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APOSTILA- APRENDIZAGEM MOTORA

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UEA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS 
 
 
 
 
 
 
 
APRENDIZAGEM MOTORA 
Msc. Glaucia Ditzel 
Esc. Samara Feitosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANAUS – AM 
2016 
2 
 
SUMÁRIO 
1. PERCEPÇÃO E MOVIMENTOS COMO ELEMENTOS DA 
APRENDIZAGEM 
05 
1.1 Aprendizagem 05 
1.2 Fatores que influenciam a aprendizagem 05 
1.3 Processo de aprendizagem 06 
1.4 Aprendizagem motora 06 
 1.4.1 Relação entre aprendizagem motora e desenvolvimento motor 07 
 1.4.2 Relação entre aprendizagem motora e performance motora 08 
1.5 Habilidade motora 10 
 1.5.1 Conceitos de Habilidades, movimentos e ações 10 
 1.5.2 Classificação das habilidades 11 
1.6 Habilidades motoras básicas 12 
 1.6.1. As habilidades motoras básicas 12 
1.7 Fatores que influenciam a aprendizagem motora 13 
1.8 Memória 25 
 1.8.1 Sequência de processos ou processos sem sequência? 25 
 1.8.2 Tipos e subtipos de memória 28 
1.9 Estágios da Aprendizagem 31 
 1.9.1. Os estágios de aprendizagem e a atenção 33 
 1. 10 Esquemas de classificação bidimensional e multidimensional 39 
 1. 11 Categorização multidimensionais 39 
 2. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E SUAS RELAÇÕES COM O 
DESENVOLVIMENTO NAS DIFERENTES FASES DE MATURAÇÃO DO 
INDIVIDUO 
44 
2.1. Teorias da aprendizagem motora 44 
 2.1.1 Teoria do esquema de Schmidt 45 
 2.1.2 Teoria Ecológica 48 
2.2. Teorias associadas aos estágios de habilidades na 
aprendizagem motora 
51 
 2.2.1 Modelo dos três estágios dos sistemas 51 
 2.2.2Modelo dos dois Estágios de Gentile 53 
3 
 
2.3 Aplicações práticas da pesquisa sobre a aprendizagem motora 54 
 2.3.1 Feedback 55 
 2.3.2 Feedback intrínseco 55 
 2.3.3 Feedback extrínseco 55 
 2.3.4 Conhecimento dos resultados (feedback) 56 
2.4 Modelo de Gentile para realização de Feedback 59 
2.5 Teoria de processamento da informação 59 
 2.5.1 Modelos 60 
 2.5.2 Modelos de Morteniuk 60 
2.6 O ambiente da aprendizagem 61 
2.7 Tipos de práticas na aprendizagem motora 63 
2.8 Prática Compacta X Distribuída 68 
2.9 Percepção 68 
 2.9.1 Relação: Percepção- Memória- Consciência-Pensamento 69 
 2.9.2 Tipos de Percepção 69 
3. TEORIAS E MODELOS DE CONTROLE MOTOR 72 
3.1 Teoria do Reflexo 72 
 3.2 Teoria Hierárquica 72 
 3.3. Teoria da Programação 
Motora 
73 
 3.4 Teoria dos Sistemas 73 
 3.5 Teoria da Ação Dinâmica 73 
 3.6 Teoria Ecológica 74 
4. IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO NA ÁREA DE EDUCAÇÃO 
FÍSICA 
76 
4.1 Psicomotricidade e Aprendizagem 76 
4.2 Evolução da Psicomotricidade 78 
4.3 Desenvolvimento dos temas psicomotores 79 
4.4. Os conceitos Psicomotores 82 
4.5 Esquema Corporal 83 
 4.5.1 Componentes do Esquema Corporal 84 
 4.5.2 Perturbações da imagem corporal 84 
4.6 A intencionalidade do gesto ou significação do movimento 86 
4 
 
4.7 Fatores Psicomotores 87 
 4.7.1 Tonicidade 87 
 4.7.2 Equilibração 90 
 4.7.3 Lateralização 93 
 4.7.4 Noção do Corpo 95 
 4.7.5 Estruturação Espaço-Temporal 97 
 4.7.6 Práxia Global 100 
 4.7.7 Práxia Fina 102 
4.8 O desenvolvimento da criança 105 
4.9 A importância da Psicomotricidade na idade escolar 107 
4.10 A Psicomotricidade na alfabetização escolar e na educação 
física 
108 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 118 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
1. PERCEPÇÃO E MOVIMENTOS COMO ELEMENTOS DA APRENDIZAGEM 
 
 1.1 Aprendizagem 
 Aprendizagem é um fenômeno ou um método relacionado com o ato ou efeito 
de absorver múltiplos conhecimentos. A aprendizagem estabelece ligações entre 
certos estímulos e respostas equivalentes. Aprender é um processo de mudança de 
comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, 
neurológicos, relacionais e ambientais. Podemos dizer que é o resultado da interação 
entre estruturas mentais e o meio ambiente. As competências, as habilidades, 
conhecimentos, comportamentos ou valores são adquiridos ou modificados, como 
resultado da experiência, formação, raciocínio e observação. Este processo pode ser 
analisado a partir de diferentes perspectivas, de forma que há diferentes teorias de 
aprendizagem. Aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes do ser 
humano. 
A aprendizagem é algo concreto e acontece mesmo sem que se tenha a 
intenção de ensinar. Há diferentes formas de aquisições de aprendizagem e o que as 
diferencia é como elas são adquiridas e como se manifestam. As teorias são 
elaboradas a partir de observações de fatos reais e procuram facilitar e melhorar o 
processo da educação. 
 
 1.2 Fatores que influenciam a aprendizagem (Gestal) 
 
• Fatores Fisiológicos - maturação dos órgãos dos sentidos, do sistema nervoso 
central, dos músculos, glândulas etc.; 
• Fatores Psicológicos - motivação adequada, autoconceito positivo, confiança 
em sua capacidade de aprender, ausência de conflitos emocionais 
perturbadores etc.; 
• Experiências Anteriores - qualquer aprendizagem depende de informações, 
habilidades e conceitos aprendidos anteriormente. 
 
6 
 
 
 
 
 1.3 Processo de Aprendizagem 
 
 A aprendizagem é uma mudança na capacidade de uma pessoa ao 
executar alguma tarefa, envolvendo uma modificação no estado interno de uma 
pessoa, que deve ser inferida a partir da observação do comportamento ou do 
desempenho da mesma (MAGILL, 2000). Esse processo ocorre em dependência de 
três elementos principais: 
a) SITUAÇÃO ESTIMULADORA - acontecimento que estimule os órgãos dos 
sentidos a perceberem o que acontece ao redor da pessoa que aprende. 
b) PESSOA QUE APRENDE - o indivíduo atingido pela ação estimuladora. Este 
por sua vez, as percebe através dos órgãos, posteriormente processa essas 
informações novas e as incorpora ao seu comportamento. 
c) RESPOSTA - ação final que resulta da estimulação. Depois de incorporar as 
informações, provenientes das estimulações, o indivíduo age de forma diferente 
levando em conta o que foi lhe informado. 
 
1.4 Aprendizagem Motora 
 
O sistema nervoso apresenta duas funções básicas, a manutenção da 
homeostase do organismo e a emissão de comportamentos, sendo esta última 
a mais complexa, na medida em que permite a adaptação dos organismos ao 
meio externo. Os comportamentos são resultados da interação dos fatores 
genéticos com o ambiente, sofrendo modificações constantes, permitindo a 
adaptação cada vez melhor do organismo ao meio. Essas modificações são 
resultado dos processos neurobiológicos que definem a aprendizagem. 
Na emissão de um comportamento, podemos distinguir dois elementos: 
os ajustes neurovegetativos e o comportamento motor responsável por 
organizar as respostas pelas quais os organismos agem sobre o ambiente. 
Dessa maneira, definimos aprendizagem como o processo pelo qual os animais 
7 
 
adquirem informação a respeito do meio; a memória é o processo de retenção 
ou armazenamento dessas informações. Este processo só faz sentido quando 
existe uma entidade que recebe, processa e transforma a informação, isto é, 
que aprende. 
Deste modo a Aprendizagem Motora (AM) é definida como o conjunto 
de processos cognitivos associados à experiência e à prática que resulta em 
mudanças relativamente permanentes no comportamento motor. Assim 
aprender exige uma modificação estrutural interna que se observa geralmente 
através do desempenho numa alteração estável (persistente no tempo) do 
comportamento do indivíduo como resultado da prática e/ou experiência(Gallahue, 2008). 
A experiência motora (aprendizagem motora) propicia o amplo 
desenvolvimento dos diferentes componentes da motricidade, tais como a 
coordenação, o equilíbrio e o esquema corporal. Esse desenvolvimento é 
fundamental, particularmente, na infância, para o desenvolvimento das 
diversas habilidades motoras básicas como andar, correr, saltar, correr e 
lançar. No entanto, embora o desenvolvimento motor não ocorra de forma 
linear, é fundamental que se ofereça à criança um ambiente diversificado, de 
situações novas e que propicie meios diversos de resolução de problemas, uma 
vez que o movimento se apresenta e se aprimora por meio dessa interação, 
das mudanças individuais com o ambiente e a tarefa motora, ou seja através 
da Aprendizagem Motora. 
Assim o desenvolvimento motor como campo de estudo, debruça-se sobre as 
modificações ou a evolução do comportamento motor ao longo da vida do 
indivíduo (Life Span), relacionando-o com os mecanismos neurofisiológicos e 
biomecânicos do controlo motor e da aprendizagem motora e integrando-as no 
contexto biopsicossocial de cada sujeito. 
 
1.4.1 Relação entre Aprendizagem Motora e Desenvolvimento Motor 
 
O desenvolvimento é o conjunto de processos de transformação dos 
organismos. O desenvolvimento motor consiste numa relação entre a 
8 
 
maturação e a aprendizagem, expressa numa motricidade mais elaborada e 
num melhor ajustamento do comportamento às características circunstanciais 
do envolvimento. A aprendizagem é simultaneamente causa e efeito do 
processo de desenvolvimento humano ao longo da vida. A criança aprende pelo 
movimento, “novos mundos” que lhe vão criar novos desafios que por sua vez 
a estimulam a continuar a aprender. Conforme a criança cresce, vai 
organizando as suas capacidades motoras de acordo com a sua maturidade 
nervosa e com os estímulos do meio que a rodeiam. A organização motora é 
fundamental para o desenvolvimento das funções cognitivas, das percepções 
e dos esquemas sensório motor da criança. 
 A aprendizagem motora pode ser definida como uma mudança no 
estado interno do indivíduo, inferida de melhora relativamente permanente no 
desempenho motor como resultado da prática. Já o desempenho motor é o 
comportamento observável, associado à capacidade de realização de tarefas 
motoras, que agrupa componentes da aptidão física relacionados à saúde (força 
muscular, resistência muscular, resistência aeróbica, flexibilidade articular e 
composição corporal) e ao desempenho (velocidade de movimento, agilidade, 
coordenação, equilíbrio e energia). Vale frisar que a aprendizagem motora é 
proveniente de processos individuais e não é diretamente observável, mas pode 
ser inferida do comportamento/desempenho do praticante, que deve ser 
persistente e cada vez menos variável (MAGILL, 1984; SCHMIDT; LEE, 2011). 
A aprendizagem tem sido descrita como um processo de aquisição de 
conhecimentos sobre tudo que acontece ao nosso redor. As teorias sobre o 
assunto são de grande importância para o desenvolvimento global do indivíduo, 
pois apesar das conclusões serem abstratas, qualquer tipo de aprendizagem 
pode ocorrer em domínio cognitivo, afetivo e motor, lembrando que na realidade 
tudo se relaciona e é inseparável. 
 
1.4.2 Relação entre Aprendizagem Motora e Performance Motora 
 
Aprendizagem motora são mudanças em processos internos que 
determinam à capacidade do indivíduo de produzir uma ação motora. O nível 
9 
 
de aprendizagem motora do indivíduo melhora com a pratica e é, 
frequentemente, inferido pela observação de níveis relativamente estáveis da 
performance motora (PM) da pessoa. Quando uma pessoa corre, caminha, 
lança uma bola, toca piano, chuta uma bola ou dança, esta está a utilizar uma 
ou mais habilidades motoras. A aprendizagem inicial é caracterizada por 
tentativas do indivíduo de adquirir uma ideia do movimento ou entender o 
padrão básico de coordenação. 
Aprender exige uma modificação estrutural interna que se observa 
geralmente através do desempenho numa alteração estável (persistente no 
tempo) do comportamento do indivíduo como resultado da prática e/ou 
experiência. A performance ou desempenho motor é um indicador objetivo que 
traduz o grau de integração e/ou aplicação das aprendizagens realizadas. 
Centra-se nos resultados – “outcomes” - e não nos processos de 
aprendizagem. É o indicador objetivo e indireto do grau de aprendizagem. No 
entanto a performance não reflete de forma transparente as alterações 
estruturais correspondentes. Entre as várias causas que limitam a 
correspondência entre a aprendizagem e a performance estão, por exemplo, o 
estado emocional/afetivo do indivíduo ou fatores de condição do sistema 
muscular, em dado momento. A principal diferença entre aprendizagem motora 
e performance motora é que a performance motora é sempre observável e 
influenciada por muitos fatores (motivação, foco da atenção, fadiga, condição 
física...). A aprendizagem motora, em contraste, é um processo interno que 
reflete o nível de capacidade de desempenho do indivíduo, podendo ser 
avaliado por demonstrações relativamente estáveis. 
 O nível da Aprendizagem Motora aumenta com a prática e é inferida pela 
observação na Performance Motora, mas só há AM se observarmos as 
seguintes características: 
• Aperfeiçoamento (com melhorias) 
• Consistência (com uniformidade nos resultados) quando a PM 
apresenta 
• Estabilidade (que se mantém num estado de equilíbrio) 
• Persistente (que se mantém apesar de contrariedades ou dificuldades) 
10 
 
• Adaptabilidade (que se adapta às circunstâncias) 
 
Assim se o nível de proficiência da performance do indivíduo for 
relativamente estável ao longo de várias observações e sob diferentes 
conjuntos de circunstâncias, o profissional pode assumir que o desempenho é 
um reflexo preciso do nível de aprendizagem motora desse indivíduo. 
Resumindo podemos definir Aprendizagem Motora, enfatizando os 
seguintes aspectos: 
a) a aprendizagem resulta da prática ou da experiência; 
b) a aprendizagem não é diretamente observável; 
c) as mudanças na aprendizagem são observadas nas mudanças na 
performance; 
d) a aprendizagem envolve um conjunto de processos no sistema nervoso 
central; 
e) a aprendizagem produz uma capacidade adquirida para a performance; 
f) as mudanças na aprendizagem são relativamente permanentes. A 
aprendizagem motora, portanto, dá-se por meio de uma combinação 
complexa de processos cognitivos e motores. 
 
 1.5 Habilidades Motoras 
1.5.1 Conceitos de Habilidades, movimentos e ações 
Existem vários tipos de habilidades, porém devemos compreender e utilizar 
cada um deles corretamente, todas as habilidades motoras visa um determinado 
objetivo, devemos saber que reflexos não são considerados habilidades, pois uma 
habilidade motora requer movimento do corpo ou dos membros para atingir as metas 
determinadas isso indica que para se realizar uma habilidade motora antes é 
necessário que ela seja aprendida para que a pessoa consiga atingir com sucesso os 
objetivos da habilidade. Podemos citar o nosso caminhar, que mesmo sendo uma 
habilidade que o ser humano desempenha naturalmente, ela precisa ser aprendida 
quando criança, além disso, caminhar é uma habilidade que muitas pessoas podem 
necessitar reaprender tais como aqueles que sofrem um derrame, ou recebem 
11 
 
próteses de articulações dos joelhos, quadril ou pessoas que aprender a andar com 
perna artificial. 
Movimentos: o termo movimento se refere à característica de comportamento 
de um membro especifico ou de uma combinação de membros os movimentos sãopartes que compõem as habilidades usando o exemplo do caminhar observamos que 
nossos membros se movimentam de forma bastante diferente conforme caminhamos 
sobre um lugar concreto, de lama ou areia porem embora os movimentos sejam 
diferentes a habilidade continua sendo o caminhar. 
 Ações: são respostas a metas que consistem em movimentos do corpo ou dos 
membros as ações pode também ser definida como uma família de movimentos é 
importante considerar que uma variedade de movimentos pode produzir a mesma 
ação, por exemplo, se subir os degraus de uma escada é uma ação o se objetivo é 
chegar ao topo porem para atingir essa meta a pessoa poderá realizar vários 
movimentos diferentes. Em cada situação a ação é a mesma, mas os movimentos 
executados para realizá-la são bem diferentes. 
 
Habilidade Motora 
 Habilidade Motora 
 
É a ação ou tarefa que tem um 
objetivo. 
É um indicador da qualidade da 
performance. 
 
 
Envolve movimentos voluntários de 
parte do corpo 
 
1.5.2 Classificação das habilidades 
 
Classificação das habilidades em relação a Organização da tarefa: 
 
Habilidade Discreta - uma habilidade ou tarefa que é organizada de maneira que a 
ação é normalmente breve com início e fim bem definidos. Ex: chutar uma bola. 
12 
 
Habilidade Seriada - uma sequência de habilidades discretas em uma ordem 
adequada. Ex: mudança de marcha ao dirigir um carro, lance livre no basquetebol. 
Habilidade Continua - uma habilidade organizada de maneira que a ação se 
desdobra sem um início e um fim identificáveis, de uma forma continua e repetitiva. 
Ex: ciclo da pedalada. 
 
1.6 Habilidades Motoras Básicas 
 
1.6.1 As Habilidades Motoras Básicas são: 
Locomotoras (correr e saltar); 
Estabilizadoras (equilibrar e rolar); 
Manipuladoras (arremessar, receber, chutar, rebater e quicar). 
 
 Importância das habilidades relativa aos elementos motores e cognitivos 
 Um segundo tipo de sistema de classificação enfatiza a importância relativa dos 
elementos motores e cognitivos na performance da tarefa. Uma habilidade para a qual 
o principal determinante do sucesso do movimento é a qualidade do próprio 
movimento, em vez dos aspectos perceptivos de tomada de decisão da tarefa, é 
classificada como uma habilidade motora. Por exemplo, o principal desafio de um 
saltador de salto em altura no atletismo é o de produzir um movimento que maximize 
a altura vertical. O saltador pode ver o sarrafo e não ter quaisquer outras decisões a 
tomar. 
 Por outro lado, em uma habilidade cognitiva, o sucesso do desempenho 
depende mais da estratégia por trás do movimento do que da produção do próprio 
movimento. Por exemplo, no jogo de xadrez, pouco importa se as peças são movidas 
rápidas ou sucessivamente; o desafio para o jogador é decidir qual peça move e para 
onde move-lá. 
Elemento Motor – qualidade do movimento, execução adequada do movimento; 
Elemento Cognitivo – tomada de decisão, conhecimento, estratégia. 
São os extremos de um “continuo” particularmente em relação às categorias 
dicotômicas. 
 
13 
 
 
 
Em relação à previsibilidade do ambiente 
 
Habilidade Aberta – executada em um ambiente variável e imprevisível. 
Habilidade Fechada – executada em um ambiente estável e previsível. 
Trata-se também de um continuo que aborda a capacidade de responder às variações 
do ambiente, tais como os adversários em uma partida de futebol, o estado do 
gramado, as condições meteorológicas no instante do jogo, etc. 
 
Em relação ao grupamento muscular utilizado 
 
Habilidade Motora Grossa – usa grandes grupos musculares na execução da tarefa. 
Ex: caminhar, saltar. 
Habilidade Motora Fina – controle de pequenos músculos para execução da tarefa; 
normalmente envolve coordenação entre olhos e mãos e possue alto grau de 
precisão. Ex: colocar uma linha em uma agulha 
 
1.7 Fatores de Influência da Aprendizagem Motora 
 
Aprendizagem Motora 
 
 Aprendizagem motora, como área de estudo, procura explicar e investigar o 
que acontece com o indivíduo em relação aos mecanismos internos e variáveis 
quando ocorre mudança do comportamento. 
 Quando estudamos o comportamento humano e o processo educacional 
encontramos diferentes níveis de análise. A aprendizagem pode ser classificada em 
três domínios do comportamento humano: cognitivo, afetivo e motor. 
 Esta classificação não pode e nem deve ser considerada como itens 
mutuamente exclusivos, mas elas constituem um meio conveniente de organização a 
partir do qual o estudo do comportamento pode-se desenvolver. 
14 
 
 O domínio cognitivo: envolve comportamentos tipicamente identificados 
como atividades intelectuais. Fazem parte do domínio cognitivo, as operações mentais 
como descoberta ou reconhecimento, retenção ou armazenamento e geração de 
informações que a partir de certos dados originam a tomada de decisão ou julgamento 
da informação processada; principal determinante de sucesso é a qualidade das 
decisões do executante em relação ao que fazer. 
 O domínio afetivo: refere-se a sentimentos ou emoção, sendo que a maior 
parte, senão a totalidade de nosso comportamento afetiva é aprendida, conforme 
pesquisas recentes. 
O domínio motor: muitas vezes identificado como psicomotor, inclui atividades 
que requerem movimento físico, por ser o movimento da base desse; principal 
determinante de sucesso é a qualidade do movimento. 
O estudo da AM ajuda a estabelecer estratégias para professores no 
desenvolvimento de ações efetivas para o aumento das habilidades motoras. Este 
assunto é de grande importância, porque tenta compreender como as pessoas 
aprendem ou reaprendem habilidades motoras, como elas as desenvolvem e usam 
tais habilidades em várias situações. A aprendizagem envolve uma modificação no 
estado interno de uma pessoa, que deve ser inferida a partir da observação do 
comportamento ou do desempenho daquela pessoa. Para que a aprendizagem seja 
efetiva deve-se considerar as variáveis que interferem neste processo. 
O indivíduo está constantemente a sofrer influências de suas restrições 
individuais (características físicas e mentais próprias), das restrições ambientais 
(características do ambiente físico ou sociocultural) e das restrições da tarefa (metas 
empreendidas). Qualquer alteração num destes fatores afetará o movimento que 
surge destas interações, evidenciando o processo dinâmico e sistêmico da 
aprendizagem motora. Assim os fatores de influência da aprendizagem motora 
podem ser divididos em: fatores relacionados com o indivíduo (o aprendiz, 
Quem?), fatores relacionados com a tarefa (a tarefa, O quê?) e fatores 
relacionados com o contexto (o meio, Onde?). 
Nem todos os autores têm o mesmo conceito de AM. Alguns salientam o 
aspecto externo da modificação do comportamento, outros a construção pessoal, 
15 
 
experiencial; uns dão maior ênfase ao processo da aprendizagem, enquanto outros 
ao produto desse processo. 
 
O Indivíduo (quem?) 
 
Nada se aprende, verdadeiramente, se aquilo que se pretende aprender, não 
passar pela experiência pessoal de quem aprende. A aprendizagem assume assim 
um caráter pessoal, é um processo que acontece de forma singular e individualizada, 
portanto é pessoal e intransferível, quer dizer a AM não pode passar de um indivíduo 
para outro e ninguém pode aprender se não for por si mesmo. 
O indivíduo é a figura central em todas as experiências de aprendizagem, e 
para que o professor possa proporcionar experiências de aprendizagem mais 
eficientes, deve estar ciente de algumas características importantes do aluno,tais 
como: a idade, as capacidades, a experiência prévia, a capacidade de processamento 
de informação, a motivação, o estádio de aprendizagem, a atenção, a memória e o 
nível de excitação. 
 
Idade 
Como vimos anteriormente o processo de aquisição de habilidades emerge em 
função das interações entre fatores biológicos e ambientais. A infância pode ser 
considerada uma fase determinante desse processo, tanto pelo ritmo acelerado de 
alterações biológicas, como pela elevada capacidade de adequação aos estímulos 
ambientais. É provável que a quantidade e a qualidade dos estímulos presentes nessa 
fase influenciem diretamente o desenvolvimento em idades posteriores. Na 
adolescência, o ritmo de maturação biológica, em conjunto com as experiências 
anteriores, resulta numa grande variabilidade no desempenho motor. Essas 
alterações ocorrem devido ao amadurecimento dos diferentes sistemas, desde os 
primeiros anos de vida até a idade adulta, por volta dos 25 anos. Posteriormente, os 
mesmos sistemas começam a ter uma perda na eficiência das funções, que tem uma 
queda mais acentuada na terceira idade. Assim se percebe que a idade poderá ter 
influência na AM. 
 
16 
 
Capacidades 
 
De um modo geral, as capacidades motoras são características individuais e 
inatas, que podem ser sujeitas a um desenvolvimento, e que, em conjunto, 
determinam a aptidão física de um indivíduo. Referem-se a um conjunto de 
predisposições, pressupostos ou potencialidades individuais, nas quais assentam a 
realização, aprendizagem e/ou desenvolvimento de habilidades motoras. 
Devemos destacar que existem diferenças entre capacidade motora e habilidade 
motora. 
Capacidade refere-se às qualidades físicas de uma pessoa, um potencial, 
definido geneticamente, que pode ser atingido ou não. 
Enquanto que habilidade refere-se a uma tarefa com uma finalidade específica 
a ser atingida. Todos nascem com uma determinada força, ou resistência, mas 
precisamos de aprender a dançar ou a jogar basquete. 
As capacidades motoras podem ser divididas em: 
· Capacidades motoras condicionais, são capacidades determinadas pelos 
processos energéticos e metabólicos – obtenção e transformação da energia. Por 
isso, são condicionadas pela energia disponível nos músculos e pelos mecanismos 
que lhe regulam a distribuição – carácter quantitativo. Podemos considerar a força, 
velocidade, resistência e flexibilidade. 
· Capacidades motoras coordenativas, são essencialmente determinadas pelos 
processos de organização, controle e regulação do movimento. Estas são 
condicionadas pela capacidade de elaboração das informações por parte dos 
analisadores implicados na formação e realização do movimento – carácter 
qualitativo. 
 
Experiência prévia 
 
Uma das variáveis que interferem significativamente no processo de 
aprendizagem é a experiência prévia. Alguns autores afirmam que aqueles que 
possuem experiências anteriores em certas habilidades motoras, possuem uma 
vantagem na rapidez com que aprendem uma nova tarefa semelhante ou aprendem 
17 
 
a mesma tarefa por exemplo. Ou seja, um indivíduo terá mais facilidade em executar 
uma tarefa nova se tiver experiência prévia numa tarefa similar, terá maior facilidade 
de transferência da aprendizagem. 
Existem vários conceitos de transferência de aprendizagem: 
· a experiência anterior no desempenho de uma habilidade num novo contexto ou 
na aprendizagem de uma nova habilidade; 
· a influência da aprendizagem de uma habilidade motora sobre o desempenho ou 
aprendizagem de outra habilidade; 
· o efeito que a aprendizagem prévia de uma determinada tarefa exerce sobre a 
aprendizagem ou desempenho noutra tarefa num momento posterior. 
Por exemplo as crianças que não passaram por experiências em tarefas 
motoras fundamentais durante as fases iniciais podem apresentar um repertório 
menor de habilidades motoras na idade adulta, causando a impressão de terem menor 
capacidade motora. 
Deste modo à ideia de que a experiência prévia exerce um papel primordial no 
processo de aprendizagem de habilidades motoras torna este aspecto fundamental 
para o professor na forma como estrutura e implementa os programas de reabilitação 
motora. 
 
Capacidade de processamento de informação 
 
Para que aconteça AM é necessário que o indivíduo selecione qual a resposta 
adequada para determinado estímulo. A aprendizagem advém, basicamente, do 
processamento de informações, que pode ser entendido através dos mecanismos de 
percepção, de decisão e de programação. 
Existem diversos modelos explicativos do processamento de informações. O 
modelo geral do processamento de informação estabelece os seguintes 
componentes: 
1. Informação do ambiente (input), é o que está disponível no meio ambiente ou a 
informação dada; 
2. Órgãos dos sentidos, são os responsáveis em captar a informação no ambiente 
e transformá-la em impulsos nervosos; 
18 
 
3. Mecanismos de percepção, é o mecanismo responsável em organizar os 
impulsos nervosos que entraram no SNC; estes mecanismos irão discriminar, 
identificar, classificar, descrever o meio interno e externo do executante; 
4. Mecanismo gerador de resposta (de decisão), escolhe o melhor plano motor para 
satisfazer o objetivo a ser executado, levando em consideração as necessidades do 
meio interno e externo; 
5. Resposta (output/mecanismo efetor), detalha o plano motor escolhido e 
transforma em programa motor (ordens neuronais para a execução motora), ou seja 
integra os comandos motores que produzirão o movimento. 
6. Sistema muscular, recebe e executa os comandos motores 
7. Feedback (retro-informação), é uma das formas pelas quais o executante pode 
ter uma resposta sobre como foi a execução de uma habilidade. Temos dois tipos de 
feedback: 
a. Intrínseco ou interno, informação fornecida como consequência natural do 
movimento (visual, proprioceptivo, táctil, vestibular, etc.) 
b. Extrínseco ou externo, informação sobre a performance ou resultados (fornecido 
por fontes externas ao indivíduo). 
 
A aprendizagem pode então ser entendida como um mecanismo intrínseco do 
ser humano, onde existem etapas que devem ser percorridas para que aconteça. 
Primeiramente, existem os estímulos do meio ambiente, que devem propiciar um 
campo fértil para a aprendizagem; através da captação desses estímulos o indivíduo 
faz contato com o exterior, ou seja, ele percebe os ‘sinais’ que são enviados pelas 
coisas que o cercam. O mecanismo de processamento é que promove o 
desmembramento e a descodificação dos estímulos anteriormente percebidos e, a 
partir deste, há a elaboração das possíveis respostas e a tomada de decisão. Quando 
este fenômeno acontece, o indivíduo está pronto para, efetivamente, responder aos 
estímulos; tal resposta poderá ser dada através da execução de tarefas motoras, no 
caso de uma situação de aprendizagem motora. 
O indivíduo ao encontrar-se numa situação de aprendizagem percorre todo este 
trajeto para o entendimento dos novos conhecimentos; também a aprendizagem de 
19 
 
habilidades motoras acontece observando este processamento de informações e, 
neste caso, o sistema muscular aparece como principal agente do mecanismo efetor. 
Numa relação de aprendizagem existe um número elevado de variáveis que tem 
influência efetiva em todo o processo. Pode-se citar a maturação fisiológica do 
indivíduo, a atenção e a motivação. Sendo esta última de extrema relevância no 
processo de aprendizagem tanto cognitiva, quanto motora. 
 
Motivação 
 
A motivação participa no processo de aprendizagem motora como sendoum 
dos fatores que mais o influenciam. Integra o modelo de processamento de 
informações como um catalisador da captação dos estímulos, possibilitando uma 
velocidade, intensidade e permanência maiores de retenção dos conhecimentos 
apreendidos no processo de aprendizagem. 
No processo de aprendizagem de uma habilidade motora, a questão da motivação 
tem uma presença de extrema relevância, na medida em que o aprendiz necessita de 
estímulos contínuos que facilitem a aprendizagem. De entre estes estímulos estão os 
motivacionais, que têm o papel de estimular e criar uma expectativa à respeito da 
habilidade que, por ventura, será aprendida. 
A motivação é vista como o processo que leva as pessoas a uma ação ou 
inércia em diversas situações. Este processo pode ser ainda as causas pelas quais 
se escolhe fazer algo, e executar algumas tarefas com maior empenho do que outras. 
A motivação pode ser definida como alguma força interior, impulso ou uma intenção, 
que leva uma pessoa a fazer algo ou agir de certa forma. Quando os sujeitos têm 
metas claras e bem definidas parecem atingir um desempenho superior aos que não 
estão na mesma situação. Então metas específicas podem levar ao desempenho 
superior. Os referenciais teóricos da motivação têm-se pautado por duas bases: 
· Orientação para a Tarefa – Motivação Intrínseca. É aquela referente à escolha 
e à realização de determinada atividade por vontade própria, por ser interessante e 
atraente ou, de alguma forma, gerada de satisfação. Se há comprometimento com 
uma atividade é considerado ao mesmo tempo espontâneo, parte do interesse 
individual, isto é, a atividade é um fim em si mesmo. Desta forma, a recompensa 
20 
 
principal é a participação na tarefa, sem necessidade de pressões externas, internas 
ou recompensa. 
· Orientação ao Ego – Motivação Extrínseca. Os motivos movem o ser humano 
pelas consequências que espera em virtude da ação executada. No caso da 
motivação extrínseca, esta surge pelas consequências que se espera alcançar devido 
às reações do ambiente. A pessoa está sempre dependendo, de certo modo, das 
reações dos outros e atua “interesseiramente”. 
Para que o aprendiz esteja motivado, é necessário o aumento gradativo das 
competências que se daria através da introdução de um novo elemento (novo 
estímulo) a cada diferente momento da aprendizagem. 
A motivação é um fenômeno intrínseco pelo qual o indivíduo escolhe uma 
atividade e não outra, e pelo qual realiza ações com graus variados de intensidade. 
Os motivos que conduzem uma pessoa podem também advir das suas necessidades 
básicas primárias e secundárias. 
Como vimos os motivos, de onde provém a motivação, são decorrentes de 
fontes externas ao indivíduo e à tarefa ou derivam da estrutura psicológica e das suas 
necessidades pessoais. Quanto mais o profissional conhecer o seu aluno, as suas 
necessidades e os seus motivos, maiores serão os recursos que ele terá em favor da 
mediação no processo de aprendizagem.
Faz-se necessário ao longo do processo de 
AM, o estabelecimento de um ambiente que propicie a captação e armazenamento 
das informações ali obtidas, para a elaboração das respostas aos estímulos 
percebidos. Sendo condição ‘sine qua non’ para a ocorrência deste fenômeno a 
contínua estimulação da motivação. 
Para que a AM aconteça de maneira equilibrada e profícua é imprescindível 
que o aprendiz esteja rodeado por um ambiente facilitador, que lhe permita conhecer 
o maior número possível de possibilidades de execução dos movimentos nas suas 
mais variadas formas. 
A motivação apresenta uma relação de U “invertido”, ou seja, quando a 
motivação está muito baixa ou muito alta, a aprendizagem é dificultada. 
 
21 
 
 
Figura – Teoria do U invertido para a motivação 
 
Em resumo a motivação é o processo que mobiliza o indivíduo para a ação; 
compreende desejo, vontade, interesse ou pré-disposição para agir. O aluno precisa 
ser motivado para a atividade. As tarefas devem ter um grau adequado de 
complexidade. Não podem ser muito difíceis, pois o aluno não conseguirá realizá-las, 
gerando frustração, e não podem ser muito fáceis porque não o motivarão. Quando o 
paciente obtém sucesso com a tarefa, este sucesso é um modo de reter a motivação. 
Mas não é somente o aluno que precisa de motivação, a família do aluno e os 
profissionais da saúde também precisam desfrutar dessa mesma condição emocional. 
 
Atenção 
 
Para se aprender alguma coisa é preciso primeiro prestar atenção e prestar 
atenção significa antes de mais selecionar um ou mais estímulos de entre os muitos 
que nos rodeiam de modo a poderem ser processados de forma mais vasta e profunda 
em momentos posteriores, se tal for considerado conveniente. A cada instante o ser 
humano é bombardeado com inúmeras informações, quer externas provenientes do 
meio ambiente, quer internas provenientes do próprio organismo. O processamento 
de todas estas informações é manifestamente impossível, de modo que uma seleção 
do que é mais relevante deverá ser efetuada a cada momento. A atenção implica, 
portanto, uma seleção de estímulos entre os muitos que poderiam atrair a atenção e 
22 
 
por outro um esforço de controlar a informação irrelevante e concorrente de forma a 
permitir a concentração no processamento da informação considerada útil. 
No âmbito da atenção, há duas questões importantes que podem ser 
consideradas. Primeiro, o que leva um estímulo ou atividade a ser selecionada em 
detrimento de outra? Segundo, é possível realizar mais do que uma tarefa ao mesmo 
tempo? Há vários fatores que podem atrair a atenção de uma pessoa, nomeadamente 
o número de estímulos, a familiaridade, similaridade, a novidade, o imprevisto e a 
complexidade. 
O número de estímulos a que num instante se pode prestar atenção é bastante 
limitado, podendo aumentar ou diminuir conforme o grau de familiaridade. Assim, por 
exemplo, numa discussão ou debate não é possível seguir e compreender os 
argumentos de quatro pessoas se todas começarem a falar ao mesmo tempo. Apenas 
os argumentos de uma pessoa podem ser processados ou no caso do tema abordado 
ser bastante familiar é possível que os temas abordados por mais do que uma pessoa 
possa ser atendida. 
A similaridade das fontes de informação é uma dificuldade acrescida na tarefa 
de prestar atenção, provocando interferências mútuas e exigindo maiores recursos de 
processamento. Por exemplo, os estudantes são capazes de estudar um tema para 
exame numa sala com música instrumental de fundo, mas têm maiores dificuldades 
com música vocal. O tema de estudo e o tema da música interferem entre si devido à 
similaridade verbal, tornando mais difícil a tarefa de prestar atenção. 
A novidade de um estímulo ou o seu aparecimento imprevisto são fatores que 
levam uma pessoa a mudar de atenção, suspendendo a realização da tarefa que 
estava a ser efetuada. Assim quando num ambiente de uma aula um professor passa 
de um tom de voz monocórdico para um tom de voz subitamente mais alto, a atenção 
dos alunos, se nuns casos se apresenta dispersa, direciona-se naquele instante para 
o que o professor diz. Do mesmo modo, quando numa aula toca inesperadamente um 
celular, a atenção dos alunos desvia-se do professor para o portador do celular. 
A atenção é um recurso cognitivo limitado e se uma tarefa é bastante complexa, 
os recursos atencionais necessários para a processar ficam mais rapidamente 
esgotados. A atenção é um recurso limitado, mas não é fixo. Através da prática 
continuada e sistemática é possível realizar uma tarefa de forma cada vez mais 
23 
 
automática. Quando uma pessoa aprende a conduzir um automóvel, a tarefade 
condução é de tal ordem complexa que torna difícil conduzir e ao mesmo tempo seguir 
uma conversa ou ouvir as notícias do rádio. Com a prática continuada o condutor é 
capaz de conduzir, ouvir as notícias e até pensar no melhor percurso alternativo para 
chegar ao destino. 
Existe uma distinção importante entre processos automáticos e processos 
esforçados ou controlados. Os processos automáticos exigem a atribuição de poucos 
recursos de atenção e são realizados em paralelo com outros processos cognitivos 
ou atividades. Os processos esforçados aplicam-se a tarefas que têm de ser 
realizadas de forma seriada, uma de cada vez, em virtude dos recursos de atenção 
exigidos serem bastante elevados. Nestes casos a realização da tarefa requer um 
acompanhamento consciente, sob o controlo direto da atenção da pessoa. A prática 
torna progressivamente automático o processamento de vários estímulos e a 
realização de várias tarefas intermédias que inicialmente requeriam esforço e controlo 
da atenção. 
Os limites da atenção são flexíveis em função do grau de prática atingido na 
realização de uma tarefa, mas não são ilimitados. Mesmo uma atividade que tenha 
sido objeto de uma prática intensa e continuada e cuja realização possa ser 
processada de forma bastante automática como conduzir um carro, e ao mesmo 
tempo prestar atenção e processar as notícias no rádio, manter uma conversa com a 
pessoa ao lado e estudar o melhor percurso para se chegar ao destino, verifica-se que 
estas atividades concorrentes têm de ser subitamente interrompidas se algo de 
inesperado acontece como a travessia súbita de um animal na via de condução. Neste 
caso é necessária toda a atenção para a tarefa de condução de modo a evitar o 
acidente, ficando suspensas todas as restantes tarefas que até aí eram processadas 
em paralelo e de forma quase automática. 
Na maior parte dos casos, o conhecimento adquirido numa situação de 
aprendizagem é uma tarefa complexa implicando grande parte dos recursos 
atencionais disponíveis. O estudante tem de focar a atenção no que o professor diz e 
ao mesmo tempo tentar abstrair-se das informações circundantes produzidas pelos 
colegas ou por ruídos fora da sala. Na ausência de um manual escolar de apoio, o 
estudante tem de realizar de forma eficaz duas tarefas simultâneas: Compreender o 
24 
 
que o professor diz e em seguida escrever o que de mais importante acabou de ouvir. 
Se além destas duas tarefas que realiza, o aluno tem ainda de pensar sobre o assunto 
de forma a pedir esclarecimentos para dúvidas que surgem, é evidente que os 
recursos atencionais estão a ser usados nos limites da sua capacidade cognitiva de 
atenção. A tarefa de prestar atenção na aula torna-se mais fácil quando o estudante 
está em presença de um manual que o professor acompanha e explica, evitando a 
tarefa de tirar notas detalhadas, podendo antes concentrar-se em sublinhar os pontos 
mais importantes do programa. 
 
Ativação 
 
O processo de aprendizagem exige um certo nível de ativação e atenção, de 
vigília e seleção das informações. A ativação, por meio da vigília, conecta-se com a 
atenção no sentido da capacidade de focalização na atividade. São elementos 
fundamentais de toda a AM, essenciais para manter as atividades cognitivas, inibindo 
o efeito de muitos neurônios que não interessam à situação. Sem uma organização 
cerebral integrada, intra e interneurossensorial, não é possível uma aprendizagem 
normal. 
O conhecimento do desenvolvimento e do funcionamento do sistema nervoso 
central, abarcado pelas neurociências, tem sido potencializado pelos avanços 
tecnológicos que permitem estudar os processos neurológicos in vivo. Esse avanço 
tem evidenciado a interdependência funcional entre diferentes estruturas do cérebro 
e de outras estruturas encefálicas. Tal interdependência reflete-se na determinação 
recíproca entre funções psíquicas consideradas distintas, como, por exemplo, 
memória e afetividade. 
Um exemplo desta interdependência é a relação entre o hipocampo – estrutura 
considerada importante para os processos de memorização de informações – e outros 
componentes do chamado sistema límbico – conjunto de estruturas que estão 
associadas às experiências afetivo-emocionais (giro do cíngulo, fórnix, amígdala...). 
Um funcionamento adequado do hipocampo (e, portanto, do processo de 
memorização de novas informações) depende de um estado ótimo de ativação do 
sistema límbico como um todo. Noutras palavras, quando o sistema límbico está ativo, 
25 
 
mas não hiperativo (isso acontece quando o sujeito experimenta sentimentos e 
emoções intensas, como raiva, medo, ansiedade, euforia), o hipocampo tem as 
melhores condições de processar as informações a serem memorizadas. No caso de 
uma sub ativação do sistema límbico (estado de apatia), o hipocampo fica menos ativo 
e processa as informações de forma mais lenta. A hiper ativação do sistema límbico, 
por sua vez, gera uma sobrecarga de estímulos que tende a desorganizar o fluxo de 
informações no hipocampo, confundindo o processo de memorização. 
 
1.8 Memória 
 
A memória é a capacidade de conservar informações vivenciadas 
anteriormente, ou a capacidade de recuperar estas informações para um uso 
posterior. Tem grande importância para a AM sem ela não existiria antes nem depois. 
Não seriamos capazes de recordar os rostos das pessoas que vimos no dia anterior, 
então a mesma pessoa que víssemos ontem não seria igual ao da mesma se a 
víssemos hoje. A memória é resultado dos estágios sequenciais do processamento 
de informação, vistos anteriormente. Ao passo que a AM é o processo. Por outras 
palavras, o processo de aquisição das novas informações que vão ser retidas na 
memória é chamado de aprendizagem. Memória, diferentemente, é o processo de 
arquivamento seletivo dessas informações, pelo qual podemos evocá-las sempre que 
desejarmos, consciente ou inconscientemente. De certo modo, a aprendizagem pode 
ser vista como um conjunto de comportamentos que viabilizam os processos 
neurobiológicos e neuropsicológicos da memória. Como os conceitos de 
aprendizagem e de memória, embora diferentes, são muito próximos, é comum utilizar 
um termo como sinônimo do outro. 
 
1.8.1 Sequência de processos ou processos sem sequência? 
 
O primeiro dos processos mnemônicos é a aquisição, que consiste na entrada 
de um evento qualquer nos sistemas neurais ligados à memória. Por "evento" 
entendemos qualquer coisa memorizável: um objeto, um som, um acontecimento, um 
pensamento, uma emoção, uma sequência de movimentos. Conseguimos lembrar-
26 
 
nos dos nossos primeiros tênis, dos acordes iniciais do hino nacional, dos movimentos 
necessários para atacar os atacadores, de como se multiplica 24 por 13, do que 
sentimos durante o nosso primeiro beijo. 
 Para o estudo da memória, todos são eventos: podem ter origem no mundo 
externo, conduzidos ao sistema nervoso através dos sentidos, ou então no mundo 
interior da pessoa, surgidos "misteriosamente" dos nossos próprios pensamentos e 
emoções. Durante a aquisição ocorre uma seleção: como os eventos são geralmente 
múltiplos e complexos, os sistemas de memória só permitem a aquisição de alguns 
aspectos mais relevantes para a cognição, mais marcantes para a emoção, mais 
focalizados pela nossa atenção, mais fortes sensorialmente, ou simplesmente 
priorizados por critérios desconhecidos. 
Após a aquisição dos aspectos selecionados de um evento, estes são 
armazenados por algum tempo: às vezes por muitos anos, às vezes por não mais que 
alguns segundos. Esse é o processo de retenção da memória, durante o qual os 
aspectos selecionados de cada evento ficam de algummodo disponíveis para serem 
lembrados. Com o passar do tempo, alguns desses aspectos ou mesmo todos eles 
podem desaparecer da memória: é o esquecimento. Isso significa que a retenção nem 
sempre é permanente - aliás, na maioria das vezes, é temporária. Quando vamos ao 
cinema, logo ao sair somos capazes de lembrar-nos de muitas cenas e diálogos do 
filme (não todos...). No entanto, já no dia seguinte só nos lembramos de alguns, e 
após 1 ano talvez nem nos lembremos do tema do filme! O tempo de retenção, 
portanto, é limitado pelo esquecimento, e ambos são definidos, entre outros aspectos, 
pelo tipo de utilização que faremos de cada evento memorizado. Assim, não é 
importante guardar a fisionomia da moça da bilheteria do cinema, e talvez tão pouco 
dos personagens secundários do filme. Mas geralmente guardamos o rosto da atriz 
principal, seja porque é bonita, seja porque o seu papel é importante no contexto do 
filme. 
Os psicólogos têm estudado a capacidade de retenção das pessoas, e sabem 
que pode variar de indivíduo para indivíduo, bem como em diferentes situações e 
momentos de cada um. De qualquer modo, está estabelecido que para algumas 
formas de memória a capacidade de retenção é finita e parece não ultrapassar um 
pequeno número de itens de cada vez. Para outras formas , a capacidade de retenção 
27 
 
é praticamente infinita. Testes com voluntários normais mostraram que, se lhes 
apresentamos sequências de letras para memorizar, o limite médio de retenção anda 
à volta de sete letras. Quando lhes apresentamos sequências de palavras, só são 
capazes de memorizar cerca de sete. E quando ficam expostos a sequências de 
frases, o mesmo número 7 representa o limite médio para a retenção. 
Os pesquisadores têm estudado os determinantes do esquecimento. Por que 
retemos algumas coisas e esquecemos outras? Quais os fatores que determinam um 
caminho ou o outro? Descobriu-se que a retenção é fortemente influenciada pela 
presença de elementos distratores, e que o número de distratores determinará maior 
ou menor retenção. Tente memorizar um número de telefone com alguém a seu lado 
lendo alto outra sequência de números... Além da interferência de distratores, também 
a ordem de apresentação de uma sequência de itens a serem memorizados influencia 
a retenção. Tendemos a reter mais facilmente os primeiros e os últimos de uma série, 
e esquecemos aqueles situados no meio. 
O esquecimento é uma propriedade normal da memória. Provavelmente 
desempenha um papel muito importante como mecanismo de prevenção de 
sobrecarga nos sistemas cerebrais dedicados à memorização, e tem ainda a virtude 
de permitir a filtragem dos aspectos mais relevantes ou importantes de cada evento. 
Depreende-se do que acabamos de dizer que, de entre os vários aspectos de um 
evento, alguns serão esquecidos imediatamente, outros serão memorizados durante 
um certo período, e apenas uns poucos permanecerão na memória prolongada mente. 
Neste último caso, diz-se que houve consolidação quando o evento é memorizado 
durante um tempo prolongado, às vezes permanentemente. Lembramo-nos de 
algumas coisas durante muito tempo, embora possamos nalgum momento esquecê-
las. Mas lembramo-nos de outras durante toda a vida, como o nosso próprio nome e 
a data do nosso aniversário. 
 
28 
 
 
 
Figura – Esquema da memória. 
 
Finalmente, o último dos processos mnemônicos é a evocação ou lembrança, 
através do qual temos acesso à informação armazenada para utilizá-la 
mentalmente na cognição e na emoção, por exemplo, ou para exteriorizá-la 
através do comportamento. 
 
1.8.2 Tipos e subtipos de memória 
 
A memória pode ser classificada em tipos diferentes, de acordo com as suas 
características. Essa classificação é importante, pois os tipos de memória são 
operados por mecanismos e regiões cerebrais diferentes. 
A memória pode ser classificada quanto ao tempo de retenção em: 
 (1) memória ultrarrápida ou imediata, cuja retenção não dura mais que alguns 
segundos; 
 (2) memória de curta duração, que dura minutos ou horas e serve para 
proporcionar a continuidade do nosso sentido do presente, e 
(3) memória de longa duração, que estabelece engramas duradouros (dias, 
semanas e até mesmo anos). 
A memória pode também ser classificada, quanto à sua natureza, em: 
 (1) memória explícita ou declarativa; 
 (2) memória implícita ou não declarativa e 
29 
 
 (3) memória operacional ou memória de trabalho. 
 
A memória explícita reúne tudo que só podemos evocar por meio de palavras 
(daí o termo "declarativa") ou outros símbolos (um desenho, por exemplo). É formada 
facilmente, mas pode-se perder também facilmente. Pode ser episódica, quando 
envolve eventos datados, isto é, relacionados ao tempo; ou semântica, quando 
envolve conceitos atemporais. Ao lembrarmo-nos que fomos ao teatro no domingo 
passado assistir à peça Romeu e Julieta, empregamos a nossa memória episódica. 
Mas saber que o teatro é uma forma de arte cênica e que Romeu e Julieta é uma peça 
do escritor inglês William Shakespeare, é um exemplo de memória semântica. A 
memória episódica é geralmente específica de cada indivíduo, característica da sua 
trajetória de vida. A memória semântica, por outro lado, é compartilhada por muitas 
pessoas, fazendo parte da cultura. 
 
 Tipos e subtipos Características 
Quanto ao 
tempo de 
retenção 
Ultrarrápida ou 
imediata 
Duração de segundos a alguns 
segundos; memória sensorial 
 
Curta duração Dura minutos ou horas, garante o sentido 
de continuidade do presente 
 
Longa duração Dura horas, dias ou anos, garante o 
registro do passado autobiográfico e dos 
conhecimentos do indivíduo 
 
Quanto à 
natureza 
Explícita ou 
declarativa 
Pode ser descrita por meio de palavras e 
outros símbolos 
 
Episódica Tem uma referência temporal: memória 
de fatos sequenciados 
 
Semântica Envolve conceitos atemporais: memória 
cultural 
 
Implícita ou não 
declarativa 
Não precisa ser descrita por meio de 
palavras 
 
30 
 
De representação 
perceptual (priming) 
Representa imagens sem significado 
conhecido: memória pré-consciente 
 
De procedimentos Hábitos, habilidades e regras 
Associativa Associa dois ou mais estímulos 
(condicionamento clássico), ou um 
estímulo a uma certa resposta 
(condicionamento operante) 
 
Não associativa Atenua uma resposta (habituação) ou 
aumenta-a (sensibilização) através da 
repetiçãodeummesma estímulo 
 
Operacional ou 
memória de trabalho 
Permite o raciocínio e o planejamento do 
comportamento 
 
Tabela – Tipos e características da memória 
 
A memória implícita, por sua vez, é diferente da explícita porque não precisa 
de ser descrita com palavras. Além disso, requer mais tempo e treino para se formar, 
mas persiste mais duradouramente. Pode ser de quatro subtipos. O primeiro é a 
chamada memória de representação perceptual (priming), que corresponde à imagem 
de um evento, preliminar à compreensão do que ele significa. Um objeto, por exemplo, 
pode ser retido nesse tipo de memória implícita antes que saibamos o que é, para que 
serve etc. Outro subtipo de memória implícita é a memória de procedimentos: trata-
se, aqui, dos hábitos e habilidades e das regras em geral. Sabemos os movimentos 
necessários para conduzir um carro, sem que seja preciso descrevê-los verbalmente. 
Sabemos também que numa frase em português o sujeito geralmente vem 
antes do verbo, e elaboramos as frases de acordo com essa regra previamente 
memorizada, sem nos dar conta disso. Finalmente, dois subtipos muito importantes 
de memória implícita sãoconhecidos como associativa e não associativa. Ambas se 
relacionam fortemente a algum tipo de resposta ou comportamento. Empregamos a 
memória associativa, por exemplo, quando começamos a salivar bem antes que a 
comida chegue à nossa boca, por termos em algum momento da vida associado o 
seu cheiro ou aspecto à alimentação. Por outro lado, empregamos a memória não-
31 
 
associativa quando sem sentir aprendemos que um estímulo repetitivo que não traz 
consequências é provavelmente inócuo, o que nos faz "relaxar" e ignorá-lo. 
O terceiro tipo é a memória operacional, através da qual armazenamos 
temporariamente informações que serão úteis apenas para o raciocínio imediato e a 
resolução de problemas, ou para a elaboração de comportamentos, podendo ser 
descartadas (esquecidas) logo a seguir. Guardamos na nossa memória operacional, 
por exemplo, o local onde estacionamos o automóvel quando vamos fazer compras, 
uma informação que nos servirá apenas até o momento de voltar ao carro para ir 
embora. Depois disso, essa informação será provavelmente esquecida de forma 
definitiva. 
 
1.9 Modelos de Estágios da Aprendizagem 
 
A AM mesmo sendo um processo que, no eixo temporal da vida, ocorre numa 
escala de curto prazo em função da prática, pode ser dividida em fases. Fitts & Posner 
(1967), propuseram um modelo clássico de estádios da aprendizagem dividido em: 
cognitivo, associativo e autónomo. 
O Estágio Cognitivo é o inicial, onde se apresenta a habilidade ao indivíduo e 
as suas características são: a ocorrência de um grande número de erros e muita 
variabilidade no desempenho da atividade. A atividade cognitiva é muito grande, 
causando uma sobrecarga nos mecanismos de atenção. Muitas vezes a pessoa é 
capaz de perceber que está a fazer algo de errado, mas ainda não sabe como corrigir. 
Os ganhos em proficiência são muito grandes neste estágio. Neste estágio o aprendiz 
concentra-se nos problemas de natureza cognitiva, onde procura visualizar e 
processar as informações relevantes para o reconhecimento dos objetivos e dos 
aspectos necessários para a execução da tarefa. 
Após certo período de prática, o indivíduo passa para o Estágio Associativo, 
onde já é capaz de realizar a atividade com mais facilidade, diminuindo a quantidade 
de erros e a variabilidade entre as tentativas. A carga cognitiva para o desempenho é 
moderada e a eficiência do movimento é melhorada. Neste estágio o aprendiz muda 
a sua ênfase dos problemas cognitivos e estratégicos para uma fase de organização 
mais efetiva e padronizada de movimentos para a execução da tarefa, procurando 
32 
 
associar os movimentos com certas respostas do meio ambiente. Esse estágio é 
também chamado de estágio de refinamento, onde a variabilidade do desempenho 
começa a diminuir e os erros são menos grosseiros. Tem uma duração maior do que 
o primeiro, podendo durar até vários meses. 
Por fim, após praticar a atividade o indivíduo é capaz de realizar as atividades 
automaticamente, com pequena variabilidade e com pouca carga nos mecanismos 
cognitivos. Nesta fase as melhorias de desempenho são mais difíceis de detectar, pois 
os indivíduos estão próximos dos limites de suas capacidades e há pouca 
variabilidade entre tentativas subsequentes. Para chegar até esse estágio podem ser 
necessários vários anos de prática, sendo que muitos indivíduos, mesmo com muita 
prática podem até não chegar até esse estágio, tudo depende da tarefa a aprender. 
O Estágio Autônomo é atingido quando o indivíduo já consegue realizar outra 
tarefa simultânea, e, além disso, já pode detectar e corrigir seus próprios erros. Neste 
estágio, o indivíduo realiza a atividade “sem pensar”, ou aprende a realizar o 
movimento concentrando-se nos pontos críticos, nas partes mais difíceis. A 
variabilidade na “performance” é pequena e a carga nos mecanismos da atenção é 
muito baixa, facilitando o direcionamento do foco da atenção para outros itens 
relevantes à realização da tarefa. Por exemplo, pessoas que digitam no teclado do 
computador, sem olhar as teclas, olhando apenas para o monitor. 
 
 
33 
 
 
Estágios da Aprendizagem Motora – Evolução dos Processos cognitivos, Erros e Performance. 
 
1.9.1 Os estágios de aprendizagem e a atenção 
 
De entre as diversas características de cada estágio de aprendizagem, uma 
importante mudança decorrente da prática ocorre nos processos da atenção. No 
estágio cognitivo o indivíduo está tentando compreender os objetivos da tarefa, o que 
sobrecarrega os mecanismos da atenção, proporcionando uma “performance” 
inconsistente. Após um certo período de prática, ele passará para o estágio 
associativo, no qual consegue manter uma “performance” mais estável, sendo capaz 
inclusive de detectar alguns erros. As necessidades de atenção neste estágio 
decrescem significativamente. Depois de muita prática, ele será capaz de atingir o 
terceiro e último estágio (autónomo), no qual a habilidade está bem desenvolvida, 
permitindo que o indivíduo a realize com consistência e “quase sem pensar”. As 
exigências nos processos da atenção são mínimas, permitindo que direcione o foco 
da atenção para outros aspectos importantes da “performance”. 
 
A Tarefa (O que?) 
 
No nosso dia a dia executamos uma infinidade de tarefas funcionais que 
exigem movimentos. A tarefa que vai ser executada determina o tipo de movimento a 
34 
 
ser realizado. Portanto a compreensão do controle do movimento exige o 
conhecimento de como as tarefas regulam e restringem o movimento. 
A AM é um campo de estudo, cujo tema principal é o entendimento dos 
processos pelos quais as habilidades motoras são aprendidas e realizadas. Para 
entender os processos, é necessário entender melhor as habilidades motoras. 
Habilidade motora é uma tarefa executável com determinadas porções de 
movimento e de cognição, para atingir uma finalidade específica. As habilidades 
motoras, também chamadas de actos ou tarefas motores/as, requerem movimento e 
devem ser aprendidos a fim de serem executados, ex.: lançar uma bola, tocar piano, 
nadar, soldar, chutar. 
Quando praticamos uma ação, como por exemplo, tocar piano, utilizamos uma 
ou mais habilidades, chamadas de habilidades motoras. Dentro dessas, existem 
classificações estabelecidas em categorias amplas. As vantagens de se classificar as 
habilidades é que podemos estabelecer princípios sobre como realizar e aprender, da 
melhor forma, as habilidades motoras e assim planear de uma forma mais adequada 
a nossa intervenção. Para tal, as habilidades motoras podem ser agrupadas de forma 
a facilitar um melhor entendimento e organização do Fisioterapeuta. 
A natureza da tarefa que está a ser executada determina, em parte, o tipo de 
movimento necessário. Portanto, a compreensão da AM exige o conhecimento de 
como as tarefas regulam, ou restringem, o movimento. O conceito de agrupar tarefas 
não é novo para os professores ou técnicos. 
A classificação das tarefas deve ser baseada na compreensão dos atributos 
que lhe são essenciais, que governam especificamente ou regulam o controle do 
movimento. Por exemplo, uma base de suporte imóvel é atributo para ficar de pé; por 
outro lado, uma base de suporte móvel é um atributo para a marcha e a corrida. Muitas 
características podem ser consideradas, porque representam variáveis contínuas 
como velocidade ou precisão, assim como outras. 
As habilidades motoras podem também ser utilizadas como parâmetros de 
desempenho, ou seja, como expressão qualitativa de desempenho ou grau de 
competência do executante. Podem ser vistas com um indicador de produtividade, 
caracterizando o executante. A habilidade é julgada pela produtividadeno 
35 
 
desempenho, temos como exemplo um jogador habilidoso de basquete nos lances 
livres encesta 80% dos lançamentos tentados. 
Há uma variedade de esquemas para se classificar as habilidades motoras. 
Tradicionalmente, a maioria tem sido unidimensional e responde apenas a um aspecto 
de uma habilidade. Os esquemas bidimensionais são mais completos e permitem-nos 
observar uma habilidade sob dois aspectos ao mesmo tempo. 
Esta sequência proporciona uma visão geral de cinco esquemas classificadores 
unidimensionais seguidos por um esquema bidimensional. 
 
Esquemas de classificação unidimensional 
 
Cinco formas de classificar as habilidades motoras, tendo em conta uma única 
dimensão, ganharam popularidade ao longo dos anos, a saber: (1) os aspectos 
musculares, (2) os aspectos temporais, (3) os aspectos do meio ambiente, (4) os 
aspectos intencionais e (5) os aspectos sobre a informação de retorno/feedback. 
 
Aspectos musculares 
 
As habilidades motoras podem ser classificadas em relação aos grupos 
musculares envolvidos em habilidades globais/grossas ou finas. As habilidades 
grossas envolvem grandes grupos musculares, como por exemplo, sentar-levantar, 
rolar. As habilidades motoras finas requerem a capacidade de controlar pequenos 
grupos musculares, havendo um alto grau de precisão do movimento, como por 
exemplo, passar a linha na agulha e escrever. 
 
Aspectos temporais 
 
Com base nos seus aspectos temporais, as habilidades também podem ser 
classificadas como discretas, em série (seriadas) ou contínuas. 
As habilidades dizem-se discretas quando os pontos de início e fim da 
habilidade são identificáveis, ou seja, quando a sua execução tem um início e um 
término bem definidos. Por exemplo, o sentar numa cadeira. Denominam-se contínuas 
36 
 
quando os pontos de início e fim são indefinidos. O executante ou alguma força 
externa determina o começo ou fim da habilidade. Uma habilidade contínua é 
facilmente identificável, pois repete-se na organização dos movimentos, como correr, 
nadar e remar. Estamos perante habilidades seriadas quando existe uma combinação 
de habilidades discretas em série. As habilidades são classificadas como seriadas 
quando, apesar da execução definível, se compõem de diversas ações agrupadas, tal 
como levantar e alcançar um objeto. 
 
Aspectos relacionados ao meio ambiente 
 
As habilidades podem ser classificadas em abertas ou fechadas se tivermos 
em conta os aspectos relacionados ao meio ambiente. Diz-se habilidade aberta 
quando a habilidade for realizada num ambiente imprevisível, em mudança contínua. 
Por outro lado, o seu início não depende do executante. Marcar um avançado, no 
futebol, requer que a defesa reaja à estímulos que são gerados externamente (pelo 
atacante). Dizemos que é fechada quando o ambiente for estável e previsível. Uma 
habilidade é classificada como fechada quando a sua execução é definida 
principalmente pelo executante, quanto ao início e fim. Habilidade fechada é aquela 
em que o ambiente influencia muito pouco a sua execução, como colocar a chave 
numa fechadura. 
 
Aspectos intencionais 
 
As habilidades motoras também podem ser classificadas com base na 
intenção. Embora todas as tarefas motoras envolvam um elemento de equilíbrio, as 
tarefas que exijam a manutenção de uma orientação corporal estável são 
denominadas de tarefas de estabilidade. As tarefas de estabilidade, sentar, ficar em 
pé, são executadas sobre uma base imóvel. Por outro lado, as tarefas de mobilidade 
ou de locomoção, tais como caminhar, correr, têm uma base móvel de apoio. Nestas 
habilidades o objetivo é transportar o corpo de um ponto para outro. Aquelas que 
envolvem aplicar força num objeto ou receber força do mesmo constituem tarefas de 
manipulação de objeto. Temos como exemplo agarrar, lançar ou manusear um 
37 
 
objeto. A quantidade de manipulação pode ser simples ou complexa, dependendo da 
acuidade (intensidade) significativa. A quantidade de manipulação da extremidade 
superior envolvida na tarefa pode variar desde a inexistente a uma manipulação 
relativamente simples, que não tem um componente de precisão significativo, até 
tarefas mais complexas que podem exigir velocidade e precisão. Estas atividades 
aumentam a exigência sobre o sistema postural, uma vez que a estabilização do corpo 
é fundamental para o desempenho das tarefas. 
 
Aspectos relacionados com o feedback 
 
Esta classificação é baseada em como e quando o retorno da informação 
(feedback) pode ser usado pelo executante. Feedback é uma das formas pelas quais 
o executante pode ter uma resposta sobre como decorreu à execução de uma 
habilidade. Há diversas formas de feedback (visual, verbal, cinestésico) e elas devem 
ser aproveitadas pelo executante para melhorar a performance durante a execução 
ou após a execução. 
As habilidades em circuito aberto ocorrem quando o executante envolvem 
comandos pré- estruturados para a realização do movimento, sem o envolvimento de 
feedback, sendo utilizado para a realização de movimentos rápidos e discretos. Já o 
sistema de controle de circuito fechado envolve a utilização do feedback, sendo 
possível a detecção e correção de erros durante o movimento. Este tipo de sistema é 
utilizado para controlar movimentos lentos e intencionais. 
É de salientar que o sistema motor humano é um sistema híbrido que funciona 
quer em sistema aberto quer em sistema fechado. 
Aspectos 
Musculares 
(tamanho/extensão 
do movimento) 
Aspectos 
temporais 
(série de 
tempo no qual 
o movimento 
ocorre) 
Aspectos 
relacionados ao 
meio ambiente 
(contexto no 
qual o 
movimento 
ocorre) 
Aspectos 
intencionais 
(objetivo do 
movimento). 
 Aspectos 
sobre o 
feedback 
(circuito 
aberto e 
circuito 
fechado) 
38 
 
Habilidades de 
Coordenação Motora 
Grossa: 
Utilizam grandes 
grupos musculares 
para realizar uma 
tarefa (correr, saltar, 
lançar) 
Habilidades 
Motoras 
Discretas: 
Apresentam 
início e fim bem 
definidos 
(lançar uma 
bola, levantar-
se de uma 
cadeira) 
Habilidades 
Motoras Abertas: 
Ocorrem num 
ambiente 
imprevisível e 
constantemente 
mutável (agarrar 
uma bola no ar, a 
maioria dos 
jogos de 
computador, 
treino numa sala 
barulhenta) 
Habilidades de 
Estabilidade: 
Ênfase em 
ganhar ou 
manter o 
equilíbrio tanto 
em situações 
de movimento 
estático quanto 
dinâmico 
(sentar, ficar de 
pé, equilibrar-
se sobre um pé, 
andar sobre 
uma barra 
estreita) 
 Habilidades 
em circuito 
aberto: 
Sem 
informação 
de retorno 
durante a 
execução da 
tarefa 
Habilidades 
Motoras em 
série: 
Série de 
habilidades 
discretas 
realizadas em 
sucessão 
rápida (driblar 
uma bola de 
basquete, abrir 
uma porta, 
retirar uma 
garrafa do 
frigorífico) 
Habilidades 
Locomotoras: 
Transportar o 
corpo de um 
ponto a outro 
no espaço 
(gatinhar, 
correr, andar) 
 
39 
 
Habilidades de 
Coordenação Motora 
Fina: 
Utilizam pequenos 
grupos musculares 
para realizar uma 
tarefa de movimento 
com precisão 
(escrever, digitar, 
tricotar, pintar) 
Habilidades 
Motoras 
Contínuas: 
Realizadas 
repetidamente 
durante um 
tempo arbitrário 
(pedalar, nadar, 
andar) 
Habilidades 
Motoras 
Fechadas: 
Ocorrem num 
meio ambiente 
estável e 
imutável (swing 
do golf) 
Habilidades 
Manipulativas: 
Colocar força 
sobre um objeto 
ou receberforça de um 
objeto 
(escrever, 
tricotar, 
apanhar um 
objecto) 
 Habilidades 
em circuito 
Fechado: 
Com 
informação 
de retorno 
durante a 
execução da 
tarefa 
Tabela – Resumo das Classificações unidimensionais das habilidades motoras. 
 
1.10 Esquemas de Classificação Bidimensional e Multidimensional 
 
Os modelos bidimensionais diferem dos unidimensionais pela sua abrangência, 
pois demonstram de forma mais real as situações motoras, cruzando dois tipos de 
habilidades motoras. Existem ainda os esquemas multidimensionais, que possuem 
uma capacidade de visualização das habilidades de movimento em três ou mais 
dimensões. 
 
1. 11 Categorizações Multidimensionais 
 
As categorizações ou esquemas multidimensionais permitem a visualização do 
movimento em três ou mais dimensões. Neste caso uma habilidade de movimento 
pode ser observada sob o seu aspecto muscular (grosso/fino), temporal (discreto, em 
série ou contínuo), do ambiente (aberto e fechado), funcional (estabilidade, de 
locomoção ou manipulação) e relacionado com as fases de aprendizagem (cognitivo, 
associativo e autónomo). 
 
40 
 
Função da 
ação 
 
Contexto 
ambiental 
Transporte 
do corpo: 
Não 
 
Manipulação 
de objetos: 
Não 
Transporte 
do corpo: 
Não 
 
Manipulação 
de objetos: 
Sim 
Transporte 
do corpo: 
Sim 
 
Manipulação 
de objetos: 
Não 
Transporte 
do corpo: 
Sim 
 
Manipulação 
de objetos: 
Sim 
Condições 
reguladoras: 
Estacionárias 
Variabilidade 
intertentativa: 
Não 
1 2 3 4 
Condições 
reguladoras: 
Estacionárias 
Variabilidade 
intertentativa: 
Sim 
5 6 7 8 
Condições 
reguladoras: 
Em movimento 
Variabilidade 
intertentativa: 
Não 
9 10 11 12 
Condições 
reguladoras: 
Em movimento 
Variabilidade 
intertentativa: 
Sim 
13 14 15 16 
Tabela – Tabela da taxonomia de Gentile 
41 
 
Relação velocidade-precisão 
 
Um princípio muito bem conhecido e fundamental do controle motor é a relação 
inversa entre velocidade e precisão durante a execução de um movimento. Esse 
princípio foi descrito por Paul Fitts através de uma equação matemática e foi verificado 
que o aumento da exigência de precisão leva o indivíduo a processar mais feedback 
para correções e, com isso, a aumentar o tempo de movimento (TM). A lei de Fitts foi 
testada para o controle do movimento com a mão preferencial e não-preferencial, 
mostrando que o aumento do índice de dificuldade acarreta um tempo de movimento 
mais longo e isso é mais acentuado na mão não-preferencial. 
A explicação que tem sido dada para a Lei de Fitts é que o aumento do índice 
de dificuldade, particularmente pela diminuição da largura do alvo, gera uma maior 
exigência de processamento de feedback em função da maior restrição espacial 
colocada pela tarefa, fazendo com que o tempo de movimento seja aumentado como 
consequência do maior número de ajustes necessários para obtenção de sucesso. 
Em condições de menor precisão, caracterizadas por alvos relativamente 
grandes, os movimentos podem ser feitos mais rapidamente sem prejuízo para o 
desempenho. Para alvos pequenos, a velocidade de movimento deve ser reduzida a 
fim de se maximizar a precisão da resposta e atingir o alvo espacial desejado. 
 
Objeto a manusear 
 
Existe uma inteligência corporal nos seres humanos que abrange o controle 
dos movimentos do corpo e a capacidade de manusear objetos com habilidade. Com 
fins funcionais ou expressivos, à habilidade do uso do corpo existe integrada a 
habilidade de manipulação de objetos. 
O conhecimento de alguém sobre seu próprio corpo é uma necessidade 
absoluta. Deve haver sempre o conhecimento de que se está agindo com o próprio 
corpo, que tem que se começar o movimento com o corpo, que tem que se usar 
determinada parte do corpo. Este plano também deve incluir o objetivo de cada ação, 
pois há sempre um objeto em direção a qual a ação é dirigida. Tal objetivo pode ser o 
próprio corpo, ou um objeto do mundo externo. 
42 
 
Para efetuar uma ação, deve-se saber alguma coisa sobre a qualidade do 
objeto com o qual se intenciona agir. Apesar de não muito clara, isto pressupõe a 
imagem do membro ou do corpo com a qual se realiza o movimento. O conhecimento 
meramente intelectual é insuficiente. Tanto a percepção visual quanto a imagem visual 
seriam necessárias para o início de um movimento, contudo, mesmo com pessoas 
sem imagens visuais, em um sentido restrito, são ainda capazes de realizar um 
movimento com os olhos fechados. 
As propriedades do objeto, classificadas de acordo com suas características 
visuais, podem ser divididas em: 
i) propriedades intrínsecas, referentes aos seus atributos físicos, como 
tamanho, forma, textura e peso; e 
ii) propriedades extrínsecas, referentes às condições presentes na relação 
objeto-sujeito, tais como a distância, a localização e a orientação. 
 As propriedades intrínsecas podem afetar a orientação da mão e a abertura 
dos dedos (ajustes distais) frente ao objeto, enquanto as propriedades extrínsecas 
podem influenciar a trajetória de braço e mão (ajustes proximais) em direção ao objeto.

Mais especificamente para o alcance manual, se o objeto está localizado a uma 
distância adequada em relação ao comprimento do braço, ele pode ser percebido 
como alcançável; se o tamanho do objeto é adequado ao tamanho da mão, ele pode 
ser considerado como pegável; e se o objeto apresenta dimensões relativamente 
maiores do que a mão, ele pode ser percebido como carregável. 
 
O ambiente (onde?) 
 
Desde os primeiros momentos de vida o ser humano interage com o ambiente 
através do movimento. Do movimento depende a sua sobrevivência. Dos padrões 
reflexos aos movimentos altamente especializados, da concepção até a morte, o 
indivíduo manifesta-se através de sua motricidade. 
A evolução biológica e a exploração do meio/contexto permitem que o indivíduo 
desenvolva, ao longo do seu desenvolvimento, habilidades motoras progressivamente 
mais complexas. Esta interação proporciona um ciclo de experiência-aprendizagem 
nos diversos aspectos do desenvolvimento humano. O resultado deste processo pode 
43 
 
ser positivo ou negativo, de acordo com a qualidade dos estímulos ou das práticas 
proporcionadas ao indivíduo. 
As tarefas são executadas numa ampla variedade de ambientes. Assim além 
da tarefa, o movimento também é restringido pelas características do ambiente. Os 
atributos do ambiente que afetam o movimento foram divididos em modeladores e não 
modeladores. As características modeladoras ou reguladoras especificam aspectos 
do ambiente que condicionam o movimento propriamente dito, devem obedecer ao 
ambiente, para cumprir o objetivo estipulado. Por exemplo, o tamanho, o formato e o 
peso de um copo que é agarrado ou o tipo de superfície sobre o qual caminhamos. 
As características não modeladoras podem afetar o desempenho, mas o movimento 
não tem que lhes obedecer. Por exemplo, ruídos de fundo ou distrações. 
 
 
 
 
Profissionais do movimento eficientes consideram as características básicas da pessoa, a tarefa e o 
ambiente antes de oferecer auxilio de instrução. 
 
 
 
 
 
 
 
AMBIENTE
TAREFA
PESSOA
44 
 
2. TEORIAS DA APRENDIZAGEM E SUAS RELAÇÕES COM O 
DESENVOLVIMENTO NAS DIFERENTES FASES DE MATURAÇÃO DO 
INDIVIDUO 
 
2.1.1 Teorias da aprendizagem motora 
 Teoria do Circuito Fechado de Adams 
 
Teoria do Circuito Fechado de Adams refere-se a um processo de retro 
alimentação (feedback) sensorial

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