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Prescrição Penal: Conceito, Natureza Jurídica e Espécies

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PRESCRIÇÃO
1) Conceito: Perda do direito-poder-dever de punir pelo Estado em face do não exercício da pretensão punitiva (interesse em aplicar a pena) ou da pretensão executória (interesse de executá-la) durante certo tempo.
2) Natureza Jurídica: a prescrição é um instituto de Direito Penal, estando elencado pelo CP como causa de extinção da punibilidade (art. 107, IV). Embora leve também à extinção do processo, esta é mera consequência da perda do direito de punir, em razão do qual se instaurou a relação processual.
3) Fundamentos:
a) Inconveniência da aplicação da pena muito tempo após a prática da infração penal;
b) combate à ineficiência: o Estado deve ser compelido a agir dentro de prazos determinados.
4) Diferença entre prescrição e decadência:
A prescrição extingue o direito de punir do Estado, enquanto a decadência atinge o direito do ofendido de promover a ação penal privada. A prescrição atinge, portanto, em primeiro lugar o direito de punir do Estado e, em consequência, extingue o direito de ação (a ação se iniciou para a satisfação do direito; não existindo mais jus puniendi, o processo perde o seu objeto); a decadência, ao contrário, alcança primeiro o direito de ação, e, por efeito, o Estado perde a pretensão punitiva. 
5) Imprescritibilidade: só existem duas hipóteses em que não correrá a prescrição penal:
a) crimes de racismo (Lei 7.716/89 e art. 5°, XLII, CF);
b) as ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, assim definidas na Lei n. 7.170/83, a chamada nova Lei de Segurança Nacional (art. 5°, XLIV, CF).
obs. A Constituição consagrou a regra da prescritibilidade como direito individual do agente. Assim, é direito público subjetivo de índole constitucional de todo acusado o direito à prescrição do crime ou contravenção. Tal interpretação pode ser extraída do simples fato de o Texto Constitucional ter estabelecido expressamente quais são os casos excepcionais em que não correrá a prescrição. Como se trata de direito individual, as hipóteses de imprescritibilidade não poderão ser ampliadas, nem mesmo por meio de emenda constitucional, por se tratar de cláusula pétrea (núcleo constitucional intangível), conforme se verifica da vedação material explícita ao poder de revisão, imposta pelo art. 60, §4°, IV, da CF.
6) Espécies de Prescrição:
a) Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP);
b) Prescrição da Pretensão Executória (PPE).
6.1. Prescrição da Pretensão Punitiva
a) Conceito: perda do poder-dever de punir, em face da inércia do Estado durante determinado lapso de tempo.
b) Efeitos: 
I. Impede o início (trancamento de inquérito policial) ou interrompe a persecução penal em juízo;
II. Afasta todos os efeitos, principais e secundários, penais e extrapenais, da condenação;
III. a condenação não pode constar da folha de antecedentes, exceto quando requisitada por juiz criminal.
c) Oportunidade para declaração:
Nos termos do art. 61, caput, do CPP, a PPP pode ser declarada a qualquer momento da ação penal, de ofício ou mediante requerimento de qualquer das partes.
d) Juiz que condena: não pode, a seguir, declarar a prescrição, uma vez que, após prolatar a sentença, esgotou sua atividade jurisdicional. Além disso, não pode ele mesmo dizer que o Estado tem o direito de punir (condenando o réu) e, depois, afirmar que esse direito foi extinto pela prescrição.
e) Exame do mérito: o reconhecimento da prescrição impede o exame do mérito, uma vez que seus efeitos são tão amplos quanto os de uma sentença absolutória. Ademais, desaparecido o objeto do processo, este não encontra justificativa para existir por mais nenhum segundo.
f) Subespécies de Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP)
I. PPP propriamente dita: calculada com base na maior pena prevista no tipo legal (pena abstrata);
II. PPP intercorrente ou superveniente à sentença condenatória: calculada com base na pena efetivamente fixada pelo juiz na sentença condenatória e aplicável sempre após a condenação de primeira instância;
III. PPP retroativa: calculada com base na pena efetivamente fixada pelo juiz na sentença condenatória e aplicável da sentença condenatória para trás;
IV. PPP antecipada, projetada, perspectiva ou virtual: reconhecida, antecipadamente, com base na provável pena fixada na futura condenação.
g) Termo inicial da PPP: art. 111, I, II, III e IV, do CP
h) Contagem do prazo prescricional: conta-se de acordo com a regra do art. 10 do CP, computando o dia do começo e contando os meses e anos pelo calendário comum.
I) Cálculo do prazo prescricional: o prazo prescricional é calculado em função da pena privativa de liberdade (art. 109, CP).
Observações:
Circunstâncias judiciais (art. 59): não influem no cálculo da PPP pela pena abstrata, pois não podem levar a uma fixação acima do máximo nem abaixo do mínimo;
Circunstâncias agravantes e atenuantes: também não influenciam, pelo mesmo motivo;
Exceções:
1ª ) Circunstâncias atenuantes que reduzem o prazo da PPP pela metade:
Ser o agente menor de 21 anos na data do fato (art. 115);
Ser o agente maior de 70 anos na data da sentença (Art. 115).
2ª ) Circunstâncias agravantes que influi no prazo da PPP
Reincidência: aumenta em 1/3 somente o prazo da prescrição da pretensão executória (art. 110, caput);
Causas de aumento e diminuição: por permitirem que a pena fique inferior ao mínimo ou superior ao máximo, devem ser levadas em conta no cálculo da prescrição pela pena abstrata.
j) Causas interruptivas da prescrição (art. 117): são aquelas que obstam o curso da prescrição, fazendo com que este se reinicie do zero, desprezando o tempo já decorrido. São, portanto, aquelas que “zeram” o prazo prescricional.
a) recebimento da denúncia ou queixa: a publicação do despacho que recebe a denúncia ou queixa (data em que o juiz entrega em cartório a decisão) interrompe a prescrição.
b) publicação da sentença de pronúncia
obs. a impronúncia, a absolvição sumária e a desclassificação não interrompem o prazo.
c) acórdão confirmatório da pronuncia
d) publicação da sentença condenatória recorrível
e) publicação do acórdão condenatório recorrível
l) Causas suspensivas da prescrição: são aquelas que sustam o prazo prescricional, fazendo com que recomece a correr apenas pelo que restar, aproveitando o tempo anteriormente decorrido
a) Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o conhecimento da existência do crime.
Trata-se das questões prejudiciais, ou seja, aquelas cuja solução importa em prejulgamento da causa.
Ex. réu não pode ser condenado pela prática de furto enquanto não resolvido em processo civil se ele é o proprietário da res furtiva. Enquanto o processo criminal estiver suspenso, aguardando a solução da prejudicial no litígio cível, a prescrição também estará suspensa.
b) Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro por qualquer motivo: salvo se o fato for atípico no Brasil.
c) Na hipótese de suspensão parlamentar do processo: ocorre quando o STF recebe a denúncia ofertada contra Deputado Federal ou Senador, e a casa legislativa respectiva, após receber a cientificação da ação pelo STF, por voto de metade mais um de seus membros (maioria absoluta) determina a suspensão do processo, enquanto durar o mandato. Logo suspende-se também o prazo prescricional.
d) Durante o prazo de suspensão condicional do processo: nos crimes cuja pena mínima for igual ou inferior a um ano, nos termos do art. 89, §6°, da Lei 9.099/95.
e) Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, até o seu comparecimento (art. 366, do CPP).
f) Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o prazo de prescrição até o seu cumprimento.
g) nos crimes contra a ordem econômica, o acordo de leniência (Lei 8.884/94, arts. 35-B e 35-C): trata-se de uma espécie de delação premiada. Celebrado o acordo, fica suspenso o oferecimento da denúncia, bemcomo a prescrição da pretensão punitiva, até que o ajuste fique integralmente cumprido, após o que haverá extinção da punibilidade.
m) Prescrição da Pretensão Punitiva Intercorrente, Posterior ou Superveniente à Sentença Condenatória (art. 110, §1°, CP)
É a prescrição que ocorre entre a data da publicação da sentença condenatória e o trânsito em julgado.
Seu prazo é calculado com base na pena concreta fixada na sentença e não com base no máximo cominado abstratamente.
A Prescrição é regulada pela pena concreta fixada na sentença quando esta transitar em julgado para a acusação ou quando seu recurso for improvido.
Reconhecimento da prescrição
a) Se a condenação tiver transitado em julgado para a acusação, o tribunal, antes de examinar o mérito do recurso da defesa, declara extinta a punibilidade pela prescrição.
b) se a acusação tiver recorrido, o tribunal julga em primeiro lugar o seu recurso. Se lhe negar provimento, antes de examinar o mérito do recurso da defesa, reconhece a prescrição.
n) Prescrição da Pretensão Punitiva Retroativa
Tudo o que foi dito com relação à prescrição intercorrente é válido para a prescrição retroativa, com uma única diferença: enquanto a intercorrente ocorre entre a publicação da sentença condenatória e o trânsito em julgado para a defesa, a retroativa é contada da publicação dessa decisão para trás.
Analisa-se se o novo prazo prescricional, calculado de acordo com a pena concreta, não teria ocorrido entre:
a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa;
entre o recebimento da denúncia ou queixa e a pronúncia;
entre a pronúncia e sua confirmação por acórdão;
entre a pronúncia ou seu acórdão confirmatório e a sentença condenatória;
entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória (no caso de crimes não dolos contra a vida)
Obs. A lei 12.234/10 alterou o art. 110, §1° no sentido de não permitir a prescrição retroativa antes do recebimento da denúncia ou queixa, isto é, durante a fase do inquérito policial ou da investigação criminal, em que ocorre a apuração do fato, mas poderá incidir a prescrição da pretensão punitiva pela pena máxima em abstrato.
o) Prescrição da pretensão punitiva virtual, perspectiva, projetada ou antecipada
Concebe-se que a prescrição virtual é aquela reconhecida antecipadamente, em geral ainda na fase extrajudicial, com base na provável pena concreta, que será fixada pelo juiz, no momento futuro da condenação.
É sabido que ao receber o inquérito policial, já sabendo que o crime se encontra prescrito (virtualmente) o Promotor não pode pedir o seu arquivamento com base na prescrição, por não haver previsão legal neste sentido.
Por outro lado, alguns julgados sustentam a possibilidade do pedido de arquivamento do IP com base na inexistência de interesse de agir por parte do órgão acusador. Com efeito, a utilidade do processo traduz-se na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. Se de plano for possível perceber a inutilidade da persecução penal aos fins a que se presta, dir-se-á que inexiste interesse de agir.
Esta forma de prescrição não está prevista na lei, mas vem sendo admitida por grande parte da doutrina e jurisprudência, muito embora o STJ tenha aprovado a Súmula 438 que reconhece a sua inadmissibilidade.
A Lei 12.234/10 vedou a prescrição virtual entre a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa.
6.2. Prescrição da pretensão executória (PPE)
a) Conceito: é a perda do poder-dever de executar a sanção imposta, em face da inércia do Estado, durante determinado lapso.
b) Efeitos: ao contrário da prescrição da pretensão punitiva, essa espécie de prescrição só extingue a pena principal, permanecendo inalterados todos os demais efeitos secundários, penais e extrapenais, da condenação.
c) Termo inicial: a prescrição da pretensão executória começa a correr a partir:
I. da data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação.
II. da data em que é proferida a decisão que revoga o livramento condicional ou sursis.
III. do dia em que a execução da pena é interrompida por qualquer motivo.
Obs. no caso de interrupção da execução da pena pela fuga do condenado, e no caso de revogação do livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.
d) Contagem do prazo: A PPE é sempre calculada pela pena concretamente fixada. O prazo é de Direito Penal, computando-se o dia do começo e não se prorrogando quando termina em sábado, domingo ou feriado. A pena aplicada deve corresponder ao prazo prescricional fixado na tabela do art. 109 do CP.
e) Causas interruptivas: obstam o curso da prescrição, fazendo com que se reinicie do zero. São elas:
I. início do cumprimento da pena (art. 117, V);
II. continuação do cumprimento da pena (art. 117, V);
III. reincidência (art. 117, VI).
Obs. no caso da reincidência, a interrupção da prescrição ocorre na data em que o novo crime é praticado e não na data em que transita em julgado a sentença condenatória pela prática desse novo crime.
f) Causas suspensivas: são aquelas que sustam o prazo prescricional, fazendo com que este recomece a correr apenas pelo tempo que restar, sendo computado o período decorrido, ao contrário do que sucede com as causas interruptivas.
Obs. Considera-se como causa suspensiva a prisão do condenado por qualquer outro motivo que não a condenação que se pretende executar. Nesta hipótese, a prescrição da pretensão de executar uma condenação não corre enquanto o condenado estiver preso por motivo diverso da condenação que se quer efetivar (art. 116, parágrafo úncio).
f) Diminuição do prazo prescricional: o prazo da PPE também é reduzido pela metade no caso do menor de 21 anos à época do crime e do maior de 70 à época da sentença (art. 115).
g) Prescrição da pena de multa: para saber qual o prazo prescricional da pena pecuniária, é preciso verificar se a hipótese é de PPP ou de PPE.
Art. 114 – trata apenas da prescrição da pretensão punitiva.
A multa prescreve: I. em dois anos quando for a única cominada ou aplicada; II. no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada com aquela.
Deve-se levar em consideração no caso de cumulação da pena de multa com a pecuniária o disposto no art. 118, o qual estabelece que as penas mais leves prescrevem com as mais graves.
Obs. A prescrição da pretensão executória da multa dar-se-á sempre em 5 anos, e a execução será feita separadamente da pena privativa de liberdade, perante a Vara de Fazenda Pública, uma vez que a nova lei determina que, para fins de execução, a pena pecuniária fosse considerada dívida de valor.
Dessa forma, o prazo prescricional (5 anos), as causas interruptivas e suspensivas da prescrição, a competência e o procedimento para a cobrança passam a ser os da legislação tributária, não incidindo mais nenhum dispositivo do CP.
h) Aumento do prazo prescricional: a reincidência aumenta em 1/3 o prazo da PPE.
A prescrição que sofre o aumento não é a da condenação anterior, mas a da condenação pelo novo crime praticado.
Súmula 220 do STJ: “a reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva”.

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