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Bem jurídico - objeto - sujeitos

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DIREITO PENAL I
PROF. LUÍS ROBERTO
(luisrob@unitoledo.br)
8.7 Bem jurídico e objeto da ação
A doutrina é uníssona ao reconhecer como escopo principal do Direito Penal a proteção dos bens essenciais da comunidade, transformados em bens jurídico-penais (princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos).
Bem jurídico: conceito: “ente (dado ou valor social), material ou imaterial, haurido do contexto social, de titularidade individual ou metainvidividual, reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento do homem e, por isso, jurídico-penalmente protegido. Além disso, deve estar sempre em compasso com o quadro axiológico contido na Constituição e com o princípio do Estado democrático e social de Direito” (PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal brasileiro: parte geral, v. 1. São Paulo: RT, 2004, p.249.
Bem jurídico: pode ser individual (ex. propriedade), como transindividual (ex. ambiente, que ultrapassa a esfera do indivíduo e faz referência a um número determinável ou indeterminável de titulares). Transindividuais: a) institucionais (administração pública, administração da justiça); b) coletivos: afetam um número determinável de pessoas (relação de consumo); c) difusos: afetam número indeterminado de pessoas (ex. ambiente).
Bem jurídico: funções político-criminais no sistema penal (Cf. PRADO, Luiz Regis. Bem jurídico-penal e Constituição, p.48-49).
: 
a) a função de garantia ou de limitar o ius puniendi: expressa no brocardo nullum crimen sine injuria, resume o compromisso do legislador em não tipificar senão aquelas condutas graves que lesionem ou coloquem em perigo autênticos bens jurídicos;
b) função teleológica ou interpretativa: como o bem jurídico é o conceito central do tipo, torna-se um importante instrumento de interpretação dos tipos penais, já que estes têm condicionado seu sentido e alcance à finalidade de proteção de certos bens jurídicos;
c) função individualizadora: atua na fixação da pena concreta, determinando sua magnitude, calculável em função da gravidade do ataque ao bem protegido;
d) função sistemática: atua na classificação dos delitos previstos na parte especial do Código e nas leis penais especiais, haja vista que, de acordo com o bem jurídico que se estará protegendo, as espécies de infrações podem ser agrupadas adequadamente, organizando-se logicamente o sistema penal. 
Objeto da ação: elemento típico sobre o qual incide o comportamento punível do sujeito ativo da infração penal. Trata-se do objeto real (da experiência) atingido diretamente pelo atuar do agente. Pode ser corpóreo (ex. pessoa ou coisa) ou incorpóreo (ex. honra). Pode ou não coincidir com o bem jurídico. 
8.8 Sujeitos do crime
8.8.1 Sujeito ativo
É quem pratica o fato descrito na norma penal incriminadora, ou seja, aquele cuja atividade é subsumível ao tipo legal incriminador.
Terminologia legal
		O Código Penal, o Código de Processo Penal empregam várias denominações para expressar o sujeito ativo.
CP - “agente”
CPP- “indiciado” na fase do inquérito
 “acusado”, “réu” ou “denunciado” durante o processo.
Na fase de execução da pena, temos: “sentenciado”, “condenado”, “reeducando”
 
Capacidade penal do sujeito ativo
		É o conjunto das condições exigidas para que um sujeito possa tornar-se titular de direitos e obrigações no campo de direito penal. Existe incapacidade penal quando se faz referência aos mortos, aos entes inanimados e aos animais, que podem ser somente objeto ou instrumentos do crime.
		A pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo de crime. “Societas delinqüere non potest”. Fora do homem não se concebe crime. Só ele possui a faculdade de querer. As pessoas jurídicas só pedem praticar atos através de seus representantes. Assim, só os responsáveis concretos pelos atos ilícitos (gerentes, diretores, etc.) são responsabilizados penalmente. Com efeito, a pessoa jurídica não possui capacidade de ação no sentido penal estrito. O ente jurídico não tem consciência e vontade – em sentido psicológico – semelhante à da pessoa física e, com isso, capacidade de autodeterminação, só podendo atuar por meio de seus representantes. Falta ao ente coletivo capacidade de ação ou omissão (típica), não podendo exercer atividade finalista. A pessoa jurídica também não possui a capacidade de culpabilidade, pois esse juízo só pode incidir sobre a conduta humana livre, consciente, responsável.
Excepcionalmente, a Lei 9.605/98, com base no §3º do artigo 225 da Constituição, inovou, ao estabelecer que "as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da entidade" (art. 3º), e que a responsabilidade daquelas "não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato" (art. 2º, § único). Ainda que haja previsão legal, é assunto de grande discussão na doutrina brasileira. Por exemplo: aceitam a responsabilidade da pessoa jurídica: COSTA JR., Paulo José da. Direito penal ecológico; ROTHENBURG, Walter Claudius. A pessoa jurídica criminosa; SANCTIS, Fausto Martin. Responsabilidade penal da pessoa jurídica; SHECAIRA, Sérgio Salomão. Responsabilidade penal da pessoa jurídica; ARAÚJO JÚNIOR, João Marcello de. Dos crimes contra a ordem econômica; COSTA NETO, Nicolao Dino de Castro e et al. Crimes e infrações administrativas ambientais; FREITAS, Wladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a natureza; SMANIO, Giampaolo Poggio. Tutela penal dos interesses difusos. Não aceitam: PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro e Direito penal do ambiente; REALE JR., Miguel. A responsabilidade penal da pessoa jurídica. In: PRADO, Luiz Regis (Coord.). Responsabilidade penal da pessoa jurídica: em defesa do princípio da imputação subjetiva; LUISI, Luiz. Notas sobre a responsabilidade penal das pessoas jurídicas. In: PRADO, Luiz Regis (Coord.). Responsabilidade penal da pessoa jurídica...; DOTTI, René Ariel. A incapacidade criminal da pessoa jurídica (uma perspectiva no direito brasileiro). Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 2, n. 11, jul./set. 1995; BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral; CARVALHO, Érika Mendes de. Tutela penal do patrimônio florestal brasileiro; SILVA, Luciana Caetano. Fauna terrestre no direito penal brasileiro; RIBEIRO, Viviane Martins. Tutela penal nas atividades nucleares; HAMMERSCHMIDT, Denise. Transgênicos e direito penal. 
Capacidade especial do sujeito ativo
		A maioria dos crimes pode ser praticada por qualquer pessoa. Para alguns delitos, entretanto, é necessária, além da capacidade geral, uma capacidade especial, ou seja, uma posição jurídica. Ex.: ser funcionário público, no crime do art. 312 do CP; ser médico, no delito inscrito no art. 269, etc.
8.8.2 Sujeito passivo
		É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta criminosa. Todo homem, como criatura viva, pode ser sujeito passivo de crime. 
OBSERVAÇÃO: a noção de sujeito passivo não se confunde com a de objeto material do delito ou objeto da conduta, que é a parte do mundo exterior (pessoa ou coisa) sobre a qual recai a ação ou omissão típica e ilícita.
Portanto: bem jurídico ≠ objeto da ação ≠ sujeito passivo
Espécies:
a) sujeito passivo constante ou formal: o Estado, titular do mandamento proibitivo não observado pelo agente;
b) sujeito passivo eventual, ou material: é o titular do interesse penalmente protegido, podendo ser o homem, (art. 121), a pessoa jurídica (art. 171, par. 2o., V), o próprio Estado (crimes contra a Administração Pública), etc.
		
Casos especiais
		Embora toda pessoa humana possa ser sujeito passivo de crime, há hipóteses em que a lei se refere à vítima em relação às suas condições físicas. Exs.: recém-nascido no crime de infanticídio(art. 123); menor em idade escolar, no abandono intelectual (art. 246), a mulher, no crime de estupro (art. 213).
		A pessoa jurídica, como titular de bens jurídicos protegidos pela lei penal, pode ser sujeito passivo de determinados crimes (Ex.: crimes contra o patrimônio).
		O morto, não sendo titular de direitos, não é sujeito passivo de crime. Punem-se, entretanto, os delitos contra o sentimento religioso e o respeito aos mortos (arts. 209 a 212), sendo vítimas, no caso, a família ou a coletividade.
		Os animais também não são vítimas de crime, podendo aparecer apenas como objeto material do crime (furto, dano), em que o sujeito passivo é o proprietário do animal. No caso do art. 64 da LCP (crueldade contra animais), o sujeito passivo é o proprietário ou a coletividade.
		O Estado pode ser sujeito passivo de inúmeros crimes, em especial os previstos a partir do art. 312, do CP.
QUESTÕES
a) o homem pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de um crime ?
b) na autolesão, quem é o sujeito passivo? 
c) e na autoacusação falsa?
d) e no auto-aborto (CP, art. 124)? 
Referências bibliográficas
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal. Parte Geral. Vol. 1. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
JESUS, Damásio E. Direito Penal. Parte Geral. 26a. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 8.ed. São Paulo: RT, 2008.
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