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Aula-federalismo

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Como ressaltam alguns autores, existem uma necessidade de desfazer a confusão terminológica constantes nos estudos políticos – entre formas, sistemas e regimes�. 
Ainda existem autores que falam em forma de governo, além de forma de Estado.
Forma de Estado é o modo do exercício do poder político em função do território. Se existe unidade de poder sobre o território, pessoas e bens, tem-se Estado unitário�. 
As formas de Estado são definidas pelo critério territorial, tomando como referência a existência e o conteúdo do regime de descentralização político-administrativa de cada Estado, indicando, por este modo, a existência de um Estado Unitário ou Federal.
As formas de governo dizem respeito ao modo pelo qual o poder se organiza e se distribui entre os governantes e governados, modulando sobretudo o nível de intervenção da população no governo. Dessa forma, basicamente, há duas formas de governo, a República, eletiva e temporária, além, da periodicidade dos mandatos, responsabilidade de seus governantes e conceito de coisa pública. 
E a Monarquia marcada pelo caráter vitalício e hereditário na indicação de seus dirigentes.
Os sistemas de governo, por seu lado, indicam a forma e o conteúdo da divisão orgânica do poder, que, desta feita, sofre variações segundo os três sistemas: o presidencialismo, parlamentarismo ou sistema diretorial.
Bem, voltando às formas de Estado.
No Brasil, se o poder se reparte, se divide, no espaço territorial, gerando multiplicidade de organizações governamentais, distribuídas regionalmente, estamos diante de uma forma de Estado composto, denominado Federação de Estados ou outros tipos. 
Estado Federal é aquele que se divide em províncias ou estados politicamente autônomas, possuindo fontes paralelas de direito público, uma nacional e outra provincial�.
As variações típicas de cada um dos três elementos(território, povo e poder) sugerem diversas classificações do Estado. Se levarmos em conta o primeiro elemento, o Estado pode ser nacional, como o Japão, embora existam os okinawas e outras minorias; ou plurinacional, como a Grã-Bretanha. 
No tocante ao território, levando-se em conta a posição geográfica, o Estado pode ser central, como o Paraguai, ou marítimo como o Brasil. Mas estas classificações são desprovidas de interesse. Outras classificações são soberanos e semi-soberanos ou com soberania compartilhada, como é o caso da União Européia.
Estado perfeito e imperfeito. O primeiro reúne os três elementos constitutivos: povo, território e poder soberano (governo).
Estado imperfeito é aquele, que embora possuindo os três elementos constitutivos, sofre restrição em qualquer deles. A restrição maior é no tocante ao governo: Afeganistão e Iraque. Pode até ter administração própria, poder de auto-organização, mas não é Estado na exata acepção do termo enquanto estiver sujeito à influência tutelar de uma potência estrangeira ou mesmo de organismos internacionais. Havia, anteriormente, a figura do protetorado (Estados protegidos), principalmente depois da Primeira Guerra, com a Sociedade das Nações (1919), como Síria e Palestina, incluindo hoje o Estado de Israel. Durante a Segunda Guerra Mundial, boa parte do território francês chamada, “França Vich”, foi dominado por Adolf Hitler, enquanto que um pedaço acabou sendo governo “fantoche” comandando pelo marechal Petain, que era manipulado pelos alemães por meio colaboracionistas. 
No plano do direito público internacional, os Estados se dividem em simples e compostos. Nota-se que o direito interno dá outra divisão (unitários e federais) porque vê o Estado por dentro, na sua estrutura interna, enquanto o direito público internacional vê o sujeito como unidade ou pluralidade, isto é, como Estado único ou como união de Estados.
Estado simples é aquele que corresponde a um grupo populacional homogêneo, com o seu território e seu poder público constituído por uma única expressão, que é o governo nacional.
Composto é uma união de dois ou mais Estados, apresentam duas esferas distintas de poder governamental, e obedecendo a um regime jurídico especial, variável em casa caso, sempre com predominância do governo de união como sujeito de direito público internacional.
 
 Estado unitário é aquela que apresenta uma organização política singular, com um governo único de plena jurisdição nacional, sem divisões internas que não sejam simplesmente de ordem administrativa. Portugal, Bélgica, Holanda, Uruguai, Paraguai, Panamá e Peru são estados unitários, embora descentralizados em municípios, distritos ou departamentos, tais divisões são de direito administrativo. Não tem esses organismos menores uma autonomia política�.Agem apenas por delegação do poder central, que mantém o monopólio da capacidade política.
Para Michel Temer, “há um único centro de irradiação legislativa que se espraia por todo um dado território. Nele não se cogita a possibilidade de divisão da ordem jurídica de acordo com uma divisão de negócios por circunscrições territoriais. Ao contrário, a ordem é uma, global, abrangente de todas as relações humanas que ocorrem na área onde atua a soberania do Estado”.
Mas, para abordarmos, os compostos, passamos a falar sobre alguns que tiveram importância história e hoje servem como base para a União Européia.
União pessoal - Vem a ser uma espécie de federação, em que, acidental e involuntariamente, as leis de sucessão monárquica ensejam a coincidência de um só príncipe ocupar dois tronos, tornando-se o titular comum do poder em Estados que preservam sua soberania.
São características: a) é casual, fortuita, decorrendo de mera coincidência na ordem sucessória dinástica; b) é transitória, pois cessa o vínculo com a extinção da dinastia imperante; c) inexiste fundamento jurídico unitário entre os Estados participantes da união, os quais mantêm incólume sua soberania, sendo a União destituída de personalidade jurídica internacional.
	Constituem exemplos históricos: Espanha e Portugal (1580-1640) e Inglaterra e Hanover (1714-1837) e Alemanha e Espanha (1519-1556).
	A união ibérica deixou alguns legados importantes para o Brasil: as Ordenações Filipinas que vigoraram até a entrada em vigor do Código Civil de Clóvis Bevilacqua em 1916 e ainda a expansão do território para as terras que eram inicialmente espanholas pelo Tratado de Tordesilhas.
	 A União Ibérica reuniu as coroas peninsulares, decorrentes da morte de Don Sebastião em 4 de agosto de 1578 na batalha de “Alcácer Quibir”. O cardeal D. Henrique assumiu em 1578, mas morreu tuberculoso em 1580, inclusive convocando as “cortes”. 
União Real é também uma espécie de Federação e consiste na celebração, consciente e voluntária, da união de Estados, em torno do objetivo comum (res). Cumpre ressaltar que o adjetivo real atribuído não se refere, necessariamente, a rei, monarca, mas a uma coisa (res), um objetivo concreto.
	São características da união real: a) não cria um novo Estado, limitando-se a formar uma união de Estados: b) abrange, por via de regra, Estados contíguos: c) a soberania de cada Estado permanece intacta; d) exclui administração uniforme e nacionalidade própria, admitindo administração uniforme e nacionalidade própria, admitindo administração comum e economia societária; e) sua duração pode ser permanente ou transitória, podendo dissolver-se por acordo entre os Estados participantes, pela caducidade dos tratados ou pelo desaparecimento da dinastia governante: f) criam-se Exército e Marinha comuns, e adota-se a mesma política externa; g) o governante e seus ministros não atuam como representantes de cada Estado participante; h) as relações entre os dois Estados da união rel são relações internacionais. 
	São exemplos: Suécia e Noruega (1815-1905); Dinamarca e Islândia (de 1815 até a deflagração da Segunda Guerra); Império austro-húngaro (1867-1918) quando a Áustria e Hungria se agregaram sob a autoridade de Francisco José. Estemonarca chamava-se Carlos I, na qualidade de Imperador da Áustria, e Carlos IV, como reio da Hungria. 
Estado constitucionalmente descentralizado: regional
Revela o Direito comparado a tendência de inscrever a descentralização no próprio texto constitucional. É o que ocorre na Itália, sob a Constituição vigente. Surgem, com isto, Estados unitários constitucionalmente descentralizados. Nestes, o Poder Central não têm à sua mercê a existência e amplitude da descentralização. Ou diga-se melhor, o poder constituído central não a tem sobre sua mercê, pois ela depender do Poder Constituinte central. Este é que pode suprimir ou alterar pelo modo por que se altera a Constituição. Muitos chamam estes Estados de Estados regionais. É o caso da Itália e da Espanha�.
Vale sublinhar que essas regiões podem ser suprimidas por reforma constitucional e não possuem um poder constituinte, já que sua organização é sempre aprovada por lei nacional
União incorporada – Nela, dois ou mais Estados distintos se unem para a formação de uma nova unidade. Neste caso, os Estados extinguem-se, para formação de uma nova unidade. A principal problemática é que os autores dão como exemplo a Grã-Bretanha. Os reinos, outrora independentes, Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte formaram uma união pessoal, depois uma união real, e, finalmente, fundiram-se formando um só Estado com a denominação de Grã-Bretanha. Dois ou mais estados desaparecem para constituir um terceiro, o que significa a criação de um novo Estado. O “Ato de União”, de 1907, formou um único reino�.
 Todavia, a Escócia agora tem Parlamento e outras mudanças estão sendo feitas nessa incorporação. Os Estados, por exemplo, participam às vezes juntos, outras vezes separados, como o caso de Copa do Mundo e Olimpíadas.
As uniões de Estados foram próprias do sistema monárquico e, com o esvaziamento do sentido deste, já não oferecem interesse�, além do que existem movimentos de autonomia em países, como a Escócia.
Por outro lado a Comunidade das Nações Britânicas é uma formação histórica que foge às características usuais das classificações. São populações, povos e territórios situados em todos continentes, constituindo um todo heterogêneo, cujo centro é a Coroa Britânica. A situação de cada membro é variável, até mesmo no que concerne aos sistemas de governo, como Nova Zelândia, Austrália e Canadá. Gozando de autonomia, os componentes da Comunidade têm estatuto próprio e têm como vínculo à Coroa, o reconhecimento de um rei e muitas peculiaridades.
Confederação
A primeira importante característica da Confederação é que se forma mediante um pacto ou tratado internacional de Estado e não tem como base uma constituição. É uma união que pode ser permanente de Estados soberanos, mas que podem se dissolver em vários estados, pois todos os participantes detém soberania.
Embora tendo uma assembléia constituída por representantes dos Estados que a compõem, a confederação se apresenta como um poder subordinante, pois as decisões daquele órgão só são válidas quando ratificadas pelos Estados confederados�.
Várias confederações desapareceram, como os Estados Unidos, a Confederação Helvetia que se transformou também em federação, e a confederação da Germânica que desapareceu.
A confederação é a formação política cujo objetivo é a proteção externa dos Estados participantes, podendo ter outros fins. Isso significa que ela exige identidade cultural dos Estados componentes e interesses comuns�. 
Estado Unitário: seus tipos
As formas de Estado podem ser resumidas a duas: simples e compostas. A forma simples de Estado é representada pelo Estado unitário. A forma simples de Estado é representada pelo Estado unitário, do qual trataremos a seguir: as formas compostas de Estado correspondem às federações, que são união real, pessoal, a confederação e o Estado Federal, além da União Européia.
Estado unitário mostra-se politicamente centralizado, embora dotado de descentralização meramente administrativa. O poder central irradia-se por todo o território, sem limitações de natureza política. Caracteriza-se o Estado unitário, portanto, pela unicidade do poder.
O poder central irradia-se por todo o território, sem limitações de natureza política. Caracteriza-se o Estado por uma única fonte irradiadora. Todos os cidadãos estão sujeitos a uma autoridade única, mesmo regime constitucional e uma ordem jurídica comum.
Portugal, Bélgica, Holanda e Peru já foram estados unitários, onde os municípios, distritos ou departamentos são divisões ligadas ao direito administrativo. Não tem esses organismos menores uma autonomia política. Silveira Neto dá como exemplo de Estado simples e unitário a França, segundo sua formulação histórica e doutrinária�.
Darcy Azambuja afirma: “O tipo puro do Estado simples é aquele em que somente existe um Poder Legislativo, um Poder Executivo e um Poder Judiciário, todos centrais, com sede na Capital. Todas as autoridades executivas ou judiciárias que existem no território são delegações do Poder Central, tiram dele sua força; é dele sua força: é ele que as nomeia e lhes fixa as atribuições. O Poder Legislativo de um Estado simples é único, nenhum outro órgão existindo com atribuições de fazer leis nesta ou naquela parte do território”� . 
Estado unitário se divide em dois tipos: centralização concentrada e centralização desconcentrada, ou como preleciona, Ferreira Filho�, estado unitário centralizado e descentralizado. O exemplo deste último é o Brasil Império, pois havia um poder, mas as províncias gozavam da descentralização política. 
Pelo fato de apresentar a centralização política, o Estado unitário só tem uma fonte de poder, o que não impede a descentralização administrativa. Geralmente o Estado simples divide-se em departamentos e comunas que gozam de relativa autonomia em relação aos serviços de seus interesses, tudo, porém, como uma delegação do poder central e não como poder originário ou de auto-organização. 
O ESTADO FEDERAL
 Definição - Federalismo é o sistema político, segundo o quais vários Estados, conservando cada qual a sua independência e autonomia administrativa, reúnem-se numa só nação para a defesa de interesses comuns. Pode também ser definido como a forma de governo democrático em que diversos Estados-membros constituem uma União de Estados ou o Estado federal, que, como soberano, goza de personalidade internacional. Surgiu esta forma de Estado (gênero federação) com a Revolução norte-americana no século XXVIII, mediante a Constituição de 1887. São exemplos Brasil, Estados Unidos, México, Argentina, e Venezuela.
Origem do Estado Federal
O Estado Federal surgiu no século XVIII, muito embora já tenha se falado em federações na Grécia antiga, porém com caráter de meras alianças temporárias. Na verdade, havia uma confederação das polis gregas.
Quando se fala em federalismo, a primeira consideração de ordem histórica é que o modelo federal de Estado corresponde a uma criação dos convencionais de Filadélfia, reunidos em 1787 com o objetivo de aprimorar a união dos Estados em que se haviam convertido, com a independência, as treze colônias britânicas da América do Norte. Os estados norte-americanos abandonaram a Confederação e passaram então a se sujeitar a uma série de princípios e diretrizes emanadas da Constituição. Com havia desconhecimento sobre o que era a Federação, sob o codinome de Plumbius, Hamilton, Madison e Jay escreveram a obra denominada “O Federalista”. Os diversos artigos explicaram o modelo. Vários estados entraram depois, inclusive Nova York que assinou somente em 1788. 
Pelos padrões do século XVIII, a democracia só era considerada possível em pequenas comunidades, onde fossem comuns os valores e interesses dos cidadãos. Quanto aos países dotados de grandes territórios, a história parecia demonstrar que só podiam ser governados como impérios ou confederações, sendo ambas as fórmulas insatisfatórias para os elaboradores do federalismoamericano.
Analisando o sistema confederativo americano começou, juridicamente, com um documento feito após a Guerra da Independência denominada Artigos de Confederação. Nele foram destacadas importantes deficiências que não poderiam perdurar no federalismo. Uma delas provinha da adoção do princípio de que a União deveria legislar para os Estados e não para os cidadãos, com a agravante de não haver sanção para o descumprimento da lei. Inicialmente escreveram, Artigos de Confederação, na célebre Convenção da Filadélfia.
Isto fazia com que a União não pudesse aprovisionar recursos, por sua própria iniciativa, diretamente junto aos cidadãos, ficando na dependência da intermediação dos Estados, que acabavam por observar ou ignorar as resoluções do Governo confederado, a seu bel-prazer.
Outro grave defeito consistia na inexistência de um tribunal supremo do Poder Judiciário, capaz de interpretar e aplicar as leis em última instância, para superar decisões conflitantes dos juízes dos Estados.
Falha ainda era a ausência de previsão de garantia de assistência da União para repelir perigos internos que pudessem ameaçar as Constituições estaduais.
Estes e outros inconvenientes levaram à inevitável conclusão de que para preservar a União existente, esses pontos teriam que ser revistos, para serem corrigidas as falhas, o que foi feito na Constituição de 1787.
Características 
A originalidade da Federação concebida em 1787 está basicamente em ter feito surgir um Estado soberano composto de Estados autônomos�. Quando os Estados independentes que integravam a Confederação americana optaram pela solução federativa, abdicaram, com efeito, da anterior soberania e, na condição de membros autônomos, passaram a integrar um novo e único Estado, este sim soberano.Os Estados-membros da Federação não gozam de soberania. A soberania passa a ser exclusiva do Estado Federal. Desfrutam os Estados-membros, isto sim, de autonomia, ou seja, de capacidade de autodeterminação dentro do círculo de competências traçado pelo poder soberano, que lhes garante auto-organização, autogoverno, autolegislação e auto-administração, exercitáveis sem subordinação hierárquica dos Poderes estaduais aos Poderes da União.
No modelo federal de Estado verifica-se a descentralização política, que corresponde ao mais alto grau de descentralização. Um segundo traço carcterístico da Federação é a sua base jurídica, que é sempre uma Constituição escrita.
Passando aos aspectos societários da Federação, dizem eles respeito à participação dos Estados-membros no governo central, o que se justifica por ser a Federação, em sua expressão mais simples, uma verdadeira sociedade de Estados.
Essa participação costuma ser assegurada pela previsão de uma câmara de representação dos Estados: o Senado Federal.Assim, pode-se dizer que as características do Estado Federal são as seguintes:
As Constituições dos Estados-membros conformam-se necessariamente com a Constituição do Estado Federal, ou seja, a “Lei Maior” deve ser seguida por todos. Com isso, fica clara a distribuição do poder de governo em dois planos harmônicos: federal e provincial; o pacto federativo está na Constituição;
Os Estados federados usualmente não podem desvincular-se do Estado Federal, ou seja, trata-se de uma união indissolúvel;
Os Tribunais federais controlam a conformidade das Constituições e leis dos Estados federados relativamente à Constituição. No caso do Brasil, o STF exerce a função de guardião da Constituição e cuida do equilíbrio federativo e da segurança da ordem vigente;
Compete exclusivamente ao Estado Federal manter as relações internacionais, bem como definir a política de defesa de toda a federação, pois é o único detentor da soberania.
A União detém a soberania, enquanto que os Estados-membros mantém a autonomia. A autonomia envolve a divisão das competências, ou seja, o poder é partilhado entre a União (poder central) e os Estados (poder regional).
Concluindo, pode-se elencar os característicos comuns a todas as federações, que pode sem assim anunciados:
O Estado Federal pressupões, no mínimo, duas ordens jurídicas, uma central e outra parcial;
As ordens jurídicas parciais são dotadas de autonomia, que se revela por competências próprias, possibilidade de auto-organização e de escolha de seus governantes e dos membros do Poder Legislativo, que terão competência para legislar sobre as matérias fixadas na Constituição Federal;
As Constituição Federais, que trará a repartição constitucional de competências, deve ser rígida e escrita, trazendo cláusula que proteja a forma federativa de pretensões de alteração desse sistema;
O Estado Federal tem como instrumento jurídico uma constituição e tem na indissolubilidade do pacto federativo traço essencial;
As vontades parciais se fazem representar na elaboração da vontade geral através do Senado Federal, que deve guardar a isonomia dentre as vontades parciais;
Deve haver guardião da Constituição, zelando pelo cumprimento da repartição das competências; em casos extremos, a União Federal decretará a intervenção federal, agindo em nome de todas as vontades parciais onde inexistir motivo ensejador da medida, situação que se fundamenta na necessidade de se evitar a desagregação da Federação.
Os princípios que regem o Estado Federal
Resumindo, pode-se dizer que o Estado Federal está calcado em princípios fundamentais para o seu funcionamento: o princípio da autonomia dos Estados federados e o princípio da sua participação na formação das leis nacionais (participação da vontade parcial na vontade geral), embora existam outros princípios igualmente importantes decorrentes do federalismo, como a proibição da separação ou divisão.
O federalismo no Brasil
No Brasil, o modelo de Estado Federal seguiu o norte-americano, com algumas variantes. Uma delas é a idéia do Município como ente integrante da Federação, como os Estados-membros e o Distrito Federal.
Assim, o município recebe competências próprias, tem autonomia e pode auto-organizar-se por meio de lei orgânica. O município só não possui a faculdade de ser representado junto ao Senado Federal.
Dessa forma, o Brasil é uma República Federativa, composta pela união indissolúvel de Estados, Municípios e Distrito Federal, conforme o artigo 1º da Constituição Federal. No mesmo sentido, o artigo 18 da CF, aponta que a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
A repartição de competências no estado federal
Todas as Constituições brasileiras, desde a República, distinguiram as competências enumeradas da União, deixando para os Estados as remanescentes, isto é, aquelas que sobravam. E, a partir de 1934, passaram a trabalhar também com competências concorrentes, quando determinada tarefa compete tanto à União como aos Estados-membros. É bastante complexa a repartição de competências na Constituição. Nela coexistem a repartição horizontal e a repartição vertical de competências�. Por outro lado, há que se distinguir entre as competências legislativas e materiais.
Passando às competências comuns, no artigo 23 estão previstas tarefas cujo cumprimento a todos deve incumbir, pois são voltadas à defesa de valores que, sem a contribuição conjunta da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, não poderiam ser preservados.
De outra parte, no artigo 24 figura a competência legislativa concorrente mediante a qual União, Estados e Distrito Federal podem legislar sobre as matérias que o dispositivo arrola. Embora o artigo 24 não indique os Municípios entre os titulares da competência legislativa concorrente, não ficaram eles dela excluídos. Deslocada, no inciso II do artigo 30, consta à competência dos Municípios de suplementar a legislação federal e estadual no que couber.
No parágrafo único do artigo 22 está prevista a alternativa de delegação de competências,permitindo que lei complementar possa autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias objeto da competência legislativa da União.
Com relação à competência tributária, a Constituição discriminou os tributos que cada entidade federativa pode estabelecer, enumerando os impostos de competência da União no artigo 153, os de competências dos Estados e Distrito Federal no artigo 155 e os de competência dos Municípios no artigo 156. A partilha de competências, como afinal formalizada na Constituição, demonstra que se progrediu neste sentido, muito embora ainda persista uma acentuada concentração de poderes na União.
O princípio da não intervenção federal
A CF-88 assegura a autonomia política e financeira dos Estados federados ao longo de vários artigos, pois de nada valeria a autonomia política (art. 25) sem a necessária autonomia financeira (art. 155), concedida esta, também ao DF (art. 155) e aos municípios (art. 156). A exemplo dos EUA (art. 1.º, Seção 3.ª, 17.º Aditamento ao texto), o Estado federal brasileiro conta com a participação dos Estados federados na formação da vontade nacional, mediante o Senado Federal (art. 46).
A forma federativa de Estado surge no Brasil com o advento da República (Dec. N.º 1, de 15-11-1889), cujo art. 1.º estabelece: “Fica proclamada provisoriamente e decretada como a forma de governo da nação brasileira – a República Federativa”
Falou-se em autonomia dos Estados-membros; falou-se em repartição de competências, porém tanto a autonomia dos estados, como as competências privativas a esses não podem ser exercidas conforme convém a cada estado. Se assim fosse, cada estado seria uma nova União Federal e acabaria a ligação que forma a União Federal.
Assim, em determinados casos previstos em lei, a União não pode intervir nos estados, como regra, mas apenas em casos excepcionais. A essa intervenção dá-se o nome de intervenção federal, que consiste no fato de a União assumir temporariamente o desempenho de uma competência que pertence a um Estado-membro. Segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho, a intervenção federal é uma invasão da esfera de competências pertencente e reservada aos Estados-membros para assegurar o grau de unidade e de uniformidade indispensável à sobrevivência da Federação.
Há que se alertar que a União somente pode intervir nos Estados e não nos municípios. Quem pode intervir nos municípios são os estados, respeitando-se, dessa forma, a hierarquia de competências.
A intervenção federal, por ser contrária à autonomia dos estados, somente pode ser fundada em fato de grande gravidade. Dessa forma, a Constituição Federal elenca quais os casos em que a União pode intervir nos Estados.
O artigo 34 dispõe que não haverá a intervenção, exceto para:
Para assegurar a unidade nacional;
Manter a ordem constitucional, a ordem pública e a ordem jurídica e
Disciplinar as finanças estaduais.
Quando e como é decretada a intervenção federal
Quem pode decretar a intervenção federal é o Presidente da República (art. 84, X), por meio de decreto interventivo que deverá especificar a amplitude, o prazo e as condições de execução, nomeando, se couber, um interventor.
Porém, ao Presidente cabe somente formalizar uma decisão tomada por outros órgãos, quer dizer, por exemplo, que o judiciário decide que, por um motivo qualquer, deverá haver intervenção em determinado estado e o Presidente da República decreta essa intervenção. A decisão de intervenção pode ser tomada pelo judiciário, sempre que se destinar a prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judiciária (art. 34, VI), ou assegurar o livre exercício do Judiciário estadual (art. 34, IV). Nessas hipóteses a decisão sobre a intervenção cabe ao Supremo Tribunal Federal, ao Superior Tribunal de Justiça ou ao Tribunal Superior Eleitoral, mediante requisição (art. 36, II).
No caso de inexecução de lei federal, a Constituição, no artigo 36, IV, condiciona a intervenção ao provimento de representação do Procurador-Geral da República.
Nas hipóteses de ameaça à integridade nacional, invasão estrangeira ou de um Estado em outro, perturbação grave da ordem, coação a Legislativo ou Executivo estaduais e reorganização financeira do Estado-Membro, a decisão é discricionária (art. 34, I a V), isto é o Estado tem a faculdade de decretar a intervenção se a situação assim exigir.
Mais complicado é a decretação de intervenção com base na violação dos princípios constitucionais da União (art. 34, VII). Aí a intervenção é também decretada pelo Presidente, porém somente cabe a intervenção depois que o Supremo Tribunal Federal declarar a inconstitucionalidade do ato impugnado, por provocação do Procurador-Geral da República (art. 36, III).
A intervenção federal, exceto quando for requerida pelo judiciário, deverá ser aprovada pelo Congresso (art. 49, IV), que deverá ser convocado especialmente para esse fim. Fácil é perceber que existem dois tipos de intervenção: a espontânea, quando o Presidente da República age de ofício, e a provocada, quando a intervenção deve ser requerida pelo estado-membro. Quando a intervenção for espontânea, o Presidente da República poderá analisar a sua necessidade, antes de decretá-la; já, quando for requerida, o Presidente estará vinculado à edição do decreto de intervenção.A intervenção é cláusula de defesa da federação é tem o objetivo de garantir o equilíbrio federativo contra situações que, pela sua gravidade, possam comprometer a integridade ou a unidade do Estado Federal. O Estado federado por, por sua vez, intervir nos seus municípios (art. 35). Em qualquer caso, porém, a intervenção é exceção, jamais regras, como fica claro nos arts. 34 e 35.
BIBLIOGRAFIA
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ARAUJO, Luiz Alberto David e NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 7ª ed.; São Paulo: Saraiva; 2004
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional didático. 7ª ed.; Belo Horizonte: Del Rey; 2001
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 29ª ed.; São Paulo: Saraiva; 1999.
MALUF, Said. Teoria Geral do Estado, 26 e 27.ª ed, São Paulo: Saraiva, 2005 e 2007
NUNES, Pedro. Dicionário de tecnologia jurídica. 12ª ed.; Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1994.
SOARES, Mário Lúcio Quintão. Teoria do estado. Belo Horizonte: Del Rey; 2001.
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� Maluf, Said. Teoria Geral do Estado (27.ª ed), p. 167.
� Maluf, Said. Teoria Geral do Estado, p. 165.
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� Silveira Neto, Teoria do Estado, 6.ª ed, p.246.
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� Silveira Neto, Teoria do Estado, 6.ª ed, p.243.
� Teoria Geral do Estado, p. 365
� Ferreira Filho, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional, p. 51. 
� Bryce, J. The American Commonwealth. O que caracteriza o Estado federal é justamente o fato de, sobre o mesmo território e sobre as mesmas pessoas, se exercer, harmônica e simultaneamente, a ação pública de dois governos distintos; o federal e o estadual”
� Ferreira Filho, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional, p. 59.
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