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Nietzsche e Heidegger - JORGE FREIRE PÓVOAS

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Filosofia
Nietzsche
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Nietzsche
 Nietzsche nasceu na Alemanha, em 1844. Filho e neto de pastores protestantes chegou a pensar em seguir essa mesma trilha. Mudou-se em 1849, depois da morte do pai e do irmão para Naumburg, onde cresceu. Aluno-modelo era chamado pelos colegas de "o pequeno pastor". 
 Nietzsche morreu em 1900, em Weimar, depois de uma doença diagnosticada como "paralisia progressiva", provavelmente originada pela sífilis. 
 Nietzsche direcionou seu foco para o estudo da Moral, da Religião, das Ciências e das Artes. Sua Filosofia possui um caráter assistemático e fragmentário. Seu pensamento desenvolveu-se em um sentido mais poético e crítico do que teórico e doutrinário.
 Nietzsche iniciou sua obra através de uma reflexão sobre a cultura grega e sua influência no desenvolvimento do pensamento contemporâneo ocidental.
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Nietzsche
 Ele enfatiza o apelo aos mitos primitivos dos povos, ao heroísmo e a vontade humana, bem como às manifestações artísticas que expressam esses valores. 
 A origem da tragédia está no primeiro período do pensamento nietzscheniano. É uma contraposição entre o Espírito Apolíneo (da forma e da beleza) e o Espírito Dionisíaco (da inspiração e da embriaguez), que constituem a sabedoria trágica da cultura ocidental. 
 Para Nietzsche a moral Racionalista foi inventada pelos fracos para controlar e dominar os fortes. A moral dos fracos é produto do ressentimento, que odeia e teme a vida, envenenando-a com a culpa, o pecado e o ódio da vida. 
 Ao inverter os valores, o pensamento medieval atribuiu aos pobres e sofredores o “valor do bem”, aqueles que terão o reino de Deus. Assim temos a luta milenar dos valores. 
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Nietzsche
 Nietzsche vai definir o Filósofo Racionalista como a má­consciência de seu tempo, porque este personagem valoriza a razão acima de toda e qualquer sensação. 
 A tarefa essencial da Filosofia é a "educação superior da humanidade“, não sendo uma mera pedagogia voltada para o entendimento moral da das religiões. Sua finalidade é a questão da existência humana.
 Nietzsche indica três períodos da metamorfose do espírito, com as quais ele abre “Assim Falou Zaratustra”: 
 Como o espírito se transformou em camelo: tu deves 
 Como o camelo se transformou em leão: eu quero
 Como o leão se transformou em criança: eu sou
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Nietzsche
 O primeiro período é o "tu deves", que é o primado da moral e da religião. 
 Este primeiro período, do espírito, cede seu lugar ao domínio do "eu quero", que designa o eclipse do mundo do dever e a liberação da vontade. 
 Enfim, o “eu quero” supera-se no "eu sou“ que é uma nova relação do indivíduo com sua existência. 
 Na etapa intermediária, ou domínio do “eu quero”, está o período do niilismo e “quem vos fala", diz Nietzsche, "é o primeiro niilista”. 
 O niilismo é antes de tudo o território onde Nietzsche se situa para falar, como um cristal de várias facetas, que designam tanto acontecimentos de nossa civilização quanto de toda a existência humana. 
 Por ser assim, o niilismo de Nietzsche designa o momento histórico em que se desvalorizaram os valores supremos.
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Nietzsche
 A morte de Deus implicava a desvalorização dos valores morais. Logo, o fim do Deus cristão será o fim da moral por ele sancionada e de todos os substitutos do cristianismo.
 Nietzsche entende por niilismo a desvalorização dos valores supremos ou da idéia de "dever“ com a morte de Deus. 
 Para compreender isso deve-se levar em conta que, para Nietzsche, a morte de Deus é apenas um capítulo de uma história bem mais longa que é a morte do mundo-verdade, ou seja, o fim do platonismo. 
 O niilismo significará também que nada é verdadeiro, e por isso mesmo tudo é permitido. 
 Nietzsche é o representante desse niilismo em que se perdeu toda a ilusão sobre a chance de estabelecer verdades definitivas sobre as coisas. 
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Nietzsche
 Se não há mais um "mundo-verdade", então o “espírito livre” saberá que existem apenas diferentes "interpretações“ e sua tarefa será interpretar as interpretações. 
 Se o "cristianismo" não é mais a "verdade“ ele será "apenas uma perspectiva entre outras", e como tal que ele deve ser analisado. Essa análise da civilização apontará para o niilismo enquanto modo de sentir a existência humana. 
 Para analisar o valor de nossa moral, Nietzsche vai opor dois universos espirituais: o dos senhores e o dos escravos. Esta oposição designa ao mesmo tempo um contraste entre modos de existência. 
 Nossa moral é de escravos, e seus valores vão se tecendo em torno de um certo ideal de convivência. Nosso imaginário social desenha como ponto ótimo uma convivência isenta de conflitos, em que se pensa que viveremos nossa "felicidade". 
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Nietzsche
 Nada como o século XIX para procurar este estado idílico no qual os conflitos desapareceriam, as "contradições" estariam enfim "superadas" e o rebanho humano poderia viver a paz. 
 Esse ideal de convivência supõe, tacitamente, uma determinada Antropologia. Se esses indivíduos não entram em conflito, é porque não aspiram a mais nada, suas vontades estão paralisadas, e por isso mesmo vivem a felicidade definida como resignação. 
 Assim, nossa moral vai pregar, no "tu deves", as qualidades que adocicam a vida, como a piedade, o desinteresse, todo um ideário de "esgotados", que apenas exprime uma vontade anêmica. 
 E é essa mesma vontade anêmica que está na origem de nosso desejo de crenças e convicções, nossa perpétua necessidade de apoio em uma verdade, uma religião ou uma consciência política. 
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Nietzsche
 Para Nietzsche, nossa civilização enaltece a obediência e coloca o comando ao lado da má-consciencia, promovendo como figura do homem alguém preparado apenas para obedecer, um escravo, um ser domesticado, o "animal do rebanho". 
 Ao lado de nossa moral e de nosso ideal de convivência, que se pensam únicos, existiu, segundo Nietzsche, outra moral e outro modo de encarar a existência. 
 Era a vida grega, antes da "decadência" platônica onde para Nietzsche existia um ideal de convivência exatamente oposto ao nosso que é uma vida construída a partir do conflito, não de sua supressão.
 Foi um bom período grego, onde se viveu a expressão mesma da vontade de potência. Era um mundo de conflito permanente que encontrou sua expressão filosófica no “vir-a-ser” de Heráclito, como representação de um universo onde as tensões e os conflitos perduram pela eternidade. 
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Nietzsche
 E o mundo será agora aquele do escravo, onde o individuo sofre com o mundo, se ressentindo dele. E o ressentimento será a mola propulsora desse sofredor, que desejará vingar-se do senhor e negar seu mundo. 
 O Escravo, o Filósofo e o Sacerdote sempre foram personagens de um enredo que busca negar o mundo do vir-a-ser, graças à hipóstase de três mundos fictícios que são o mundo moral, o mundo divino e o mundo-verdade. Através deles, o escravo quer não abolir a dor, mas encontrar um sentido para o sofrimento.
 E o que Nietzsche nos ensina ao final da Genealogia da Moral que não foi a dor, mas a falta de sentido da dor que atormentou os fracos, e para encontrar esse sentido eles inventaram seus ideais. 
 Toda a civilização cristã será um anestésico ideológico para uma existência sofredora. É exatamente esse sentido da dor que desaparece
quando ocorre a desvalorização dos valores. E seu resultado será o niilismo como estado psicológico: a experiência de que a existência "não vale a pena".
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Nietzsche
 Em outras palavras, o niilismo como desvalorização dos valores faz surgir o niilismo como desvalorização da existência. 
 Ela é apenas dor, e dor sem sentido. O que ressurge é a nua experiência da vida que tinham os "fracos", despojada apenas da vestimenta ideológica que lhe dava um sentido. 
 E o niilista será agora uma consciência infeliz, pois sabe que o mundo, tal como deveria ser, não existe, e sente que o mundo que existe não deveria ser. 
 Exigir da força que não seja um querer-dominar, um querer-vencer, um querer-subjugar, uma sede de resistência e triunfos é tão absurdo quanto exigir da fraqueza que se expresse de forma lógica. 
 Ser bom para Nietzsche, vai muito mais longe do que ser aquele que não ultraja, que a ninguém fere, que não ataca, que não acerta contas.
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Nietzsche
 A mentira costuma purificar, possibilitando à grande maioria dos mortais, aos fracos e oprimidos, enganar a si mesmos com a sublime falácia de interpretar a fraqueza como liberdade e resignação como mérito. 
 A moral cristã, imprimiu algo a fogo, para que permaneça na memória, já que o mal é aquele que não tem virtude e o bom é aquele que aceita os mandamentos.
 A moral racionalista transformou tudo o que é natural e espontâneo nos seres humanos em vício, falta, culpa, impondo a eles, com os nomes de virtude e dever, tudo o que oprime a natureza humana. 
 A moral de escravos nega os valores vitais e resulta na passividade, na procura da paz e do repouso. Esta moral de rebanho é nocivo ao homem. 
 Só o Super-homem, aquele que está acima do bem é do mal, pode começar essa mudança dos valores. 
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Filosofia
Heidegger
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Heidegger
 Martin Heidegger (1889-1976) é um dos grandes representantes da Filosofia Existencial. Uma de suas obras fundamentais é Ser e Tempo, na qual busca o “sentido do ser”. Mas, onde este ser se manifesta? 
 O ser se manifesta, no único “ente” que pode “falar” sobre o ser. O homem é esse ente, pois é o único dotado de racionalidade para buscar pelo entendimento do sentido do ser. 
 Esse ente, que nós somos, Heidegger define como Dasein, Ser-aí, Ser-no-mundo, Pre-sença. Dessa forma, a primeira característica do homem “Dasein”, é sempre se encontrar em uma situação, lançado nela e de forma ativa nessa relação. 
 Diferente das coisas, que são objetos e que estão à disposição do homem, passíveis de serem usadas, o homem para Heidegger, é o ente que embora também seja lançado no mundo, é diferente das coisas, pois ao perceber ele se diferencia do que está simplesmente presente e ao seu dispor. 
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Heidegger
 O modo de ser do Dasein ou seja, sua existência, se caracteriza por se projetar, por se lançar para o futuro. 
 Logo, a essência, ou a natureza do Dasein consiste em ser existente, em ser aberto para todas às possibilidades. O ser humano é sempre a possibilidade de ser e se manifestar diferenciadamente. 
 Por sermos assim, cada existência é originalidade e unicidade, é decisão que caminha para suas próprias escolhas. Ou seja, para a autenticidade, ou para a ruína de si, para a inautenticidade. 
 Existir é projetar-se. Por isso, existência é essencialmente transcendência, superação. Essa é marca característica da visão filosófica de Heidegger. 
 O ser humano é projeto e as coisas do mundo são utensílios e instrumentos em função de sua projeção. O homem compreende uma coisa quando pode ter um entendimento dela e compreende-se a si própria quando entende o significado de sua existência, isto é, quando percebe suas possibilidades.
 
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Heidegger
 Para Heidegger a realidade humana se manifesta como uma abertura para o vir-a-ser, onde o Dasein foi lançado como também Ser-com-os-outros (Mit-sein). 
 Não existe sujeito sem mundo. Na noção de intencionalidade, o ser humano não constitui uma consciência separada do mundo: ser é “ser lançado" no mundo. 
 Surge dessa relação para Heidegger a forma inautêntica ou autêntica de ser. 
 Quando simplesmente adotamos posturas passivas diante dos outros e das coisas estamos diante de uma forma inautêntica de existência. 
 Porém, quando buscamos entender nossas possibilidades e a liberdade que temos diante das manifestações existenciais, temos um ser autêntico, que sabe dos desafios de ser o sujeito de suas próprias escolhas.
 Assim, para Heidegger o que caracteriza o homem é o que ele faz com a sua existência, isto é com o seu vir-a-ser, ou com o seu projeto. 
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Heidegger
 Mas, também o homem para Heidegger constrói uma existência inautêntica quando não questiona sua existência e atribui aos objetos importância desnecessária e de dependência existencial.
 Uma vida marcada pela superficialidade, é inautêntica para Heidegger, já que o ser se comporta como uma coisa diante da Cultura, da Economia, dos alimentos, é como um rebanho que pensa e faz o que todos pensam e fazem.
 Fugir das responsabilidades e viver uma existência inautêntica, é não descobrir o sentido da própria existência. 
 Surge do sentido que o ser humano dá a sua ação, a autenticidade ou a inautenticidade para sua existência. A autenticidade se projeta no tempo, sempre em direção ao futuro. 
 É o lançar-se contínuo para às possibilidades sempre renovadas. Entre nossas possibilidades está uma que é a mais privilegiada e inexorávelde todas, que é a morte. 
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Heidegger
 É a morte, onde o Dasein, que é um Ser-para-a-morte vislumbra um olhar crítico sobra a existência humana. 
 Ao parecer no cotidiano, a morte como condição máxima de "situação-limite", vai nos possibilitar uma experiência sobre ela, apesar de não haver experiência da própria morte, o ser autêntico a tematiza, percebendo o significado de sua própria finitude.
 A morte que é uma possibilidade sempre permanente afasta, todos às outras possibilidades, determinando um caráter de impossibilidade para todas elas. Logo, para Heidegger, a morte é a possibilidade da impossibilidade de todos os projetos. 
 Se a consciência autêntica nos revela o sentido da morte e a nulidade de todo nosso projeto, a perspectiva da morte nos leva ao entendimento positivo de sua finalidade, que é a consciência da própria finitude, onde o homem pode se libertar das amarras e com autenticidade pode melhor escolher seu caminho existencial, com liberdade e responsabilidade diante de todas às suas escolhas. 
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Heidegger
 Ninguém pode assumir o morrer do outro, é uma tarefa intransferível. Como experiência única, ela é só, é sempre a minha morte. É a possibilidade mais própria e inexorável que podemos sentir. Dessa forma, o viver para a morte constitui o autêntico sentido da existência. 
 Outro conceito importante em Heidegger é a Angústia. O fenômeno da Angústia se manifesta, como abertura privilegiada do Dasein. Como ente lançado no mundo o Dasein, tem na Angústia sua possibilidade de poder-ser. 
 Essa possibilidade ontológica do Dasein indaga pelo sentido do seu próprio ser, por ser a Angústia uma maneira originária e direta de abrir o mundo como mundo, de possibilitar ao Dasein ser-livre, para se escolher como ser-no-mundo. E a isso Heidegger chama de “descortinar o horizonte”. 
 Mas é por um outro fenômeno o da de-cadência que o Dasein é lançado
no cotidiano. Ele vai de-cair, vai ser lançado pela facticidade no modo de ser do cotidiano, como possibilidade, como poder ser próprio (autêntico) e impróprio (inautêntico). 
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Heidegger
 Para Heidegger, estão na de-cadência: O falatório, a curiosidade e a ambigüidade que expressam o de-cair do Dasein, sua convivência na facticidade, como seu próprio modo de ser no mundo. 
 Na de-cadência, o Dasein foge de si mesmo, ele não se coloca diante de si e, se é fuga de si mesmo, seu ser é impróprio, por estar totalmente envolvido pelo mundo, preocupado, ocupado, com as coisas do mundo. 
 Mas, o “desviar-se” que opera aqui, não é influenciado por algo intramundano, é retirar-se de si mesmo, porém, sem a característica de fuga. Logo, na de-cadência o Dasein desvia de si mesma, o que lhe ameaça, é seu próprio ser. 
 O ameaçador, que aqui angustia a Angústia é o nada. O nada existe como total insignificância, como aquilo que não está em lugar nenhum, porém, sempre ameaçador. 
 Esse nada, que não é ausência de mundo e sim mundo, nos responde que, assim sendo, é com o mundo que a Angústia se angustia ou com seu próprio ser. 
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Heidegger
 Se o Dasein, no angustiar-se, possibilita abertura originária e direta com o mundo, onde o mundo se abre como mundo, a Angústia é sim uma disposição privilegiada. 
 É privilegiada também, por possibilitar vermos o mundo do jeito que ele é, como um nada. Também por abrir o Dasein como ser-possível para poder-ser e, sendo livre, exercer sua liberdade de escolha e no escolher, ser responsável. Por ser o Dasein o único ente que em seu ser tem a possibilidade de compreensão, de questionar.
 Como disposição do Dasein, a Angústia nos leva diretamente ao que estamos sentindo ou como se está. Logo, na Angústia nos sentimos “estranhos”, e a sensação de estranheza é provocada quando estamos longe do que nos é familiar, quando não estamos em casa.
 Sendo assim, o Dasein vai experimentar essa “estranheza” que se revela como ameaça de sua cotidianidade. Ameaça cotidiana que faz ele compreender o que é não se sentir em casa. 
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Heidegger
 Essa singularizarão da Angústia, que refere-se Heidegger, ao fenômeno de retirar do Dasein sua de-cadência é como já vimos, o falatório, a curiosidade e a ambigüidade que expressam o de-cair do Dasein, sua convivência na facticidade, seu próprio modo de ser no mundo. 
 O ser é impróprio, por estar totalmente envolvido pelo mundo, preocupado, ocupado, com as coisas do mundo. Logo, a Angústia é uma abertura privilegiada por propiciar ao Dasein entrar em contato com o seu próprio ser. 
 Ao angustiar-se, e por conseqüência, perceber-se como modo de ser-no-mundo, a Angústia abre possibilidades do Dasein, escolher ser. Escolher ser próprio ou ser impróprio, propriedade ou impropriedade como modo de ser da de-cadência. 
 Mas, por estar imersa na cotidianidade da de-cadência, o Dasein tem na Angústia, sua única possibilidade de desvelar o seu próprio ser, e se perceber como ser-no-mundo, ser livre e responsável. 
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Heidegger
 Considerando que a existência é possibilidade e projeto, abertura e vir-a-ser, o tempo fundamental, dentre as determinações do tempo, é o futuro.
 Contudo, passado, presente e futuro encontram-se profundamente articulados. Uma vez que o cuidado presente, que antecipa as possibilidades futuras, surge do passado e o implica. Enquanto o passado é um retorno à situação de fato, o presente traz a marca da ocupação, do estar preso, e o futuro é um pretender-se.
 Dependendo do tratamento que o tempo recebe tem-se uma vida autêntica ou inautêntica. Exemplos de um tempo inautêntico são a excessiva preocupação com o sucesso ou o êxito, por exemplo. 
 O tempo autêntico, considerando-se a atitude diante do tempo, e o primado do futuro fundamental, não permite ao homem ficar preso passivamente à tradição, nem ser envolvido nas possibilidades do momento, meramente. 
 O tempo autêntico pede decisão, definição, auto-destinação.
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Heidegger
 Considerando que o objetivo fundamental do Ser e Tempo é a determinação do sentido do ser, Heidegger conclui que o homem não pode desvelar, de imediato, o sentido do ser. 
 O ser passa por um lento e progressivo processo de desvelamento. Esse desvelamento do ser acontece na linguagem. "A linguagem é a casa do ser. E nessa morada habita o homem". 
 O desafio e convite ao homem é o de tornar-se livre para a verdade fundamental que vai se desvelando progressiva e silenciosamente.
 Contrariamente a essa vida autêntica, a cultura ocidental traz uma excessiva ênfase ao mundo técnico-científico, que acarreta num esquecimento do ser. 
 Ou melhor, a técnica é o resultado daquele desenvolvimento pelo qual, esquecendo-se o ser, o homem se deixou arrastar pelas coisas, tornando a realidade puro objeto a dominar e explorar. 
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Heidegger
 A perda da dimensão do cuidado revela uma vida inautêntica. O que caracteriza o Dasein é o cuidado de construir-se no tempo, onde o futuro é um conjunto de possibilidades abertas. Mas temos que reconhecer igualmente nossa finitude e a realidade da morte. 
 O ser autêntico pressupõe esse reconhecimento da Angústia que Heidegger, considera característica da existência humana, demonstrando que além de nossa existência, simplesmente nada há. 
 O humanismo de Heidegger, nas suas próprias palavras, é aquele que "pensa a humanidade do homem desde a proximidade do ser". O que está em jogo, portanto, não é o homem, mas sua história e origem, do ponto de vista da verdade do ser. 
 Em suma, O homem, enquanto portador da língua, é um ser privilegiado para responder como o seu ser-aí deve ser compreendido na sua condição temporal. Já que o mundo, aqui, é concebido como o lugar no qual o ser aparece: uma clareira, no sentido heideggeriano.
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