Buscar

APOSTILA DIREITO CIVIL VII

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 85 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 85 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 85 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
AAPPOOSSTTIILLAA 
 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL 
 
VVIIII 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor: Ricardo José Magalhães Ferreira 
Atualizada até janeiro de 2.014 
 
 
 
2.014/1 
2 
APOSTILA DE DIREITO CIVIL VII 
8º PERÍODO 
 
Professor: Ricardo José Magalhães Ferreira 
Dúvidas enviar para: E-mail: ricardo_ferreiraadv@hotmail.com 
Contato: (64) 9230-9090 – (64) 9971-9818 
Whatszap- (64) 8457-4020 
Facebook: Ricardo Ferreira 
 
DIREITO DE FAMÍLIA, Art. 1.511 e seguintes CC. 
 
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO DIREITO DE 
FAMÍLIA 
 
 Presente em toda a história da civilização humana, embora se 
trate de uma construção social organizada através de regras culturais em 
constantes alterações, a entidade familiar sempre ocupou lugar de destaque, de 
tal forma que ainda na época da criação das primeiras Cidades Burgos, partia-se 
de uma sociedade essencialmente patriarcal, onde o varão da família tinha 
absoluto respeito dos demais membros da família e quando falecia, construíam-
se verdadeiros tempos no centro da residência para venera-los. 
 
 No Brasil, o conceito tradicional de família, partia de uma 
sociedade predominantemente materialista e matrimonial e se constituía apenas 
através do casamento, este conceito veio sofrendo profundas transformações ao 
longo dos tempos. Nesse modelo familiar extremamente patriarcal, prevalecia a 
vontade do homem enquanto provedor, como marido e como pai, e cabia 
somente a ele decidir o destino dessa família. 
3 
 
 Em meados do século passado, essa família começou a 
passar por profundas transformações, dois fatores foram de estrema importância 
para propiciar tais transformações, o primeiro diz respeito ao povoamento das 
cidades, as famílias passaram a deixar o campo e povoar as grandes cidades, e 
com isso a mulher passou a ingressar no mercado de trabalho, promovendo uma 
relativa independência desta. Outro fator que muito colaborou com essas 
transformações foi o aparecimento da pílula anticoncepcional, permitindo a 
mulher controlar sua natalidade. 
 
 A partir do momento em que a mulher passou a controlar o 
número de filhos e contribuir no orçamento doméstico, somado a outros fatores, 
foram de extrema importância para a mudança no modelo tradicional de família, 
a mulher, embora de maneira irrelevante, passa a participar das decisões dentro 
do seu lar, o que veia a propiciar o surgimento da Lei 4.121/62 (Estatuto da 
Mulher Casada), que embora hoje pareça irrelevante, trouxe profundas 
modificações no ceio da sociedade familiar à época, dentre as alterações, 
citamos: 
 
 Permitia que a mulher desempenha-se profissão distinta da do marido, e 
sem necessitar da autorização expressa deste. 
 
 A mulher deixou de depender exclusivamente da vontade do marido e 
passa a contribuir na sociedade conjugal. 
 
 A mulher adquiriu o direito de administrar seus bens particulares. 
 
4 
 A mulher adquire o direito de livremente, sem a necessidade da 
autorização do marido, ingressar em juízo para buscar seus direitos. 
 
 Este avanço veia a culminar na Constituição de 1988 que 
finalmente veio a igualar os direitos entre homens e mulheres na administração 
e tomadas de decisão da família. 
 
 Segundo as atuais definições constitucionais, a família 
assume a condição de núcleo socializador da sociedade, pois representa o 
primeiro agente socializador do ser humano. 
 
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL: Até 1890, quem ditava as regras 
para o casamento era a Igreja, com a ruptura entre Estado e Igreja, dá-se início 
efetivo a normatização sobre o direito de família. Dentre as legislações e 
precedentes mais relevantes, citamos: 
 
 Decreto 181/1890 que criou uma espécie de divorcio que se equiparava ao 
extinto desquite e tinha efeitos meramente patrimoniais e não extinguia o 
casamento. 
 
 Código Civil de 1916 previa que somente existia família se houvesse 
casamento, proibiu o divórcio criando a figura do desquite que separava o 
casal e o seu patrimônio, mas mantinha o vínculo conjugal e não permitia 
casar de novo, a sociedade conjugal era extremamente patriarcal e previa 
grotescas diferenciações entre os filhos, rotulando os de naturais, 
adulterinos etc. 
 
5 
 Em 1962 surge o Estatuto da Mulher Casada, devolvendo a capacidade 
para a mulher casada e assegurando a propriedade exclusiva dos bens 
adquiridos pelo seu trabalho. 
 
 Em 1977 surge a lei nº 6.515/77, modificando o regime legal de bens e 
criando a figura do Divórcio. Ela transforma o desquite em separação. E 
depois somente depois de três anos separado a pessoa se divorciava, e só 
então poderia casar novamente. 
 
 Em 1988 com a nova Constituição surge um novo modelo de família, 
previsto no Art. 226, afastando a proteção estatal do núcleo familiar e 
estendendo esta proteção a cada um dos membros (família eudemonista). 
 
 Em 2002 veio o novo código civil que sepultou a letra morta do código de 
1916, acolhendo os preceitos constitucionais. 
 
 Em 2007 veio a lei nº 1441 que passa a prever o fim do casamento através 
de escritura pública no Tabelionato, desde que inexista controvérsias e os 
filhos sejam maiores e capazes. 
 
 Em 2008 surge a regulamentação da guarda compartilhada, lei 11.698. 
 
 Em 2010 a emenda constitucional 66 acaba com a separação, e 
atualmente, do casamento vai direto para o divórcio. Não existe mais 
culpa na separação e no divórcio. 
 
 Em 2011, foram editadas a ADI 4.277/ DF, e posteriormente a ADPF 
132/RJ, que determinavam que o artigo 1723, CC, deveria ser 
6 
interpretado à luz do artigo 226, § 7º da CF, erga hominis, com efeito 
vinculante permitindo a união estável entre pessoas do mesmo sexo. 
 
 Em 2012 foi editado o RE nº 1.183.378/RS, seguido de diversos 
Provimentos de Corregedorias Estaduais de Justiça, entre elas, o estado de 
São Paulo que editou o pioneiro Provimento de nº 41/2012, autorizando 
definitivamente o casamento homo afetivo, sendo então utilizado como 
precedente nos demais Estados. 
 
AFETO COMO ELEMENTO CENTRAL DAS ENTIDADES 
FAMILIARES: O conceito de família sempre se adaptou à realidade dos 
tempos, más um aspecto central sempre esteve presente ao longo da história em 
qualquer entidade familiar, ou seja, o afeto não surge em razão de uma 
imposição legal, más sim pela convivência entre pessoas com reciprocidade de 
sentimentos. O afeto se caracteriza no tratamento/relação mútuo entre os 
cônjuges e destes para com os filhos, que se vinculam não apenas pelo sangue, 
más por amor e carinho. 
 
CONCEITO DE DIREITO DE FAMÍLIA: O Direito de Família é um 
segmento do Direito Civil que regulamenta e disciplina, por intermédio de um 
conjunto de princípios e regras, as relações pessoais originárias do matrimônio, 
união estável ou parentesco, além dos institutos complementares da tutela e 
curatela. 
 
ESTADO DE FAMÍLIA: Nos dias atuais, o afeto deixa de ser um mero traço 
sentimental para ocupar um papel central nas relações de direito de família 
atual. A doutrina deixou de se preocupar exclusivamente com a composição e a 
estrutura de uma entidade familiar, passando a buscar prioritariamente 
7 
identificar e definir os direitos e deveres que uma pessoa ocupa dentro de um 
núcleo familiar em razão de vínculos afetivos, esse posicionamento doutrinário 
e conhecido como “estado de família”, que tem como pressupostos a 
cooperação, respeito, cuidado, amizade, carinho, afinidade, atenção recíproca 
entre todo este reposicionamento das relações familiares, permite a 
revalorização da dignidadehumana, pois coloca a pessoa como centro da tutela 
jurídica. 
 
FAMÍLIA E A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL: A proteção à família, 
segundo o novel legislador constituinte, para possuir status constitucional, 
dentre as principais alterações trazidas pela Constituição de 88, citamos: 
 
 A equiparação do homem e da mulher tanto no controle familiar 
(desaparece o poder patriarcal), quanto na vida civil de uma maneira 
geral. 
 
 A promoção da equiparação dos filhos indistintamente desaparece a 
dicotomia entre filhos legítimos, naturais, adulterinos, adotivos etc. 
 
 O reconhecimento constitucional de mais duas formas de família (rol 
exemplificativo), ou seja, a união estável e a família monoparental. 
 
Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado. 
 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida 
a união estável entre o homem e a mulher como 
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão 
8 
em casamento. 
 
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a 
comunidade formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes. 
 
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade 
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela 
mulher. 
 
INFORMAÇÃO IMPORTANTE: Com o advento da Novel Carta Política, o 
elemento justificador da família deixou de ser o formal (casamento civil), 
passando a ser a afetividade vista não apenas num sentido de amor más, num 
sentido jurídico da palavra. Como exemplo, vejamos o que prescreve a Lei 
Maria da Penha: 
 
Art. 5
o
 Para os efeitos desta Lei, configura violência 
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou 
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral 
ou patrimonial: 
 
II - no âmbito da família, compreendida como a 
comunidade formada por indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidos por laços naturais, 
por afinidade ou por vontade expressa; (grifo nosso). 
 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o 
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. (grifo nosso). 
 
9 
FAMÍLIA EUDEMONISTA: Pela nossa concepção constitucional, a proteção 
familiar não mais se concentra em seu núcleo, más, esta proteção agora se 
estende à pessoa de cada um de seus membros isoladamente, desta forma a 
família se torna um meio de promoção pessoal de seus membros, vejamos: 
 
Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado. 
 
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa 
humana e da paternidade responsável, o planejamento 
familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado 
propiciar recursos educacionais e científicos para o 
exercício desse direito, vedada qualquer forma 
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. 
(grifo nosso) 
 
§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na 
pessoa de cada um dos que a integram, criando 
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas 
relações. (grifo nosso) 
 
MODELOS CONSTITUCIONAIS DE ENTIDADES FAMILIARES: De 
oportuno, peço vênia para deixar claro que o rol de arranjos de família 
elencados na constituição, é meramente explicativo (números apertus), até 
porque, o inciso 7º do artigo 226, deixa livre o planejamento familiar ao casal, 
não fazendo nenhuma distinção de sexo. 
 
 FAMÍLIA TRADICIONAL: Trata-se da família matrimonial, ou seja, 
aquela alicerçado no casamento civil, formado por ambos os pais e seus 
filhos. 
10 
 
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que 
o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua 
vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os 
declara casados. 
 
 UNIÃO ESTÁVEL: Antes da vigência da CF de 88, as relações não 
matrimoniais não contavam com a proteção do Estado e eram vistas como 
concubinato, desde então passaram a figurar como modelo familiar 
distinto. 
 
Art. 226 - ... 
 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida 
a união estável entre o homem e a mulher como 
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão 
em casamento. 
 
 FAMÍLIA MONOPARENTAL: Trata-se da família formado por apenas 
um dos genitores e seus filhos, formada pelas ditas mães solteiras e seus 
filhos etc. 
 
Art. 226 - ... 
 
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a 
comunidade formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes. 
 
OUTROS FORMATOS DE FAMÍLIA: Além das formas constitucionais de 
famílias, o Estatuto da Criança e do Adolescente, trás ainda outras modelos de 
11 
composição familiar. 
 
 FAMÍLIA NATURAL: Trata-se da família composta por um ou ambos 
os pais e seus descendentes, ou seja, a família em sentido estrito. 
 
 FAMÍLIA SUBSTITUTA: Família alheia a relação pais e filhos, que seja 
pelo instituto da tutela ou guarda, ampara o menos. 
 
 FAMÍLIA EXTENSA OU AMPLIADA: A família formada pelo menor 
e outros parentes, sanguíneos ou colaterais com que tenha vínculos 
familiar e afetivo, exemplo, tios, avós, irmãos mais velhos etc. 
 
 FAMÍLIA ADOTIVA OU SOCIOFETIVA: Aquela oriunda de um 
processo de adoção ressalte que se trata de mera distinção formal, tendo 
em vista que a Constituição não admite distinção entre filhos. 
 
 Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade 
formada pelos pais ou qualquer deles e seus 
descendentes. 
 
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou 
ampliada aquela que se estende para além da unidade 
pais e filhos ou da unidade do casal, formada por 
parentes próximos com os quais a criança ou 
adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e 
afetividade. 
 
NOVOS MODELOS DE FAMÍLIA: Lembre-se que o rol de formatos 
familiares constitucionais e meramente exemplificativo e que no paragrafo 7º do 
12 
artigo 226, fica claro que o planejamento familiar, nesse sentido visto como 
escolha de formato familiar, é livre, dai os doutrinadores apresentam outras 
formas de composição familiar, que embora não positivadas, merecem a 
proteção do Estado. 
 
 FAMÍLIA PLURIPARENTAL: Doutrinariamente conhecida como 
família mosaico, complexa, reconstituída ou composta, é aquela formada 
por pessoas que já tinham uma relação anterior e filhos e por algum 
motivo passam a viver com outra pessoa. Exemplo o viúvo com filhos 
que se une a mãe solteira, criando-se assim uma interdependência entre 
todos. 
 
 FAMÍLIAS PARALELAS: Formato familiar ainda desprovido de efeitos 
jurídicos, nesse formato a pessoa tem mais de um parceiro, podendo este 
relacionamento múltiplo contar ou não com o consentimento do outro. 
Um bom exemplo disso é o relacionamento do Rapper MC Katra. Não se 
esqueça, ainda, que até 1988 a união estável não era reconhecida e até 
então havia apenas Sumulas não vinculantes que reconheciam seus 
direitos patrimoniais. 
 
OBSERVAÇÃO: Este modelo familiar tem sido constantemente utilizado em 
teses de mestrado e doutorado e, embora aparentemente ilegal, em alguns casos, 
já vem obtendo êxito nos Tribunais. 
 
SIMPLIFICANDO: A título de exemplo, digamos que uma pessoa casada, 
tenha um pequeno restaurante e sua amante/concubina o ajude neste 
empreendimento sem vínculo empregatício, criando novas receitas e atraindo 
13 
nova clientela. Após ter prosperado com ajuda desta o empresário, já abastado, 
resolve dissolver a relação, a amante/concubina teria algum direito patrimonial, 
e se este viesse a falecer, teria direito a uma pensão? 
 
 FAMÍLIA ANAPARENTAL: Grupo familiar formado por irmãos queresidem juntos ou sobrinhos com tios que acabam por gerar afeto. Trata-
se de parentes sem diversidade de gerações, não dependentes um dos 
outros, caso de irmãs que com a morte dos pais, permaneceram residindo 
juntas por exemplo. 
 
 FAMÍLIA UNIPESSOAL: Também é merecedor da proteção estatal a 
pessoa que por opção, decide não ter filhos nem contrair matrimônio, ou 
até mesmo viva em união estável más resida em casas separadas. Esta 
proteção ganhou força com a edição da súmula 364 do STJ. 
 
STJ Súmula nº 364 - O conceito de impenhorabilidade 
de bem de família abrange também o imóvel 
pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. 
 
CONCEITO DE EUDEMONISMO: Eudemonismo é a busca da felicidade de 
cada pessoa na constituição da família. Trata-se do conceito mais inovador de 
família, onde os membros da família permanecem no ceio desta na busca de sua 
felicidade e realização pessoal, do fato de ter uma companhia. 
 
OBSERVAÇÃO: A família deixa de ser um núcleo patrimonial onde as 
pessoas, mesmo infelizes, traídas ou vítimas de violência doméstica, mantinham 
seu matrimônio para evitar a pecha dos comentários maldosos e prejuízos 
patrimoniais. 
14 
 
CURIOSIDADE: Embora o divórcio fosse criado pela Emenda Constitucional 
09/77, e durante a vigência do Código Civil de 1916, o casamento não se 
dissolvia, apenas se afastavam os compromissos matrimoniais e havia a 
separação dos bens via desquite. Ressalte-se ainda que entre 1890 e o advento 
do CC de 1916, regia o Decreto 181/1890 que criou uma espécie de divorcio 
que se equiparava ao extinto desquite, com efeitos apenas patrimoniais, não 
pondo fim a relação matrimonial por completo. 
 
FAMÍLIA HOMO AFETIVA: Ainda controverso, a união de pessoas do 
mesmo sexo já vinha sendo discutida nos tribunais a título patrimonial. 
Questionava-se se pessoas do sexo que conviviam de forma afetuosa sob o 
mesmo teto, teriam direito a herança e pensão por morte do companheiro, 
direito a partilha dos bens em caso de dissolução da relação e assim por diante, 
este dilema sofreu uma grande reversão após o julgamento da ADI 4.277/ DF, e 
posteriormente a ADPF 132/RJ, que determinavam que o artigo 1723, CC, 
deveria ser interpretado à luz do artigo 226, § 7º da CF, erga hominis, com 
efeito vinculante. 
 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a 
união estável entre o homem e a mulher, configurada 
na convivência pública, contínua e duradoura e 
estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
 
Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado. 
 
 
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa 
15 
humana e da paternidade responsável, o planejamento 
familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado 
propiciar recursos educacionais e científicos para o 
exercício desse direito, vedada qualquer forma 
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. 
 
 
DETALHE IMPORTANTE: Referidos acórdãos ainda não conferiam a 
possibilidade de realização de casamente entre pessoas do mesmo sexo más, 
apenas a equiparação da união homo afetiva ao status de união estável. 
 
 
Processo: ADI 4277 DF 
Relator (a): Min. AYRES BRITTO 
Julgamento: 05/05/2011 
Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação: DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-03 PP-00341 
Parte(s): 
MIN. AYRES BRITTO 
CONECTAS DIREITOS HUMANOS 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GAYS, LÉSBICAS E TRANSGÊNEROS - ABGLT 
ASSOCIAÇÃO DE INCENTIVO À EDUCAÇÃO E SAÚDE DE SÃO PAULO 
FERNANDO QUARESMA DE AZEVEDO E OUTRO(A/S) 
MARCELA CRISTINA FOGAÇA VIEIRA E OUTRO(A/S) 
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO DE FAMÍLIA - IBDFAM 
RODRIGO DA CUNHA PEREIRA 
ASSOCIAÇÃO EDUARDO BANKS 
REINALDO JOSÉ GALLO JÚNIOR 
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL - CNBB 
JOÃO PAULO AMARAL RODRIGUES E OUTRO(A/S) 
PROCURADORA-GERAL DA REPÚBLICA 
PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO 
CONGRESSO NACIONAL 
Ementa 
Ementa: 
1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA 
PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA 
DE INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO COMO 
INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA 
ABSTRATA. JULGAMENTO CONJUNTO. Encampação dos fundamentos daADPF nº 132-RJ pela ADI 
nº 4.277-DF, com a finalidade de conferir “interpretação conforme à Constituição” ao 
art. 1.723 do Código Civil. Atendimento das condições da ação. 
16 
2. PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO DA 
DICOTOMIA HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE 
CADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO 
CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO VALOR 
SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, 
INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO 
QUE É DA AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. 
CLÁUSULA PÉTREA. O sexo das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou implícita em 
sentido contrário, não se presta como fator de desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz do 
inciso IV do art. 3º da Constituição Federal, por colidir frontalmente com o objetivo constitucional de 
promover o bem de todos”. Silêncio normativo da Carta Magna a respeito do concreto uso do sexo dos 
indivíduos como saque da kelseniana “norma geral negativa”, segundo a qual “o que não estiver 
juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido”. Reconhecimento do direito à 
preferência sexual como direta emanação do princípio da “dignidade da pessoa humana”: direito a auto-
estima no mais elevado ponto da consciência do indivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto normativo 
da proibição do preconceito para a proclamação do direito à liberdade sexual. O concreto uso da 
sexualidade faz parte da autonomia da vontade das pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos 
planos da intimidade e da privacidade constitucionalmente tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusula 
pétrea. 
3. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE 
QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM 
SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO 
CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUBJETIVO DE 
CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. O caput do art. 226 confere à 
família, base da sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase constitucional à instituição da família. 
Família em seu coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou 
informalmente constituída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. 
A Constituição de 1988, ao utilizar-se da expressão “família”, não limita sua formação a casais 
heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa. Família como 
instituição privada que, voluntariamente constituída entre pessoas adultas, mantém com o Estado e a 
sociedade civil uma necessária relação tricotômica. Núcleo familiar que é o principal lócus institucional de 
concreção dos direitos fundamentais que a própria Constituiçãodesigna por “intimidade e vida privada” 
(inciso X do art. 5º). Isonomia entre casais heteroafetivos e pares homoafetivos que somente ganha 
plenitude de sentido se desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família. 
Família como figura central ou continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade da 
interpretação não-reducionista do conceito de família como instituição que também se forma por viasdistintas do casamento civil. Avanço da Constituição Federal de 1988 no plano dos costumes. Caminhada 
na direção do pluralismo como categoria sócio-político-cultural. Competência do Supremo Tribunal 
Federal para manter, interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamental atributo da 
coerência, o que passa pela eliminação de preconceito quanto à orientação sexual das pessoas. 
4. UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS 
APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO DESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO 
CONSTITUCIONAL DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU SEM 
HIERARQUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO. IDENTIDADE 
CONSTITUCIONAL DOS CONCEITOS DE “ENTIDADE FAMILIAR” E “FAMÍLIA”. A referência 
constitucional à dualidade básica homem/mulher, no § 3º do seu art. 226, deve-se ao centrado intuito de 
não se perder a menor oportunidade para favorecer relações jurídicas horizontais ou sem hierarquia no 
âmbito das sociedades domésticas. Reforço normativo a um mais eficiente combate à renitência patriarcal 
dos costumes brasileiros. Impossibilidade de uso da letra da Constituição para ressuscitar o art. 175 da 
Carta de 1967/1969. Não há como fazer rolar a cabeça do art. 226 no patíbulo do seu parágrafo terceiro. 
Dispositivo que, ao utilizar da terminologia “entidade familiar”, não pretendeu diferenciá-la da família”. 
Inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas deconstituição de um 
novo e autonomizado núcleo doméstico. Emprego do fraseado “entidade familiar” como sinônimo perfeito 
de família. A Constituição não interdita a formação de família por pessoas do mesmo sexo. Consagração 
do juízo de que não se proíbe nada a ninguém senão em face de um direito ou de proteção de um legítimo 
interesse de outrem, ou de toda a sociedade, o que não se dá na hipótese sub judice. Inexistência do direito 
dos indivíduos heteroafetivos à sua não-equiparação jurídica com os indivíduos homoafetivos. 
Aplicabilidade do§ 2º do art. 5º da Constituição Federal, a evidenciar que outros direitos e garantias, não 
17 
expressamente listados na Constituição, emergem “do regime e dos princípios por ela adotados”, verbis: 
“Os direitos e garantias expressos nestaConstituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte”. 
5. DIVERGÊNCIAS LATERAIS QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. Anotação de que 
os Ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar Peluso convergiram no particular 
entendimento da impossibilidade de ortodoxo enquadramento da união homoafetiva nas espécies de 
família constitucionalmente estabelecidas. Sem embargo, reconheceram a união entre parceiros do mesmo 
sexo como uma nova forma de entidade familiar. Matéria aberta à conformação legislativa, sem prejuízo 
do reconhecimento da imediata auto-aplicabilidade da Constituição. 
6. INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM 
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”). 
RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS 
AÇÕES. Ante a possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do 
art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de 
interpretação conforme à Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado 
que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como 
família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da 
união estável heteroafetiva. 
 
 
Processo: ADPF 132 RJ 
Relator(a): Min. AYRES BRITTO 
Julgamento: 05/05/2011 
Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação: DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-01 PP-00001 
Parte(s): 
GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS 
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
CONECTAS DIREITOS HUMANOS 
EDH - ESCRITÓRIO DE DIREITOS HUMANOS DO ESTADO DE MINAS GERAIS 
GGB - GRUPO GAY DA BAHIA 
ELOISA MACHADO DE ALMEIDA 
ANIS - INSTITUTO DE BIOÉTICA, DIREITOS HUMANOS E GÊNERO 
EDUARDO BASTOS FURTADO DE MENDONÇA 
GRUPO DE ESTUDOS EM DIREITO INTERNACIONAL DA UNIVERSIDADE 
FEDERAL DE MINAS GERAIS - GEDI-UFMG 
CENTRO DE REFERÊNCIA DE GAYS, LÉSBICAS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS, 
TRANSEXUAIS E TRANSGÊNEROS DO ESTADO DE MINAS GERAIS - CENTRO 
DE REFERÊNCIA GLBTTT 
CENTRO DE LUTA PELA LIVRE ORIENTAÇÃO SEXUAL - CELLOS 
ASSOCIAÇÃO DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS DE MINAS GERAIS - ASSTRAV 
RODOLFO COMPART DE MORAES 
GRUPO ARCO-ÍRIS DE CONSCIENTIZAÇÃO HOMOSSEXUAL 
THIAGO BOTTINO DO AMARAL 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GAYS, LÉSBICAS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E 
TRANSEXUAIS - ABGLT 
CAPRICE CAMARGO JACEWICZ 
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO DE FAMÍLIA - IBDFAM 
RODRIGO DA CUNHA PEREIRA 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIREITO PÚBLICO - SBDP 
EVORAH LUSCI COSTA CARDOSO 
18 
ASSOCIAÇÃO DE INCENTIVO À EDUCAÇÃO E SAÚDE DO ESTADO DE SÃO 
PAULO 
FERNANDO QUARESMA DE AZEVEDO E OUTRO(A/S) 
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL - CNBB 
FELIPE INÁCIO ZANCHET MAGALHÃES E OUTRO(A/S) 
ASSOCIAÇÃO EDUARDO BANKS 
RALPH ANZOLIN LICHOTE E OUTRO(A/S) 
Ementa 
Ementa: 
1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA 
PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA 
DE INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO COMO 
INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA 
ABSTRATA. JULGAMENTO CONJUNTO. Encampação dos fundamentos daADPF nº 132-RJ pela ADI 
nº 4.277-DF, com a finalidade de conferir “interpretação conforme à Constituição” ao 
art. 1.723 do Código Civil. Atendimento das condições da ação. 
2. PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO DA 
DICOTOMIA HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE 
CADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO 
CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO VALOR 
SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, 
INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO 
QUE É DA AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. 
CLÁUSULA PÉTREA. O sexo das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou implícita em 
sentido contrário, não se presta como fator de desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz do 
inciso IV do art. 3º da Constituição Federal, por colidir frontalmente com o objetivo constitucional de 
promover o bem de todos”. Silêncio normativo da Carta Magna a respeito do concreto uso do sexo dos 
indivíduos como saque da kelseniana “norma geral negativa”, segundo a qual “o que não estiver 
juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido”. Reconhecimento do direito à 
preferência sexual como direta emanação do princípio da “dignidade da pessoa humana”: direito a auto-
estima no mais elevado ponto da consciência do indivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto normativo 
da proibição do preconceito para a proclamação do direito à liberdade sexual. O concreto uso da 
sexualidade faz parte da autonomia da vontade das pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos 
planos da intimidade e da privacidade constitucionalmente tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusula 
pétrea. 
3. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE 
QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM 
SIGNIFICADO ORTODOXOOU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO 
CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUBJETIVO DE 
CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. O caput do art. 226 confere à 
família, base da sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase constitucional à instituição da família. 
Família em seu coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou 
informalmente constituída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. 
A Constituição de 1988, ao utilizar-se da expressão “família”, não limita sua formação a casais 
heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa. Família como 
instituição privada que, voluntariamente constituída entre pessoas adultas, mantém com o Estado e a 
sociedade civil uma necessária relação tricotômica. Núcleo familiar que é o principal lócus institucional de 
concreção dos direitos fundamentais que a própria Constituiçãodesigna por “intimidade e vida privada” 
(inciso X do art. 5º). Isonomia entre casais heteroafetivos e pares homoafetivos que somente ganha 
plenitude de sentido se desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família. 
Família como figura central ou continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade da 
interpretação não-reducionista do conceito de família como instituição que também se forma por vias 
distintas do casamento civil. Avanço da Constituição Federal de 1988 no plano dos costumes. Caminhada 
na direção do pluralismo como categoria sócio-político-cultural. Competência do Supremo Tribunal 
Federal para manter, interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamental atributo da 
coerência, o que passa pela eliminação de preconceito quanto à orientação sexual das pessoas. 
19 
4. UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL REFERIDA A HOMEM E MULHER, MAS 
APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO DESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO 
CONSTITUCIONAL DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU SEM 
HIERARQUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO. IDENTIDADE 
CONSTITUCIONAL DOS CONCEITOS DE “ENTIDADE FAMILIAR” E “FAMÍLIA”. A referência 
constitucional à dualidade básica homem/mulher, no § 3º do seu art. 226, deve-se ao centrado intuito de 
não se perder a menor oportunidade para favorecer relações jurídicas horizontais ou sem hierarquia no 
âmbito das sociedades domésticas. Reforço normativo a um mais eficiente combate à renitência patriarcal 
dos costumes brasileiros. Impossibilidade de uso da letra da Constituição para ressuscitar o art. 175 da 
Carta de 1967/1969. Não há como fazer rolar a cabeça do art. 226 no patíbulo do seu parágrafo terceiro. 
Dispositivo que, ao utilizar da terminologia “entidade familiar”, não pretendeu diferenciá-la da família”. 
Inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas deconstituição de um 
novo e autonomizado núcleo doméstico. Emprego do fraseado “entidade familiar” como sinônimo perfeito 
de família. A Constituição não interdita a formação de família por pessoas do mesmo sexo. Consagração 
do juízo de que não se proíbe nada a ninguém senão em face de um direito ou de proteção de um legítimo 
interesse de outrem, ou de toda a sociedade, o que não se dá na hipótese sub judice. Inexistência do direito 
dos indivíduos heteroafetivos à sua não-equiparação jurídica com os indivíduos homoafetivos. 
Aplicabilidade do§ 2º do art. 5º da Constituição Federal, a evidenciar que outros direitos e garantias, não 
expressamente listados na Constituição, emergem “do regime e dos princípios por ela adotados”, verbis: 
“Os direitos e garantias expressos nestaConstituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte”. 
5. DIVERGÊNCIAS LATERAIS QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. Anotação de que 
os Ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar Peluso convergiram no particular 
entendimento da impossibilidade de ortodoxo enquadramento da união homoafetiva nas espécies de 
família constitucionalmente estabelecidas. Sem embargo, reconheceram a união entre parceiros do mesmo 
sexo como uma nova forma de entidade familiar. Matéria aberta à conformação legislativa, sem prejuízo 
do reconhecimento da imediata auto-aplicabilidade da Constituição. 
6. INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM 
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”). 
RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS 
AÇÕES. Ante a possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do 
art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de 
interpretação conforme à Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado 
que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como 
família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da 
união estável heteroafetiva. 
 
 
CASAMENTO HOMO AFETIVO: Embora os provimentos anteriores ainda 
não permitissem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o permissivo do 
inciso 3º do artigo 226 da CF, parte final, dispunha que a lei deveria facilitar a 
conversão da união estável em casamento. Com base nesse permissivo foi 
editada a RE 1.183.378/RS, seguida de diversos Provimentos de Corregedorias 
Estaduais de Justiça, entre elas, o estado de São Paulo editou o pioneiro 
Provimento de nº 41/2012, autorizando definitivamente o casamento homo 
afetivo, sendo então utilizado como precende. 
 
20 
Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado. 
 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida 
a união estável entre o homem e a mulher como 
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão 
em casamento. 
 
___________________________________________________________________________ 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.183.378 - RS (2010/0036663-8) 
RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMAO 
RECORRENTE : K R O 
RECORRENTE : L P 
ADVOGADO : GUSTAVO CARVALHO BERNARDES E OUTRO (S) 
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
EMENTA 
DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO 
(HOMOAFETIVO). INTERPRETAÇAO DOS ARTS. 1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565DO CÓDIGO 
CIVIL DE 2002. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇAO EXPRESSA A QUE SE HABILITEM PARA O 
CASAMENTO PESSOAS DO MESMO SEXO. VEDAÇAOIMPLÍCITA CONSTITUCIONALMENTE 
INACEITÁVEL. ORIENTAÇAO PRINCIPIOLÓGICA CONFERIDA PELO STF NO JULGAMENTO 
DA ADPF N. 132/RJ E DA ADI N. 4.277/DF. 
1. Embora criado pela Constituição Federal como guardião do direitoinfraconstitucional, no estado atual 
em que se encontra a evolução do direito privado, vigorante a fase histórica da constitucionalização 
do direito civil , não é possível ao STJ analisar as celeumas que lhe aportam "de costas" para 
a Constituição Federal, sob pena de ser entregue ao jurisdicionado um direito desatualizado e sem lastro 
na Lei Maior. Vale dizer, o Superior Tribunal de Justiça, cumprindo sua missão de uniformizar o direito 
infraconstitucional, não pode conferir à lei uma interpretação que não seja constitucionalmente aceita. 
2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto da ADPF n. 132/RJ e da ADI n. 4.277/DF, 
conferiu ao art. 1.723 do Código Civil de 2002 interpretação conforme àConstituição para dele excluir 
todo significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do 
mesmo sexo como entidade familiar ,entendida esta como sinônimo perfeito de família . 
3. Inaugura-secom a Constituição Federal de 1988 uma nova fase do direito de família e, 
consequentemente, do casamento, baseada na adoção de um explícitopoliformismo familiar em 
que arranjos multifacetados são igualmente aptos a constituir esse núcleo doméstico chamado "família", 
recebendo todos eles a "especialproteção do Estado". Assim, é bem de ver que, em 1988, não houve uma 
recepção constitucional do conceito histórico de casamento, sempre considerado como via única para 
a constituição de família e, por vezes, um ambiente de subversão dos ora consagrados princípios da 
igualdade e da dignidade da pessoa humana. Agora, a concepção constitucional do casamento - 
diferentemente do que ocorria com osdiplomas superados - deve ser necessariamente plural, porque 
plurais também são as famílias e, ademais, não é ele, o casamento, o destinatário final da proteção do 
Estado, mas apenas o intermediário de um propósito maior, que é a proteção da pessoa humana em 
sua inalienável dignidade. 
4. O pluralismo familiar engendrado pela Constituição - explicitamente reconhecido em precedentes tanto 
desta Corte quanto do STF - impede se pretenda afirmar que as famílias formadas por 
pares homoafetivos sejam menos dignas de proteção do Estado, se comparadas com aquelas apoiadas na 
tradição e formadas por casaisheteroafetivos. 
5. O que importa agora, sob a égide da Carta de 1988, é que essas famílias multiformes recebam 
efetivamente a "especial proteção do Estado", e é tão somente em razão desse desígnio de 
21 
especial proteção que a lei deve facilitar a conversão da união estável em casamento, ciente o constituinte 
que, pelo casamento, o Estado melhor protege esse núcleo doméstico chamado família . 
6. Com efeito, se é verdade que o casamento civil é a forma pela qual o Estado melhor protege a família, e 
sendo múltiplos os "arranjos" familiares reconhecidos pela Carta Magna, não há de ser negada essa via a 
nenhuma família que por ela optar, independentemente de orientação sexual dos partícipes, uma vez que 
as famílias constituídas por pares homoafetivos possuem os mesmos núcleos axiológicosdaquelas 
constituídas por casais heteroafetivos, quais sejam, a dignidade das pessoas de seus membros e o afeto. 
7. A igualdade e o tratamento isonômico supõem o direito a ser diferente, o direito à auto-afirmação e a 
um projeto de vida independente de tradições e ortodoxias. Em uma palavra: o direito à igualdade somente 
se realiza com plenitude se é garantido o direito à diferença . Conclusão diversa também não se mostra 
consentânea com um ordenamento constitucional que prevê o princípio do livre planejamento familiar (7º 
do art. 226). E é importante ressaltar, nesse ponto, que o planejamento familiar se faz presente tão logo 
haja a decisão de duas pessoas em se unir, com escopo de constituir família, e desde esse momento 
a Constituição lhes franqueia amplaliberdade de escolha pela forma em que se dará a união. 
8. Os arts. 1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565, todos do Código Civil de 2002, não vedam expressamente o 
casamento entre pessoas do mesmo sexo, e não há como se enxergar uma vedação implícita ao casamento 
homoafetivo sem afronta a caros princípios constitucionais, como o da igualdade, o da não discriminação, 
o da dignidade da pessoa humana e os do pluralismo e livre planejamento familiar. 
9. Não obstante a omissão legislativa sobre o tema, a maioria, mediante seus representantes eleitos, não 
poderia mesmo "democraticamente" decretar a perda de direitos civis da minoria pela qual 
eventualmente nutre alguma aversão. Nesse cenário, em regra é o Poder Judiciário - e não o Legislativo - 
que exerce um papelcontramajoritário e protetivo de especialíssima importância, exatamente por não ser 
compromissado com as maiorias votantes, mas apenas com a lei e com aConstituição, sempre em vista 
a proteção dos direitos humanos fundamentais, sejam eles das minorias, sejam das maiorias. Dessa forma, 
ao contrário do que pensam oscríticos, a democracia se fortalece, porquanto esta se reafirma como forma 
de governo, não das maiorias ocasionais, mas de todos. 
10. Enquanto o Congresso Nacional, no caso brasileiro, não assume, explicitamente, sua coparticipação 
nesse processo constitucional de defesa e proteção dos socialmente vulneráveis, não pode o 
Poder Judiciário demitir-se desse mister, sob pena de aceitação tácita de um Estado que somente é 
"democrático" formalmente, sem que tal predicativo resista a uma mínima investigação acerca 
da universalização dos direitos civis. 
11. Recurso especial provido. 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA: A 
Constituição Federal estabelece uma série de princípios que devem ser 
observados nas relações familiares, são eles: 
 
 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: Trata-se do 
fundamento maior do Estado Brasileiro com previsão do artigo 1º, III, da 
Carta Política. Deve ser visto como o núcleo da condição humana, tendo 
como efeito permanente o respeito, a proteção e a intocabilidade de sua 
existência. A título de exemplo, no capítulo referente à família, referido 
princípio norteia a norma permissiva da emancipação de seus membros, 
permitindo uma existência digna em comunhão com outras pessoas. 
22 
 PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR: Representa a queda 
do individualismo em favor de um indivíduo inserido num espaço 
socialmente equilibrado. Este princípio se reflete em vários institutos 
constitucionais: 
 
Art. 3º - Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil: 
 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionais; 
 
Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado. 
 
Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado 
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, 
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los 
a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
Art. 230 - A família, a sociedade e o Estado têm o 
dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua 
participação na comunidade, defendendo sua 
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à 
vida. 
 
 PRINCÍPIO DA IGUALDADE: Consagrado pelo caput do Artigo 5º 
que repudia qualquer tipo de distinção, igualando todos perante a Lei. 
23 
Este princípio funciona ao mesmo tempo como um freio impondo limites 
ao legislador e como um mecanismo de interpretação para os juízes, com 
o escopo de evitar a edição ou aplicações que venham a estabelecer 
privilégios. 
 
OBSERVAÇÃO: Oportuno ressaltar que atualmente se busca não somente uma 
igualdade formal, más sim uma igualdade substancial, na medida em que a lei 
deverá tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata 
proporção de suas desigualdades. A aplicação deste princípio nas relações 
familiares surge em diversos dispositivos: 
 
Art. 226 - ... 
 
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade 
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela 
mulher. 
 
Art. 227 - ... 
 
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do 
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e 
qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação. 
 
 PRINCÍPIO DA LIBERDADE: Este princípio assegura o livre poder de 
escolha ou autonomia de constituição, realização e extinção da entidade 
familiar. Diz respeito não apenas à criação, manutenção e extinção dasrelações familiares, más também a sua permanente mutação. 
 
24 
OBSERVAÇÃO: Importante frisar que o princípio da liberdade familiar 
representa, não só, à liberdade da entidade familiar diante do estado e da 
sociedade, como também a liberdade de cada membro diante dos demais e em 
relação à própria entidade de que faz parte. 
 
Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem 
o seu consentimento, e o menor pode impugnar o 
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à 
maioridade, ou à emancipação. 
 
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do 
casamento os filhos: 
 
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, 
desde que tenha prévia autorização do marido. 
 
 PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE: Representa a base do modelo 
contemporâneo das relações familiares, juridicamente a afetividade é um 
dever imposto pelo Estado, especialmente aos pais em relação aos filhos e 
destes em relação aqueles, ainda que exista desafeição entre eles. Entre as 
principais aplicações deste princípio nas relações familiares, e utiliza-lo 
como forma de garantia da concepção eudemonista da família, sendo que 
o eudemonismo é uma doutrina que admite ser a felicidade individual ou 
coletiva o fundamento da conduta humana moral. 
 
 PRINCÍPIO DA CONVIVÊNCIA FAMILIAR: Trata-se da garantia 
que todos os indivíduos possuem em especial as crianças e adolescentes, 
de manter laços afetivos duradouros entre pessoas que compõem o grupo 
familiar. Esta garantia se estende a todos os membros da comunidade 
25 
familiar, tanto que já existem decisões judiciais concedendo aos avós, 
direito de visitas aos netos. 
 
 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA: Com 
previsão constitucional, o princípio do melhor interesse da criança garante 
a ela, inclusive aos adolescentes, prioridade no tratamento de seus 
interesses, pelo Estado, pela sociedade e pela família. 
 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado 
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, 
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los 
a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência 
integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, 
admitida a participação de entidades não 
governamentais, mediante políticas específicas e 
obedecendo aos seguintes preceitos: 
 
INSTITUIÇÃO DO CASAMENTO OU MATROMÔNIO 
- INTRODUÇÃO 
 
 Antes de abordar diretamente o tema, importante 
relembrar que até o advento da Constituição de 1988, o casamento era a única 
forma familiar positivada. 
26 
 
 Atualmente a moderna doutrina tem conceituado o 
casamento ou matrimônio, como um ato jurídico complexo, público e solene, 
entre o homem e a mulher que se unem material e espiritualmente para 
constituir uma família. 
 
 Em seus ensinamentos, Silvio Rodrigues afirmava que 
o casamento “é o contrato de direito de família que tem por fim promover a 
união do homem e da mulher, de conformidade com a lei, a fim de regularem 
suas relações sexuais, cuidarem da prole comum e se prestarem mútua 
assistência”. 
 
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de 
vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos 
cônjuges. 
 
CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS: O casamento é um ato 
civil, ainda que a celebração seja religiosa, no entanto o legislador achou por 
bem facilitar a validação (previa) ou convalidação deste (posterior) explicitando 
os meios pelos quais se alcançam os efeitos civis a celebração religiosa do 
casamento. 
 
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às 
exigências da lei para a validade do casamento civil, 
equipara-se a este, desde que registrado no registro 
próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua 
celebração. 
 
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-
27 
se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento 
civil. 
 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado. 
 
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos 
da lei. 
 
 
 HABILITAÇÃO PRÉVIA: Os nubentes se apresentam ao Oficial de 
Registros civil e habilitam-se ao ato posterior. Ao término do prazo de 
habilitação, num período não superior a 90 (noventa) dias, é extraída uma 
sentença, resultando numa certidão a ser apresentada ao ministro 
religioso. 
 
OBSERVAÇÃO: Nesse caso a habilitação é idêntica a exigida no casamento 
civil e o procedimento visa declarar e certificar que os interessados não possuem 
impedimentos, estando aptos para o casamento. 
 
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às 
exigências da lei para a validade do casamento civil, 
equipara-se a este, desde que registrado no registro 
próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua 
celebração. 
 
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-
se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento 
civil. 
 
§ 1
o
 O registro civil do casamento religioso deverá ser 
28 
promovido dentro de noventa dias de sua realização, 
mediante comunicação do celebrante ao ofício 
competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, 
desde que haja sido homologada previamente a 
habilitação regulada neste Código. Após o referido 
prazo, o registro dependerá de nova habilitação. 
 
 HABILITAÇÃO POSTERIOR: Nessa hipótese, primeiro é realizada a 
cerimônia religiosa e, por fim, a inscrição do casamento no Registro 
Público. O registro funciona como uma forma de convalidação ou 
ratificação do ato religioso, com vistas a alcançar os efeitos civis do 
casamento. 
 
§ 2
o
 O casamento religioso, celebrado sem as 
formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis 
se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer 
tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação 
perante a autoridade competente e observado o prazo 
do art. 1.532. 
 
§ 3
o
 Será nulo o registro civil do casamento religioso se, 
antes dele, qualquer dos consorciados houver 
contraído com outrem casamento civil. 
 
NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO: Trata-se de instituto de 
natureza híbrida, é um contrato na formação e um instituto no conteúdo (estatuto 
imperativo pré-organizado), ou seja, trata-se de uma instituição em que os 
cônjuges ingressam pela manifestação de sua vontade, feita de acordo com a lei. 
 
FINALIDADES DO CASAMENTO: O casamento ou matrimônio se 
29 
justificam pelas seguintes finalidades: 
 
 INTENÇÃO DE VIVEREM JUNTOS: Trata-se do chamado affectio 
maritalis que é o elemento decisivo na indissolubilidade do vínculo 
conjugal. 
 
 AMOR: Trata-se de elemento subjetivo, deve ser visto não apenas pela 
ótica da mera atração sexual más, encontra sua manifestação na afeição, 
solidariedade, cumplicidade, atração mútua e afinidades pessoais. 
 
 COMPANHEIRISMO: Encontra-se manifestado no projeto de vida em 
comum entre os cônjuges, o qual é capaz de atender e satisfazer ideais e 
interesse de ambos. 
 
PRINCÍPIOS DO CASAMENTO: Dentre os princípios que regem o 
casamento, podemos destacar: 
 
 LIBERDADE DE UNIÃO: O casamento somente se justifica e se 
legitima quando decorrente da livre manifestação de vontade de ambos os 
nubentes, ressalte-se que a vontade é elemento essencial a confirmação do 
casamento. 
 
Art. 1.538. A celebração do casamento será 
imediatamente suspensa se algum dos contraentes:I - recusar a solene afirmação da sua vontade; 
 
II - declarar que esta não é livre e espontânea; 
30 
 
III - manifestar-se arrependido. 
 
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos 
mencionados neste artigo, der causa à suspensão do 
ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. 
 
 MONOGAMIA: Decorrente da mais tradicional e inquebrável postura do 
mundo acidental, quem é casado esta proibido de contrair novas núpcias, 
qualquer outra relação paralela ao casamento é vista como concubinato e 
carece de proteção legal. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
 
VI - as pessoas casadas; 
 
 COMUNHÃO DE VIDA: Os nubentes devem comungar dos mesmos 
ideais, renunciando os instintos egoísticos e personalistas, em função de 
um bem maior que é a harmonia familiar. 
 
PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA JURÍDICA DO CASAMENTO: 
Dentre os pressupostos de existência jurídica do casamento, podemos destacar: 
 
 DIVERSIDADE DE SEXO: Embora a decisão sobre o Recurso Especial 
1.183.378/RS, emitida pelo Superior Tribunal de Justiça tenha afastado 
este pressuposto, a Constituição Federal e o Código Civil de 2002, ainda 
estabelecem de maneira clara e sem possibilidade de interpretação 
extensiva que “o homem e a mulher com dezesseis anos podem casar”. 
 
31 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos 
podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, 
ou de seus representantes legais, enquanto não 
atingida a maioridade civil. 
 
Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado. 
 
 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida 
a união estável entre o homem e a mulher como 
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão 
em casamento. 
 
 CONSENTIMENTO: A ausência de consentimento de um dos 
nubentes, torna inexistente o casamento, lembrando ainda que o 
casamento somente terá validade após o Oficial de Registro declarar que 
"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de 
vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro 
casados". 
 
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por 
procurador especial, juntamente com as testemunhas e 
o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos 
nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre 
e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, 
nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos 
acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por 
marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro 
casados". 
 
 CELEBRAÇÃO POR AUTORIDADE COMPETENTE: A celebração 
32 
do casamento é gratuita e por se tratar de ato solene, deverá ser realizado 
por Juiz de Paz, cuja competência é fixada na própria Constituição, em 
dia, hora e local previamente designado. 
 
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua 
celebração. 
 
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o 
registro e a primeira certidão serão isentos de selos, 
emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza 
for declarada, sob as penas da lei. 
 
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, 
e os Estados criarão: 
 
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos 
eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com 
mandato de quatro anos e competência para, na forma 
da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em 
face de impugnação apresentada, o processo de 
habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem 
caráter jurisdicional, além de outras previstas na 
legislação. 
 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado. 
 
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. 
 
OBSERVAÇÃO: Inexiste o casamento se o consentimento dos nubentes é 
manifestado perante quem não tenha competência para celebrar o ato 
matrimonial, Dessa forma, matrimônio celebrado perante autoridade 
absolutamente incompetente, por exemplo, perante prefeito municipal ou 
33 
delegado de polícia, não é nulo más, simplesmente inexistente. 
 
REQUISITOS DE VALIDADE DO CASAMENTO: São requisitos de 
validade do casamento: 
 
 PUBERDADE: O legislador fixou a idade núbil em 16 anos para o 
homem e para mulher, no entanto, a capacidade matrimonial não se 
confunde com capacidade civil (18 anos). Desse modo, se um ou ambos 
os nubentes ainda não tiverem atingido a maioridade civil, será necessária 
a autorização dos pais ou de seus representantes legais para a celebração 
do ato. 
 
IMPORTANTE: Havendo negativa ou divergência entre os pais ou 
responsáveis, o juiz, a requerimento das partes, suprir esta autorização, neste 
caso o regime de bens do casal será o de separação obrigatória. 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos 
podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, 
ou de seus representantes legais, enquanto não 
atingida a maioridade civil. 
 
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, 
aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631. 
 
Art. 1.518. Até à celebração do casamento podem os 
pais, tutores ou curadores revogar a autorização. 
 
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando 
injusta, pode ser suprida pelo juiz. 
34 
 
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, 
compete o poder familiar aos pais; na falta ou 
impedimento de um deles, o outro o exercerá com 
exclusividade. 
 
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao 
exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer 
deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. 
 
EXCEÇÃO À REGRA DA PUBERDADE: A regra do artigo 1.517 comporta 
porem, uma exceção, admitindo a realização do casamento de nubentes com 
menos de 16 anos para evitar cumprimento de pena criminal ou em caso de 
gravidez. 
 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o 
casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil 
(art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de 
pena criminal ou em caso de gravidez. 
 
 POTÊNCIA: É a aptidão para a conjunção carnal. Excluindo-se as 
exceções legais (casamento de anciões e casamento nuncupativo), os 
nubentes dever ter aptidão para a vida sexual. Dois são os tipos de 
impotência que interessam para o direito matrimonial. 
 
 IMPOTÊNCIA COEUND (DE CONCEPÇÃO OU DE CÓPULA): 
Pode gerar a anulação do casamento, desde que interesse a um dos 
cônjuges anulá-lo. 
 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa 
35 
do outro cônjuge: 
 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito 
físico irremediável, ou de moléstia grave e 
transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr 
em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua 
descendência; 
 
 IMPOTÊNCIA GENERANDI (DE GERAR, OU, DE 
PROCRIAR): Não justifica a anulação do casamento, confirmando-se 
a ideia de que a prole não é finalidade do casamento. 
 
 SANIDADE: Não existe previsão expressa no Código Civil sobre a 
sanidade dos nubentes como condição necessária a validade do 
casamento. O exame pré-nupcial não é obrigatório, salvo no caso de 
casamento de colaterais de 3º grau (tios e sobrinhos). 
 
Art. 1º O casamento de colaterais, legítimos ou 
ilegítimos do terceiro grau, é permitido nos termos do 
presente decreto-lei. 
 
Art. 2º Os colaterais do terceiro grau, que pretendam 
casar-se, ou seus representantes legais, se forem 
menores, requererão ao juiz competente para a 
habilitação que nomeie dois médicos de reconhecida 
capacidade, isentos de suspensão, para examiná-los e 
atestar-lhes a sanidade, afirmando não haver 
inconveniente, sob o ponto de vista da sanidade,afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de 
vista da saúde de qualquer deles e da prole, na 
realização do matrimônio. 
 
PRESSUPOSTOS DE REGULARIDADE: Referem-se às formalidades do 
casamento, que é um ato jurídico eminentemente formal. 
36 
 
 FORMALIDADES PRELIMINARES: São aquelas que antecedem o 
casamento, podendo ser divididas em 03 três ordens: 
 
 HABILITAÇÃO: Nesta fase ocorre a apreciação dos documentos 
e apuração da capacidade dos nubentes e a inexistência dos 
impedimentos matrimoniais. 
 
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o 
casamento será firmado por ambos os nubentes, de 
próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e 
deve ser instruído com os seguintes documentos: 
 
I - certidão de nascimento ou documento equivalente; 
 
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja 
dependência legal estiverem, ou ato judicial que a 
supra; 
 
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes 
ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir 
impedimento que os iniba de casar; 
 
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da 
residência atual dos contraentes e de seus pais, se 
forem conhecidos; 
 
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença 
declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, 
transitada em julgado, ou do registro da sentença de 
divórcio. 
37 
 
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente 
perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do 
Ministério Público. 
 
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do 
Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será 
submetida ao juiz. 
 
 PUBLICAÇÃO DOS EDITAIS: Trata-se de dar conhecimento 
aos terceiros do ato que se pretende realizar, esta publicação dos 
editais poderá ser dispensada ficando comprovada a urgência 
(grave enfermidade, parto eminente, viagem inadiável etc), ou 
no caso de casamento nuncupativo. 
 
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o 
oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze 
dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os 
nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na 
imprensa local, se houver. 
 
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo 
urgência, poderá dispensar a publicação. 
 
 EMISSÃO DO CERTIFICADO DE HABILITAÇÃO: Ao 
final o oficial extrairá o certificado de habilitação que terá 
eficácia pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, para a 
realização da cerimônia. 
 
 Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 
38 
e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o 
oficial do registro extrairá o certificado de habilitação. 
 
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa 
dias, a contar da data em que foi extraído o certificado. 
 
 FORMALIDADES CONCOMITANTES: São as que acompanham a 
cerimônia, previstas nos artigos 1533 a a538 do CC. Importante frisar que 
a inobservância destas regras pode determinar a nulidade do ato que 
veremos na celebração do casamento. 
 
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos 
nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se 
encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à 
noite, perante duas testemunhas que saibam ler e 
escrever. 
 
§ 1
o
 A falta ou impedimento da autoridade competente 
para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer 
dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro 
Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do 
ato. 
 
§ 2
o
 O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será 
registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, 
perante duas testemunhas, ficando arquivado. 
 
DOS IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS: São as circunstâncias que 
impossibilitam a realização de determinado casamento, é a ausência de requisito 
ou ausência de qualidade que a lei determinou entre as condições que invalidam 
39 
ou apenas proíbem a união civil. 
 
IMPORTANTÍSSIMO: Importante observar que existe uma grande diferença 
entre incapacidade e impedimento matrimonial. A incapacidade é geral, a pessoa 
considerada incapaz não pode casar com quem quer que seja. O impedimento 
matrimonial é relativo, isto é, a pessoa considerada não pode casar com 
determinada pessoa, por exemplo, estão impedidos de casar, ascendentes com 
seus descendentes. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o 
parentesco natural ou civil; 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS IMPEDIMENTOS: A moderna doutrina assim 
classifica os impedimentos matrimoniais: 
 
 IMPEDIMENTOS DIRRIMENTES PÚBLICOS: São impedimentos 
absolutos considerando o interesso público neles contidos podendo ser 
arguidos por qualquer interessado ou pelo Ministério Publico. Estes 
impedimentos dividem-se em 03 (três) categorias, são elas: 
 
 RESULTANTES DE PARENTESCO: 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o 
parentesco natural ou civil; 
 
40 
II - os afins em linha reta; 
 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o 
adotado com quem o foi do adotante; 
 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais 
colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
 
V - o adotado com o filho do adotante; 
 
 RESULTANTES DE VÍNCULO: 
 
VI - as pessoas casadas; 
 
 RESULTANTES DE CONDUTA CRIMINOSA: 
 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por 
homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu 
consorte. 
 
 IMPEDIMENTOS DIRRIMENTES RELATIVOS: Trata-se de causas 
de anulabilidade do casamento, a lei estabelece as seguintes hipóteses: 
 
 Idade mínima incompleta dos nubentes. 
 
 Falta de autorização para o casamento de menores de idade 
núbil. 
 
 Existência de vícios de vontade. 
 
41 
 Falta de capacidade do nubente de consentir ou manifestar 
de modo inequívoco sua vontade. 
 
 Casamento realizado por mandatário, sem que ele ou o outro 
contraente soubesse da revogação do mandato, e não 
sobrevindo coabitação entre os cônjuges. 
 
 Por incompetência relativa da autoridade celebrante. 
 
Art. 1.550. É anulável o casamento: 
 
I - de quem não completou a idade mínima para casar; 
 
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado 
por seu representante legal; 
 
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 
1.558; 
 
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo 
inequívoco, o consentimento; 
 
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro 
contraente soubesse da revogação do mandato, e não 
sobrevindo coabitação entre os cônjuges; 
 
VI - por incompetência da autoridade celebrante. 
 
DETALHE IMPORTANTE: As causas de impedimento ao matrimônio 
poderão ser opostas por qualquer pessoa capaz, juiz ou oficial de registro até o 
momento da celebração do casamento. 
42 
 
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o 
momento da celebração do casamento, por qualquer 
pessoa capaz. 
 
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver 
conhecimento da existência de algum impedimento, 
será obrigado a declará-lo. 
 
OBSERVAÇÃO: Cada uma das hipóteses de anulabilidade previstas está 
sujeita a prazo decadencial para sua arguição judicial. Possuem legitimidade 
para intentar a ação anulatória o cônjuge prejudicado, os representantes legais 
ou ascendentes, não existindo ordem preferencial eles, tendo em vista que os 
prazos decadenciais tem início variado para cada um. 
 
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de 
anulação do casamento, a contar da data da 
celebração, é de: 
 
I - centoe oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 
1.550; 
 
II - dois anos, se incompetente a autoridade 
celebrante; 
 
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 
1.557; 
 
IV - quatro anos, se houver coação. 
 
§ 1
o
 Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de 
43 
anular o casamento dos menores de dezesseis anos, 
contado o prazo para o menor do dia em que perfez 
essa idade; e da data do casamento, para seus 
representantes legais ou ascendentes. 
 
§ 2
o
 Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para 
anulação do casamento é de cento e oitenta dias, a 
partir da data em que o mandante tiver conhecimento 
da celebração. 
 
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se 
contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o 
casamento, em relação a estes como aos filhos, produz 
todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. 
 
§ 1
o
 Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o 
casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos 
aproveitarão. 
 
§ 2
o
 Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao 
celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos 
aproveitarão. 
 
 IMPEDIMENTOS IMPEDIENTES: Também intitulados impedimentos 
proibitivos, passa a ser tratados pelo novo Código Civil como causas 
suspensivas. 
 
OBSERVAÇÃO: A infração destas causas não gera nem nulidade, nem 
anulação, más tão somente uma sansão patrimonial, ou seja, a imposição do 
regime patrimonial da separação obrigatória de bens. 
 
44 
Art. 1.523. Não devem casar: 
 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge 
falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do 
casal e der partilha aos herdeiros; 
 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por 
ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do 
começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade 
conjugal; 
 
III - o divorciado, enquanto não houver sido 
homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; 
 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, 
ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a 
pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a 
tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as 
respectivas contas. 
 
DETALHES IMPRTANTES: É lícito as partes, demonstrando a ausência de 
prejuízo aos herdeiros, requerer a autoridade judicial que lhes afaste a sanção 
patrimonial. 
 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao 
juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas 
previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-
se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o 
herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada 
ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá 
provar nascimento de filho, ou inexistência de 
gravidez, na fluência do prazo. 
45 
 
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do 
casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha 
reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou 
afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam 
também consangüíneos ou afins. 
 
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO: Dada a importância de que se reveste 
o casamento, tanto na ordem pública como na ordem privada, o legislador 
tratou de revesti-lo de toda a solenidade possível, dentre estas formalidades 
citamos: 
 
 A celebração poderá ocorrer nas dependências do cartório de 
registro civil, ou, em outro local mediante autorização do 
celebrante. 
 
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do 
cartório, com toda publicidade, a portas abertas, 
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou 
não dos contraentes, ou, querendo as partes e 
consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício 
público ou particular. 
 
 Durante a realização deverão estar presentes a autoridade 
celebrante, os nubentes ou procuradores especiais, as 
testemunhas em número de duas se realizada no cartório e em 
dobro ser realizadas em outro local ou um dos nubentes não 
souber ou não puder assinar os termos. 
 
46 
Art. 1.534. ... 
 
§ 1
o
 Quando o casamento for em edifício particular, 
ficará este de portas abertas durante o ato. 
 
§ 2
o
 Serão quatro as testemunhas na hipótese do 
parágrafo anterior e se algum dos contraentes não 
souber ou não puder escrever. 
 
 Durante o ato de celebração o juiz de paz irá perguntar aos 
noivos se pretendem casar por livre e espontânea vontade, se 
positivo, o celebrante declara efetuado o casamento, se negativo 
suspende imediatamente o ato, podendo este ser retomado 
somente no dia seguinte. 
 
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por 
procurador especial, juntamente com as testemunhas e 
o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos 
nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre 
e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, 
nestes termos:"De acordo com a vontade que ambos 
acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por 
marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro 
casados." 
 
Art. 1.538. A celebração do casamento será 
imediatamente suspensa se algum dos contraentes: 
 
I - recusar a solene afirmação da sua vontade; 
 
II - declarar que esta não é livre e espontânea; 
47 
 
III - manifestar-se arrependido. 
 
 Após a celebração do matrimônio, o ato será lavrado no 
registro próprio. O assentamento de registro deverá ser 
assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, testemunhas e 
o oficial de registro. 
 
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, 
lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, 
assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as 
testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados: 
 
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, 
profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges; 
 
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou 
de morte, domicílio e residência atual dos pais; 
 
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a 
data da dissolução do casamento anterior; 
 
IV - a data da publicação dos proclamas e da 
celebração do casamento; 
 
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial 
do registro; 
 
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e 
residência atual das testemunhas; 
 
48 
VII - o regime do casamento, com a declaração da data 
e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura 
antenupcial, quando o regime não for o da comunhão 
parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido. 
 
FORMAS ESPECIAIS DE CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO: Além da 
forma regular de celebração do casamento, o Código Civil estabelece algumas 
formas especiais, são elas: 
 
 CASAMENTO POR PROCURAÇÃO: A celebração do matrimônio 
poderá ser feita por um ou ambos os nubentes via mandato com poderes 
especiais. A procuração deve ser outorgada por instrumento público com 
poderes especiais cuja eficácia não ultrapassará 90 dias. Trata-se de ato 
eminentemente renunciável até o momento da celebração do casamento. 
 
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante 
procuração, por instrumento público, com poderes 
especiais. 
 
§ 1
o
 A revogação do mandato não necessita chegar ao 
conhecimento do mandatário; mas, celebrado o 
casamento sem que o mandatário ou o outro 
contraente tivessem ciência da revogação, responderá 
o mandante por perdas e danos. 
 
§ 2
o
 O nubente que não estiver em iminente risco de 
vida poderá fazer-se representar no casamento 
nuncupativo. 
 
§ 3
o
 A eficácia do mandato não ultrapassará noventa 
49 
dias. 
 
§ 4
o
 Só por instrumento público se poderá

Outros materiais