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ESTOQUES Introdução: Os estoques estão ligados às principais áreas de operação das companhias e envolvem problemas de administração, controle, contabilização e avaliação. No caso das companhias industriais e comerciais, os estoques representam um dos ativos mais importantes do capital circulante e da posição financeira. Conteúdo e plano de contas: Os estoques são bem tangíveis ou intangíveis adquiridos ou produzidos pela empresa com o objetivo de venda ou utilização própria no curso normal de suas atividades. CPC-16: Estoques, os estoques são ativos: a) Mantidos para venda no curso normal dos negócios; b) Em processo de produção para venda; c) Em processo de produção ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no processo de produção. Na determinação sobre os itens integram ou não a conta de estoques, o importante não é sua posse física, mas o direito de sua propriedade; em seguida, há também que se discutir a figura do controle e ainda as dos riscos e benefícios. Os estoques são representados por: - Itens que fisicamente estão sob a guarda da empresa, excluindo-se os que são de propriedade de terceiros. -Itens adquiridos pela empresa, mas estão em transito. -Itens da empresa que foram remetidos para terceiros em consignação. -Itens de propriedade a empresa que estão em poder dos terceiros. Para empresas comerciais, os estoques seriam produtos do comércio adquiridos para revenda. Para empresas prestadoras de serviços, os estoques seriam matérias a serem consumidos no processo de prestação de serviços. O plano de contas prevê o subgrupo Estoques somente no Ativo Circulante, todavia, Poderá haver casos de empresas que tenham estoques cuja realização ultrapasse o exercício seguinte; nesse caso, no Bálano deve haver a reclassificação dos estoques para Realizável a Longo Prazo, dentro do Ativo não circulante, em conta a parte prevista no Plano de Contas, a não ser que o ciclo operacional da empresa seja superior a um ano. Nesse caso o Ativo Circulante inclui todos os bens, créditos operacionais despesas antecipadas que demandam mais do que um ano para completar seu ciclo operacional. As contas de estoques incluem: a) Produtos acabados: Representa aqueles já terminados e disponíveis para venda. Estando estocados na fábrica ou em depósitos ou em filiais. b) Mercadorias para Revenda: Todos os produtos para revenda, que não sofrerão nenhuma transformação pela empresa. c) Produtos em elaboração: Toda a matéria-prima que está em processo de transformação e todas as cargas de custos de diretos e indiretos relativos à produção não concluída na data de Balanço. d) Matérias-Primas: Abriga todas as matérias-primas, ou seja, os materiais mais importantes e essenciais que sofrem transformações no processo produtivo. e) Materiais de Acondicionamento e Embalagem: são todos os itens que se destinam a embalagem do produto ou a seu acondicionamento para remessa. Quando a embalagem é parte integrante do produto, esses itens são classificados na conta de Matérias-Primas. f) Materiais Auxiliares: São os materiais de menor importância utilizados no processo industrial. Esses itens podem ser apropriados diretamente ou não ao produto. Não tem representação significativa no valor global do custo de produção. g) Materiais de Manutenção se Suprimentos Gerais: Nessa conta são classificados os estoques de materiais para manutenção de máquinas e equipamentos e para uso em consertos. h) Importação em andamento: Englobam os custos já incorridos relativos à importação em andamento e ás próprios mercadorias em trânsito. i) Almoxarifado: Engloba todos os itens de estoques de consumo geral, podendo incluir produtos de alimentação do pessoal, materiais de escritório, peças em geral e etc. j) Adiantamento a Fornecedores: Abriga os adiantamentos efetuados pela empresa a fornecedores, vinculados às contas específicas de materiais que terão incorporados aos estoques quando de seu efetivo recebimento. Quando efetuamos um adiantamento a um fornecedor de matéria-prima, devemos registrá-lo nessa conta. k) Perda estimada para redução ao valor-Realizável Líquido: Esta conta Credora deve ser classificada como redução do grupo de Estoques, destina-se a registrar o valor dos itens que estiverem a um custo superior ao valor realizável líquido. l) Perdas em Estoques: Destina-se a registrar as perdas conhecidas em estoques e calculadas por estimativa, relativas a estoques deteriorados ou obsoletos é, mesmo para dar cobertura a diferenças físicas. m) Serviços em andamento: Essa conta registra todos os gastos com material, mão-de-obra e outros aplicados à realização do serviço. Critérios de Avaliação Critério Básico: Conforme o Pronunciamento Técnico CPC-16-Estoques para fins de Mensuração dos Estoques a regra é: valor de custo ou valor realizável líquido, dos dois o menor. A proposição do valor realizável líquido, a qual se entende o preço de venda estimado no custo normal dos Negócios deduzido dos custos estimados para sua conclusão, não deve ser confundida com o valor justo. A principal diferença entre o valor realizável líquido e o valor justo é que no primeiro o montante representa um valor específico relacionado à entidade, enquanto o valor justo representa o montante que poderia ser obtido pelos mesmos estoques quando trocados no mercado com as características específicas da entidade. A partir de 1º de janeiro de 1996, o art. 13 da Lei nº. 9.249/45 (inciso I) tornou indedutível toda e qualquer perda estimada, exceto aquelas expressamente ressalvadas. Desse modo, quando o estoque for menor que p custo de aquisição ou produção, o valor que for debitado ao resultado em contrapartida à contribuição dessa perda, deve ser adicionado ao lucro líquido para fins de determinação do Lucro Real e da Base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. No caso de produtos adquiridos para revenda, de matérias-primas e de materiais utilizados no processo de produção, tal custo é o de aquisição dos itens. No caso de produtos em processo e acabados, é o custo de produção. O custo é a base elementar para a avaliação. Apuração de Custo Introdução: Um dos aspectos mais complexos na Contabilidade se prende a apuração dos custos, pois tem reflexo direto na apuração do resultado do exercício. Matérias-Primas e contas similares: I- Componentes do custo: O conceito de custo de aquisição deve englobar o preço do produto comprado mais os custos incorridos adicionalmente até estar o item no restabelecimento da empresa. Segundo p CPC 16-Estoques, o valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e transformação. Os custos de aquisição dos estoques compreendem o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos. Já os custos de transformação incluem os custos diretamente relacionados com as unidades produzidas ou com linhas de produção, como pode ser o caso da mão-de-obra direta. Devem ser incluídos todos os custos necessários para trazer os estoques á suas condições e localizações atuais. Depois de colocados no seu devido lugar para uso, consumo ou venda são despesas. Juros Incorridos e outras despesas financeiras não devem integrar o custo. O ICMS quando incluso no preço, não sendo recuperável fiscalmente, tal imposto deve integrar o custo da aquisição. No caso em que o ICMS é fiscalmente recuperável, não deve fazer parte dos estoques. PIS e Cofins: As empresas contribuintes do PIS e Cofins na modalidade não- cumulativa podem descontar quantias equivalentes a 1,65%. (PIS) e 7,6% (Cofins) do valor das mercadorias adquiridas, neste caso os critérios a descontar não deverão fazerparte dos Estoques. Já nos demais casos, o PIS não será recuperável, podendo fazer parte dos estoques. II- Apuração do Custo Conhecendo os componentes do custo de aquisição, o problema agora se prende ao fato de a empresa ter em estoque o mesmo produto adquirido em datas distintas, com custos unitários diferentes. No Brasil a legislação do imposto de renda tem permitido, apenas a utilização do método do preço específico do custo médio ponderado móvel ou a dos bens adquiridos mais recentemente (FIFO ou PEPS). Vale destacar, como não era permitido para fins fiscais, o uso do LIFO ou UEPS era esporádico. A partir do CPC 16-Estoques sua utilização também não é contabilmente admitida, a maioria das empresas, no Brasil, utilizou e continua utilizando principalmente o custo médio ponderado móvel. Segundo o Pronunciamento técnico CPC 16-Estoques, o custo dos estoques de itens que não são normalmente intercambiáveis e de bens ou serviços produzidos e segregados para projetos específicos, deve ser atribuído pelo uso da identificação dos seus custos individuais. Para itens que permanecem em estoque a atribuição deve ser feita pelo PEPS ou custo médio ponderado, sendo que itens de mesma natureza devem ter critérios semelhantes de valoração. Vale destacar que a entidade deve usar o mesmo critério de custeio para todos os estoques que tenham natureza e uso semelhante, mas para os estoques que tenham outra natureza ou uso, podem justificar-se diferentes critérios de valoração. As possibilidades de atribuição do valor unitário, sempre baseada no custo ou valor de aquisição, são as seguintes: *Preço Específico - significa valorizar cada unidade de estoques ao preço efetivamente pago para cada item especificamente determinado. É usado somente quando é possível fazer tal determinação do preço específico de cada unidade em estoques, mediante identificação física. Ex: no caso de revenda de automóveis usados. *PEPS ou FIFO - significa primeiro que entra, primeiro que sai, do inglês FIFO first in, first out. Avalia os matérias saídos pelo valor das primeiras entradas. É como se os materiais respeitassem uma ordem de chegada, saindo primeiro aqueles que primeiro entraram. *UEPS Ou LIFO - significa último que entra, primeiro que sai, do inglês LIFO last in, first out. Avalia os materiais saídos pelo valor das ultimas entradas. É como se os matérias respeitassem uma ordem de chegada invertida, saindo primeiro aqueles que por último entraram. É exatamente o contrário do método PEPS. Mas não pode ser mais utilizado contabilmente. III-Método do Preço de Venda a Varejo Esse método originou-se da necessidade de controle para empresas comerciais com elevadíssimo número de itens de estoques à venda, como lojas de departamento, supermercados, magazines etc., Trata-se de uma avaliação a valores de entrada na linha do custo pela média ponderada móvel, apesar de os controles serem a preço de venda. Verifica-se sua adoção a aplicação dos métodos tradicionais que se tornam extremamente difíceis, tendo em vista a dificuldade de valorização dos estoques, decorrente de elevado números de compras, por exemplo. Na aplicação do método a varejo, presume-se que o estoque seja composto pela média de todos os itens comercializados pela empresa. IV- Registro Permanente de Estoques Manutenção de um adequado controle da movimentação em quantidade e valor dos estoques é essencial não só para fins gerenciais e de controle interno como também para espelhar corretamente seus reflexos e resultados na contabilidade. O Registro permanente nada mais representa do que fichas de estoques mantidas para cada item, como seu movimento em quantidade, preços unitários e valor total. O Registro permanente de estoque pode ser feito em fichas, livros ou formulário contínuos, emitidos por sistema de processamento eletrônico de dados. Se a empresa não mantiver tal registro permanente, com a apuração mensal, terá de apurar os estoques no final do exercício com base ao método (PEPS), que não só distorcem totalmente os resultados, mas também a avaliação dos estoques, não sendo aceitável para fins contábeis e gerando maiores tributos sobre o lucro, tal fato caracteriza como penalidade para empresa por não adquirir o registro permanente. Produtos em Processo e acabados O custo desses estoques na data do balanço deve ser feito pelo “custeio real por absorção”, ou seja, deve incluir todos os custos diretos (material, mão de obra e outros) e indiretos (gastos gerais de fabricação) necessários para colocar o item em condições de vendas. Além do custeio direto e o custeio por absorção, apresentam- se também o sistema de custeio, e custo-padrão e custo real. Os custos de produtos em processo e acabados são geralmente determinados sob dos típicos básicos de sistema de custeio: * por ordem * por processo O custo por ordem é o método pelo qual os custos são acumulados para cada ordem, representando em lote de um ou mais itens produzidos. O custo por processo é o método mediante o qual os custos são acumulados por fase do processo, por operação ou por departamento, estabelecendo-se uma média de custo que toma por base as unidades processadas ou produzidas. O custo-padrão é o método de custeio por meio qual o custo de cada produto é predeterminado, antes da produção, baseando nas especificações do produto, elementos de custo e nas condições previstas de produção. Segundo o CPC 16- Estoques, o custo-padrão leva em consideração os níveis normais de utilização dos materiais e bens de consumo da mão de obra e da eficiência na utilização da capacidade produtiva. São utilizados por grandes empresas e só podem ser utilizados para balanço. O Custo Real envolve todos os recursos relacionados ao processo de produção, um bem que já esta sendo fabricado. O custo se desenvolve em ambientes contábeis, portanto é calculado por meio de ferramentas que o tornam adequado para os resultados fiscais da empresa. Apuração do valor realizável líquido A aplicação do critério de valor de custo ou valor realizável líquido, dos dois o menor. Deve ser feita para cada subcontas de estoques. *Matérias-Primas e outros materiais utilizados na Produção e Almoxarifado de uso geral – Nesse caso, no § 1º do art. 183 da lei nº6404/76, alterado pela lei nº 11.941/08, encontraremos como conceito do valor justo. “... o preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado”, ou seja, será o custo de reposição de cada material, entendendo como custo da reposição a compra de quantidades usuais em circunstâncias normais, sendo esse o critério para mensurar o valor recuperável do estoque quando este for inferior ao custo. *Produtos Acabados e Mercadoria para revenda - No caso de produtos fabricados ou mercadoria para revenda, o valor realizável líquido de cada item é apurado pelo líquido entre o preço de venda do item e as despesas estimadas para vender e receber, entendendo-se como tais as despesas diretamente relacionadas com a venda do produto e a cobrança de seu valor, tais como comissões, fretes, embalagens etc., que beneficiam não diretamente um produto, mas genérica e constantemente todos os produtos da sociedade, devem ser incluídas nessa determinação de despesas para vender e receber. Ex: Produtos Quantidade Custo Unitário Total $ Preço de venda A 100 5,00 500,00 7,00 B 200 10,00 2000,00 12,00 C 300 1,00 300,00 2,00 A apuração é como segue: A B C 1- Preço de venda 7,00 12,00 2,00 2- Despesas para vender: a) Embalagens 0,35 0,30 0,04 b) Entrega (frete) 0,30 0,30 0,04 c) Comissões 0,60 0,90 0,17 d) Despesas bancáriasde cobranças 0,50 1,10 0,15 3- Valores líquidos realizável 1,75 2,60 0,40 4- Custos de fabricação 5,25 9,40 1,60 5- Unitário abaixo do "mercado" 5,00 10,00 1,00 0,60 *Produtos em Processo - esses estoques também devem ser confrontados com o valor realizável, havendo duas alternativas para seu cálculo, uma seria tomar seu custo já incorrido mais uma estimativa dos custos a completar. Por outro lado, para estoques em inicio do processo, a melhor forma talvez seja decompô-las pelas matérias-primas já requisitadas, cujos custos seriam comparados, como se fossem matérias-primas. O ICMS e os Estoques Já mencionamos diversas vezes que a base elementar para a avaliação dos estoques é o custo. O ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços) é um imposto diferencial, isto é, provoca um valor a recolher que é calculado pelo valor obtido pela diferença entre os preços de venda e de compra dos itens. O ideal é que o ICMS seja incluído no registro dos estoques. O PIS/PASEP, a COFINS e os Estoques De acordo com as leis nº10. 637/02 e 10.833/03, o PIS(Programa de Integração Social), PASEP(Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) e a COFINS(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), como regra geral deixaram de ser cumulativos, passando a ter tratamento semelhante ao do ICMS. Os créditos do PIS/PASEP e da COFINS são presumidos ás alíquotas, de 1,65% e 7,6%, independentemente da tributação inserida no preço de aquisição, salvo as exceções em que o crédito é vedado. Baixa de Estoque Como define o Pronunciamento técnico CPC 16-Estoques, o momento em que os estoques são baixados ocorre quando: *As receitas a que se vinculam são reconhecidas; *São consumidos nas atividades a que estavam destinados, sempre desvinculados de itens para geração de receita futura; e * há redução ao valor realizável liquido ou quaisquer outras perdas. O pronunciamento ainda define que o valor do estoque baixado, reconhecido como despesa é denominada frequentemente como custos dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos, consistem nos custos incluídos na mensuração do estoque que agora é vendido. Aspectos Fiscais A legislação do Imposto de Renda faz diversas referências aos estoques e a sua avaliação. Em outros tópicos, algumas delas tais como: *Registro permanente de estoques. *Necessidade da manutenção pelas empresas de um sistema de contabilidade geral. Em sua falta, os estoques serão avaliados para efeitos fiscais, por critérios arbitrários como foram definidos nessa legislação. De forma geral, pode-se dizer que os critérios fiscais conflitam com os critérios de avaliação dos estoques da lei das Sociedades por Ações e com os princípios de contabilidade. De acordo com a legislação fiscal (art.294 do RIR/99), somente as empresas que tenham a já referida contabilidade de custo é que poderão avaliar os estoques de produtos em processo e acabados pelo custo de produção por ela apurado. As empresas que não atenderem aos requisitos para a sua contabilidade de custo sejam consideradas, integradas e coordenadas, serão punidas por valores arbitrados de acordo com os critérios do art.296 do RIR/99. Estoques: Reconhecimento como despesa do resultado Quando os estoques são vendidos, o custo escriturado desses itens deve ser reconhecido como despesa do período em que a respectiva receita é reconhecida. A quantia de qualquer redução dos estoques para o valor realizável líquido e todas as perdas de estoques deve ser reconhecida como despesas do período em que a redução ou a perda ocorreram. A quantia de toda reversão de redução de estoques proveniente de aumento no valor realizável liquido, deve ser registrada como redução do item em que for reconhecida a despesa ou a perda, no período em que a reversão ocorrer. Conclusão: O estoque é de grande importância para o bom desenvolvimento das empresas, sendo assim é fundamental que suas entradas e saídas sejam controladas e seus custos bem calculados, os métodos existentes para esses controles formam a ferramenta ideal, e a sua escolha deverá ser feita após análise, para que sejam utilizados aqueles que resultarão em índices positivos. Contudo, pode-se afirmar que o custo é a base elementar para a avaliação. Referências: Manual de Contabilidade Societária – Aplicável a todas às sociedades www.cpc.org.br
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