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LIMITES AO PODER PUNITIVO DO ESTADO PRINCÍPIO DA NEMO TENETUR SE DETEGERE OU DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO: PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE 1 – Para Norberto Avena, o Princípio da Não Autoincriminação (Nemo Tenetur se Detegere) significa que o acusado não poderá ser obrigado a produzir provas contra si. Em face desse privilégio que lhe é assegurado, não está o acusado, por exemplo, obrigado a responder as perguntas que lhe forem formuladas por ocasião de seu interrogatório, tampouco a fornecer padrões vocais ou letra de próprio punho visando a subsidiar prova pericial requerida pelo Ministério Público. Já Aury Lopes Jr. Intitula este princípio de Defesa Pessoal Negativa, defendendo que o interrogatório deve ser tratado como um verdadeiro ao de defesa, onde se dá oportunidade ao imputado para que exerça sua defesa pessoal. Para isso, deve ser considerado como um direito e não como um dever, assegurando-se o direito de silêncio e de não fazer prova contra si mesmo, sem que dessa inércia resulte para o sujeito passivo qualquer prejuízo jurídico. Além disso, entende ser visto como um ato livre de qualquer pressão ou ameaça. Guilherme de Souza Nucci, no mesmo sentido fala em Imunidade à autoacusação, que significa que ninguém está obrigado a produzir prova contra si mesmo, tratando-se da decorrência natural da conjugação dos princípios constitucionais da presunção da inocência (art. 5º, LVII, CF) e da ampla defesa (art. 5º, LV, CF) com o direito humano fundamental que permite ao réu manter-se calado (art. 5º, LXIII, CF). Se o indivíduo é inocente, até que seja provada sua culpa, possuindo o direito de produzir amplamente prova em seu favor, bem como se pode permanecer em silêncio sem qualquer tipo de prejuízo à sua situação processual, é mais do que óbvio não estar obrigado, em hipótese alguma, a produzir provas contra si mesmo. 2- O Princípio da Presunção da Inocência ou de Não Culpabilidade ou Estado de Inocência para Norberto Aventa, trata-se de um desdobramento do princípio do devido processo legal, consagrando-se como um dos mais importantes alicerces do Estado de Direito. Visando, primordialmente, à tutela da liberdade pessoal, decorre da regra inscrita no art. 5º LVII, CF, preconizando que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal contraditória. Aury Lopes Jr., diz que em suma, a presunção da inocência impõe um verdadeiro dever de tratamento, na medida em que exige que o réu seja tratado como inocente. Em sua obra, ainda cita Ferrajoli, que entende que a presunção da inocência é decorrência do princípio da jurisdicionalidade, pois se a jurisdição é a atividade necessária para obtenção da prova de que alguém cometeu um delito, até que essa prova não se produza, nenhum delito pode considerar-se cometido e ninguém pode ser considerado culpado nem submetido a uma pena. Explica ainda que é um princípio fundamental de civilidade, fruto de uma opção garantista a favor da tutela da imunidade dos inocentes, ainda que para isso tenha-se que pagar o preço da impunidade alguém culpável. Isso porque, o corpo social, lhe basta que os culpados sejam geralmente punidos, pois o maior interesse é que todos os inocentes, sem exceção, estejam protegidos. Na mesma linha de pensamento, Nucci diz que o princípio do estado de inocência, ou da não culpabilidade, significa que todo acusado é presumido inocente, até eu seja declarado culpado por sentença condenatória, com trânsito em julgado, previsto no art. 5º, LVII, C. Tem por objetivo garantir, primordialmente, que o ônus da prova cabe à acusação e não à defesa. As pessoas nascem inocentes, sendo esse o seu estado natural, razão pela qual, para quebrar tal regra, torna-se indispensável que o Estado-acusação evidencie, com provas suficientes, ao Estado-juiz, a culpa do réu. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado – 7ª Ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal – 11ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal – 11ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
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