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Resultado e nexo de causalidade

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DIREITO PENAL I
PROF. LUÍS ROBERTO
(luisrob@unitoledo.br)
8.3 Resultado
É a modificação do mundo exterior, provocada pelo comportamento humano e voluntário. É a transformaçao operada na realidade pela conduta.
Teorias:
 Teoria naturalística: resultado é a modificação do mundo exterior, produzida pela conduta do agente. Aqui, o resultado é conceituado do ponto de vista físico ou material (natureza ontológica). Coloca em relevo o resultado como efeito físico da conduta.
De acordo com a produção do resultado, há duas classificações na doutrina:
1ª classificação
delitos de resultado: o tipo legal prevê o resultado como parte integrante (elementar) de sua estrutura. Por outras palavras, a produção do resultado é essencial à tipicidade. Ex.: homicídio, infanticídio, aborto, lesões corporais, furto, roubo, estelionato etc.
x
delitos de mera conduta: o tipo penal não prevê o resultado como elementar. Por outras palavras, a produção do resultado não é essencial à tipicidade.Ex.: violação de domicílio (art. 150); ato obsceno (art. 233); reingresso de estrangeiro expulso (art. 338); extorsão (art. 158).
2ª classificação
delitos de resultado: o tipo legal prevê o resultado como parte integrante (elementar) de sua estrutura. A produção do resultado é essencial à tipicidade. Ex.: homicídio, infanticídio, aborto, lesões corporais, furto, roubo, estelionato etc.
x
delitos formais: o tipo penal não prevê a necessidade de ocorrência do resultado para sua consumação, mas que a conduta se dirija à produção de determinado resultado ofensivo. Exs.: extorsão (art. 158); extorsão mediante sequestro (art. 159), ameaça (art. 147). Ou seja, são delitos formais aqueles que, não obstante reclame a lei que a vontade do agente se dirija à produção de um resultado que constituiria uma lesão do bem, não exigem para a consumação que esse resultado se verifique (Damásio). Também chamados de crimes de consumação antecipada ou de resultado cortado (o tipo penal descreve um resultado naturalístico, cuja ocorrência, porém, é desnecessária à sua consumação). A produção do resultado não é essencial à tipicidade. É essencial para a tipicidade apenas que a conduta se encaminhe, finalisticamente, para a produção de certo resultado.
		x
delitos de mera conduta: o tipo penal não prevê a ocorrência de nenhum resultado naturalístico. Nem a produção do resultado, nem que a conduta se dirija para um resultado são necessárias para a tipicidade. Ex.: violação de domicílio (art. 150); ato obsceno (art. 233); abandono de função (art. 323); reingresso de estrangeiro expulso (art. 338).
 
Teoria jurídica ou normativa: resultado é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido). Sob esse aspecto, o resultado é conceituado sob o aspecto jurídico. Aqui, não há crime sem resultado, pois todos os delitos ofendem um bem jurídico-penal (princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos). Dessa forma, tanto os delitos materiais como os de mera conduta seriam delitos de resultado, pois produziriam lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
Teoria adotada: teoria naturalística 
	
8.4 Relação de causalidade
Nexo causal é o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido. Investigar o nexo de causalidade é descobrir quais ações deram causa ao resultado previsto em lei. Quer dizer, para saber se alguém causou um determinado fato, faz-se necessário estabelecer a ligação entre a sua conduta e o resultado ocorrido no mundo real. Aplica-se aos delitos materiais ou de resultado, haja vista, nos demais, o tipo não exigir a produção do resultado e, em consequência, ser desnecessária a existência de nexo de causalidade. 
Pergunta-se: e os delitos materiais tentados? Como se revestem de tipicidade? É necessário nexo de causalidade?
E os delitos omissivos próprios e impróprios?
E os delitos de mera conduta?
E os delitos formais (na 2ª classificação)?
O Código Penal adota a teoria da equivalência das condições ou equivalência dos antecedentes causais (teoria da conditio sine que non), segundo a qual quaisquer das condutas que compõem a totalidade dos antecedentes é causa do resultado:
CP, art. 13: "O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido".
O art. 13 do CP atribui relevância causal a todos os antecedentes do resultado, considerando que nenhum elemento, de que depende a sua produção, pode ser excluído da linha de desdobramento causal. 
Ex.: a venda de arma, de veneno, de faca, pelo comerciante que não tinha idéia do propósito homicida do criminoso do comprador. Essa teoria costuma ser lembrada pela frase “a causa da causa também é causa do que foi causado”.
Segundo Magalhães Noronha: 
"Dentre as teorias que maior prestígio desfrutam, salienta-se a abraçada por nosso estatuto, no art. 13: a da equivalência dos antecedentes, ou da conditio sine qua non... Consoante ela, tudo quanto concorre para o resultado é causa. Não se distingue entre causa e condição, causa e ocasião, causa e concausa. Todas as forças concorrentes para o evento, no caso concreto, apreciadas, quer isolada, quer conjuntamente, equivalem-se na causalidade. Nem uma só delas pode ser abstraída, pois, de certo modo, se teria de concluir que o resultado, na sua fenomenalidade concreta, não teria ocorrido. Formam uma unidade infragmentável. Relacionadas ao evento, tal como este ocorreu, foram todas igualmente necessárias, ainda que qualquer uma, sem o auxílio das outras, não tivesse sido suficiente. A ação ou a omissão, como cada uma das outras causas concorrentes, é condição sine qua non do resultado. O nexo causal entre a ação (em sentido amplo) e o evento não é interrompido pela interferência cooperante de outras causas. Assim, no homicídio, o nexo causal entre a conduta do delinqüente e o resultado, morte, não deixa de subsistir, ainda quando para tal resultado haja contribuído, por exemplo, a particular condição fisiológica da vítima ou a falta de tratamento adequado. Em conseqüência desse princípio, as concausas não têm mais o efeito de que gozavam na lei anterior, onde as condições personalíssimas do ofendido e a não-observância do regime médico reclamado pelo estado da vítima (Consolidação das Leis Penais, art. 295, §§ 1.º e 2.º) desclassificavam o crime de morte. Diante do nosso Código, o homicídio não deixa de ser tal, ainda que para o exício concorram outras causas, como, v. g., se o golpe é dado em um hemofílico ou em um diabético, ou se o ofendido não tiver seguido, ainda que voluntariamente, as observações médicas impostas por seu estado. Todas são causas concorrentes para o resultado e não se há de excluir a devida ao agente" (Direito Penal. vol 1. 31.ed. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 117-118.).
Ou seja, segundo a teoria da conditio sine qua non (CP atual) não há diferença entre causa, concausa, ocasião e condição: as expressões se equivalem, ingressando no amplo conceito de causa sempre que, suprimida mentalmente esta, o resultado não apareceria.
Note bem: o art. 13 caput aplica-se, exclusivamente, aos crimes materiais porque, ao dizer "o resultado, de que depende a existência do crime", refere-se ao resultado naturalístico da infração penal (aquele que é perceptível aos sentidos do homem e não apenas ao mundo jurídico), e a única modalidade de crime que depende da ocorrência do resultado naturalístico para se consumar (existir) é o material, como, por exemplo, o homicídio (art. 121) e as lesões corporais (art. 129), em que, respectivamente, a morte da vítima e a produção das lesões corporais são o resultado naturalístico (ontológico, produzido no mundo fenomênico).
Procedimento hipotético de eliminação de Thyrén: utilizado para verificar quais condutas/fatos que causaram o resultado e que serão alvo de responsabilização penal, conforme a teoria da equivalência dos antecedentes causais. Para saber se determinada condutaé causa ou não de um resultado, deve-se fazer um juízo hipotético de eliminação, que consiste na supressão mental de determinada ação da cadeia causal, no contexto do crime. Se, eliminada, o resultado desaparecer, pode-se afirmar que aquela conduta é causa. Caso contrário, ou seja, se a despeito de suprimida, o resultado ainda assim existir, não será considerada causa. Ex.: Tício compra arma com a numeração raspada, passa numa lanchonete e como um lanche. Em seguida, compra passes para sua tia no metrô e depois dirige-se para encontrar Paulus, à saída do trabalho deste, preparando uma emboscada. Desfere, então, cinco disparos contra Paulus, que vem a óbito. O que pode ser considerado causa nesse exemplo? 
Observação: para que uma ação seja considerada causa, basta que, sem ela, o resultado não teria ocorrido como ocorreu. Exemplos: a) o agente desliga o aparelho que mantinha vivo o paciente, doente terminal, cuja morte era questão de horas; b) alpinista prestes a cair do despenhadeiro, sem salvação, quando alguém arremessa uma pedra sobre ele e antecipa o resultado. 
Inconveniente da teoria da conditio sine qua non: permite o regressus ad infinitum: até mesmo o inventor da arma seria causador do evento, visto que, se arma não existisse, não existiriam os disparos efetuados com ela e, por conseguinte, não ocorreria o resultado morte. Todavia, ao adotar essa teoria para a aferição entre o comportamento do agente e o resultado, deve-se limitar sua amplitude pelo exame do elemento subjetivo (dolo) ou da culpa (elemento normativo) (somente assume relevo a causalidade dirigida pela manifestação da vontade do agente - culposa ou dolosamente). Teoria finalista da ação: a ação não é mero processo causal, mecânico, mas um comportamento humano dirigido e controlado pela vontade em direção a determinado resultado, ou, ainda, um comportamento dirigido a um fim lícito, mas realizado com inobservância do cuidado objetivo necessário. 
Portanto: ser causa do resultado não é bastante para ensejar a responsabilização penal. É preciso, ainda, verificar se a conduta do agente considerada causa do resultado foi praticada mediante dolo ou culpa, pois nosso Direito Penal não admite a responsabilidade objetiva, isto é, aquela que se contenta com a demonstração do nexo de causalidade, sem levar em conta o elemento subjetivo da conduta ou a culpa (princípio da culpabilidade/imputação subjetiva).
SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA RELATIVAMENTE DEPENDENTE
(EXCEÇÃO À TEORIA DA CONDITIO SINE QUA NON)
A fim de amenizar o rigorismo da teoria da conditio sine qua non, o Código Penal estabelece uma exceção que exclui a imputação: a causa superveniente, relativamente independente, que por si só produziu o resultado. Segundo o §1.°, do art.13 do Código Penal: 
 A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
Exemplos:
X fere Y, que, conduzido a um hospital, vem a morrer em consequência de um incêndio na enfermaria em que se encontrava internado.
Tício fere mortalmente Mévio, mas este, recolhido a um hospital, vem a morrer pela ingestão de uma substância tóxica, que, ao invés do medicamento prescrito, lhe ministra, inadvertidamente, a enfermeira (Hungria);
João fere mortalmente Maria, que vem a morrer em razão de um acidente automobilístico com a ambulância.
- “causa superveniente” = causa que ocorre depois da causa inicial
- “causa superveniente relativamente independente” = é a causa posterior que, funcionando em face da conduta anterior, conduz-se como se, por si só, tivesse produzido o resultado (Damásio)
- “causa que, por si só, produziu o resultado” = causa que não se encontra na mesma linha de desdobramento físico da anterior. É a causa que forma um novo processo causal, que se substitui ao primeiro, não estando em posição de homogeneidade com o comportamento do agente (Damásio). Exs.: “A” produz ferimento profundo em “B” que, levado a um hospital, vem a falecer em decorrência de uma hemorragia que ocorre posteriormente, quanto da cirurgia no ferimento. “A” produz um ferimento no barqueiro “B”, que, em razão dele, não consegue manobrar corretamente o barco durante uma tempestade, e vem a morrer em razão disso. Nesses dois casos não se forma um novo processo causal. A causa posterior está na mesma posição (homogênea) da anterior. 
ESPÉCIES DE CAUSAS: 
As causas podem ser: dependentes ou independentes
As causas independentes podem ser: absolutamente independentes
 relativamente independentes
As causas absolutamente independentes e relativamente independentes podem ser: preexistentes, concomitantes ou supervenientes.
Causa dependente é aquela que, originando-se da conduta, insere-se na linha normal de desdobramento causal da conduta. Exemplo: na conduta de atirar em direção à vítima, são desdobramentos normais de causa e efei​to: a perfuração em órgão vital produzida pelo impacto do projétil contra o corpo humano; a lesão em órgão vital; a hemorragia interna agu​da traumática; a parada cardiorrespiratória; a morte. Há uma relação de interdependência entre os fenômenos, de modo que sem o anterior não ha​veria o posterior, e assim por diante. A causa dependente contém dois fato​res: a) origina-se da conduta, sem a qual não existiria; b) atua com absoluta dependência da causa anterior, da qual resulta como conseqüência natural e esperada. A causa dependente integra o nexo causal como parte fundamental. 
Causa independente é aquela que refoge ao desdobramento causal da conduta, produzindo, por si só, o resultado. Seu surgimento não é uma decorrência esperada, lógica, natural do fato anterior, mas, ao contrário, um fenômeno totalmente inusitado, imprevisível. Exemplo: não é conseqüência normal de um simples susto a morte por parada cardíaca. 
A causa independente pode ser absoluta ou relativamente independente. 
A causa absolutamente independente não se origina da conduta do agente e comporta-se como se por si só tivesse produzido o resultado, não sendo uma decorrência normal e esperada. Ou seja, náo tem nenhuma relação com a conduta, é estranha a ela. O advérbio "absolutamente" quer dizer que a causa não partiu da conduta inicial, mas de uma fonte total​mente distinta. Além disso, por serem independentes, tais causas atuam como se tivessem por si sós produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causal da conduta.
A causa relativamente independente: origina-se da conduta (ao contrário da absolutamente independente). Também com​porta-se como se por si só tivesse produzido o resultado, não sendo uma decorrência normal e esperada. Tem relação com a conduta apenas porque dela se originou, mas é independente, uma vez que atua como se por si só tivesse produzido o resultado.
Exemplos
A1) Causas absolutamente independentes preexistentes
Existem anteriormente à prática da conduta e atuam com independência em seu cometimento. Quer dizer, o resultado ocorreria de qualquer forma, com ou sem a ação. 
Exemplo 1: X esfaqueia Y, mas este não morre em conseqüência da facada, mas de envenenamento anterior provocado por Z, cuja ação é desconhecida de X. Não há relação do envenenamen​to com a facada, sendo diversas as origens. Além disso, produziu por si só o resultado, já que a causa mortis foi a intoxicação aguda provocada pelo veneno e não a hemorragia interna traumática produ​zida pela facada. Por ser anterior à conduta, denomina-se preexistente. Assim, é independente porque produziu por si só o resultado; é absoluta​mente independente porque não derivou da conduta; e é preexistente por​que atuou antes desta. Por qual crime responde então X? Resposta: por crime de homicídio na forma tentada. 
Exemplo 2: K sofre uma parada cardíaca fatal em seu quarto, no hospital. Não percebendo que a vítima morreria de qualquer jeito, em segundos, aenfermeira, sua inimiga, aplica-lhe uma injeção de glicose, para provocar a morte da vítima, que era diabética. Porque responde a enfermeira?
A2) Causas absolutamente independentes concomitantes
Surgem no exato instante em que a ação é realizada. Não têm qualquer relação com a conduta e produ​zem o resultado independentemente desta.
Exemplo 1: no exato momento em que X está asfixiando Y, uma bala perdida atinge este último, matando-o instantaneamente. Esta causa (bala perdida) tem origem totalmente diversa da do asfixiamento, estando inteiramente desvinculada de sua linha de desdobramento causal. É independente porque por si só produziu o resulta​do; é absolutamente independente porque teve origem diversa da conduta; e é concomitante porque, por uma coincidência do destino, atuou ao mesmo tempo da conduta. X responderá por .....
Exemplo 2: A sai em disparada, atirando em B. Este, sob os tiros, se esconde em um barraco que, simultaneamente à ação de A, desaba por força de queda de encosta, matando B. Porque crime responde A?
Exemplo 3: Tício desfere um soco em Caio, no mesmo momento em que este vem a falecer exclusivamente por força de um colapso cardíaco. Qual a solução?
A3) Causas absolutamente independentes supervenientes
São aquelas que atuam após a conduta. O fato posterior não tem qualquer relação com a conduta anterior. É independente porque produz por si só o resultado; é absolutamente independente porque não guarda nenhuma relação com a ação que lhe é anterior. É superveniente porque atua após a conduta.
O genro somente responderá por crime de homicídio na forma tentada. O genro somente responderá por crime de homicídio na forma tentada. 
Exemplo 1: Após X ter envenenado Y, antes de o veneno produzir efeitos, ocorre um curto circuito e um incêndio, provando-se que foi em razão disso que morreu a vítima, embora anteriormente envenenada. X responderá somente por tentativa de homicídio.
Exemplo 2: A ministra veneno na alimentação de B, que vem a morrer por conta de um desabamento, enquanto está tomando a refeição. A responde por....
Exemplo 3: “A” fere mortalmente o barqueiro “B”, mas este, antes que sobrevenha a morte em consequência do ferimento, perece afogado, porque um tufão fez soçobrar o barco (Von Liszt). A responde por....
B1) Causas relativamente independentes preexistentes
Atuam antes da conduta. Não excluem a linha de desdobramento físico desenvolvida pela ação subsequente. Logo, não excluem o resultado. O agente responde pelo crime consumado. Não se aplica o artigo 13, caput, uma vez que trata, a contrario sensu, das causas absolutamente independentes. E aqui tem-se causa relativamente independente. Não se pode dizer que essas causas produzam o resultado de forma exclusiva.
Exemplo 1: "A" desfere um golpe de faca na vítima, que é hemofi1ica e vem a morrer em face da conduta, soma​da à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. No caso, o golpe isola​damente seria insuficiente para produzir o resultado fatal, de modo que a hemofilia atuou de forma independente, produzindo por si só o resultado. O processo patológico, contudo, só foi detonado a partir da conduta, razão pela qual sua independência é apenas relativa. Como se trata de causa que já existia antes da agressão, denomina-se preexistente. A hemofilia não exclui a linha de desdobramento físico desenvolvida pela ação, de modo que o agente responde pelo resultado morte.
Exemplo 2: Tício fere Caio, diabético, que vem a falecer em virtude da diabete agravada pelos ferimentos. 
B2) Causas relativamente independentes concomitantes
Causas que atuam ao mesmo tempo da ação (concomitante). Trata-se de causas que, por si sós, produzem o resultado (indepen​dente), mas que se originam a partir da conduta (relativamente independente). Não excluem a linha de desdobramento físico desenvolvida pela ação subsequente. Logo, não excluem o resultado. O agente responde pelo crime consumado. Não se pode excluir o nexo de causalidade aplicando o artigo 13, caput, uma vez que trata, a contrario sensu, das causas absolutamente independentes. E aqui tem-se causa relativamente independente. Não se pode dizer que essas causas produzam o resultado de forma exclusiva.
Exemplo 1: Pedro atira em Maria, idosa, que, assustada, sofre um ata​que cardíaco e morre. O tiro provocou o susto e, indiretamente, a morte. A causa do óbito foi a parada cardíaca e não a hemorragia traumática provocada pelo disparo. Pedro responde por....
Exemplo 2: W fere K, mendigo, numa noite extremamente fria, vindo este a morrer por um processo de congelamento, auxiliado pela hemorragia, que reduziu as possibilidades de resistência do organismo.
Exemplo 3: Xisto desfera um tiro em Mévio, no exato instante em que este está sofrendo um colapso cardíaco, provando-se que a lesão contribuiu para a eclosão do resultado fatal.
B3) Causas relativamente independentes supervenientes
Exemplo: X leva um tiro e é socorrido em um hospital. Lá estando internado, termina morrendo queimado num incêndio (ou desabamento, ou explosão, por ex.) que toma conta do hospital. O fogo (tb o desabamento ou a explosão) é uma causa relativa​mente independente, que produziu o resultado morte. É causa do evento porque não fosse o tiro dado e o ofendido não estaria no hospital, embora o incêndio tives​se sido algo imprevisível. 
Vide acima.
RESUMO DAS CAUSAS E SEUS EFEITOS
	
Causas absolutamente independentes em relação à conduta do sujeito: preexistentes
concomitantes supervenientes 
Solução: A causa preexistente, concomitante ou superveniente que, por si só, produz o resultado, sendo absolutamente independente, não pode ser imputada ao sujeito, por força do artigo 13, caput. Ou seja, há exclusão do nexo de causalidade (art. 13, caput). Não há relação entre a conduta do sujeito e a causa da morte, nos exemplos dados em A1, A2 e A3. Nesses casos, hã um “rompimento” total do nexo causal (inaugura-se novo processo causal), fazendo com que o agente somente responda somente pelos atos até então prati​cados. 
Causas relativamente independentes em relação à conduta do sujeito: preexistentes
concomitantes supervenientes
 
Solução: a) preexistentes e concomitantes: o resultado é imputável (art. 13, caput) 
 b) supervenientes: o resultado não é imputável (art. 13, §1.°)
Com relação às causas preexistentes e concomitantes, relativamente independentes, o resultado pode ser atribuido, ligado, conectado, imputável ao agente (art. 13, caput). Não se exclui o nexo de causalidade, como ocorre nas causas absolutamente independentes. Aqui tem-se causas relativamente independentes. Não se pode dizer que essas causas produzam o resultado de forma exclusiva, pois são somadas à ação para desencadear o resultado final. Aplicando-se a regra geral da equivalência dos antecedentes, portanto, fica mantido o nexo causal. 
Agora, nas causas relativamente independente supervenientes há uma exceção, por expressa disposição legal (art. 13, § 1.º). Se fosse ser aplicada a regra geral (teoria da conditio sine qua non), haveria equivalência dos antecedentes causais e seria mantido o nexo de causalidade. Quer dizer, ao aplicar o procedimento de eliminação hipotética de Thyrén, seria verificado que, sem a conduta, não existiria a causa superveniente, que dela se originou. E, por conseguinte, não haveria o resultado. A conduta é, portanto, causa desse resultado, permanecendo íntegro o nexo causal. 
Ocorre que, nas causas supervenientes relativa​mente independentes, o legislador adotou outra teoria, comoexce​ção, qual seja, a da causalidade adequada, pois o art. 13, § 1.º, determi​na a ruptura do nexo causal. 
	
OUTRAS TEORIAS
Teoria da causalidade adequada: considera causa do evento apenas a ação do agente mais apta e idônea a gerar o resultado. “Causa é a condição mais adequada para produzir o resultado” (Regis Prado). “Causa é a condição idônea a produzir o resultado, segundo a experiência comum e o julgamento normal dos homens” (Von Kries). A idoneidade é aferida com base na regularidade estatística, isto é, de acordo com a relação de constância da eficácia causal, identificável pelo juízo do homem médio (Flávio Augusto Monteiro de Barros). É criticada por misturar causalidade com culpabilidade.
Teoria da imputação objetiva ... próximos capítulos
Referências bibliográficas
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal. Parte Geral. Vol. 1. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
JESUS, Damásio E. Direito Penal. Parte Geral. 26a. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
NORONHA, Magalhães. Direito Penal. vol 1. 31.ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 8.ed. São Paulo: RT, 2008.
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