão provisória é encerrada se o 
ausente retornar ou se comprovar a sua morte real. Convém acrescentar que 
o descendente, o ascendente e o cônjuge (herdeiros necessários) que forem 
sucessores provisórios do ausente e estiverem na posse dos bens terão 
direito a todos os frutos e rendimentos desses bens. Ex: Uma pessoa foi 
considerada “ausente”; era proprietário de duas casas e uma fazenda. Seu 
filho entrou na posse dos bens: mora em uma das casas, alugou a outra e 
tornou a fazenda extremamente produtiva. Se seu pai retornar 
posteriormente, o filho não será obrigado a restituir os aluguéis que recebeu 
com a casa e nem o que lucrou explorando a fazenda. Já os demais 
sucessores (ex: irmãos, tios, sobrinhos, etc.) terão direito somente à 
metade destes frutos ou rendimentos. 
Terceira Fase – Sucessão Definitiva. Após 10 (dez) anos do trânsito 
em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória, sem que o 
ausente apareça, será declarada a morte presumida. Nesta ocasião 
converte-se a sucessão provisória em definitiva. Os sucessores deixam 
de ser provisórios, adquirindo a propriedade plena (ou o domínio) e a 
disposição dos bens recebidos. Porém esta propriedade é considerada 
resolúvel. Isto é, se o ausente retornar em até 10 (dez) anos seguintes à 
abertura da sucessão definitiva terá direito aos bens, mas no estado em que 
se encontrarem. Ou então terá direito ao preço que os herdeiros houverem 
recebido com sua venda. Se regressar após esse prazo (portanto após 21 
anos de processo), não terá direito a mais nada. 
É interessante acrescentar que o art. 38, CC possibilita se requerer a 
sucessão definitiva provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade e 
que de cinco datam as últimas notícias dele. 
É nesta fase (na sucessão definitiva – ou seja, até 10 anos após o 
trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória) que 
também se dissolve a sociedade conjugal, considerando-se rompido o 
vínculo matrimonial. É o que prevê o art. 1.571, §1° do CC. Neste caso o 
cônjuge será considerado viúvo (torna-se irreversível a dissolução da 
sociedade conjugal), podendo se casar novamente. No entanto este cônjuge 
não precisa esperar tanto tempo para se casar novamente. Ele pode 
ingressar com um pedido de “divórcio direto”, com base na separação de fato 
por mais de 02 (dois) anos, nos termos do art. 1.580, §2° do CC, 
 
 
 
 
 
 
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requerendo a citação do ausente por edital. Divorciado, está livre para 
convolar novas núpcias. 
Resumindo: a) Ausência (ou curadoria do ausente) – 01 ou 03 anos, 
dependendo da hipótese (art. 26, CC), arrecadando-se os bens que serão 
administrados por um curador; b) Sucessão Provisória – é feita a partilha 
de forma provisória, aguardando-se 10 anos; c) Sucessão Definitiva – na 
abertura já se concede a propriedade plena e se declara a morte (presumida) 
do ausente. Seu cônjuge é reputado viúvo. Aguarda-se mais dez anos; d) 
Fim. 
É importante acrescentar que atualmente, em determinadas hipóteses, 
pode haver a morte presumida sem declaração de ausência. É o que 
prevê o art. 7o do CC. Isto para melhor viabilizar o registro do óbito, resolver 
problemas jurídicos e regular a sucessão causa mortis. Vejamos as duas 
situações excepcionais: 
a) For extremamente provável a morte de quem estava em perigo de 
vida. 
b) Pessoa desapareceu em campanha ou feito prisioneiro e não foi 
encontrado até dois anos após o término da guerra. 
A declaração de ausência nestes casos somente poderá ser requerida 
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a 
data provável do falecimento. Com a declaração de ausência nas hipóteses 
previstas, abre-se a sucessão definitiva. O patrimônio do “morto presumido” 
se transforma em herança, sendo que os herdeiros já podem ter a posse dos 
bens. 
COMORIÊNCIA 
Comoriência é o instituto pelo qual se considera que duas ou mais 
pessoas morreram simultaneamente, sempre que não se puder averiguar 
qual delas pré-morreu, ou seja, quem morreu em primeiro lugar. Art. 8º, CC: 
“Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo 
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos”. Ex: um avião caiu e todos os passageiros 
faleceram no acidente; nesse caso vamos presumir que todos eles morreram 
no mesmo momento. Comoriência também é chamada de morte simultânea. 
Trata-se de uma presunção relativa (juris tantum), ou seja, que admite 
prova em contrário. 
Aplica-se o instituto da morte simultânea sempre que houver uma 
relação de sucessão hereditária entre os mortos. Se não houver esta 
relação também não haverá qualquer interesse jurídico na questão. A 
consequência prática é que se os comorientes forem herdeiros uns dos 
outros, não haverá transferência de direitos entre eles; um não sucederá o 
outro. Suponha-se o caso de mortes simultâneas de cônjuges, sem 
descendentes e sem ascendentes, mas com irmãos. Pelo instituto da 
comoriência, a herança de ambos é dividida à razão de 50% para os 
 
 
 
 
 
 
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herdeiros de cada cônjuge, se o regime de bens do casamento for o da 
comunhão universal. 
Questão Polêmica E se duas pessoas falecerem em locais diferentes, mas 
nas mesmas circunstâncias de tempo? Há autores que defendem a posição de que 
somente haverá comoriência se as mortes se derem no mesmo acontecimento, 
lugar e tempo. Outros (Maria Helena Diniz) afirmam: "Embora o problema da 
comoriência tenha começado a ser regulado a propósito de caso de morte conjunta 
no mesmo acontecimento, ele se coloca, como se pode ver da redação do art. 8o do 
Código Civil, com igual relevância em matéria de efeitos dependentes de 
sobrevivência, nos casos de pessoas falecidas em lugares e acontecimentos 
distintos, mas em datas e horas simultâneas ou muito próximas. A expressão “na 
mesma ocasião” não requer que o evento morte se tenha dado na mesma 
localidade; basta que haja inviabilidade na apuração exata da ordem cronológica 
dos óbitos”. 
EFEITOSDO FIM DA PERSONALIDADE 
São efeitos do fim da personalidade: dissolução do vínculo conjugal 
e do regime matrimonial; extinção do poder familiar; extinção dos contratos 
personalíssimos, etc. Outro efeito de suma importância é a extinção da 
obrigação de prestar alimentos com o falecimento do credor. Observem que 
o credor é a pessoa que estava recebendo a pensão alimentícia; morrendo 
não faz mais jus ao benefício e este não se transmite a seus herdeiros. No 
entanto, no caso de morte do devedor (que é a pessoa que paga a pensão 
alimentícia), os herdeiros deste assumirão a obrigação até as forças da 
herança. Trata-se de uma inovação do atual Código. Este assunto é tratado 
com maior profundidade na aula referente ao Direito das Sucessões, quando 
este ponto for exigido pelo edital. 
A morte não aniquila com toda a vontade do de cujus, que pode 
sobreviver por meio de um testamento. Ao cadáver é devido respeito; os 
militares e os servidores públicos de uma forma geral podem ser promovidos 
post mortem; permanece o direito à imagem, à honra, aos direitos autorais, 
etc. 
CAPACIDADE 
Embora baste nascer com vida para se adquirir a personalidade, nem 
sempre se terá capacidade. Costuma-se dizer que a personalidade é a 
potencialidade resultante de um fato natural (nascer com vida); já na 
capacidade temos os limites desta potencialidade. A capacidade pode assim 
ser classificada: 
• Capacidade de direito ou de aquisição de direito ou de 
gozo ⎯ própria de todo ser humano, inerente à personalidade e que só se 
perde com a morte. É a capacidade para adquirir direitos e contrair 
obrigações. "Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil" (art. 
1º do Código Civil). 
 
 
 
 
 
 
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• Capacidade de fato ou de exercício da capacidade de 
direito ⎯ isto é, de exercitar por si mesmo os atos da vida civil. 
Toda pessoa natural tem capacidade de direito. Esta é inerente à 
personalidade. Quem tem personalidade (está vivo) tem capacidade de 
direito. Mas essa pessoa pode não ter a capacidade de fato, pois pode lhe 
faltar a plenitude da consciência e da vontade, limitando o exercício (e não 
o gozo) dos direitos. 
No Brasil não existe a incapacidade de direito. 
A capacidade de direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode 
sofrer restrições quanto ao seu exercício. Ex: o “louco”, por ser pessoa 
(ele está vivo, possui personalidade), tem capacidade de direito, podendo 
receber uma doação; porém não tem capacidade de fato, não podendo 
vender o bem que ganhou. 
Quem possui as duas espécies de capacidade (de direito e de fato) tem 
a chamada capacidade plena. Quem só possui a de direito tem a chamada 
capacidade limitada. A incapacidade é a restrição legal ao exercício dos 
atos da vida civil (em outras palavras: é uma restrição ao poder de agir). 
Visa proteger os que são portadores de alguma deficiência jurídica 
apreciável, graduando a forma de proteção: pode ser absoluta ou relativa. 
A falta de capacidade pode ser suprida pelos institutos da: 
• Representação → para os absolutamente incapazes, ou seja, 
para pessoas completamente privadas de agir na vida civil. 
• Assistência → para os relativamente incapazes, ou seja, para 
pessoas que já podem atuar na vida civil, desde que autorizadas. 
CAPACIDADE DE FATO 
Na realidade a capacidade é a regra. E a incapacidade é a exceção. A 
lei (ordem pública) é que irá apontar quais as hipóteses em que a pessoa 
pode ser privada da capacidade. 
A) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES 
Ocorre quando houver proibição total do exercício do direito do incapaz, 
acarretando, em caso de violação, a nulidade absoluta do ato jurídico 
(art. 166, I, CC). Os absolutamente incapazes possuem direitos, porém não 
podem exercê-los pessoalmente. Há uma restrição legal ao poder de agir por 
si. Por isso devem ser representados. São absolutamente incapazes (art. 
3º, CC): 
1) Os menores de 16 (dezesseis) anos (critério etário) ⎯ devem 
ser representados por seus pais ou, na falta deles, por tutores. São 
chamados também de menores impúberes. O legislador entende que, 
devido a essa tenra idade, a pessoa ainda não atingiu o discernimento pleno 
para distinguir o que pode ou não fazer. 
2) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem 
o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil ⎯ são 
 
 
 
 
 
 
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as pessoas que, por motivo de ordem patológica ou acidental, congênita ou 
adquirida, não estão em condições de reger sua própria pessoa ou 
administrar seus bens. Abrange pessoas que têm desequilíbrio mental (ex: 
demência, paranoia, psicopatas, etc.). Para que seja declarada a 
incapacidade absoluta neste caso, é necessário um processo de interdição. 
Trata-se de uma medida de proteção, em que o Poder Judiciário declara se 
determinada pessoa tem ou não a plena capacidade para gerir seus próprios 
negócios. Pode ser total ou parcial, dependendo da hipótese concreta. Trata-
se de um procedimento especial de jurisdição voluntária (não há uma 
disputa entre as partes, porém a intervenção do Juiz é necessária, 
exercendo-se a jurisdição no sentido de simples administração). A 
jurisdição voluntária se contrapõe à jurisdição contenciosa (que é 
caracterizada pela disputa entre duas ou mais partes, que pleiteiam 
providências opostas ao Juiz). 
Em regra, só depois de decretada a interdição é que se recusa a 
capacidade de exercício, sendo nulo qualquer ato praticado pela pessoa 
interditada, ainda que a outra pessoa não saiba da interdição. Isto porque há 
uma presunção da publicidade da sentença de interdição e conhecimento 
geral. Se o ato praticado pelo enfermo mental foi antes de sua interdição, 
em regra não se anula o negócio. No entanto, jurisprudência e a doutrina 
admitem a produção retroativa dos efeitos da interdição em hipóteses 
especiais. 
Nosso direito não admite os chamados “intervalos lúcidos”. Ou seja, se 
a pessoa praticou o ato após a sua interdição, este ato é considerado nulo, 
não se aceitando a demonstração de que naquele momento, embora 
interditada, a pessoa estava lúcida. A senilidade ou senectude (velhice), 
por si só, não é causa de restrição da capacidade de fato. 
3) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir 
sua vontade ⎯ trata-se de uma expressão genérica e muito abrangente. 
Pode incluir o surdo-mudo, desde que ele não possa manifestar sua vontade 
de forma alguma. Se puder exprimir sua vontade, pode ser considerado 
relativamente capaz ou até plenamente capaz, dependendo do grau de sua 
expressão, embora estejam impedidos de praticar atos que dependam de 
audição (ex: testemunha em testamento). O dispositivo inclui, também, as 
pessoas que perderam a memória, embora de forma transitória, e outros 
casos análogos. 
Reforçando: o Código Civil não estende a incapacidade: a) ao cego, 
que somente terá restrição aos atos que dependem da visão, como 
testemunha ocular de um fato, testemunha em testamentos, etc.; além 
disso, o cego somente poderá fazer testamento da forma pública; b) ao 
analfabeto; e c) à pessoa com idade avançada. 
B) RELATIVAMENTE INCAPAZES 
 
 
 
 
 
 
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Trata-se de uma situação intermediária entre a incapacidade total e a 
capacidade plena. A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem 
praticar por si os atos da vida civil, desde que assistidos por seus 
representantes legais. O efeito da violação desta norma é gerar a 
anulabilidade (ou nulidade relativa) do ato jurídico (art. 171, I, CC), 
dependendo da iniciativa do lesado. Certos atos a pessoa já pode praticar 
sem assistência e são considerados válidos. Há outras hipóteses em que o 
ato pode ser ratificado ou convalidado pelo representante legal, 
posteriormente. A grande diferença entre os absolutamente incapazes e os 
relativamente incapazes é que no primeiro caso a pessoa não pode praticar o 
ato, por isso ela será representada; já na segunda hipótese a pessoa pratica 
pessoalmente o ato, sua vontade é levada em conta, mas não pode praticar 
este ato sozinha, sendo necessária a assistência. Se houver um conflito de 
interesses entre o incapaz e o assistente, o Juiz lhe nomeará um curador 
especial. São relativamente incapazes (art. 4º, CC): 
1) Maiores de 16 anos e menores de 18 anos ⎯ afirma a doutrina 
que a sua pouca experiência e insuficiente desenvolvimento intelectual não 
lhes possibilitam a plena participação na vida civil. São também chamados 
de menores púberes. Eles somente poderão praticar certos atos mediante 
assistência de seus representantes, sob pena de anulação. No entanto há 
atos que o relativamente incapaz pode praticar mesmo sem assistência. 
Ex: casar (necessitando neste caso apenas de uma autorização de seus 
pais); fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único do CC); servir como 
testemunha (art. 228, I, CC) inclusive em atos jurídicos e em testamento; 
ser eleitor, etc. 
O menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma 
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido 
pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, espontaneamente se declarou 
maior (art. 180, CC). Explicando: Em um contrato, um rapaz com 17 anos 
se passou por maior de 18 anos e assumiu determinada obrigação. Depois, 
para não cumprir esta obrigação, alegou ser menor e revelou sua idade 
verdadeira. Pela lei o menor não poderá fugir desta obrigação, pois 
conscientemente declarou-se maior (não se pode, para eximir de uma 
obrigação, alegar sua própria torpeza). 
2) Ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por 
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido ⎯ alargaram-se 
os casos de incapacidade relativa decorrente de causa permanente ou 
transitória. Deve haver também um processo de interdição, onde o Juiz irá 
estabelecer os limites da curatela (maior ou menor dependendo do grau de 
comprometimento mental do interditado). A dependência por álcool ou 
drogas faz com que a pessoa seja considerada relativamente incapaz. No 
entanto se o grau de dependência atingir níveis excepcionais, essa pessoa 
poderá ser considerada absolutamente incapaz. 
3) Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo ⎯ trata-
se de uma expressão de caráter genérico, abrangendo as pessoas portadoras 
 
 
 
 
 
 
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de alguma anomalia psíquica que apresentam sinais de desenvolvimento 
mental incompleto. Neste caso também é necessário um processo regular de 
interdição. O exemplo clássico da doutrina são os portadores da “Síndrome 
de Down”. 
4) Pródigos ⎯ são os que dilapidam os seus bens ou seu patrimônio, 
fazendo gastos excessivos e anormais, podendo chegar à miséria. Trata-se 
de um desvio de personalidade e não de uma alienação mental propriamente 
dita. O exemplo clássico é o da pessoa viciada em jogos de azar, que de 
forma compulsiva, dissipa seu patrimônio. Neste caso a pessoa deve ser 
interditada para a sua própria proteção, e, em seguida, nomeia-se um 
curador para cuidar de seus interesses. O pródigo interditado não pode 
(sem assistência): emprestar, transigir, dar quitação, alienar (ou seja, 
vender, doar, etc.), hipotecar, agir em juízo, etc. Como ele fica privado 
somente dos atos que possam comprometer seu patrimônio, ele pode: 
exercer atos de mera administração, exercer profissão, etc. O pródigo poderá 
até se casar. No entanto se houver necessidade de pacto antenupcial haverá 
assistência de um curador, pois o ato nupcial pode envolver disposição de 
bens. 
Observação – Índios ⎯ O atual Código Civil afirma que a capacidade 
dos índios será regulada por meio de lei especial (art. 4o, parágrafo único, 
CC). A Lei 6.001/73 (Estatuto do Índio) coloca o índio e sua comunidade, 
enquanto não integrado à comunhão nacional, sob o regime tutelar. O órgão 
que deve assisti-los é a FUNAI. 
TUTELA E CURATELA 
 A tutela é um instituto de caráter assistencial que tem por 
finalidade substituir o poder familiar. Protege o menor (impúbere ou 
púbere) não emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem 
suspensos ou destituídos do poder familiar, dando-lhes representação ou 
assistência no plano jurídico. Pode ser oriunda de provimento voluntário, de 
forma testamentária, ou em decorrência da lei. Observem que o tutor pode 
representar o incapaz (se este for menor de 16 anos) ou assisti-lo (se ele for 
maior de 16, porém menor de 18 anos). O tutor pode realizar quase todos os 
atos em nome do menor (não poderá emancipá-lo, pois isso depende de 
sentença judicial). Observem que poder familiar e tutela são institutos que se 
excluem. Somente se o menor não tiver pais é que será nomeado o tutor. 
 Já a curatela é um encargo público (também chamado de munus) 
previsto em lei e que é dado para pessoas maiores, mas que não estão em 
condições de realizar os atos da vida civil pessoalmente, geralmente em 
razão de alguma enfermidade, deficiência mental ou prodigalidade. O 
curador além de administrar os bens do incapaz, deve, também, reger e 
defender a pessoa. Decorre de nomeação pelo Juiz em decisão prolatada em 
processo de interdição. 
C) CAPACIDADE PLENA 
 
 
 
 
 
 
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A incapacidade termina, via de regra, ao desaparecerem as causas que 
a determinaram. Assim, nos casos de loucura, da toxicomania, etc., 
cessando a enfermidade que a determinou, cessa também a incapacidade. Já 
em relação à menoridade, a incapacidade cessa quando o menor completar 
18 anos (art. 5°, caput, CC). Dessa forma, torna-se apto a exercer 
pessoalmente todos os atos da vida civil sem necessidade de ser assistido 
por seus pais. 
Cuidado!! Não confundir a capacidade civil com a imputabilidade (ou 
responsabilidade) penal, que também se dá aos 18 anos completos. E nem 
com a capacidade eleitoral que se inicia, facultativamente, aos 16 anos. 
EMANCIPAÇÃO 
Emancipação (cessação da incapacidade ou antecipação dos efeitos da 
maioridade) é a aquisição da capacidade plena antes dos 18 anos, 
habilitando o indivíduo para todos os atos da vida civil. A emancipação é 
irrevogável e definitiva. Adquire-se a emancipação (art. 5o, parágrafo 
único, Código Civil): 
1) Pela concessão dos pais ou apenas de um deles na falta do 
outro (emancipação parental ou voluntária) ⎯ os pais reconhecem que seu 
filho já tem maturidade suficiente para reger sua pessoa e seus bens. Deve 
ser concedida por ambos os pais, por instrumento público (escritura) e 
posteriormente registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, 
não sendo necessária a homologação do Juiz. O menor deve ter, no mínimo, 
16 anos completos.2) Por Sentença do Juiz ⎯ em duas hipóteses: a) quando um dos 
pais não concordar com a emancipação, contrariando a intenção do outro 
(conflito de vontades entre os pais); b) quando o menor estiver sob tutela. 
O tutor não pode emancipar o menor. Evita-se, assim, a emancipação 
destinada apenas para livrar o tutor do encargo. Desta forma a emancipação 
deve ser feita pelo Juiz, se o menor tiver 16 anos, ouvido o tutor, com a 
participação do Ministério Público, depois de verificada a conveniência para o 
bem do menor. 
3) Pelo casamento ⎯ a idade nupcial (ou idade núbil) do homem e
da mulher é de 16 anos. O art. 1.517, CC exige a autorização de ambos os 
pais, enquanto não atingida a maioridade. Caso os pais não consintam com o 
casamento, ou em havendo divergência entre eles, a autorização poderá ser 
suprida pelo Juiz. Após a celebração do casamento, os cônjuges, mesmo que 
menores, são considerados emancipados. O divórcio, a viuvez e mesmo a 
anulação do casamento não implicam no retorno à incapacidade. No entanto 
o casamento nulo pode fazer com que se retorne à situação de incapaz. 
Mas há uma exceção: se o casamento for contraído de boa-fé. Nesta 
hipótese o ato produzirá efeitos de um casamento válido e a pessoa será 
considerada emancipada. 
Somente em casos excepcionais admite-se o casamento de quem ainda 
não alcançou a idade núbil (16 anos). Ex: gravidez. Digamos que uma jovem 
 
 
 
 
 
 
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de 15 anos engravidou de seu namorado que tem 23 anos e uma situação 
financeira confortável. Eles querem se casar. Mas a jovem ainda não tem a 
idade núbil. Neste caso exige-se uma sentença judicial de suprimento de 
idade. 
4) Pelo exercício de emprego público (efetivo) ⎯ excluem-se os 
diaristas, contratados e os nomeados para cargos em comissão. Há 
entendimento que deve ser funcionário da administração direta (excluindo-
se, assim, os funcionários de autarquias). Há pouca aplicação prática deste 
dispositivo, pois os editais de concursos públicos exigem que o candidato 
tenha, no mínimo, 18 anos completos. 
5) Pela colação de grau em curso de ensino superior ⎯ também 
há pouca aplicação prática devido às particularidades de nosso sistema de 
ensino. 
6) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência 
de relação de emprego, desde que em função deles, o menor tenha 
economia própria ⎯ é necessário que este menor tenha no mínimo 16 
anos completos, pois já revelaria suficiente amadurecimento. Na prática há 
uma certa dificuldade para se provar o que seja "economia própria" Ex: 
pessoas que com 16 anos que já é um artista expondo obras em galerias 
mediante remuneração; jogador de futebol profissional, etc. 
PESSOAS JURÍDICAS 
(arts. 40 a 69, CC) 
As Pessoas Jurídicas são entes resultantes da criação da lei. Existem 
como grupos constituídos para a realização de determinados fins, sendo 
dotadas de direitos e obrigações. Observem que a doutrina usa outras 
expressões sinônimas: pessoas morais, coletivas, abstratas, fictícias ou 
“entes de existência ideal”. 
As Pessoas Jurídicas também têm direito à personalidade 
(identificação, liberdade para contratar, boa reputação, etc.), aos direitos 
reais (pode ser proprietária, usufrutuária, etc.), aos direitos industriais (art. 
5o, inciso XXIX da CF/88), aos direitos obrigacionais (podendo comprar, 
vender, alugar ou contratar de uma forma geral) e até mesmo aos direitos 
sucessórios (podem adquirir bens causa mortis, ou seja, por testamento). 
É interessante acrescentar que os dispositivos relativos aos direitos da 
personalidade da pessoa natural (arts. 11 a 21, CC) também podem ser 
aplicados em relação à pessoa jurídica, no que couber, por força do art. 52, 
CC. E é por isso que uma pessoa jurídica tem direito ao nome, à marca, à 
imagem, à propriedade, ao segredo, etc. Segundo a doutrina ela tem honra 
objetiva, pois tem patrimônio, reputação, bom nome, etc. Assim, no campo 
do Direito Civil, a pessoa jurídica pode ser vítima e sofrer danos morais, 
 
 
 
 
 
 
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tendo, inclusive, direito de acionar o Poder Judiciário para exigir reparação 
desses danos. Trata-se da Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça. 
Existem diversas teorias que tentam identificar a natureza da 
personalidade da Pessoa Jurídica. A corrente majoritária tem adotado a 
Teoria da Realidade Técnica, onde a pessoa jurídica existe de fato e não 
como uma mera abstração. É reconhecida pelo Estado, com personalidade 
própria, distinta da de seus membros. São pressupostos de existência da 
Pessoa Jurídica: 
a) Vontade humana criadora. Trata-se da affectio societatis, ou 
seja, intenção específica dos sócios em constituir uma sociedade. 
b) Obediência aos requisitos impostos pela lei para sua 
formação. As pessoas jurídicas somente existem porque a lei assim o 
permite. Portanto, ela necessita se submeter aos requisitos impostos pela 
própria lei. 
c) Licitude de sua finalidade, ou seja, deve ter objeto lícito 
abrangendo em seu conceito: a moralidade dos atos e os objetivos 
perseguidos. 
CONCEITO 
De uma forma técnica podemos conceituar a Pessoa Jurídica como 
sendo a união de pessoas naturais ou de patrimônios, com o objetivo de 
atingir determinadas finalidades e reconhecida pela ordem jurídica como 
sujeito de direitos e obrigações. Atribui-se à Pessoa Jurídica uma 
personalidade distinta da personalidade dos membros que a compõe. 
REPRESENTAÇÃO 
Por não poder atuar por si própria, a pessoa jurídica, como ente da 
criação da lei, deve ser representada por uma pessoa física (ou natural) 
ativa e/ou passivamente, exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou 
extrajudiciais. Pelo art. 47, CC, todos os atos negociais exercidos pelo 
representante, dentro dos limites de seus poderes estabelecidos no estatuto 
social, obrigam a pessoa jurídica, que deverá cumpri-los. Mas se o 
representante extrapolar estes poderes, responderá pessoalmente por este 
excesso. 
Em regra essa pessoa é a indicada no ato constitutivo da Pessoa 
Jurídica. Na sua omissão, a representação será exercida por seus diretores. 
Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões serão tomadas 
pela maioria dos votos, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso 
(art. 48, CC). Esta representação se extrai inicialmente (embora de forma 
indireta) dos arts. 46, inciso V e 47 do Código Civil. Mas também está 
prevista expressamente no art. 12, incisos I e II (para as Pessoas Jurídicas 
de Direito Público) e inciso VI (para as Pessoas Jurídicas de Direito Privado) 
do Código de Processo Civil (C.P.C.). 
 
 
 
 
 
 
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Lembrando sempre que o Ato Constitutivo varia de acordo com o tipo 
de Pessoa Jurídica: estatuto (na associação); contrato social (na 
sociedade); escritura pública ou testamento (na fundação). 
CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS: 
A) Quanto à Nacionalidade ⎯ Elas podem ser consideradas como 
Nacionais ou Estrangeiras. Sociedade Nacional é a organizada conforme a 
lei brasileira e tem no País a sede de sua administração. A Sociedade 
Estrangeira não poderá funcionar no País sem autorização do Poder 
Executivo e ficarásujeita aos Tribunais brasileiros quanto aos atos aqui 
praticados. 
B) Quanto à Estrutura Interna 
1) Universitas Personarum – nelas, o que é importante é o 
conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e 
os exerce por meio de uma vontade única. O objetivo é o bem-estar de 
seus membros. Ex: as Sociedades (de uma forma geral) e as Associações. 
2) Universitas Bonorum – nelas, o que é importante é o 
patrimônio personalizado destinado a um determinado fim e que lhe dá 
unidade. O objetivo é o bem-estar da sociedade. Ex: as Fundações. O 
objeto e o patrimônio das Fundações são seus elementos essenciais. 
C) Quanto às Funções e Capacidade ⎯ Dividem-se em: 
1) Pessoas Jurídicas de Direito Público ⎯ Pode ser 
classificada em Externo ou Interno. Esta, por sua vez, pode ser subdividida 
em Administração Direta ou Indireta. 
2) Pessoas Jurídicas de Direito Privado ⎯ Fundações 
Particulares, Organizações Religiosas (Lei n° 10.825/03), Partidos Políticos 
(Lei n° 10.825/03), Associações e Sociedade, sendo que estas podem ser: 
simples (antigas sociedades civis) ou empresárias (antigas sociedades 
comerciais ou mercantis). 
I.PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO 
O Estado é a pessoa jurídica de direito público por excelência. Todo 
Estado independente é formado por três elementos essenciais: a) povo; b) 
território; e c) governo soberano. Costuma-se dizer que o Estado é o povo, 
em dado território, politicamente organizado segundo sua livre e soberana 
vontade. 
I.1) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO 
Segundo o art. 42, CC, são pessoas jurídicas de direito público externo 
os Estados estrangeiros (outros países soberanos, como o Uruguai, 
Canadá, Dinamarca, etc.) e todas as pessoas que forem regidas pelo 
direito internacional público; ou seja, os Organismos Internacionais, 
 
 
 
 
 
 
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como a ONU (Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos 
Estados Americanos). 
I.2) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO 
São aquelas cuja atuação se restringe aos interesses e limites 
territoriais do Estado. É a nossa nação, politicamente organizada, nos moldes 
previstos na Constituição Federal de 1988. 
A) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DA 
ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU CENTRALIZADA (art. 41, I, II e III, CC) ⎯
São elas: União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios e os 
Municípios legalmente constituídos. 
Costuma-se dizer que o Brasil é detentor de soberania, ou seja, não 
deve obediência jurídica a nenhum outro Estado. É juridicamente ilimitada no 
plano interno e somente contra limites na soberania de outro País. Já as 
demais entidades dentro do Brasil são detentoras de autonomias. A 
autonomia dos entes da federação brasileira está devidamente delimitada 
pelo Direito. Esta autonomia, na verdade, é o exercício do poder do Estado 
com a observância dos parâmetros jurídicos estabelecidos em uma norma de 
hierarquia superior (em outras palavras: a própria Constituição Federal). 
A União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados-
membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu 
território. Os Estados federados (Estados-membros) possuem autonomia 
administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária 
sobre os negócios locais. Os Municípios legalmente constituídos também se 
encaixam nesta classificação, pois foram assegurados pela Constituição 
Federal; eles têm interesses e economia próprios. Também há previsão 
expressa em relação ao Distrito Federal. Mas em relação a ele a natureza 
jurídica é controvertida. Alguns dizem que ele é um município anômalo; 
outros que é uma autarquia territorial; outros que é uma circunscrição 
territorial assemelhada aos territórios. Finalmente outros afirmam que é 
“mais do que um município e menos que um Estado”. Possui previsão 
expressa no art. 32, CF/88. Vejamos: a) o Distrito Federal rege-se por uma 
Lei Orgânica (típica de Municípios) e não por uma Constituição Estadual 
(típica dos Estados-membros); b) o Poder Legislativo é exercido pela 
Câmara Legislativa (mistura de Câmara de Vereadores – Poder Legislativo 
Municipal e Assembleia Legislativa – Poder Legislativo Estadual) composto 
por Deputados Distritais eleitos, acumulando as competências legislativas 
reservadas aos Estados e Municípios; c) o Chefe do Poder Executivo é um 
Governador (típico dos Estados) Distrital e não um Prefeito (típico dos 
Municípios); d) é proibida a sua divisão em municípios. Há uma grande 
crítica em relação ao texto do art. 18, §1o, CF/88, pois ele afirma que 
Brasília é a Capital Federal, quando se devia ter mantido a nossa tradição 
e correção técnica afirmando que “o Distrito Federal é a capital da União”. Na 
realidade Brasília é apenas uma cidade (e que bela cidade!!) do Distrito 
 
 
 
 
 
 
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Federal, que serve de centro político à União. As aglomerações urbanas 
situadas fora do Plano Piloto são chamadas de regiões administrativas (ou 
cidades-satélites). 
Chamo atenção para os Territórios. Como sabemos, já não existem 
mais os Territórios no Brasil. Mas apesar de não mais existirem há previsão 
expressa na Constituição Federal, possibilitando a criação de eventual novo 
Território, por meio de Lei Complementar (arts. 18, §2º e 48, inciso VI, 
CF/88). Para o Direito Civil ele será considerado como sendo uma Pessoa 
Jurídica de Direito Público Interno, pois há previsão expressa no art. 41, 
inciso II do Código Civil neste sentido. Alguns autores classificam os 
territórios como “autarquias territoriais” dando a entender que seriam pessoa 
jurídicas de direito público interno de administração indireta. 
O Brasil, pelos termos da Constituição Federal de 1988, é uma 
República Federativa, com sistema Presidencialista. Além disso (segundo a 
doutrina), possui como Regime de Governo o Estado Democrático e de 
Direito. 
B) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DE 
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA OU DESCENTRALIZADA (art. 41, IV e V, 
CC) ⎯ São órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade 
jurídica própria para o exercício de atividade de interesse público. São eles: 
a) Autarquias. b) Associações Públicas (Lei nº 11.107/05). c) Demais 
entidades de caráter público criadas por lei. Vejamos cada um destes itens: 
A) AUTARQUIAS 
São pessoas jurídicas de direito público, que desempenham atividade 
administrativa típica, com capacidade de auto-administração. Embora ligadas 
ao Estado, elas desfrutam de certa autonomia, possuindo patrimônio e 
orçamento próprio, mas sob o controle do Executivo que o aprova por 
Decreto e depois o remete ao controle do Legislativo. Elas são criadas por lei 
específica, possuindo atribuições estatais específicas, destinadas à realização 
de obras e serviços públicos, de cunho social, geralmente ligadas a área da 
saúde, educação, etc. (exclui-se, portanto as de natureza econômica ou 
industrial). A autarquia nasce com a vigência da lei que a instituiu; não há 
necessidade de registro. Seus atos são considerados como 
administrativos. Como possui personalidade jurídica própria, ela se desliga 
do ente criador. Portanto, se alguém quiser discutir judicialmente uma 
revisão em sua aposentadoria, deve ingressar com ação judicial não contra a 
União (entidade criadora), mas contra o próprio INSS como entidade 
autônoma e com patrimônio próprio. Ex: INSS (Instituto

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