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Teoria do Valor de David Ricardo

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Instituto de Economia da UFRJ
Economia Política I
Teoria do Valor de David Ricardo
 	Ricardo parte de Adam Smith. Apenas o trabalho adiciona valor, o trabalho reproduz seu valor em um excedente. A terra pela natureza gera, além do trabalho e do lucro, um valor adicional, que é a renda da terra. Para Smith a partir distribuição e da tecnologia, determinava-se o salário, lucro e a renda da terra, que determinaria o preço natural, que somado à demanda determinaria o preço de mercado.
 	Diferente do pensamento de Say, Ricardo acredita que o valor de uso é essencial para haver o valor de troca. Mas valor de uso não é de fato a medida de troca. Em mercadorias que não podem ser reproduzidas pelo trabalho humano, apenas a escassez (demanda) irá definir seu valor. Mas muitas poucas mercadorias possuem essa característica.
 	Se algo é mais ou menos útil, usar não influencia no seu valor de troca. A escassez (demanda) e a quantidade de trabalho humano para reproduzir essa mercadoria serão os determinantes do seu valor de troca.
Trabalho
 	Smith no capítulo de valor achava que o trabalho determinava o valor se não houver capital, lucro ou renda da terra. Para Ricardo apenas o trabalho não é mais um bom guia.
Ricardo coloca a renda da terra em segundo plano na determinação do valor relativo das mercadorias. Ele considera apenas a terra marginal, assim se livra da Renda da Terra, ficando apenas com Salário e Lucro.
Se a taxa de juros é homogênea, já que é determinada a longo prazo pela competição entre os capitalistas, a proporção entre os preços será definida pela proporção entre horas trabalhadas para produzir as mercadorias. Em outras palavras, os preços relativos são definidos pela quantidade de trabalho utilizada para produzir as mercadorias.
 	Para Ricardo, quando a economia passa a utilizar uma terra de pior qualidade, ela vai utilizar mais trabalhadores para produzir trigo, por exemplo. Esse aumento vai fazer com que o preço aumente, pois foi-se utilizada mais horas de trabalho para produzir. Essa seria uma má mudança para a economia, como uma piora tecnológica. Assim, piorar a qualidade da terra utilizada na economia significa uma piora tecnológica.
 	Podemos perceber dois problemas na Teoria Ricardiana. Primeiro, o lucro não incide de forma homogênea sobre o trabalho. Segundo, o capital heterogêneo faz com que os valores não sejam iguais aos preços.
Teoria do Valor-Trabalho de David Ricardo
 	O preço relativo é determinado pela quantidade relativa de trabalho direta e indiretamente aplicada na produção daqueles bens. Não há proporcionalidade entre a intensidade do valor de uso com a do valor de troca;
 	A renda da terra não entra no componente do preço. O que entra é o emprego da quantidade adicionada de trabalho a mais para produzir uma unidade adicional do bem.
 	Em uma economia com produtos heterogêneos, existem dois meios de medir o excedente dessa economia. O primeiro seria fazendo uma conta agregada, a outra seria por meio de uma teoria, a teoria o valor trabalho, e é esse o meio escolhido por David Ricardo.
 	Partimos da ideia de que a manufatura aumenta sua produção sempre com a mesmo ou maior eficiência. Se cada vez a produção fosse menos eficiente, então os preços marginais seriam cada vez mais altos. O que gera a renda da terra é a característica ruim da terra, pois cada vez as terras são piores - quem tem a melhor terra ganha mais renda.
 	A redução da tecnologia gera um aumento do valor dos bens, pois a quantidade de trabalho direta e indiretamente utilizada para produzir um bem adicional será maior, visto a piora tecnológica, assim o preço aumenta. Como o preço aumenta, a riqueza nacional cai – o valor de troca aumenta enquanto o valor de uso cai. Uma melhoria da tecnologia tem efeito contrário.
 	Ricardo acreditava que a população sempre cresceria, enquanto que a tecnologia - progresso técnico - poderia crescer ou não. Progresso técnico significa obter a mesma produção com menor quantidade utilizada de capital e/ou terra e/ou trabalho.
Salários
 	Adam Smith não possui garantia de que a tecnologia leva ao pleno emprego. Bastaria não acumular capital suficiente para poder empregar todos. Mas Smith é otimista sobre o pleno emprego. Para o exame do ENADE, deve-se responder que para os clássicos há sempre o pleno emprego.
 	David Ricardo segue Smith, só que é menos otimista sobre o pleno emprego. Ricardo acredita também que o salário das pessoas em geral vai tender a ser o salário de subsistência, isso ocorre pela dinâmica populacional, que seria mais intensa em Ricardo do que em Smith. Assim, a velocidade de ajustamento seria mais rápida segundo Ricardo.
 	O aumento do preço do trigo (bem básico) leva a uma redução do poder de compra do trabalhador, como o salário tende a ser o de subsistência, o capitalista vai ter que aumentar o salário nominal desse trabalhador. O Salário Real, segundo David Ricardo, é o salário medido em tempo de trabalho necessário para produzir os bens de consumo básico do trabalhador, logo, o salário é dado em termos de horas trabalhadas.
 	Uma redução tecnológica aumenta a quantidade de horas trabalhadas para produzir trigo, logo aumenta o preço do trigo e consequentemente aumenta o salário real nos termos de Ricardo.
 	Ricardo era contra as Leis dos Pobres (poor laws) da Inglaterra, pois iria aumentar a quantidade de trabalhadores, como o capital acumulado estava baixo para a população inglesa, iria haver um aumento populacional de pessoas que não seriam empregadas, logo iria aumentar a quantidade de pessoas com fome. Em situações como essa, o salário pode cair até um pouco abaixo do salário de subsistência. Assim as poor laws apenas pioravam a situação. O remédio segundo Ricardo era a dinâmica do mercado, o governo deveria abandonar aquela população, deixando-os morrerem e o funcionamento do mecanismo de mercado iria levar ao equilíbrio entre oferta e demanda no mercado de trabalho.
Valor
 	O valor total da produção desdobra-se em salário, lucro e renda da terra, mas na determinação do preço importa apenas o lucro e o salário, pois a renda da terra é determinada pela terra marginal. 
Lucro
 	Suponhamos que o preço dos bens manufaturados é constante, dada uma mesma quantidade de trabalho. O aumento do preço do trigo faz com que o lucro diminua, pela redução do salário real, que deve ser compensado pelo aumento do salário nominal.
 	Suponha o aumento da quantidade de terra utilizada numa economia, isso vai aumentar a renda da terra, que dada uma mesma quantidade de trabalho necessário para produzir um bem manufaturado que não utiliza trigo como insumo, o salário real vai cair, pois o preço do trigo ficou mais caro, o que vai aumentar o custo do capitalista (diminuir seu lucro) já que o preço do bem manufaturado não vai variar. Lembre-se, o preço segundo Ricardo é determinado pela quantidade de trabalho para produzir aquele bem.
 	A concorrência entre os capitalistas garante a não variação do preço dos bens manufaturados.
Suponha dois produtos, o produto 1 e o 2, cujos preços são dados a seguir:
 	p₁ = 10w (1 + r₁) e p₂ = 20w (1 + r₂)
Sendo 10 a quantidade utilizada de trabalho, w o salário
						e (1 + r) a taxa de lucro;
Se a relação p₁/p₂ = 1, pela concorrência, a taxa de lucro do produtor do bem 2 vai ser menor do que a do produtor do bem 1. Veja:
 	10w (1 + r₁) = 20w (1 + r₂)		20w/10w = (1 + r₁) / (1 + r₂)
	 	(1 + r₁) = 2(1 + r₂)
Concluímos que se a quantidade utilizada de trabalho na produção do bem 2 for o dobro da do bem 1, e o preço relativo for igual a 1, então o lucro do produtor do bem 2 será metade do lucro do produtor do bem 1. O que sobra após retirarmos o insumo é um produto que será dividido entre salário e lucro.
 	Se piorar a qualidade de terra, aumenta a quantidade que é dada aos salários pois a mesma quantidade de trabalho realizado produz uma menor quantidade de trigo do que era produzido anteriormente, assim, com o aumento do salário real nostermos de Ricardo, o lucro caí. Essa é uma característica do trigo, pois quando a terra piora (a tecnologia piora) e o preço do trigo sobe.
 	A característica do trigo é que ele é um bem básico e possui uma demanda inelástica. O aumento do preço do trigo vai ocasionar um aumento no salário nominal, pois aquele estoque do trabalho que é devolvido pelo capitalista ao trabalhador para esse manter o trabalho será maior, e isso vai reduzir o lucro do capitalista. Se o salário estiver acima do salário de subsistência, o salário deve ser reduzido ao invés do lucro, mas é uma situação extrema.
 	Assim, nas manufaturas, na medida em que o salário aumenta o lucro diminui.
A amplitude da renda da economia é determinada pela qualidade técnica.
O lucro é o que sobra após serem retirados da renda ganha com a venda os insumos e o salário pago.
 	O salário de subsistência é determinado socialmente (varia de sociedade para sociedade, em determinado período histórico). Precisamos da variável tecnológica, produtiva e temporal para produzir uma mercadoria.
 	Para que serve a teoria do valor trabalho? Serve para Ricardo, pois permite relacionar tecnologia de produção com as variáveis distributivas. Por conta da Lei de Say, a distribuição está intrinsecamente relacionada com a acumulação de capital (tecnologia).
 	A título de curiosidade, se a variação do salário real for maior que a variação da inflação, isso decorre de um aumento da produtividade ou alguma variável distributiva está sendo reduzida (lucro segundo Ricardo) ou o cambio foi valorizado.
 	O excedente da economia vai determinar a velocidade de acumulação do capital.
 	Se o aumento do salário real for maior que o aumento da produtividade do trabalho, ocorre um aumento da parcela da riqueza produzida que retorna ao trabalhador e consequentemente resta menos excedente para o capitalista, em outras palavras, menor é a parcela da riqueza que é destinada ao lucro. Assim Ricardo coloca tanto lucro quanto salário em horas trabalhadas.
Há na Teoria Ricardiana uma discussão série na relação:
Variáveis Distributivas x Tecnologia
 	Ricardo utiliza do valor trabalho, de modo a calcular a taxa de lucro média do sistema e descobrir a taxa de investimento efetiva, e então analisar o tamanho do excedente em relação ao capital investido. Isso só é possível pois para Ricardo, assim como para os clássicos, o capitalista investe tudo que ganha.
Igualdade entre Demanda e Oferta Agregada - Segundo Smith, Malthus e Ricardo
 	O que determina a produção e a demanda para fins de produção? Se elas forem diferentes, se não existir a demanda suficiente para atingir a produção? O capitalista não vai aumentar sua produção, pois a demanda não está crescendo, assim não há incentivo para aumentar a produção, assim a produção nacional não cresce, assim a riqueza nacional não aumenta e consequentemente a acumulação de capital é menos intensa - a economia entra em estagnação.
 	Se existir a Lei de Say, podemos propor a igualdade entre o valor das mercadorias (o que foi pago em salário, lucro e renda da terra) no agregado com a renda recebida agregada.
 	No equilíbrio econômico o preço normal deve ser igual ao preço médio que deve ser igual à soma do valor médio gasto em salário com o valor médio gasto em lucro com o valor médio gasto em renda da terra. A produção determina a demanda.
Renda e Gasto
 	Com alguma segurança política e econômica, toda pessoa de bom senso procurará empregar todo o capital sob seu controle, seja para desfrutar individualmente de uma satisfação imediata ou para aplicá-lo de modo a auferir um lucro futuro. Se empregar o capital em função de um lucro futuro, este capital deverá proporcionar o referido lucro permanecendo com o dono ou procurando outras mãos. Em outras palavras, não existe entesouramento nessa economia. Aqui também está implícita a ideia de intermediação bancária.
 	A existência da Lei de Say torna irracional não investir todo o seu capital. A certeza de que toda sua produção será vendida é ao mesmo tempo justificado pela Lei de Say e justificativa da Lei de Say.
 	Mas não há nenhum papel importante para a taxa de juros nessa economia? A oferta de capital é inelástica em relação à taxa de juros. Se o juros é alto ou baixo, não há um aumento ou redução da poupança. O agente vai ter sua poupança determinada pela sua renda e pela sua necessidade de consumo imediato.
 	Assim, para os clássicos, assim como para Ricardo, está explícito que a poupança é igual ao investimento e determina este. Esse investimento vai gerar uma produção que será vendida.
 	Quem tiver capital sempre vai investir, direta ou indiretamente, assim aumenta a produção dessa economia, aumenta o acúmulo de capital, melhora a tecnologia.
 	Temos até agora que a oferta é igual à demanda, e a oferta é que determina a demanda. Temos também que a poupança é igual ao investimento, e a poupança determina o investimento. Não há necessidade de intervenção de um agente externo. Entretanto, há ainda uma posição dúbia no tratamento do lucro, pela definição de que esse é definido pela concorrência entre os capitais.
 	Se tudo produzido gera uma demanda de igual valor, não deve haver problema algum para vender tudo que foi produzido, talvez a venda não seja efetivada por decorrência das preferências dos consumidores, mas no agregado a demanda será igual à oferta. Nos clássicos o ajustamento é feito através do desequilíbrio entre oferta e demanda em cada mercado. O desequilíbrio leva ao ajuste.
 	Em relação ao lucro, Smith acredita que o aumento do capital acumulado vai aumentar a competição entre os capitalistas e isso vai reduzir a taxa de lucro, pois seria cada vez mais difícil manter os preços para permitir ganhar a taxa de lucro anterior. Essa ideia não vai de acordo com a ideia de que tudo que é produzido é gasto, pois se não a concorrência entre capitalistas não seria jamais tão intensa a ponto de reduzir o lucro, pois indiferente se a oferta fosse de 1.000,00 u.m. ou de 5.000,00 u.m., a demanda seria igual,. logo a concorrência não pode ser alta a ponto de reduzir o lucro do capitalista.
Demanda Efetiva
 	Sobre a Demanda Efetiva, é um assunto que não é tratado por Ricardo e sim, nos clássicos, apenas por Marx. Com a revolução Keynesiana, liderada por Keynes e Kalecki, a demanda efetiva tornou-se um paradigma econômico, no qual agora a demanda determina a oferta. É comum nos ciclos econômicos a demanda divergir da oferta, situação no qual um agente externo é necessário para corrigir.

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