Buscar

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE ESTRATIGRAFIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE ESTRATIGRAFIA
1 - INTRODUÇÃO
Para falar em Estratigrafia, é necessário voltar aos mais revoltos tempos histórico. Uma ciência que estuda a origem e a evolução da terra, não pode ser desconsiderada da nossa realidade. 
Antes mesmo que o termo geologia surgisse, os primeiros pensadores imaginavam como nós seres humanos havíamos surgido, e como a terra se formou. É interessante notar que mesmo nos tempos idos a natureza era presença em todas correntes de pensamento. A geologia só surge no fim do século XVIII. Porém, desde a Pré-história o homem arranca da terra seu sustento, suas ferramentas e tenta explicar das diversas formas possíveis sua formação. Se a geologia é conhecer a terra e tentar encontrar sua história, então, o homem primitivo já fazia Geologia.
No século XVIII a palavra Geologia surgiu no meio científico, o cenário muda. Aglutinaram-se em torno da palavra àqueles que queriam estudar o passado da terra substituindo então a Cosmologia. A palavra biologia surgia nesse mesmo período, tornando a história natural num mundo orgânico e inorgânico. Em 1793, Luís XIII fundou o Museu de História Natural, Geologia estava entre as doze cadeiras para as ciências da terra, entretanto, só se torna independente da Mineralogia em 1831, ano também da criação da Sociedade Geológica da França.
A geologia é abstrata, é uma ciência que trabalha com hipóteses, princípios, proposições, é a própria essência de filosofia. A Estratigrafia então é o princípio metodológico da geologia. O Professor Kaurl Beurlen já dizia “A Estratigrafia é a Geologia”. A Estratigrafia é a ciência que se relaciona com todas outras ciências, seja no campo abstrato, seja no campo científico. A Estratigrafia é o entendimento da reorganização mecânica dos objetivos geológicos, desde a interpretação (fotogeológica ou não) passando pelo afloramento, pela amostra de mão até o segmento crustal.
Muitos dos termos utilizados na estratigrafia compreendem estudos, os quais abrangem freqüentemente questões filosóficas metodológicas sobre a validade das teorias, hipóteses, especulações correntes sobre a organização, origem e evolução da terra.
Ao iniciarmos o estudo da estratigrafia temos que nos despojarmos de todas ou quaisquer atitudes fechada perante a natureza. A origem da terra à origem do homem, passando pelos seres vivos (outros) existe várias hipóteses, teorias e proposições. Existem os mais abstratos quanto os mais complexos de difícil entendimento ao ser humano. Porém, nós “homons sapions” “sapiens”?, ainda velejamos no mar da busca de uma resposta que atenda aos nossos preconceitos. 
2 – DEFINIÇÕES
É necessário estabelecer alguns conceitos a respeito do nosso estudo. Estratigrafia requer algumas definições para entender os seus objetivos, então se faz necessário definir aqui o alvo de nosso estudo, vejamos: 
PRINCÍPIO – refere-se a uma origem básica, ponto de partida ou premissa assumida como tal. A comprovação de um pressuposto é normalmente inviável, exatamente por ser um requisito de fazer ciência;
PROPOSIÇÕES – são passíveis de verificação; podem ser falsos ou verdadeiros, ou se situar em algum ponto entre esses dois extremos. O primeiro não tem esse caráter;
OBJETIVO – define o alvo e estabelece certas restrições quanto ao resultado final pretendido;
MÉTODO – é a ordem obedecida, no caminho racional da investigação, para alcançar o fim determinado;
PRINCÍPIO METODOLÓGICO – é a base a partir do qual se define a abordagem do mundo empírico, uma vez que os métodos traduzem e permitem realizar princípios estabelecidos.
3 - As primeiras Correntes Filosóficas sobre a Formação do Mundo
Os antigos já tinham reparado nos fósseis marinhos longe da costa a importância desse precioso achado. Heródoto, o célebre geógrafo (484-420 a.C.), através desses achados o levaram a fazer do Egito um antigo golfo. Mas como explicar essas antigas costas?
Eratóstenes julgava que o Mar Mediterrâneo tinha baixado devido a abertura das “colunas de Hércules” (Estreito de Gilbraltar). A abertura desse estreito permitiu que o nível do mar baixasse, devido a presença de fósseis acima do atual nível do mar.
Estrabão não acreditava que a bacia dos mares fechados tivesse podido ser de nível mais alto do que é hoje. Para esse autor, o que provocava variações do nível do mar eram os tremores de terra, as erupções, os soerguimentos dos solos submarinos, por um lado, e, por outro abatimento. Estrabão, sendo um mediterrâneo, utilizou a observação para explicar um fato. Não só Estrabão, mas muito dos filósofos gregos, utilizavam o poder de observar, para explicar a origem da Terra.
	Vamos filosofar a respeito dessas conjecturas, e tentar chegar nos princípios da Geologia seguindo algumas correntes filosóficas bastantes pertinentes. A disciplina Estratigrafia se confunde com a filosofia da ciência. Tentar entender a Estratigrafia é voltar à época da observação da natureza com os olhos puros.
Por outro lado, a observação pode levar também a uma conclusão que não seja a verdadeira, o que não tira o valor da observação. Os primeiros filósofos gregos são freqüentemente chamado de ‘Filósofos da Natureza”, porque se interessavam sobretudo pela natureza e pelos processos naturais. Podemos dizer que os filósofos da natureza deram os primeiros passos na direção de uma forma científica de pensar, e com isto deram o ponta-pé inicial para todas as ciências naturais, surgidas posteriormente.
Tales de Mileto ( ) considerava a água a origem de todas as coisas, segundo dizem, Tales teria afirmado que “todas as coisas estão cheia de Deuses”�. Já Anaximandro, que também viveu em Mileto, achava que nosso mundo era apenas um dos mundos que surgem de alguma coisa e se dissolvem nesta coisa que ele chamava de infinito. Anaximandro não imaginou uma substância determinada, porém, essa substância básica não podia ser algo tão trivial quanto a água. Um terceiro filósofo de Mileto, Anaxímenes (550 – a. C), dizia que a substância básica de todas as coisas era o Ar. Para Anaxímenes, a água era o ar condensado.
Ao contrário desses três filósofos de Mileto, Parmênides (540 – 480 a. C) acreditava que tudo o que existe sempre existiu. “Nada pode surgir do nada, e nada que existe pode se transformar em nada”, dizia Heráclito (540 – 480 a. C) dizia o oposto de Parmênides. Para Heráclito, a Natureza vivia em constantes transformações, e nada durava para sempre.
Para Empédocles (494 – 434 a. C) a grande discordância de Parmênides e Heráclito, foi o fato de que haveria apenas um elemento básico. Para Empédocles a Natureza possuía ao todo quatro elementos básicos, também chamados de “raízes”. Estes quatro elementos eram a Terra, o Ar, o Fogo e Água. Todas as transformações da Natureza seria a combinação desses quatro elementos. Porém, uma questão estava em aberto: o que faz com que os elementos se combinem para dar origem a uma nova vida? Empédocles dizia que na Natureza atuavam duas forças, por ele chamadas de Amor e Disputa. O que une é o Amor; e o que separa é a disputa�. Anaxágoras (500 – 428 a. C) também não aceitava a idéia de um elemento básico, ele achava que a natureza era composta por uma infinidade de partículas minúsculas, invisíveis a olho nu e que tudo podia ser dividido em partes ainda menores, mas mesmo na menor das partes existia um pouco de tudo. Anaxágoras ainda foi mais além, dentre outras coisas ele disse que o Sol não era um Deus, mas uma massa incandescente; acreditava que todos os corpos celestes eram feitos da mesma matéria que compunha a Terra�, por isto seria de se pensar que em outros planetas houvesse vida, além disso, explicou que a Lua não possuía luz própria, mas que tirava seu brilho da Terra.
Aristóteles (384 – 322 a. C) que fundou uma escola concorrente a escola de Platão, seu antigo mestre, à qual chamou Liceu. Aristóteles interessava-se pelas mudanças, por aquilo que hoje se chama de processos naturais.
Platão também queria encontraralgo de eterno e de imutável em meio a todas as mudanças. Foi assim que ele chegou às idéias perfeitas, que estão acima do mundo sensorial. Além disso, Platão considerava essas idéias mais reais do que os próprios fenômenos da natureza. As conflagrações platônicas são moderadas, no sentido em que, se destroem o homem. O Mundo não é aniquilado periodicamente, apenas é a humanidade. O objetivo de Platão é moral, uma vez que os cataclismos são o meio pelo o qual os deuses purificam a Terra. As catástrofes lavam a humanidade das desordens devido ao abandono divino. Aristóteles concordava com seu mestre no que era eterno e imutável, por exemplo, o mundo era eterno e para isso era obrigado a admitir que a Terra devia reparar os efeitos da degradação dos relevos para se tornar imutável.
Após a morte de Aristóteles, Teofrasto passou a dirigir o Liceu fundando o pensamento Estóico. As teses da escola Aristotélicas e da escola estóica são na realidade duas posições opostas acerca da idade do mundo. Para Aristóteles, o mundo é eterno. Para os estóicos o nosso mundo está destinado a perecer, no entanto, acham, que ele se regenerará.
Aristóteles e seus discípulos não explicam como é que as montanhas se reparam constantemente e mantêm então os seus relevos. Os Estóicos, que optaram pela regeneração periódica do mundo, não explicam a regeneração nem tão pouco a conflagração. 
É em Lucrécio (98 – 55 a. C) que ele explica que o mundo saiu do caos em que os atómos� formavam uma espécie de “reunião tumultuosa de elementos confundidos”, quando os semelhantes se associaram aos semelhantes”.
No século X, duas teses se confrontam no mundo árabe, às quais poderemos chamar neptuniana e plutoniana�. A teoria neptuniana faz referência ao Deus do Mar, Neptuno, e o outro a Plutão, senhor dos Infernos . A teoria neptuniana atribui a formação dos relevos da terra a uma causa sedimentar, pelos sucessivos depósitos, enquanto que a teoria plutoniana procura fenômenos internos, principalmente o vulcanismo.
Para os neptunistas, os continentes, progressivamente aplanados, chegam ao nível do mar, ao passo que os depósitos marítimos os fazem subir, periodicamente.
Avicena, no seu “Tratado dos Minerais�”, é um dos primeiros filósofos a admitir forças internas na formação de montanhas, dizia ele: “se um violento tremor de terra fizer subir o solo ele engendra uma montanha� .”
Tanto uma teoria quanto a outra, tem um obstáculo que se chama tempo. Na época acreditava-se que o mundo tinha se formado durante um ciclo de 36.000 anos. Só no século XIV é que o tempo de formação da Terra foi questionado. No seu livro “Questões sobre o tratado dos meteoros� ”, Buridan faz uma série de afirmações sobre o tempo. Ele começa por afirmar que as terras emersas são mais leves do que o fundo dos mares, devido ao aquecimento do Sol. Por conseqüência, o “oceano” é mais pesado, causando então, a não coincidência do centro da terra com seu centro geométrico�. Em seguida , demostra que o ciclo de 36.000 anos é insuficiente para que esse processo de inversão se complete. Para Buridan, o ciclo não teria 36.000 anos, e sim cerca de centenas de milhões de anos.
Leonardo da Vinci (1452 – 1519) foi influenciado por Buridan. Ele compreendeu melhor do que qualquer outro cientista da época a importância dos fósseis. Ele postulou que as conchas encontradas nas camadas regulares, pertencem a animais que viveram e cresceram e que se depositaram sobre um fundo de mar. Com isso, Leonardo da Vinci derrubou várias teses importantes da época: os fósseis são antigos seres vivos e não produtos da influência astral;
Estiveram depositados no fundo de um mar e este mar permaneceu por longo tempo, ou seja, por mais de quarenta dias�.
4- PRINCÍPIOS DA GEOLOGIA
UNIFORMITARISMO
A idéia de uniformidade no comportamento da Natureza é bastante antiga, anterior mesmo à formalização realizada por Charles Lyell. Na Segunda metade do século XVIII, trabalhos de James Hutton estabeleceram definitivamente a doutrina do Uniformitarismo da Natureza, expressa nas três edições de sua obra. Entretanto, coube a Lyell, na obra publicada entre 1830 e 1833, consagrar o Princípio do Uniformitarismo como um dos fundamentos do Pensamento geológico. Em sua obra Charles Lyell, afirmou:
“A estimativa que fazemos do valor de qualquer evidência geológica depende inteiramente do grau de segurança que sentimos em relação à constância das leis da natureza. Somente a sua constância imutável pode nos habilitar a raciocinar por analogia, pelas regras estritas da indução, a respeito dos acontecimentos ocorridos em épocas anteriores... as causas atualmente em ação produziam as antigas transformações de superfície terrestre�”.
O Uniformitarismo pode ser expresso no seguinte enunciado:
“O PRESENTE É A CHAVE DO PASSADO”
A expressão, uma das mais difundidas nas ciências geológicas. Entretanto, durante muito tempo e por muitos geocientistas, essa proposição foi entendida, que não só as leis da natureza são invariáveis no decorrer do tempo, mas também os eventos geológicos ocorreram numa velocidade uniforme, relacionados aos mesmos processos que ocorrem nos dias de hoje.
As primeiras objeções ao Uniformitarismo haviam sido manifestadas no aspecto energético e, por decorrência, passou-se a acreditar que as velocidades dos processos não poderiam ter-se mantido uniformes durante o Tempo Geológico. Com a descoberta da Radioatividade como fonte de calor endógeno na crosta, essas objeções tomaram grande força. No entanto, representavam restrições somente no aspecto quantitativo dos processos.
As restrições qualitativas surgiram com novos conhecimentos geológicos, que apontavam mudanças radicais nas condições reinantes no ambiente terrestre ao longo do tempo geológico (por exemplo, modificações na composição da atmosfera terrestre; aparecimento e expansão da vida, etc.) Estas mudanças, por sua vez, poderiam ter provocado a extinção de alguns processos e surgimento de outros. Novas causas, portanto, produzindo novos resultados. Pode-se então, resumir em duas idéias o conjunto de objeções ao enunciado clássico do princípio:
novas condições (em quantidade e qualidade) gerariam novas causas, novos processos e novos resultados;
mesmas causas atuando em configurações diversas gerariam resultados diferentes. Gould (1984) agrupou o Uniformitarismo na sua definição original em duas categorias:
Pressupostos Metodológicos:
Uniformidade da Leis – as leis da natureza são invariáveis;
Uniformidade dos processos terrestres (Atualismo) – os eventos geológicos do passado envolveram processos de natureza essencialmente igual à dos que atualmente ocorrem.
Pressupostos Substantivos:
Uniformidade de Velocidades (Gradualismo) – os processos operariam com idênticas velocidades, ainda que extremamente lentas e quase imperceptíveis aos sentidos humanos;
Uniformidade de Condições (não-direcionalismo) – os ciclos terrestres seriam intermináveis e a Terra, um lugar em constante mudança.
Analisando-se as restrições feitas ao Uniformitarismo como princípio, não se encontra objeção ao comportamento da natureza relativamente às chamadas leis físicas e aos processos, que tratam exatamente do que é uniforme da natureza, daquilo que permanece invariável no tempo e no espaço, quaisquer que sejam as circunstâncias. Elas expressam com exatidão a regularidade (por exemplo, a lei da gravidade, etc.).
A primeira proposição é, portanto, aceita até hoje, mas não é peculiar ao princípio do uniformitarismo nem à geologia, pertencendo realmente ao domínio das ciências físicas. O pressuposto de que os processos terrestres atuais são os mesmos ocorridos no passado constitui um ponto de partida (um princípio) para se realizar ciência. Portanto, subsiste plenamente a idéia de uniformidade no aspecto dos fenômenos físicos�
Sintetizando o problema, Gould (1984) propôs a distinção entre dois tipos de Uniformitarismo:
	Uniformitarismo Substantivo, que engloba as quatro proposiçõesmencionadas;
	Uniformitarismo Metodológico, que engloba apenas as duas primeiras proposições.
PRINCIPÍOS DE STÉNON
Nicolas Sténon (1638-1686) era um anatomista e conhecido pela sua descrição do canal da glândula parótida. Mas a geologia deve-lhe muito mais. Sténon chegou à geologia através dos fósseis. Nessa época a origem orgânica dos fósseis não está ainda definitivamente estabelecida. Foi através da identidade das conchas das rochas que Leonardi da Vinci tentou convencer de que os fósseis eram restos orgânicos. Bernardy Palassy observando os atuais amonites, reparou que eles não têm equivalentes atuais e concluiu que “seu gênero se perdeu...”.
Em 1669, Sténon afirmou que “os corpos” que se assemelham a plantas e animais encontrados na Terra têm a mesma origem que as plantas e animais a que se assemelham”. Com base nesta afirmativa, Sténon vai mais longe:
“Se uma certa camada se observam traços de sal marinhos.... pode-se dizer que o mar ocupou a região. Se encontrar uma grande abundância de juncos, de gramíneas, de troncos e de galhos de árvores, podem concluir pela antiga presença de um rio ou de uma torrente”.
Sténon ainda afirmou que sendo as camadas fossilíferas um depósito aquático, a sua superfície deveria ser horizontal. Sendo assim, Sténon enunciou o primeiro princípio:
“Todas as camadas, exceto a mais baixa, são contidas em dois planos paralelos ao horizonte. Por outro lado, as camadas sucessivas são cada vez mais recentes à medida que se sobe na série”.
Chamamos de princípio da Superposição das Camadas, a essa regra onde as camadas mais inferiores são mais antigas que as que estão sobrejacente a ela.
O segundo Princípio enunciado por Sténon é derivado desse primeiro: “as camadas que estão inclinadas no horizonte foram-lhe paralelas numa outra época”. O primeiro princípio concerne a estratigrafia, ou seja, a ordem de deposição das camadas, o segundo princípio, diz respeito a tectônica, a ordem da disposição das camadas após sua deposição.
Por esse princípio é possível testemunhar as idades relativa e absoluta dos estratos, apesar de Sténon não ter considerado os fósseis para datar, mas, esse valioso princípio fez com que a estratigrafia pouco a pouco fosse determinando suas idades e dispor numa coluna. A partir de Sténon, o passado da Terra entra na categoria dos fatos que podem ser conhecidos historicamente.
CATASTROFISMO
George Cuvier, que viveu nos fins do século XVIII e início do século XIX, era hostil às teorias fossem estas científicas, filosóficas ou sociais. Ele acreditava em fatos e na descrição. É considerado o pai do CATRASTOFISMO (Teoria da Transição Rápida). Segundo ele, as quebras abruptas do registro sedimentar justificavam a extinção das faunas terrestres. Cuvier respeitava a força dos processos geológicos do vento, água, gelo, vulcanismo, etc. Ele argüia que o atualismo era necessário, mas insuficiente para explicar muita coisa. Fundamentava-se pelos dados paleontológicos, e pelas alterações cíclicas das formações marinhas e lacustres da Bacia de Paris expressas por quebras abruptas no registro sedimentar, para justificar sua teoria de mudanças súbitas provocando a extinção das faunas terrestres.
Apesar de uma grande discussão entre os defensores do catastrofismo e do uniformitarismo, não havia na época uma grande diferença de opinião entre esses grupos, pelo menos nos significados substantivos.
Entretanto, o termo catastrofismo foi adotado hoje pela corrente do criacionismo científico, movimento de natureza religiosa que, baseando-se nos preceitos bíblicos, nega a evolução e a história da Terra como vista pela maioria geólogos. Por isso, este termo é rejeitado por uma série de autores que no entanto aceitam a concepção não gradualista dos fenômenos da face da Terra.
Hoje, os geólogos modernos estão mais de acordo com o direcionalismo catastrófico ou o catastrofismo atualista (Hsu, 1983). Dentro dessa concepção surgiram algumas teorias, tais como: sedimentação episódica (Dott, 1983) e o pontualismo (Gould & Elderedge, 1977). Porém, a geologia moderna mistura conceitos uniformitarista e catastrofista.
REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
Diversas teorias gerais sobre a natureza nortearam o pensamento geológico através do tempos. Preponderou, inicialmente, a doutrina do Imobilismo, cuja expressão marcante foi a corrente dos Netunistas. Sucedeu-lhe o Catastrofismo, que admitia a imutabilidade da crosta, segundo transformações violentas, repentinas e descontínuas produzidas por desconhecidas causas supranaturais (divinas).
Com reação inicial ao Netunismo, surgiu a escola vulcanista, que propunha a origem progressiva da crosta por meio de fenômenos essencialmente vulcânicos. Com o aparecimento do UNFORMITARISMO, que propunha a transformação lenta e gradual da crosta ao longo dos tempos por meio de processos que se repetiriam até o presente, a maioria dos vulcanistas alinhou-se a esta nova corrente. Percebe-se, nesse panorama, que o Uniformitarismo surgiu e se radicalizou como reação ao Castastrofismo.
Nessa época também desenvolveu-se outro confronto, que se poderia denominar de Criacionismo versus Transformismo. O dilema entre a criação especial e momentânea dos seres por inspiração divina e a transformação progressiva e natural de determinadas espécies em outras corresponde, pois até certo ponto, à polêmica entre Catastrofismo e Uniformitarismo. Só com o aparecimento de “On the origin of species” de Darwin (1859) o Transformismo preponderou sobre o Catastrofismo.
Este resumo do que foi abordado nos itens anteriores é um dos diversos exemplos da evolução do pensamento humano. A medida que evoluímos novos conhecimentos vão se somando aos já elaborados e a ciência passa por uma fase de arrumação, a partir dessa arrumação a ciência passa por um processo de estabilidade até que novos conceitos sejam lançados.
Kunh (1987) admite que a ciência evolui através de Revoluções Científicas. Para ele, o cientista se limitaria a resolver o quebra-cabeça dentro do paradigma, onde estaria a resposta. Entende-se por paradigma uma concepção universalmente aceita, que durante algum tempo fornece problemas e soluções modelares para uma comunidade praticante de uma ciência. Se houver modificação, haverá necessidade de se abandonar o paradigma anterior e criar um novo paradigma. Quando este é aceito a ciência entra num período normal. Então para Kunh, a história da ciência seria uma sucessão de paradigmas, cada um com seu próprio método de pesquisa e teoria. (É interessante mencionar as fases proposta por ele. Tabela 1)
Para Feyrabend, (as violações seriam necessárias para o avanço da ciência, devendo-se encontrar hipóteses “ad hoc” que contradigam as já aceitas. A ciência então se desenvolveria através de violações contínuas. Entende-se por hipótese “ad hoc”, a hipótese feita para o momento, para não ter que abandonar imediatamente o paradigma anterior).
Nos dias atuais, há um movimento renovador, de caráter internacional, no sentido de se adotar a chamada visão holística, ou visão sistêmica, ou holismo. Trata-se um novo paradigma na condução das atividades humanas, principalmente na ciência, contrário ao reducionismo ou mecanismo cartesianos, até então adotado. Os conceitos a seguir discutidos, baseiam-se em CAPRA (1983) e CREMA (1989), apud Della Favéra (1995).
Tabela 1 – Principais fases de uma revolução científica�.
	Observações Fortuitas
	não existe orientação a partir da teoria pré-existente; cada cientista desenvolve sua própria hipótese.
	Emergência do primeiro paradigma
	uma das hipóteses é comprovada, sendo logo adotada por um grupo de cientistas. Passa então a guiar suas atividades de pesquisa.
	Crise
	alguns fatos ou resultados experimentais mostram-se em desacordo com o paradigma Na medida em que mais discrepâncias são encontradas, pode-se desenvolver um estado de crise profissional
	Revolução
	emerge uma nova teoria capaz de explicar as discrepâncias. Durantea revolução científica o velho paradigma é rejeitado, sendo substituído por um novo.
	Arrumação ( Mopping up)
	o novo paradigma é refinado durante um período de ciência normal.
O paradigma holístico desenvolveu-se a partir de uma visão sistêmica, a qual considera que todos os fenômenos ou eventos se interligam e se inter-relacionam de uma forma global e estabelece que todo mundo é interdependente.
BIBLIOGRAFIA ( utilizada neste capítulo e recomendada)
História da Geologia – Gabriel Gohau
Seta do tempo e Ciclo do Tempo – Stepham Jay Gould
Fundamentos da Estratigrafia Moderna – Jorge Carlos Della Faverá (apostila do curso)
A Estrutura das Revoluções Científicas – Thomas S. Kuhn 
Carneiro, C.D et al., 1994 - O Atualismo como principio metodológico em Tectônica. In: Bol. Geoc. Petrobras, V.8., 2: 275-314.
� 
� Hoje a ciência estabelece uma diferença entre elemento básico e forças naturais.
� Depois de examinar um meteorito.
� 
� Vocábulos introduzidos no fim do século XVIII. História da Geologia, pág 32.
� História da Geologia,pág 33.
� História da Geologia, pág 34.
� História da Geologia,pág 33.
� Para Buridan, a erosão torna mais leve os continentes aplanados e mais pesados os oceanos pela deposição dos sedimentos. O continente aplanado ergue-se sobre o nível do mar, ao passo que o fundo oceânico baixa.
� Acreditava-se na época que o dilúvio era responsável pela formação das montanhas e seres.
� Retirado de Carneiro et al, 1993?
� Idem, Carneiro et al, 19
� Fundamentos da Estratigrafia Moderna – Jorge Carlos DellaFavéra
�PAGE �11�
�PAGE �11�

Outros materiais