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INTRODUÇÃO Muito além da garra e da força de trabalho “Tenha um grande respeito pelo seu nome, pois ele permanecerá com você muito mais tempo do que um grande suprimento de ouro.” Euclesiastes Lutar com consciência e alma não é suficiente para fazer de você um vencedor. É preciso desenvolver diferenciais que o tornem alguém imprescindível no mercado esse fascículo, vamos buscar compreender o que é ser um profissional especial. Ou seja, aquele que define o jogo a favor de seu time. Aquele que tem uma marca registrada de seu trabalho. N Semelhante ao que acontece na vida de um atleta, existem habilidades que garantem a presença de um profissional na partida e competências que o transformam numa pessoa especial. Preparo físico, garra e estado de alerta auxiliam um jogador a participar do jogo, mas não são suficientes para levá-lo ao pódio. Ao observar os atletas que chegam ao pódio, você percebe que os campeões têm características fora do comum que determinam o sucesso de sua trajetória. É sobre essas características que vamos conversar. Se somente a garra definisse o resultado de uma partida, os times uruguaios seriam vencedores de todos os campeonatos que disputam. Infelizmente – para eles, é claro -, a garra tem sido acompanhada de habilidades que garantam a vitória. Sem dedicação, é claro que um profissional dificilmente vai ter emprego. Por outro lado, se ele só tiver garra, vai ficar patinando na carreira. No mundo moderno, apenas trabalhar mais não é o bastante para criar o diferencial de que um vencedor precisa. Já não se trata de uma questão de vestir a camisa da empresa. Por isso, esse fascículo vai ajudá-lo a descobrir quais características realmente podem tornar você um profissional especial. O segredo é se diferenciar A globalização criou muitos fantasmas, realidades e dramas até então desconhecidos. O que mais tem chamado minha atenção é o fenômeno que alguns analistas denominam “commoditização”. Commodities, no sentido clássico do termo, são produtos sem diferenciação. Soja, alumínio, feijão, ferro e petróleo são alguns exemplos. Quando você adquire uma commodity, o fator determinante na escolha do fornecedor é o preço. E é lógico que todos querem pagar o mesmo valor por um produto que é igual no mundo inteiro. O Brasil, por exemplo, antes comprava petróleo do Iraque. Com o acordo do Mercosul, passou a adquirir da Argentina. Depois, devido ao melhor preço, nosso fornecedor passou a ser a Venezuela. E atualmente, o País se tornou auto-suficiente em petróleo. No cenário econômico global em que vivemos, a velocidade das informações e instantaneidade com que a tecnologia avança geram uma pressão que pode levar muitas empresas e profissionais a se transformem em commodities. Por exemplo, nas grandes cidades, as pizzarias para viagem – um exemplo sempre interessante – estão virando commodities. Como a maioria desses estabelecimentos faz pizzas sempre iguais, o principal atributo para conquistar os consumidores acaba sendo o preço. Com os bancos ocorre um fenômeno parecido. Todos eles apresentam serviços semelhantes. Se um deles, para se destacar, inventa uma novidade, logo os outros estão oferecendo o mesmo serviço. Quando os competidores ficam parecidos, começa a guerra dos preços. Na competição em que a preferência do fornecedor é adquirida pelo preço, a margem de lucro fica muito pequena. Se os custos não forem bem administrados, logo a empresa irá à falência. O desafio é criar algo exclusivo que faça o cliente voltar sempre a consumir os produtos da empresa. Algumas pizzarias, por exemplo, para não virar commodity, proporcionam vantagens ao consumidor: rapidez na entrega, promoções de pizza grátis para quem juntar dez cartelinhas, massas e recheios incrementados etc. Com os profissionais não é diferente. Existe uma intensa pressão do mercado de trabalho para que se tornem commodities. Muita gente oferecendo os mesmos serviços, as mesmas habilidades e as mesmas competências, sem nada de especial. Os mesmos gerentes de Recursos Humanos. Os mesmos professores, com as mesmas aulas. Os mesmos pediatras, com os mesmos remédios. Essa mesmice joga a remuneração lá em baixo. Hoje, para se ter uma idéia, uma pessoa que perde o emprego vai conseguir uma colocação ganhando, em média, 30% a menos do que o salário anterior. No meio dessa pasteurização de serviços e produtos, a saída para cativar o cliente é agregar valor para sua empresa e para você. A boa notícia é que, no deserto, um oásis faz uma diferença visível e fundamental. Ou seja, o cliente está disposto a pagar mais, desde que perceba que está adquirindo algo especial. Vencedores x dinossauros Nesse mundo de iguais, a existência de diferenciais gera uma grande defasagem entre os vencedores e os dinossauros. Enquanto os salários dos campeões são maravilhosos, os seres pré- históricos simplesmente lutam para manter o emprego. Se você possui um diferencial que o torna um profissional de raras qualidades, não é o preço que vai definir sua contração. Quem procura um campeão sabe que está empregando alguém capaz de decidir o campeonato. E as pessoas que estão no pódio reconhecem que merecem cada um dos milhões de centavos que cobram, porque são incomuns, inesquecíveis e geram lucros para quem os contrata. Um exemplo de um profissional que não é commoditie é o do cirurgião plástico Ivo Pitanguy. Se você quiser fazer uma cirurgia com ele, não dá para pedir desconto na hora de pagar. O mestre é mais que uma grife, e já é um presente o fato de ele dedicar um tempo a você tendo uma agenda tão lotada. Lembre-se: profissionais especiais têm competências e capacidades tão distintas que não permitem comparações com os outros. Um exemplo: a última turnê dos Rolling Stones no Brasil deu prejuízo para os organizadores. Um dos empresários reclamou que a banda não concedeu nenhum desconto, apesar de estar tocando no Brasil. Ora, os Stones não são commodities. Eles têm tantos convites na Europa, perto de casa, que não faz qualquer sentido viajar longas distâncias para fazer shows mais baratos. Nestes mais de 30 anos em que tenho trabalhado com campeões, percebo que não basta ser bom nem é suficiente ser ótimo. É preciso estar na vanguarda. É preciso estar um passo adiante da concorrência. E tem de adorar se aprimorar e estudar para poder estar sempre à frente! O salto qualitativo que você quer dar em sua carreira vai depender da capacidade de desenvolver habilidades que efetivamente o diferenciem das outras pessoas. Mas lembre-se: seja alguém especial a cada momento, no jeito de pensar, falar ou agir. Faça que cada trabalho que você realiza tenha sua assinatura, seu toque particular. Foi um choque para a aristocracia norte- americana quando Abraham Lincoln tomou posse como presidente dos Estados Unidos. Imagine só um proletário assumir a liderança do país? Um comentário irônico partiu do senador que coordenou seu juramento à pátria: - Vamos ver se o filho de um sapateiro tem condições de dirigir nosso país. Ao que Lincoln respondeu: - Que bom que o senhor lembrou de meu pai. Eu gostaria de ser um presidente tão bom quanto meu pai foi um sapateiro. Aliás, estou vendo que o senhor está usando um par de sapatos que ele fabricou. Eu aprendi a consertar sapatos com meu pai e, se algum dia os seus apresentarem algum problema, me procure que eu os consertarei. Não importao que você faça, crie sempre algo especial, porque é nos detalhes que você deixa sua assinatura. Quer saber quais são as características que distinguem os campeões? Bem, eles são velozes, polivalentes, têm visão, realizam e entendem de gente. A partir de agora, vamos refletir mais atentamente sobre essas características. Boa leitura! Roberto Shinyashiki PARTE 1 Velocidade: a diferença entre ganhar e perder mercado “As pessoas comuns preocupam-se apenas em passar o tempo; quem tem um talento para alguma coisa, em utilizá-lo.” Shopenhauer A capacidade de produção em ambientes de mudança rápidas e intensas é uma exigência inquestionável nos dias de hoje. Um campeão sabe disso e não fica esperando as coisas acontecerem elocidade é a capacidade de se adiantar às necessidades e aos anseios dos clientes e criar soluções antes que os concorrentes o façam. Uma silenciosa Unidade de Terapia Intensiva, por exemplo, pode ser muito mais rápida que um pronto-socorro cheio de enfermeiros agitados. V Velocidade não é ficar correndo como um motoboy suicida por entre os carros numa avenida congestionada. Rapidez, hoje em dia, deve estar fundamentada em processos e tecnologia capazes de propiciar respostas em tempo recorde. Alguém parado em frente a um computador pode ser mais veloz do que o outro correndo desesperadamente de um lado para o outro. A velocidade é muito mais um conceito do que um ritmo de vida. Você sabe como o McDonald’s mantém as batatas sempre fresquinhas? Eles fazem estatísticas para identificar a quantidade provável de batatas que vai ser vendida a cada hora. Assim, eles podem se preparar para atendê-lo e, quando você chega, a batata já está frita à sua espera. Muitos recursos facilitam o atendimento com rapidez: estatísticas, métodos, sistemas etc. As pessoas especiais tentam utilizar esses recursos porque sabem que a empresa vive em função dos clientes. Como os consumidores estão submetidos a cada vez mais pressões, não têm tempo para esperar e estão dispostos a pagar um valor extra pela resposta mais rápida. Hoje, aqueles que sabem atuar em alta velocidade possuem uma vantagem imensa sobre os lentos. Como dizem os vencedores, as batalhas de hoje não são mais vencidas pelos grandes, mas, principalmente, pelos velozes. - O que significa ser lento, Roberto? Ser lento é não perceber que o tempo é uma parte importantíssima de seu trabalho. Não adianta você entregar um projeto sensacional para uma concorrência depois que o prazo está esgotado. Ser lento é viver preocupado sem conseguir resolver o problema de seu cliente. Ser lento é agitar-se sem produzir soluções. Ser lento é ficar gritando com todos de sua equipe sem definir a meta e as funções de cada um. Ser lento é deixar que a empresa opere no vermelho sem tomar nenhuma providência para estancar os prejuízos. Ser lento é não ter senso da urgência de suas ações. O profissional que diz “tenho meu próprio ritmo” está fora do negócio. Ele só pode pensar dessa maneira se seu ritmo for superior àquele que o mercado exige. Pois em ambientes de mudanças rápidas e intensas, a capacidade de produção de uma pessoa é um diferencial fundamental. Um campeão sabe que vivemos sob um constante bombardeio de informações e temos pouco tempo para digeri-las e menos ainda para tomar decisões e implantar as mudanças necessárias. Ele não fica esperando as coisas acontecerem, antecipa-se e inova, para que suas ações repercutam no mercado. Eu admiro muito o trabalho da FedEx, uma empresa que presta serviços expressos de entrega no mundo inteiro e foi criada nos Estados Unidos. Ela foi capaz de tornar a experiência de enviar e receber encomendas algo muito mais agradável. Seus funcionários levam o lema da empresa à risca: “Absolutamente, definitivamente, no dia seguinte”. Para atingir esse patamar, eles montaram uma logística de guerra que impressiona a quem a conhece. Mas, como nada é perfeito, a FedEx também tem seus extravios; poucos, mas tem. Isso estava gerando um desconforto muito grande em seus consumidores e, para agravar a situação, o serviço de satisfação ao cliente não estava funcionando na velocidade desejada, pois uma reclamação demorava cerca de seis meses para ser cuidada. Quando soube disso, Fred Smith, o presidente da empresa, foi até esse departamento, escreveu o slogan da empresa na lousa e falou para a equipe: - Vocês têm seis meses para aplicar nosso lema no trabalho. Isso mostra o quanto pessoas especiais ficam angustiadas quando deixam alguém esperando. Se você, caro leitor, tem mais de 25 anos, fique atento para não perder espaço no mercado de trabalho por falta de velocidade. Nós fomos criados num ambiente muito lento, onde a velocidade era uma habilidade exigida somente dos corredores de automóveis e do corpo de bombeiros. Entretanto, os jovens de hoje cresceram num mundo de videogames e super-heróis que não têm a tranqüilidade da Gata Borralheira. Isso não significa dizer que todos os jovens são ágeis nem que todos os quarentões são lentos, mas a tendência dos mais velhos à lentidão pode ser perigosa diante da rapidez da juventude. O aprendizado dessa moçada é diferente do nosso. Os psicólogos têm a mania de dizer que videogame é ruim para as crianças. Na verdade, os games treinam as crianças para que atuem num ambiente de muita pressão, de muitas exigências, sendo obrigadas a analisar, decidir e agir em alta velocidade. A inclinação dos adultos é jogar pôquer ou dominó, em que as coisas acontecem uma por vez e beeeeeemmm devagar. Nesse mundo de grandes mudanças econômicas, em que as catástrofes e os milagres ocorrem muito rapidamente, não há tempo para distrações, pois, se você perde um capítulo, pode perder todo o sentido da trama. O pior é que, nessa novela da globalização, tem gente que está perdendo um capítulo atrás do outro. Isso se aplica não apenas ao trabalho, mas também à vida pessoal, incluindo aí o processo pelo qual as pessoas educam os filhos. Para que nossos filhos estejam adequadamente preparados para o mundo, é preciso estar constantemente atento ao nosso redor. Do contrário, vamos criá-los para atuar em um mundo que só existe na nossa cabeça. Vamos supor que, um dia desses, você chega em casa e encontra seu filho pesquisando na Internet, fazendo download de um arquivo superimportante da Sibéria. Enquanto ele vai copiando o programa, pega o celular e combina um passeio com um amigo. Ao mesmo tempo, ele também faz a lição de casa no caderno da escola e ouve um CD que toca heavy metal num volume quase ensurdecedor. Enquanto esse garoto estuda e se diverte, você entra em seu quarto e se sente tentado a dizer o que sempre ouviu de seu pai: - Filho, uma coisa de cada vez! Mas, se reparar melhor, você vai ver que quem realiza uma tarefa de cada vez nestes tempos em que vivemos, ou é um bom pesquisador, ou ocupa os cargos mais baixos nas organizações. Um faxineiro, por exemplo, faz uma coisa por vez e com calma, assim como o servente de pedreiro, o cobrador de ônibus e o vigia noturno. A partir do momento em que eles decidem crescer, começam a incorporar mais atividades à sua vida. À medida que uma pessoa evolui profissionalmente, ela passa a fazer várias coisas ao mesmo tempo de forma cada vez mais rápida. Gerentes têm de estar envolvidos em pelo menos três tarefas; diretores têm de analisar e decidir no mínimocinco projetos; e um grande empresário, então, tem sempre milhares de coisas para fazer. Tudo simultaneamente. Como você pode ver, a velocidade pode significar a diferença entre ganhar e perder mercado. Um verdadeiro campeão conhece bem essa diferença e sabe que aperfeiçoar sua capacidade de atuar em alta velocidade o transforma num profissional especial. O tempo gasto para se comercializar alguns produtos Éter: vários séculos. Máquina de escrever: 150 anos. Máquina de colher cereais: 100 anos. Telefone: 36 anos. Refrigerador: 34 anos. Radar: 15 anos. TV: 12 anos. Transistor: 5 anos. Circuito integrado: 3 anos. Modelos de computador: 6 meses. Sony: 1 novo produto por dia. Dicas para aumentar sua velocidade • Jogar vodeogame de igual para igual com seu filho. Parece impossível? Experimente. É só uma questão de treinamento. No começo, é complicado, mas, com o tempo, os reflexos vão se aprimorando e tudo fica mais fácil. • Praticar uma arte marcial. Exija sempre mais de seu cérebro. Você vai ficar surpreso com seu potencial. Dicas para aumentar a velocidade de sua equipe • Desenvolva sistemas para responder às solicitações o mais rapidamente possível. • Administre bem seus horários para sobrar tempo. • Defina as metas e as responsabilidades de cada um. • Utilize instrumentos que facilitem suas respostas frente às necessidades (há modelos de computador qe já estão superados). PARTE 2 Polivalência: a necessidade de ser multifuncional Faça a seguinte pergunta a si mesmo: “como profissional, eu sou um radinho de pilha ou um computador?” Um rádio de pilha vale alguns míseros reais, tem apenas uma função e custa muito pouco... oje não existe mais espaço para um profissional imaginar que ele é propriedade de uma área chamada Recursos Humanos, Produção, Marketing, Vendas, Finanças ou qualquer outra. Quando digo isso para os jornalistas, eles geralmente me perguntam: H - É o fim da era dos especialistas? Eu respondo: Sim, sem dúvida! Então, eles me colocam uma outra questão: - É o retorno da era dos generalistas? E eu respondo: Nãoooooooo! Sua empresa não paga para você ser um marreco, aquele bicho que não anda direito, não nada direito, não voa direito, ou seja, não faz nada direito! Você não ganha seu salário para quebrar um galho. Portanto, hoje, você tem que ser um multiespecialista. - Mas, Roberto, o que significa ser um multiespecialista? Ser um multiespecialista significa entender entender de tudo. Você precisa ser fera em marketing, vendas, administração, relações humanas etc. Enfim, fera em tudo. Quando eu era criança, existiam três aparelhos de som: rádio de pilha, toca-discos e gravador. Depois, juntaram esses três equipamentos num só e criaram os famosos três-em-um, que muita gente na época dizia que não iria pegar. Mais tarde, aperfeiçoaram o três-em-um e criaram os microsystems, com AM, FM, CD-Player e minidisk. E as novidades não pararam por aí: pouco antes, inventaram também o computador, essa máquina sensacional que simplifica a vida de quem o compreende. Aliás, você já parou para pensar em quantos aparelhos e profissionais estão embutidos num computador? Fax, correio, agenda, secretária eletrônica, pesquisa eletrônica, planilhas, máquina de datilografar, rádio, TV, CD, DVD, sem falar na Internet e nos programas que fazem trabalhos de maestros, músicos, meteorologistas, carteiros... Ufa! Já imaginou se tivéssemos de comprar todos esses equipamentos ou contratar todo esse pessoal? Daí, nasce uma pergunta para você se fazer todos os dias quando for trabalhar: - Como profissional, sou um radinho de pilha ou um computador? Um rádio de pilha vale alguns mísero reais, tem apenas uma função e custa muito pouco. Para valer mais do que isso, você tem de ser um computador. Deve tocar vários instrumentos e estar sempre ponto para adquirir novas habilidades. Muitos analistas de Recursos Humanos ainda perdem um tempo precioso discutindo se estamos numa era de especialistas ou de generalistas. Nenhum dos dois. Estamos em tempo de multiespecialistas. Olhe para o lado e veja os indivíduos que você admira em sua empresa ou em sua profissão. Eles não se contentam em ser bons técnicos, eles são ótimos em tudo. Lembra-se de como eram os diretores de criação de uma agência de publicidade antigamente? Geralmente, eram pessoas desleixadas, que não estavam nem aí para os clientes. Hoje, esses mesmos publicitários são sensacionais administradores, relações públicas, líderes de equipe, feras em marketing etc. Tudo ao mesmo tempo. Quer outro exemplo? Lembra-se dos vendedores de antigamente, que só precisavam ser bons tiradores de pedido? Hoje, os vendedores são ótimos consultores de negócio, analistas de mercado, relações públicas da empresa na comunidade, treinadores das equipes de seus clientes, analistas de informática, verdadeiros polivalentes. Os que continuaram apenas tirando pedidos ficaram para trás. Então, você deve estar querendo me perguntar: - Mas, Roberto, e se eu não dou conta sequer de ser um especialista, como poderei me tornar um multiespecialista? Como você sabe, Deus somente diz uma palavra: sim. Mas Ele não vai dizer sim para o que você pede, pois ele não é um pai mimador. Ele vai dizer sim para o que você acredita. Se você acreditar que não é capaz de ser um multiespecialista, é bem provável que Deus diga sim e dê um jeito de você nunca se tornar um. Mas se você passar a acreditar que pode ir além e pensar “vou aproveitar essa dica do Roberto e me tornar um multiespecialista”, o Mestre vai ajudá- lo a encontrar uma forma de ser polivalente. No entanto, não se iluda imaginando que basta acreditar. Afinal, o caminho para a polivalência requer muitos passos pelos estudos e pelo conhecimento adquirido junto a profissionais de outras áreas. Cada vez mais é fundamental fazer cursos, participar de congressos, ler livros e revistas e conversar com pessoas que tenham experiência para ajudá-lo a evoluir. A educação é um diferencial competitivo essencial. É por meio dela que o profissional desenvolve a polivalência. Mas o estudo só vai produzir resultados se houver uma atitude de abertura e interesse pelo que está acontecendo fora de seu quintal. PARTE 3 Visão: passaporte para o futuro “Os únicos limites que existem são aqueles determinados por sua visão.” James Boughton Quando não se enxerga adiante, paga-se com empresas, empregos, amores, momentos de felicidades, coisas que as pessoas valorizam quando as oportunidades ficam para trás. isão é a arte de ver o invisível. É a visão diferenciada que pode transformá-lo numa pessoa especial. Quando você vê o que quase todos vêem, não consegue ser alguém especial, torna-se o que a maioria é. O que, infelizmente, costuma ser muito limitado. V Ver além cria a competência necessária para aproveitar as oportunidades que existem no meio das ameaças. Porque o campeão consegue enxergar o que está escondido nas entrelinhas. Ele se antecipa. Para as pessoas comuns, o ano de 2010 é um acontecimento no futuro; para os campeões, acontece hoje, pois o futuro é conseqüência do presente. Um campeão sabe que existem duas batalhas ocorrendo ao mesmo tempo: a do presente e a do futuro. Ele se dedica para vencer a luta do presente, mas não esquece que há outra batalha no horizonte: a do imaginário, a que o levará à conquista do futuro. Um vencedor não se acomoda com o sucessode hoje. Ele sabe que na garupa do sucesso sempre vem o fracasso. E, se não se empenhar, corre o risco de amargar derrotas no futuro. Você se lembra de quando os computadores começaram a chegar no Brasil na década de 80? Os donos de escolas de datilografia, para citar um exemplo do fascículo anterior, disseram o seguinte: - Quem é que vai querer ter um computador em casa? O brasileiro não tem cabeça para a tecnologia. Daqui a pouco essa moda passa. Ocorre que a informática não era uma moda e, por isso, a maioria das escolas de datilografia faliu. Aqueles que negaram a importância dos computadores pagaram com suas empresas e empregos o preço da falta de visão. Esse é o imposto mais caro que podemos pagar: o da falta de visão. Afinal, quando não se enxerga adiante, pagamos por nossa incapacidade perdendo empresas, empregos, amores, momentos de felicidade, etc. Essas são coisas que as pessoas só costumam valorizar quando as oportunidades ficam para trás. Dicas para ampliar sua visão • Convide o futuro para fazer parte da sua vida! • Converse com sua equipe sobre quem está roubando seu emprego. Se for uma máquina, é péssimo sinal. Geralmente, elas são mais constantes e mais baratas a longo prazo. • Preste atenção na competição não-tradicional. Procure saber com que tipo de empresa está tendo que dividir mercado. Não é só um cinema, por exemplo, que rouba o cliente de outro cinema. Videolocadoras, televisão a cabo, eletroeletrônicos mais baratos, violência nos grandes centros, comidas para viagem e Internet estão levando mais clientes dos cinemas do que os outros cinemas. • Converse com profissionais que admira sobre as perspectivas de sua carreira nos próximos dez anos. PARTE 4 Capacidade de realização: o fazer indispensável “Tudo vem para quem age enquanto espera.” Thomas Edison Quem não acredita não tem a mínima chance de vencer. A dúvida mata a força criadora, faz tremer as mãos do artista e balança o amor do amante. ocê já sabe que admiro muito Fred Smith, o criador da FedEx. Vou contar mais uma história dele. No final da década passada, a empresa recebeu muitos prêmios por sua competência. Certa vez, quando estava sendo homenageado, ele fez o seguinte comentário: V - Tudo o que nós fazemos na FedEx está nos livros, a diferença é que nós conseguimos implantar as idéias que aprendemos. Os campeões não se contentam em sonhar, eles só sossegam quando realizam seus objetivos. Qualquer pessoa que você admira, seja ela sua mãe, seu chefe, Bill Gates, Antônio Ermírio de Moraes, Caetano Veloso ou Fernanda Montenegro, tem algo em comum: a capacidade de fazer aquilo que se propôs. As realizações acontecem quando você coloca seu projeto em ação. Três sapos estavam em cima de uma folha numa lagoa e dois deles decidiram pular na água. Quantos sapos ficaram na folha? Três, pois os dois que decidiram pular não fizeram nada a respeito. Assim são os sapos e certas pessoas. Essas, em geral, têm consciência de que precisam mudar, tomam decisões de mudança, mas na hora H não agem. Adiar é o câncer da mudança. Parta para a ação! Outro ponto fundamental para quem quer implementar mudanças e realizar seus projetos é a organização. Com tantos afazeres à espera, ninguém pode se dar ao luxo de desperdiçar tempo. A maior parte dos vendedores, por exemplo, sai a campo sem plano de visitas e fica dando voltas pela cidade enquanto a concorrência fecha os negócios. Depois não entende por que o dia não rendeu o esperado! Por isso, é imprescindível ter um plano bem definido, que esclareça bem o que deve e o que não deve ser feito. Como dizem os arquitetos e os decoradores, discuta bem o projeto antes de iniciar a obra, pois mudar a planta é simples, já que o papel é barato, mas derrubar parede é muito caro. Finalmente, para realizar, é preciso acreditar. São Tomé estava errado, não é ver para crer, é crer para ver. Quem não acredita não tem a mínima chance de vencer. A dúvida mata a força criadora, faz tremer as mãos do artista e balança o amor do amante. E o vendedor indeciso perde o negócio antes mesmo de oferecê-lo ao cliente. Infelizmente, hoje, no Brasil, economistas, administradores e políticos adeptos da desgraça ganham cada vez mais projeção na imprensa com previsões negativas. Eles são os catastrofistas, pessoas que vivem prevendo catástrofes, e estão dominando o mercado, gerando mais e mais dúvidas na cabeça dos profissionais, aumentando a ansiedade e a possibilidade de que as catástrofes realmente venham a acontecer. Isso faz eu me lembrar da atitude de certos médicos incompetentes que, ao proferir um diagnóstico, agravam, propositadamente, as condições ruins do paciente só para evitar se responsabilizar pelas conseqüências negativas. Pediatras que, ao examinar um pequeno paciente, percebem que a criança está apenas com uma gripe forte e falam para a mãe: - Seu filho está com uma pneumonia gravíssima, mas confie, nós faremos tudo o que for possível para que ele fique bom. Um dia, quando ainda era estagiário de medicina, vi uma cena muito parecida com essa. Fiquei chocado com a fala do profissional e perguntei porque ele havia feito isso. Escutei como resposta: - Roberto, se a doença piorar, a mãe não vai me acusar de imperícia e, se a criança ficar boa, ela vai me adorar e eu vou ganhar muito dinheiro. Fiquei com tanta raiva que tive vontade de bater nele. Imagine só: ele estava tentando lucrar com a falta de noção de realidade daquela mãe. Portanto, esteja atento para não deixar que sua noção de realidade se perca. É claro que você não precisa negar as dificuldades que existem, mas sim buscar ter uma noção exata da gravidade das situações. Se você conseguir manter a serenidade, será capaz de fazer uma análise profunda sobre as circunstâncias e tomar decisões mais acertadas. É repugnante a atitude desses profissionais que pioram o tamanho da crise para depois poder anunciar: - Eu não avisei? Olha como sou bom, consegui evitar uma catástrofe! Assim, quando suas terríveis previsões não se concretizam, eles podem se sentir orgulhosos e dizer que o pior não aconteceu porque eles tomaram providências. No entanto, se compreendermos que cada um tem de se responsabilizar pelas palavras que pronuncia, as coisas mudam. Pois se o sujeito previu uma desgraça e ela não aconteceu, é sinal de que ele foi incompetente na previsão. Se ele não acerta nunca, então é melhor parar de fazer previsões e de espalhar dúvidas e baixo-astral pelo país. O campeão, quando sai para o trabalho, proíbe-se de usar a palavra “será”... - Será que eu vou vender? - Será que vai dar certo? Essas frases não existem em seu vocabulário. Para o campeão, se ele saiu para fazer alguma coisa, vai dar certo. Sua fé é indestrutível. Nem mesmo uma derrota consegue abalar sua segurança, porque ele sabe que sua vida não é definida pelo número de quedas que sofre, mas sim pelas vezes em que desiste de se levantar. Certa vez, eu estava apoiando um empresário que apresentava um importante projeto para uma série de possíveis parceiros. Depois de um certo instante, todos começaram a querer desanimá-lo. De repente, ele deu um soco na mesa e gritou: - Eu proíbo vocês de querer destruir meu sonho. Eu troco vocês, mas não troco de sonho! Acredite. Avance. Certamente as pessoas comuns vão desistir no meio do caminho, mas depois vãoadmirar sua capacidade de ir atrás de seus sonhos. PARTE 5 É preciso entender de gente “Todos vêem o que pareces, poucos sentem o que és.” Maquiavel As pessoas não são produtos em série, são seres únicos. Para algumas, é preciso lançar mão de uma palavra mais forte; para outras, um sussurro ao pé do ouvido é o bastante. iver é se relacionar com seres humanos o tempo todo. Cliente é gente. Fornecedor é gente. Chefe é gente. Quem não possui a habilidade de tocar a alma das pessoas vai ficando para trás. V Sempre existe um jeito certo de lidar com cada pessoa. Por isso, cuidado para não apertar o botão errado. Por incrível que pareça, cada ser humano tem um botão que liga e outro que desliga. Quando o filho vai mal na escola e o pai fala “seu estúpido, você não faz nada direito, eu me mato de trabalhar e você tira essas notas na escola? Seu retardado!”, ele está apertando o botão que desliga. Porém, se ele olha o filho com carinho e diz “filho, você é um campeão, não tem lógica nenhuma tirar essas notas. Vamos ver o que está acontecendo, pois eu quero ver você brilhando”, ele está tocando no botão que liga. Nas futuras vitórias, o filho certamente vai sentir uma imensa gratidão pelo pai, por causa da maneira como seu “velho” soube tocá-lo. No passado, as empresas procuravam negar os sentimentos das pessoas, relegando-os para o lado de fora até que finalmente começaram a perceber o óbvio: o ser humano não existe sem sua alma e ele só atinge seu pleno potencial quando sente que é parte importante para o sucesso de um projeto. A empresa é uma ficção que só se transforma em realidade quando seus funcionários começam a trabalhar. E as organizações que criam a felicidade dessas pessoas são as que conseguem realizar melhor seus objetivos. Atenção: muitos projetos fracassam antes mesmos de ser implementados nas empresas porque simplesmente as pessoas não se comprometeram com a realização. Não adiante você ter os mais lindos planos, toneladas de pesquisas, aparelhos de alta tecnologia, se não conseguir envolver seus colegas de trabalho. São as pessoas que transformam os projetos em resultados, e o verdadeiro líder é capaz de saber qual frase deve usar para motivar cada elemento da equipe. As pessoas não são produtos em série, são seres únicos. Para algumas, é preciso lançar mão de uma palavra mais forte; para outras, um sussurro ao pé do ouvido é o bastante. Cada uma precisa ser tocada de uma maneira. Quando falamos em encantar o cliente, é importante ter em mente que, em primeiro lugar, você deve conhecê-lo: conversar com ele, olhar em seus olhos, escutar suas reclamações e sugestões e, principalmente, saber ouvir o que não está sendo dito. Quando falamos em revolução, temos de aprender a conquistar os não-clientes – aqueles que ainda não sabem que vão comprar nossos produtos e serviços amanhã. Quando falamos em conquistar novos mercados, precisamos conhecer a maneira de pensar e de sentir de povos que são muito diferentes da gente. Um empresário japonês, por exemplo, vai pensar que alguém que fecha um contrato logo no primeiro encontro é um irresponsável; já um executivo norte-americano vai imaginar que, se você for mal vestido a uma reunião, é porque não tem poder de decisão. Falar a linguagem do outro é mais importante do que falar o mesmo idioma. Quando falamos em parcerias, temos de saber como motivar profissionais que não trabalham para nós, mas conosco. Nossa área de influência tem de ultrapassar as divisórias do escritório, as paredes da empresa e até as fronteiras do nosso país. Quando falamos em liderar, não é somente a nossa equipe, mas principalmente nosso chefe e os companheiros gerentes. Quando falamos em felicidade, temos de encontrar uma maneira de nos sentirmos próximos das pessoas da nossa família, mesmo que nos encontremos num hotel em outro continente. Precisamos criar uma forma de transformar pequenos momentos em encontros inesquecíveis. E, principalmente, quando falamos em realização, temos de procurar compreender a pessoa mais importante da nossa vida, que somos nós mesmos. Com nossas idiossincrasias, fragilidades, virtudes, sonhos etc. Aquele que encontra a chave desse tesouro será o ser humano mais rico do mundo. CASO Christopher Reeve: o verdadeiro super- homem O ator americano, que ficou tetraplégico, foi um exemplo vivo de superação de limites. É difícil dizer se o personagem que interpretou nas telas teria força suficiente para vencer as barreiras que ele enfrentou na vida real. uitas vezes, a vida nos prega peças terríveis e nos obriga a procurar significados para as tragédias. Uma pessoa especial sempre se mostra mais forte do que as adversidades impostas pelo destino. M Christopher Reeve, o ator que representou o inesquecível Super-Homem nos filmes de Hollywood, foi um exemplo vivo de força e superação das dificuldades mais atrozes. A dignidade e a coragem demonstradas por ele são admiradas até hoje por todos os que acompanharam sua história que, por sinal, foi tão fascinante quanto dramática. Como todos sabem, o ator ficou tetraplégico após uma queda de cavalo em 1995. O destino parece tê-lo escolhido a dedo, de modo a atingi-lo com ironia e maldade. Logo ele, que representou nas telas do mundo inteiro o ideal norte-americano de supremacia e invencibilidade. Reeve protagonizou o sonho de força e beleza de milhares de pessoas em todo o mundo. Ao Super-Homem cabia resguardar a vida e a integridade dos habitantes do planeta, não importando se o inimigo vinha em formas como a do quase imbatível e famigerado Lex Lutor ou por meio de catástrofes naturais de toda a espécie, como maremotos e terremotos. Ele expulsou para galáxias distantes malfeitores vingativos do seu planeta de origem, Krypton, e ainda arranjava tempo de paquerar (com reciprocidade absoluta) a competente Lois Lane, jornalista e alter ego das americanas dos anos 80. Uma mulher inteligente, bonita, charmosa, bem- sucedida e independente. Perfeita para o Super- Homem. A kryptonita, única fraqueza do personagem nas talas, transfigurou-se para a vida real como uma lesão irreversível na coluna. Em sua autobiografia, intitulada Still Me (“Ainda Eu”), Reeve divulgou detalhes dolorosos dos momentos que sucederam o acidente. O livro conta que a própria mãe do autor sugeriu à equipe médica que desligasse os aparelhos que o mantinham respirando, tal era o sofrimento vivenciado por ele. O ator narra também que a grande força para lutar pela sobrevivência veio do apoio incondicional de sua esposa e da lembrança de seus filhos. Hoje, Reeve ainda é considerado um exemplo não só para os deficientes de todo o mundo, mas também para a maioria das pessoas que têm por hábito reclamar da vida a todo o instante. Durante os nove anos em que o ator viveu, após o acidente, ele conseguiu redirecionar sua vida. Ao contrário do esperado, Reeve manteve suas atividades profissionais a todo o vapor, com sua agenda sempre lotada, de 1995 a 2004, quando morreu devido a um ataque cardíaco. Nesse tempo, ele escreveu sua autobiografia; dirigiu o elogiadíssimo filme In the Gloaming (“No anoitecer”), produzido para a HBO; deixou sua marca na disputada calçada da fama; atuou no remake do clássico Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock; e ainda liderou inúmeras campanhas de arrecadação de fundos para pesquisas relacionadas às lesões de coluna.A esperança de voltar a andar era tanta que Reeve chegou a estipular até mesmo um prazo para que isso acontecesse. Sua certeza de que se recuperaria era tanta que o levou a viver após o acidente de maneira intensa e muito melhor do que qualquer médico poderia prever. Sua dedicação aos programas de reabilitação impressionava os profissionais envolvidos em sua recuperação. Para mim, o verdadeiro Super- Homem é Christopher Reeve, e não o jornalista Clark Kent. Pessoas como ele nos mostram a força que há no ser humano para destruir todas as limitações e previsões negativas. Problemas, todos têm. Porém, a maior desgraça começa quando o indivíduo se considera vítima do destino. Aí, acordar se transforma num pesadelo diário. Para alguém que se sente u mártir da vida, aqui vai uma sugestão: visite uma enfermaria de crianças com Aids, ajude-as em sua rotina, alimente-as, conte histórias e brinque com elas. Tenho certeza de que, rapidamente, você vai se sentir uma pessoa abençoada e de que o sol vai voltar a brilhar em sua vida. ARTIGO Caminhos para o sucesso na nova ordem Identificar os caminhos que levam ao desenvolvimento profissional é o grande desafio dos novos tempos. E também um dos meios de conciliar uma carreira bem- sucedida com os propósitos de realização pessoal. Por Lindolfo Galvão de Albuquerque* indolfo Albuquerque é aquele tipo de pessoa que todo mundo devia ter como amigo. Ele é ótimo em tudo. Um pesquisador consistente e profundo que mantém a simplicidade de um iniciante. L Roberto Shinyashiki Na era do conhecimento, da competitividade e do emprego escasso, um dos problemas que mais afligem executivos e profissionais é, sem dúvida, a (re)definição dos rumos para desenvolver sua carreira e as opções para atingir esse objetivo. Onde estarão as melhores oportunidades de tra balho e de crescimento profissional no mercado? Quais serão os novos conhecimentos, habilidades e posturas profissionais fundamentais para atender às necessidades organizacionais, em face das perspectivas do ambiente econômico e empresarial e das mudanças nos modelos de gestão? Como desenvolver as competências pessoais para agregar valor de forma contínua e crescente às organizações e à sociedade? Tais questões, entre outras, passam cotidianamente pela cabeça da maioria dos profissionais no ambiente turbulento desta virada de milênio. Evidentemente, não há uma fórmula mágica nem resposta única para elas. Entretanto, devemos considerar pelo menos dois ângulos de análise e procurar conciliá-Ios. O primeiro é o lado das oportunidades oferecidas pelas organizações e pelo mercado de trabalho. Durante décadas, essa foi a única variável levada em conta pelos executivos e profissionais, no Brasil, ao buscar seu desenvolvimento na carreira. O problema era encontrar uma organização sólida, com boa imagem, e entregar a ela as decisões relativas a seu crescimento pessoal e profissional. À organização cabia definir não apenas um sis tema interno de carreira, mas oferecer oportunida des de crescimento e ascensão profissional a seus colaboradores. Mas o mundo de hoje não é mais assim. A competição acirrada e globalizada, as mudanças políticas, econômicas e tecnológicas, a necessidade de busca incessante de resultados e de ganhos de produtividade têm causado enormes transformações no mercado de trabalho e nas oportunidades de emprego. Vieram os downsizing, as terceirizações, as reengenharias, o desemprego estrutural, a horizontalização das estruturas organizacionais. Todas essas mudanças, entre outras, apontam para a diminuição do emprego como modalidade principal de trabalho, para a deterioração das relações de trabalho e para a diminuição das oportunidades de desenvolvimento profissional. Além disso, devemos considerar a heterogeneidade de situações no mercado de trabalho e nas empresas, no que se refere às oportunidades de trabalho e de desenvolvimento profissional e gerencial, e o crescente nível de exigência de conhecimentos, habilidades e competências. O mercado não é homogêneo Ao mesmo tempo em que certos setores estão diminuindo sua força de trabalho, outros estão em franca expansão, como o setor de telecomunicações e os de serviços educacionais e lazer, só para citar alguns exemplos atuais. No que tange às crescentes exigências de nível de qualificação, o desafio torna-se ainda maior: o executivo no mercado global deve dominar várias línguas estrangeiras, conhecer inúmeras culturas, ter conhecimentos de informática, ser empreende dor e ter visão generalista e estratégica. Deve, ainda, ser líder, ter intuição, trabalhar em equipe, saber resolver conflitos, construir bons relacionamentos e possuir um bom network. Não basta mais ser “músico de ouvido” É preciso investir em educação continuada, cursar um MBA (Master in Business Administration) em universidade de primeira linha e dedicar um tempo significativo para se manter atualizado e adquirir um corpo teórico abrangente e moderno que respalde suas ações na organização. Em suma, para atender a todas essas exigências, estamos falando de um(a) executivo(a) que seja super-homem ou super-mulher. Portanto, olhar para o mercado de trabalho torna-se uma tarefa mais complexa e carece de análises mais profundas do que pode parecer à primeira vista, exigindo do profissional um esforço mais cuidadoso e fundamentado. Por outro lado, considerando as perspectivas do mercado de trabalho para os profissionais e gerentes, nunca foi tão fundamental planejar e gerir sua própria carreira como agora. Este é o outro ângulo de análise: o do referencial do indivíduo. É curioso notar que os executivos sentem-se totalmente à vontade para aplicar os conceitos e instrumentos de planejamento e de marketing na gestão de suas empresas, mas subestimam a importância de utilizar esse ferramental em suas próprias carreiras. Nossa cultura não valoriza muito o planejamento No exterior, principalmente nos Estados Unidos, a maior parte da bibliografia relativa ao assunto "carreira" trata do planejamento individual, e não do enfoque organizacional. No Brasil, é como se a carreira fosse um espaço à parte, organizacio nal, e não subjetivo, em que as decisões são toma das exclusivamente em função dos interesses da empresa e o sucesso profissional dependesse da aceitação dessa premissa como único caminho para se chegar ao topo. "Chegar ao topo" é apenas uma das formas de crescimento profissional atualmente. À medida que as estruturas organizacionais se tornam mais horizontalizadas, com redução substantiva de níveis hierárquicos, as possibilidades de promoção vertical se tornam mais limitadas. Por outro lado, as perspectivas de desenvolvimento podem ser ampliadas se considerarmos as possibilidades de movimentação lateral, em diagonal e corporativa, além das diversas modalidades de trabalho que o mercado oferece (empreendimento próprio, trabalho autônomo, de consultoria, cooperativas de trabalho etc.). Uma situação totalmente diferente para o execu tivo é a análise de oportunidades por uma empre sa ou pelo mercado de trabalho quando se tem ob jetivos de desenvolvimento profissional definidos. Ele deixa de ficar apenas ao sabor das oportunidades que aparecem, assumindo uma postura pró-ativa, indo em busca daquelas que fazem sentido para seus objetivos e suas ações de desenvolvimento. A partir de uma auto-avaliação, considerando suas realizações e suas preferênciaspessoais de trabalho (o sucesso depende de gostar do que se faz, ou de fazer o que se gosta), seu estilo pessoal e seus pontos fortes e fracos para atingir suas me tas pessoais de desenvolvimento, o executivo reú ne condições importantes para definir um plano de ação consistente para atingi-Ias. Não se trata de um mero exercício técnico; trata-se da criação de um processo, de um espaço contínuo de reflexão sobre seu trabalho, seu crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional, que deve integrar seu plano de vida. A conciliação desses dois enfoques (organizacio nal-individual) passa, portanto, pela comparação das principais competências e habilidades solicitadas dos executivos pelo mercado, com suas experiências e conhecimentos pessoais. Nesse processo, o executivo pode contar com o apoio de consultorias especializadas, de colegas de profissão (a maioria dos executivos, ao contrário do que se afirma, não é solitária) e, eventualmente, dos assessment centers de sua organização. Seguramente, esse processo permitirá um maior foco na definição de objetivos de autodesenvolvimento profissional e de um plano de ação para atingi-Ios. É evidente que ser empreendedor, saber aplicar os recursos da informática, dominar mais de uma língua estrangeira e cursar um MBA numa universidade de renome são, atualmente, exigências deste mercado competitivo globalizado. A educação continuada é, e continuará sendo, de forma crescente, um fator fundamental de desenvolvimento de competências e de alavancagem na carreira ge rencial. Entretanto, para aproveitar bem esses esforços de treinamento e educação, teremos que atrelá-Ios aos nossos objetivos de desenvolvimento profissional. A contra partida à auto-avaliação e ao autodesenvolvimento é a auto-realização. * Lindolfo Galvão de Albuquerque é professor titular da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) na área de Gestão de Pessoas e Coordenador do Programa de Pós-Graduaçãos em Administração da instituição. Também é autor de inúmeros capítulos em livros e artigos publicados em revistas e jornais brasileiros. PARA REFLETIR O guardião do mosteiro erto dia, num mosteiro zen-budista, com a morte do guardião, foi preciso encontrar um substituto. O grande mestre convocou, então, todos os discípulos para descobrir quem seria o novo sentinela. C O mestre, com muita tranqüilidade, falou: - Assumirá o posto o monge que conseguir resolver primeiro o problema que eu vou apresentar. Então, ele colocou uma mesinha magnífica no centro da enorme sala em que estavam reunidos e, em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo. E disse apenas: - Aqui está o problema! Todos ficaram olhando a cena: o vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro! O que representaria? O que fazer? Qual o enigma? Nesse instante, um dos discípulos sacou a espada, olhou o Mestre e os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e zapt!... Destruiu tudo com um só golpe. Tão logo o discípulo retornou a seu lugar, o mestre disse: Você é o novo guardião. Não importa que o problema seja algo lindíssimo. Se for um problema, precisa ser eliminado. Um problema é um problema, mesmo que se trate de uma mulher sensacional, um homem maravilhoso ou um grande amor que acabou. Por mais lindo que seja ou tenha sido, se não existir mais sentido para ele em sua vida, deve ser suprimido. Muitas pessoas carregaram a vida inteira o peso de coisas que foram importantes no passado mas que hoje somente ocupam espaço – um lugar indispensável para criar a vida. Os orientais dizem: - Para você beber vinho numa taça cheia de chá, é necessário primeiro jogar o chá para, então, beber o vinho. Ou seja, para aprender o novo, é essencial desaprender o velho. Limpe sua vida. Se você tem um marido em casa que não está “usando”, venda-o, alugue-o, empreste-o, faça um leasing, mas abra espaço para viver um novo amor. Se você possui verdades que o ajudaram a chegar aonde está agora, mas que não são capazes de fazê-lo atingir novos objetivos, deixe-as para trás. Comece a limpar sua vida. Inicie pelas gavetas, depois avance para os armários até chegar às pessoas do passado que não fazem mais sentido estar ocupando espaço em sua mente. Vai ficar muito mais fácil ser feliz assim! Nos próximos fascículos, vamos debater com mais profundidade as características dos campeões. Nosso próximo tema é o empreendedorismo. Até lá! Com carinho de sempre, Roberto Shinyashiki
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