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TCC João Manuel

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS 
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO CÓRREGO DO BAIRRO DOM JAIME 
CÂMARA, MOSSORÓ, RN. 
 
 
 
 
 
João Manuel Rêgo Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ-RN 
2011 
JOÃO MANUEL RÊGO SILVA 
 
 
 
 
 
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO CÓRREGO DO BAIRRO DOM JAIME 
CÂMARA, MOSSORÓ, RN. 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Universidade 
Federal Rural do Semi-Árido- UFERSA, 
Departamento de Ciências Ambientais e 
Tecnológicas para obtenção do título de 
Bacharel em Ciência e Tecnologia. 
 
Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio 
Diodato 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ-RN 
2011 
JOÃO MANUEL RÊGO SILVA 
 
 
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO CÓRREGO DO BAIRRO DOM JAIME 
CÂMARA, MOSSORÓ, RN. 
 
 
Parecer dos Professores. 
............................................................................................................................. ......................................
...................................................................................................................................................................
............................................................................................................................. ...................................... 
 
 
DATA DE DEFESA: 16 de dezembro de 2011 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
Prof. Dr. Marco Antonio Diodato – UFERSA 
Orientador 
 
 
 
Profª. Drª. Solange Aparecida Goularte Dombroski – UFERSA 
Primeiro Membro 
 
 
 
Profª. Ms. Cláudia Regina Tavares do Nascimento – UERN 
Segundo Membro 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A minha Família e amigos que sempre 
acreditaram na minha vontade de vencer e ao 
meu orientador que dedicou seu tempo e 
conhecimento para ajudar-me a conseguir 
concluir este trabalho. 
 
AGRADECIMENTO 
 
 
À Deus, pela esperança constante que tenho de vencer e pelos caminhos certos que ele irá me 
guiar. 
 
Ao meu pai, José de Anchieta Silva e a minha mãe, Angela Maria Rêgo Silva, que com muito 
esforço e determinação fizeram-me estar aqui hoje. O apoio em todos os momentos que eles 
oferecem, só traz cada vez mais confiança. 
 
Ao meu Orientador Prof. Marco Antonio Diodato por todo o suporte fornecido (conhecimento 
transmitido) e pela paciência aos erros cometidos. Influenciou muito para que o trabalho fosse 
concluído com êxito. 
 
Aos meus amigos da minha cidade natal, que mesmo estando longe sempre me ofereceram 
suporte emocional em todos os momentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
”Deixe-nos aprender a sonhar e talvez, então, 
aprenderemos a verdade.” 
 (Augusto Kekulé, 1865). 
 
RESUMO 
 
Em cidades sem planejamento e com crescimento desordenado as drenagens urbanas não são 
levadas em consideração. Assim, criam-se e desenvolvem-se bairros sem levar em 
consideração o caminho das águas. Esse problema é percebido somente quando as 
precipitações tornam-se mais intensas, provocando enchentes e inundações. Esse é o caso da 
cidade de Mossoró (RN), que, por estar situada no semi-árido nordestino, seus dirigentes não 
julgam ser necessário levar em consideração os índices pluviométricos na época das chuvas. 
Sendo assim, este trabalho caracteriza-se por mostrar os problemas causados pelo descaso e o 
decorrente mau uso do córrego, que está inserido na paisagem urbana do setor oeste da cidade 
de Mossoró. A metodologia adotada para a pesquisa foi a observação direta in loco da 
situação analisada, junto com registros fotográficos. A coleta de dados foi complementada 
pela formulação de entrevistas aos moradores ao longo de todo o curso do córrego. Do 
levantamento da situação ambiental do córrego Dom Jaime Câmara percebeu-se um leque de 
impactos ambientais que se repetem ao longo do seu curso: alteração da qualidade química da 
água e do fluxo hídrico, artificialização do corpo d'água, assoreamento, contaminação do solo, 
da água subterrânea e superficial, eutrofização, aumento da presença de fauna urbana (insetos 
e ratos), poluição do ar (mau cheiro), diminuição da qualidade de vida da população, poluição 
visual e risco à saúde pública. O maior percentual de sugestão de melhoria (43%) foi para a 
construção de galeria subterrânea, isto é, o desaparecimento do córrego no cenário urbano. O 
fato da governança local não efetivar um programa de recuperação do córrego, requalificando 
a sua função, assim como de revitalização das áreas circunvizinhas a ele, traz prejuízo à 
população em vários sentidos (ambiental, econômico e social). O córrego, se bem conduzido, 
pode ser um referencial positivo no cotidiano das pessoas. O que ocorre atualmente é uma 
percepção negativa da sua presença, desvalorizando e degradando a paisagem urbana e, 
consequentemente, a sociedade como um todo. 
 
Palavras-Chave: Córregos. Impactos Ambientais. Mossoró-RN. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
In cities without planning and urban disordered, urban drainage are not taken into account. So, 
you create and develop neighborhoods regardless of the path of the water. That problem is 
seen only when the rainfall becomes more intense, causing flooding and floods. That is the 
case of the city of Mossoró (RN), which, being situated in the semi-arid Northeast, their 
leaders do not feel it necessary to take into account the rainfall in the rainy season. Thus, this 
work is characterized by showing the problems caused by neglect and the resulting misuse of 
the stream, which is inserted in the urban sector west of Mossoró. The methodology adopted 
for the research was the direct observation in situ of the situation described, along with 
photographic records. Data collection was supplemented by the formulation of interviews 
with residents throughout the course of the stream. The survey of the environmental situation 
of the stream Dom Jaime Câmara it was noticed is a range of environmental impacts that 
recur throughout your course: changes in chemical water quality and water flow, artificiality 
of the water body, sedimentation, soil contamination of ground and surface water, 
eutrophication, increased presence of urban wildlife (insects and rats), air pollution (odor), 
decreased quality of life, visual pollution and public health risk. The highest percentage of 
suggestions for improvement (43%) was for the construction of underground gallery, that is, 
the disappearance of the stream in an urban setting. The fact that local governance is not an 
effective recovery program stream, retrains its function, as well as revitalization of the areas 
surrounding it, brings harm to the population in many ways (environmental, economic and 
social). The stream, if properly conducted, can be a positive reference in daily life. What 
happens today is a negative perception of his presence, devaluing and degrading the urban 
landscape and, consequently, society as a whole. 
 
Key-words: Streams, Environmental Impacts. Mossoró-RN. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 01 – Impactos ambientais registrados no córregoDom Jaime Câmara. ...................................24 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 01 – Ciclo hidrológico ............................................................................................... 17 
 
Figura 02 – Escoamento superficial na pré e pós-urbanização .......................................... ...18 
 
Figura 03 – Localização do córrego Dom Jaime Câmara na cidade de Mossoró ................... 21 
 
Figura 04 – Bacia de drenagem do córrego Dom Jaime Câmara na cidade de Mossoró......... 22 
 
Figura 05 – Canalização do córrego Dom Jaime Câmara. ..................................................... 25 
 
Figura 06 – Disposição inadequada de resíduos sólidos no córrego Dom Jaime Câmara. ...... 26 
 
Figura 07 – Lançamento de efluentes industriais no córrego Dom Jaime Câmara. ................ 27 
 
Figura 08 – Lançamento de efluentes domésticos no córrego Dom Jaime Câmara ................ 28 
 
Figura 09 – Córrego Dom Jaime Câmara. A) Lançamento de efluentes oriundos de lava-jatos. 
B) Lançamento de esgoto doméstico .................................................................................... 29 
 
Figura 10 – Presença de animais de grande porte no córrego Dom Jaime Câmara................. 30 
 
Figura 11 – Distribuição dos gêneros entre os entrevistados. ................................................ 31 
 
Figura 12 – Distribuição, por faixa, do tempo de residência dos entrevistados. ..................... 31 
 
Figura 13 – Distribuição dos problemas relatados pelos entrevistados .................................. 32 
 
Figura 14 – Vista parcial da degradação do córrego. A) Caixa de papelão com abundante 
presença de larvas de mosquito. B) Deposição inadequada de lixo ....................................... 33 
 
Figura 15 – Distribuição das sugestões de melhorias relatadas pelos entrevistados. .............. 34 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11 
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 13 
2.1 Geral ................................................................................................................. 13 
2.2 Específicos .................................................................................................... 13 
3. REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 14 
3.1 Bacia hidrográfica ........................................................................................ 14 
3.2 Córregos ....................................................................................................... 15 
3.3 O Efeito Da Urbanização ............................................................................. 15 
3.4 Impactos Ambientais Nos Corpos D’água Urbanos ........................................ 16 
4. METODOLOGIA............................................................................................... 20 
4.1 Área de estudo ........................................................................................... 20 
5 RESULTADOS .................................................................................................. 23 
5.1 Situação ambiental do córrego ....................................................................... 23 
5.2 Córrego e comunidade .................................................................................. 30 
6. CONCLUSÕES .................................................................................................. 35 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 36 
 ANEXOS .................................................................................................... 38 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
Os rios desempenharam um papel essencial na estruturação das paisagens urbanas e 
consolidaram uma conexão entre forma e uso exclusiva em cada cidade. Ao longo do tempo, 
os rios se tornaram espinhas dorsais das cidades por onde passam, estruturando o tecido 
urbano próximo a eles e tornando-se muitas vezes eixos de desenvolvimento do desenho da 
cidade. As populações servem-se dos rios, interferem no seu traçado e poluem as águas sem a 
consciência da importância da conservação dos rios urbanos e sua paisagem. Em virtude desse 
processo as cidades têm sofrido intensas modificações em sua paisagem. As áreas adjacentes 
aos rios são gradativamente ocupadas, transformando áreas de grande valor ecológico e 
paisagístico em densas áreas urbanas (PORATH, 2004). 
Em cidades sem planejamento e com crescimento desordenado as drenagens urbanas não 
são levadas em consideração. Assim, criam-se e desenvolvem-se bairros sem levar em 
consideração o caminho das águas. Esse problema é percebido somente quando as 
precipitações tornam-se mais intensas, provocando enchentes e inundações. Esse é o caso da 
cidade de Mossoró (RN), que, por estar situada no semi-árido nordestino, seus dirigentes não 
julgam ser necessário levar em consideração os índices pluviométricos na época das chuvas. 
Esse descuido traz aparelhados problemas urbanos inerentes aos seus cursos d’água, 
principalmente os de menor envergadura, isto é, os córregos. Estes são vistos como uma fonte 
de problemas, ou seja, estão desvalorizados na paisagem urbana, principalmente pelo modo 
que é tratado pela população, como fonte de depósitos de lixo, entre outros fatores que podem 
poluir até mesmo os lençóis freáticos. 
As modificações do solo impostas pelas construções e edificações vem aumentar a 
impermeabilização da sua superfície, logo, altera-se também o ciclo hidrológico natural, 
diminuindo a infiltração da água no solo e a recarga do lençol freático. 
Quando não se tem uma visão adequada de tais cursos d’água, por exemplo, a 
responsabilidade de tratar os problemas indesejados na fonte, acaba por gerar situações sérias, 
tais como: enchentes, inundações, doenças e a consequentemente alteração da qualidade das 
águas dos córregos devido a dejetos e outras formas de poluição causadas pelo homem. 
Dessas situações de risco podem surgir erosões, desaparecimento da vida aquática, além de 
problemas de saúde pública. 
O córrego do bairro Dom Jaime Câmara, localizado no bairro homônimo e no bairro 
Presidente Costa e Silva, faz parte da paisagem cotidiana da população adjacente, no entanto, 
o destino dado a ele refere-se à sua função como depósito de esgotos domiciliares e de lixo. 
12 
 
As funções que poderiam mantê-lo como ponto de embelezamento da paisagem são 
inutilizadas. Daí a necessidade de se entender o quadro ambiental do córrego, assim como as 
inter-relações que se estabelecem entre ele e a população. 
Este trabalho caracteriza-se por mostrar os problemas causados pelo descaso e o 
decorrente mau uso do córrego, que está inserido na paisagem urbana do setor oeste da cidade 
de Mossoró. Também sugere possíveis medidas para minimizar a situação de degradação 
ambiental, principalmente com ações simples, mas que podem ser de grande valia para 
obtenção de uma melhor qualidade de vida da população. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1. Geral 
Este trabalho tem por objetivo retratar a situação ambiental do córrego Dom Jaime 
Câmara, através da identificação, registro e análise dos seus impactos ambientais, assim como 
também o estudo da relação córrego-moradores adjacentes e da percepção que estes têm sobre 
esse curso d’água. 
 
2.2. Específicos 
- Mapear o percurso do córrego desde a sua(s) nascente(s) até a sua confluência com o rio 
Mossoró. 
- Identificare registrar os impactos ambientais no percurso do córrego. 
- Conhecer a percepção dos residentes na vizinhança do córrego em relação a este. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
3. REVISÃO DA LITERATURA 
 
3.1. Bacia hidrográfica 
 
O conceito de Bacia Hidrográfica pode ser compreendido por diversos autores (LIMA e 
ZAKIA, 2000; BORSATO e MARTONI, 2004; ATTANASIO, 2004). Embora tecnicamente 
o conceito implícito no termo seja preciso, podem existir variações no foco principal, 
conforme a percepção dos técnicos que o utilizam em seus estudos. 
Barrella (2001) define bacia hidrográfica como um conjunto de terras drenadas por um rio 
e seus afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde as 
águas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no 
solo para formação de nascentes e do lençol freático. As águas superficiais escoam para as 
partes mais baixas do terreno, formando riachos e rios, sendo que as cabeceiras são formadas 
por riachos que brotam em terrenos íngremes das serras e montanhas e à medida que as águas 
dos riachos descem, juntam-se a outros riachos, aumentando o volume e formando os 
primeiros rios, esses pequenos rios continuam seus trajetos recebendo água de outros 
tributários, formando rios maiores até desembocarem no oceano. 
A bacia hidrográfica em ambientes florestados, ou mesmo com atividades agrárias, 
apresenta funcionamento bem diferente das áreas urbanas (FRANCO, 2009). Logo adiante 
serão vistos diferenças entre os solos naturais e os urbanizados quando analisados o caminho 
do escoamento d’água quando ocorrem chuvas. 
De acordo com Botelho e Silva (2004), o ciclo hidrológico no ambiente rural é semelhante 
ao das áreas florestadas, não havendo grande redução na entrada de água no solo. Já em solos 
urbanizados, onde existe uma grande superfície impermeabilizada, ocorre a geração de fluxos 
superficiais e quase nenhuma infiltração de água no solo. 
A importância da infiltração é propiciar maior permanência da água na bacia hidrográfica, 
permitindo assim, que o ciclo hidrológico se complete. As alterações na paisagem, como por 
exemplo, a retirada da floresta, impede que a água da chuva sirva de suprimento para os 
vegetais, abasteça o lençol freático, recarregue os aquíferos e abasteça os cursos d’água 
durante a estação chuvosa e também durante a estiagem (BOTELHO e SILVA, 2004). 
Franco (2009) conclui que a água do escoamento superficial tende a aumentar 
significativamente o volume de água nos rios durante a época de chuvas, podendo causar 
inundações de grandes proporções. Além disso, essa água também seria responsável por 
15 
 
perdas do solo por erosão, pois a água que escoa sobre superfícies pavimentadas ganha maior 
velocidade e, portanto, maior potencial erosivo. 
 
3.2. Córregos 
 
Segundo o dicionário (DICIONÁRIO DO AURÉLIO, 2011) córrego é um sulco aberto 
pelas águas correntes; regueiro; no Brasil significa também riacho, ribeiro, regato. Já, para o 
dicionário e tradutor Babylon (BABYLON, 2011) córrego é uma denominação dada a um 
corpo de água corrente de pequeno porte. Rotineiramente, é utilizado para se referir a algo de 
menor tamanho que um riacho. 
Portanto, percebe-se que a definição corrente do termo córrego refere-se à drenagem 
natural de uma paisagem por onde circula água corrente, isto é, em movimento. Não 
condiciona a existência de uma nascente, o que sugere que os canais naturais que drenam as 
águas das chuvas também poderiam ser considerados córregos. Também não mencionam à 
intermitência do canal de drenagem. Esse fato é importante, pois é necessário definir se o 
objeto de estudo deste trabalho é realmente um córrego. 
Devido à ocorrência de fluxo de água, mesmo que só no período das chuvas, pode-se 
nomear o objeto de estudo de córrego. Mesmo assim, o referido córrego também apresenta 
fluxo de líquidos no período em que não chove, justificado pela descarga clandestina contínua 
de águas servidas das residências vizinhas. 
 
3.3. O efeito da urbanização 
 
Com a migração do homem para a cidade deu-se inicio, no que podemos chamar de uma 
alteração, em partes, catastróficas, do meio ambiente como um todo. Segundo Porath (2004, 
p.3): 
 
No Brasil, a urbanização tem tratado com desprezo os cursos d'água, origem e razão 
de ser de muitas cidades, transformando-os em paisagem residual. Os pequenos rios 
e córregos estão cada vez mais desaparecendo dos mapas. Encontramos rios com 
seus leitos alterados, canalizados, aterrados ou em avenidas-canal. Obras como 
túneis, viadutos e pontes são projetados para facilitar o fluxo do sistema viário, 
acabam por colocar em segundo plano as facilidades possibilitadas pelos rios 
16 
 
urbanos, tais como a sua utilização como meio de circulação em área urbana. A mata 
ciliar é degradada, há um adensamento cada vez mais intenso nas áreas próximas aos 
rios com impermeabilização do solo, pontes, avenidas e túneis são construídos e os 
rios são tratados então como fundos de lotes e local de despejos. Enfim, os rios e 
suas margens são desvalorizados e com esse processo, acabam por sucumbir ao 
ataque urbano, transformando-se numa paisagem invisível por aterros e canais. As 
cidades cada vez mais estão tendo uma paisagem de rios esquecidos, tornando-se 
cada vez mais sujos, poluídos e desvalorizados, onde quanto menos ele é visto, 
melhor é para a imagem da cidade (PORATH, 2004, p.3). 
 
O problema com enchentes não são novidades no Brasil, já que se trata de um problema, 
em parte, permanente. Tais ocorrências são devido à falta de um bom planejamento de 
drenagem e à mão de obra, quase sempre mais baratas, que ocasiona erros de engenharia. 
Erros que refletem a idéia dos engenheiros que a boa drenagem é aquela em que a água escoa 
o mais rápido possível sobre a área em questão. Comumente esses erros acarretam custos (em 
grandes casos, irreversíveis) na sociedade. Entretanto, a melhor drenagem é aquela que drena 
o escoamento sem produzir impactos no local (TUCCI, 1995). 
As enchentes podem ser combatidas de duas formas: a que acarrete menores ocorrências 
(medidas estruturais) e outra em que minimize as perdas de qualquer natureza (medidas não 
estruturais). A ultima, citada na maioria das vezes, possui menores custos (ANDRADE, 
2004). Em ambos os casos o processo de melhoramento do solo se inicia através de algum 
regulamento que tenha por finalidade a preocupação com as enchentes. (TUCCI, 1995). 
 
3.4. Impactos ambientais nos corpos d’água urbanos 
 
De acordo com Porath (2004), há cidades que possuem grandes rios que secionam o tecido 
urbano, mas há também um número significativo de pequenos rios e córregos. Muitos desses 
rios são lembrados nos períodos de fortes chuvas, pois se tornam notícias de jornais devido às 
inundações. E porque isto? As cidades que apresentam uma baixa declividade do sítio, um 
alto índice pluviométrico, associados à degradação ambiental, com áreas densamente 
construídas e impermeabilizadas, tornam-se um escudo à prova d’água e incapaz de penetrar 
no solo, as águas escoam pela superfície cada vez mais rápido e em quantidades cada vez 
maiores (SPIRN,1995). 
17 
 
A água faz parte do ciclo hidrológico, que é um processo de precipitação, infiltração, 
escoamento superficial (runoff), escoamento subterrâneo, evaporação e evapo-transpiração 
(Figura 01). Segundo Mota (1999), o processo de urbanização provoca alterações sensíveis no 
ciclo hidrológico, principalmente sob os seguintes aspectos: 
 aumento da precipitação; 
 diminuição da evapo-transpiração, como conseqüência da redução da vegetação; 
 aumento da quantidade de líquidoescoado (aumento do runoff); 
 diminuição da infiltração da água, devido à impermeabilização e compactação do 
solo; 
 consumo de água superficial e subterrânea, para abastecimento público, usos 
industriais e outros; 
 mudanças no nível do lençol freático, podendo ocorrer redução ou esgotamento do 
mesmo; 
 maior erosão do solo e consequente aumento do processo de assoreamento das 
coleções superficiais de água; 
 aumento da ocorrência de enchentes; 
 poluição de águas superficiais e subterrâneas. 
 
 
Figura 01 – Ciclo hidrológico. 
 
 
Fonte: Porath (2004, p.26). 
18 
 
 
Na figura 02 pode-se avaliar o aumento do volume de água escoada e um ponto critico de 
maior vazão e de ocorrência mais acentuada. Isso se deve principalmente a urbanização que 
cresce de maneira desorganizada e a impermeabilização do solo provocando alterações na 
drenagem das águas pluviais (PORATH, 2004). 
 
 
Figura 02 – Escoamento superficial na pré e pós-urbanização. 
 
 
 
Fonte: Mota (1999, p. 45) – Elaboração: Soraia L. Porath. 
 
Sabe-se que a maioria, ou pelo menos em grande parte, dos centros urbanos são munidos 
pela presença incessante de resíduos biológicos, orgânicos, entre outros nas correntes de água 
que fluem por ela, devido principalmente a falta de saneamento. Esses resíduos são originados 
principalmente de residências, onde são despejados grande parte dos dejetos nesse fluxo de 
água, geralmente nos córregos, causando consequências catastróficas ao ambiente em que o 
compõe. 
Esses problemas acabam por afetar de modo geral a qualidade das águas e a 
biodiversidade, em especial os rios, lençóis freáticos, fauna, flora, entre outros seres vivos que 
dependem desse meio para sustentarem suas vidas. 
Todas as alterações no ciclo hidrológico podem resultar em condições bastante 
prejudiciais para os habitantes de uma área urbana. Portanto, o ciclo deve ser considerado na 
ocupação do solo, visando minimizar os seus efeitos negativos. 
19 
 
Segundo Porath (2004, p.28-29): 
 
A utilização que o homem faz da água resulta em resíduos líquidos e sólidos que 
voltam novamente para aos recursos hídricos, causando a sua poluição. Por outro 
lado a água que precipita carrega impurezas do ar e do solo para as áreas superficiais 
ou subterrâneas de água, alterando a sua qualidade, poluindo-a. Assim, vários são os 
mecanismos de poluição da água superficial e subterrânea em um meio urbano, 
podendo-se destacar como principais fontes de poluição como o lançamento de 
esgotos domésticos (sanitários), de esgotos industriais e de águas pluviais, através de 
galerias, ou ainda a água do escoamento superficial (runoff), água de infiltração, 
lançamento direto de resíduos sólidos e outras impurezas (como por exemplo a 
ocupação desordenada das margens e o uso excessivo de agrotóxicos) e a intrusão de 
água salgada (PORATH, 2004, p.28-29). 
 
De acordo com Silva (1993, p. 25) no ponto em que se compõe a área urbana de Mossoró, o rio 
transformou-se em esgoto a céu aberto e fonte de transmissão de doenças, 
 
Outrora era o rio o maestro do crescimento da cidade de Mossoró, fornecendo-lhe 
água, barro para construção de casas, peixes para alimentação da cidade e estradas 
fluviais para transporte de mercadorias. Hoje a cidade é maestra da sua agonia: 
matas ciliares devastadas, redução da capacidade biológica, assoreamento em alto 
nível e porto Santo Antônio destruído (SILVA, 1993, p. 25). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
4. METODOLOGIA 
A metodologia adotada para a pesquisa foi a observação direta in loco da situação 
analisada. A observação também é considerada uma coleta de dados para conseguir 
informações sob determinados aspectos da realidade. Ela ajuda o pesquisador a “identificar e 
obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas 
que orientam seu comportamento” (LAKATOS, 1996). A observação também obriga o 
pesquisador a ter um contato mais direto com a realidade. 
Durante as visitas à área de estudo foram realizados registros fotográficos do córrego e 
das diversas situações encontradas. O percurso compreendeu desde à área de captação das 
águas pluviais até o encontro com o rio Mossoró. 
A coleta de dados foi complementada pela formulação de entrevistas, com diversas 
pessoas na área que engloba o córrego, isto é, foram entrevistados moradores ao longo de toda 
a faixa que delimita o córrego. 
O objetivo desse método é o de se obter dados de caráter subjetivo, pois nas entrevistas é 
que se relacionam os valores, as atitudes e as opiniões dos sujeitos entrevistados. 
As entrevistas foram do tipo semiestruturadas, que combinam perguntas abertas e 
fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. 
As informações oriundas das entrevistas foram tabuladas com o auxílio do programa 
Excel®, que também gerou os gráficos utilizados neste trabalho. 
 
4.1. Área de estudo 
 
O córrego Dom Jaime Câmara está localizado na zona urbana do município de Mossoró. 
Inicia no bairro Dom Jaime Câmara, passando pelo bairro Alto de São Manoel e encontra o 
rio Mossoró no bairro Presidente Costa e Silva (Figura 03). 
A densidade demográfica dos bairros de abrangência do córrego é: Dom Jaime Câmara, 
10.312 habitantes; Alto de São Manoel, 21.038 habitantes; Presidente Costa e Silva, 4.487 
habitantes (SOUZA, 2010). Os três bairros contam com serviço de recolhimento de lixo, três 
vezes por semana. Também são atendidos pela Associação Comunitária Reciclando para a 
Vida (ACREVI), que recolhe semanalmente a parte reciclável dos resíduos domésticos. 
A população desses bairros é atendida pela rede de abastecimento de água potável por 
parte da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), de energia 
elétrica pela Companhia Energética do Rio Grande do Norte (COSERN). 
21 
 
No que se refere a esgoto, o uso de fossas sépticas ainda é uma constante nos bairros em 
questão. Atualmente (novembro de 2011), a cidade de Mossoró está em processo de 
implantação e ampliação do sistema de esgotos, o qual contempla os três bairros por onde 
passa o percurso do córrego. 
 
Figura 03 – Localização do córrego Dom Jaime Câmara na cidade de Mossoró. Novembro de 
2011. 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Plano Diretor de Desenvolvimento de Mossoró (PMM, 2005). 
 
22 
 
 A bacia de drenagem do córrego contempla também parte do bairro Planalto Treze de Maio, 
conforme pode ser visualizado na figura 04. 
 
 
Figura 04 – Bacia de drenagem do córrego Dom Jaime Câmara na cidade de Mossoró. 
Novembro de 2011. 
 
 
Fonte: Adaptado de Plano Diretor de Desenvolvimento de Mossoró (PMM, 2005). 
 
 
23 
 
5. RESULTADOS 
 
5.1. Situação ambiental do córrego 
 
Do levantamento realizado em campo sobre os aspectos de degradação ambiental do 
córrego, foram levantados os seus impactos ambientais, conforme apresentado na tabela 01. 
Os impactos encontrados na área de estudo se repetem ao longo do curso do córrego e 
podem ser resumidos nos seguintes: 
 
RECURSO HÍDRICO 
 Alteração da qualidade química da água 
 Alteração no fluxo hídrico 
 Artificialização do corpo d'água 
 Assoreamento do córrego 
 Contaminação da água subterrânea 
 Contaminação da água superficial 
 Eutrofização 
 
RECURSO EDÁFICO 
 Contaminação do solo 
 Diminuição da permeabilização 
 Erosão do solo 
 
RECURSO BIOLÓGICO 
 Aumento da presença de fauna urbana (insetos e ratos) 
 Redução e/ou perda da biodiversidade 
 
AR 
 Poluição do ar (mau cheiro) 
 
SOCIAL Diminuição da qualidade de vida da vizinhança 
 Poluição visual 
 Risco à saúde pública 
24 
 
Tabela 01 – Impactos ambientais registrados no córrego Dom Jaime Câmara. Mossoró, 2011. 
 
AGENTE ATIVIDADE IMPACTO AMBIENTAL 
Pessoas da 
vizinhança 
Desmatamento próximo 
à foz 
Erosão do solo 
Assoreamento do córrego 
Perda da biodiversidade 
Alteração no fluxo hídrico 
Prefeitura 
municipal 
Canalização do córrego 
Alteração no fluxo hídrico 
Diminuição da permeabilização 
Artificialização do corpo d'água 
Diminuição da biodiversidade 
Pessoas da 
vizinhança 
Disposição inadequada 
de resíduos solidos 
Redução e/ou perda da biodiversidade 
Poluição do ar (mau cheiro) 
Contaminação do solo 
Contaminação da água superficial 
Contaminação da água subterrânea 
Poluição visual 
Aumento da presença de fauna urbana (insetos e ratos) 
Risco à saúde pública 
Diminuição da qualidade de vida da vizinhança 
Pessoas da 
vizinhança, lava-
jatos, empresas 
Lançamento de 
efluentes domésticos e 
industriais 
Eutrofização 
Redução e/ou perda da biodiversidade 
Poluição do ar (mau cheiro) 
Poluição da água superficial 
Poluição da água subterrânea 
Alteração da qualidade química da água 
Risco à saúde pública 
Poluição visual 
Diminuição da qualidade de vida da vizinhança 
Pessoas da 
vizinhança 
Presença de animais de 
grande porte (cavalos e 
gado) 
Eutrofização pelo aumento de matéria orgânica na água 
Redução e/ou perda da biodiversidade 
Risco à saúde pública 
Diminuição da qualidade de vida da vizinhança 
 
A seguir serão mostradas algumas figuras e apresentados comentários sobre a situação 
ambiental observada no córrego Dom Jaime Câmara, na cidade de Mossoró-RN. 
Existem trechos do córrego que são canalizados (Figura 05), o que diminui a sua 
permeabilidade, ocasionando em um não absorvimento adequado da água pelo solo. Pode 
ocorrer também o desvio natural do fluxo hídrico do córrego. 
 
 
 
25 
 
Figura 05 - Canalização do córrego Dom Jaime Câmara. Mossoró, 2011. 
 
 
 
Fonte: autoria própria. 
 
 
Em diversos pontos ao longo do córrego observou-se a disposição inadequada de resíduos 
sólidos despejados pela população local (Figura 06). Isso vem a acarretar em inúmeros 
problemas, como a contaminação das águas superficiais e lençóis freáticos, poluição do ar, 
perda da biodiversidade nativa, porém também acarreta o aumento de animais da fauna 
urbana (ratos, baratas, entre outros). Esses fatores acabam por comprometer a saúde da 
população e, consequentemente, a qualidade de vida da vizinhança. 
Em alguns pontos observou-se a presença a forte presença de efluentes domésticos e 
industriais, como tensoativos, tintas, óleos (Figura 07). Os óleos e tintas são principalmente 
de origens de lava-jatos e oficinas mecânicas. Isso acarreta em uma diminuição considerável 
do pH da água, deixando-a alcalina, e imprópria para o consumo humano. Observa-se também 
na figura 08 a disposição, principalmente, de dejetos biológicos e/ou orgânicos pelas 
encanações residenciais, que acabam por comprometer a qualidade da água. 
 
26 
 
Figura 06 – Disposição inadequada de resíduos sólidos no córrego Dom Jaime Câmara. 
Mossoró, 2011. 
 
 
 
Fonte: autoria própria. 
 
Esses fatos destacados nas duas figuras ocorrem devido a uma falta de saneamento 
adequado na cidade. Como consequência, testemunha-se a problemática urbana, como a 
presença incessante de insetos, poluição das águas superficiais e subterrâneas, alteração da 
qualidade química da água, mau cheiro e, consequentemente, o surgimento de doenças a 
população. 
A figura 09A mostra a alta concentração de espuma nas águas do córrego. Segundo 
moradores vizinhos existe também intenso cheiro de óleo. A presença de espuma e óleo deve-
se, segundo os mesmos moradores, as atividades dos lava-jatos que, posteriormente, foi 
confirmada a existência de vários empreendimentos desse tipo no bairro Dom Jaime Câmara. 
Os impactos que pode trazer o derramamento desse tipo de efluente para o ambiente 
físico, biológico e social são diversos, e referem-se principalmente à contaminação das águas, 
27 
 
superficiais e subterrâneas, à perda da biodiversidade nativa e à saúde pública da população 
vizinha ao córrego. 
Curiosamente, alguns vizinhos afirmaram não haver problemas com mosquitos, pois os 
óleos na água não permitem a sobrevivência das larvas. Alegaram que não há manifestação de 
dengue na população ribeirinha. 
 
Figura 07 – Lançamento de efluentes industriais no córrego Dom Jaime Câmara. Mossoró, 
2011. 
 
 
 
Fonte: autoria própria. 
 
Se por um lado a presença de efluentes na água é nociva ao ambiente físico e biológico, 
por outro traz aparelhada uma diminuição do risco a doenças que tem com vetores a fauna 
urbana. Na figura 09B pode ser visualizado o derramamento de esgoto diretamente no 
córrego. Em pesquisa de campo não conseguiu verificar a sua origem por se tratar de 
manilhas subterrâneas. Conforme os vizinhos, quando perguntados, trata-se de vazamento de 
uma estação de tratamento de esgoto da CAERN. Esse fato não foi apurado nem visualmente, 
nem junto à referida companhia. 
 
 
 
28 
 
Figura 08 – Lançamento de efluentes domésticos no córrego Dom Jaime Câmara. Mossoró, 
2011. 
 
 
 
Fonte: autoria própria. 
 
 
Nas áreas com menor densidade urbana, isto é, nas áreas vazias vizinhas ao córrego, 
observou-se a presença de animais de grande porte, principalmente de equinos, sem nenhum 
tipo de identificação, utilizando da água do córrego para dessedentação (Figura 10). A 
presença desses animais nessa corrente de água pode acarretar algum tipo de contaminação na 
água devido aos animais realizar suas necessidades fisiológicas, causando assim um grande 
risco à saúde pública. 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
Figura 09 – Córrego Dom Jaime Câmara. A) Lançamento de efluentes oriundos de lava-jatos. 
B) Lançamento de esgoto doméstico. Mossoró, 2011. 
 
 
 
 
A B 
 
Fonte: autoria própria. 
 
 
 
Deve-se destacar também que um grande acúmulo de matéria orgânica advindos desses 
animais, dentro das águas, acaba por acelerar a eutrofização. Esse processo traz fatores 
prejudiciais à vida aquática, devido a grande presença de nitratos e minerais que acarreta na 
multiplicação de microorganismos na superfície da água, formando uma camada densa que impede a 
penetração da luminosidade e, consequentemente, diminuição da taxa de fotossíntese nas camadas 
onde vivem os peixes. Assim, o nível de oxigênio tende a se reduzir a níveis que podem causar a 
mortalidade da fauna aquática. 
 
 
 
 
 
30 
 
Figura 10 – Presença de animais de grande porte no córrego Dom Jaime Câmara. Mossoró, 
2011. 
 
 
 
Fonte: autoria própria. 
 
 
 
5.2. CÓRREGO E COMUNIDADE 
 
Os resultados a seguir são oriundos das entrevistas realizadas a alguns moradores ao longo 
do córrego Dom Jaime Câmara, principalmente das suas adjacências. 
O gênero dos entrevistados correspondeu, na sua maioria, ao sexo feminino (64%) (figura 
11). Isso se deve provavelmente aos horários em que as entrevistas foram realizadas, isto é, no 
período diurno. É de pressupor que os homens estejam no seu trabalho, enquanto que as 
mulheres entrevistadas ficam a cargo dos cuidados da casa. 
 
 
 
 
31 
 
Figura 11 – Distribuição dos gêneros entre os entrevistados. Mossoró, 2011. 
 
 
Fonte: autoria própria. 
 
Em relação ao tempo de residência dos entrevistados percebeu-se que a maioriaé antiga 
residente nas áreas visitadas. Dos entrevistados 72,7% residem a mais de 11 anos (Figura 12), 
sendo o mais antigo residente há 30 anos. Esse fato dá a noção de que essas pessoas 
acompanharam a história do próprio córrego. 
 
 
Figura 12 – Distribuição, por faixa, do tempo de residência dos entrevistados. Mossoró, 2011. 
 
 
Fonte: autoria própria. 
 
36% 
64% 
Masculino Feminino
Até 10 anos
De 11 a 20 anos
Mais de 21 anos
27,3% 
36,4% 
36,4% 
32 
 
De acordo com os resultados das entrevistas com a população que vive próximo ao 
córrego, há relatos sobre o descaso dos órgãos responsáveis em relação a uma intervenção 
adequada na região em que o envolve. Por essa razão, segundo os entrevistados, os problemas 
despontam de maneira crônica. A presença constante e abundante de insetos foi o item mais 
citado pelos entrevistados (41%), seguindo de mau cheiro (18%) advindo principalmente de 
matérias orgânicas despejadas no córrego. A presença de ratos foi registrada por 11% das 
pessoas. Disposição de lixo e poeira no ar nas épocas em que o córrego está mais seco foram 
indicados por 7% dos entrevistados. Já, 4% deles reclamaram de calçamento deficiente, cheiro 
de óleo, doenças e a existência de pontos de consumo de drogas, principalmente nos terrenos 
baldios. Os dados percentuais, de acordo com o número de entrevistas realizadas, estão 
representados na figura 13. 
Foi possível constatar a presença de muitos insetos, em especial, de mosquitos (Figura 
14A), que podem promover o aparecimento de doenças à população. Observou-se também a 
presença em quase todos os pontos do córrego de lixo (Figura 14B), assim como também 
intenso mau cheiro que exalam deles e da água poluída. 
 
Figura 13 – Distribuição dos problemas relatados pelos entrevistados. Mossoró, 2011. 
 
 
Fonte: autoria própria. 
41% 
18% 
11% 
7% 
7% 
4% 
4% 
4% 
4% 
Insetos em excesso
Mau cheiro
Ratos
Lixo
Poeira
Calçamento deficiente
Cheiro de óleo (presente na água)
Doenças
Ponto de consumo de drogas
33 
 
Figura 14 – Vista parcial da degradação do córrego. A) Caixa de papelão com abundante 
presença de larvas de mosquito. B) Deposição inadequada de lixo. Mossoró, 2011. 
 
 
A B 
 
Fonte: autoria própria. 
 
 
A população preocupada com o bem-estar geralmente requer melhorias nas áreas que 
englobam o córrego. Com o intuito de conhecer quais as expectativas e sugestões para 
minimizar ou mesmo eliminar os problemas relatados, é que foi perguntado aos entrevistados 
a esse respeito. Quase a metade das pessoas (43%) sugere a criação de galerias cobertas, a fim 
de se evitar o despejo do lixo na corrente de água e “cobrir os problemas trazidos pela água”. 
Quase um quarto dos entrevistados (22%) também sugere que seja feito um saneamento geral 
para evitar que os dejetos domésticos sejam lançados diretamente ao córrego e alagamentos 
nas ruas, entre diversos outros problemas causados pela ausência de saneamento. 
Dos entrevistados, 7% solicitam que cerquem as áreas de acesso ao córrego, a fim de 
evitar a entrada de animais e pessoas nessas áreas, garantindo assim maior segurança. Mesmo 
percentual pede a retirada imediata do lixo presente no córrego, assim como melhorar a 
situação da rua, não explicitando a que aspecto da rua se refere essa melhoria. Provavelmente 
estariam se referindo à construção de áreas de lazer e à limpeza, também citado por 7% dos 
entrevistados. 
A Figura 15 mostra distribuição percentual das sugestões de melhoria, conforme as 
expectativas dos entrevistados. 
 
34 
 
Figura 15 – Distribuição das sugestões de melhorias relatadas pelos entrevistados. Mossoró, 
2011. 
 
 
Fonte: autoria própria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43% 
22% 
7% 
7% 
7% 
7% 7% 
Construção de galeria fechada
Saneamento geral
Cercar a área de acesso
Retirar o lixo
Melhorar a situação da rua
Construção de áreas de lazer
Limpeza
35 
 
 
6. CONCLUSÕES 
 
Do levantamento da situação ambiental do córrego Dom Jaime Câmara percebeu-se um 
leque de impactos ambientais que se repetem ao longo do seu curso. Esses impactos são os 
corriqueiros nas cidades modernas, a saber, alteração da qualidade química da água e do fluxo 
hídrico, artificialização do corpo d'água, assoreamento, contaminação do solo, da água 
subterrânea e superficial, eutrofização, aumento da presença de fauna urbana (insetos e ratos), 
redução e/ou perda da biodiversidade, poluição do ar (mau cheiro), diminuição da qualidade 
de vida da vizinhança, poluição visual e risco à saúde pública. 
O córrego conformou-se, inicialmente, da drenagem natural do terreno, no bairro Dom 
Jaime Câmara. Atualmente, com a rápida urbanização da cidade de Mossoró, as diversas vias 
de drenagem pluvial foram absorvidas no relevo urbano, permanecendo poucos para o 
escoamento das águas das chuvas. É o caso do córrego em foco. Aos poucos, ele foi mudando 
de função, de escoamento das águas pluviais para receptor das águas servidas da população. A 
confirmação desse fato advém da presença de líquidos de forma permanente, mesmo em 
épocas que não chove, isto é, de quatro a seis meses por ano. A própria cor da água do 
córrego denuncia a agressão. 
O fato da governança local não efetivar um programa de recuperação do córrego, 
requalificando a sua função, assim como de revitalização das áreas circunvizinhas a ele, traz 
prejuízo à população em vários sentidos (ambiental, econômico e social). O córrego, se bem 
conduzido, pode ser um referencial positivo no cotidiano das pessoas, no sentido de ter acesso 
a um lugar agradável, de lazer, recreação e socialização. O que ocorre atualmente é uma 
percepção negativa da sua presença, desvalorizando e degradando a paisagem urbana e, 
consequentemente, a sociedade como um todo. 
 
36 
 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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P. M.; Souza, S. A.; Macedo, R. F. Reflexões sobre impactos das inundações e propostas 
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(Doutorado em Recursos Florestais) – Escola Superior de Agricultura “Luis de Queiroz”, 
Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004. 
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FRANCO, Gustavo Cosenza de Almeida. Apropriação e percepção de um rio urbano: o 
caso do ribeirão Jacaré de Itatiba (SP). 825f. Dissertação (mestrado) - Centro de Ciências 
Exatas, Ambientais e de Tecnologias, Pós-Graduação em Urbanismo. Pontifícia Universidade 
Católica de Campinas. Campinas-SP, PUC, 2004. 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. 3ª edição. 
São Paulo: Editora Atlas, 1996. 232 p. 
LIMA, W.P.; ZAKIA M.J.B. Hidrologia de matas ciliares. In: RODRIGUES, R.R.; 
LEITÃO FILHO, H.F. (Ed.) Matas ciliares: conservação e recuperação. 2.ed. São Paulo: 
Editora da Universidade de São Paulo, 2000. p.33-43. 
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SPIRN, Anne W. O Jardim de granito: a Natureza no desenho da cidade. São Paulo: 
Edusp, 1995. 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APÊNDICE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
Apêndice 1 – Questionário para entrevista com os moradores da vizinhança do Córrego do 
bairro Dom Jaime Câmara. 
 
QUESTIONÁRIO 
Entrevista N
o
 Data da Entrevista 
Bairro 
Rua 
Sexo: □ Masculino □ Feminino 
Idade: 
1. Há quanto tempo mora nessa residência? ___________________________ 
2. Há problemas de enchentes na sua rua? 
□ Não □ Sim □ Não sabe 
3. Já foi afetado por enchentes na sua residência atual? 
□ Não □ Sim □ Não responde 
4. Você sabe se existe algum tipo de medida por parte da prefeitura em relação ao córrego? 
□ Não □ Sim □ Não sabe 
Se tiver especificar: __________________________________________________________ 
5. Você considera que as ações da Prefeitura tem sido suficientes? 
□ Não □ Sim □ Não sabe 
6. Quais são os benefícios e malefícios que você associa com a presença da sua residência nas 
proximidades do córrego? 
Benefícios Malefícios 
7. Se você fosse prefeito(a), teria alguma proposta em relação ao córrego? 
___________________________________________________________________________ 
(insetos? ratos?) ____________________________________ 
(mau cheiro) _______________________________________

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