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Um Estudo Sobre o Conhecimento

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Um Estudo sobre o Conhecimento 
Gerardo Valdisio Rodrigues Viana 
Universidade Federal do Ceará - Universidade Estadual do Ceará 
Eliéser Sales Pereira 
Faculdade Lourenço Filho 
 
Resumo: 
 
Este artigo apresenta uma revisão sobre os conceitos de conhecimento. Descreve a teoria e discute a 
natureza e origem do conhecimento do ponto de vista das três doutrinas: o Racionalismo, o Empirismo e o 
Criticismo. Conclui que a ciência não é dependente de um sistema filosófico, podendo fazer a aplicação 
livre e integral de seu método de pesquisa e que as grandes realizações científicas não dependem das 
genialidades individuais, mas do trabalho da comunidade científica. 
 
Palavras-chave: Epistemologia, dogmatismo, empirismo, ceticismo, racionalismo. 
 
1 INTRODUÇÃO 
Epistemologia (do grego, episteme, “conhecimento”; logos, “teoria”), é o ramo da 
filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados à teoria do conhecimento . 
O sentido da palavra episteme é melhor compreendido se comparado com seu oposto, 
doxa, ou “opinião” cujo significado é bem próximo a “senso-comum”; essa opinião tem a 
conotação de conhecimento falso, ou baseado em algo falso, mal-construído ou inconsistente; 
assim, doxa é aquele tipo de conhecimento que expressa não a verdade, mas sim determinado 
ponto de vista parcial, mais comprometido com a subjetividade de quem o emite do que com a 
verdade do assunto do qual trata. 
Contrário à doxa, a episteme é o conhecimento, ou um enunciado comprometido com o 
verdadeiro, e não com um ponto de vista subjetivo e parcial. Este termo foi introduzido por 
filósofos alemães dentro da denominada Erkenntnistheorie ou teoria do conhecimento. 
O ato de conhecer é a relação que se estabelece entre a consciência de quem conhece e o 
objeto a ser conhecido (ARANHA e MARTINS, 2003). 
O ponto de partida do conhecimento é a intuição que possibilita a invenção, a descoberta 
e os grandes “saltos” do saber humano. A intuição pode ser sensível (conhecimento imediato 
94 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 
 
dado pelos órgãos dos sentidos), inventiva (proveniente dos sábios, dos artistas ou dos 
cientistas) e intelectual (esforço para captar diretamente a essência do objeto). 
Outra forma é o conhecimento discursivo que se dá por meio de conceitos organizados 
por etapas, encadeamento de idéias, juízos e raciocínios que levam à conclusão. 
Todo conhecimento coloca o problema da verdade quando se verifica se o que está sendo 
enunciado corresponde, ou não, à realidade. Os conceitos de “verdade” e “realidade” são 
distintos; quando nos referimos a um objeto dizemos que ele é “real” e não que ele é 
“verdadeiro” ou “falso”, pois estas denominações não estão no objeto e sim no juízo, ou no 
valor de verdade da afirmação. “Algo é verdadeiro, quando é o que parece ser” (ARANHA e 
MARTINS, 2003). 
Tradicionalmente, na história da filosofia, o critério da verdade é a evidência; os gregos a 
chamavam de aletheia, que significa “não-oculto”, ou o que é visto, ou ainda o que é evidente. 
Para os filósofos medievais “a verdade é a adequação do nosso pensamento às coisas”; 
nesse sentido o juízo é verdadeiro quando a representação é uma cópia fiel do objeto 
representado. 
Para René Descartes (1596–1650) “evidente” é toda idéia clara e distinta resultante da 
intuição intelectual. Para Friedrich Nietzsche (1844–1900) é verdadeiro o que contribui para 
fomentar a vida da espécie e falso tudo que é obstáculo ao seu desenvolvimento. 
 No pensamento contemporâneo, os filósofos se voltam para os estudos da linguagem e da 
lógica, e buscam o critério da verdade na coerência interna dos argumentos, de modo que o 
raciocínio seria válido se não apresentasse contradições. 
O problema da possibilidade do conhecimento tornou-se fundamental para abordar o 
conhecimento, em geral, na medida em que antes de perguntarmos “como se conhece ?” e “o 
que se pode conhecer ?” devemos perguntar se “é ou não possível conhecer”. Os termos usados 
pela Filosofia para as respostas possíveis à esta questão são: Dogmatismo, Ceticismo e 
Pragmatismo . 
O Dogmatismo é a doutrina ou atitude segundo a qual é possível atingir a certeza; ou seja, 
dogma é a verdade absoluta e indiscutível de uma doutrina. Segundo Descartes “podemos 
 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 95 
 
adquirir conhecimentos seguros e universais e ter absoluta certeza disso” (WIKIPEDIA-
Epistemologia, 2008). 
Na Religião, o dogmatismo corresponde ao conjunto de crenças que não admitem 
contestação; na Filosofia, pode ser entendido de três formas: “a possibilidade de se conhecer a 
verdade”, “a confiança nesse conhecimento” e a “submissão a essa verdade, sem 
questionamentos”. O dogmático, de posse da verdade, se fixa nela e abdica de continuar a busca 
de novos conhecimentos. 
Desde a antiguidade, existem filósofos dogmáticos, como Parménides (515–440 a.C), 
Platão (427–347 a.C) e Aristóteles (384–322 a.C). Para Immanuel Kant (1724–1804), o 
dogmatismo é “toda atitude de conhecimento que consiste em acreditar na posse da certeza ou 
da verdade antes de fazer a crítica da faculdade de conhecer”. 
O Ceticismo é a atitude filosófica oposta ao dogmatismo, defendida por Pirro de Elis 
(360–270 a.C), que duvida que seja possível um conhecimento firme e seguro. O termo 
significa “investigação” ou “procura”, de forma que, o saber não consiste em alcançar a 
verdade, mas somente procurá-la. O cético tanto “observa” e “considera” que conclui, nos casos 
mais radicais, na impossibilidade do conhecimento. David Hume (1711–1776) se diz cético, ao 
admitir que “estamos subjugados pelos sentidos e pelos hábitos, o que reduz as certezas à 
probabilidades”. 
Augusto Comte (1798–1857) diz que a vida humana existe em estado dogmático ou 
cético, refletindo o antagonismo entre ambos, e acrescenta “ceticismo nada mais é do que uma 
passagem de um dogmatismo anterior para um novo dogmatismo”. 
O Pragmatismo surgiu nos EUA com os norte-americanos William James (1842–1910), 
Charles Pierce (1839–1914) e John Dewey (1859–1952) quando afirmam que “a verdade de 
uma proposição se estabelece a partir dos efeitos dos resultados práticos”; ao subordinar o 
conhecimento a uma finalidade prática, eles mostram a utilidade e eficácia do conhecimento 
para o homem. 
Segundo Lakatos & Marconi (1990) os tipos de conhecimentos são: teológico que apoia-
se em doutrinas que contém proposições sagradas; filosófico que procura discernir entre o 
certo e o errado tendo como fundamentação a razão humana; popular que é o conhecimento 
96 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 
 
acumulado de tradições e experiências vividas e científico que é o conhecimento sistemático, 
caracterizado pela capacidade de analisar, explicar, desdobrar, justificar, induzir e predizer. 
A disciplina filosófica que trata do problema da fundamentação do conhecimento é a 
Gnosiologia, ou Teoria do Conhecimento. Pode-se dizer que a Gnosiologia não produz 
conhecimentos, mas reflete sobre os conhecimentos produzidos pelo sr humano, colocando 
diversas questões e elaborando doutrinas acerca do modo como conhecemos, do que nos é 
possível conhecer, o que torna um conhecimento válido, o que significa falar do progresso do 
conhecimento e de suas aplicações práticas . 
 
2 A ORIGEM DO CONHECIMENTO 
O ponto básico da discussão é este: “qual a origem do conhecimento: a razão ou a 
experiência?”. As respostas filosóficas a esta questão defendem três doutrinas: o Racionalismo, 
o Empirismo e o Criticismo (FONTES, 2008). 
O Racionalismo é a doutrina que afirma que tudo que existe tem uma causa inteligível, 
mesmo que não possa ser demonstradade fato. Privilegia a razão (conhecimento a priori) em 
detrimento da experiência e considera a dedução como o método superior da investigação 
filosófica. Os racionalistas afirmam que “a razão é a fonte principal do conhecimento” e suas 
representações são as únicas que podem conduzir ao conhecimento logicamente necessário e 
universalmente válido. 
Relativo ao conhecimento a priori, surge o “apriorismo” que reflete a relação 
epistemologia básica em que todo a atividade do conhecimento é exclusiva do sujeito; o meio 
não participa dela. Aprioristas são, então, todos aqueles que pensam que as condições de 
possibilidades do conhecimento são dados hereditários, obtidos de forma inata ou 
predeterminados a priori. A Gestaltheorie (teoria da forma) trabalha sobre este pressuposto, 
dentro da tradição do racionalismo alemão (BECKER, 1993). 
Entre os filósofos que assumiram uma perspectiva racionalista do conhecimento, 
destacam-se René Descartes, Benedictus Spinoza (1632–1677) e Gottfried Leibniz (1770–
1831) que introduziram o racionalismo na filosofia moderna. Immanuel Kant (KANT, 1989) 
 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 97 
 
revê essa tendência de associar o pensamento à análise pura e simples e inaugura o neo-
racionalismo que aceita os conceitos sustentados pela razão, mas identifica a necessidade de 
relacioná-lo aos dados da experiência, ou do que ele denomina de razão prática, como forma de 
ampliar o conhecimento. 
O Empirismo é a doutrina filosófica segundo a qual todo o conhecimento, com exceção 
do lógico e do matemático, deriva da experiência. Os empiristas negam a existência de idéias 
inatas, admitindo que a mente esteja vazia antes de receber qualquer tipo de informação; 
consideram que o conhecimento só é válido dentro dos limites da observação e rejeitam os 
enunciados metafísicos devido à impossibilidade de teste ou controle. 
Os ingleses Francis Bacon (1561–1626) e John Locke (1632–1704) são os precursores do 
empirismo moderno que alia teoria e experiência; o escocês David Hume (1711–1776) introduz 
o método experimental nas ciências morais, já Ludwig Wittgenstein (1889–1951) representa o 
empirismo contemporâneo quando afirma que a Filosofia deve limitar-se à análise da 
linguagem científica que expressa o conhecimento baseado na experiência. 
O debate histórico entre racionalistas e empiristas, no final do século XVIII, conduziu ao 
criticismo que procura superar as limitações de ambas correntes filosóficas. 
Segundo Kant,o criador do Criticismo, todo o conhecimento começa com a experiência 
mas é organizado pelas estruturas a priori do sujeito. Ele afirma que o conhecimento é a síntese 
do dado na nossa sensibilidade e daquilo que o nosso entendimento produz, ou seja, o sujeito 
conhece porque possui categorias e conceitos puros a priori, que se adequam a experiência e 
que permitem conhecer; e completa, “não é a experiência que possibilita e quem forma as 
categorias a priori; são antes estas que possibilitam a experiência” . 
Levado às suas últimas conseqüências, o criticismo pode ser encarado como uma atitude 
que nega a verdade de todo o conhecimento que tenha sido previamente submetido a uma 
crítica em seus fundamentos; o termo é empregado para denominar a filosofia kantiana que se 
propõe a investigar as categorias ou formas a priori do entendimento. 
Alguns filósofos contemporâneos defendem que o conhecimento resulta de uma interação 
entre o sujeito e a experiência; entre eles destaca-se Jean Piaget (1896–1980) que desenvolveu 
98 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 
 
uma concepção construtivista quando diz que o conhecimento é um processo de construção de 
estruturas que permitem ao sujeito apreender e interpretar a realidade. 
 
3 A NATUREZA DO CONHECIMENTO 
O problema da natureza do conhecimento consiste em saber se o que se conhece são os 
próprios objetos ou uma idéia ou representação dos mesmos. A discussão de como ocorre o 
conhecimento se dá essencialmente na questão de se saber de quem é a primazia na relação 
sujeito/objeto. Nesse sentido surgem as seguintes respostas filosóficas: Realismo e Idealismo. 
 O Realismo defende que conhecer é apreender a realidade existente na experiência 
interna (consciência) ou externa (objetos). Os objetos existem independentemente dos sujeitos 
(FONTES, 2008). 
Em um sentido geral, o realismo é uma tese sobre o problema epistemológico dos limites 
do conhecimento contestado por doutrinas anti-realistas diversas, dependendo do tipo de 
conhecimento em questão. O realismo científico sustenta que aquilo que as teorias científicas 
afirmam acerca do mundo pode, de fato, representar conhecimento genuíno; o conhecimento 
humano seria passível de avançar além dos limites do que é diretamente observável (CHIBENI, 
2008). 
O realismo científico recebeu formulações diferentes e, em geral, não equivalentes, por 
parte dos filósofos que dele se ocuparam. Para Bas van Fraassen (1980), o realismo científico é 
a tese segundo a qual "a ciência objetiva a nos fornecer, em suas teorias, uma estória 
literalmente verdadeira de como é o mundo; e a aceitação de uma teoria científica envolve a 
crença de que ela é verdadeira" 
Essa tese filosófica tem sido negada de vários modos, o que leva a três tipos diferentes de 
anti-realismo científico: a) Instrumentalismo – sustenta que as proposições da ciência que, 
quando interpretadas literalmente, referem-se a coisas e processos não-observáveis, sendo na 
verdade instrumentos de cálculo, predição, ou regras de inferência, que auxiliam a conexão e a 
estruturação das proposições sobre os processos observáveis; b) Redutivismo – as proposições 
teóricas da ciência são proposições legítimas, porém de fato referem-se indiretamente apenas ao 
 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 99 
 
que é observável, sendo, na verdade, abreviações para proposições mais complexas sobre 
entidades e processos observáveis; não devem, portanto, ser interpretadas literalmente, mas 
"reduzidas" a proposições por meio de certas convenções lingüísticas (regras de 
correspondência) para que seu verdadeiro conteúdo empírico e significado se evidenciem; c) 
Empirismo construtivo – doutrina anti-realista proposta por van Fraassen, segundo a qual as 
proposições teóricas da ciência são proposições genuínas e devem ser interpretadas 
literalmente; porém a determinação de seu valor de verdade não constitui o objetivo da ciência. 
Observa-se que o instrumentalismo, o redutivismo e o empirismo construtivo são posições 
realistas quanto aos objetos materiais ordinários (CHIBENI, 2008). 
O Idealismo nega a existência do real. A realidade é reduzida a idéias; os objetos só 
existem enquanto representações, ou seja, não têm uma existência independente. O 
conhecimento resulta então da relação entre o sujeito e a representação que este faz do objeto; o 
sujeito não tem acesso direto à realidade, uma vez que dessa realidade ele conhece apenas 
representações. Ao contrário do realismo empírico do pensamento materialista que afirma que 
todo o conhecimento se fundamenta na própria natureza dos objetos, o idealismo defende a tese 
de que só há conhecimentos das idéias ou que a consciência é o fundamento do real. 
Apesar de o idealismo remontar ao pensamento platônico, é Kant na sua “Crítica da 
Razão Pura” que caracteriza o pensamento idealista que consiste na tese de que só há 
conhecimento ontológico (realista) daquilo que a razão coloca previamente nas coisas. Diz-se 
que o idealismo teve sua criação em Kant, seu apogeu em Johann Fichte (1762–1814), sua 
maturidade em Friedrich Schelling(1775–1854) e sua consumação em Wilhelm Hegel (1770–
1831). 
 
4 A EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO 
A teoria do conhecimento investiga as condições do conhecimento verdadeiro. Na 
Antiguidade e na Idade Média, o conhecimento estava vinculado aos problemas metafísicos. Na 
Idade Moderna, o realismo metafísico dos gregos começa a ser criticado por filósofos como 
Descartes, Locke e Hume que se ocupam de forma explícita e sistemática com questionamentos 
100 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 
 
sobre origem, essência e certeza do conhecimento humano, culminando com a “Crítica da 
Razão Pura” de Kant. 
A evolução do conhecimento pode ser resumida assim: a primeira parte (Antiguidade e 
Idade Média) trata da filosofia pré-socrática, da metafísica aristotélica, da filosofia medieval e 
da questão dos universais; na segunda parte (Idade Moderna) observa-se o paradigma da 
modernidade, o racionalismo cartesiano, o empirismo inglês e o criticismo kantiano; na terceira 
parte (Idade Contemporânea - Século XIX) tem-se o cientificismo, o idealismo hegeliano, o 
materialismo marxista e a ideologia e por último (quarta parte) debate-se a Crise da Razão, que 
envolve a crise da modernidade e a crítica ao racionalismo; além do pragmatismo, neo-
pragmatismo e iluminismo (ARANHA e MARTINS, 2003). 
Atualmente, entretanto, os conceitos da razão e da crítica precisam ser examinados; 
quando se fala em razão não mais é possível acreditar ingenuamente que ser racional é apenas 
uma decorrência de ser humano. O paradigma da racionalidade moderna precisa ser contestado, 
mas não por meio do irracionalismo e, sim pela atividade crítica da razão. 
 
5 O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
O conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade, tendo surgido no 
século XVII com a revolução de Galileu Galilei (1564–1642) (ARANHA e MARTINS, 
2003). 
No pensamento grego, ciência e filosofia achavam-se vinculadas, e somente vieram se 
separar a partir da Idade Moderna. A ciência moderna nasce ao determinar seu objetivo 
específico de investigação e ao criar um método confiável pelo qual seria feito o controle 
desse conhecimento sistemático, preciso e objetivo, e que passou a ser chamado de método 
científico. 
Cada ciência se torna então, uma ciência particular, no sentido de delimitar um campo 
de pesquisa e procedimentos específicos (conceito de demarcação). Porém, a partir do 
século XX, surgem as ciências híbridas, tais como a bioquímica, a biofísica e a mecatrônica, 
 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 101 
 
com o objetivo de resolver problemas que exigem ao mesmo tempo o conhecimento de mais 
de uma delas. 
Não é conveniente imaginar o método científico como um conjunto de regras fixas; há 
muito de engenhosidade no processo de descoberta e seleção das hipóteses. As ciências da 
natureza se tornaram, então, rigorosas por serem altamente “matematizáveis” e por 
utilizarem o método experimental, porém, no outro extremo encontram-se as ciências 
humanas, onde algumas delas, no caso da Psicanálise, não fazem uso da experimentação. 
David Hume (1711–1776) diz “não se pode inferir qualquer causa ou efeito sem auxílio 
da observação ou da experiência” e acrescenta “a inferência não é intuitiva, nem demonstrativa, 
e sim experimental”. 
A investigação científica envolve além da observação, a hipótese, os tipos de raciocínio 
usados pelos cientistas na sua proposição (indução, dedução ou analogia), o exame dos critérios 
para julgar seu valor ou aceitabilidade (relevância e possibilidade de ser submetida a testes), a 
compatibilidade com outras hipóteses já confirmadas, a experimentação e a generalização. 
Karl Popper (1902–1994) diz que o cientista deve estar mais preocupado não com a 
justificativa de sua teoria mas com o levantamento de possíveis maneiras de refutá-la pela 
experiência (POPPER, 1981), e acrescenta “se não podemos provar que uma teoria universal é 
verdade, podemos provar que ela é falsa” ou “o critério que define o status científico de uma 
teoria é sua capacidade de ser refutada ou testada”. 
Popper critica a psicanálise de Sigmund Freud (1856–1939), a teoria da história de Karl 
Marx (1818–1883) e a psicologia individual de Alfred Adler (1870–1937) cujos universos 
teóricos se restringem às explicações de seus idealizadores e não dão condições de 
refutabilidade empírica (POPPER, 1972), pois não seria possível um tipo de comportamento 
humano capaz de contradizê-los. 
Para Thomas Kuhn (1922–1996), a ciência progride pela tradição intelectual representada 
pelo paradigma (visão do mundo assumida pela comunidade científica) que fornece problemas 
e soluções exemplares para a pesquisa futura; e acrescenta que “ao se alcançar o consenso, na 
chamada ciência normal, o trabalho científico desenvolve-se a partir do paradigma adotado que 
102 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 
 
dirige a resolução dos problemas e o acúmulo das descobertas”; no momento em que o 
paradigma é questionado leva-se a uma “revolução científica” (KUHN, 1970). 
Ao finalizar este capítulo, pode-se resumir e estabelecer as seguintes características do 
conhecimento científico (SERRÃO e GRÁCIO, p.202-208): (a) Objetividade – a ciência intenta 
afastar de seu domínio a subjetividade, no sentido de que o conhecimento deve ser válido para 
todos; (b) Positividade – deve haver uma plena aderência aos fatos e uma absoluta submissão à 
fiscalização da experiência; (c) Racionalidade – não obstante a oposição dos empiristas, a 
ciência moderna é essencialmente racional, isto é, não consta de meros elementos empíricos, 
mas de uma construção do intelecto; (d) Revisibilidade – não há posição definitiva e 
irreformável, como já foi citado, “toda verdade científica aparece em certo sentido como 
provisória, susceptível de revisão e de aperfeiçoamento”; (e) Autonomia – a ciência tem seu 
próprio campo de estudo, seu próprio método de pesquisa e uma fonte independente de 
informação que é a Natureza. 
 
6 CONCLUSÃO 
A origem do conhecimento é a razão, pois todas as idéias que culminam para as teorias 
científicas tiveram origem no raciocínio humano e em sua inteligência; portanto, os 
racionalistas “têm razão”. De acordo também com o neo-racionalismo de Kant, quando se 
refere à “razão prática”, ou seja, como racionalista, entende-se que além das idéias originais, os 
testes e observações em laboratório são necessários para obter a verdade de uma teoria, ou 
quando não for possível, podem ser refutá-las, conforme sugere Popper (1981). 
O enfoque relativo à evolução do conhecimento leva a concluir também que os empiristas 
têm um papel importante nessa evolução, pois com as experiências realizadas sobre as 
hipóteses originárias da razão as teorias são consolidadas. É fato que a Ciência está em 
constante evolução e que suas verdades são sempre provisórias. 
A “comunidade científica” que pode ser definida como um conjunto de indivíduos que se 
reconhecem e são reconhecidos como possuidores de conhecimentos específicos nas suas áreas 
 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 103 
 
de investigação científica, contrapondo a até pouco tempo, em que as grandes realizações 
científicas originavam-se das genialidades individuais. 
Por fim, pode-se afirmar que em nenhum caso a ciência é dependente de um sistema 
filosófico ou poderá encontrar numa tese filosófica uma barreira que impeça a priori a 
aplicação livre e integral de seu método de pesquisa. 
 
 
A study on knowledge 
 
Abstract: 
 
This article presents a review on the concepts of knowledge. Describes the theory and discussesthe nature and source of knowledge in terms of three doctrines: the Rationalism, Empiricism and the 
Criticism. Concludes that the science is not dependent on a philosophical system, it can make a free and 
full implementation of its research method and that the great scientific achievements do not depend of the 
individual genius, but the work of the scientific community. 
 
Keywords: Epistemology, pragmatism, empiricism, skepticism, rationalism. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARANHA, Maria Lúcia de A.; MARTINS, Maria Helena P. Filosofando, 3.ed. São Paulo: 
Moderna, 2003. 
 
BECKER, Fernando, A Epistemologia do Professor - O cotidiano da Escola, 6.ed. Petrópolis-
RJ: Vozes, 1993. 
 
FONTES, Carlos. Teoria Filosófica sobre o Conhecimento. Disponível em: 
<http://afilosofia.no.sapo.pt/11.Modelosexplicativos.1.htm>. Consultado em 24/02/2008. 
 
CHIBENI, Silvio Seno .A inferência abdutiva e o realismo científico. Disponível em: 
104 Revista Científica da Faculdade Lourenço Filho - v.6, n.1, 2009 
 
<http://www.unicamp.br/~chibeni/public/abdrea.htm>. Consultado em 24/02/2008. 
 
KANT, Immanuel, Crítica da Razão Pura, 2.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 
1989. 
 
KUHN, Thomas S., A estrutura das Revoluções Científicas, 5.ed. São Paulo: Perspectiva, 
1970. 
 
LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de A. Metodologia Científica, 2. ed. São Paulo: 
Atlas,1990. 
 
POPPER, Karl Raimund, A Lógica da Pesquisa Científica, São Paulo: Cultrix, 1972. 
 
_________. Conjecturas e Refutações, 3.ed. Brasília: Editora da UnB, 1981. 
 
SERRÃO, Joel ; GRÁCIO, Rui. Lógica e Teoria do Conhecimento, 2 ed. Lisboa: Livraria Sá 
da Costa Editora, 1962. 
 
WIKIPEDIA - Epistemologia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Epistemologia>. 
Consultado em 24/02/2008. 
 
 
Gerardo Valdisio Rodrigues Viana 
Doutor em Ciência da Computação - UFC/USP 
Professor associado - UFC/UECE 
e-mail: valdisio@gmail.com 
 
Eliéser Sales Pereira 
Mestre em Química Inorgânica, USP 
Professor de Metodologia Científica e Monografia da Faculdade Lourenço Filho. 
Especialista em Métodos e Técnicas de Ensino Superior, UFC. 
e-mail: eliesersp@terra.com.br. 
Rua Barão do Rio Branco, 2101 – Centro – Fortaleza – Ce. CEP: 60025-062. 
Fone: 4009 6066.

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