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A VIAGEM - IV ESTAÇÃO
(Ou Filosofia Geral e Jurídica -I Estágio)
Prof.ª' Ms. Maria das Neves Franca - 2016.1
Período socrático, ou antropológico
Final do século V e todo o século IV a.C.
Quando a Filosofia investiga as questões humanas, isto é, a ética, a política e as técnicas (em grego ântropos quer dizer homem, por isso o período recebeu o nome de antropológico). Coincide com a última fase da filosofia naturalista e a sua dissolução e tem como protagonistas os Sofistas e, sobretudo, Sócrates, que pela primeira vez procura determinar a essência do homem.
Período que coincide com a passagem da aristocracia para a democracia na Grécia do século V. Maior florescimento da democracia e perda do poder dos aristocratas.
Coexistência de dois partidos políticos:
Aristocráticos – Concebiam a vida política a partir de laços de sangue, parentesco e, por esta razão, julgavam usos e costumes, valores e idéias como naturais, instituídos por natureza, absolutos, perenes e superiores ao nomos.
Democráticos – Defendido pelos sofistas. Os costumes e as leis não escritas não são considerados naturais: são nomos, são por convenção e, portanto, relativos a cada sociedade. 
O que vamos examinar nesta aula: 
1. Os sofistas
2. Sócrates
OS SOFISTAS
 IDÉIAS A RETER
Aspectos fundamentais da sofística:
Humanismo – Relativismo - Imoralismo
Percebem a discordância radical entre experiência e razão 
Duvidam da pretensão da filosofia de conhecer a verdade última das coisas
Introduzem o ardor pela dialética e pela retórica
RETÓRICA – arte de persuadir através dos logói, razão, argumentos e definição das coisas tal como elas aparecem e nos serão úteis. Parte da opinião e nos ensina a persuadir os outros de que a nossa opinião é a melhor. Para a persuasão se realizar precisa da DIALÉTICA , ou seja, do confronto de argumentos contrários. 
 A RETÓRICA - ARTE DA PERSUASÃO, PRECISA DA DIALÉTICA - ARTE DA DISCUSSÃO. 
Estabelecem a diferença entre physis e nomos . PHYSIS – Natureza, cuja ordem independe da vontade humana. NOMOS – convenção, que depende de uma vontade humana. O que é acordado por um grupo e que se torna lei para esse grupo. NOMOS deriva de NOMÒS, divisão do território em distritos e regiões, “aquilo que é distribuído em uma partilha”, “aquilo de que se faz uso” . Nomos passa a significar USOS, COSTUMES, O COSTUME COM FORÇA DE LEI ou a LEI NÃO ESCRITA, COSTUMEIRA. 
Relativizam a justiça
Com os SOFISTAS (de SOPHOS, sábios – 450-400 A C) a filosofia se volta para o homem que conhece e o valor do seu conhecimento. Para os Sofistas, se a verdade é um conhecimento que não pode ser desmentido, então o conhecimento da realidade não pode se tornar verdade porque esta se encontra em conflito consigo mesma. Eles se apresentavam como “professores de sabedoria” e ensinavam, por dinheiro, aos jovens abastados. Diziam que para ser bem sucedido na vida é preciso satisfazer os desejos; para isso, é preciso um máximo de riqueza; mas, a riqueza somente não basta. É preciso poder sobre os outros e, sendo assim, faz-se necessário convencer os outros a lhe confiar o poder. Portanto, é necessário aprender a arte de falar bem, a RETÓRICA. O importante é saber convencer. Os Sofistas diziam ainda que os valores morais são invenções dos fracos, que por não terem força para resistir às agressões dos fortes, imaginam uma solução para dominá-los: educa-os. Para eles não há bem nem mal absoluto, apenas interesses entre fortes e fracos. De maneira sucinta podemos dizer que três aspectos caracterizam o pensamento sofista: humanismo – valorização da percepção sensorial, “o homem é a medida de todas as coisas”; relativismo – isto é, o conhecimento depende das circunstâncias; e imoralismo , ou seja, negação dos valores morais. 
No regime democrático que vigorava em Atenas, o exercício da política dependia do bom uso da palavra e os sofistas foram mestres da arte de falar bem. Platão via, no ensino dos sofistas, um perigo para a cidade, pois a retórica sofística era, para ele, apenas uma técnica de persuasão. O bom orador, segundo os sofistas, é aquele que sabe persuadir qualquer um de qualquer coisa. Para Platão, aquele que realmente sabe não pode persuadir do contrário; o sofista nega que exista a verdade, ou pelo menos a possibilidade de acesso a ela. Para os sofistas só existem opiniões: boas e más, melhores e piores, úteis ou prejudiciais, mas jamais falsas e verdadeiras. 
Os sofistas abandonam a verdade para alcançar o poder sobre as coisas e utilizam a linguagem como técnica de persuasão para obtenção de fins. Górgias, um sofista, dirá que a razão tem um caráter antinômico e contraditório e que “o homem é a medida de todas as coisas”. Não existe, para ele, uma verdade absoluta e válida para todos. A verdade é a experiência de cada um, é o conjunto de fenômenos e das coisas que se manifestam a cada homem. Exemplo: Se a comida parece amarga para o doente, é amarga; se parece doce para o saudável é doce. O sofista não é o sábio que tem a verdade, porque todas as experiências são verdadeiras. Radicalizando ainda mais os resultados alcançados pela filosofia, Górgias dirá: “Nada existe; se existe é incognoscível; se é cognoscível não é comunicável.” Com isto ele quer dizer: Nada existe - isto é, a antinomia razão e experiência é inultrapassável. Se existe é incognoscível - Com base na razão não se pode afirmar a verdade da experiência. A vista não pode afirmar a verdade do ouvido; uma percepção visual não pode afirmar a verdade de uma percepção auditiva. Se é cognoscível, não é comunicável – A verdade não pode ser comunicada porque a linguagem é diferente das coisas. 
Górgias aponta ainda para o caráter antitético da vida e do conhecimento: a verdade é inútil porque nas decisões humanas entra a preferência. Sábio não é o que escolhe o verdadeiramente bom ou justo, mas o mais oportuno em determinada situação. A escolha é determinada pelos instintos e pela força. Justiça é, segundo eles, o domínio dos fortes sobre os fracos.
 A crítica de Platão aos sofistas pode ser melhor compreendida considerando a diferença que ele estabelece entre os sofistas e Sócrates:
O sofista é um professor ambulante. Sócrates é alguém ligado aos destinos da sua cidade, tanto que mesmo condenado à morte recusa-se a fugir, acatando a decisão dos seus concidadãos.
O sofista cobra para ensinar. Para Sócrates, filosofar não é profissão, é a atividade do homem livre. 
O sofista “sabe tudo”. Para persuadir alguém de qualquer coisa é preciso saber tudo, mas saber tudo é impossível, logo, o saber sofístico é somente uma aparência, a retórica dos sofistas é a arte do engodo e o sofista, segundo Platão, é um grande charlatão. Sócrates, ao contrário, afirma nada saber e colocando-se no nível do seu interlocutor, dirige uma aventura dialética em busca da verdade, que está no interior de cada um.
O sofista faz retórica. Sócrates faz dialética. Na retórica o ouvinte é persuadido por uma enxurrada de palavras que não transmitem conhecimento algum. Na dialética, que trabalha com perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás. 
O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. Sócrates refuta para purificar a alma de sua ignorância. 
A justiça – Com os sofistas a justiça é relativizada. De acordo com a tradição literária e filosofica grega, a natureza faria com que as leis fossem idênticas em toda parte. Mas não é assim que pensam os sofistas. Segundo eles, a lei natural (physis) é diferente da lei artificial (nomos), cujo conteúdo é deliberado pelos homens, cabendo a estes definir o justo e o injusto. Se o que é justo é o que está na lei e se a lei é convencionada pelos homens a justiça é relativa, o que é justo hoje pode não ser amanhã. A justiça, como nos diz Trasímaco em A República (ver Livro I) é a vantagem do mais forte. 
Sócrates
__________________________________________________________________________________
 IDÉIAS A RETER
Filhoda parteira Fenarete e do escultor Sofronisco.
Pelo menos por razões antropológicas, intelectuais e morais provoca uma verdadeira revolução na história da filosofia.
Rebela-se contra o saber dos naturalistas que se revelava vão.
Rebela-se contra o saber dos sofistas que se revelava presunção
Concentra seu pensamento na problemática do homem; para ele, o saber fundamental é o saber a respeito do homem
Esse saber é um conhecimento universalmente válido, antes de tudo é um conhecimento moral e
 é um conhecimento prático: conhecer para agir corretamente.
Seu pensamento é expresso nos diálogos de Platão.
Elabora uma ética racionalista e teleológica, concebendo a felicidade como fim da ação. O homem age bem quando conhece o bem. Conhecendo o bem é feliz porque é dono de si mesmo.
Lema do seu filosofar: “Conhece-te a ti mesmo”
Método socrático: Protréptico e elenkhos (Ironia e maiêutica)
 PROTRÉPTICO – exortação, convite para o interlocutor encontrar a verdade. 
 ELENKHOS – indagação. O elenkhos se divide em duas partes:
 A IRONIA - Refutação com a finalidade de quebrar os preconceitos. Feita a pergunta, Sócrates comenta as várias respostas mostrando que são preconceitos recebidos, imagens sensoriais, opiniões subjetivas e não a definição buscada.Fingindo que não sabia de nada, Sócrates forçava as pessoas a usar a razão. A ironia destrói o saber constituído.
 A MAIÊUTICA – O termo se refere a arte de realizar um parto; no caso seria o parto da idéia verdadeira, a reconstrução em busca de conceitos. Fazia perguntas como se nada soubesse até levar o interlocutor a reconhecer a fragilidade de suas próprias reflexões. A capacidade de dar à luz é natural, assim as pessoas podem usar a razão e trazer para fora o verdadeiro conhecimento que está dentro de si. 
Opõe-se á idéia de que a justiça é expressão dos mais fortes. 
_____________________________________________________________________________
Exatamente porque a crítica dos sofistas à verdade se torna radical, Sócrates estabelece uma relação positiva com a verdade. Ele afirma não saber: “Só sei que nada sei”. Com isto ele quer dizer que nada ao seu redor lhe permite saber: nem leis, nem hábitos sociais, nem crenças religiosas, nem princípios morais, nem doutrinas filosóficas. Isto porque, para ele, o saber é a verdade e esses conhecimentos, quando são examinados se revelam gratuitos, afirmados e praticados sem que se saiba por quê , ou então se revelam contraditórios, acabam negando o que afirmam. Declarar não saber significa que nenhuma das convicções humanas que se conhece se apresenta como verdade. Sócrates sabe que não sabe; os outros, não. Sabe que a sociedade e a cultura não correspondem à idéia de verdade que os primeiros pensadores haviam revelado. Saber que nada sabe é ter presente a idéia de verdade e estar na verdade. A verdade nasce num plano diferente, quando nos damos conta de não possuí-la: a verdade é a verdade da crítica. É uma verdade pobre, mas que se dispõe a se tornar rica, no sentido de se lançar à procura do verdadeiro saber que se sabe não possuir. Sócrates defende a reflexão livre, independente da autoridade e da tradição. Procurava o CONCEITO, a definição daquilo que uma coisa, um valor, ou uma idéia verdadeiramente é. A OPINIÃO é instável, varia, depende de gostos e preferências. Os sofistas aceitavam a validade das opiniões e trabalhavam com elas para produzir argumentos. A diferença entre eles e Sócrates é que para este último as percepções do sentido são fonte de erro e falsidade. A verdade está em nós mesmos, na dimensão da consciência. Conhecer é passar da aparência a essência, da opinião ao conceito, do ponto de vista individual à idéia universal de cada um dos seres e de cada um dos valores da vida social e política.
	Toda a vida de Sócrates foi dedicada à procura desse saber do qual ele se sabia destituído. Ele estabeleceu condições fundamentais para que o pensamento filosófico pudesse se colocar no bom caminho para o encontrar. Em primeiro lugar, a verdade não pode nos ser transmitida por outros, ou vir do exterior. Já Górgias havia demonstrado a incapacidade da linguagem para revelar e transmitir aquilo de que ela fala. Sócrates aceita esta crítica e leva-a mais longe. Ele adverte a seus interlocutores que nada tem a ensinar. Se eles anseiam por descobrir a verdade é porque a têm em si e são, portanto, eles mesmos a gerá-la: ele apenas os pode ajudar nesta geração, repetindo com eles o mesmo que a sua mãe, parteira, fazia com as parturientes. A MAIÊUTICA (que significa, ao pé da letra, arte da obstetrícia) é o modo como Sócrates se relaciona com quem não está ainda na verdade. A eles pergunta o significado e a justificação daquilo que ele crê saber. Mas o interlocutor, que exprime uma vez após outra, as várias instâncias da cultura e da sociedade do seu tempo, acaba por não saber responder, porque Sócrates exige dele uma resposta que não possa ser contraditada e, muitas vezes é a própria resposta que se encontra em contradição consigo mesma. Sócrates questiona a verdade das convicções do seu interlocutor. E a verdade nasce deste último precisamente quando se dá conta de que todo o saber que pensava possuir não tem qualquer verdade – quando, portanto, atinge o ponto de saber que nada sabe. Este saber, ou reconhecimento, somos exatamente nós que o devemos realizar: a verdade apenas existe para nós quando a reconhecemos e este reconhecimento não pode outra pessoa efetuá-lo em nosso lugar, do mesmo modo que não nos pode ser ensinado ou transmitido. 
	A tese de Górgias da incomunicabilidade da verdade serve a Sócrates não para demonstrar que a verdade está ausente do homem, mas para afirmar que a verdade reside numa dimensão exterior da linguagem e do ensino. Essa dimensão somos nós mesmos, enquanto consciência. Nesse sentido, Sócrates reconhece o valor essencial do convite inscrito no frontão do templo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. 
Vale dizer, ainda, que com Sócrates se estabelece uma verdadeira revolução na história da filosofia, pelo menos por três razões:
Razões antropológicas – A origem do cosmos deixa de ser uma das questões mais importantes. A sua preocupação é o homem, sobretudo do ponto de vista político e moral.
Razões intelectuais – Claramente se dá importância ao papel desempenhado pela razão, já que no homem esta é indispensável na busca da verdade.
Razões morais – Coloca a ética em primeiro lugar. Os conceitos de verdade que o homem deve tentar alcançar - para alcançar a sabedoria – são essencialmente morais. Assim, acredita que a bondade depende da sabedoria. 
 A justiça - Contra a idéia da correspondência da lei com os designios divinos, os sofistas ressaltaram o caráter meramente convencional, humano da lei. Sócrates recusava tanto a concepção tradicional que hauria da mitologia de Themis e Diké uma espécie de direito religioso como a concepção sofista do caráter meramente convencional das normas. Ele não aceitava o direito como expressão de um mundo intermediado pela religião, mas também não aceitava resvalar pelo caráter meramente convencional da lei e da justiça. Para ele o justo não é uma imposição do mais forte, nem da maioria, nem de alguns contra os outros, mas antes uma busca efetuada pela razão. 
Período Sistemático 
O que vamos examinar nesta aula:
Platão
A justiça 
 Do final do século IV ao final do século III aC – Quando a Filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado pela cosmologia e a antropologia, interessando-se sobretudo em mostrar que tudo pode ser objeto de conhecimento filosófico, desde que as leis do pensamento e de suas demonstrações estejam firmemente estabelecidas para oferecer os critérios da verdade e das ciências. É o momento das grandes sínteses de Platão e Aristóteles.
Platão
 (428-427 aC)
IDÉIAS A RETER
A época de Platão: 
Apogeu de Atenas. Atenas vive o a´pogeu em todos os sentidos: econômico, cultural e político
O “Século de Péricles”
Consolidação da Democracia
A Democracia ateniense
O governoera exercido apenas por uma parcela da população
Ausência de uma política contínua e duradoura. Baixo comparecimento nas assembleias em tempos de paz.
Os cargos políticos eram preenchidos pelas elites. O exercício das funções tinha curta duração.
De direito qualquer cidadão tinha a palavra, mas de fato só tinha a palavra os que usavam bem a retórica. Por isso os sofistas foram para Atenas. A eloquência era um instrumento de poder. 
Notas biográficas
Platão descende de uma família aristocrática, tradicionalmente dedicada à política. Descendia de Solon, o legislador; era parente de Cármides e Crítias, dois dos trinta tiranos de Atenas.
Os Trinta Tiranos – governo oligárquico de Atenas, composto por trinta magistrados, que sucedeu a democracia ateniense depois da guerra do Peloponeso. 
Foi discípulo de Sócrates, que considerava o homem mais justo do seu tempo.
Depois da morte de Sócrates passou doze anos viajando e voltou a Atenas com 40 anos.
Morreu aos 81 anos.
Obras
Escreveu 36 diálogos e 13 cartas, uma coleção de definições
A REPÚBLICA é o seu diálogo mais citado. Outros diálogos são: MÊNON (sobre a virtude), O Banquete (sobre o amor); Fedon (sobre a morte), Fedro (sobre o amor e a alma)Timeu (origem e constituição do universo);Cármides (sobre a prudência ou sabedoria); Górgias (sobre a Retórica, como mentira, adulação e veneno) etc
Obras importantes para a Filosofia do Direito:
A REPÚBLICA ( É um diálogo sobre a formação do filósofo e a cidade ideal; trata da justiça e do Direito, que para ele são inseparáveis) , AS LEIS (trata dos fundamentos da autoridade; como são descobertas as boas leis e apresenta um sistema de legislação), O POLÍTICO trata de determinar em que consiste a ciência do político). 
A ACADEMIA
Fundada nos jardins do herói Academos
Primeiro centro de ensino superior do ocidente; primeiro modelo de universidade, de instituição permanente de ensino e pesquisa.
Nela se formaram os mais importantes matemáticos, astrônomos e políticos da Grécia clássica; foi nela que Aristóteles recebeu , durante vinte anos, formação filosófica. 
Em vez de transmitir doutrinas, a Academia ensinava a pensar, ou, como é dito no diálogo Mênon: ensinava “o dever de procurar o que não sabemos”
A preocupação da Academia era formar homens capazes de governar o Estado (pois o conhecimento torna os homens melhores e aperfeiçoa o Estado. 
Bom, vamos recapitular um pouco a problemática que estamos discutindo. A antinomia entre razão e experiência suscitada por Parmênides traz para o primeiro plano a questão da capacidade do homem para alcançar a verdade. Surge a questão: Pode o homem alcançar um saber necessário, absoluto e irrefutável se, no próprio seio da verdade, se acendeu uma discordância radical entre dois momentos fundamentais da própria verdade (a experiência e a razão)? O cenário social parecia afirmar que não. A evolução da aristocracia para a democracia grega evidenciava um tipo de política em que as leis e a ordem social já não são entendidas como divinas e intocáveis, pois são objetos de discussão públicas e privadas, dominadas por ponto de vista contrastantes, interesses contraditórios. Os sofistas chegam afirmando que o ser não se manifesta na verdade, mas na opinião discordante dos homens. Eles negam a existência da verdade, negam uma relação positiva do saber humano com a verdade. Heráclito já afirmara que todas as coisas vivem em oposição e discórdia. É inevitável pensar a coexistência de contrários em cada coisa. Sócrates critica os sofistas e vai estabelecer uma relação positiva com a verdade. Para ele, não é a opinião que importa e sim o conceito. A verdade das coisas não é dada pelo seu aspecto sensível, mas pelo que o pensamento diz das coisas. Se, por exemplo, definimos a justiça indicando uma ação justa, apresenta-se um duplo inconveniente. Se eu digo “justiça é a restituição de um empréstimo” é possível indicar outras ações justas que não poderiam ser um ato de justiça se esta fosse somente a “restituição de um empréstimo”. Por outro lado, é possível indicar casos em que a justiça reside precisamente em não restituir um empréstimo – por exemplo, se o devedor soubesse que a soma a restituir serviria para levar a efeito uma ação delituosa. Para Sócrates, a verdade reside no conceito; é preciso definir o que é a justiça em si mesma, definir que coisa é essa que se realizando em toda ação justa, faz com que ela seja justa! A verdade se manifesta no conceito, que é algo pensado, concebido, inteligível, universal. O conceito difere tanto do particular como da sensação. Sócrates chegou até aí.
Platão retoma essa problemática. Retoma os temas da filosofia pré-socrática: o problema da instabilidade e da mudança. Encontra-se diante do problema da conciliação entre a experiência e a razão. Vai valorizar o ideal, o imaterial, porque o material é instável. Utiliza a dialética como método. A dialética é o processo pelo qual a alma se eleva das aparências sensíveis às realidades inteligíveis. A filosofia pré-socrática, como vimos, busca o idêntico em todas as coisas (o elemento unificador do múltiplo), o conceito mais universal (a água, o ar ). Mas essa procura do conceito se desenvolve sem uma consciência explícita da diferença entre as características do sentir e do pensar, dois momentos fundamentais da verdade. Os sofistas também não vislumbram o caráter conceitual da consciência humana e vão privilegiar um aspecto do conhecimento que não pode se situar como verdade necessária, mas como opinião. Sócrates estabelece uma relação positiva com a verdade: conhecer é conhecer o conceito. O conceito é o que existe de idêntico em todas as coisas particulares e sensíveis ou grupo de coisas. Conhecer algo na sua particularidade não é conhecer verdadeiramente. Platão concorda com Sócrates, mas enxerga um problema que vai procurar resolver: QUAL É A RELAÇÃO DO CONCEITO COM AS COISAS PARTICULARES? COMO É QUE AS COISAS PARTICULARES PODEM MUDAR E O CONCEITO PERMANECER INVARIÁVEL?
Platão elabora então a sua famosa teoria das idéias. 
A Teoria das idéias
O conteúdo do conceito é a idéia. A idéia é que é imutável e eterna. Tomemos, por exemplo a idéia de grandeza. Coloquemos o conceito de grandeza em confronto com cidade: Cidade grande. A cidade nem sempre foi grande, pode voltar a ser pequena. Mas o conceito , a idéia de grandeza não muda, não começa num certo momento nem pode deixar de ser. É necessária e invariavelmente grandeza. Platão vai valorizar a inteligibilidade; o que há de idêntico em todas as coisas é que elas são inteligíveis. Podem ser consideradas no seu valor de inteligibilidade, no seu caráter conceitual. Enquanto os seres particulares mudam, a idéia não muda. Exemplo: Este homem – João – nasce, se transforma, cresce, morre; mas, o conceito de homem, o ser-homem é constante e eternamente idêntico a si mesmo. Em nenhum momento o conceito de grandeza, brancura, ser-homem podem deixar de ser eles próprios. Este homem, esta coisa branca, esta coisa justa podem deixar de existir, mas a idéia de brancura, de justiça, de homem é imutável e eterna. As idéias são pensadas, não são sentidas. Não podemos ver, ouvir, tocar no homem em si. Eu toco em João, Pedro, Simone; eu toco na superfície vermelha, mas o significado vermelho não é visto, é pensável, é inteligível. Platão estabelece então a dicotomia de dois mundos:
O mundo inteligível – que é mundo pensado, mundo das idéias, imutável, perfeito, que o homem atinge pela depuração dos enganos dos sentidos; é o conteúdo do conhecimento conceitual.
O mundo sensível – Cópia imperfeita do mundo das idéias; mundo dos sentidos, dos acontecimentos, que flui e se transforma. Mundo ilusório, sombra do verdadeiro mundo. 
Para Platão, o mundo inteligível não é simplesmente algo pensado, irreal, mas é a verdadeira realidade. O mundo sensível é cópia das idéias. Por exemplo: uma coisa é bela porque nela está presente a idéia do belo. Sócrates é homem porque nele está presente a idéia de homem. Tudo que nasce só pode nascer porqueparticipa do inteligível. MAS QUAL É O PODER QUE PERMITE REALIZAR ESSA PARTICIPAÇÃO? Para Platão só pode ser uma força que é suprema sabedoria. A sabedoria de quem conhece totalmente o mundo inteligível. Esse supremo poder é o DEMIURGO do universo, o deus platônico. A atividade demiúrgica transforma o caos originário em cosmos ordenado pela persuasão dominadora da inteligência divina. 
A maioria vive , segundo Platão, na não-verdade. Conhece coisas belas, coisas boas, coisas grandes, mas não conhece a bondade em si mesma, a beleza em si. Conhece imagens, vivem como em sonho, considerando as imagens a verdadeira realidade. Para alcançar a verdade é preciso um laborioso processo que deve levar para além do modo comum de viver e de pensar.Mesmo as melhores opiniões são cegas, porque não se conhece as razões do que se está conhecendo. Quem vive na opinião é como prisioneiro na caverna. 
 O pensamento não toma posse imediata da verdade; deve procurá-la. Platão diz que “ninguém filosofa entre deuses”. Com isto quer dizer que entre deuses a verdade se manifesta diretamente, não precisa ser procurada; mas também não se filosofa entre ignorantes, porque os ignorantes não têm consciência de que há uma verdade a ser procurada. 
Em A REPÚBLICA Platão elabora uma teoria da alma segundo a qual a alma consta de três partes: a parte concupiscente ou apetitiva, situada no baixo ventre, busca a satisfação dos apetites, é irracional e mortal. A parte irascível ou passional, que corresponde aos impulsos e afetos, se enraivece contra tudo que pode ameaçar a segurança do corpo e tudo que lhe possa causar dor ou sofrimento, é a parte cuja virtude é a coragem; é protetora do corpo, mas é também irracional e mortal. Por fim, Platão se refere a uma terceira parte da alma, a alma racional, parte espiritual e imortal, regida pela prudência e responsável pelo conhecimento das idéias. Essa mesma estrutura da alma Platão transfere para a sua teoria da cidade. A sociedade política consta de três classes: a dos governantes, que seriam os filósofos, e agiam segundo a sabedoria; a dos guerreiros ou guardiães, que seriam regidos pela coragem e a dos artesãos e agricultores que teriam a temperança (moderação) como virtude. Nesse sentido a justiça seria cada cIdadão fazer o que lhe compete segundo a natureza de sua alma individual: os filósofos devem governar, os guardiães devem defender a cidade, e os artesãos e agricultores devem produzir. A tarefa ética da parte racional é dominar as outras duas partes e harmonizá-las com a razão. 
	
FUNÇÃO DA ALMA
	
CONCUPISCÍVEL
	
IRASCÍVEL
	
RACIONAL
	
CLASSE SOCIAL
	
ARTESÃOS 
	
GUARDIÃES/GUERREIROS
	
GOVERNANTES/FILOSÓFOS
	
VIRTUDE
	
TEMPERANÇA 
( dá-se quando o indivíduo consegue submeter as partes inferiores da alma às superiores)
	
CORAGEM
(consiste em fazer prevalecer os ditames da razão mesmo quando os fatos sejam adversos) 
	
SABEDORIA
 (reside na adequada escolha dos bens que são úteis a todas as classes sociais)
A justiça - Na sua obra máxima, A REPÚBLICA, Platão expõe sua concepção sobre o Direito e o justo. Outras obras são importantes ainda no trato das mesmas questões: AS LEIS, GÓRGIAS, O POLÍTICO. Para Platão, diferentemente do que pensam os modernos, acostumados com o juspositivismo e habituados a ver o direito como técnica normativa, é possível considerar que o direito injusto não é direito, ou seja, uma lei injusta não é considerada direito. O conhecimento do direito não se resume a uma apreensão empírica dos fatos ou das normas jurídicas. Não é dos afazeres cotidianos dos que lidam com a lei que se pode extrair o justo ou o injusto, pois foi precisamente o descuido com outras questões além da mera lei que matou Sócrates. A busca do justo deve se afastar do debate sofista, pois é na mais íntima natureza da alma humana que o justo encontra seu fundamento. Em A República, Platão expõe pela boca de Sócrates as mais variadas opiniões sobre a justiça , como a de Polemarco e a do sofista Trasímaco, para quem a justiça é a vantagem do mais forte. Para Platão, o direito deve ser buscado pelo sábio, que vai alcançá-lo ao nível das idéias. A idéia do justo é o cumprimento, por parte de cada um e de todos, dos afazeres que ligam cada um ao todo da polis. A justa adequação à sociedade será a chave da essência do justo em A República. Nessa medida, a justiça nem é uma virtude pessoal nem um procedimento automático e vazio de vinculação às leis estatais. A polis justa é a medida dos homens justos, não é uma questão individual, ou seja a justiça em Platão é justiça social. 
Bibliografia recomendada:
RUSSEL,B. História do Pensamento Ocidental. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2001
_________. Introdução à História da Filosofia. Dos pré-socráticos a Wittgenstein. São Paulo:Companhia das Letras, 2002 
MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia – dos Pré-Socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000
_______________ . Textos Básicos de Filosofia. Dos Pré-socráticos a Wittgenstein. Jorge Zahar Editor
REALE,M. Filosofia do Direito. São Paulo: Saraiva, 2002
BITTAR,E. e ALMEIDA, G.A. Curso de Filosofia do Direito São Paulo: Atlas, 2007
LEITE, F. T. Manual de Filosofia Geral e Jurídica. Rio de Janeiro: Gen/Forense. 3ed.
GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Romance da História da Filosofia. São Paulo: Editora Companhia das Letras. 
BORNHEIM,G. (Org.) Os Filósofos Pré-Socráticos. São Paulo: Cultrix, 1993
JAEGGER, W. Paidéia. São Paulo: Herder.
KIRK, G S & RAVEN, J E . Os Filósofos Pré-Socráticos. 3ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1990

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