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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA Bases Bioquímicas da Vida Pábula Oliveira dos Santos Aspartato Aminotransferase: aspectos estruturais, funcionais e metabólicos Teixeira de Freitas – BA 2015 2 Sumário Bancos de dados utilizados ..................................................................................................................... 3 Siglas ....................................................................................................................................................... 3 Aspectos estruturais ................................................................................................................................ 5 Ação enzimática .................................................................................................................................... 16 Aspectos clínicos, funcionais e metabólicos ......................................................................................... 18 Referências ............................................................................................................................................ 21 3 Bancos de dados utilizados NCBI (National Center for Biotechnology Information) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/gene/2805 Pfam http://pfam.xfam.org/structure/1CQ8#tabview=tab0 BRENDA http://www.brenda-enzymes.info/enzyme.php?ecno=2.6.1.1 PDBsum http://www.ebi.ac.uk/thornton-srv/databases/cgi-bin/pdbsum/GetPage.pl?pdbcode=1cq8 Proteopedia http://proteopedia.org/wiki/index.php/1cq8 PDBe http://www.ebi.ac.uk/pdbe/entry/pdb/1cq8 GeneCards http://www.genecards.org/cgi-bin/carddisp.pl?gene=GOT1&keywords=2,6,1,1#orthologs MalaCards http://www.malacards.org/card/aspartate_aminotransferase_serum_level_of_qtl1?search=GO T1 OCA http://oca.weizmann.ac.il/oca-bin/ocashort?id=3II0 Siglas Sigla Nomenclatura conhecida AST/GOT/TGO Aspartate Aminotransferase, Aspartate 4 transaminase, Aspartato Aminotransferase, Glutamic Oxaloacetic Transaminase, Transaminase Glutâmico Oxaloacética ALT/ TGP/GPT Alanina Aminotransferase, Alanine Transaminase, Transaminase Glutâmico Pirúvica, Glutamic-Pyruvic Transaminase PMP Pyridoxal phosphate PLP Pyridoxamine phosphate 5 ASPARTATO AMINOTRANSFERASE: ASPECTOS ESTRUTURAIS, FUNCIONAIS E METABÓLICOS Aspectos estruturais Para encontrar a enzima para este trabalho, a aspartate aminotransferase, primeiramente foi realizado uma pesquisa no site Brenda – Enzyme Database, com o qual se pode optar por diversas enzimas que formam as vias metabólicas. Em Pathway Maps, é possível localizar a enzima que desejar, seguindo o espectro do mapa metabólico. 6 A seta indicada acima mostra o link para a entrada do metabolismo do aspartato e da asparagina. Nele, é possível encontrar todas as enzimas envolvidas nesta etapa. Ao abrirmos o link da enzima, várias informações são geradas, como cofatores, organismos em que a enzima fora cristalizada, produtos/substratos, inibidores, sinônimos, propriedades moleculares (pH, solvente, temperatura), estrutura enzimática etc. Aspartate aminotransferase 7 Definida a enzima a ser trabalhada, o próximo passo foi buscar no Pfam.org uma sequência da enzima, aspartate aminotransferase, também chamada de aspartate transaminase ou serum glutamic oxaloacetic transaminase. Em português, pode ser denominada de transaminase glutâmico oxalacética (TGO), também chamada de aspartato aminotransferase (AST) e antigamente chamada de transaminase glutâmico-oxalacética do soro. O link para acesso a enzima somente estava relacionado à família das aminotransferases classe I e II. A partir disso, no canto direito da página foi escolhido a sequência 1CQ8, da aspartate aminotransferase. Clicando no link onde a seta está indicando, a página é direcionada a enzima propriamente dita, com indicações relevantes e outros links para maiores informações. 8 Os links indicados pelas setas na figura acima, PDBe, PDBsum e Proteopedia, respectivamente, foram de grande relevância para o trabalho e são aliados na busca por informações da enzima escolhida, além do panorama bidimensional e tridimensional que esses bancos de dados possuem. 9 Do lado direito da página, na aba Protein, pode-se visualizar a enzima em forma bidimensional ou sua estrutura secundária. 10 11 Ainda no PDBsum, na aba Ligands, pode-se localizar o sítio ativo da enzima, em que o substrato é ligado. Em links, é disponibilizado uma série de sites e outros bancos de dados de enzimas e proteínas conhecidas e cristalizadas, que possuem outras características da enzima. 12 Já o PDBe foi utilizado para o download do arquivo .ent da enzima aspartate aminotransferase, onde no canto direito aparece as opções de como salvar o arquivo. Além disso, mais informações sobre a enzima pode ser encontrada, como estudos e pesquisas relacionadas à mesma, sua estrutura etc. Para a visualização tridimensional da estrutura da enzima, foi utilizado o programa Pymol. Nesta representação abaixo, por exemplo, observa-se a presença das três estruturas proteicas, alfa-hélice, beta-sheet e loop (laço). Também se pode observar, no centro da enzima, o sítio ativo, em amarelo pontilhado. Beta -Sheet Loop Alfa-hélice 13 No mapa metabólico humano, a aspartate aminotransferase se encontra na seta indicada na figura abaixo, de nomenclatura 2.6.1.1. Ela é de grande importância para obter energia para o ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico. Cofator 14 No banco de genes humanos, o Gene Cards, há informações importantíssimas sobre a AST ou TGO. O gene da enzima, chamado de GOT1 possui 33.904 bases e está localizado no genoma a partir da base 99.396.870 até a base 99.430.773. Na base de dados MalaCards, mostra-se as possíveis doenças em que o gene está relacionado. 15 Outras informações também podem ser obtidas, como os estudos recentes sobre a enzima e sua ação em doenças e outras atividades metabólicas. Além disso, mostra-se aspectos estruturais e morfológicos da enzima, como quantidade de aminoácidos quem compõem a proteína, cofatores, massa molar, estrutura quaternária etc. A AST/TGO humana citoplasmática foi cristalizada em 2009. O OCA disponibiliza vários estudos sobre a enzima procurada. 16 Ação enzimática A AST catalisa a interconversão de aspartato e αcetoglutarato em oxaloacetato e glutamato. Aspartato (Asp) + αcetoglutarato ↔ oxaloacetato + glutamato (Glu) A AST depende do PLP – Pyridoxal Phosphate (Vitamina B6) como cofator para transferência de grupos amina do aspartato para o cetoglutarato, com formação de glutamato e oxalacetato. Este é reduzido a malato por ação da malato desidrogenase (MDH), enquanto que a coenzima NADH é oxidada a NAD. Na degradação de aminoácidos, após a conversão de αcetoglutarato a glutamato, o glutamato subsequentemente sofre desaminação oxidativa para formar íons amônio, que são excretados como ureia. Na reação inversa, aspartato pode ser sintetizado a partir de oxaloacetato, que é um intermediário chave no ciclo do ácido cítrico. A AST converte o oxalacetatoem aspartato, na mitocôndria. O aspartato é exportado para o citoplasma, onde outra AST regenera o oxalacetato. Os outros substratos e produtos na reação, o glutamato e o 2-oxoglutarato, são necessários para o transporte do malato e do aspartato. Enzima Substrato 17 Como com todas as transaminases, a AST opera através de duplo reconhecimento de substrato; isto é, é capaz de reconhecer e ligar-se seletivamente a dois aminoácidos (Asp e Glu) com diferentes cadeias laterais. Em ambos os casos, a reação de transaminase consiste em duas semirreações semelhantes que constituem o que é referido como um mecanismo de ping-pong. As aminotransferases são exemplos clássicos de enzimas que catalisam reações bimoleculares do tipo ping-pong. Em tais reações, o primeiro substrato precisa deixar o sítio ativo antes que o segundo substrato possa se ligar. Assim, o aminoácido que chega ao sítio ativo liga-se a ele, doa o seu grupo amino ao piridoxal fosfato (PLP) e sai na forma de um α-cetoácido. A seguir o α-cetoácido que entra é ligado, aceita o agrupamento amino da piridoxamina fosfato (PMP) e sai na forma de aminoácido. Na primeira semirreação, o aminoácido 1 (por exemplo, L-Asp) reage com o complexo enzima+PLP para gerar um cetoácido (oxaloacetato) e a enzima modificada+PMP. Na segunda semirreação, cetoácido 2 (αcetoglutarato) reage com a enzima+PMP para produzir o aminoácido 2 (L-Glu), regenerando o estado original da enzima e PLP no processo. A formação de um produto racêmico (D-Glu) é muito raro. As reações catalisadas pelas aminotransferases são livremente reversíveis, tendo uma constante de equilíbrio de aproximadamente 1,0 (ΔG ≈ OkJ/mol). 18 Aspectos clínicos, funcionais e metabólicos A AST/TGO é encontrada no citoplasma e nas mitocôndrias de muitas células, primariamente no fígado, coração, músculos esqueléticos, rins, pâncreas e hemácias. As aminotransferases TGP (Transaminase Glutâmico Pirúvica ou Alanina Aminotransferase ALT) e TGO são indicadores sensíveis de dano nas células hepáticas, em diferentes tipos de doenças. Contudo, níveis altos dessas enzimas não são indicadores, necessariamente, de alguma doença hepática estabelecida. Deve-se estudar o quadro clínico geral para determinar um diagnóstico mais preciso da situação. São encontrados níveis mais altos de TGO e TGP em desordens que causam a morte de numerosas células (necrose hepática extensa). Isso acontece nas hepatites agudas A ou B, no dano pronunciado infligido por toxinas como o de uma overdose de paracetamol (Tylenol), ou quando o fígado é privado de sangue fresco, que traz oxigênio e nutrientes. As transaminases, nessas situações, podem variar de dez vezes os limites superiores do normal para milhares de unidades por mililitro. Os níveis de AST/TGO geralmente aumentam nas primeiras 12 horas da lesão e permanecem elevados por cinco dias. Assim, o teste sanguíneo para as enzimas TGP e TGO é comumente utilizado, por exemplo, quando ocorre dano ao músculo cardíaco, como no infarto do miocárdio e na avaliação dos danos ao fígado. Níveis moderadamente aumentados dessas enzimas podem ser causados comumente por gordura no fígado (esteatose). A causa mais freqüente de fígado gorduroso é o consumo 19 excessivo de álcool. Outras causas de fígado gorduroso incluem a diabetes e a obesidade. A hepatite C também está se tornando uma causa importante de elevações das transaminases. O AST aumenta mais do que o ALT em hepatite induzida pelo álcool, cirrose e câncer metastático do fígado. O ALT aumenta mais do que o AST no caso da hepatite viral ou induzida por drogas e obstrução hepática devido a outras causas que não malignidade. O grau de aumento da enzima fornece informações quanto à possível fonte do problema. A duplicação é sugestiva de um problema obstrutivo, muitas vezes necessitando de intervenção cirúrgica. Um aumento de 10 vezes na ALT e AST indica uma provável hepatite. Níveis de TGO e TGP Doenças relacionadas Normal TGO = até 40 U/L TGP = até 30 U/L Níveis normais; Elevada > 1.000 a 3.000U/L Hepatites virais graves; 1.000 a 2.000U/L Fase aguda da obstrução biliar (ex.: cálculo obstruindo o ducto biliar comum), porém com decréscimo rápido dos níveis para < 300 U/L; > 1.000 U/L Doenças associadas com lesão hepatocelular extensa como hepatites virais, hepatopatias isquêmicas (hipotensão prolongada, insuficiência cardíaca aguda...), hepatopatias tóxicas ou induzidas por drogas; < 300 U/L Colestase intra ou extra- hepática sem lesão hepatocelular importante; 50 a 200 U/L Hepatopatias crônicas não muito graves e lesões focais (ex.: cirrose de Laennec, hepatite viral anictérica, invasão tumoral). As três as transaminases mais importantes entre as mais de sessenta produzidas no fígado são: a alanina aminotransferase (ALT ou TGP), a aspartato aminotransferase (AST ou TGO) e a 20 gama glutamil transaminase (GGT). São as três principais para se diagnosticar problemas hepáticos, observando sempre que nenhuma delas é específica do fígado. Após o infarto do miocárdio, várias enzimas, incluindo essas aminotransferases, vazam das células lesadas e passam para a corrente sanguínea. A determinação da concentração no soro sanguíneo de duas aminotransferases pelos testes de SGPT e SGOT (S simboliza soro) e de uma outra enzima cardíaca, a creatina quinase (o teste SCK), pode fornecer informações a respeito da severidade e do estágio da lesão no coração. Após um ataque cardíaco, a creatina quinase é a primeira enzima a aparecer no sangue e, também, a desaparecer rapidamente. A GOT é a próxima enzima a aparecer e, pouco depois, aparece a GTP. A lactato desidrogenase também escapa do músculo cardíaco injuriado ou anaeróbico. As determinações de SGOT e SGTP são também importantes na medicina industrial para determinar se as pessoas expostas ao tetracloreto de carbono, ao clorofórmio ou a outros solventes empregados nas indústrias químicas, de limpeza a seco e outras, apresentam lesão hepática. Esses solventes provocam a degeneração hepática, com extravasamento na corrente sanguínea de várias enzimas das células hepáticas lesadas. As transaminases, muito ativas no fígado e cuja atividade pode ser detectada em quantidades muito pequenas, são muito úteis na monitorização do soro sanguíneo de pessoas expostas a riscos nessas indústrias químicas. Várias drogas comumente usadas encontram-se relacionadas ao aumento da AST dentre elas: isoniazida, fenotiazinas, clorotiazida, gentamicina, eritromicina, cloranfenicol, progesterona, esteróides anabolizantes, opiáceos, indometacina, halotano, metildopa e uso prolongado de aspirina. A uremia encontra-se associada com a redução da atividade da AST. Os valores normais das transaminases variam entre si e variam também entre os sexos masculino e feminino. A AST/TGO nos homens é de 37 U/L e nas mulheres de 31U/L. A idade também é um fator determinante na variação dos valores das transaminases. Em adultos saudáveis, ALT/TGP e AST/TGO apresentam-se substancialmente mais elevadas em homens do que em mulheres e variam de acordo com a idade. Até aproximadamente os 15 anos de idade, o nível de AST/TGO é levemente maior que o ALT/TGP, enquanto que em adultos, a ALT/TGP tende a ser maior que a AST/TGO. Acima de 60 anos, ALT/TGP e AST/TGO tornam-se praticamente em níveis iguais. Existem fatores não relacionados com doenças que também alteram os resultados das transaminases. Se a retirada do sangue foi realizada na parte da tarde, a AST/TGO pode ter 21 uma variação de 45% em relação ao sangueretirado na parte da manhã. A diferença de resultados em dias seguidos chega a 10% na AST/TGO e 30 % na ALT/TGP. Nos homens afros descendentes, os níveis são 15% superiores aos homens de raça branca. Pessoas acima do peso ideal podem ter resultados 30 a 40% superiores em ambas as transaminases. A prática de exercícios extenuantes eleva em até três vezes a AST/TGO e os exercícios aeróbicos, de forma rotineira, reduzem em até 20% a ALT/TGP. É importante saber que os resultados alterados das taxas de transaminases oferecem informações não muito especificas e nem conclusivas, já que estas enzimas estão presentes em vários órgãos no organismo humano. Entretanto, indicam que pode existir algum problema em algum órgão. Exames adicionais deverão ser solicitados para o correto diagnostico da causa do problema. Referências Kirsch JF, Eichele G, Ford G, Vincent MG, Jansonius JN, Gehring H, et al. (1984). "Mechanism of action of aspartate aminotransferase proposed on the basis of its spatial structure". 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