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26/11/2015 Estudando: ENEM Química Cursos Online Grátis | Prime Cursos https://www.primecursos.com.br/openlesson/10077/102360/ 1/7 ESTUDANDO: ENEM - QUÍMICA 23. ELETROQUÍMICA Aparelhos eletroeletrônicos e baterias Você já imaginou a sociedade moderna sem eletricidade? Provavelmente estaríamos conservando os alimentos exclusivamente com sal ou em caldas de açúcar e usando sinais de fumaça para nos comunicar a longas distâncias. E se tivéssemos que ligar os aparelhos eletroeletrônicos a uma tomada toda vez que fôssemos fazer uso deles? Não teria sentido construir computadores portáteis como notebooks e tablets. Nem mesmo o bom e velho rádio poderia ser levado ao estádio para acompanhar o jogo de futebol. Desde a antiguidade a humanidade convive com fenômenos elétricos. Para se ter idéia a palavra elétron é uma referência a uma resina natural chamada âmbar (em grego elektron), material que desde a Grécia Antiga sabese que, ao ser atritado contra superfícies lisas como um pedaço de algodão, passa a atrair outros corpos. Muitos historiadores também associam as descargas elétricas em tempestades (raios) à descoberta do fogo pelas sociedades préhistóricas. No entanto, somente a partir do século XVII a humanidade passou a efetivamente manipular este fenômeno natural, aumentando a qualidade de vida por conta do desenvolvimento de diversos artefatos tecnológicos. Atualmente, além da energia elétrica distribuída pelas concessionárias (Coelba, por exemplo), podemos obter eletricidade por meio de reações químicas. As pilhas e baterias são as fontes de energia portátil que nos permitem desfrutar de diversos recursos tecnológicos em lugares nunca imaginados. Número de Oxidação e Oxiredução Como já vimos em alguns tópicos ao longo destes quatro módulos, os elementos constituintes das mais diversas espécies químicas (compostos moleculares, íons, substâncias simples) podem se apresentar com cargas elétricas diferentes. O que chamamos de número de oxidação, ou simplesmente NOX, é na verdade esta carga que um elemento apresenta quando assume uma determinada “forma” química. Por exemplo, podemos encontrar os átomos de enxofre com carga +4 (como é o caso do sulfato de sódio Na2SO4), 2 (como no sulfeto de cálcio CaS) ou ainda com carga nula como no caso do enxofre molecular (substância simples S8), só para citar alguns exemplos. Podemos observar também que estas cargas tanto podem ser reais (quando o átomo perde ou ganha elétrons formando íons) quanto aparentes, ou parciais, (quando a diferença de eletronegatividade faz com que num dos lados da ligação a concentração de elétrons seja maior que do outro, gerando pólos de cargas opostas). Durante uma reação química as cargas destes elementos podem mudar, por exemplo, ao reagir com o gás oxigênio o ferro metálico (Fe(s)) perde elétrons podendo se transformar no íon ferro II (ou ferroso Fe2+) conforme a reação: Podemos reescrever esta equação dividindo a reação em duas partes, cada uma das quais chamadas de semi reação: 26/11/2015 Estudando: ENEM Química Cursos Online Grátis | Prime Cursos https://www.primecursos.com.br/openlesson/10077/102360/ 2/7 i. ii. Como podemos observar na reação “i” o ferro, inicialmente com carga nula, perde elétrons se transformando num cátion de carga +2. Este processo é conhecido como oxidação, mesmo que o oxigênio não esteja envolvido na reação. O que caracteriza a oxidação é a perda de elétrons, ou seja, o aumento do número de oxidação (NOX). Já na reação “ii” o oxigênio recebe os elétrons perdidos pelo ferro. Em conseqüência o seu NOX diminui, daí considerarmos que o oxigênio foi reduzido de 0 a 2. Nas semireações descritas acima não é possível que o ferro oxide sem que o oxigênio sofra redução, em outras palavras,quem provoca a oxidação do ferro é o gás oxigênio, daí ele ser considerado o agente oxidante desta reação. Por outro lado o oxigênio não pode ser reduzido se não receber os elétrons cedidos pelo ferro. Este último é, portanto o agente redutor da reação. Quem sofre oxidação é chamado agente redutor; Quem sofre redução é chamado agente oxidante. As reações que envolvem mudanças de NOX das espécies químicas envolvidas são chamadas reação redox, de oxidorredução ou ainda de oxirredução. Células Eletrolíticas e Pilhas Voltaicas O segmento da química que estuda a influência da energia elétrica nas reações é a eletroquímica e se divide na investigação de dois tipos de fenômenos: (1) a geração de energia elétrica por meio de uma reação química e (2) a utilização de energia elétrica para favorecer a ocorrência de uma reação. O processo pelo qual a energia elétrica é usada para gerar uma reação química é chamado de eletrólise e o sistema utilizado para este fim, de célula eletrolítica. Como podemos imaginar, a eletrólise não pode ocorrer espontaneamente, afinal, por definição, precisamos introduzir energia elétrica no sistema para que ocorra a transferência de elétrons. Se for possível usar eletricidade para promover uma reação também é possível aproveitar as transferências de elétrons ocorridas espontaneamente numa reação redox para gerar energia elétrica. O sistema no qual uma reação química de oxirredução espontânea produz energia elétrica é chamado de célula galvânica ou simplesmente pilha voltaica. Pilhas e Potenciais de Redução. A primeira célula voltaica foi construída por Alessandro Volta no ano de 1800. A denominação “pilha” surgiu da forma como esta célula era construída, empilhando discos de cobre e zinco alternados por uma camada de algodão encharcada com uma solução eletrolítica. O cobre tem uma capacidade de receber elétrons (sofrer redução) maior que a do zinco. Isto significa que, em contato com o zinco metálico, os íons cobre funcionam como agentes oxidantes, retirando elétrons do zinco e se convertendo por sua vez em cobre metálico como mostra a equação: Esta capacidade de sofrer redução (retirar elétrons de outra espécie química) não pode ser medida de forma absoluta, mas pode ser comparada entre os vários elementos químicos. Para facilitar a quantificação destas medidas o elemento hidrogênio foi tomado como referência e sua capacidade de se reduzir (que a partir de agora chamaremos de potencial de redução) foi arbitrariamente definida em 0 volt (0V). Se algum elemento se reduz com maior facilidade que o “H” o seu potencial de redução vai ser positivo, do contrário o potencial de redução será negativo. Estes potenciais são chamados de “potencias padrão de redução” e são determinados medindose o potencial de uma pilha formada pelo elemento que se quer conhecer a capacidade de sofrer redução e um eletrodo padrão de hidrogênio. Retornando à pilha, quando comparados com o “H”, cobre e zinco apresentam potenciais de redução de +0,34 V e 0,76V respectivamente. Isto que dizer que a diferença de potencial (DDP) entre Cu2+ e Zn2+ é de 1,10V [basta calcular a diferença +0,34(0,76)]. 26/11/2015 Estudando: ENEM Química Cursos Online Grátis | Prime Cursos https://www.primecursos.com.br/openlesson/10077/102360/ 3/7 Assim: Potenciais padrão de redução/oxidação para várias espécies químicas A PILHA DE DANIEL Em 1836 John Frederick Daniell otimizou a pilha proposta por Volta fazendo com que os processos de oxidação e redução ocorressem em locais fisicamente separados, chamados de semicélulas. A proposta de Daniell consistia em mergulhar uma lâmina de cobre numa solução contendo íons cobre, fazendo o mesmo com zinco, isto é, lâmina de zinco mergulhada em solução de íons zinco. Representação esquemática da pilha de Daniel. Em cada uma das semicélulasdeve acontecer uma semireação, ou seja, na célula contendo cobre (metálico e em solução) deveremos observar a redução dos íons metálicos que estão dissolvidos e sua deposição da lâmina submersa na solução. Esta semicélula, também chamada de eletrodo de cobre, é chamada de cátodo por que nela ocorre a redução. Já o eletrodo de zinco é chamado de ânodo, por que nele deveremos observar o desgaste da lâmina (corrosão) provocado pela oxidação do zinco metálico a íon Zn2+ aquoso. Com o avanço da reação, é natural que as concentrações de cátions e ânions presentes nas semicélulas se 26/11/2015 Estudando: ENEM Química Cursos Online Grátis | Prime Cursos https://www.primecursos.com.br/openlesson/10077/102360/ 4/7 desequilibrem. Veja que à medida que o Cu2+ sofre redução a concentração do ânion sulfato (SO42) aumenta provocando um acúmulo de cargas negativas no cátodo. O oposto deve acontecer com o eletrodo de zinco. Este desequilíbrio acaba por impedir que o fluxo de elétrons continue a se propagar de modo que se faz necessária a utilização de um dispositivo chamado de “ponte salina” para manter o equilíbrio de cargas nos eletrodos. NOTAÇÃO DA PILHA Para simplificar a representação de uma pilha, atualmente podemos usar a seguinte notação: Ânodo (reação de oxidação) // (ponte salina) Cátodo (reação de redução) Para a pilha de Daniel a notação convencional seria: Zn/Zn2+//Cu2+/Cu O POTENCIA DE UMA PILHA Ao comprar uma pilha ou uma bateria normalmente seguimos a indicação do fabricante e nem sempre nos preocupamos com a sua capacidade de gerar eletricidade. Em física vimos que a potencia elétrica depende da DDP e da quantidade de corrente gerada pelo sistema, em eletroquímica é a mesma coisa. Para ilustrar a situação lembrese que uma pilha comum pode durar meses no controle remoto da TV ou apenas algumas horas no tocador de MP3. Isto quer dizer que o controle remoto consome menos potência que o tocador de música e por isto a pilha dura mais tempo. A DDP da pilha depende das reações que são utilizadas nos eletrodos, da temperatura e da relação entre as concentrações dos reagentes químicos. Na pilha de Daniell já vimos que este potencial é de 1,10V, justamente a diferença entre os potenciais de redução das espécies químicas envolvidas na reação. Na pilha comum a DDP é de 1,5V. Uma coisa na qual devemos prestar atenção é que, ao contrário de propriedades como entalpia e volume, o potencial de uma pilha não depende da quantidade absoluta de matéria presente no sistema (chamamos este tipo de propriedade de intensiva, independe da extensão do sistema). Prova disto é que as pilhas pequenas (AAA e AA) têm os mesmos 1,5V de DDP que uma pilha média ou grande. Apesar de terem o mesmo potencial não imaginemos que não faz sentido ter pilhas maiores. Na verdade a quantidade de matéria do sistema não altera a DDP, mas determina quanto de corrente uma pilha pode gerar, ou seja, quanto mais “substância” para reagir mais elétrons podem ser gerados por unidade de tempo, de modo que as pilhas maiores são mais potentes e vão durar muito mais tempo que uma pilha palito (AAA). TIPOS DE PILHAS E BATERIAS Pilha Alcalina Representada pela reação global: Zn(s) + 2MnO2(s) → ZnO(s) + Mn2O3(s). Apesar de um pouco mais cara, as pilhas alcalinas duram mais, e estão menos sujeitas a vazamentos. Pilha Recarregável (Níquel – Hidreto Metálico) 26/11/2015 Estudando: ENEM Química Cursos Online Grátis | Prime Cursos https://www.primecursos.com.br/openlesson/10077/102360/ 5/7 Pilha recarregável Pelo descarte da pilha alcalina ser um problema ambiental, as pilhas recarregáveis foram desenvolvidas. Existem as pilhas de NíquelCádmio, que possuem o chamado “efeito memória”, as de NíquelMetal Hidreto, que não possuem o “efeito memória” e as pilhas de íons de Litio. Esta última é utilizada em baterias de dispositivos eletrônicos, além de não possuir o “efeito memória” ela é mais leve e de menor tamanho. Pilha de Mercúrio Representação esquemática da pilha de mercúrio. É uma espécie de pilha alcalina, mas há muito tempo não é comercializada em muitos países por conter mercúrio em grandes concentrações. Utilizamse em relógios, calculadoras, marcapassos, brinquedos, câmeras e aparelhos auditivos. Baterias Automotivas Bateria de carro á base de Chumbo. Inventada pelo francês Gaston Piantei em 1860, a bateria de chumbo, também chamada como acumulador de chumbo é uma associação de pilhas, ligas em série. O potencial de uma pilha comum aproximase de 2 V, em uma bateria de pilha este potencial é de aproximadamente 12 V. Ela é utilizada para dar partida ao carro e acionar alguns recursos que requerem energia em um carro, e é abastecida por um gerador. Eletrólise Por definição a eletrólise é o oposto da célula voltaica. Consiste na promoção de uma reação química pela ação de uma corrente elétrica. Deste ponto de vista podemos imaginar, como exemplo, que para recarregar uma bateria de celular precisamos na verdade fazer uma eletrólise das células que compõem este artefato. A eletrólise fornece a condição necessária para superar a reação espontânea e fazer com que esta ocorra “ao contrário”, no caso da bateria reconstituindo os reagentes originais que em seguida podem reagir espontaneamente para produzir energia elétrica. A eletrólise ocorre numa cuba (chamada célula eletrolítica) alimentada por um gerador de corrente contínua. Ao polarizar o sistema, os cátions migram para o pólo negativo onde sofrem redução (recebem elétrons vindos do gerador). Simultaneamente os ânions são atraídos pelo pólo positivo e sofrem oxidação (perdem elétrons para o gerador). 26/11/2015 Estudando: ENEM Química Cursos Online Grátis | Prime Cursos https://www.primecursos.com.br/openlesson/10077/102360/ 6/7 Esquema de eletrólise. A eletrólise é usada na siderurgia (para obter os metais puros a partir de ligas de baixa pureza), na prevenção da corrosão (galvanização, anodização do alumínio, etc.) e na produção de substâncias químicas de interesse comercial tanto no varejo como na indústria (gás cloro, sódio metálico, soda cáustica etc.). TIPOS DE ELETRÓLISE EM MEIO AQUOSO: Como o nome sugere, nesta reação as espécies químicas de interesse são dissolvidas em água para sofrer eletrólise. A principal vantagem é poder trabalhar em condições de temperatura ambiente, no entanto, como na solução existem outras espécies químicas além do soluto (principalmente H+ e OH proveniente da dissociação da água) haverá uma competição entre os constituintes pelas reações de oxidação e redução. Apenas uma espécie química será reduzida no cátodo e apenas uma será oxidada no ânodo, tendo prioridade o íon com maior potencial de redução (reação catódica) e menor potencial de oxidação (reação anódica). Como exemplo, dentre as espécies presentes numa solução aquosa de NaCl (sal de cozinha) (Na+, Cl, H+ e OH) apenas o cloreto e o íon hidrônio sofrerão descarga nos eletrodos, formando respectivamente o gás cloro (Cl2) no ânodo e o gás hidrogênio (H2) no cátodo. Uma vez que estes gases sejam retirados da solução restarão no sistema Na+ e OH, que após evaporação do solvente precipitam como NaOH sólido (soda cáustica). ÍGNEA: Este tipo de eletrólise ocorre com a substância pura no estado líquido. Por exemplo, podemos eletrolisar o Cloreto de Sódio (NaCl) fundido a mais de 800ºC. A vantagem é que não há competição pela redução ou oxidação entre as espécies. No exemplo citado os únicos produtos possíveis são o gás cloro e o sódio metálico. Esquema da eletrólise ígnea. ELETRÓLISE E ESTEQUIOMETRIA (LEI DE FARADAY) O processo de deposição de um fino revestimento de metal em superfície (laminação) pelo uso de eletricidade é chamado degalvanoplastia. Produtos laminados são encontrados em diversos objetos do nosso cotidiano, por exemplo, em pregos e parafusos galvanizados (aço revestido de zinco), ou mesmo em metais sanitários (torneiras de aço cobreado revestido de níquel) com fins decorativos. Este processo traz à tona a necessidade de se conhecer quanto do material está sendo depositado na superfície. Se a laminação estiver sendo feita sobre um parafuso, por exemplo, uma camada muito espessa pode comprometer a eficiência deste dispositivo, se por outro lado a laminação é feita com um metal nobre, como a prata, uma camada muito grossa pode significar desperdício de dinheiro. Como o elétron é uma entidade material ele está sujeito às mesmas leis ponderais que regulam a estequiometria química, por exemplo, para reduzir um mol de íons prata (Ag+) a prata metálica precisa de exatamente um mol de 26/11/2015 Estudando: ENEM Química Cursos Online Grátis | Prime Cursos https://www.primecursos.com.br/openlesson/10077/102360/ 7/7 elétrons. Ag+(aq) + e → Ag0(s) Num célebre experimento realizado em 1909, Millikan determinou que a carga de um elétron (Q) é 1,6x1019 C (coulomb – unidade de medida de carga elétrica). Se 1,0 mol de elétrons possui 6,02x1023 partículas, a carga deste conjunto de partículas será de 9,65x104 C. Este valor é conhecido como constante de Faraday. Como a corrente elétrica, medida em Ampére (A), é uma medida do fluxo de elétrons por unidade de tempo, Podemos calcular a quantidade de um determinado metal depositado numa superfície com uma regra de três simples, desde que saibamos o tempo de eletrólise e a intensidade da corrente durante este período. SIDERURGIA E A OBTENÇÃO DE METAIS. Produção de aço na indústria. Se observarmos bem, é natural que os metais oxidem em contato com o ar e umidade, em especial o ferro e suas ligas. E é justamente na forma oxidada que eles são encontrados na natureza. Os chamados minérios são compostos iônicos (normalmente sais e óxidos) nos quais o metal de interesse se encontra com o seu estado de oxidação mais estável. Por exemplo, os metais do grupo 16 da tabela periódica (o grupo do oxigênio) são chamados de “calcogênios”, ou geradores de cobre, justamente por que este metal é encontrado na natureza ligado ionicamente a oxigênio e enxofre. A eletrólise é uma das ferramentas que a indústria de produção de metais utiliza para produzir e purificar os metais retirados da natureza na forma de minérios.
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