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É a intenção desse texto apresentar um dos elementos constitutivos do Estado, junto com povo, poder soberano e sentimento nacional. Portanto, o território é um dos elementos essenciais porque são constitutivos da forma política estatal, que se formou num processo histórico. A palavra território apresenta uma etimologia à primeira vista estranha: não provém, conforme se poderia pensar, de nada ligado à terra, espaço geográfico, mas do verbo latino: “térreo”, territo, isto é, intimido, causa medo, receio. Isto porque o Estado exerce o seu poder antevendo a possibilidade de, a qualquer momento, utilizar a força (coerção) para ver suas determinações cumpridas pelos súditos do poder absoluto ou mesmo da força do Império Romano. Também no âmbito externo, quando o Estado, para manter a soberania íntegra, procura, na força das armas, impor respeito às demais sociedades políticas. Na Grécia Antiga, a fronteira não era fixa, pois o exército ocupava uma linha determinada, mas apenas partes estratégicas. Não havia outros limites, senão a propriedade privada, pois o que poderia ser chamado de uma invasão de fronteiras, era representado na época como subtração de gado ou de colheita. São duas as características: 1) instabilidade e 2) falta de delimitação. O território é a base física, o âmbito geográfico da nação, onde ocorre à validade da sua ordem jurídica – definiu Hans Kelsen�. Noção – A terra como espaço físico só cobra significação política quando considerado como território, como elemento natural integrante da forma estatal e, por conseguinte, da personalidade do Estado�. O território deve ser considerado nesse duplo aspecto: 1) como elemento componente do Estado e 2) como objeto do poder do Estado impor sua jurisdição. Alguns autores falam em propriedade do território, que seriam três. A primeira, como elemento essencial do Estado é uma parte constitutiva dele e causa de sua impenetrabilidade subjetiva, no sentido de que em um mesmo território somente um Estado exerce o pode com caráter exclusivo, de maneira que o espaço terrestre define a soberania nacional. Em segundo lugar, o território constitui o âmbito espacial do poder de império que o Estado exerce sobre os nacionais e estrangeiros que habitam nele. Uma terceira propriedade do território consiste, com assinala George Burdeau, é um meio de ação do Estado enquanto defesa nacional, exploração dos recursos naturais, como petróleo, ouro e minérios. A nação, como realidade sociológica, pode subsistir sem território próprio, sem se constituir em Estado, como ocorreu com a nação judaica durante cerca de dois mil anos�. Desde a expulsão de Jerusalém até a criação do Estado pela Organização das Nações Unidas. Estado sem território não é Estado�. É o caso do Tibet, invadido pela China e do Curdistão, que é uma região com cerca de 500.000 km² distribuídos em sua maior parte na Turquia e o restante no Iraque, Irão, Síria, Armênia e Azerbeijão. Existem mais de 300 nações que não são Estados, o Curdistão representa a maior etnia no mundo sem Estado, 30 milhões de pessoas que partilham uma língua comum: – o curdo, uma religião comum: - muçulmana sunita e uma história comum que se reflete no seu sonho de autonomia. A história comum é muito importante, mas a luta muitas vezes não encontra eco, como no caso do Timor-Leste (República Democrática de Timor-Leste) que é um dos países mais jovens do mundo, e ocupa a parte oriental da ilha de Timor na Oceania�. Por isso, afirmavam os romanos que o território é a universalidade das terras dentro dos limites de cada Estado; alguns o chamam assim porque o magistrado deste lugar tem o direito de, dentro destas terras, aterrorizar, isto é, afugentar. Afirmavam também: “se queres a paz, prepara-te para guerra”. Há casos de nações, que por força do poder militar, não conseguem se estruturar, como o caso da Palestina. A noção de território, como componente necessário do Estado, só apareceu com o Estado Moderno, embora, à semelhança do que ocorreu com a soberania. Todavia, isso não queria dizer que os Estados anteriores não tivessem território. Na cidade-Estado, limitada a um centro urbano e a zona rural circunvizinha, não havendo ensejo para conflitos de fronteiras, não chegou a surgir a necessidade de uma clara delimitação territorial�. Durante a Idade Média, com a multiplicação dos conflitos entre ordens e autoridades, tornou-se indispensável essa definição, e ela foi conseguida através de duas noções: a da soberania, que indicava o poder maior e ainda, a de território, que indicava onde esse poder seria efetivamente o mais alto. O jargão: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Hitler dizia: “onde fosse ouvida uma canção alemã, aí estaria à Alemanha”. Era o início do expansionismo nazista. A teoria do “território dinâmico” se oficializou na Alemanha, proporcionando o expansionismo e a Segunda Guerra Mundial. Tais arroubos e brocardos constituem um sintoma inevitável de que o Estado se mantém permanentemente em atitude de defesa ou de ataque, sempre com o intuito de intimidar, impor-se às outras sociedades políticas, seja para conservar-se íntegro, seja para expandi-se às custas de seus vizinhos. Por isso, a faixa de fronteira de um Estado tem caráter muito mais estratégico do que político. Então, o conceito de território é jurídico-político, não simplesmente geográfico. Tem-se de distinguir o conceito físico do conceito jurídico de território. O elemento físico é imprescindível, pois um Estado não pode existir sem base geográfica. Por isso, envolve o território marítimo, fluvial e aéreo. Todavia, para a Teoria do Estado, contudo, só o conceito jurídico pode explicar o território. Juridicamente, o território é todo o ambiente ou espaço sob o domínio exclusivo do Estado. Dessa forma, a compreensão de território não se desvincula do poder soberano�. Conceito geográfico é o de base física. Todavia, não apenas isso, pois um navio militar, em águas territoriais de outro Estado, faz parte do território do Estado cuja bandeira ostenta. Hildebrando Accioly: “é o espaço sobre o qual o Estado exerce a soberania territorial, enquanto sobre a população exerce uma soberania pessoal”. O território no Estado Moderno é estável, embora ainda povos nômades, inclusive tribos indígenas. A outra importante característica é a delimitação por fronteiras, rigorosamente traçadas nos mapas, previstas em acordos e tratados internacionais e demarcadas por técnicos. Pedro Calmon: “é a base física, o âmbito geográfico da nação, onde ocorre a validade de sua norma jurídica�. De Hans Kelsen: “é o âmbito de validade da norma jurídica”. É chamada de território-competência, que considera o território como o âmbito de validade da ordem jurídica do Estado�. Leon Duguiy; “é a parte do globo terrestre na qual determinado governo pode exercer o seu poder de constrangimento, organizar e funcionar os diversos serviços públicos. De Salvatti Neto: “é a porção limitada do globo terrestre onde o Estado exerce, com exclusividade, seu poder de império. Também diz o autor “limitação espacial da soberania”. Pode o território, por outro lado, ser definido como a área física ou ideal na qual o Estado exerce, com exclusividade, seu poder de império ou seu direito de propriedade sobre pessoas e coisas. Com efeito, o território pode ser uma parcela do solo, na qual o Estado exerce seu poder soberano, como uma ficção jurídica, isto é, um dado eminentemente abstrato, ideal. São, pois elementos do território: 1 – solo (contínuo e delimitado, ocupado pela corporação política) e ainda solo insular e demais regiões separadas do solo principal�: 2 - subsolo: águas internas (rios e lagos); 3 - águas litorâneas (mar territorial) e os limítrofes; 4 – espaço aéreo; 5 - plataforma continental: 6 - navios e aviões de guerra (onde estiverem) e barcos e aviões mercantes em águas e espaços aéreos internacionais. Daí o espaço aéreo, asbelonaves militares e embaixadas(legações estrangeiras) serem consideradas partes integrantes do Estado. Nesse sentido, oportuna a disposição do art. 5.º, parágrafo 1.º do Código Penal, ‘in verbis’: “Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. Por outro lado, o Estado exerce jurisdição sobre pessoas (poder de império) e direito de propriedade sobre seus bens. Ademais, o Estado manifesta o seu poder de império também sobre seus súditos que se encontram em outros Estados. ´o fenômeno denominado “extraterritorialidade das leis”. O Direito Romano já fazia uma distinção entre o território e o elemento humano nele vivente: a urbs era o conjunto de edifícios, ruas e logradouros, ao passo que a civitas era o elemento humano vivente na urbs. Dai, o status civitatis… FAIXA DE FRONTEIRA Art. 20, parágrafo 2.º - “A faixa de até centro e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para a defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei”. O referido dispositivo trata dos bens da União. A “Lei Maior” atribui ao Conselho de Defesa Nacional, órgão de consulta do Presidente da República, competência para “propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo”. (artigo 91, parágrafo primeiro, inciso III da CF). TERRITÓRIO ESPAÇO AÉREO. Existem quatro camadas do espaço aéreo, que são definidas por Erich Huber: a troposfera, de 10 a 12 quilômetros de altitude: a estratosfera, com cerca de 100 quilômetros: a ionosfera, de 100 a 600 quilômetros e a exosfera, zona de transição para o espaço cósmico. Firmou-se na doutrina que na exosfera, predominam as normas de Direito astronáutico, também denominado interestelar, interplanetário, espacial ou cósmico. Firmou-se a doutrina que o espaço cósmico fica sob o império do Direito Internacional, com a criação, em 1958, pela Organização das Nações Unidas, da Comissão para uso pacífico do espaço cósmico. Em 1961 foi criada a Resolução n. 1.721, que proclamou a extensão, ao espaço exterior e aos corpos celestes, dos princípios do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas, bem como o direito de todos os Estados levarem a cabo explorações cósmicas e a inapropriabilidade jurídica dos corpos celestes�. No espaço cósmico, inclusive a Lua e demais corpos celestes, não poderá ser objeto de apropriação nacional por proclamação de soberania, por uso ou ocupação, nem por qualquer outro meio. No espaço aéreo predomina a teoria de Westlake (soberania plena), devendo, entretanto ser reservada uma zona de passagem inocente do território às aeronaves estrangeiras. Desta forma, os aviões civis de natureza pública usufruem de intangibilidade ao sobrevoarem ares estrangeiros, bem como de isenções fiscais, normalmente não conferidas às aeronaves particulares. Navios ou aviões que se encontrem fora do território de um Estado, em águas ou ares que não pertençam a outro Estado, estão sob a jurisdição da bandeira. Se estiverem em águas de um outro Estado, a jurisdição é do estado onde se encontram. Ressalte-se que o espaço aéreo acima das águas territoriais brasileiras faz parte da jurisdição brasileira. O mesmo ocorre com o sub-solo. Quanto ao mar territorial, vem ser a faixa marítima que acompanha, numa largura variável, as sinuosidades da linha litorânea, e que integra o território do Estado. Em outras palavras, é faixa marítima que banha as costas de um Estado e que se acaba sob o poder de império deste. Normalmente, a largura do mar territorial é calculada a partir da linha de baixa-maré, baixa-mar, que é a altura mais atingida pela maré. A Constituição Brasileira de 1967 trouxe uma inovação, ao enumerar os bens da união: a plataforma continental, que é uma base submersa, que avança pelo mar, numa profundidade média de 200 metros. Depois dessa parte de declive é que o mar cai para grandes profundidades. Por intermédio de um Decreto a extensão passou de 12 milhas para 200 milhas náuticas. Inicialmente, predominava a doutrina de que a soberania do Estado sobre o mar iria até onde a vista humana tivesse alcance; depois, com a evolução do armamento, passou a predominar a doutrina de que o poder do Estado no mar territorial cessaria onde terminasse o poder das armas, isto é, onde alcançasse um tiro de canhão. (ubis vis ibi jus – onde a força, aí o direito). Com os mísseis intercontinentais, esta teoria não pode ser mais aplicada. A Coréia do Norte lança mísseis que passam pelo mar, pelo Japão e explodem no Oceano A observação dos finitos, mas diversificados recursos do mar ensejou a ampliação do mar territorial. Veja a Bacia de Campos, onde a Petrobrás consegue retirar uma grande produção de Petróleo. Como acentua Salvatti Netto, o interesse econômico sobrepujou o fator político, visto que os Estados alargaram a extensão de seu mar territorial. Sondas e recursos para exploração do mar. Em 1970, em Montevidéu, a 1.ª Conferência Latino-Americana sobre Direito marítimo, com a participação de nove Estados e ausência dos Estados Unidos. No mesmo ano, o Brasil acompanhava Peru e Equador na ampliação de seu mar territorial para 200 milhas. Os dois países vivem da pesca de atum e os barcos japoneses, com alta tecnologia, pescavam nas costas dos dois países. Decreto-Lei n. 1.098. A Lei n. 8.617, de 4-1-1993, revogou o Decreto e diz: “o mar territorial brasileiro compreende uma faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil”. Os Estados Unidos participaram das duas conferências da ONU, em 1958 e 1964, mas não assinaram nada. Entendem que se houver acordo, reconhece apenas 3 milhas. As duas conferências estabelecem de 3 a 12 milhas. Oportuno lembrar, aqui, a seqüela da guerra das ilhas Malvinas, que colou frente a frente, em 1982, a Inglaterra e a Argentina, que disputavam o domínio, daquelas, com vitória tranqüila dos britânicos. Recentemente, a pretexto de preservar a pesca nas Malvinas, a Inglaterra que mantinha uma faixa de mar territorial de 15 milhas, ampliou unilateralmente em mais 50 milhas. A verdadeira razão que levou os britânicos a esta medida temerária foi, porém, tornar sem efeito prático os acordos de atividade pesqueira na área celebrados pela Argentina, Bulgária e Rússia. Com a medida, a Inglaterra tornou obrigatória uma licença para barcos pesqueiros de qualquer país que esteja em atividade num raio de 200 milhas. Se medida semelhante fosse tomada na sua possessão, Gibraltar, os ingleses teriam um mar que invadiria nada menos que sete territórios de países diversos. Do território argentino, a Inglaterra atingiu, com tal medida, a ilha de Los Estados, situada ao sul da Argentina. Do referido exemplo, fica a conclusão, que muito mais do que uma expressão geográfica, revela mesmo, o poderio militar e estratégico de um Estado quando em confronto com outro. Vale, agora, distinguir entre fronteira e limite no território. A palavra fronteira vem do latin frons, frontis, fachada, frente. A fronteira é uma faixa de largura considerável, conforme o caso, e que se confronta com a linha de limites, na qual termina a ação jurisdicional do Estado. São finalidades da faixa de fronteira a delimitação do território, a intercomunicação com povos vizinhos e a proteção contra hostilidadeexterna. Ao tempo do Império, a legislação marcava para a faixa de fronteira do Brasil uma largura de 10 léguas (60 quilômetros), a partir da linha de limite. A Constituição de 1934 (art. 166) estipulou uma faixa de fronteira de 100 quilômetros, a as Constituições de 1937 e 1946, 150 km. Atualmente nos termos da Lei n. 6.634, de 2-5-1979, art. 1.º, é considerada área indisponível à segurança nacional a faixa interna de 150 km de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional, que será designada como faixa de fronteira. Como se percebe, foi mantida a largura de 150 km. Por outro lado, do teor deste artigo ressalta a noção de limite: é a linha que separa a superfície do território de um Estado da superfície pertencente aos Estados vizinhos. Fronteira é a faixa, limite é a linha. Entre dois Estados vizinhos ou contíguos existem, portanto, duas faixas de fronteira opostas e divididas por uma linha divisória, a linha de limite. O Conceito de fronteira liga-se à estratégia, ao passo que o conceito de limite vincula-se ao Direito propriamente dito. É o caso do Acre e da presença de Brasilguaios no Paraguai. Como se sabe, o Brasil comprou o Acre da Bolívia por um milhão de libras esterlinas e a construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Existem outros casos de venda de territórios: 1m 1803, a França venceu aos Estados Unidos da América do Norte, por 60 milhões de francos, a Lousiânia. Em 1851, o Principado de Mônaco venceu para a França por quatro milhões de francos, os territórios de Menton e Roquebrune. Em 1872, a Espanha negociou com a Espanha e conseguiu a compra das Ilhas Carolinas. Os Estados Unidos adquiriram o Alasca da Rússia. O nome do tratado de compra e venda internacional é cessão onerosa, que parece ser coisa do século passado. Questão que despertou polêmica entre dois juristas italianos, Donato Donati e Alessandro Groppali, é a seguinte: a base física é elemento integrante do Estado. Donati afirmou que o território não seria elemento do Estado, exemplificando sua assertivas com os Estados que foram despojados temporariamente de sua base física, como Atenas, que, invadida pelos persas, foi abandonada por seus habitantes, os quais se refugiaram nos navios de Milcíades, sendo possível acrescentar a tal exemplo o da França de 1940, ocupada pelos nazistas e ainda a fuga do Reino de Portugal para o Brasil. Donati diz que o território não é elemento constitutivo, mas simples condição de existência, Atenas e França permaneceriam existindo. Groppalli contesta a doutrina, afirmando que a perda de fato, temporário, da base física, não acarreta a desaparição do Estado, o que ocorreria em caso de perda definitiva. Adepto da opinião de Groppali, Salavati Netto lembra que, em todos os casos apontados por Donati, não houve sequer perda temporária do território, porém mera ocupação do solo, e este não constitui, por si só, como visto, a amplitude do território estatal. Na França, permaneciam os “maqui”, governo de Resistência, liderados por Charles De Gaulle na Inglaterra e em algumas das colônias, com barcos e aviões.Algumas outras colônias foram leais ao governo Vichi controlado pelos nazistas. Salvatti não considerou somente uma parcela do território, a base física, já que estes se encontram integrados do solo, subsolo, espaço aéreo, o mar territorial, a plataforma continental e as aeronaves de guerra, onde quer que se encontrem os navios mercantes em alto-mar, as aeronaves comerciais sobrevoando o espaço livre e as embaixadas. Conclui-se, portanto, que o território, tomando como expressão do poder de fato do Estado, constitui um elemento essencial do Estado, pois não há Estado sem poder soberano, e a soberania pressupõe a força necessária à sua auto-conservação. Bastante árduo é o trabalho de definir a natureza do poder ou do direito do Estado sobre seu território. As teorias ou teses, mas a que parece mais importante diz respeito a jurisdição, direito que abrange simultaneamente o território e as pessoas nele, ou, melhor, as pessoas através do território�. � Menezes, Aderson. Teoria Geral do Estado, p. 138. O autor falar de elemento físico: O território é a base física, o âmbito geográfico, a zona espacial em que ocorre a validez da ordem jurídica”. � Melo, Artemio Luis. Compendio de Ciência Política, p.56. � Donato Donati “in” Stato e território, Roma Athenaeum, 1924. O autor tem uma posição diferente sob ser elemento constitutivo do Estado, diz que “o território é a casa em que o Estado reside. O homem não pode viver sem habitar, não vive suspenso no ar. Assim também o Estado. Ora, assim como não poderíamos dizer seja a casa que o homem habita ou o chão que ele pisa, elemento constitutivo de seu lar, assim também não podemos admitir seja o território constitutivo do Estado. No mesmo sentido, George Scelle afirma que território não é senão uma circunstância adventícia que caracteriza um certo estágio de evolução política” � Maluf, Said. Teoria Geral do Estado, p. 25. � Ficou conhecido como Timor Português, pois foi colônia até 1975, quando se tornou independente. Sem proteção do Exército português, acabou sendo invadido pela Indonésia três dias depois. Permaneceu considerado oficialmente pela ONU como território português por descolonizar até 1999. Foi, porém, considerado pela Indonésia como a sua 27.ª província com o nome de “Timor Timur”. Em 30 de Agosto de 1999, cerca de 80% do povo timorense optou pela independência depois de uma consulta popular por meio de um referendo organizado pela ONU. � Dallari, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado, p.73. � Silveira Neto, Teoria do Estado, p. 47. � Jellinek, Georg -Teoria General del Estado, Buenos Aires, Ed. Albatros, 1970. Um dos mais autorizados expoentes da doutrina assinala ter o território significação jurídica. Uma negativa, enquanto se proíbe a qualquer outro poder não submetido ao do Estado exercer funções de autoridade no território, sem autorização expressa . Todo poder do Estado tem um fundamento e uma referência territoriais, o que não sucede com as demais associações que embora sejam dotadas de autoridades não se confundem com o Estado. É que o Estado se vale do âmbito territorial ao passo que as demais dele podem prescindir. A exigência da personalidade internacional do Estado, que todo os Estados estrangeiros se abstenham de realizar ações injustas e lesem seus interesses, o que se refere igualmente à integridade espacial do Estado. Trata-se pois, não de direito proibitório análogo ao que pode ter a proprietária em relação às suas terras. Mas de exigências que surgem imediatamente do reconhecimento de personalidade do Estado A essência do Estado e não a posse de algo que lhe pertença é o que engendra a exigência do respeito aos territórios. As violações que se fazem aos territórios não tem, portanto, o caráter de perturbação de posse, mas de violação da própria personalidade do Estado atacado. É questão não de haver, mas de ser”. � Bonavides, Paulo. Ciência Política, p. 50-58. � Maluf, Said. Teoria Geral do Estado, p26. � O Tratado Internacional Sobre os Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico feito em três rodadas de negociações em Londres, Moscou e Washington, foi aprovado no Brasil por meio Decreto n.º 64.362, de 17 abril de 1969. � Miranda, Jorge. Teoria do Estado e da Constituição, p.293.
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