Buscar

Capítulo 01 - Apostila Cana

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
1 
 
1. Histórico da Cana-de-açúcar. 
 
A provável origem da cana-de-açúcar é o norte da Índia. Há referências sobre a produção 
de açúcar na Pérsia por volta do ano 500 D.C., conhecido como "Kandisefid" através do cozimento do 
caldo até a cristalização, seguindo-se a drenagem do mel excedente por gravidade. Da Pérsia, foi 
levada para a costa ocidental através do Mar Mediterrâneo e daí para a Espanha, por volta do século 
VIII. Nos séculos XI e XII, através das Cruzadas se espalhou por toda Europa, África, China, 
alcançando a Ilha da Madeira. Na América foi introduzida por Colombo em São Domingos, em 1.494. 
No Brasil, o plantio iniciou-se em São Vicente, em 1.522, trazida por Martim Afonso de Souza. O 
primeiro engenho foi chamado de São Jorge dos Erasmos. Dois anos depois se dava a instalação em 
Pernambuco. No século XVII, a indústria açucareira sofreu expansão com ajuda dos holandeses, 
aumentando a produção brasileira de açúcar na época. No século XVIII ocorreu novo declínio 
decorrente da forte concorrência exercida pelo mercado europeu, especialmente com o açúcar 
produzido no Suriname e nas Antilhas. 
 Já nos séculos XIX e XX a agroindústria canavieira passou por períodos de alto e baixos, 
devido à concorrência de outros mercados. 
 Em meados da década de 70, o Brasil tornou-se vulnerável no campo energético, devido à alta 
do preço do petróleo no mercado internacional. Surgiu então, o Proálcool, com a finalidade de produzir 
o etanol ou álcool etílico, um combustível alternativo, ecológico e renovável para a substituição da 
gasolina, com o objetivo maior de reequilibrar a balança comercial, reduzindo as evasões de divisas. 
 Hoje, no Brasil, de 3 a 4 milhões de hectares são cultivados com cana-de-açúcar, produzindo 14 
bilhões de litros de álcool combustível, além de fazer com que o país detenha o título de maior 
produtor mundial de açúcar e desenvolva a tecnologia da co-geração de energia elétrica e adubos 
orgânicos e organo-minerais utilizando-se dos subprodutos da cana-de-açúcar. 
 
 
1.1 Classificação Botânica 
 
 Temos estabelecida a seguinte classificação botânica para a Cana-de-açúcar segundo 
CRONQUIST (1981): 
 
 
DIVISÃO Magnoliophyta 
CLASSE Liliopsida 
SUB CLASSE Commelinidae 
ORDEM Cyperales 
FAMÍLIA Poaceae 
TRIBO Andropogonae 
SUBTRIBO Saccharininae 
GÊNERO Saccharum 
 
 
 A classificação em espécies botânicas mais aceita é a de Jeswiet, que agrupa as espécies 
existentes da seguinte forma: 
 
Saccharum officinarum L. 
 
 Compõe-se de plantas de porte médio e alto. Os colmos normalmente são grossos e com 
elevados teores de sacarose, porém com baixos teores de fibra fibra. São plantas exigentes em relação 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
2 
 
às condições edafoclimáticas e sensíveis a pragas e doenças. No Brasil, os cultivares Riscada, Roxa, 
Cristalina, Manteiga, Caiana, Preta, dentre outras já foram cultivadas em larga escala. 
 
Saccharum spontaneum L. 
 
 Constitui-se de plantas mais baixas do que as da espécie anterior, com colmos curtos, finos, 
fibrosos, praticamente sem açúcar. O sistema radicular destaca-se por ser abundantemente perfilhado e 
bem desenvolvido. Essa espécie é menos exigente em termos de fertilidade, apresentando maior 
adaptabilidade a condições adversas. Caracteriza-se ainda por ser resistente ao virus do mosaico. 
 
Saccharum sinense Roxb 
 
 São encontradas na Ásia (China e Japão). São plantas de porte alto, colmos finos e fibrosos 
com teores médios de sacarose. Normalmente o sistema radicular é bem desenvolvido e pouco 
exigente em termos de fertilidade do solo. A resistência ao mosaico não é característica generalizada 
entre os cultivares, embora alguns o manifeste. O cultivar Cana de Ubá é o representante mais 
conhecido dessa espécie nas nossas condições. 
 
Saccharum barbieri Jesw 
 
 Normalmente é constituída por plantas de baixo porte, colmos finos com elevados teores de 
fibra e baixos teores de sacarose. São plantas rústicas, tolerantes a solos pobres, tolerantes ao frio e 
susceptível ao virus do mosaico. Destaca-se, dentro dessa espécie, as “Canas Indianas” entre as quais 
destaca-se a Chunnee. 
 
Saccharum robustum Jesw. 
 
 As plantas dessa espécie podem atingir até 10 metros de altura. Apresentam altos teores de 
fibras e baixos teores de sacarose. São plantas susceptíveis ao virus do mosaico, mas toleram bem o 
excesso de umidade. 
 
Saccharum edule 
 
 Exemplares dessa espécie limitam-se a áreas restritas da Nova Guiné e ilhas vizinhas. As 
inflorescências são normalmente entumecidas com flores abortivas utilizadas na alimentação de 
habitantes da região. 
A cana-de-açúcar pode-se reproduzir por sementes (sexuada) ou por brotação de gemas 
(assexuada). A via sexuada é fortemente influenciada por fatores como localização geográfica e 
variáveis climáticas. Essa possibilidade se efetiva apenas em estações experimentais que operam 
programas de melhoramento genético para a obtenção de novas variedades. 
Em condições de produção industrial, o processo levado a cabo baseia-se na brotação de gemas 
de plantas sadias de variedades selecionadas por apresentar características de interesse industrial. 
Nesse sistema a cana-de-açúcar uma vez colocada em contato com o solo, picada em toletes no sulco 
de plantio ou não, e em condições favoráveis de umidade e temperatura, brota através das gemas, as 
quais irão formar uma nova parte aérea e prosseguir o seu desenvolvimento vegetativo. O corte do 
colmo em toletes é realizado com o objetivo de facilitar a inserção do rizoma no sulco de plantio, visto 
que muitos apresentam-se recurvados e evitar possível interferência da gema apical, que poderia inibir 
a germinação de outras gemas (efeito hormonal). O início da brotação das gemas também é 
acompanhado pela formação inicial do sistema radicular em que finas e numerosas radicelas vão 
evoluindo, formando um sistema radicular completo do tipo fasciculado, cujas dimensões são variadas 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
3 
 
dependendo da variedade, preparo e tipo de solo e do número de cortes. Na maioria dos casos, 70% do 
sistema radicular encontra-se nos primeiros 45 centímetros de profundidade, o que faz com que todas 
as preocupações recaiam sobre esta faixa do perfil do solo. 
 O colmo assume forma cilíndrica, de diâmetro e comprimento variado. É fibroso e com teor de 
açúcar variando principalmente em decorrência de fatores hídricos e térmicos. É constituído por nós e 
entrenós, que podem ser de diversas formas, mas a mais comum é a cilíndrica, podendo também ter 
forma de carretel ou tumescente, sua parte mais mole (entrenós) é onde se acumula a maior parte da 
sacarose. 
 Os nós, geralmente são mais duros, com baixa concentração de sacarose, e possui importantes 
características para a identificação das variedades, como: 
- cicatriz foliar; 
- gemas - podem ser apical ou subapical ; 
- região ponteada - formação sistema radicular; 
- região cerosa abaixo da cicatriz foliar - glauca; 
- anel de crescimento. 
 
 
 
Figura 1.1. Aspectos morfológicos da cana de açúcar. 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
4 
 
 
 O colmo tem a função de armazenar sacarose e outros materiais, além de atuar como suporte 
para as folhas e inflorescência, conduzir água e nutrientes entre as folhas e o sistema radicular (relação 
xilema/floema). 
 As folhas se formam e se apoiam na base dos nós. São alternadascom tonalidades variadas de 
verde, conforme as características das variedades. Têm comprimento e largura variadas e como 
funções principais destacam-se a realização da fotossíntese e a transpiração (a função é manter a 
temperatura no interior da planta em níveis suportáveis). 
 A cana-de-açúcar, de acordo com a variedade e estímulos climáticos, podem emitir 
inflorescência em forma de panícula, sendo que as espiguetas aparecem aos pares, com pêlos sedosos 
característicos. O ovário tem forma ovalada e contém um único óvulo. 
 
 
1.2. Composição Química e Tecnológica. 
 
Dentre os fatores que influenciam a composição química da cana-de-açúcar destacam-se o 
clima, solo, adubação, infestações de plantas daninhas, pragas, doenças, variedade, entre outros. As 
variedades comerciais, de um modo geral, apresentam características de composição tecnológica 
que variam dentro de certos limites restritos, conforme o apresentado a seguir. 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
5 
 
1.3. A escolha das Variedades de Cana-de-açúcar. 
 
 As variedades de cana-de-açúcar são híbridos complexos, desenvolvidos de forma a contemplar 
os seguintes aspectos: 
 
- maior produção de açúcar por unidade de área plantada; 
- resistência à doenças e pragas; 
- resistência à aplicação de herbicidas e inseticidas; 
- persistência da produtividade ao longo dos sucessivos cortes; 
- adaptação a solos e climas diversos; 
- resistência ao tombamento; 
- porte ereto; 
- separação facilitada da palha do colmo; 
- resistência ao impacto por máquinas e implementos; 
- nitidez de diferenciação das variedades aptas ao corte manual com queima da palhada ou 
ao corte mecanizado da cana cru; 
- não ocorrência de florescimento e isoporização; 
- favorecimento da ação de maturadores através da maior eficiência de absorção desses 
produtos; 
- alta velocidade de crescimento vegetativo para o rápido sombreamento das entrelinhas; 
- resistência à ação de microrganismos deterioradores; 
- atendimento às exigências tecnológicas. 
 
 Portanto, nem sempre uma nova variedade deve obrigatoriamente produzir mais do que outra. 
Ela pode produzir igual ou até menos, mas possuir características específicas que tornem interessante o 
seu cultivo. 
 A seguir, algumas das variedades mais plantadas no Estado de São Paulo em 1.998 e 1.999 e 
suas características principais(Tabelas 1.1 e 1.2). 
 
1.3.1. Exigências agroclimáticas e de solo da Cana-de-açúcar. 
 
 A cana-de-açúcar caracteriza-se por se adaptar plenamente a climas tropicais, quentes e 
úmidos, com temperaturas entre 19 a 32ºC e índices pluviométricos de aproximadamente 1.000 mm 
anuais bem distribuídos. No transcorrer do seu desenvolvimento, a cana-de-açúcar possui dois 
períodos distintos: o de crescimento vegetativo e o de maturação. O crescimento vegetativo (úmido e 
quente) e o de maturação (frio e seco). Dessa forma existem períodos mais adequados para o plantio, 
tratos culturais de cana-planta e cana-soca e colheita. A realização da fertirrigação constitui-se num 
fator que pode influenciar os procedimentos, permitindo, por exemplo, a realização do plantio em 
qualquer época do ano. Nesses casos questões relacionadas à profundidade de plantio, camada de solo 
sobre os toletes, aplicação de fungicidas e inseticidas no solo para o controle de pragas e doenças 
devem se adequar às condições climáticas do período. 
 Outros fatores também influenciam no desenvolvimento e maturação da cana-de-açúcar, como 
a intensidade de luminosidade, a altitude e a ocorrência de geadas. 
 A luminosidade exerce influência no crescimento vegetativo e na maturação, pois estabelece 
correlação direta com a síntese, translocação e acúmulo de carboidratos das folhas para o colmo. 
 Temperaturas excessivamente baixas influem negativamente no crescimento e desenvolvimento 
vegetativo, podendo resultar em escoriações, morte da gema apical e em casos extremos, em morte da 
planta. Isto ocorre principalmente na região centro-sul do Brasil, no período de inverno. São os 
fenômenos conhecidos por geadas. As geadas são de 2 tipos: a negra (podendo ocorrer de 
temperaturas negativas até alguns pontos acima de 0
o
C) e a branca (ocorre a temperaturas inferiores a 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
6 
 
0
o
 C). Quando da ocorrência desses fenômenos, as medidas a serem adotadas dependerão da 
temperatura e umidade do local de cultivo (ar e solo). Em casos de baixa temperatura e umidade, é 
possível se manter a cana no campo por mais tempo, sem a ocorrência de prejuízos significativos a sua 
qualidade como matéria prima para a indústria. Em condições opostas (alta temperatura e umidade), 
deve-se preceder ao encaminhamento, o mais rápido possível, do material à indústria. 
Entretanto, as decisões a serem tomadas devem considerar as seguintes variáveis: a idade, 
o estágio de desenvolvimento da cultura, e a finalidade à qual se destina o canavial (produção de 
mudas ou de matéria prima para a indústria). Em casos de viveiros, quando da ocorrência de geadas, 
deve-se proceder à colheita e o seu encaminhamento para a indústria. 
 Em termos de fertilidade, pode-se considerar como solo ideal aquele que apresente atributos 
assim definidos: solos arejados, profundos, não muito secos nem muito úmido, de boa fertilidade e pH 
em CaCl2 variando de 5,2 a 6,0. Quanto à textura, a cana se adapta em quase todos os tipos de solo. 
 Antes da implantação do Proálcool (1973), os solos ocupados no Brasil com cana-de-açúcar 
eram solos argilosos, de fertilidade média/alta, normalmente representados pelas terras roxas 
estruturadas que passaram, com o tempo, a apresentar problemas causados pela compactação em 
função da movimentação de veículos envolvidos na mecanização da cultura (tratos culturais e 
transporte). Com a expansão das fronteiras, em busca de novas áreas para produção, foram implantadas 
novas áreas de cultivo, em solos mais arenosos, até então, com vegetações de cerrado, mais frágeis e 
de alto custo para recuperação da fertilidade através de corretivos, fertilizantes e preparo. Portanto, 
atualmente a cultura da cana-de-açúcar é cultivada praticamente em todos os tipos de solo no Brasil. 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
7 
 
Tabela 1.1. Principais Variedades cultivadas em 1.998/1.999. 
Variedades Exigênci
a em 
fertilidad
e dos 
Solos 
Produti
vidade 
Agrícol
a 
Potencial 
de 
Acúmulo 
de 
Sacarose 
Época 
Início 
Corte 
PUI 
(meses) 
Veloci
dade de 
Cresci
mento 
Brotação de soqueira 
 
Ferru
gem 
Carvão Floresci
mento 
Isoporiz
ação 
Fecham 
Entre 
linha 
Tomba-
mento 
 Queimada Crua 
RB72 454 Média Muito 
Alta 
Alto Setemb
ro 
3 Rápida Boa Ruim Resist
ente 
Resisten
te 
Eventua
l 
Baixa Bom Médio 
RB82 
5336 
Md/Bx Alta Média Agosto 3 Rápida Muito Boa Muito 
Boa 
Resist
ente 
Resisten
te 
Não Não Bom Muito 
RB83 
5486 
Md/Alta Md/Alt
a 
Muito 
Alto 
Maio 3 - 4 Rápida Boa Boa Mod. Moderad
o 
Sim Baixa Bom Muito 
RB84 
5257 
Média Muito 
Alta 
Alto Setemb
ro 
3 Rápida Boa Média Resist
ente 
Moderad
o 
Sim Baixa Bom Médio 
RB85 
5113 
Md/Alta Muito 
Alta 
Alto Agosto 3 Média 
Lenta 
 Muito Boa Média Resist
ente 
Resisten
te 
Sim Média Bom Não 
RB85 
5536 
Média Muito 
Alta 
Alto Julho 4 - 5 Rápida MuitoBoa Muito 
Boa 
Resist
ente 
Resisten
te 
Não Não Muito 
Bom 
Médio 
SP79 – 
1011 
Média Alta Alto Julho 3 - 4 Média Muito Boa 
Muito 
Boa 
Susce
ptível 
Resisten
te 
Não Não Médio Não 
SP79 – 
2233 
Muito 
Alta 
Md/Alt
a 
Muito 
Alto 
Junho 3 Lenta Muito 
 Boa 
Boa Resist
ente 
Resisten
te 
Não Não Bom Não 
SP80 – 
1816 
Média Alta Alto Julho 3 - 4 Rápida Muito 
 Boa 
Boa Resist
ente 
Resisten
te 
Eventua
l 
Baixa Ruim Médio 
SP80 – 
1842 
Média Md/Alt
a 
Muito 
Alto 
Maio 3 Muito 
Rápida 
 Boa Boa Resist
ente 
Resisten
te 
Sim Baixa Ruim Muito 
SP81 – Nédia Muito Alto Junho 3 - 4 Rápida Muito Boa Boa Resist Moderad Sim Conside Muito Médio 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
8 
 
3250 Alta ente o rável Bom 
 
 
 
Tabela 1.2. Outras atividades que serão cultivadas em 1.998/1.999. 
 
Variedades 
 
Exigência 
 
Produtivi
dade 
 
Potencial 
 
Início 
 
PUI 
 
Velocidade 
 
Brotamento de 
soqueira 
 
Ferrugem 
 
Carvão 
 
Floresci
mento 
 
Isoporiz
ação 
 
Fechamam
ento 
na 
entrelinha 
 
Tomba-
mento 
 Fertilidade Agrícola Sacarose Corte Meses Cresciment
o 
Queimada Crua 
SP80 – 0180 Média Alta Md/Bx Agosto 3 Rápida M. Boa M. Boa Res. Res. Sim Média Bom Muito 
SP80 – 0185 Alta Alta Alto Julho 3 Lenta Boa Boa Res. Mod. Sim Média Ruim Não 
SP80 – 1836 M. Alta Média M. Alto Maio 3 Médio Média Média Mod. Mod. Não Não Ruim Médio 
SP80 – 3280 Média Alta Médio Agosto 3 - 4 Rápida Boa Boa Mod. Res. Sim Baixa Bom Muito 
SP81 – 1763 M. Alta Alta M. Alto Maio 3 Lenta Boa M. Boa Susceptivel Res. Sim Baixa Ruim Não 
RB80 6043 Média Alta Md/Bx Agosto 3 - 4 Rápida M. Boa Boa Mod. Suscepti
vel 
Não Não Médio Não 
RB83 5089 Média Alta Md/Bx Agosto 3 - 4 Rápida Boa Boa Res. Res. Não Não Ruim Não 
RB84 5197 Média Md/Alta Md/Bx Agosto 2 - 3 Lenta M. Boa Boa Res. Res. Sim Muito Bom Não 
RB84 5210 Alta Md/Alta Md/Alto Julho 3 Médio Boa Boa Res. Res. Sim Baixa Bom Médio 
RB85 5035 Alta Md/Alta M. Alto Maio 3 Rápida Boa Boa Susceptivel Res. Sim Baixa Ruim Médio 
RB85 5036 M. Alta Alta M. Alto Junho 3 Lenta M. Boa Boa Res. Res. Eventua
l 
Baixa Bom Não 
RB85 5156 Alta Md/Alta M. Alto Maio 3 - 4 Rápida M. Boa Boa Res. Res. Sim Baixa Médio Muito 
RB85 5453 M. Alta Média M. Alto Maio 2 - 3 Médio Média Ruim Res. Res. Sim Baixa Ruim Médio 
IAC82 2045 Média Md/Alta Médio Agosto 2 - 3 Médio M. Boa Boa Res. Res. Sim Baixa Bom Médio 
IAC86 2210 Alta Média M. Alto Maio 2 - 3 Rápida Boa ? Res. Res. Sim Baixa Médio Muito 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
9 
 
A cana-de-açúcar é uma cultura que protege o solo contra a erosão, principalmente, 
quando adulta e plantada em nível. Dependendo do tipo de solo e da topografia, além do 
plantio em nível, normalmente são necessários terraços de base larga ou embutidos. Em 
solos de textura arenosa, especialmente em períodos chuvosos, tem-se que atentar à 
profundidade dos sulcos de plantio e à camada de solo sobre os toletes, pois dependendo da 
intensidade das chuvas, existe a possibilidade de assoreamento dos sulcos, comprometendo 
a brotação das gemas o que proporcionará descontinuidade das linhas de plantio, afetando 
o "Stand" dos talhões e os níveis de produtividade. 
 
1.3.2. Planejamento da Lavoura de Cana-de-açúcar 
 
 O planejamento agrícola, se não for bem executado, trará conseqüências desastrosas 
para o setor industrial, refletindo no balanço financeiro do processo. Para evitar que isso 
ocorra é necessário dispor de uma estimativa da quantidade total de cana para ser 
processada na safra (própria + arrendada + fornecedor), da qualidade da matéria-prima, do 
manejo varietal, dimensionamento e manutenção de distância das frentes de colheita e 
custos das manutenções de fluxo contínuo de cana para a indústria, além do conhecimento 
detalhado dos solos e relevos das áreas cultivadas, da resistência à pragas e doenças, 
controle sanitário dos equipamentos e mudas, origem dessas. 
 
1.4. Composição Química da cana-de-açúcar 
 
1.4.1- Análise Foliar 
 
Os resultados da análise foliar em cana-de-açúcar são influenciados por 
diversos fatores: 
- tipo de folha amostrada; 
- estado de sanidade da folha; 
- idade cronológica e fisiológica da cultura; 
- fatores climáticos; 
- variedade; 
- altitude da região; 
- atributos do solo; 
- pragas e doenças do sistema radicular ; 
- integridade do sistema radicular afetada por danos mecânicos causados por 
implementos e herbicidas. 
 
 
Na Tabela 1.3 são apresentados os intervalos de variação dos teores de 
nutrientes em folhas de cana-de-açúcar, considerando-se médias de vários países 
(ANDERSON & BOWEN, 1992) e níveis adequados para o Estado de São Paulo ( 
MALAVOLTA, 1982 ). 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
10 
 
 
 
Tabela 1.3. Variação dos teores de nutrientes em folhas de cana-de-açúcar. 
NUTRIENTES VARIAÇÕES 
 PAÍSES* 
TEORES PARA O ESTADO DE SÃO 
PAULO* 
 % 
N 1,50 – 2,70 1,90 - 2,10 
P 0,08 – 0,35 0,20 - 0,24 
K 0,62 – 2,00 1,10 - 1,30 
Ca 0,18 – 0,76 0,80 - 1,00 
Mg 0,08 – 0,35 0,20 - 0,30 
S 0,03 – 1,00 0,25 - 0,30 
 (ppm) 
B 1 – 30 15 – 50 
Cu 3 – 100 8 – 10 
Fe 20 – 600 200 – 500 
Mn 12 – 400 100 – 250 
Mo 0,05 – 4,0 0,15 - 0,30 
Zn 15 – 50 25 – 50 
*Cana planta com 4 meses. Valores válidos para a folha +3. 
 
1.4.2. Análise química do solo. 
 
 A análise química do solo é a principal ferramenta para se avaliar a fertilidade do 
mesmo e, conseqüentemente, a necessidade de correção e adubação para suprir as 
exigências nutricionais da cana-de-açúcar. As operações necessárias para essa avaliação 
podem ser divididas em 3 etapas: amostragem de campo, análise laboratorial, interpretação 
dos resultados e recomendações. 
 Para que a amostra coletada seja representativa da área amostrada tem-se que seguir 
algumas recomendações básicas: 
- Delimitação de áreas visualmente homogêneas; 
- Uso de trados para retirar amostra; 
- Realizar uma perfuração para cada 2 ha. Separar as profundidades amostradas 
e após término da coleta, homogeneizar separadamente as referentes a uma profundidade, 
fazendo então, uma amostragem composta. Considerar as profundidades 0-25cm e 25-
50cm. 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
11 
 
 
Figura 1.2. Amostragem do solo nas profundidades 0-25 e 25-50 cm 
empregando-se trado dotado de rosca helicoidal. 
 
1.4.2.1. Calagem do Solo. 
 
 A calagem do solo constitui-se em importante operação agrícola que justifica-se 
por: 
- corrigir a acidez do solo; 
- aumentar os teores disponíveis de Ca e Mg no solo; 
- diminuir teores elevados e tóxicos de Al e Mn por insolubilização e 
precipitação; 
- melhoria das propriedades físicas e biológicas do solo, criando condições 
favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos do solo; 
- acelerar o processo de decomposição da Matéria Orgânica do solo em 
conseqüência do aumento da atividade biológica; 
- melhor aproveitamento dos fertilizantes através do comprometimento da 
Capacidade de Troca de Cátions do solo com elementos desejáveis (K
+
, Ca
++
 e Mg
++
), em 
detrimento dos ions H
+
 e Al
+
 que acabam por precipitar, não sendo portanto absorvidos 
pelas plantas (liberação de cargas dependentes do pH) e da maior liberação N, P e S para a 
solução dosolo. Contudo, deve-se considerar que a calagem excessiva pode criar condições 
para o surgimento de sintomas de deficiência de Boro e Fósforo nas plantas como 
conseqüência da sua menor disponibilidade no solo. 
 
Para o cálculo da quantidade de calcário a ser aplicada a um determinado solo, 
pode se empregar a seguinte fórmula matemática: 
 
 N.C. = ( 60 - V ) x T 
 PRNT 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
12 
 
N.C. = Necessidade de Calagem (t ha
-1
). 
V = Saturação por Bases (% da CTC ocupada por K
+
, Ca
++
 e Mg
++
). 
T = Capacidade de Troca de Cátions do solo (mmolc dm
-3
). 
PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (Valor fornecido pelo fabricante). 
 Quanto à distribuição do calcário, esta deve ser realizada a lanço, em área total. O 
ideal, é aplicar metade da quantidade recomendada antes da aração e o restante após, de 
preferência com arado do tipo aiveca, que possibilita a incorporação do calcário em 
camadas mais profundas, do que quando se emprega grades aradoras ou arados 
convencionais. 
 O calcário, também pode ser usado no sulco de plantio, principalmente em áreas de 
cultivo mínimo e em superfície, ao lado das touceiras quando se trata de cana-soca, com 
posterior incorporação quando da realização dos tratos culturais. 
 
 
1.4.2.2. Gessagem do Solo. 
 
 O gesso agrícola é um subproduto da fabricação de adubos fosfatados concentrados. 
Constitui-se em importante fonte de Cálcio e Enxofre para as plantas. Em decorrência da 
grande quantidade em que é produzido, trata-se de um produto de baixo custo. O gesso não 
é corretivo de solo, apesar de, em certas situações, possibilitar a redução da toxicidade de 
Al
+++
 ao permitir a sua lixiviação ao longo dos perfis dos solos e a sua concomitante 
substituição por ions Ca
++
. O gesso agrícola têm como função complementar a ação do 
calcário, através da aplicação de misturas (75% de calcário + 25% de gesso). Em situações 
específicas, de solos com saturação de Alumínio no horizonte B superior a 50%, essa 
prática pode favorecer o desenvolvimento do sistema radicular das plantas. 
 A aplicação, de forma isolada, do gesso deve ser realizada a lanço, em área total. 
Em épocas chuvosas não há necessidade de se proceder à incorporação. 
 
1.4.3. Preparo do Solo. 
 
1.4.3.1. Sistema convencional de preparo do solo. 
 
 A cultura da cana-de-açúcar, em todas as etapas do seu estabelecimento e 
desenvolvimento, envolve o uso de máquinas agrícolas, as quais são empregadas desde o 
preparo do solo até a colheita, principalmente se o corte for mecanizado. 
 Evidentemente, esse tráfego de equipamentos pesados sobre o solo pode ocasionar a 
formação de camadas adensadas no perfil, o que afeta a aeração, a densidade e a 
condutividade hidráulica do solo, com reflexos negativos sobre o desenvolvimento do 
sistema radicular das plantas. Portanto, a descompactação dessas áreas deve ser realizada 
quando da realização do preparo do solo. 
Considerando-se que a cana-de-açúcar é uma gramínea semi-perene, o preparo 
do solo reveste-se de grande importância, pois tem influência significativa na produtividade 
média dos sucessivos cortes realizados. Por outro lado, se no preparo convencional do solo 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
13 
 
o objetivo é eliminar as camadas compactadas, a realização indiscriminada de operações 
motomecanizadas pode agravar tais problemas, pois os implementos podem provocar a 
desagregação da estrutura do solo, o que facilita a ocorrência de erosão e o adensamento. 
Assim, as práticas a serem realizadas dependem, sobretudo, do conhecimento prévio das 
propriedades físicas desse solo, que irão servir de parâmetro para a escolha dos 
equipamentos e a maneira de se realizar esse preparo. 
 Os Principais equipamentos utilizados para o preparo convencional do solo, podem 
ser utilizados em diferentes combinações, dependendo das propriedades físicas do solo: 
 
 Primeira combinação (recomendada para solos eutróficos argilosos) 
- Calagem 
- Grade intermediária 26 x 26" ( erradicar soqueira ) 
- Arado de Aiveca 
- Grade Niveladora 
 
 Segunda combinação (recomendada tanto para solos arenosos quanto argilosos. Visa 
reduzir o tempo gasto na fase de preparo do solo) 
- Calagem 
- Grade Aradora 24 x 30" 
- Subsolador 
- Grade Niveladora 
 
 Terceira combinação (recomendada para solos arenosos, pois não provocará alterações 
significativas nos diferentes horizontes que compõem o perfil). 
- Calagem 
- Eliminador de soqueira 
- Arado bacia 
- Grade Intermediária 
- Grade Niveladora 
 Também, incluem-se no preparo convencional a construção de curvas de nível ou de 
terraços que podem ter diversos tipos de formas e tamanhos. 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
14 
 
 
Figura 1.3. Preparo de solo empregando-se revolvedor de solo. Equipamento 
utlizado nos EUA. 
 
Figura 1.4. Preparo de solo empregando-se grade aradora 
pesada. 
 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
15 
 
Figura 1.5. Preparo de solo empregando-se de “Scrapper” para 
nivelamento de solo visando otimizar o desempenho da colheita 
mecanizada. 
 
1.4.3.2. Cultivo mínimo ou Plantio Direto. 
 
Antes reservado apenas às áreas de maior declividade, o cultivo mínimo ou 
plantio direto tem se tornado cada vez mais freqüente na cultura da cana-de-açúcar, 
especialmente em áreas de reforma, onde os cortes se realizam por máquinas sem a queima 
da palhada. O alto custo da incorporação desse material e os efeitos danosos da 
movimentação do solo fazem com que o cultivo mínimo surja como alternativa de grande 
interesse. 
 Muito ainda há para se pesquisar sobre a mudança provocada por essa nova 
situação, no que se refere ao comportamento da cultura, pragas, doenças, novas infestações 
de plantas daninhas, nova biologia do solo, etc. 
 Basicamente, o cultivo mínimo ou plantio direto resume-se a duas operações: uma 
pulverização com herbicida para a erradicação química da soqueira e escarificação com um 
escarificador dotado de disco cortante. A calagem ou a calagem mais a gessagem, é feita 
superficialmente e não incorporada. Em alguns casos, a calagem é feita no fundo do sulco 
de plantio. Na maioria das vezes, faz-se rotação de cultura com soja ou milho. Amendoim 
e girassol, estão em fase de teste. 
 
 
1.5. Recomendações de adubação mineral de plantio e soqueira em Cana-de-
açúcar. 
 
1.5.1. Macronutrientes. 
1.5.1.1. Nitrogênio. 
 
 Através das análises químicas do solo, têm-se constatado que tanto o teor de N total 
quanto o teor de matéria orgânica não têm se mostrado eficientes nas orientações ou 
recomendações de adubações nitrogenadas para a cultura da cana-de-açúcar. 
 Em cana-planta, os efeitos decorrentes da realização de adubações nitrogenadas, na 
maioria das vezes, não resultam em ganhos significativos em termos de produtividade. 
Esses efeitos esperados, quando ocorrem concentram-se nas seguintes condições: 
- sob cultivo mínimo; 
- solos eutróficos; 
- áreas de primeiro cultivo de cana-de-açúcar. 
 Em cana-soca, as respostas positivas à fertilização nitrogenada, têm ocorrido em 
solos de elevada fertilidade. 
 Existem várias fontes minerais de nitrogênio, como a uréia, sulfato de amônio, 
nitrato de amônio, aquamônia, etc. 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
16Figura1.6. Cana-planta deficiente em nitrogênio 
(esquerda) e plantas normais (direita), Fonte: J. 
Orlando Filho). 
 
 
 
1.5.1.2. Fósforo. 
 
 Em áreas de expansão da cana-de-açúcar, freqüentemente o fósforo é o fator 
limitante. Normalmente, em solos tropicais, este elemento tende a ser imobilizado, o que 
impede a sua absorção pelas plantas. Especificamente para a cana-de-açúcar é 
procedimento comum a realização de adubação fosfatada no fundo do sulco de plantio. Em 
casos de solos com teores muito baixos de fosfatos, pode-se também realizar a adubação 
fosfatada para atender às exigências nutricionais da cana-soca, com o objetivo de minimizar 
a queda de produtividade que caracteriza essa fase do processo produtivo. 
 Mesmo considerando ser a cana-de-açúcar uma cultura semi-perene (ciclo de vida 
maior do que culturas anuais), o desempenho dos fosfatos solúveis, supera o dos fosfatos 
naturais. 
 
 
Foto 7. À frente plantas com severa deficiência de 
fósforo. (Fonte: J. Orlando Filho). 
 
 
1.5.1.3. Potássio. 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
17 
 
 
 A adubação potássica adequada do solo cultivado com cana-planta e/ou cana-soca 
tem resultado em incrementos significativos da produtividade e da qualidade da matéria 
prima. 
 Tanto o excesso, quanto a falta de potássio no solo, podem diminuir a qualidade da 
matéria-prima, influenciando diretamente os teores de sacarose e de fibra da cana. Em 
cana-planta, a baixa disponibilidade pode conduzir à brotação vagarosa. Em determinadas 
condições, como as que ocorrem em solos arenosos, mesmo sendo realizada a fertilização 
potássica, pode-se ter a ocorrência de níveis do elemento aquém da exigência da cultura 
decorrente do fenômeno denominado de lixiviação de potássio que, nessas condições pode 
ser elevada. 
 
 
Figura 1.8. Plantas apresentando 
folhas com sintonmas de 
deficiência de potássio. (Fonte: J. 
Orlando Filho). 
 
1.5.1.4. Recomendação de adubação mineral de plantio em Cana-de-açúcar. 
 
 Na tabela abaixo, são indicadas as quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio a 
aplicar com base na análise de solo e nas metas de produtividade. 
 
Metas de 
produtivi
dade 
 
Nitrogênio 
 
P-resina (mg dm
-
³) 
0 - 6 7 - 15 16 - 40 >40 
K+ TROCÁVEL (mmol dm
-
³) 
0 - 0,7 0,8 - 1,5 1,6 - 3,0 3,1 – 6,0 >6,0 
T ha
-1
 N (kg ha
-1
) P2O5 (kg ha
-1
) K2O (kg ha
-1
) 
< 100 30 180 100 60 40 100 80 40 40 0 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
18 
 
100 – 150 30 180 120 80 60 150 120 80 60 0 
> 150 30 - 140 100 80 200 160 120 80 0 
 
 
1.5.1.5. Recomendação da adubação mineral em soqueira na Cana-de-açúcar. 
 
 Na Tabela abaixo, são indicadas as quantidades de Nitrogênio, Fósforo e Potássio a 
aplicar com base na análise de solo e nas metas de produtividade esperadas. 
 
Metas de 
produtividade 
Nitrogênio P-resina (mg dm
-
³) 
0 - 15 > 15 
K+ Trocável (mmol dm-³) 
0 - 1,5 1,5 - 3,0 > 3,0 
t ha
-1
 N (Kg ha 
-1
) P2O5 (Kg ha
-1
) K2O (Kg ha
-1
) 
< 60 60 30 0 90 60 30 
60 - 80 80 30 0 110 80 50 
80 - 100 100 30 0 130 100 70 
> 100 120 30 0 150 120 90 
 
 
1.5.2. Micronutrientes. 
 
 Principalmente nos solos de menor fertilidade, o cobre e o zinco são os 
micronutrientes mais limitantes para cana-de-açúcar. Nos Estados do Nordeste, suas 
deficiências são mais freqüentes (ORLANDO FILHO, 1993). 
 Na região sul do país, ocorre deficiência de ferro no início da brotação da soqueira, 
mas não chega a afetar a produtividade. 
 Em relação ao boro, sua deficiência é muito semelhante à doença causada pelo 
Fusarium monilifome, conhecida por " Pokkah boeng ". Sua correção é feita com 
fertilização com Bórax ou ácido bórico. 
 
1.5.3. Subprodutos da industrialização da cana-de-açúcar 
 
Em usinas de açúcar e álcool, através dos processos de fabricação, são gerados 
alguns resíduos usados como fertilizantes. Entre eles, os destaques ficam por conta da torta 
de filtro e da vinhaça. 
 A partir de uma tonelada de cana, gera-se, em média, no Estado de São Paulo 35 kg 
de torta de filtro. Contudo essa produção estabelece correlação inversa com a qualidade da 
matéria-prima. A torta de filtro pode ser usada em área total na dose de 80 a 100 t ha
-1
 antes 
do preparo de solo. Alternativamente pode-se ainda aplicar de 40 a 50 t ha
-1
 nas entre linhas 
da cana-soca ou de 15 a 30 t ha nos sulcos de plantio. A torta de filtro atua principalmente 
como fonte de fósforo e cálcio, além de apresentar elevados teores de matéria orgânica em 
sua composição, que lhe confere também característica de atuar como condicionador do 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
19 
 
solo. Em contra partida, uma tonelada de cana pode gerar de 700 a 1300 l de vinhaça, 
dependendo da porcentagem de moagem destinada a fabricação de álcool. Em relação a sua 
composição, a vinhaça apresenta, em sua maior parte, água. Na fração sólida predomina a 
matéria orgânica, ficando por último os elementos minerais. Entre os elementos minerais, o 
que ocorre em maiores teores é o potássio. Apesar do seu elevado poder poluente a vinhaça 
promove grande benefício ao setor produtivo à medida em que é utilizada como fonte de 
potássio, matéria orgânica e água, através da fertirrigação de solos cultivados cana-de-
açúcar. Sua distribuição nos canaviais é feita por irrigação - aspersão via canal ou veículos-
tanque. Suas doses variam de acordo com os atributos do solo e custos de aplicação. Seu 
emprego pode resultar em aumento da produtividade agrícola e longevidade dos canaviais. 
 
 
 
Figura 1.9. Aplicação de vinhaça por aspersão por sistema combinado de 
transporte rodoviário e sistema de alimentação de canhão aspersor por moto-
bomba. 
 
1.6. Plantio. 
 
1.6.1. A melhor época. 
 
O conhecimento da melhor época de plantio é de fundamental importância no 
planejamento da atividade canavieira, pois permite otimizar o processo produtivo através da 
ampliação do Período Útil de Industrialização, o que vai possibilitar a colheita de matéria 
prima de melhor qualidade por um período de tempo maior. Deve-se levar em conta, o ciclo 
da variedade e o tipo de solo. Em áreas não irrigadas é possível o estabelecimento de 3 
épocas distintas de plantio, para a região centro-sul: 
 
- Cana de ano e meio: de janeiro a abril; 
- Cana de ano: de setembro a outubro. 
- Cana de dois verões: novembro a dezembro. 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
20 
 
 Em área em que há possibilidade de se proceder à irrigação o ano todo, o plantio 
pode ser efetuado em qualquer época de acordo com a necessidade. 
 
 
1.6.2. Espaçamento. 
 
De acordo com o solo, a variedade e o tipo de corte (manual ou mecanizado), bitola 
do trator e implementos disponíveis, o espaçamento entrelinhas varia de 1m a 1,50. 
 
1.6.3. Plantio Convencional. 
 
A cana-de-açúcar pode se multiplicar via sexuada e assexuada. Quando se trata de 
talhões industriais tem-se a necessidade de se obter a multiplicação de forma rápida e 
homogênea. Nessa situação é maisinteressante optar-se pela via assexuada. Para tanto, a 
forma utilizada é multiplicação por brotamento de gemas. Assim, colmos adultos são 
dispostos no interior do sulco e, em seguida seccionados em toletes com o objetivo de se 
"quebrar" a dominância da gema apical, o que permite com que todas as gemas laterais do 
colmo tenham condições de brotar. 
O corte das mudas é realizado manualmente, carregadas por guinchos em 
caminhões e distribuídas manualmente por sistemas denominados "banquetas". O corte dos 
toletes se dá manualmente em sulcos previamente abertos. Nessa fase, pode se lançar mão 
de fungicidas e inseticidas, que são aplicados no solo. Esta fase caracteriza-se por empregar 
grande quantidade de mão-de-obra, o que é responsável pelo alto custo de implantação da 
lavoura. 
 
Figura 1.10. Distribuição manual de colmos nos 
sulcos de plantio. 
 
1.6.4. Plantio Mecanizado. 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
21 
 
 Todas as divisões do trabalho, desde o corte da “olhadura” (muda de cana) até a 
aplicação de herbicida, são realizados por máquinas de alta tecnologia, empregando-se 
mão-de-obra especializada, responsável pelo alto custo da operação. 
 
 
Figura 1.11. Transbordo de mudas colhidas através de 
máquinas para plantio mecanizado. 
 
 
Figura 1.12. Plantio mecanizado. 
 
1.7. Tratos Culturais. 
 
 Em cana-planta as atividades operacionais resumem-se em: quebra de lombo uma 
ou duas vezes, dependendo se o primeiro corte da cana for mecanizado ou não; aplicação de 
herbicida; controle de pragas e catação de escape de ervas daninhas. 
 Em cana-soca as operações realizadas são: tríplice operação (adubação + 
subsolagem + grade niveladora ou destorroadora); aplicação de torta de filtro e/ou vinhaça; 
aplicação de herbicida; catação de escape de ervas daninhas e controle de pragas. 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
22 
 
1.8. Pragas de maior importância econômica para cana-de-açúcar e seu controle. 
 
1.8.1. Pragas de parte aérea. 
 
 Broca do colmo - Diatraea spp. 
 
Sintomas de ataque: 
Diretos: morte da gema apical, redução de peso, quebra dos colmos 
e brotações laterais. 
Indiretos: inversão da sacarose. 
 
Controle: 
1) Químico: não viável economicamente. 
2) Biológico: através de larvas de Cotesia flavipes, cujo controle pode ser considerado 
satisfatório. 
 
 
Figura 1.13. Crisálida de Diatrea 
Saccharalis em galeria no colmo. Fonte: 
Botelho & Macedo. 
 
 
Figura 1.14. Inimigo natural – Vespa 
Cotesia Flavipes ovopositando em lagarta 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
23 
 
de Diatrea Saccharalis. (Fonte: Botelho & 
Macedo). 
 
 
 Cigarrinha da folha - Mahanarra posticata 
 
Sintomas: ninfas adultas picam as folhas das canas, injetando toxina, causando necrose. Os 
prejuízos representam da ordem de 17% do rendimento agrícola. 
 
Controle: 
1) Químico: pouco eficiente. 
2) Biológico: mais econômico através do fungo Metarhizium anisopliae 
 
 
Figura 1.15. Adulto de 
Mahanarva posticata 
(cigarrinha). (Fonte: Botelho & 
Macedo). 
 
 
 Formiga Saúva - Atta bisphaerica 
 Atta capiguara 
 
Sintomas: desfolha contínua das plantas, causando falhas e redução de “stand” e formação 
dos colmos do canavial, estima-se que um sauveiro pode diminuir em até 5% a produção de 
um hectare. 
 
Controle: 
1) Mecânico: restrito a sauveiros novos. 
2) Iscas: prático, mas não pode ser aplicado em épocas de chuvas. 
3) Termonebulização: eficiente, mas de alto custo inicial. 
4) Fumigação: alta toxidade. 
 
 
1.8.2. Pragas de hábitos subterrâneos. 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
24 
 
 Cupins (Heterotermes, entre outros). 
 
Sintomas: alimentam-se de tecidos vegetais vivos ou mortos, atacam toletes, danificam 
gemas provocando falhas no plantio. Na cana adulta, atacam os entrenós da base, 
provocando redução no crescimento e seca dos colmos. Podem reduzir a produtividade 
agrícola em até 10 t ha
-1
. 
 
Controle: 
 
1) Químico: endosulfan 4,0 L ha-1. 
 
 
 
Figura 1.16. Colmo atacado por cupim do 
gênero Heterotermes. (Fonte: Botelho & 
Macedo). 
 
 Migdolus 
 
Sintomas: o ataque em cana-de-açúcar se dá em reboleiras, danificando os toletes em cana-
planta levando à não brotação das gemas e, conseqüentemente, desuniformidade no 
"Stand". Em cana-soca, alimenta-se dos entrenós basais, levando a planta à morte. 
 
Controle: 
1) Químico: mais eficiente. 
2) Mecânico: preparo de solo profundo e bianual, destruindo-se a soqueira. 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
25 
 
 
Figura 1.17. Larva de Migdolus friannus. 
(Fonte: Botelho & Macedo). 
 
Figura 1.18. Macho e fêmea de Migdolus 
Friannus. (Fonte: Botelho & Macedo). 
 
1.9. Doenças da Cana-de-açúcar. 
 
 No mundo, tem-se listado e classificado mais de 216 doenças em cana-de-açúcar. Destas 
pelo menos, 60 foram encontradas no Brasil, sendo que podemos classificar as 10 espécies 
com maior importância para a economia canavieira. 
 A maioria dos agricultores brasileiros desconhecem a importância dessas doenças, pois 
o controle das mesmas, está embutido nas características agronômicas das variedades 
industriais, mas basta expandir a multiplicação sem os devidos cuidados (fitossanitários) 
para que a variedade se torne susceptível. Assim, as doenças podem se manifestar de forma 
mais enérgica, o que resulta em perdas econômicas expressivas. 
 As principais medidas de controle são: 
 variedades resistentes; 
 viveiros sadios; 
 tratamento térmico de mudas; 
 escolha do local e época de plantio; 
 manejo da época de colheita. 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
26 
 
 A Tabela 1.4 relaciona as principais doenças de cana-de-açúcar no Brasil, como se 
transmite, os sintomas e o controle mais eficaz. 
 
 
Tabela 1.4. Principais doenças, sintomas e formas de controle relacionadas com cana-de-
açúcar no Brasil. 
Doença Agente 
causal 
Formas de 
transmissão 
Sintomas mais 
evidentes 
Controle mais eficaz 
Escaldadura das folhas Bactéria Mudas, corte Estrias brancas, 
brotação lateral 
Variedade resistente, 
mudas sadias 
Raquitismo das 
soqueiras 
Bactéria Mudas, corte Entupimento dos vasos, 
brotação de soca 
Variedade resistente, 
tratamento térmico 
Mosaico Vírus Mudas, pulgões Mosaico nas folhas Variedade resistente, 
"roguing" do viveiro 
Carvão da cana Fungo Mudas, vento Chicote Variedades resistentes, 
tratamento térmico e 
"roguing" 
Estria vermelha Bactéria Mudas, vento Estrias vermelhas nas 
folhas, podridão da 
cana 
Variedade resistente, 
adubação balanceada 
Mancha ocular Fungo Vento Mancha com estrias 
avermelhadas 
Variedade resistente, 
adubação balanceada 
Ferrugem da cana Fungo Vento Queima das folhas, 
esporos cor de ferrugem 
Variedade resistente, 
manejo da colheita 
Mancha amarela Fungo Vento Manchas amarelas ou 
avermelhadas nas 
folhas 
Variedade resistente, 
variedade que não 
floresce 
Podridão vermelha Fungo Broca, chuva Podridão avermelhada 
internamente, riscas 
vermelhas transversais 
Controle de broca, 
variedade resistente 
Podridão abacaxi Fungo Inseto, solo Podridão com odor de 
abacaxi e esporos 
pretos 
Época de plantio, mudas 
novas, plantio raso 
 
 
Capítulo 1A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
27 
 
 
Figura 1.19. Sintoma de ataque do 
fungo da ferrugem em folhas de 
cana-de-açúcar. (Fonte: H. 
Tokeshi). 
 
 
Figura 1.20. Ocorrência de 
carvão em cana-de-açúcar. 
(Fonte: H. Tokeshi). 
 
 
Capítulo 1 
A Cultura da Cana-de-açúcar 
MARCOS OMIR MARQUES 
 
 
28 
 
Figura 1.21. Estria vermelha em colmo de cana. 
(Fonte: H. Tokeshi). 
 
 
Figura 1.22. Fungo causador da 
mancha amarela. (Fonte: H. 
Tokeshi). 
 
 
Figura 1.23. Colmos atacados 
pela “Podridão Abacaxi” (Fonte: 
H. Tokeshi).

Outros materiais