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Ambiente: Gestão e Desenvolvimento, 1(1):19-27. 2006 19 Considerações gerais sobre plantas medicinais López, C. A. A. Universidade Estadual de Roraima - UERR cesaruel@gmail.com Abstract Herbal drugs have been used since ancient times as medicines for the treatment of a range of diseases. Medicinal plants have played a key role in world health. Market surveys indicate that all socioeconomic classes in Brazil use medicinal plants because of cultural preferences, low cost, and efficacy. The quality of the medicinal plants is obtained during the whole productive process, from the botanical identification, the choice of the vegetal material, the time and plantation place, the cultural treatments, the determination of the harvest time and the care for the crop, drying and storage conditions. Although tropical medicinal plants are lauded by the international media and used by millions of Brazilians, field research on the ecology of medicinal plants in Brazil has been surprisingly limited. Many of these medicinal plants have no botanical substitute, and pharmaceuticals do not yet exist for some of the diseases for which they are used. Key Words: Herbal drugs, medicinal plants, phytotherapics Resumo Os fitoterapicos tem sido usados desde épocas antigas como medicina para o tratamento de uma ampla gama de doenças. As plantas medicinais desempenharam um papel chave na saúde do mundo. As pesquisas de mercado indicam que todas as classes socioeconômicas no Brasil usam plantas medicinais devido às preferências culturais, ao baixo custo, e pela sua eficácia. A qualidade das plantas medicinais é obtida durante todo o processo produtivo, desde a identificação botânica, escolha do material vegetal, época e local de plantio, tratos culturais, determinação da época de colheita e cuidados na colheita, a secagem e as condições de armazenamento. Embora as plantas medicinais tropicais sejam aprovadas pelos organismos internacionais e usadas por milhões de brasileiros, a pesquisa de campo sobre a ecologia das plantas medicinais no Brasil é surpreendente limitada. Muitas destas plantas medicinais não têm nenhum substituto botânico, e produtos farmacêuticos ainda não existem para algumas doenças para as quais elas são usadas. Palavras chaves: Ervas medicinais, plantas medicinais, fitoterápicos Introdução O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana. Ainda hoje nas regiões mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais. As observações populares sobre o uso e a eficácia de plantas medicinais contribuem de forma relevante para a divulgação das virtudes terapêuticas dos vegetais, prescritos com freqüência, pelos efeitos medicinais que produzem, apesar de não terem seus constituintes químicos conhecidos. Dessa forma, usuários de plantas medicinais de todo o mundo, mantém em voga a prática do consumo de fitoterápicos, tornando válidas informações terapêuticas que foram sendo acumuladas durante séculos. De maneira indireta, este tipo de cultura medicinal desperta o interesse de pesquisadores em estudos envolvendo áreas multidisciplinares, como por exemplo, botânica, farmacologia e fitoquímica, que juntas enriquecem os conhecimentos sobre a inesgotável fonte medicinal natural: a flora mundial. Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada No 48/2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, fitoterápicos são medicamentos preparados exclusivamente com plantas ou partes de plantas medicinais (raízes, cascas, folhas, flores, frutos ou sementes), que possuem propriedades reconhecidas de cura, prevenção, diagnóstico ou tratamento sintomático de doenças, validadas em estudos etnofarmacológicos, documentações tecnocientíficas ou ensaios clínicos de fase 3. Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia as plantas medicinais estão tendo seu valor terapêutico pesquisado e ratificado pela ciência e vem C.A.A. López 20 crescendo sua utilização recomendada por profissionais de saúde. O segmento de fitoterápicos movimenta anualmente, no mundo, cerca de 22 bilhões de dólares, com um crescimento de 12 % ao ano. No mercado brasileiro, esse segmento responde por cerca de 7 % do mercado farmacêutico brasileiro, ou seja, 400 milhões de dólares/ano, gerando em torno de 100 mil empregos diretos e indiretos (Sociedade Brasileira de Química – SBQ. O Brasil é detentor da maior biodiversidade do planeta. Com cerca de 22% de todas as espécies vegetais conhecidas, o Brasil possui um patrimônio genético potencialmente capaz de render-lhe benefícios econômicos astronômicos. Os trabalhos de pesquisa com plantas medicinais originam medicamentos em menor tempo, com custos muitas vezes inferiores e, conseqüentemente, mais acessíveis à população, que, em geral, encontra-se sem condições financeiras de arcar com os custos elevados da aquisição de medicamentos que possam ser utilizados como parte do atendimento das necessidades primárias de saúde, principalmente porque na maioria das vezes as matérias-primas utilizadas na fabricação desses medicamentos são importadas. Por esses motivos ou pela deficiência da rede pública de assistência primária de saúde, cerca de 80% da população brasileira não tem acesso aos medicamentos ditos essenciais (Toledo et al., 2003). Importância das plantas medicinais O reconhecimento e o resgate da sabedoria popular sobre as plantas medicinais é fundamental às famílias rurais, pelo fato da fitoterapia caseira ser uma fonte de cura, muitas vezes a única devido à falta de outros recursos para cuidar da saúde. Do ponto de vista socioeconômico, é preciso destacar aspectos como a demanda pela fitoterapia e o custo dos medicamentos, o potencial de geração de trabalho e renda na cadeia produtiva dos fitoterápicos, especialmente em regime de economia solidária, os esforços de pesquisa que comprovem, cientificamente, as propriedades medicinais das plantas, e a necessidade de reestruturação do sistema de atendimento à saúde, incluindo a capacitação dos profissionais que atuam nesta área (Nunes et al., 2003). O consumo de remédios caseiros à base de plantas é uma realidade assimilada não só pela indústria farmacêutica, como também pelo poder público. Tanto assim, que prefeituras de várias capitais, além de inúmeras cidades do interior já distribuem gratuitamente estes medicamentos à população nos postos de saúde. O Ministério da Saúde, que sempre mostrou excesso de cautela em relação a esta prática, também se curvou às ervas medicinais e delegou à Central de Medicamentos (CEME) a tarefa de patrocinar, junto a diversas universidades brasileiras, estudos sobre as reais propriedades e eventuais efeitos tóxicos. Após longos e detalhados estudos químicos e farmacológicos, os resultados mais conclusivos estão agora saindo dos centros de pesquisa e chegando às farmácias. O resgate e a revalorização crescente da fitoterapia no Brasil atual estão a exigir cuidados para que muitas plantas de alto valor medicinal não desapareçam das matas, da caatinga e do cerrado, antes mesmo que os cientistas descubram suas propriedades, para depois transformá-las em remédios. A principal providência é desenvolver técnicas de cultivo e colheita que não comprometam a reprodução dessas espécies. Outra medida é evitar que o crescimento urbano desordenado cause o extermínio das áreas verdes ricas em ervas medicinais, periféricas às cidades (Adeodato et al., 1996). A tendência observada paraa fitoterapia é que esta, assim como no passado, desempenhará um papel cada vez mais importante na assistência à saúde da população. Desta forma, não se pode negar a importância da avaliação dos efeitos terapêuticos de cada um destes fitoterápicos, através de estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebos, envolvendo um número significante de pessoas. Além do estabelecimento da atividade por meio de testes clínicos, outro aspecto relevante é a padronização desta atividade, de modo assegurar uma quantidade uniforme desta em cada dose (Calixto, 2000). Outro aspecto relevante é o cuidado de proceder ao cultivo das plantas medicinais em sistema orgânico, conservacionista do meio físico e biológico local. Esse sistema é plenamente viável numa horta e, acima de tudo, necessário para garantir a integridade medicinal das plantas. E a horta cumpre, ainda, a função paisagística de embelezamento e harmonização do espaço entre as edificações urbanas. Usos das plantas medicinais O uso de plantas medicinais no tratamento de enfermidades é conhecido desde a mais remota antigüidade, sendo as obras mais antigas sobre medicina e plantas medicinais originárias da China e Egito. Diversas culturas se valeram das plantas medicinais, sendo esta a principal, ou mesmo a única matéria prima para elaboração de medicamentos (Ody, 1993). No início do século XX, a descoberta e o desenvolvimento de processos de síntese de compostos orgânicos, culminaram no desenvolvimento de C.A.A. López 21 diversos medicamentos. Entretanto, efeitos colaterais, causados por eles, somados aos altos valores dos medicamentos sintéticos promoveram a busca por novas drogas, e o interesse por compostos fitoterápicos, uma alternativa de tratamento (Volak e Stodola, 1990). As plantas medicinais, que têm avaliadas a sua eficiência terapêutica e a toxicologia ou segurança do uso, dentre outros aspectos, estão cientificamente aprovadas a serem utilizadas pela população nas suas necessidades básicas de saúde, em função da facilidade de acesso, do baixo custo e da compatibilidade cultural com as tradições populares. Uma vez que as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, a lei permite que sejam comercializadas livremente, além de poderem ser cultivadas por aqueles que disponham de condições mínimas necessárias. Com isto, é facilitada a automedicação orientada nos casos considerados mais simples e corriqueiros de uma comunidade, o que reduz a procura pelos profissionais de saúde, facilitando e reduzindo ainda mais o custo do serviço de saúde pública (Lorenzi e Matos, 2002). A necessidade exige e a ciência busca a unificação do progresso com aquilo que a natureza oferece, respeitando a cultura do povo em torno do uso de produtos ou ervas medicinais para curar as doenças. As plantas medicinais sempre foram utilizadas, sendo no passado o principal meio terapêutico conhecido para tratamento da população. A partir do conhecimento e uso popular, foram descobertos alguns medicamentos utilizados na medicina tradicional, entre eles estão os salicilatos e digitálicos. Na América Latina, em especial nas regiões tropicais, existem diversas espécies de plantas medicinais de uso local, com possibilidade de geração de uma relação custo-benefício bem menor para a população, promovendo saúde a partir de plantas produzidas localmente. No Brasil existem diversidades e peculiaridades, com concepções, opiniões, valores, conhecimentos, práticas e técnicas diferentes, que precisam ser incorporadas e respeitadas no cotidiano, influenciadas por hábitos, tradições e costumes. O conhecimento e uso das plantas medicinais têm sido estimados, baseando em algumas variáveis sociais. Algumas características desejáveis das plantas medicinais são sua eficácia, baixo risco de uso, assim como reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Entretanto, devem ser levados em conta alguns pontos para formulação dos fitoterápicos, necessitando do trabalho multidisciplinar, para que a espécie vegetal seja selecionada corretamente, o cultivo seja adequado, a avaliação dos teores dos princípios ativos seja feita e para que a manipulação e a aplicação na clínica médica ocorram (Toledo et al., 2003). O aproveitamento adequado dos princípios ativos de uma planta exige o preparo correto e uso adequado. Os efeitos colaterais são poucos na utilização dos fitoterápicos, desde que utilizados na dosagem correta. A maioria dos efeitos colaterais conhecidos, registrados para plantas medicinais, são extrínsecos à preparação e estão relacionados a diversos problemas de processamento, tais como identificação incorreta das plantas, necessidade de padronização, prática deficiente de processamento, contaminação, substituição e adulteração de plantas, preparação e/ou dosagem incorretas (Veiga Jr. e Pinto, 2005). Como exemplo de avaliação de qualidade quanto aos contaminantes, um estudo investigou amostras de camomila (Matricaria recutita) obtidas em farmácias, ervarias e mercados. Somente cerca de metade das amostras apresentaram os constituintes dos óleos essenciais, necessários à atividade antiinflamatória da planta. Os resultados com a camomila indicam a precariedade com que as plantas medicinais e os fitoterápicos vêm sendo comercializados e confirmam a necessidade urgente de vigilância destes produtos no Brasil (Simões et al., 2001). Tradicionalmente utiliza-se a associação de ervas medicinais em formulações, que devem ser administradas com critério e sob orientação, porque as ervas apresentam muitas vezes efeitos farmacológicos similares, podendo potencializar suas ações. Os medicamentos alopáticos podem ser associados aos fitoterápicos, mediante acompanhamento de um profissional da área de saúde, lembrando que podem potencializar os efeitos de alguns medicamentos alopáticos. As informações técnicas ainda são insuficientes para a maioria das plantas medicinais, de modo a garantir qualidade, eficácia e segurança de uso das mesmas. A domesticação, a produção, os estudos biotecnológicos e o melhoramento genético de plantas medicinais podem oferecer vantagens, uma vez que torna possível obter uniformidade e material de qualidade que são fundamentais para a eficácia e segurança. As plantas medicinais podem ser classificadas por categorias, de acordo com sua ação sobre o organismo: estimulantes, coagulantes, diuréticas, sudoríferas, hipotensoras, de função reguladora intestinal, colagogas, depurativas, remineralizantes e reconstituintes (Lorenzi e Matos, 2002). Mesmo a fitoterapia sendo eficaz, cabe aos profissionais de saúde orientar as pessoas quanto ao uso indiscriminado de algumas plantas medicinais. A principal causa das intoxicações é a presença de alcalóides, cardiotônicos, glicosídios cianogenéticos, proteínas tóxicas, glicosídios e furanocumarinas, C.A.A. López 22 oriundos de algumas espécies de plantas ornamentais. Para evitar acidentes é necessário manter as crianças afastadas das plantas ornamentais, manipular os alimentos corretamente e não utilizar plantas medicinais sem o acompanhamento de profissionais habilitados (Volak e Stodola, 1990). Abordagem etnobotânica Várias definições podem ser encontradas para etnobotânica. Dentre as mais recentes destacam-se: a) disciplina que se ocupa do estudo e conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito do mundo vegetal - engloba a maneira como um grupo social classifica as plantas e a utilidade que dá a elas (Posey, 1986); b) verdadeira botânica científica voltada para o hábitat e uso de uma etnia específica - sendo realizada por alguém treinado em botânica científica, que efetuaria correspondências entre a classificação científicaocidental e local; c) ciência botânica que possui uma etnia específica - vê a cultura de uma sociedade como tudo aquilo que alguém tem que saber ou crer, a fim de operar de forma aceitável para seus membros. A etnobotânica aplicada ao estudo de plantas medicinais trabalha em estreita cumplicidade com a etnofarmacologia, que consiste na exploração científica interdisciplinar de agentes biologicamente ativos, tradicionalmente empregados ou observados por determinado agrupamento humano. A etnobotânica é citada na literatura como sendo um dos caminhos alternativos que mais evoluiu nos últimos anos para a descoberta de produtos naturais bioativos (Nunes et al., 2003). Seleção de espécies vegetais Várias abordagens para a seleção de espécies vegetais têm sido apresentadas na literatura, dentre elas, três tipos são alvo de maiores investigações: a) abordagem randômica - escolha da planta sem qualquer critério, tendo como fator determinante a disponibilidade da planta; b) abordagem quimiotaxonômica ou filogenética – seleção da espécie correlacionada com a ocorrência de uma dada classe química de substâncias em um gênero ou família; c) abordagem etnofarmacológica - seleção da espécie de acordo com o uso terapêutico evidenciado por um determinado grupo étnico. De acordo com a abordagem randômica 10000 diferentes tipos de plantas simbolizam 50000 - 100000 possibilidades estruturais de produtos naturais. As probabilidades de novas descobertas de substâncias inéditas, bioativas ou não, é, sem dúvida, maior na seleção randômica (Maciel et al., 2002). A seleção etnofarmacológica, no entanto, favorece com maior probabilidade a descoberta de novas substâncias bioativas. Nesta abordagem as plantas medicinais são consideradas não apenas como simples matéria prima. A descrição do histórico da planta como um recurso terapêutico eficaz para o tratamento e cura de doenças de determinado grupo étnico, se traduz na economia de tempo e dinheiro, dois dos fatores mais perseguidos pelas economias ocidentais (Nunes et al., 2003). O Trabalho com Plantas Medicinais O número de espécies realmente conhecidas, e utilizadas como medicamentos é pequeno, frente à biodiversidade vegetal e a devastação causada pelo homem, em especial nos séculos XIX e XX (Gottlieb e Kaplan, 1990), surgiu então uma política de preservação do meio ambiente, com receio da perda de espécies raras. Desse modo houve um incentivo às pesquisas de levantamentos florísticos e de triagens químicas das espécies nativas. No Brasil, menos de 1% dessas espécies medicinais nos diferentes ecossistemas foram quimicamente estudadas (Vieira, 1993). O trabalho com plantas medicinais enfoca a questão do cultivo e a produção de mudas. O objetivo do trabalho é reunir de forma sistemática, informações sobre plantas medicinais mais populares, incluindo as nativas e aclimatadas, visando o melhor aproveitamento e desenvolvimento de futuras pesquisas sobre produtos naturais dos trópicos úmidos. As plantas são selecionadas pela eficiência terapêutica, verificadas na literatura científica e pela adaptabilidade do cultivo nas diferentes regiões. As espécies selecionadas são cultivadas em sementeiras e canteiros para formar um banco de germoplasma com matrizes de mudas sadias e perfeitas, para serem oferecidas aos vários segmentos da comunidade, interessados no cultivo das plantas medicinais. Muitas plantas medicinais têm sido coletadas na mata ou nos ambientes naturais. Mas para que seja garantida sua preservação e o fornecimento, com quantidade e de forma constante, é necessário que sejam cultivadas. Os princípios ativos As plantas apresentam diversas vias metabólicas secundárias que levam à formação de compostos, cuja distribuição é restrita a algumas famílias, gêneros ou mesmo espécies. O conjunto de compostos secundários nas plantas é resultado do balanço entre a formação e eliminação desses compostos durante o crescimento da planta, sendo que esse equilíbrio é influenciado por fatores genéticos (que são fixos) e C.A.A. López 23 ambientais como luz, temperatura, tipo de solo, água, além de outros, que são variáveis. Os compostos produzidos pelos vegetais são agrupados em dois grupos: os metabólitos primários, tais como carboidratos, aminoácidos e lipídeos; e os metabólitos secundários que são compostos elaborados a partir da síntese dos metabólitos primários, tais como compostos fenólicos, terpenóides, óleos essenciais e alcalóides entre outros. São esses compostos os responsáveis pelos efeitos medicinais, ou tóxicos, das plantas, e eles apresentam grande importância ecológica, uma vez que podem atuar na atração de polinizadores, ou representar uma defesa química contra estresse ambiental (Di Stasi, 1995). Esses compostos possuem importantes funções nos vegetais, já que são constituídos de substâncias que agem na preservação da integridade das plantas. Por outro lado, esses compostos, ao serem incorporados ao organismo animal, produzem variados efeitos e, quando benéficos, caracterizam as plantas que os possuem. Muitos desses compostos ou grupos deles podem provocar reações nos organismos, esses são os princípios ativos. Algumas dessas substâncias podem ou não ser tóxicas, isto depende muito da dosagem em que venham a ser utilizadas. Assim, planta medicinal é aquela que contém um ou mais de um princípio ativo que lhe confere atividade terapêutica (Lorenzi e Matos, 2002). Nem sempre os princípios ativos de uma planta são conhecidos, mas mesmo assim ela pode apresentar atividade medicinal satisfatória e ser usada desde que não apresente efeito tóxico. Existem vários grupos de princípios ativos, abordaremos apenas alguns de maior importância na Tabela 1. Colheita e processamento O primeiro aspecto a ser observado na produção de plantas medicinais de qualidade, além da condução das plantas, é sem dúvida a colheita no momento certo. As espécies medicinais, no que se refere à produção de substâncias com atividade terapêutica, apresentam alta variabilidade no tempo e espaço. O ponto de colheita varia segundo órgão da planta, estádio de desenvolvimento, época do ano e hora do dia. A distribuição das substâncias ativas, numa planta, pode ser bastante irregular, assim, alguns grupos de substâncias localizam-se preferencialmente em órgãos específicos do vegetal. Tabela 1. Características de alguns grupos de princípios ativos em plantas medicinais Principio ativo Propriedades medicinais ou tóxicas Alcalóides Atuam no sistema nervoso central (calmante, sedativo, estimulante, anestésico, analgésico). Alguns podem ser cancerígenos e outros antitumorais. Mucilagens Cicatrizante, antiinflamatório, laxativo, expectorante e antiespasmódico. Flavonóides Antiinflamatório, fortalece os vasos capilares, antiesclerótico, antidematoso, dilatador de coronárias, espasmolítico, antihepatotóxico, colerético e antimicrobiano. Taninos Adstringentes e antimicrobianos (antidiarréico). Precipitam proteínas. Óleos essenciais Bactericida, antivirótico, cicatrizante, analgésico, relaxante, expectorante e antiespasmódico. Adaptada de Lorenzi e Matos (2002) O estádio de desenvolvimento também é muito importante para que se determine o ponto de colheita, principalmente em plantas perenes e anuais de ciclo longo, onde a máxima concentração é atingida a partir de certa idade e/ou fase de desenvolvimento. Por exemplo, o jaborandi (Pilocarpus microphyllus) apresenta baixo teor de pilocarpina (alcalóide) quando jovem. O alecrim (Rosmarinus officinalis) apresenta maior teor de óleos essenciais após a floração, sendo uma das exceções dentre as plantas medicinais de um modo geral. Há uma grande variação na concentração deprincípios ativos durante o dia: os alcalóides e óleos essenciais concentram-se mais pela manhã, os glicosídeos à tarde. As raízes devem ser colhidas logo pela manhã. Também a época do ano parece exercer algum efeito nos teores de princípios ativos. As cascas são colhidas quando planta está completamente desenvolvida, ao fim da vida anual ou antes da floração (nas perenes), nos arbustos as cascas são separadas no outono e, nas árvores, na primavera. No caso de sementes recomenda-se esperar até o completo amadurecimento. No caso de frutos deiscentes (cujas sementes caem após o amadurecimento), a colheita deve ser antecipada. Os frutos carnosos com finalidade medicinal são coletados completamente maduros. Os frutos secos, como os aquênios, podem cair após a secagem na planta, por isso recomenda-se antecipar a colheita, como ocorre com o funcho (Foeniculum vulgare). C.A.A. López 24 Deve-se salientar que a colheita das plantas em determinado ponto tem o intuito de obter o máximo teor de princípio ativo, no entanto, na maioria das vezes, nada impede que as plantas sejam colhidas antes ou depois do ponto de colheita para uso imediato. O maior problema da época de colheita inadequada é a redução do valor terapêutico e/ou predominância de princípios tóxicos, como no confrei (Symphitum ssp.). Existem alguns aspectos práticos que deveremos levar em consideração, no processo de colheita de algumas espécies. Na Melissa officinalis L. cortamos seus ramos e não somente colhemos suas folhas, desta forma conseguimos uma produção em torno de 3 t/ha e matéria seca, em cortes, que são efetuados no verão e outono. O órgão vegetal seja ele folhas, flor, raiz ou casca, quando recém-colhido apresenta elevado o teor de umidade e substratos, que concorre para que a ação enzimática seja aumentada. A secagem, em virtude da evaporação de água contida nas células e nos tecidos das plantas, reduz o peso do material. Por essa razão promove aumento percentual de princípios ativos em relação ao peso do material (Embrapa – Rondônia). Tabela 2. Recomendações gerais de colheita Parte colhida Ponto de colheita Casca e entrecasca Quando estiver florida Flores No inicio da floração Frutos e sementes Quando maduros Raízes Quando a planta estiver adulta Talos e folhas Antes do florescimento Adaptada de Embrapa – Rondônia Produção e controle de qualidade de fitoterápicos A produção de fitoterápicos pressupõe que estudos de desenvolvimento tenham sido realizados anteriormente, estando os procedimentos e etapas de processamento devidamente estabelecidos. Cumprindo esse quesito, a obtenção de produtos fitoterápicos, quer seja em escala oficinal, hospitalar ou industrial, requer conhecimentos e habilidades específicas dos três pontos do ciclo de produção de medicamentos. Tais conhecimentos e habilidades devem relacionar-se, objetivando a produção de produtos farmacêuticos adequados, de acordo com os conceitos atuais de qualidade, que são o nível de satisfação do produtor e usuário do medicamento e o cumprimento de requisitos pré-fixados que conduzam à sua total adequabilidade ao fim a que se destinam. Portanto, o conhecimento do que se pretende fazer deve ser aliado às normas que permitam alcançar o objetivo traçado, para alcançar a qualidade total. O insumo é o conjunto de bens e serviços que permite, por meio das ações de transformação, a obtenção do medicamento. É indispensável que o produtor conheça profundamente as matérias-primas empregadas a fim de estabelecer, para cada uma delas, uma monografia completa, que vai servir como documento básico para o estabelecimento da ficha de especificações para aquisição, dos protocolos de controle de qualidade, das instruções para suas transformações, entre outras. De acordo com o tipo de matéria-prima, deverão ser delineados os controles de qualidade e tomados os cuidados de conservação e manipulação. O conhecimento dos adjuvantes empregados deverá abranger, em primeiro lugar, as especificações adequadas de conservação e manipulação. A especificação correta do material de embalagem primária pressupõe, por sua vez, o completo domínio do material a ser acondicionado e da composição dos continentes. A sua reatividade, representada pela capacidade de absorver substâncias, de ser permeável a gases ou vapores no sentido do ambiente ou do interior da embalagem ou de ceder componentes para o produto, pode comprometer a qualidade do produto final. As técnicas de produção e de controle de qualidade devem ser precedidas de parâmetros para que as operações ocorram sob completo domínio. A área física da empresa, atendendo à escala de produção, objetiva a adequação de cada área ao tipo de ação que será desenvolvida. Na produção de produtos fitoterápicos, grande atenção deve ser dada no planejamento das áreas à preservação da qualidade físico-química e microbiológica, quer da matéria-prima ativa, quer dos produtos intermediários e final. A validação dos equipamentos, aqui entendida como o conjunto das ações que procuram verificar o correto funcionamento dos mesmos, e a manutenção preventiva complementam as atitudes necessárias de conformidade às boas práticas de produção. Nesta perspectiva se estabelece a montagem do Procedimento Operacional Padrão (POP), o qual deve fixar os parâmetros de operação a serem mantidos e determinar as técnicas de controle de qualidade a serem executadas. A obtenção de formas farmacêuticas derivadas de matéria-prima vegetal necessita de um planejamento inicial, com a finalidade de planejar o manejo da matéria-prima vegetal e demais adjuvantes de acordo com as especificações dos mesmos, além da determinação seqüencial das ações de transformação e monitoramento dos pontos e metodologias de controle mais apropriados. Normalmente o produto intermediário que inicia o processamento da forma farmacêutica classificasse como preparação complexa, trata-se de um produto C.A.A. López 25 oriundo da transformação da planta ou do farmacógeno. Dependendo da disponibilidade de mercado, a matéria-prima pode ser um extrato ou produto derivado, contendo adjuvantes farmacêuticos ou não. Este requer uma série de operações de transformação. A transformação do material vegetal para um produto tecnicamente elaborado, que pode ser intermediário ou acabado, implica a utilização de operações de transformação tecnológica. A complexidade do processo e o número de operações envolvidas estão determinados pelo grau de transformação tecnológica requerido, que pode ser mínimo, como é o caso de pós e drogas rasuradas destinados à preparação de chás; ou bem maior, quando o objetivo é obter frações purificadas ou fórmulas sólidas revestidas. Para cada uma das etapas do processo tecnológico, a escolha de uma operação específica é determinada pelas características físicas e físico-químicas do produto a ser obtido, pela natureza da matéria-prima a ser transformada e pelo volume de produção exigido. A garantia de qualidade do material vegetal a ser processado é fundamental na preparação de fitoterápicos, devendo considerar-se aspectos botânicos, químicos, farmacológicos e de pureza. Por esse motivo, além do teor de substância ativa e intensidade das atividades farmacológica e toxicológica, outros aspectos de qualidade a serem avaliados são a carga microbiana, contaminação química por metais pesados, pesticidas e outros defensivos agrícolas, e presença de matéria estranha, como terra, areia, partes vegetais, insetos e pequenos vertebrados ou de produtos oriundos destes (Brasil, 2000). Conceitos básicos na pesquisa de plantas medicinais Em geral a escolha de uma determinada planta medicinal é feita através da abordagemetnofarmacológica. Uma vez definida a espécie vegetal a ser estudada, define-se também o local da coleta (origem da espécie vegetal escolhida: floresta amazônica; cerrado; mata atlântica; pantanal; caatinga; manguezal; etc.). Nesta fase inicial do trabalho científico, o pesquisador deve estar completamente inteirado da literatura sobre a planta escolhida, porque muitas vezes, plantas medicinais são investigadas parcialmente, validando, portanto, o interesse em novas investigações científicas. Por exemplo: a) se a espécie escolhida é encontrada em regiões diferentes no país, tornasse importante avaliar as modificações químicas que possam ocorrer em decorrência de fatores ambientais variáveis, tais como: fertilidade do solo, umidade, radiação solar, vento, temperatura, herbivoria, poluição atmosférica e poluição do solo. Outros fatores como idade da planta e época de coleta, também poderão causar modificações nos teores dos constituintes químicos de espécies vegetais; b) se a espécie vegetal medicinal estudada sofreu apenas investigação fitoquímica, deixando de lado a abordagem farmacológica, são válidos estudos que interliguem áreas multidiciplinares como etnobotânica, química e farmacologia, buscando resultados que possam validar ou não o uso da planta como medicinal. Em quaisquer circunstâncias, a pesquisa bibliográfica da planta alvo deve ser realizada obedecendo-se os seguintes fatores: gênero, família e classes de substâncias predominantes (Maciel et al., 2002). Com a escolha da planta definida e o local de coleta estabelecido, o levantamento bibliográfico efetuado e o projeto de pesquisa elaborado, parte-se então, para a coleta da planta. A planta escolhida deve ser seguramente identificada. Para atender esta exigência, depende-se de outro especialista: um botânico ou um técnico especializado. A falta de identificação científica (ou uma identificação errônea) anulará todo o trabalho do químico, tornando-o impublicável e praticamente inútil. A coleta, portanto, deve constar de duas etapas: coleta prévia para a identificação botânica da espécie e a coleta definitiva quando se tratar de grandes quantidades de material, destinada para estudos fitoquímicos e/ou farmacológicos. Na etapa prévia, coleta-se pequenos ramos com folhas, flores e frutos em vários estágios de desenvolvimento. As amostras devem ser representativas do aspecto geral da planta, de modo que ramos com danos causados por insetos, fungos ou injúria mecânica, devem ser evitados, porém, se as amostras representativas estiverem com estes danos, devem ser coletadas assim mesmo, pois a representatividade é fator prioritário (Maciel et al., 2002). As amostras coletadas são encaminhadas para um herbário, onde são prensadas e secas (no caso de não terem recebido este tratamento no local da coleta). Após identificação científica, a planta é catalogada contendo os seguintes itens: número de registro da exsicata; timbre da instituição; rótulo com etiqueta; amostra vegetal; envelope para flores e/ou frutos e capa de proteção. Concluída esta etapa inicial do trabalho, deve-se providenciar o seguinte registro de informações: 1) nome científico e família botânica; 2) nome de quem identificou a espécie; 3) número de registro da exsicata; 4) local do herbário; 5) local e data da coleta; 6) nome popular da planta; 7) anotar a parte da planta utilizada na medicina popular e suas indicações terapêuticas; 8) anotar o tipo de solo onde a planta foi coletada, tipo de vegetação local, tipo da planta (arbusto ou árvore), horário de abertura floral C.A.A. López 26 (no caso de conter flores), época de frutificação (no caso de conter frutos), cor e cheiro de várias partes da planta. Quando possível, deve ser tirada uma ou mais fotos da planta inteira no seu hábitat natural (Maciel et al., 2002). A segunda etapa de coleta, destinada ao estudo fitoquímico e/ou farmacológico, consta de uma única coleta ou várias coletas. Neste último caso, as coletas poderão ser realizadas em épocas diferentes do ano e/ou locais diferentes. Caso haja coleta em regiões diferentes, inicia-se novamente todo o processo de identificação botânica, porque muitas vezes plantas diferentes são conhecidas popularmente pelo mesmo nome. Na etapa que determina o estudo fitoquímico, escolhe-se a parte da planta que será investigada (raiz, cascas do caule, caule, galhos, folhas, flores, frutos) e a quantidade de material que será coletado. Num projeto que interligue a fitoquímica com a farmacologia deve-se escolher para coleta a parte da planta que é utilizada na medicina popular. Coleta-se no mínimo 2 kg de material vegetal; no entanto, havendo boas condições de trabalho no laboratório, deve-se coletar entre 3-6 kg de material vegetal, buscando com isso, o isolamento em grandes quantidades de substâncias majoritárias, possibilitando suas avaliações farmacológicas. Durante a coleta, os seguintes itens devem ser cuidadosamente monitorados: separação e etiquetagem do material coletado; embalagem em sacos plásticos; transporte do material; pesagem do material úmido; secagem do material; pesagem do material seco; armazenagem; moagem; pesagem do material triturado; obtenção de extratos. A secagem pode ser realizada ao sol, à sombra ou em estufa, sempre com circulação de ar. Caso haja interesse no óleo essencial, deve-se evitar a secagem. A armazenagem deve ser feita em sacos plásticos, acondicionados em caixas de papelão guardadas em local seguro, com baixa umidade e temperatura (Maciel et al., 2002). Desta maneira, previne-se reações de oxidação, hidrólise, ataque de microorganismos, entre outros. A moagem só deverá ser efetuada na ocasião da preparação dos extratos. A preparação de extratos é feita geralmente por percolação (método de extração a frio), Soxhlet (método de extração a quente) ou ácido- base. A investigação preliminar de constituintes químicos representa, muitas vezes, um estímulo motivador da curiosidade, já que possibilita o conhecimento prévio dos extratos e indica a natureza das substâncias presentes, facilitando a escolha de técnicas de fracionamento cromatográfico. As principais classes de constituintes químicos de plantas que podem ser detectadas com a aplicação de testes analíticos padrões são: ácidos graxos; terpenóides; esteróides; fenóis; alcalóides; cumarinas e flavonóides. Dados da literatura sobre as classes de substâncias detectadas em plantas do mesmo gênero da espécie que será investigada, devem ser analisados e catalogados (Matos, 2000). A escolha dos métodos e separação estão correlacionados com o tipo de extrato com o qual se está trabalhando e com as condições de infra-estrutura do laboratório, onde o trabalho está sendo desenvolvido. A avaliação farmacológica de extratos brutos, frações e substâncias isoladas devem seguir rigorosamente as indicações terapêuticas empíricas divulgadas por estudos etnobotânicos. A seleção correta de testes biológicos específicos, permitirá uma avaliação do uso terapêutico da espécie vegetal, fornecendo também, informações sobre a toxicidade da planta (Maciel et al., 2002). Avaliação biológica A elucidação dos componentes ativos presentes nas plantas, bem como seus mecanismos de ação, vem sendo um dos maiores desafios para a química farmacêutica, bioquímica e a farmacologia. As plantas contêm inúmeros constituintes e seus extratos, quando testados podem apresentar efeitos sinérgicos entre os diferentes princípios ativos devido a presença de compostos de classes ou estruturas diferentes contribuindo para a mesma atividade. No estudo da atividade biológica de extratos vegetais é importante a seleção de bioensaios para a detecção do efeito específico. Os sistemas de ensaio devem sersimples, sensíveis e reprodutíveis. Os bioensaios podem envolver organismos inferiores (microorganismos e microcrustáceos, entre outros), ensaios bioquímicos visando alvos moleculares (enzimas e receptores) e cultura de células animais ou humanas. Contudo, o teste adequado dependerá da doença alvo. Os laboratórios de fitoquímica normalmente não estão preparados para a realização de ensaios biológicos elaborados. O ensaio da letalidade de organismos simples, como o microcrustáceo marinho Artemisa salina Leach, permite a avaliação da toxicidade geral e é considerado um bioensaio preliminar no estudo de extratos e metabólitos especiais com potencial atividade biológica. O desenvolvimento de novas drogas bioativas necessita de modelos apropriados para a identificação de alvos moleculares que sejam fundamentais no crescimento celular seja in vitro ou in vivo. Entre os principais alvos intracelulares temos o DNA, RNA, microtúbulos e enzimas. Entre o grande C.A.A. López 27 número de ensaios possíveis para a obtenção de componentes ativos de plantas, selecionamos alguns testes in vivo e in vitro para avaliação da atividade antitumoral, antiestrogênica e antimutagênica, que constituem alvos de grande importância terapêutica (Maciel et al., 2002). Conclusões O planejamento do estudo farmacológico com plantas tidas como medicinais na forma de chás e extratos exige investigações minuciosas, em face de inúmeros fatores que comumente dificultam a comprovação em modelos animais e humanos, já que são misturas complexas e indefinidas de princípios ativos e outros secundários que, além de variarem constantemente sua composição, podem se potenciar ou antagonizar mutuamente, bem como, com certa freqüência, não produzirem efeitos agudos, em face de períodos de latência que podem alcançar várias semanas. O conhecimento destes fatos contribuirá fundamentalmente para a utilização racional das plantas medicinais e seus preparados com base na medicina tradicional, cabendo aos profissionais das áreas de saúde, estarem atentos quanto à orientação de utilização de chás medicinais, bem como na prática de farmacovigilância. Literatura citada ADEODATO, S., OLIVEIRA, L., e OLIVEIRA, V. 1996.Uma farmácia no fundo do quintal. Globo Ciência, 6(64): 44-49. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 17 de 24 de fevereiro de 2000. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 48, de 16 de março de 2004. CALIXTO J.B. 2000. Efficacy, safety, quality control, marketing and regulatory guidelines for herbal medicines (phytotherapeutic agents). Braz. J. Med. Biol. Res., 33(2): p.179-189. GOTTLIEB, O.R., e KAPLAN, M. A. C. 1990. Amazônia: Tesouro químico a preserva. Ciência hoje 61:17-29. NUNES, G.P., SILVA, M.F. da., RESENDE, U.M., SIQUEIRA, J.M. de. 2003. Plantas medicinais comercializadas por raizeiros no Centro de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Revista. Brasileira de. Farmacognosia, 13(2). ODY, P. 1993. The complete medicinal herbal. Dorling Kindersley. Nova Iorque. 192p. LORENZI, H., e MATOS, F. J. A. 2002. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas.Nova Odesa. Instituto Plantarum. 512p MACIEL, M. A. M., PINTO, A. C., e VEIGA JR,V. 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