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Sistema Nacional Socioeducativo -
SINASE
Análise do Sistema Nacional Socioeducativo (SINASE), seu plano de atendimento socioeducativo, os
programas de atendimento e a execução de medidas socioeducativas.
Prof. Edison Ponte Burlamaqui
1. Itens iniciais
Propósito
O SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo) regulamenta a execução das medidas
destinadas ao adolescente que pratica ato infracional e, por conseguinte, representa o conjunto ordenado de
princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas socioeducativas, de fulcral importância
prática-teórica para os operadores do direito.
Preparação
Antes de iniciar os estudos, tenha em mãos a Lei n.º 12.594/2012 e o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA).
Objetivos
Analisar o plano de atendimento socioeducativo.
Distinguir os programas de atendimento.
Identificar as principais características do procedimento de execução de medidas socioeducativas.
Introdução
As medidas socioeducativas aplicam-se aos adolescentes que praticam atos infracionais. Estas têm entre
seus objetivos a responsabilização do adolescente, a integração social e a desaprovação da conduta.
Dessa forma, as medidas socioeducativas são aplicadas somente em situações extremas e, em regra,
submetem os menores a circunstâncias em que alguns de seus direitos são restringidos, com a finalidade de
reeducação.
É essencial a regulamentação da execução de tais medidas, com a finalidade de estabelecer um procedimento
justo no qual são garantidos os direitos fundamentais dos sujeitos envolvidos, tudo com o objetivo de
reestabelecer e ressocializar os menores infratores.
Ante o exposto, iniciaremos com o estudo do plano de atendimento socioeducativo, que busca estabelecer as
diretrizes, os objetivos, as metas, as prioridades e as formas de financiamento e gestão das ações de
atendimento. 
Posteriormente, passaremos a analisar os programas de atendimento, que objetivam efetivamente garantir a
aplicação das medidas e promover atendimento aos menores. Por fim, trataremos do procedimento de
execução das medidas e dos direitos dos menores submetidos a elas.
• 
• 
• 
Principal órgão do sistema de garantia de direitos.
1. O plano de atendimento socioeducativo
Conceituação do SINASE
Antes de iniciar o estudo dos planos de atendimento, é essencial a compreensão de determinados conceitos
introdutórios, previstos na Lei 12.594/2012, que institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE).
Inicialmente, entende-se por SINASE o conjunto
ordenado de princípios
regras e critérios que envolvem a execução de
medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por
adesão, os sistemas estaduais, distrital e
municipais, bem como todos os planos,
políticas e programas específicos de
atendimento a adolescente em conflito com a
lei.
Adicionalmente, entendem-se por medidas
socioeducativas as previstas no artigo 112 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente. Veja a
seguir quais são:
I. advertência;
II. obrigação de reparar o dano;
III. prestação de serviços à comunidade;
IV. liberdade assistida;
V. inserção em regime de semi-liberdade;
VI. internação em estabelecimento educacional;
VII. qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI do ECA. Para este, observe seguidamente os seis incisos que
lhe são inerentes:
Inciso I
Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de
responsabilidade.
Inciso II
Orientação, apoio e acompanhamento temporários.
Inciso III
Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental.
Inciso IV
Inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção,
apoio e promoção da família, da criança e do adolescente.
Inciso V
Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial.
Inciso VI
Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicômanos.
Tais medidas socioeducativas têm os seguintes objetivos: 
A responsabilização do adolescente
Quanto às consequências lesivas do ato infracional, sempre que possível incentivando a sua
reparação.
Os direitos individuais e sociais
Quanto à integração social do adolescente e a garantia de seus direitos individuais e sociais, por meio
do cumprimento de seu plano individual de atendimento.
A desaprovação da conduta infracional
Quanto à desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições da sentença como
parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direitos, observados os limites previstos
em lei.
Os programas de atendimento, por sua vez, referem-se à organização e ao funcionamento, por unidade, das
condições necessárias para o cumprimento das medidas socioeducativas, sendo as unidades a base física
necessária para a organização e o funcionamento de programa de atendimento.
Por fim, as entidades de atendimento são as pessoas jurídicas de direito público ou privado que instalam e
mantêm a unidade e os recursos humanos e materiais necessários ao desenvolvimento de programas de
atendimento.
Competências e atribuições do Sinase
Sinase e competências dos entes
Neste vídeo, abordaremos o que é o SINASE e as competências dos entes nesse sistema.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Após a análise dos conceitos iniciais, é de extrema importância verificar as competências e as atribuições de
cada ente federativo relacionado ao Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo:
União
Conforme o artigo 3º da Lei 12.594/2012, compete à União:
I. formular e coordenar a execução da política nacional de atendimento socioeducativo.
II. elaborar o Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo, em parceria com os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios.
III. prestar assistência técnica e suplementação financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas.
IV. instituir e manter o Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo, seu
funcionamento, entidades, programas, incluindo dados relativos a financiamento e população
atendida.
V. contribuir para a qualificação e ação em rede dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo.
VI. estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento das unidades e programas de
atendimento e as normas de referência destinadas ao cumprimento das medidas socioeducativas de
internação e semiliberdade.
VII. instituir e manter processo de avaliação dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo, seus
planos, entidades e programas.
VIII. financiar, com os demais entes federados, a execução de programas e serviços do Sinase.
IX. garantir a publicidade de informações sobre repasses de recursos aos gestores estaduais, distrital
e municipais, para financiamento de programas de atendimento socioeducativo.
Destaca-se que são vedados à União o desenvolvimento e a oferta de programas próprios de
atendimento, sendo esta competência dos Estados. Adicionalmente, competem ao Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) as funções normativa, deliberativa, de avaliação
e de fiscalização do Sinase.
Estados
Conforme o artigo 4º da Lei 12.594/2012, compete aos estados:
I. formular, instituir, coordenar e manter Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo,
respeitadas as diretrizes fixadas pela União.
II. elaborar o Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo em conformidade com o Plano Nacional.
III. criar, desenvolver e manter programas para a execução das medidas socioeducativas de
semiliberdade e internação.
IV. editar normas complementares para a organização e funcionamento do seu sistema de
atendimento e dos sistemas municipais.
V. estabelecer com os Municípios formas de colaboração para o atendimento socioeducativo em meio
aberto.
VI. prestar assessoria técnica e suplementação financeira aos Municípios para a oferta regular de
programas de meio aberto.
VII. garantir o pleno funcionamento do plantão interinstitucional.
VIII. garantir defesa técnica do adolescente a quemcontenciosos.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Características gerais do acesso à Justiça
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Características do procedimento do ECA
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Verificando o aprendizado
Questão 1
(PM-MT – 2021 – Banca Própria) Em conformidade com as disposições gerais do Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei nº 8.069/1990 e alterações), acerca do acesso à Justiça, analise as assertivas.
 
I - Os menores de 16 anos serão representados por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação
civil ou processual.
II - A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes
colidirem com os de seus pais ou responsáveis.
III - É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e
adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.
IV - Qualquer notícia a respeito da prática de ato infracional não poderá identificar a criança ou adolescente,
admitindo-se apenas a referência às iniciais do nome e sobrenome.
 
Estão corretas as assertivas
A
I e IV, apenas.
B
I, II e IV, apenas.
C
II, III e IV, apenas.
D
II e III, apenas.
E
I, II e III, apenas.
A alternativa E está correta.
Segundo o artigo 142 do ECA, os menores de 16 anos serão representados, e os maiores de 16 e menores
de 21 anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou processual.
Adicionalmente, a autoridade judiciária dará curador especial à criança ou ao adolescente, sempre que os
interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou
assistência legal ainda que eventual.
O ECA estabelece ainda, em seu artigo 143, que é vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e
administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. Da
mesma forma, qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou o adolescente,
vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do
nome e sobrenome.
Questão 2
(MP-CE – 2020 – CESPE) Com relação ao acesso à Justiça, ele é garantido a toda criança ou adolescente,
sendo certo que a assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem
A
por meio do sindicato das crianças e adolescentes.
B
se assim for pleiteado no tribunal do júri.
C
por meio de defensor público advogado nomeado.
D
sendo necessário apenas o pagamento de pequena taxa de adesão.
E
caso venham requerê-la junto ao conselho dos direitos da criança e do adolescente.
A alternativa C está correta.
Segundo o artigo 141, parágrafo primeiro do ECA, a assistência judiciária gratuita será prestada aos que
dela necessitarem, por meio de defensor público ou advogado nomeado.
3. Crimes e infrações administrativas
Disposições e regras gerais
Crimes contra a infância e juventude
Neste vídeo, o professor discorre sobre as regras gerais relativas aos crimes contra a infância e a juventude e
esclarece alguns dos tipos penais de maior relevância. 
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Inicialmente, importa pontuar que, segundo o artigo 226 do Estatuto da Criança e do Adolescente, aplicam-se
aos crimes definidos no próprio Estatuto as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as
pertinentes ao Código de Processo Penal. Dessa forma, aplicam-se as regras gerais do direito penal e do
direito processual penal aos crimes previstos no ECA. 
O artigo 227 do ECA, por sua vez, prevê que todos os crimes definidos no próprio estatuto são de
ação pública incondicionada.
Quanto à prescrição, importa destacar que esta é regulada nos artigos 111 e seguintes do Código Penal, sendo
matéria afeita à disciplina específica do Direito Penal. Entretanto, devemos ressaltar a existência de previsão
específica acerca do termo inicial do prazo prescricional de crimes contra a dignidade sexual de crianças e
adolescentes.
Segundo o artigo 111, V do Código Penal, a
prescrição, antes de transitar em julgado a
sentença final, começa a correr, nos crimes
contra a dignidade sexual de crianças e
adolescentes, previstos no próprio código penal
ou em legislação especial, da data em que a
vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a
esse tempo já houver sido proposta a ação
penal.
Outra previsão especial importante prevista no
Estatuto da Criança e do Adolescente se refere
à necessidade de reincidência para a aplicação do efeito secundário da pena consistente na perda da função,
cargo ou mandato. 
Segundo o artigo 227-A do ECA, a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, quando cumpridos os
requisitos do art. 92 do CP, praticados por servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à
ocorrência de reincidência. Entretanto, a perda do cargo, do mandato ou da função, nesse caso, independerá
da pena aplicada na reincidência.
Apontamentos iniciais sobre os crimes em espécie no ECA
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê uma série de crimes específicos praticados contra crianças e
adolescentes. Diferentemente do Código Penal, o ECA não nomeia os tipos penais como ocorre, por exemplo,
com o crime de homicídio (artigo 121 do Código Penal). 
Dessa forma, para facilitar a análise de tais crimes, vamos estudar cada tipo penal, a pena prevista e a
classificação doutrinária de cada um deles. Importa consignar que muitos conceitos decorrem do estudo do
Direito Penal.
Recomendação
Para a compreensão integral do que será exposto, será exigido o conhecimento prévio da classificação
dos crimes. A análise dos crimes seguirá a ordem prevista no ECA. 
Alguns tipos de crimes em espécie
Crimes contra a vida e a saúde da criança e do adolescente
O artigo 228 do ECA prevê como crime deixar o
encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento
de atenção à saúde de gestante de manter registro das
atividades desenvolvidas, bem como deixar de fornecer à
parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta
médica, declaração de nascimento com intercorrências do
parto e do desenvolvimento do neonato. 
Para tal crime é prevista a pena de detenção de seis meses
a dois anos. Adicionalmente, prevista ainda a modalidade
culposa, com pena de detenção de dois a seis meses, ou
multa. A doutrina classifica esse crime como:
i. próprio;
ii. omissivo próprio;
iii. de mera conduta;
iv. de perigo;
v. de menor potencial ofensivo;
Da mesma forma, entende a doutrina que tal crime visa tutelar a vida e a saúde da criança e da gestante. 
O artigo 229 do ECA prevê como crime deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de
atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem
como deixar de proceder aos exames visando ao diagnóstico e à terapêutica de anormalidades no
metabolismo do recém-nascido. 
Para tal crime é prevista a pena de detenção de seis meses a dois anos. Adicionalmente, prevista ainda a
modalidade culposa, com pena de detenção de dois a seis meses, ou multa. A doutrina classifica esse crime
como: 
i. próprio;
ii. omissivo próprio;
iii. de mera conduta;
iv. de perigo;
v. de menor potencial ofensivo;
Crimes contra a liberdade da criança e do adolescente
O artigo 230 do ECA prevê como crime privar a
criança ou o adolescente de sua liberdade,
procedendo à sua apreensão sem estar em
flagrante de ato infracional ou inexistindo
ordem escrita da autoridade judiciária
competente. Para tal crime é prevista uma pena
de detenção de seis meses a dois anos.
Adicionalmente, prevista uma figura
equiparada, incidindo na mesma pena aquele
que procede à apreensão sem observância das
formalidades legais. A doutrina classifica esse
crime como: 
I. comum (doutrina majoritária);
II. omissivo;
III. permanente;IV. de mera conduta;
V. de menor potencial ofensivo.
Da mesma forma, entende a doutrina que tal crime visa tutelar o direito de liberdade da criança e do
adolescente.
O artigo 231 do ECA prevê como crime deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou
adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à
pessoa por ele indicada. Para tal crime é prevista uma pena de detenção de seis meses a dois anos. A
doutrina classifica esse crime como: 
i. próprio;
ii. omissivo próprio;
iii. de mera conduta;
iv. de perigo;
v. de menor potencial ofensivo;
vi. de perigo.
Da mesma forma, entende a doutrina que tal crime visa tutelar o direito de liberdade e a dignidade da criança
e do adolescente. 
O artigo 235 do ECA prevê como crime descumprir, injustificadamente, prazo fixado no Estatuto em benefício
de adolescente privado de liberdade. Para tal crime é prevista uma pena de detenção de seis meses a dois
anos. A doutrina classifica esse crime como:
i. próprio;
ii. omissivo próprio;
iii. de mera conduta;
iv. de menor potencial ofensivo.
Da mesma forma, entende a doutrina que tal crime não admite tentativa e que visa tutelar o direito de
liberdade e a dignidade da criança e do adolescente.
Crimes contra a convivência familiar e comunitária
O artigo 237 do ECA prevê como crime subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua
guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto. Para tal crime é prevista
pena de reclusão de dois a seis anos, e multa. A doutrina classifica este crime como: 
i. comum;
ii. material;
iii. comissivo;
iv. instantâneo;
v. plurissubsistente.
Da mesma forma, entende a doutrina que tal crime visa tutelar o direito da criança ou adolescente à
convivência familiar e comunitária.
O artigo 238 do ECA prevê como crime prometer ou efetivar
a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou
recompensa. Para tal crime é prevista uma pena de reclusão
de um a quatro anos, e multa. Adicionalmente, é prevista
uma figura equiparada, incidindo nas mesmas penas quem
oferece ou efetiva a paga ou recompensa.
A doutrina classifica esse crime como: 
i. próprio (figura do caput) ou comum (figura equiparada);
ii. comissivo;
iii. doloso;
iv. instantâneo.
Da mesma forma, entende a doutrina que tal crime visa tutelar o direito da criança ou adolescente à
convivência familiar e comunitária. 
O artigo 239 do ECA prevê como crime promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança
ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro. Para
tal crime é prevista a pena de reclusão de quatro a seis anos, e multa. 
Adicionalmente, é prevista uma figura qualificada se houver emprego de violência, grave ameaça ou fraude.
Nesse caso, é prevista a pena de reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à
violência. A doutrina classifica esse crime como:
i. comum;
ii. de mera conduta;
iii. instantâneo.
Da mesma forma, entende a doutrina que tal crime visa tutelar o direito de liberdade da criança ou
adolescente e, adicionalmente, combater o tráfico internacional de menores.
Crime sexual
O artigo 241-D do ECA prevê como crime aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de
comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso. Para esse crime é prevista a pena de
reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Adicionalmente, prevista uma figura equiparada no parágrafo
único, incorrendo nas mesmas penas quem:
Inciso I
Facilita ou induz o acesso à criança de material
contendo cena de sexo explícito ou
pornográfica com o fim de com ela praticar ato
libidinoso.
Inciso II
Pratica as condutas descritas no tipo principal
com o fim de induzir criança a se exibir de
forma pornográfica ou sexualmente explícita.
Destaca-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente define no seu artigo 241-E que “cena de sexo
explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades
sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para
fins primordialmente sexuais.
O artigo 244-A do ECA prevê como crime submeter criança ou adolescente à prostituição ou exploração
sexual.
Para esse crime é prevista a pena de reclusão
de quatro a dez anos e multa, além da perda de
bens e valores utilizados na prática criminosa
em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do
Adolescente da unidade da Federação (Estado
ou Distrito Federal) em que foi cometido o
crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-
fé.
Ressalta-se que constitui efeito obrigatório da
condenação a cassação da licença de
localização e de funcionamento do
estabelecimento. A doutrina, por sua vez, classifica esse crime como: 
i. comum;
ii. comissivo;
iii. material.
Crimes contra a dignidade da criança e do adolescente
O artigo 240 do ECA prevê como crime produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer
meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente. Para tal crime é prevista a
pena de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
Adicionalmente, é prevista uma figura equiparada, incidindo nas mesmas penas quem agencia, facilita,
recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas
referidas acima, ou ainda quem com esses contracena. Prevista ainda a causa de aumento de pena de 1/3 (um
terço) se o agente comete o crime:
No exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la.
Prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
Prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção,
de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha
autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
A doutrina classifica esse crime como:
i. comum;
ii. de mera conduta;
iii. instantâneo.
Da mesma forma, entende a doutrina que tal crime visa tutelar a dignidade da criança ou adolescente.
• 
• 
• 
O artigo 241 do ECA prevê como crime vender ou expor à
venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena
de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente. Para tal crime é prevista a pena de reclusão,
de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Destaca-se que a
consumação desse crime ocorre no ato de publicação das
imagens.
Adicionalmente, segundo o STJ, é competente para o
julgamento do crime o juízo do local onde o material é
disponibilizado, independentemente dos locais em que
terceiros o acessam. Entretanto, quando não for possível apurar a origem, entende o STJ que é competente o
juízo do local onde se iniciaram as investigações. A doutrina classifica esse crime como: 
i. comum;
ii. de mera conduta;
iii. comissivo.
O artigo 241-A do ECA prevê como crime oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou
divulgar por qualquer meio, inclusive por sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente, sendo
prevista, para tal crime, a pena de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Prevista ainda uma figura
equiparada, incorrendo nas mesmas penas quem: 
Assegura os meios ou serviços para o
armazenamento das fotografias, cenas
ou imagens.
Assegura, por qualquer meio, o acesso
por rede de computadores às
fotografias, cenas ou imagens.
Entretanto, tais condutas são puníveis apenas quando o responsável legal pela prestação do serviço,
oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito. A doutrina classifica esse crime
como: 
i. comum;
ii. de mera conduta;
iii. comissivo.
Destaca-se que o processamento e julgamento do crime de publicação de material pedófilo-pornográfico em
sítios da internet será da competênciada Justiça Federal quando for possível a identificação do atributo da
internacionalidade do resultado obtido ou que se pretendia obter (STF-RE 628624). O artigo 241-B do ECA
prevê como crime adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. 
Para esse crime é prevista a pena de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Ressalta-se que o ECA
prevê causa de diminuição de pena de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se tratar-se de pequena quantidade de
material.
Entretanto, não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades
competentes a ocorrência de outras condutas criminosas (arts. 240, 241, 241-A e 241-C do ECA), quando a
comunicação for feita por: 
Agente público no exercício de suas funções.
 
Membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o
recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos referidos crimes.
• 
• 
Representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio
de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao
Ministério Público ou ao Poder Judiciário. Vale ressaltar que tais pessoas deverão manter sob sigilo o
material ilícito.
Como já dito, entendeu o STF que compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em
disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B)
quando praticados por meio de rede mundial de computadores. A doutrina classifica esse crime como: 
i. comum;
ii. comissivo;
iii. plurissubsistente.
O artigo 241-C do ECA prevê como crime simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo
explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
outra forma de representação visual. Para esse crime é prevista a pena de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
e multa. Adicionalmente, é prevista uma figura equiparada, incorrendo nas mesmas penas quem vende, expõe
à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material
produzido.
Ressalta-se que nesse crime não há utilização de criança ou adolescente na cena pornográfica, mas sim a
edição do material, de modo a inserir sua imagem na situação vexatória.
Outros tipos de crimes em espécie
Fornecer munição, explosivo ou fogos
O artigo 242 do ECA prevê como crime vender, fornecer (ainda que gratuitamente) ou entregar, de qualquer
forma, à criança ou ao adolescente arma, munição ou explosivo. 
Para esse crime está prevista a pena de
reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. Tal
conduta também está prevista no Estatuto do
Desarmamento (art. 16, parágrafo único, V).
Assim, parte da doutrina entende que deve
prevalecer o Estatuto do Desarmamento em
virtude de ser norma especial e por ser norma
mais recente.
Entretanto, há posicionamento em contrário no
sentido de que o art. 242 do ECA subsiste,
sendo aplicável para as hipóteses envolvendo
armas brancas. A doutrina classifica esse crime como: 
i. comum;
ii. de perigo abstrato, admitindo a forma tentada.
O artigo 244 do ECA prevê como crime vender, fornecer (ainda que gratuitamente) ou entregar, de qualquer
forma, à criança ou ao adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido
potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida. Para tal crime é
prevista pena de detenção de seis meses a dois anos, e multa. Ressalta-se que a doutrina classifica esse
crime como:
i. comum;
ii. comissivo;
iii. formal.
Oferecer bebida alcoólica
• 
O artigo 243 do ECA prevê como crime vender, fornecer,
servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de
qualquer forma, à criança ou ao adolescente, bebida
alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou
psíquica. 
Para tal crime é prevista pena de detenção de 2 (dois) a 4
(quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais
grave. A doutrina classifica esse crime como:
i. comum;
ii. comissivo;
iii. formal.
Corromper ou facilitar a corrupção de menor
O artigo 244-B do ECA prevê como crime corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos,
com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la. Para tal crime é prevista pena de reclusão, de 1
(um) a 4 (quatro) anos. Prevista ainda uma figura equiparada, incorrendo nas mesmas penas quem pratica as
condutas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
Adicionalmente, está prevista causa de aumento de pena de um terço no caso de a infração cometida ou
induzida estar incluída no rol de crimes hediondos. 
Por fim, destaca-se que, conforme entendimento sumulado do STJ (súmula 500), a configuração de tal crime 
independe da prova da efetiva corrupção do menor por se tratar de delito formal.
Atentar contra a honra objetiva da criança e do adolescente
O artigo 232 do ECA prevê como crime submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou
vigilância a vexame ou constrangimento. Para tal crime é prevista uma pena de detenção de seis meses a dois
anos. A doutrina classifica esse crime como: 
i. material (de resultado);
ii. próprio;
iii. comissivo;
iv. instantâneo;
v. de menor potencial ofensivo.
Da mesma forma, entende a doutrina que tal crime visa tutelar a honra objetiva da criança ou adolescente.
Abuso de autoridade
O artigo 234 do ECA prevê como crime deixar a
autoridade competente, sem justa causa, de
ordenar a imediata liberação de criança ou
adolescente tão logo tenha conhecimento da
ilegalidade da apreensão. Para tal crime é
prevista uma pena de detenção de seis meses
a dois anos.
A doutrina classifica esse crime como: 
i. material (de resultado);
ii. próprio;
iii. comissivo;
iv. instantâneo;
v. de menor potencial ofensivo.
Da mesma forma, entende a doutrina que tal crime visa tutelar o direito de liberdade e a dignidade da criança
e do adolescente.
Atenção
Esse crime, em razão da especialidade, prevalece sobre àquele previsto na Lei de Abuso de Autoridade. 
Obstruir a ação da autoridade judiciária
O artigo 236 do ECA prevê como crime impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do
Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista em lei. Para tal crime
é prevista uma pena de detenção de seis meses a dois anos. A doutrina classifica esse crime como: 
i. comum;
ii. material (na figura de impedir) ou formal (na figura de embaraçar);
iii. de menor potencial ofensivo.
Infrações administrativas
Observações gerais
As infrações administrativas fazem parte de um sistema de proteção e efetivação dos direitos da criança e do
adolescente. Por não descreverem condutas criminosas, em regra, a pena aplicada é a de multa. Quanto à
prescrição das infrações administrativas, entendeu o STJ que é plenamente aplicável a prescrição às infrações
administrativas. Entretanto, entende-se que a multa aplicável às infrações administrativas tem natureza
administrativa e não penal. Dessa forma, não se aplica o prazo de dois anos, previsto no artigo 114 do CP, mas
o de cinco anos (Resp. 894.528).
Trataremos agora, da mesma maneira que fizemos com os crimes, de cada uma das infrações administrativas
previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Art. 245 do ECA
O artigo 245 do ECA prevê como infração deixar o médico, professor ou responsável por
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à
autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação
de maus-tratos contra criança ou adolescente.
Para tal infração é prevista uma pena de multa de três a 20 salários de referência, aplicando-se o
dobro em caso de reincidência.Ressalta-se que, em caso de maus-tratos, a comunicação deve ser
feita ao Conselho Tutelar, nos termos do artigo 13 do ECA.
Art. 246 do ECA
O artigo 246 do ECA prevê como infração impedir o responsável ou funcionário de entidade de
atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 do ECA. Para
tal infração é prevista a multa de três a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.
O artigo 124 do ECA, por sua vez, estabelece que são direitos do adolescente privado de liberdade,
entre outros, o de peticionar diretamente a qualquer autoridade; o de avistar-se reservadamente com
seu defensor; o de receber visitas, ao menos, semanalmente; o de corresponder-se com seus
familiares e amigos; o de receber escolarização e profissionalização.
Divulgação de documento policial, administrativo ou judicial
O artigo 247 do ECA prevê como infração divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por
qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou
judicial relativo à criança ou adolescente a que se atribua ato infracional. Para tal infração é prevista
multa de três a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Ressalta-se que incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou
adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a
atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
Adicionalmente, se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além
da pena prevista, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação. Ressalta-se
que a expressão “ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da
publicação do periódico até por dois números”, prevista no referido dispositivo legal, foi declarada
inconstitucional na ADIN 869-2.
Descumprimento de deveres do poder familiar
O artigo 249 do ECA prevê como infração descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes
ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem como de determinação da autoridade
judiciária ou Conselho Tutelar. Para tal infração é prevista multa de três a 20 salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Ressalta-se que o STJ entendeu que a falta de amparo estatal e as dificuldades para seu
desempenho não eximem os pais de serem processados em caso de descumprimento de seus
deveres inerentes ao poder familiar (Resp. 768.572-RS). Entendeu ainda o STJ que a hipossuficiência
financeira ou a vulnerabilidade da família não é suficiente para afastar a multa pecuniária prevista no
art. 249.
Para a Corte é admissível que, por meio de decisão judicial fundamentada, o magistrado deixe de
aplicar a sanção pecuniária e faça incidir outras medidas mais adequadas e eficazes para o caso
concreto. Entretanto, a hipossuficiência financeira ou a vulnerabilidade familiar não é suficiente, por si
só, para afastar a multa prevista (Informativo 636 do STJ).
Hospedar criança sem autorização dos pais
O artigo 250 do ECA prevê como infração hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos
pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão,
motel ou congênere.
Para tal infração é prevista pena de multa e, em caso e reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a
autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
Adicionalmente, se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o
estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada.
Transportar criança sem observar as regras de viagem dos menores desacompanhados
O artigo 251 do ECA prevê como infração transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com
inobservância das regras do ECA que definem as condições para os menores viajarem
desacompanhados ou na companhia de terceiros (arts. 83, 84 e 85). Para tal infração é prevista a
multa de três a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Deixar de providenciar instalação e operacionalização de cadastro de adoção
O artigo 258-A do ECA prevê como infração deixar a autoridade competente de providenciar a
instalação e operacionalização dos cadastros de adoção (art. 50 do ECA) e de crianças em
acolhimento familiar ou institucional (§11 do art. 101 do ECA). Para tal infração é prevista multa de
R$1.000,00 (mil reais) a R$3.000,00 (três mil reais).
Ressalta-se que incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de
crianças e adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à
adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento institucional ou familiar.
Profissional da saúde que não informa a intenção da mãe de colocar o filho para adoção
O artigo 258-B do ECA prevê como infração deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade
judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho
para adoção. Para tal infração é prevista multa de R$1.000,00 (mil reais) a R$3.000,00 (três mil reais).
Ressalta-se que incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à
garantia do direito à convivência familiar que deixa de efetuar tal comunicação.
Venda de bebida alcoólica
O artigo 258-C do ECA prevê como infração descumprir a proibição de venda de bebida alcoólica
para crianças e adolescentes. Para tal infração é prevista multa de R$3.000,00 (três mil reais) a
R$10.000,00 (dez mil reais) e interdição do estabelecimento comercial até o recolhimento da multa
aplicada.
Ante o exposto, é possível perceber que o ECA prevê punição à venda de bebidas alcoólicas a
crianças e adolescentes tanto na esfera penal quanto administrativa.
Regramento sobre a natureza e faixa etária de espetáculos
Folder de peça de teatro com indicação de limite etário
(exemplo).
O artigo 252 do ECA prevê como infração deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar,
em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação. Para tal infração é prevista
multa de três a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. 
O artigo 253 do ECA prevê como infração
anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
representações ou espetáculos sem indicar os
limites de idade a que não se recomendem.
Para tal infração é prevista multa de três a 20
salários de referência, duplicada em caso de
reincidência, aplicável, separadamente, à casa
de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou
publicidade.
O artigo 254 do ECA prevê como infração
transmitir, por meio de rádio ou televisão,
espetáculo em horário diverso do autorizado ou
sem aviso de sua classificação. Para tal
infração é prevista multa de 20 a 100 salários
de referência; duplicada em caso de reincidência; a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da
programação da emissora por até dois dias.
Saiba mais
Segundo o STF, é inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado” contida no art. 254 do
ECA. Para a Corte, o Estado não pode determinar que os programas somente possam ser exibidos em
determinados horários. Isso seria uma imposição, o que é vedado pelo texto constitucional por
configurar censura. Dessa forma, para o STF, o Poder Público pode apenas recomendar os horários
adequados, ou seja, a classificação dos programas é somente indicativa (e não obrigatória). 
O artigo 255 do ECA prevê como infração exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo
órgão competente como inadequado a crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo. Para tal infração é
prevista multade 20 a 100 salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a
suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até 15 dias. 
O artigo 256 do ECA prevê como infração vender ou locar à criança ou ao adolescente fita de programação
em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. Para tal infração é prevista
multa de três a 20 salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
fechamento do estabelecimento por até 15 dias.
O artigo 257 do ECA prevê como infração descumprir a obrigação de que as revistas e publicações que
contêm material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes sejam comercializadas em embalagem
lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
Também comete tal infração quem não cumpre a obrigação de que as revistas e publicações destinadas ao
público infanto-juvenil não contenham ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas
alcoólicas, tabaco, armas e munições, devendo respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Para tal infração é prevista multa de três a 20 salários de referência, duplicando-se a pena em caso de
reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação. 
O artigo 258 do ECA prevê como infração deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de
observar o que dispõe o ECA sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
participação no espetáculo. Para tal infração é prevista multa de três a 20 salários de referência; em caso de
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 dias.
Ressalta-se que o STJ consolidou o entendimento de que tal responsabilidade é solidária, inclusive quando o
imóvel é locado pelo proprietário a um empresário (AgRg no Resp. 1384707/RJ).
Investigação dos crimes contra a dignidade sexual 
Diante do crescimento das tecnologias de informação, a criminalidade encontrou um novo ambiente farto para
a prática delitiva, haja vista que há inúmeros fatores que facilitam o sucesso de tais investidas criminosas. Há
que se ressaltar que a internet se tornou um espaço onde o usuário expõe sua vida, tornando-se cada vez
mais vulnerável, tendo tal circunstância facilitado a prática de crimes contra crianças e adolescentes. 
Considerando tais fatos, o Estatuto da Criança e do Adolescente foi alterado pela Lei nº 13.441 de 2017 para
possibilitar a infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar os crimes contra a dignidade
sexual de crianças e adolescentes previstos nos artigos 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D do próprio
estatuto e nos artigos 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal). 
A infiltração policial prevista na Lei nº 13.441 de 2017 consiste em técnica especial e subsidiária de
investigação, qualificada pela atuação dissimulada e sigilosa de agente policial, seja presencial ou
virtualmente, em face de um criminoso ou grupo de criminosos, com a finalidade de localizar fontes de prova,
identificar criminosos e obter elementos de convicção para elucidar o delito e desarticular associação ou
organização criminosa, auxiliando também na prevenção de ilícitos penais.
Dessa forma, a infiltração policial é gênero do qual são espécies:
Presencial (física) Virtual (cibernética ou eletrônica)
Inicialmente, conforme disposto no ECA, a infiltração de agentes será precedida de autorização judicial
devidamente circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração para obtenção de
prova, ouvido o Ministério Público. 
Tal infiltração acontece mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de polícia,
e conterá a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das
pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação
dessas pessoas.
Quanto ao prazo, a infiltração não poderá exceder o prazo de 90 dias, sem prejuízo de eventuais renovações,
desde que o total não exceda a 720 dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade
judicial. Entretanto, para tal, a autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais
da operação de infiltração antes do término do prazo.
Relembrando
A infiltração de agentes de polícia na internet é meio de investigação subsidiário, não sendo admitido se
a prova puder ser obtida por outros meios. 
Adicionalmente, por envolverem casos extremamente complexos, as informações da operação de infiltração
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo e,
antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao
delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações.
Com a finalidade de garantir a efetividade das investigações, a lei prevê que não comete crime o
policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e
materialidade dos crimes a que busca investigar.
Por fim, concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório
circunstanciado. 
Adicionalmente, os atos eletrônicos registrados serão reunidos em autos apartados e apensados ao processo
criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a preservação da identidade do agente policial
infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Crimes contra a convivência familiar e comunitária
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Infrações administrativas
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Verificando o aprendizado
Questão 1
(PC-CE - IDECAN - 2021) Consoante entendimento dos tribunais superiores acerca do Estatuto da Criança e
do Adolescente, assinale a alternativa correta.
A
Se um adolescente for flagrado, dentro de um bar, comprando e consumindo bebida alcoólica, poderá sofrer
aplicação de medida socioeducativa.
B
Configura crime único de corrupção de menores o agente, maior de idade, que pratica infração penal
juntamente com dois menores de 18 anos.
C
A montagem fotográfica que simula a participação de adolescente em cena de sexo explícito não é tipificada;
apenas o seria se a simulação fosse em vídeo.
D
O proprietário do estabelecimento comercial em que ocorre a venda de bebida alcoólica a menor de 18 anos,
mesmo que desconheça essa prática, responde criminalmente por delito previsto no ECA.
E
Para a configuração do delito de corrupção de menores não se exige que a vítima tenha, efetivamente, se
corrompido, pois o delito em análise é classificado como formal.
A alternativa E está correta.
Segundo entendimento sumulado do STJ, a configuração do crime do art. 244-B do ECA (corrupção)
independe da prova da efetiva corrupção do menor por se tratar de delito formal.
Questão 2
(PC-PA - Instituto AOCP - 2021) João, utilizando seus conhecimentos em informática e visando ao ganho
financeiro, vendeu, pela internet, vídeo que continha cena de sexo explícito envolvendo crianças e
adolescentes. Tendo em vista a conduta hipotética narrada, bem como as disposições do Estatuto da Criança
e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), João, caso condenado, estará sujeito à pena de
A
detenção, de um a três anos, e multa.
B
detenção, de dois a quatro anos, e multa.
C
reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
D
reclusão, de três a seis anos, e multa.
E
reclusão, de quatro a oito anos, e multa.
A alternativa E está correta.
O art. 241-C do ECA determina que vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registroque
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente é crime com pena
prevista de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
4. Conclusão
Considerações finais
O Estatuto da Criança e do Adolescente estabeleceu o funcionamento de diversos órgãos de defesa e
proteção dos menores. Entre tais órgãos, o Conselho Tutelar, conforme analisado, é um dos mais importantes,
sendo o responsável, em regra, pelo primeiro atendimento de crianças e adolescentes em situação de risco. 
Adicionalmente, estudamos as regras gerais referentes ao acesso à Justiça, bem como a competência
territorial e material da Justiça da Infância e da Juventude, responsável por dirimir conflitos envolvendo
interesses dos menores. 
Prosseguindo, analisamos os crimes e as infrações administrativas previstas no Estatuto da Criança e do
Adolescente, com finalidade de coibir condutas contrárias aos interesses dos menores, bem como punir
eventuais infratores. Por fim, analisamos o procedimento de investigação dos crimes contra a dignidade
sexual de crianças e adolescentes, de extrema importância na prevenção de tais condutas e na punição de
eventuais culpados.
Podcast
Neste podcast, o professor aborda os aspectos mais relevantes do conteúdo.
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Para um maior aprofundamento, leia o livro II, Títulos V, VI e VII da obra Estatuto da Criança e do Adolescente -
Doutrina e Jurisprudência, de Válter Kenki Ishida.
Referências
ALVES ROSSATO, L.; LÉPORE, P. Manual de Direito da Criança e do Adolescente. 1. ed. rev., ampl. e atual.
Salvador: JusPodivm, 2021.
 
KENKI ISHIDA, V. Estatuto da Criança e do Adolescente - Doutrina e Jurisprudência. 21. ed. rev., ampl. e atual.
Salvador: JusPodivm, 2021.
Proteção e Defesa à Criança e
Adolescente
A proteção e defesa à criança e ao adolescente, suas medidas de proteção, a política de atendimento, os
atos Infracionais e as medidas pertinentes aos pais.
Prof. Edison Ponte Burlamaqui
1. Itens iniciais
Propósito
Compreender a proteção à criança e ao adolescente não só no Direito em si, mas, designadamente, a defesa
desse direito na prática forense, é fundamental para o profissional da área.
Preparação
Antes de iniciar o estudo deste conteúdo, tenha em mãos o Estatuto da Criança de do Adolescente e a
Constituição Federal.
Objetivos
Distinguir as medidas de proteção e políticas de atendimento.
Identificar os atos infracionais e as medidas socioeducativas.
Introdução
A doutrina da proteção integral, regida pela Constituição de 1988, estabelece a necessidade de se respeitar
os direitos das crianças e dos adolescentes, lembrando que são pessoas em desenvolvimento, sujeitos de
direito, e que, portanto, também possuem um conjunto de direitos fundamentais. Assim, com essa nova
doutrina, as crianças e os adolescentes ganham um novo status, como sujeitos de direitos e não mais apenas
como menores objetos de repressão, em situação irregular, abandonados ou delinquentes. Percebemos,
então, a importância de proteger os menores, bem como de garantir seu desenvolvimento regular e saudável. 
Ante o exposto, iniciaremos com o estudo da política de atendimento e das medidas de proteção, essenciais
para garantir a preservação dos direitos dos menores. Posteriormente, trataremos dos atos infracionais
relacionados aos menores que praticam condutas ilícitas, mas que, apesar disso, merecem atenção especial.
Por fim, trataremos das medidas aplicáveis aos pais, que têm, em regra, o objetivo de buscar a recuperação
daqueles responsáveis pela criação dos menores. 
• 
• 
1. Medidas de proteção e políticas de atendimento
Política de atendimento
Política de atendimento e entidades
O professor Edison Burlamaqui discorre sobre o que é a política de atendimento e sobre as entidades de
atendimento.
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Definição
A Política de atendimento é o conjunto de medidas, ações e programas, públicos e privados, direcionados ao
atendimento de crianças e adolescentes. 
Segundo o artigo 204 da Constituição Federal, as ações governamentais na área da assistência social devem
ser realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, além de outras fontes, e organizadas com
base nas seguintes diretrizes: 
Participação da população
A população formula políticas e controla as ações por meio de organizações representativas.
Descentralização político-administrativa
A coordenação e as normas gerais são de competência federal enquanto a coordenação e a execução
dos programas são de competência estadual e municipal e das entidades beneficentes e de
assistência social.
A Constituição adota o modelo de descentralização político-administrativa, com participação dos entes
estaduais e municipais, sendo tal previsão considerada mais eficiente, pois os entes menores têm melhores
condições de identificar as necessidades e as ações a serem tomadas.
Linhas de ação
Segundo o artigo 86 e 87 do ECA, a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á
por meio de um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos estados,
do Distrito Federal e dos municípios, possuindo as seguintes linhas de ação:
 
I. políticas sociais básicas;
II. serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e de
prevenção e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências;
III. serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-
tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
IV. serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
V. proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente;
VI. políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a
garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes;
VII. campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do
convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com
necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.
Ações no pronto-socorro infantil e na pediatria promovidas pela Secretaria de Saúde
Pública em comemoração aos 31 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) em Belém (2021).
Ações promovidas pela Secretaria de Assistência Social em comemoração do
aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no distrito de Guajiru,
Ceará (2021).
Diretrizes
O artigo 88 do ECA, por sua vez, estabelece as diretrizes da política de atendimento, tudo em consonância
com aquelas estabelecidas na Constituição Federal. São elas:
 
I. municipalização do atendimento;
II. criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos
deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por
meio de organizações representativas;
III. criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa;
IV. manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
da criança e do adolescente;
V. integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e
Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a
adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;
VI. integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e
encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização do
atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional,
com vista na sua rápida reintegraçãoà família de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente
inviável, sua colocação em família substituta;
VII. mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade;
VIII. especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil;
IX. formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça a
intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral;
X. realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.
Adicionalmente, destaca-se que o ECA estabelece que a função de membro do conselho nacional e dos
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse público
relevante e não será remunerada.
Entidades de atendimento
Disposições gerais
As entidades de atendimento integram-se à rede local pelo tipo ou tipos de regimes de atendimento por elas
praticados na implementação das medidas protetivas ou socioeducativas estabelecidas no ECA. 
O regime de atendimento é, portanto, o elemento determinante da natureza de uma entidade de atendimento.
Assim sendo, ele se torna o critério essencial da organização, da estrutura e do funcionamento de uma
unidade de atendimento. Dessa forma, uma entidade de atendimento é uma pessoa jurídica que pode
implementar um ou mais programas de atendimento. 
De acordo com o artigo 90 do ECA, as entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das
próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de proteção e socioeducativos
destinados a crianças e adolescentes, em regime de:
 
I. orientação e apoio sócio-familiar;
II. apoio socioeducativo em meio aberto;
III. colocação familiar;
IV. acolhimento institucional;
V. prestação de serviços à comunidade;
VI. liberdade assistida;
VII. semiliberdade;
VIII. internação.
Tais entidades, governamentais e não governamentais,
deverão proceder à inscrição de seus programas,
especificando os regimes de atendimento no conselho
municipal dos direitos da criança e do adolescente, o qual
manterá registro das inscrições e de suas alterações, do
que fará comunicação ao conselho tutelar e à autoridade
judiciária.
Importante destacar que os programas em execução serão
reavaliados, no máximo, a cada dois anos, constituindo-se
critérios para renovação da autorização de funcionamento:
Normas e diretrizes 
O cumprimento ao ECA e às resoluções dos
Conselhos de Direitos da Criança e do
Adolescente sobre a modalidade de
atendimento prestado.
Resultados 
Os índices de sucesso na reintegração familiar
ou de adaptação à família substituta, nos
programas de acolhimento institucional ou
familiar.
Qualidade
A qualidade e eficiência do trabalho realizado,
que devem ser atestadas pelo Conselho Tutelar,
Ministério Público e pela Justiça da Infância e
da Juventude.
Segundo o artigo 91 do ECA: 
As entidades não governamentais, por sua vez, somente poderão funcionar depois de registradas no
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao Conselho
Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade.
(Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990)
Ressalta-se que não será concedido o registro à entidade que não ofereça instalações físicas em condições
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; não apresente plano de trabalho compatível
com os princípios do ECA; esteja irregularmente constituída; tenha em seus quadros pessoas inidônea; e não
se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e deliberações relativas à modalidade de atendimento
prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis. 
O registro, por sua vez, terá validade máxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação.
Princípios e obrigações
Importante apontar que o artigo 92 do ECA estabelece que as entidades que desenvolvam programas de
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princípios:
 
I. preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar;
II. integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família natural ou
extensa;
III. atendimento personalizado e em pequenos grupos;
IV. desenvolvimento de atividades em regime de coeducação;
V. não desmembramento de grupos de irmãos;
VI. evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
VII. participação na vida da comunidade local;
VIII. preparação gradativa para o desligamento;
IX. participação de pessoas da comunidade no processo educativo.
O mesmo dispositivo legal estabelece que o dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento
institucional é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito, bem como os dirigentes de entidades
que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade judiciária, no
máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou adolescente
acolhido e sua família, para fins da reavaliação. 
Da mesma forma, o ECA determina que, salvo determinação em contrário da autoridade judiciária competente,
as entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio
do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o contato da criança ou adolescente com
seus pais e parentes.
Saiba mais
O artigo 93 do ECA ainda estabelece que as entidades que mantenham programa de acolhimento
institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas
ao juiz da infância e da juventude, sob pena de responsabilidade. 
O artigo 94 do ECA, por sua vez, estabelece que as entidades que desenvolvem programas de internação têm
as seguintes obrigações:
 
I. observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes;
II. não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na decisão de internação;
III. oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos reduzidos;
IV. preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao adolescente;
V. diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos familiares;
VI. comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se mostre inviável ou impossível o
reatamento dos vínculos familiares;
VII. oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança
e os objetos necessários à higiene pessoal;
VIII. oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
IX. oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;
X. propiciar escolarização e profissionalização;
XI. propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
XII. propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças;
XIII. proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XIV. reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
autoridade competente;
XV. informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação processual;
XVI. comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes portadores de moléstias
infectocontagiosas;
XVII. fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;
XVIII. manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de egressos;
XIX. providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem;
XX.manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente,
seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de
seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento.
Atenção
As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes devem ter
em seus quadros profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou
ocorrências de maus-tratos. 
Fiscalização
As entidades governamentais e não governamentais serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público
e pelos Conselhos Tutelares. Importante acrescentar a esse rol a Defensoria Pública, que possui legitimidade
para atuar na tutela de direitos individuais e coletivos dos hipossuficientes. 
Dessa forma, o artigo 97 do ECA estabelece as seguintes medidas aplicáveis às entidades de atendimento
que descumprirem suas obrigações, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou
prepostos:
I - ÀS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS
advertência;
afastamento provisório de seus
dirigentes;
afastamento definitivo de seus
dirigentes;
fechamento de unidade ou interdição de
programa.
II - ÀS ENTIDADES NÃO
GOVERNAMENTAIS
advertência;
suspensão total ou parcial do repasse de
verbas públicas;
interdição de unidades ou suspensão de
programa;
cassação do registro.
Importante destacar que as pessoas jurídicas de direito público e as organizações não governamentais 
responderão pelos danos que seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o
descumprimento dos princípios norteadores das atividades de proteção específica.
Medidas de proteção
Disposições gerais das medidas de proteção
As medidas de proteção são aplicáveis às crianças e aos adolescentes em situação de risco e às crianças que
cometem ato infracional. A situação de risco, por sua vez, ocorre nas hipóteses em que os direitos da criança
ou do adolescente estão ameaçados ou já foram violados. Dessa forma, o objetivo das medidas de proteção é
exatamente sanar a violação do direito ou impedir que tal ocorra. 
O artigo 98 do ECA estabelece que as medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre
que os seus direitos forem ameaçados (tutela preventiva) ou violados (tutela protetiva):
1
Em razão de sua conduta
2
Por ação ou omissão da sociedade ou do
Estado
3
Por falta, omissão ou abuso dos pais ou
responsável
Desse modo, é possível perceber que a sociedade, os pais, o Estado e a própria criança ou adolescente
podem ser responsáveis por colocar os menores em situação de risco. 
As medidas de proteção poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a
qualquer tempo. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se
aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. 
Dessa forma, o objetivo do ECA é fortalecer os vínculos familiares e comunitários. Assim, a aplicação de
medidas de proteção deve atender às necessidades pedagógicas da criança ou do adolescente, a fim de,
justamente, fortalecer os vínculos e não os enfraquecer.
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Medidas específicas de proteção
Com a finalidade de garantir maior proteção aos menores, o artigo 100 do ECA estabelece princípios que
regem a aplicação das medidas de proteção. O artigo 101 do ECA, por sua vez, descrimina as espécies de
medidas de proteção, sendo tal rol exemplificativo, podendo a autoridade judiciária estabelecer outras
medidas que entender cabíveis. Essas medidas são:
 
I. encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II. orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III. matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV. inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da
criança e do adolescente;
V. requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI. inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
toxicômanos;
VII. acolhimento institucional;
VIII. inclusão em programa de acolhimento familiar; e
IX. colocação em família substituta.
Importante destacar que o acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e
excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para
colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade. 
Deve-se pontuar que o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência
exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem
tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável
legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
O ECA estabelece ainda que, verificada a
hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso
sexual impostos pelos pais ou responsável, a
autoridade judiciária poderá determinar, como
medida cautelar, o afastamento do agressor da
moradia comum. Constará também a fixação
provisória dos alimentos de que necessitem a
criança ou o adolescente dependentes do
agressor.
De tal medida cautelar constará, ainda, a
fixação provisória dos alimentos de que
necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor. 
Quanto ao local do acolhimento familiar, este ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do
responsável, e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade, a
família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo
facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. Verificada a possibilidade de
reintegração familiar, o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional fará imediata
comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias,
decidindo em igual prazo. 
Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem,
após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será
enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das
providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela
execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar, para:
Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementares ou de
outras providências indispensáveis ao ajuizamento da demanda. 
Ressalta-se, por fim, que a autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro
contendo informações atualizadas sobre as crianças e os adolescentes em regime de acolhimento familiar e
institucional sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada
um, bem como as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família substituta.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Fiscalização das entidades
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Medidas específicas de proteção
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Garantias processuais
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Verificando o aprendizado
Questão 1
(TJ-PA – 2019 – CESPE) Na aplicação das medidas específicas de proteção à criança e ao adolescente, são
preferíveis aquelas que visem
A
ao fortalecimento da autoestima do menor.
B
ao desenvolvimento de atividadesem regime de coeducação.
1 
A destituição do poder familiar
2 
A destituição de tutela ou guarda
C
ao fortalecimento dos vínculos familiares.
D
à participação da família na vida escolar.
E
à integração em família da comunidade local.
A alternativa C está correta.
Segundo o art. 100 do ECA, na aplicação das medidas, levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas,
preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Questão 2
(TJ-PR – 2019 – CESPE) Assinale a alternativa que indica medida de proteção à criança e ao adolescente
prevista no ECA e aplicável quando os direitos reconhecidos desse grupo social forem ameaçados ou
violados.
A
Obrigação de reparar o dano.
B
Internação da criança ou do adolescente em estabelecimento educacional.
C
Colocação da criança ou do adolescente em família substituta.
D
Intervenção mínima.
E
Colocação da criança ou do adolescente para adoção.
A alternativa C está correta.
Segundo o art. 101, IX do ECA, verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98 (situação de risco), a
autoridade competente poderá determinar, dentre outras, a colocação em família substituta.
2. Ato infracional
Da prática de ato infracional 
Sobre o ato infracional
O ato infracional corresponde a toda conduta prevista como crime ou contravenção praticada por criança ou
por adolescente. Trata-se de categoria jurídica própria, autônoma em relação a crimes e contravenções.
Entretanto, grande parte da doutrina entende que é uma categoria que pertence ao gênero dos delitos.
São penalmente inimputáveis os menores de dezoito (18) anos, sujeitos às medidas previstas no
Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 28 da CF, 27 do CP e 104 do ECA), devendo ser
considerada a idade do adolescente à data do fato.
Dessa forma, quanto ao tempo em que o ato é praticado (fato), aplica-se a mesma teoria do Código Penal, ou
seja, a teoria da atividade. Assim, considera-se praticado o ato no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o local do resultado. 
Destaca-se que, segundo o STJ, se à época do fato o adolescente tinha menos de 18 anos, nada impede que
permaneça no cumprimento de medida socioeducativa imposta, ainda que implementada sua maioridade civil.
É o que determina, aliás, o ECA:
Art. 2º, parágrafo único, do ECA
Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
vinte e um anos de idade.
Súmula 605 do STJ
A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na
aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não
atingida a idade de 21 anos.
Importante relembrar, como já dito, que ao ato infracional praticado por crianças se aplicam as medidas de
proteção. Dessa forma, a criança também pratica ato infracional, mas a ela não são aplicáveis medidas
socioeducativas, apenas as de proteção.
Assim, quanto às crianças e aos adolescentes que praticam atos infracionais, podem ser adotadas as
seguintes medidas:
Crianças
O tratamento será exclusivamente protetivo,
sendo as crianças absolutamente inimputáveis,
independentemente da gravidade do fato ou
das consequências, aplicando-se apenas
medidas de proteção.
Adolescentes
São submetidos à responsabilidade
socioeducativa por meio das medidas
socioeducativas previstas no artigo 112 e
seguintes do ECA. Entretanto, os adolescentes
portadores de doença ou deficiência mental
receberão tratamento individual e
especializado, em local adequado às suas
condições.
Direitos individuais dos menores
O ECA determina que nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Adicionalmente, impõe
que o adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado
acerca de seus direitos. 
Estabelece, ainda, o ECA que o adolescente apreendido em razão de ordem judicial deve ser apresentado à
autoridade judiciária (art. 171 do ECA). O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional, por sua vez,
deve ser encaminhado à autoridade policial com atribuição para lavrar a ocorrência (art. 172 do ECA). 
Atenção
A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti
comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada,
devendo ser examinada, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação
imediata. 
Conforme determina o ECA, o adolescente pode ser liberado quando sua apreensão tiver sido ilegal, ou
quando, apreendido em flagrante de ato infracional, possa ser reintegrado à família (art. 174). 
Importante destacar que a internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de
quarenta e cinco (45) dias, devendo a decisão ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de
autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. Ocorre que, conforme
entendimento do STJ, a gravidade em abstrato do ato infracional não é motivação idônea para fundamentar o
decreto de apreensão provisória do adolescente.
Havendo a inobservância do prazo, deve haver a colocação em liberdade do menor, configurando a
manutenção de sua internação constrangimento ilegal, sendo sanável por meio de Habeas Corpus.
O ECA estabelece, ainda, que o adolescente civilmente identificado não será submetido à identificação
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida
fundada, bem como não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial,
em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob
pena de responsabilidade. 
Por fim, a internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
estabelecimento prisional. Inexistindo na comarca entidade capaz de recebê-lo, o adolescente deverá ser
imediatamente transferido para a localidade mais próxima. Sendo impossível a pronta transferência, o
adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com
instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de 5 (cinco) dias, sob pena de
responsabilidade.
Garantias processuais
Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal, sendo-lhe asseguradas,
entre outras, as seguintes garantias (rol exemplificativo):
 
I. pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;
II. igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as
provas necessárias à sua defesa;
III. defesa técnica por advogado;
IV. assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
V. direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
VI. direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.
É importante destacar que, na hipótese de regressão da medida socioeducativa, que é a substituição de uma
medida mais branda por uma mais gravosa em razão de descumprimentos reiterados da medida
anteriormente imposta, o menor tem o direito de ser ouvido. Esse é o entendimento do STJ: 
Súmula 265 do STJ ‒ É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da
medida socioeducativa.
O STJ entende que, no procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras
provas em face da confissão do adolescente (Súmula 342 do STJ0). Dessa forma, a confissão do adolescente
não pode ser o único meio de prova para lhe impor medida socioeducativa, devendo o Ministério Público
provar devidamente a autoria e a materialidade do ato infracional.
Medidas socioeducativas
Medidas socioeducativas e suas espécies
No vídeo a seguir, o professor Edison Burlamaqui discorre sobre as medidas socioeducativas e suasespécies.
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O que são medidas socioeducativas?
As medidas socioeducativas são medidas sancionatórias que encerram um programa de caráter
proeminentemente pedagógico, impostas obrigatoriamente ao adolescente, autor de ato infracional, com a
finalidade de reorganizar seus valores pessoais, sem prejuízo de ser uma resposta à violação da ordem com
caráter preventivo. 
Essas medidas possuem três objetivos marcantes:
Objetivo 1
A desaprovação da conduta infracional.
Objetivo 2
A integração social e garantia de seus direitos
individuais e sociais por meio do cumprimento
de seu plano individual de atendimento.
Objetivo 3
A responsabilização do adolescente quanto às
consequências lesivas do ato infracional,
sempre que possível incentivando sua
reparação.
O artigo 112 do ECA estabelece as espécies de medidas socioeducativas, sendo este rol taxativo. São estas:
 
I. advertência;
II. obrigação de reparar o dano;
III. prestação de serviços à comunidade;
IV. liberdade assistida;
V. inserção em regime de semiliberdade;
VI. internação em estabelecimento educacional;
VII. qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI (medidas de proteção).
Destaca-se que a medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as 
circunstâncias e a gravidade da infração. Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação
de trabalho forçado. 
Como já dito, é perfeitamente possível a cumulação de medidas socioeducativas e de proteção a um
adolescente e a sua substituição a qualquer tempo. Nesse caso, em atenção ao contraditório, deve-se dar a
oportunidade de o adolescente e seu defensor público (ou advogado) se manifestarem acerca da pertinência
e adequação da substituição da medida.
Atividades socioeducativas no Centro de Orientação ao Adolescente de Campinas
(Comec) em parceria com a Fundação FEAC, referência nacional no atendimento a
adolescentes autores de atos infracionais.
Por fim, cabe ressaltar que o ECA, em seu artigo 114, estabelece que a imposição das medidas de reparação
do dano, prestação de serviços, liberdade assistida, semiliberdade ou internação pressupõe a existência de
provas suficientes da autoria e da materialidade da infração. A advertência, por sua vez, poderá ser aplicada
sempre que houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.
Advertência; obrigação de reparar o dano; e prestação de serviços à
comunidade
Segundo artigo 115 do ECA, a advertência corresponde à repreensão verbal feita pelo juiz ao adolescente em
audiência, depois tomada por termo assinado pelos presentes, sendo essa medida empregada nas situações
de ato infracional de pequeno potencial ofensivo. De acordo com o artigo 116 do ECA, em se tratando de ato
infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente 
restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Desse
modo, tal medida consiste na imposição ao adolescente da obrigação de reparar o dano ocasionado à vítima
em virtude da prática do ato infracional. 
Atenção
Tal medida pode ser aplicada por meio da indenização em pecúnia, restituição da coisa e da imposição
de providência compensatória em relação ao dano. Entretanto, havendo manifesta impossibilidade, a
medida poderá ser substituída por outra adequada. 
A prestação de serviços à comunidade consiste na imposição ao adolescente do dever de prestar atividade
laborativa gratuita em favor de entidade pública ou privada que tenha suas atividades na área da educação,
saúde, atendimento social etc. Essa medida tem o objetivo principal de restabelecer no adolescente os seus
vínculos com determinados valores sociais, podendo perdurar por no máximo de seis meses, com uma carga
de até oito horas semanais.
Importante destacar que a medida deve ser implementada aos sábados, domingos e feriados, ou em dias
úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho, sendo impostos
serviços compatíveis com as aptidões do menor. 
Outras medidas socioeducativas
Liberdade assistida
A liberdade assistida consiste no acompanhamento e orientação do autor do ato infracional por um orientador
de confiança do juízo, durante o tempo em que esta alternativa pareça indispensável.
A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de 6 (seis) meses, podendo, a qualquer tempo, ser
prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
Conforme entendimento do STJ, na falta de previsão específica de prazo máximo de cumprimento da
liberdade assistida, aplica-se a regra da internação, que fixa em três anos o prazo máximo de cumprimento de
medida socioeducativa.
Aula de História e Política na Alerj para jovens em liberdade assistida. RJ, 2018.
Destaca-se que, conforme o artigo 119 do ECA, incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da
autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:
 
I. promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se
necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
II. supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua
matrícula;
III. diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
IV. apresentar relatório do caso. Este deve orientar, acompanhar e promover o adolescente.
Por fim, é importante ressaltar que o orientador deve ser uma pessoa maior, capaz e idônea, não havendo
quaisquer outros requisitos.
Regime de semiliberdade
A inserção em regime de semiliberdade é medida em que o juiz impõe ao adolescente sua inserção em
estabelecimento adequado, onde ele permanecerá recluso, podendo sair apenas, sem autorização, para
trabalho e estudo, devendo retornar depois para ali permanecer, inclusive em fins de semana. 
Essa medida é justificada quando existe uma vida infracional intensa e uma inviabilidade das outras medidas,
podendo ser aplicada como medida inicial ou como transição para medida de meio aberto. Sendo assim, em
regra, é medida intermediária de saída da internação. 
Destaca-se que essa medida não comporta prazo determinado, aplicando-se, no que couber, as disposições
relativas à internação, tendo, assim, o prazo máximo de três anos.
A vedação de realização de atividades externas e de visitação à família depende de fundamentação
do juízo, conforme entendimento STF. 
Adicionalmente, conforme já indicado, o adolescente está sujeito à aplicação das medidas socioeducativas até
completar 21 anos.
Internação
A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios da brevidade, excepcionalidade e
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Dessa forma, a medida de internação só pode
ser utilizada quando não for cabível outra medida mais adequada. 
Atenção
A internação deve ser extinta ou substituída por medida não privativa de liberdade o mais brevemente
possível, não sendo viável o seu prolongamento por período indeterminado. A medida deve, ainda,
respeitar a dignidade do adolescente e sua condição peculiar. 
Destaca-se que será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade,
salvo expressa determinação judicial em contrário. Dessa forma, é possível que o juiz ressalve a saída à sua
própria autorização, desde que tal decisão seja devidamente fundamentada. 
A medida de internação não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante
decisão fundamentada, no máximo a cada 6 (seis) meses, e, em nenhuma hipótese, o período máximo de
internação excederá a 3 (três) anos. Entretanto, no caso da hipótese de regressão, o prazo máximo da medida
de internação será de 3 (três) meses. 
Atingido o prazo limite, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de
liberdadese atribua prática de ato infracional.
IX. cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo e 
X. fornecer regularmente os dados necessários ao povoamento e à atualização do Sistema.
cofinanciar, com os demais entes federados, a execução de programas e ações destinados ao
atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles
destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa privativa de liberdade.
Municípios
Conforme o artigo 5º da Lei 12.594/2012, compete aos municípios:
I. formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo,
respeitadas as diretrizes fixadas pela União e pelo respectivo Estado.
II. elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, em conformidade com o Plano Nacional
e o respectivo Plano Estadual.
III. criar e manter programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas em meio
aberto.
IV. editar normas complementares para a organização e funcionamento dos programas do seu
Sistema de Atendimento Socioeducativo.
V. cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer
regularmente os dados necessários ao povoamento e à atualização do Sistema.
VI. cofinanciar, conjuntamente com os demais entes federados, a execução de programas e ações
destinados ao atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem
como aqueles destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa em meio aberto.
Ressalta-se que ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente competem as 
funções deliberativas e de controle do Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo.
Por fim, ao Distrito Federal, conforme o artigo 6º da Lei 12.594/2012, cabem cumulativamente, as
competências dos Estados e dos Municípios.
Diagnóstico pautado em normas legais de justiça.
Diretrizes das ações do SINASE
As ações do SINASE são executadas com base no Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo, que tem
por objetivo nortear o planejamento, a construção, a execução, o monitoramento e a avaliação dos planos
estaduais, municipais e distrital. 
O plano nacional deve incluir um diagnóstico da
situação do SINASE, as diretrizes, os objetivos,
as metas, as prioridades e as formas de
financiamento e gestão das ações de 
atendimento para os 10 (dez) anos seguintes,
em sintonia com os princípios elencados no
Estatuto da Criança e do Adolescente.
 
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
por sua vez, deverão, com base no Plano
Nacional de Atendimento Socioeducativo,
elaborar seus planos decenais
correspondentes.
Adicionalmente, os Planos de Atendimento
Socioeducativo deverão, obrigatoriamente,
prever ações articuladas nas áreas de educação, saúde, assistência social, cultura, capacitação para o
trabalho e esporte, para os adolescentes atendidos, cabendo ao Poder Legislativo, por meio de suas
comissões temáticas pertinentes, acompanhar a execução dos Planos de Atendimento Socioeducativo dos
respectivos entes federados. 
Ressalta-se que a União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, realizará
avaliações periódicas da implementação dos Planos de Atendimento Socioeducativo em intervalos
não superiores a 3 (três) anos.
O objetivo da avaliação é verificar o cumprimento das metas estabelecidas e elaborar recomendações aos
gestores e operadores dos Sistemas, contando o processo de avaliação com a participação de representantes
do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos Conselhos Tutelares. 
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Distinções conceituais.
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Diretrizes das ações do Sinase.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Considerando as normas que regem o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, marque a alternativa
que indica uma competência dos Estados.
A
Contribuir para a qualificação e ação em rede dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo.
B
Estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento das unidades e programas de atendimento e as
normas de referência destinadas ao cumprimento das medidas socioeducativas de internação e
semiliberdade.
C
Criar e manter programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas em meio aberto.
D
Editar normas complementares para a organização e funcionamento dos programas do seu Sistema de
Atendimento Socioeducativo.
E
Garantir defesa técnica do adolescente a quem se atribua prática de ato infracional.
A alternativa C está correta.
Segundo o art. 4º, VIII da Lei 12.594/2012, compete aos Estados garantir a defesa técnica do adolescente a
quem se atribua prática de ato infracional.
Questão 2
De acordo com a Lei 12.594/2012, o plano nacional de atendimento socioeducativo deve incluir um
diagnóstico da situação do SINASE, as diretrizes, os objetivos, as metas, as prioridades e as formas de
financiamento e gestão das ações de atendimento para:
A
os 10 (dez) anos seguintes, em sintonia com os princípios elencados no Estatuto da Criança e do Adolescente.
B
os 5 (cinco) anos seguintes, em sintonia com os princípios elencados no Estatuto da Criança e do
Adolescente.
C
os 20 (vinte) anos seguintes, em sintonia com os princípios elencados no Estatuto da Criança e do
Adolescente.
D
os 15 (quinze) anos seguintes, em sintonia com os princípios elencados no Estatuto da Criança e do
Adolescente.
E
os 3 (três) anos seguintes, em sintonia com os princípios elencados no Estatuto da Criança e do Adolescente.
A alternativa A está correta.
Segundo o art. 7º, VIII da Lei 12.594/2012, o plano nacional de atendimento socioeducativo deve incluir um
diagnóstico da situação do SINASE, as diretrizes, os objetivos, as metas, as prioridades e as formas de
financiamento e gestão das ações de atendimento para os 10 (dez) anos seguintes, em sintonia com os
princípios elencados no Estatuto da Criança e do Adolescente.
2. Programas de atendimento
Conceituação dos programas de atendimentos
Agora veremos as regras que regem os programas de meio aberto e os programas de privação da liberdade.
Analisaremos as principais competências e obrigações da direção dos programas, os requisitos para inscrição,
a estrutura das unidades, entre outros aspectos, deixando para depois as regras referentes à execução das
medidas socioeducativas. 
Comentário
Inicialmente, é preciso pontuar que as medidas de proteção, de advertência e de reparação do dano,
quando aplicadas de forma isolada, serão executadas nos próprios autos do processo de conhecimento.
Já para aplicação das medidas socioeducativas de prestação de serviços à comunidade, liberdade
assistida, semiliberdade ou internação, será constituído processo de execução para cada adolescente.
Dessa forma, trataremos aqui apenas destas últimas. 
Antes de analisar de forma detalhada os programas de atendimento, é preciso verificar os requisitos
obrigatórios para sua inscrição, que basicamente são as informações e os documentos necessários para que o
programa possa funcionar.
Segundo o artigo 11 da Lei 12.594/2012, são requisitos obrigatórios para a inscrição de programa de
atendimento:
I. a exposição das linhas gerais dos métodos e técnicas pedagógicas, com a especificação das atividades de
natureza coletiva;
 
II. indicação da estrutura material, dos recursos humanos e das estratégias de segurança compatíveis com as
necessidades da respectiva unidade;
 
III. regimento interno que regule o funcionamento da entidade. Para este, observe a seguir o mínimo que lhe
deverá constar:
a
O detalhamento das atribuições e responsabilidades do dirigente, de
seus prepostos, dos membros da equipe técnica e dos demais
educadores.
b
A previsão das condições do exercício da disciplina e concessão de
benefíciosassistida. Ademais, a liberação será compulsória aos 21 anos de idade. 
Segundo o STJ, a idade de 21 anos é aplicável também no caso de adolescente que sofre de
distúrbios psiquiátricos. 
Para a corte, o critério estabelecido pelo ECA é objetivo, não sendo possível impor outros requisitos de ordem
subjetiva para a não desinternação do menor. Segundo o artigo 122 do ECA, a medida de internação só
poderá ser aplicada quando se trarar de umas das três situações que seguem: 
I
Ato infracional cometido mediante grave
ameaça ou violência a pessoa.
II
Reiteração no cometimento de outras infrações
graves.
III
Descumprimento reiterado e injustificável da
medida anteriormente imposta (regressão).
Segundo a doutrina e jurisprudência, mesmo que as condutas sejam apenas tentadas, é possível aplicar a
medida de internação. Ressalta-se, contudo, que existem crimes hediondos e graves que não são praticados
mediante violência ou grave ameaça, não sendo possível, nesses casos, a aplicação da medida. Assim, a
gravidade do fato, do ponto de vista da legislação penal, é irrelevante. Dessa forma, segundo o STJ e STF, em
regra, não é cabível a medida de internação no caso de tráfico de drogas, quando o adolescente for primário,
por não haver violência ou grave ameaça. 
O STF determina que a medida de internação não será aplicada quando outra medida se mostrar
adequada à ressocialização do adolescente. 
Adicionalmente, conforme se depreende da leitura do ECA, a medida de internação não é obrigatória, nem
mesmo nos casos do artigo 122. Dessa forma, o juiz pode determinar, caso entenda cabível, uma medida mais
branda. 
A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da
infração. Adicionalmente, durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
pedagógicas, não sendo admitido o cumprimento em estabelecimento penal, ainda que segregado. 
É importante apontar que o artigo 124 do ECA estabelece uma série de direitos do adolescente privado de
liberdade. São alguns desses direitos:
 
I. entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
II. peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III. avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV. ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V. ser tratado com respeito e dignidade;
VI. permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou
responsável;
VII. receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII. corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX. ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X. habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI. receber escolarização e profissionalização;
XII. realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;
XIII. ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV. receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
XV. manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo
comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;
XVI. receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
Saiba mais
Em nenhum caso haverá incomunicabilidade do menor, podendo a autoridade judiciária suspender
temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de
sua prejudicialidade aos interesses do adolescente. 
Por fim, deve-se destacar que é dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-
lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.
Prescrição das Medidas Socioeducativas
O Superior Tribunal de Justiça, por meio do entendimento sumulado 338, determina que a prescrição penal é
aplicável nas medidas socioeducativas. Entretanto, o STJ não se utiliza dos prazos prescricionais
estabelecidos para os crimes (ex.: homicídio, roubo, fruto, tráfico etc.). Dessa forma, para o cálculo da
prescrição, não são utilizados os prazos previstos como pena máxima para os crimes análogos aos atos
infracionais praticados pelos menores. 
Na realidade, a corte superior se vale da tabela de contagem de prazos da parte geral do Código Penal,
considerando, contudo, o tempo de cumprimento da medida socioeducativa previsto no estatuto. Assim, para
o cálculo da prescrição da medida socioeducativa, deve-se analisar o tempo de cumprimento da medida
imposto na sentença, sendo consultada a tabela do artigo 109 do Código Penal para se verificar a efetiva
ocorrência da prescrição.
Essa tabela é aplicável tanto para as medidas privativas de liberdade como para as restritivas de
direito.
Importante destacar ainda que, segundo o artigo 115 do Código Penal, são reduzidos de metade os prazos de
prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos. Dessa forma, no âmbito no Estatuto
da Criança e do Adolescente, essa diminuição será sempre aplicada. 
Ante o exposto, no caso das medidas de semiliberdade e internação, não se estabelece prazo fixo para o
cumprimento da medida, podendo variar do mínimo de seis meses ao máximo de três anos. Assim, para o
cálculo da prescrição, é utilizado o prazo máximo de três anos, que importa, conforme o artigo 109, IV do CP,
em um prazo prescricional de oito anos. Reduzindo à metade tal prazo, tem-se que o prazo prescricional das
medidas privativas de liberdade é de quatro anos. Não é outro o entendimento do STJ:
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DE
FURTO. APLICAÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA SEM TERMO FINAL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
SOCIOEDUCATIVA. NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Nos termos do
enunciado n. 338 da Súmula do STJ, a prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas. Diante
disso, a jurisprudência desta Corte firmou o entendimento de que, uma vez aplicada medida
socioeducativa sem termo final, deve ser considerado o período máximo de 3 anos de duração da
medida de internação, para o cálculo do prazo prescricional da pretensão socioeducativa, e não o tempo
da medida que poderá efetivamente ser cumprida até que a envolvida complete 21 anos de idade. 2.
Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1856028/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 12/05/2020, DJe
19/05/2020)
Medidas Pertinentes aos Pais 
Como já dito, o ECA estabelece a corresponsabilidade da família, da sociedade e do Estado em resguardar os
direitos das crianças e dos adolescentes integralmente e prioritariamente. Adicionalmente, o Estatuto da
Criança e do Adolescente também se ocupa em prever medidas administrativas aplicadas aos atores
familiares e sociais que desrespeitarem esse dever. É exatamente nesse contexto que se aplicam as medidas
pertinentes aos pais ou responsáveis, coordenadas entre o Conselho Tutelar e a autoridade judiciária suas
aplicações. 
O artigo 129 do ECA estabelece que são medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
 
I. encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
II. inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
toxicômanos;
III. encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV. encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V. obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar;
VI. obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
VII. advertência;
VIII. perda da guarda;
IX. destituição da tutela;
X. suspensão ou destituição do poder familiar.
Destaca-se que, verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou
responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da
moradia comum. Adicionalmente, da medida cautelarconstará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de
que necessitem a criança ou o adolescente dependente do agressor.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Sobre o ato infracional
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Direitos individuais dos menores
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Medidas pertinentes aos pais
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Verificando o aprendizado
Questão 1
(TJ-SP – 2021 – VUNESP) Acerca da superveniência da maioridade penal do adolescente (18 anos), enquanto
submetido à medida socioeducativa, é correto afirmar que
A
a medida socioeducativa poderá ser estendida apenas na hipótese de internação.
B
a medida socioeducativa poderá ser estendida até que ele complete 21 anos.
C
a medida socioeducativa deverá ser extinta na hipótese de liberdade assistida.
D
a medida socioeducativa ensejará a extinção do procedimento.
E
a medida socioeducativa ensejará a extinção da punibilidade.
A alternativa B está correta.
Segundo a Súmula 605 do STJ, a superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato
infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida,
enquanto não atingida a idade de 21 anos.
Questão 2
(TJ-RO – 2019 – VUNESP) No que concerne à prática de ato infracional por adolescente e às medidas
socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é correto afirmar que
A
as medidas socioeducativas em meio aberto não poderão ser cumuladas entre elas, podendo, contudo, ser
cumuladas com as medidas de proteção.
B
a liberdade assistida, quando aplicada, será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer
tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvidos o orientador, o Ministério Público e
o defensor, nos termos do art. 118, § 2º, do ECA.
C
a internação, quando aplicada nos termos do art. 122, II, do ECA, isto é, não em razão de ato infracional
cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, mas por conta da reiteração do adolescente no
cometimento de outras infrações graves, não poderá ser superior a três meses.
D
nos termos do art. 117 do ECA, a prestação de serviços à comunidade consistirá na realização de tarefas
gratuitas, por período não excedente a um ano, e só poderá ser aplicada a adolescentes não reincidentes em
atos infracionais graves, considerando as peculiaridades do caso e a personalidade do adolescente.
E
a internação provisória perdura até a sentença de primeira instância, podendo durar, no máximo, 45 dias
contados da data da apreensão, sendo que o adolescente poderá ficar em repartição policial aguardando sua
remoção para entidade exclusiva de adolescentes por até sete dias, nos termos do art. 185, § 2º, do ECA.
A alternativa B está correta.
Segundo o art. 118, § 2º do ECA, a liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses,
podendo, a qualquer tempo, ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador,
o Ministério Público e o defensor.
3. Conclusão
Considerações finais
Conforme visto, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabeleceu diversas formas de garantir proteção aos
menores. Inicialmente, o ECA prevê medidas de proteção com a finalidade de preservar os direitos
fundamentais das crianças e adolescentes em situação de riscos, bem como proteger e reeducar as crianças
(menores de 12 anos) que praticam atos infracionais. 
Adicionalmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente também disciplina a prática do ato infracional e a
aplicação das medidas socioeducativas, com a finalidade de garantir proteção e recuperação dos
adolescentes que praticam condutas ilícitas. 
Por fim, o mesmo diploma legal trata das medidas aplicadas aos pais e aos responsáveis que não cumprem
com suas obrigações de cuidado em relação aos menores. 
Ante o exposto, é possível verificar que o ECA, em conformidade com o que determina a Constituição Federal,
estabelece um sistema completo que busca garantir a proteção integral dos menores. 
Podcast
Agora, o professor Edison Burlamaqui encerra dando um panorama sobre o ato infracional e as medidas
socioeducativas.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para ouvir o áudio.
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Leia o livro II, Títulos II, III e IV, da obra Estatuto da Criança e do Adolescente ‒ Doutrina e Jurisprudência, de
Válter Kenki Ishida.
 
Leia os capítulos 6, 7, 9 e 10 da obra Manual de Direito da Criança e do Adolescente, de Luciano Alves Rossato
e Paulo Lépore.
Referências
ROSSATO, L. A.; LÉPORE, P. Manual de Direito da Criança e do Adolescente. 1. ed. rev., ampl. e atual. Salvador:
JusPodivm, 2021.
 
ISHIDA, V. K. Estatuto da Criança e do Adolescente ‒ Doutrina e Jurisprudência. 21. ed. rev., ampl. e atual.
Salvador: JusPodivm, 2021.
Doutrina da proteção integral da
criança e do adolescente
As principais características, a evolução histórica e a disciplina da doutrina da proteção integral de
crianças e adolescentes.
Prof. Filipe Medon
1. Itens iniciais
Propósito
A compreensão dos principais pontos da doutrina da proteção integral da criança e do adolescente é
essencial aos profissionais do Direito, tanto para uma atuação a nível judicial cível – como tratam o direito
protetivo e o direito de família em questões que envolvam, por exemplo, poder familiar ou pensão alimentícia –
quanto a nível judicial socioeducativo, na garantia dos direitos e da defesa de jovens em conflito com a lei.
Preparação
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos a Constituição Federal, o Código Civil (Lei n. 10.406/2002) e o
Estatuto da Criança e do Adolescente (a Lei n. 8.069/1990).
Objetivos
Analisar as principais transformações históricas e o fundamento constitucional da disciplina dos
direitos das crianças e dos adolescentes.
Identificar os princípios orientadores da doutrina da proteção integral como o princípio da prioridade
absoluta; do superior interesse; e da municipalização.
Reconhecer os direitos e as garantias fundamentais das crianças e dos adolescentes.
Introdução
Tradicionalmente, compreendia-se no passado que as crianças e os adolescentes estavam submetidos ao
poder absoluto dos pais. Daí falarmos, até mesmo, numa lógica de pátrio poder, o que revelava o
patriarcalismo que imperava na sociedade e, por consequência, no Direito.
No entanto, a Constituição da República de 1988 e os diversos Tratados Internacionais de que o Brasil é
signatário inverteram essa lógica, de modo que atualmente falamos na proteção integral da criança e do
adolescente, que deixam de ser vistos meramente como sujeitos incapazes e passam a ser encarados
verdadeiramente como seres humanos em desenvolvimento. E tal desenvolvimento não pode prescindir da
participação ativa da família, da sociedade e também do Estado.
É assim que vamos, em primeiro lugar, esmiuçar as transformações históricas e o fundamento constitucional
da doutrina da proteção integral da criança e do adolescente para, em seguida, aprofundar em alguns de seus
princípios orientadores. Por fim, vamos analisar os principais direitos fundamentais das crianças e dos
adolescentes, tendo a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) como guia
norteador.
Os assuntos serão analisados isoladamente em módulos próprios, mas fica aqui desde já uma questão
importante que deve ser objeto de reflexão por todos nós: será que, no caso concreto, o direito dos genitores
pode preponderar sobre o melhor interesse de seus filhos crianças e adolescentes? Ou a proteção integral é
um limite absoluto e intransponível em qualquer hipótese?
• 
• 
• 
1. Transformações históricas e fundamento constitucional 
As transformações históricas no direito das crianças e dos
adolescentes 
O direito das crianças e dos adolescentes
Iniciamos nosso estudo buscando, em primeiro lugar, situar o objeto da nossa análise:o direito das crianças e
dos adolescentes. Para isso, precisamos considerar que, mais do que nunca, na complexidade dos inúmeros
arranjos familiares que despontam na atualidade, revela-se “de fato urgente a afirmação da família (não como
instituição previamente imposta por laços sanguíneos, mas) como comunidade instrumental ao pleno
desenvolvimento da personalidade de seus integrantes, destinada à efetiva promoção da dignidade de cada
um deles.” (TEPEDINO, 2021, p. 2).
E deve caber aos atores do Direito (advocacia, magistratura e doutrina) o inquietante “desafio de
compreender e traduzir, para o cotidiano das famílias, a doutrina do cuidado e da proteção integral.”
(TEPEDINO, 2021, p. 2). Como ressalta Gustavo Tepedino:
Eis os valores subjacentes à hermenêutica exigida pelo art. 6º do ECA, para o qual paternidade e
maternidade devem voltar-se à “condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento”. Em contexto de tamanhas dificuldades econômicas, sanitárias e educacionais, o
processo de adoção mostra-se indispensável ao desenvolvimento social brasileiro, importando em
projeto de vida cujo êxito depende do reconhecimento genuíno da família, adotiva ou biológica, como
núcleo socioafetivo democrático e solidário, consentâneo com a legalidade constitucional.
(TEPEDINO, 2021, p. 2)
Dito diversamente: não se tutela mais a família por si só, enquanto instituição. A família deve cumprir uma
função primordial de permitir o livre desenvolvimento de seus integrantes, ali incluídos as crianças e os
adolescentes, tidos não mais como sujeito meramente incapazes, mas como pessoas humanas em
desenvolvimento e que, por essa razão, devem ter asseguradas a tutela equivalente a essa condição. (CRUZ,
2021, p. 2-3)
Como esclarece Elisa Cruz, “[a] representação jurídica da
criança no Brasil data de 1988 com a utilização da palavra
para definir um grupo de pessoas a quem seria destinada
proteção integral.” (CRUZ, 2021, p. 2).
Entretanto, foi somente com a Lei n. 8.069, de 13 de julho
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) que se
passou a ter uma definição legal de criança e adolescente.
Segundo o artigo 2º da referida lei, considera-se criança,
para os efeitos da Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito
anos de idade.
Atenção
É importante ressaltarmos que a nossa lei “não adotou o conceito unificado de criança da Convenção
sobre Direitos da Criança e que abrange todas as pessoas de até dezoito anos de idade” (CRUZ, 2021, p.
3). Essa diferença explica por que, não raro, alguns doutrinadores se referem aos adolescentes também
como crianças, o que, à luz da Convenção da ONU de 1989, não se mostra completamente equivocado. 
Analisando as transformações históricas referentes aos direitos das crianças e dos adolescentes, podemos
verificar que nem sempre as crianças foram tidas como pessoas. O reconhecimento desse status jurídico é
relativamente recente se analisarmos retrospectivamente.
Aproximadamente até o final dos anos 1800,
apenas os sujeitos detentores de dignidade, no
conceito dignitas latino, poderiam exercer
situações jurídicas. Mas, apesar de a
modernidade começar a garantir a abstração
da noção de indivíduo para promover uma
equivalência à noção de pessoa, isso estava
ainda muito atrelado ao desenvolvimento de
relações patrimoniais, o que acabava
perpetuando a exclusão das crianças, porque
não detinham capacidade de agir nem
autonomia negocial.
No entanto, ao longo do século XX, uma série
de Tratados Internacionais foram celebrados, o
que culminou com o reconhecimento, ainda que lento, de direitos humanos às crianças e aos adolescentes.
Elisa Cruz apresenta um sucinto panorama dessa evolução no plano internacional: 
Em meados do século XX é publicada a Declaração sobre Direitos da Criança de 1959, incorporada ao
ordenamento jurídico brasileiro na década de 1960, em que pela primeira vez se reconheceu a
especificada da criança e a necessidade de proteção e cuidados especiais. A partir da Declaração
progressivamente se avança na consolidação da criança como pessoa, culminando na aprovação da
Convenção sobre Direitos da Criança em 1989 pelas Organizações das Nações Unidas, em 1988 pela
incorporação da doutrina da proteção integral na Constituição da República de 1988 e em 1990 pela
edição do Estatuto da Criança e do Adolescente.
(CRUZ, 2021, p. 4)
Apesar dessa evolução no plano internacional e nas leis especiais internas, a nossa codificação civil
permanecia alheia a essa realidade. Sintomático disso é que o Código Civil de 1916 sequer faz referência ao
termo criança, que só foi incluído no Código Civil de 2002 no ano de 2009, por meio de alterações promovidas
pela Lei n. 12.010. 
Fundamento constitucional 
Fundamento constitucional do direito das crianças e dos adolescentes
É precisamente nesse contexto que se começa a falar numa noção de proteção integral, que foi incorporada
pela Constituição da República de 1988, artigo 227, que, em seu caput, apresenta a seguinte redação: “É dever
da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
A doutrina da proteção integral pode ser vista como “a expressão do reconhecimento da criança como pessoa
e sua titularidade de situações jurídicas” (CRUZ, 2021, p. 28-29). Os direitos inerentes a todas as crianças e
adolescentes passam a ter “características específicas devido à peculiar condição de pessoas em
desenvolvimento em que se encontrem” (PEREIRA, 1996, p. 23-24). O artigo 3º do Estatuto da Criança e do
Adolescente espelha essa noção: 
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios,
todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Parágrafo único. Os direitos enunciados
nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação
familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de
desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.
(ECA, 1990, Art. 3º)
Como nos esclarece David Cury Júnior:
Na realidade, a cláusula da proteção integral constitui nota distintiva dos direitos da personalidade da
criança e do adolescente em face de igual direito das pessoas com personalidade plena. Tal princípio
obriga a ação dos pais, das entidades sociais e dos órgãos estatais, na efetivação dos direitos
essenciais referidos no artigo 4º, da Lei n. 8.069/1990, indispensáveis para o pleno desenvolvimento da
personalidade de meninos e jovens, e também na preservação de ameaça ou violação aos seus direitos
fundamentais, sem prejuízo da reparação dos danos que porventura venham a sofrer, nos termos do
artigo 98, incisos I e II, da Lei n. 8.069/1990.
(CURY JÚNIOR, 2006, p. 85)
Princípio da proteção integral 
Sobre o princípio da proteção integral
Neste vídeo, o professor discorre sobre o princípio da proteção integral, trazendo seus fundamentos e
exemplificando situações de sua aplicação.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Conceituação do princípio da proteção integral
O grande traço distintivo da proteção integral em relação a outros direitos é justamente “o deslocamento da
criança da margem do sistema para o centro, reconhecendo-a efetivamente como pessoa, o que é realizado
pelo princípio do melhor interesse” (CRUZ, 2021, p. 30),também conhecido como doutrina do best interest, na
expressão utilizada em língua inglesa. 
E no que consiste esse princípio? 
Na lição de Heloisa Helena Gomes Barboza, esse princípio foi ratificado e alçado a um patamar de natureza
constitucional, mediante a doutrina da proteção integral, que possui maior abrangência (BARBOZA, 2000, p.
206). A ideia é que ele “permanece como um padrão, considerando, sobretudo, as necessidades da criança
em detrimento dos interesses de seus pais, devendo realizar-se sempre uma análise do caso concreto”
(PEREIRA, 2000, p. 218). 
Trata-se, pois, de um giro conceitual que passa a encarar os menores não mais como incapazes, mas como
sujeitos de direito igualmente merecedores de tutela, que deve ser ainda mais intensa haja vista a
vulnerabilidade que lhes é ínsita por ainda estarem em formação. Além disso, por ser o melhor interesse
veiculado sob a estrutura de princípio, ele:
tem elevado grau de abstração, e sua aplicação depende da situação concreta em análise, mas direciona
para a adoção de soluções que privilegiem o interesse da criança enquanto pessoa, ao mesmo tempo
em que busca superar uma tendência patriarcal que considere o ponto de vista do direito ou interesse de
adultos envolvidos.
(CRUZ, 2021, p. 30)
Dito em outras palavras, o melhor interesse
busca romper o patriarcalismo que imperava a
tal ponto, que se falava no Código Civil de 1916
numa ideia de pátrio poder.
 
O instituto, completamente anacrônico nos dias
atuais, “refletia a orientação hierarquizada e
patriarcal que enxergava no pai o chefe da
família, submetendo os filhos ao seu comando e
arbítrio.
 
O pátrio poder fincava raízes no patria potestas
dos romanos, “dura criação de direito despótico, que se assemelhava a autêntico direito de propriedade sobre
os filhos” (SCHREIBER, 2018, p. 863). Como ressalta Pontes de Miranda (2012, p. 175), “[o]s romanos davam
ao pater familias, por exemplo, o direito de matar o filho”.
Especificamente sobre o pátrio poder, este passou por uma transformação: primeiro se tornou um poder
familiar, nomenclatura acolhida pela legislação, e atualmente é concebido como uma autoridade parental, que
espelha um poder-dever por parte dos genitores em relação aos filhos. 
Ele deixou, assim, de ser tutelado como um valor em si mesmo, devendo seu exercício, de igual hierarquia
entre homens e mulheres, ser compatibilizado com outros princípios do ordenamento, sobretudo o melhor
interesse da criança e do adolescente. Daí se depreende que o poder dos pais não pode tudo. Ele encontra
limites impostos pelo ordenamento. Há quem defenda, até mesmo, que seria mais adequado se falar em
“responsabilidades parentais”, uma vez que essa expressão enfatizaria “o conjunto de atribuições conferidas
pelo ordenamento aos pais para desenvolverem e cuidarem de seus filhos” (CRUZ, 2021, p. 65).
Na lição de Ana Carolina Brochado: 
A autoridade parental, neste aspecto, foge da perspectiva de poder e de dever, para exercer sua sublime
função de instrumento facilitador da construção da autonomia responsável dos filhos. Nisso consiste o
ato de educá-los, decorrente dos Princípios da Paternidade/Maternidade Responsável, e da Doutrina da
Proteção Integral, ambos com sede constitucional, ao alicerce de serem pessoas em fase de
desenvolvimento, o que lhes garante prioridade absoluta.
(BROCHADO, 2005, p. 10)
Concluído este módulo introdutório, passamos ao estudo dos mais importantes princípios orientadores em
matéria de direitos das crianças e dos adolescentes.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
As transformações históricas no direito das crianças e dos adolescentes
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Fundamento constitucional do direito das crianças e dos adolescentes
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Estudamos neste módulo transformações históricas da disciplina de proteção das crianças e dos
adolescentes. A esse respeito, a doutrina que vigora atualmente no país é chamada de:
A
Doutrina da Situação Irregular.
B
Doutrina do Direito Civil Constitucional.
C
Doutrina dos Menores Infratores.
D
Doutrina do Cuidado e da Proteção Integral.
E
Doutrina da Soberania do Estado.
A alternativa D está correta.
Com a evolução do Direito, nacional e internacional, a criança passou a ser vista como pessoa,
abandonando-se a antiga e ultrapassada doutrina da situação irregular e adotando a vigente doutrina de
proteção integral, que garante os direitos das crianças e dos adolescentes.
Questão 2
É correto afirmar que a doutrina da proteção integral:
A
desloca os pais para o centro da discussão.
B
considera crianças e adolescentes como incapazes.
C
incentiva o trabalho infantil caso não seja possível escolarização.
D
reestrutura a ideia de poder familiar para abarcar o homem e a mulher em pé de igualdade.
E
não garante uma proteção constitucional do direito da criança e do adolescente.
A alternativa D está correta.
Houve uma busca na reestruturação da igualdade entre homens e mulheres em diversos pontos da
sociedade, dentre os quais o Direito de Família, nomeadamente na ruptura da ideia na qual o pai o chefe da
família, submetendo os filhos ao seu comando e arbítrio.
2. Princípios orientadores
Prioridade absoluta
Princípios fundamentais
Neste vídeo, o professor discorre sobre os princípios orientadores do direito das crianças e adolescentes. 
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Os princípios que regem o direito das crianças e dos adolescentes
Como destaca Andréa Rodrigues Amin, no
campo do chamado direito infantojuvenil
brasileiro, há tanto princípios quanto regras que
concretizam a doutrina da proteção integral,
que é, em verdade, um espelho do princípio da
dignidade da pessoa humana aplicado para a
peculiar situação em que se encontram
crianças e adolescentes.
Nessa direção, seriam três os princípios gerais
que atuam como orientadores de todo o
Estatuto da Criança e do Adolescente (AMIN,
2018, p. 70): 
Princípio da prioridade absoluta;
Princípio do superior interesse, também designado de melhor interesse; e
Princípio da municipalização.
Andréa Amin ainda destaca que há outros princípios específicos a certas áreas de atuação ou que dizem
respeito a institutos próprios. 
Exemplo
Princípios relativos “às medidas específicas de proteção, estabelecidos no parágrafo único do art. 100
do Estatuto da Criança e do Adolescente, com redação introduzida pela Lei n. 12.010, de 3 de agosto de
2009, bem como princípios regentes da execução das medidas socioeducativas, estabelecidos no art.
35 da Lei n. 12.594, de 18 de janeiro de 2012” (AMIN, 2018, pp. 71-72). 
Princípio da prioridade absoluta
Começamos pelo chamado princípio da prioridade absoluta, que encontra assento constitucional. Ele está
estampado no artigo 227, caput: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.”.
1. 
2. 
3. 
Recomendação
Além deste dispositivo, devemos fazer a leitura de duas normas constantes do Estatuto da Criança e do
Adolescente, a saber: o artigo 4º e o inciso II do parágrafo único do artigo 100. 
Com redação bastante assemelhada à Constituição, o artigo
4º dispõe que:
“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral
e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária.”.
Em seu parágrafoúnico, a norma esmiúça que a garantia de
prioridade compreende, em rol meramente exemplificativo:
Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias, ou seja, se há um acidente de
carro e os socorristas precisam prestar atendimento às vítimas, as crianças devem receber atenção
prioritária;
Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; e
Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à
juventude.
Importante destacarmos que, como adverte Gustavo Cives Seabra, “embora a lei tenha mencionado ‘em
qualquer circunstância’, deve-se interpretar o dispositivo como a primazia nos casos em que várias pessoas
estejam na mesma situação fática” (SEABRA, 2020, p. 49).
Reflexão
Se no exemplo do acidente de carro verifica-se que a criança foi protegida pela cadeirinha de segurança
e há um adulto com perfurações e hemorragia, este deve ser atendido com prioridade. 
Como ressalta Andréa Amin, tal princípio “[e]stabelece primazia em favor das crianças e dos adolescentes em
todas as esferas de interesse. Seja no campo judicial, extrajudicial, administrativo, social ou familiar, o
interesse infantojuvenil deve preponderar” (AMIN, 2018, p. 72).
• 
• 
• 
• 
Questão problemática reside em saber o que fazer diante de conflito entre prioridades. Isto é: se, por exemplo,
houver recursos escassos e for preciso optar entre construir uma creche ou um lar para idosos, qual solução
deveria preponderar? Há aqui divergência na doutrina, conforme podemos conferir a seguir (SEABRA, 2020, p.
50):
Por seu turno, o artigo 100 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que se insere no capítulo das Medidas
Específicas de Proteção, dispõe em seu caput que: “Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e
comunitários.”.
Esmiuçando isso, o parágrafo único traz que também são princípios que regem a aplicação das medidas,
conforme o inciso II: “proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma
contida nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes
são titulares.”.
Atenção
Como podemos notar, trata-se de uma regra que se destina a guiar a interpretação e a aplicação das
normas constantes do Estatuto, que deve ter como grande norte a proteção integral e prioritária dos
direitos dessas pessoas humanas em desenvolvimento. 
A interpretação jurisprudencial do princípio da prioridade absoluta
Os Tribunais brasileiros também têm buscado assegurar o princípio da prioridade absoluta. Vejamos, nessa
direção, a ementa deste acórdão da 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, que acabou por assegurar o
direito fundamental à saúde:
Prioridade de crianças 
Alguns advertem que a proteção das
crianças deveria ser prevalente por gozar de
status constitucional.
Analisar cada situação 
Outros defendem que a situação deve
ser analisada em concreto, não
havendo qualquer hierarquia
abstratamente considerada.
DIREITO CONSTITUCIONAL À ABSOLUTA PRIORIDADE NA EFETIVAÇÃO DO DIREITO À SAÚDE DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. NORMA CONSTITUCIONAL REPRODUZIDA NOS ARTS. 7º E 11 DO
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. NORMAS DEFINIDORAS DE DIREITOS NÃO
PROGRAMÁTICAS. EXIGIBILIDADE EM JUÍZO. INTERESSE TRANSINDIVIDUAL ATINENTE ÀS CRIANÇAS
SITUADAS NESSA FAIXA ETÁRIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CABIMENTO E PROCEDÊNCIA. [...] 2. O direito
constitucional à absoluta prioridade na efetivação do direito à saúde da criança e do adolescente é
consagrado em norma constitucional reproduzida nos arts. 7º e 11 do Estatuto da Criança e do
Adolescente. 3. [...] 4. Releva notar que uma Constituição Federal é fruto da vontade política nacional,
erigida mediante consulta das expectativas e das possibilidades do que se vai consagrar, por isso que
cogentes e eficazes suas promessas, sob pena de restarem vãs e frias enquanto letras mortas no papel.
Ressoa inconcebível que direitos consagrados em normas menores como Circulares, Portarias, Medidas
Provisórias, Leis Ordinárias tenham eficácia imediata e os direitos consagrados constitucionalmente,
inspirados nos mais altos valores éticos e morais da nação, sejam relegados a segundo plano.
Prometendo o Estado o direito à saúde, cumpre adimpli-lo, porquanto a vontade política e constitucional,
para utilizarmos a expressão de Konrad Hessem, foi no sentido da erradicação da miséria que assola o
país. O direito à saúde da criança e do adolescente é consagrado em regra de normatividade mais do
que suficiente, porquanto se define pelo dever, indicando o sujeito passivo, in casu, o Estado. [...] 6. A
determinação judicial desse dever pelo Estado não encerra suposta ingerência do judiciário na esfera da
administração. Deveras, não há discricionariedade do administrador frente aos direitos consagrados,
quiçá constitucionalmente. Nesse campo a atividade é vinculada sem admissão de qualquer exegese
que vise afastar a garantia pétrea. 7. Um país cujo preâmbulo constitucional promete a disseminação das
desigualdades e a proteção à dignidade humana, alçadas ao mesmo patamar da defesa da Federação da
República, não pode relegar o direito à saúde das crianças a um plano diverso daquele que o coloca
como uma das mais belas e justas garantias constitucionais. 8. Afastada a tese descabida da
discricionariedade, a única dúvida que se poderia suscitar resvalaria na natureza da norma ora sob
enfoque, se programática ou definidora de direitos. Muito embora a matéria seja, somente nesse
particular, constitucional, porém sem importância revela-se essa categorização, tendo em vista a
explicitude do ECA, inequívoca se revela a normatividade suficiente à promessa constitucional, a ensejar
a acionabilidade do direito consagrado no preceito educacional. [...] 12. O direito do menor à absoluta
Prioridade na garantia de sua saúde, insta o Estado a desincumbir-se do mesmo através da sua rede
própria. Deveras, colocar um menor na fila de espera e atender a outros é o mesmo que tentar legalizar a
mais violenta afronta ao princípio da isonomia, pilar não só da sociedade democrática anunciada pela
Carta Magna, mercê de ferir de morte a cláusula de defesa da dignidade humana. 13. Recurso especial
provido para, reconhecida a legitimidade do Ministério Público, prosseguir no processo até o julgamento
do mérito.
(STJ, REsp 577.836/SC, Rel. Min. Luiz Fux, j. 21-10-2004) (grifamos)
Superior interesse 
Princípio do superior interesse
O segundo princípio de que nos ocupamos é mais popularmente conhecido como melhor interesse da criança
e do adolescente e encontra ampla previsão em instrumentos normativos internacionais.
Exemplo
Vejamos a Declaração de Direitos das Crianças de 1959, cujo princípio 2 afirma que “a criança gozará de
proteção social e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidades e facilidades, por lei e por outros meios, a
fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal e
em condições de liberdade e dignidade. Na instituição das leis, visando este objetivo, levar-se-ão em
conta, sobretudo, os melhores interesses da criança.”.O artigo 3.1 da Convenção dos Direitos das
Crianças segue na mesma direção ao dispor que: “Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito
por instituições públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou
órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o interesse maior da criança”. 
Em nosso ordenamento, também podemos encontrar uma projeção desse princípio em um dos incisos do
parágrafo único do artigo 100 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Vejamos: “Art. 100. Na aplicação das
medidas, levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Parágrafo único.
São também princípios queregem a aplicação das medidas: (...) IV - interesse superior da criança e do
adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da criança e do
adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito da
pluralidade dos interesses presentes no caso concreto.”
O grande problema em torno da aplicação de
tal princípio é que ele se trata, em verdade, de
um conceito jurídico indeterminado. Nessa
direção, como esclarece Gustavo Cives Seabra,
“[a]pesar desse princípio servir de norte
também ao legislador e ao administrador,
consideramos difícil estabelecer genericamente
o que seria o melhor interesse de determinada
criança ou adolescente. Acreditamos que sua
aplicação se coaduna com uma avaliação
individual, o que se mostra inviável para a lei”
(SEABRA, 2020, p. 52).
Seabra traz um exemplo bastante elucidativo a
partir do artigo 19 do Estatuto da Criança e do
Adolescente:
Cuida do princípio da prevalência da família natural e excepcionalidade da família substituta. Todavia, em
caso de maus tratos praticados pelos pais a um recém-nascido, será que o melhor interesse é buscar de
forma incessante membros da família ampliada (art. 25, PU do ECA) que podem residir longe da criança
e possuam pouco contato com o infante ou a colocação para adoção lhe é mais conveniente? A resposta
só o caso concreto definirá! A lei não consegue fazer essa previsão e acertar sempre o que é melhor
para a criança e o adolescente.
(SEABRA, 2020, p. 52)
Nada obstante a ausência de concretude desse princípio, o Comentário Geral 14/2013 do Comitê da ONU
sobre os Direitos das Crianças esclarece que o interesse superior da criança seria, em verdade, um conceito
triplo: 
Um direito substantivo
Enquanto um direito substantivo, “o interesse superior da criança deve receber uma consideração
primordial na ponderação diante de distintos interesses para tomar uma decisão. Sempre que for
decidida uma questão que afete uma criança, esse direito deverá ser colocado em prática.” (PAIVA,
2018, p. 172).
Um princípio jurídico interpretativo fundamental
Por outro lado, enquanto um princípio jurídico interpretativo fundamental, ele se revelaria na ideia de
que “se uma disposição jurídica admite mais de uma interpretação, deve ser eleita a interpretação que
satisfaça de maneira mais efetiva o interesse superior da criança. Os direitos consagrados na
Convenção e seus Protocolos facultativos estabelecem o marco interpretativo.” (PAIVA, 2018, p. 172).
Uma norma de procedimento
Finalmente, na sua acepção de norma de procedimento: ”sempre que se tenha que tomar uma
decisão que afete uma criança em concreto, um grupo de crianças em concreto ou as crianças em
geral, o processo de adoção de decisões deve incluir uma estimativa das possíveis repercussões
(positivas ou negativas) da decisão na criança ou nas crianças interessadas. A análise e a
determinação do interesse superior da criança requerem garantias processuais. Além disso, a
justificação das decisões deve deixar claro que foi levado em conta explicitamente esse direito. Nesse
sentido, os Estados Partes devem explicar como foi respeitado esse direito na decisão, isto é, que
chegou-se à conclusão que o interesse superior da criança estava sendo atendido, em quais critérios
a decisão foi baseada e como foram ponderados os interesses da criança frente a outras
considerações.” (PAIVA, 2018, p. 172).
Uma ressalva importante precisa ser feita: “não se está diante de um salvo-conduto para, com fundamento no 
best interest, ignorar a lei. O julgador não está autorizado, por exemplo, a afastar princípios como o do
contraditório ou do devido processo legal, justificando seu agir no interesse superior do menor (AMIN, 2018, p.
83).
Municipalização 
Princípio da municipalização
O derradeiro princípio geral relativo ao direito infantojuvenil
que vamos analisar é o chamado princípio da
municipalização.
A ideia aqui é que o ente federativo mais próximo das
crianças e dos adolescentes deveria tomar maiores atitudes
para concretizar e dar efetividade ao complexo de direitos
que compõem a proteção integral.
Isso porque acaba se tornando mais fácil e simples, na
prática, “fiscalizar a implementação e cumprimento das
metas determinadas nos programas se o Poder Público
estiver próximo, até porque reúne melhores condições de cuidar das adaptações necessárias à realidade
local” (AMIN, 2018, p. 84).
Como esclarece Andréa Amin a esse respeito:
A municipalização, seja na formulação de políticas locais, por meio do CMDCA, seja solucionando seus
conflitos mais simples e resguardando diretamente os direitos fundamentais infantojuvenis, por sua
própria gente, escolhida para integrar o Conselho Tutelar, seja por fim, pela rede de atendimento
formada pelo Poder Público, agências sociais e ONGS, busca alcançar eficiência e eficácia na prática da
doutrina da proteção integral.
(AMIN, 2018, p. 85)
Nada obstante, é preciso destacar que o fato
de se desejar que os municípios adotem essa
postura mais ativa não exclui a necessidade de
que os demais entes da federação também se
envolvam nessa promoção e garantia dos
direitos das crianças e dos adolescentes: muito
pelo contrário!
 
Não há dúvidas, nessa direção, de “que Estado
e União são solidários ao município na tutela e
resguardo dos direitos infantojuvenis” (AMIN,
2018, p. 86).
É precisamente o que determina o inciso III do
parágrafo único do artigo 100 do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Art. 100. Na aplicação das medidas
levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos
vínculos familiares e comunitários. Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das
medidas: (...) III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos direitos
assegurados a crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta
expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem
prejuízo da municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de programas por entidades não
governamentais.”.
Com isso, elencados e analisados os princípios mais relevantes, passamos no módulo seguinte a nos
debruçarmos sobre o estudo dos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
A interpretação jurisprudencial do princípio da prioridade absoluta
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Princípios do superior interesse e da municipalização
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Estampado no caput do artigo 227 da Constituição Federal está o princípio:
A
da prioridade absoluta.
B
da municipalização.
C
do superior interesse.
D
da situação irregular.
E
da família.
A alternativa A está correta.
O princípio a que faz referência o artigo 227 da Constituição Federal é o princípio da prioridade absoluta.
Questão 2
Segundo o princípio da municipalização, o ente federativo mais próximo da criança e do adolescente e que
deve concretizar seus direitos é (são):
A
a União.
B
os estados.
C
o Distrito Federal.
D
os municípios.
E
os territórios.
A alternativa D está correta.
Os municípios são os entes federativos mais próximos da criança e do adolescente.
3. Direitos fundamentais 
Direito à Vida e à Saúde 
Direitos fundamentais
Neste módulo, vamos adentrar na análise dos principais direitos fundamentais relativos às crianças e aos
adolescentes. 
Recomendação
Vamos seguir, como linha de condução geral, a estrutura da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente), que traz, em seu título II, o tema: “Dos Direitos Fundamentais”.
Tal título é subdividido em capítulos, que tratam respectivamente: (i) Do Direito à Vida e à Saúde; (ii) Do
Direito à Liberdade, aoRespeito e à Dignidade; (iii) Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária; (iv)
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; (v) Do Direito à Profissionalização e à Proteção
no Trabalho. 
Antes, precisamos fazer uma importante ressalva: apesar de tais direitos estarem descritos no Estatuto da
Criança e do Adolescente, trata-se de um rol meramente exemplificativo, já que, enquanto pessoas que o são,
as crianças e os adolescentes são destinatários dos direitos fundamentais presentes em outros diplomas,
ressalvando-se, logicamente, aqueles incompatíveis com a idade como, por exemplo, o direito ao voto, que
não pode ser exercido pelas crianças e é facultativo para os adolescentes a partir dos 16 anos de idade.
Direitos fundamentais
Neste vídeo, o especialista discorre sobre os direitos fundamentais das crianças e adolescentes, mostrando
situações de aplicação prática. 
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Do Direito à Vida e à Saúde
Dispõe o artigo 7º do Estatuto da Criança e do Adolescente que: “A criança e o adolescente têm direito a
proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.”.
Como podemos imaginar, não era preciso que o legislador infraconstitucional previsse isso, já que a própria
Constituição já traz, por exemplo, a garantia do direito à vida tanto no caput do artigo 5º quanto no caput do
artigo 227, que é específico em relação às crianças e aos adolescentes. 
No entanto, houve previsão expressa no ECA e algumas normas foram adicionadas em seguida para buscar a
efetivação desses direitos fundamentais. A ideia geral é que desde antes do nascimento, enquanto nascituros,
as pessoas já recebem algum tipo de proteção por parte do Estado.
Exemplo
O Estado assegura o nascimento em condições dignas e saudáveis. 
Isso inclui, naturalmente, normas destinadas às gestantes, como o artigo 8º do ECA: “É assegurado a todas as
mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às
gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-
natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.”.
Ainda nesse artigo, podemos destacar alguns de seus parágrafos que trazem direitos muito importantes: “§3º:
Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos
alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços e a
grupos de apoio à amamentação.”.
Saiba mais
Destaca-se a preocupação com o aleitamento materno na primeira infância. Além disso, atento aos
possíveis efeitos danosos do estado puerperal, previu o §4º que incumbe ao poder público proporcionar
assistência psicológica à gestante e à mãe, nos períodos pré e pós-natal, inclusive como forma de
prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. Ainda nessa linha, o §5º trata da
possibilidade de que as genitoras entreguem seus filhos para adoção e, ainda assim, recebam o auxílio
por parte do Estado. 
Finalmente, podemos destacar a garantia reservada pelo artigo às mulheres que se encontrem em situação de
privação de liberdade. É o que dispõe o §10: “Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com
filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que
atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em
articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança.”.
Em relação à saúde, o artigo 11 do ECA afirma
que é assegurado acesso integral às linhas de
cuidado voltadas à saúde da criança e do
adolescente, por intermédio do Sistema Único
de Saúde, observado o princípio da equidade
no acesso a ações e serviços para promoção,
proteção e recuperação da saúde. O parágrafo
primeiro esmiúça que a criança e o adolescente
com deficiência serão atendidos, sem
discriminação ou segregação, em suas
necessidades gerais de saúde e específicas de
habilitação e reabilitação.
Saiba mais
Norma importante também consta do §3º, ao instituir que os profissionais que atuam no cuidado diário
ou frequente de crianças na primeira infância receberão formação específica e permanente para a
detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento que
se fizer necessário. 
Por derradeiro, devemos ressaltar o artigo 13, que cuida da proteção à integridade físico-psíquica da criança
em relação a maus-tratos, que devem ser prontamente reprimidos: “Os casos de suspeita ou confirmação de
castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão
obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
providências legais.”.
Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade 
Em relação ao direito à liberdade, são válidas as mesmas considerações feitas no item anterior:
A Constituição já assegura a liberdade e a dignidade, então o que o Estatuto da Criança e do
Adolescente faz é tentar disciplinar a garantia desses direitos de modo mais peculiar e atento à
realidade das crianças e dos adolescentes.
É nessa direção que caminha o artigo 15 do ECA, que assim dispõe: “A criança e o adolescente têm direito à
liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.”
Especificamente em relação ao direito à liberdade, o artigo 16 enumera em seus incisos os aspectos que ele
compreende. São eles, respectivamente:
I
ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II
opinião e expressão;
III
crença e culto religioso;
IV
brincar, praticar esportes e divertir-se;
V
participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
VI
participar da vida política, na forma da lei;
VII
buscar refúgio, auxílio e orientação.
Como todo direito, a liberdade das crianças e dos adolescentes também pode comportar restrições, como se
dá no caso de medidas de privação de liberdade (artigo 106 do ECA) e de imposição de internação (artigo
121).
Importante, ainda, a ressalva de Gustavo Cives Seabra de que: 
os direitos compreendidos no artigo 16 não são suprimidos quando a criança ou adolescente estiver
cumprindo medida socioeducativa de meio fechado (internação ou semiliberdade) ou quando estiver em
medida protetiva de acolhimento institucional. Assim, ressalvadas as limitações inerentes à aplicação da
medida, é certo que as unidades socioeducativas e de acolhimento devem possuir espaço para a prática
de esportes, cultos religiosos e não deve ser vedada a reunião das crianças e adolescentes para
postular melhorias, já que isso é uma forma de participar da vida política (nem que seja restrito ao
âmbito da unidade).
(SEABRA, 2020, p. 73)
No que tange ao direito ao respeito, afirma o artigo 17 que esse direito “consiste na inviolabilidade da
integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.”.
Como concretização desse direito mais amplo, tem-se a norma do artigo 18: “É dever de todos velar pela
dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
aterrorizante, vexatório ou constrangedor.”. Esta última norma se relaciona diretamente com os artigos 18-A e
18-B, que foram introduzidos pela Lei n. 13.010/2014, conhecida popularmente como “Lei da Palmada” e que
gerou muita controvérsia e debates na sociedade quando da sua promulgação.
Assim dispõe o artigo 18-A: 
A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
tratamentocruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos
executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los,
educá-los ou protegê-los. Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: I - castigo físico: ação
de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente
que resulte em: a) sofrimento físico; ou b) lesão; II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma
cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente;
ou c) ridicularize.
(LEI 13.010, 2014, Art. 18-A)
Direito à Convivência Familiar e Comunitária 
O capítulo relativo ao direito à convivência familiar e comunitária é, inegavelmente, um dos mais importantes e
centrais de todo o Estatuto. Entre os artigos 19 e 24, há uma série de normas gerais sobre o tema.
Merece o nosso destaque o artigo 19, que enuncia em seu caput que: “É direito da criança e do adolescente
ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.”.
Tal norma traz dois princípios basilares: 
Princípio da prevalência da família
natural
Princípio da excepcionalidade da
colocação em família substituta
A ideia geral aqui é que, tanto quanto possível, deve-se buscar manter a criança e o adolescente no convívio
com sua família natural, de modo que só se deveria buscar uma colocação em família substituta em casos
excepcionais. Entende o legislador que não importa tanto, por exemplo, a pobreza dos genitores: é preferível
que aquela pessoa humana em desenvolvimento fique no seu ambiente da família natural (Artigo 25:
“Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.”).
Nem mesmo a prisão dos pais parece ser um
obstáculo, como destaca o §4º desse mesmo
artigo: “Será garantida a convivência da criança
e do adolescente com a mãe ou o pai privado
de liberdade, por meio de visitas periódicas
promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses
de acolhimento institucional, pela entidade
responsável, independentemente de
autorização judicial.”. Na mesma direção, o §5º:
“Será garantida a convivência integral da
criança com a mãe adolescente que estiver em
acolhimento institucional.”.
Essas noções são esmiuçadas pelo artigo 23 e
seus parágrafos, que assim dispõem: “A falta ou
a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder
familiar. §1º: Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o
adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e
programas oficiais de proteção, apoio e promoção. §2º: A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará
a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão
contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente.”.
Reflexão
Acima de tudo, tenta-se manter o convívio dos filhos com a família natural, por ser esse um princípio
basilar que informa o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer 
Cada vez mais, entende-se que o
desenvolvimento da pessoa humana se dá de
forma muito mais proveitosa quando se recebe,
desde a infância, acesso a educação, cultura,
esporte e lazer. Não basta apenas receber as
lições escolares: é preciso também sorver
cultura, praticar esportes e ter momentos de
lazer.
Nessa direção, tratando especificamente da
educação, o artigo 53 do ECA prevê que: “A
criança e o adolescente têm direito à educação,
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o
trabalho, assegurando-se-lhes: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
 
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
 
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
 
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
 
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se vagas no mesmo
estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar
da definição das propostas educacionais.”.
Podemos destacar, por exemplo, o inciso IV, que assegura que os estudantes possam se organizar no
ambiente escolar, além do inciso V, que traz a importância de que haja o acesso a escola pública próxima da
residência dos alunos, que devem estudar na mesma escola de seus irmãos, até mesmo para facilitar o
deslocamento por parte dos pais e a rotina da família.
Atenção
Importante notarmos que há deveres específicos não apenas para os pais e para o Estado, mas também
para instituições particulares. É exemplo disso o artigo 53-A, que assim afirma: “É dever da instituição de
ensino, clubes e agremiações recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar medidas de
conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ilícitas.”. 
Em relação ao Estado, o artigo 54 impõe como seu dever assegurar à criança e ao adolescente: 
“I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
 
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
 
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino;
 
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade;
 
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de
cada um;
 
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
 
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar,
transporte, alimentação e assistência à saúde.”.
Esse acesso à educação é tão sério que os
parágrafos desse artigo trazem previsões
expressas:
 
“§1º: O acesso ao ensino obrigatório e gratuito
é direito público subjetivo; §2º: O não
oferecimento do ensino obrigatório pelo poder
público ou sua oferta irregular importa
responsabilidade da autoridade competente;
§3º: Compete ao poder público recensear os
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
chamada e zelar, junto aos pais ou responsável,
pela frequência à escola.”.
O direito à educação e o ensino domiciliar
Em relação aos pais, o artigo 55 impõe a obrigação de que eles matriculem seus filhos ou pupilos na rede
regular de ensino, o que abre margem para a discussão relativa ao chamado homeschooling, isto é, o ensino
domiciliar.
Importante relembrarmos que o Supremo Tribunal Federal, por meio de seu Plenário, acabou negando
provimento ao Recurso Extraordinário (RE) n. 888815, com repercussão geral reconhecida, no qual se discutia
a possibilidade dessa modalidade de ensino, o que tem gerado iniciativas por parte do Legislativo, uma vez
que o fundamento principal para a improcedência do recurso foi por ausência de norma legal que regulamente
a sua prática.
Assim ementou a Corte o referido acórdão:
CONSTITUCIONAL. EDUCAÇÃO. DIREITO FUNDAMENTAL RELACIONADO À DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA E À EFETIVIDADE DA CIDADANIA. DEVER SOLIDÁRIO DO ESTADO E DA FAMÍLIA NA
PRESTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL. NECESSIDADE DE LEI FORMAL, EDITADA PELO CONGRESSO
NACIONAL, PARA REGULAMENTAR O ENSINO DOMICILIAR. RECURSO DESPROVIDO. 1. A educação é um
direito fundamental relacionado à dignidade da pessoa humana e à própria cidadania, pois exerce dupla
função: de um lado, qualifica a comunidade como umtodo, tornando-a esclarecida, politizada,
desenvolvida (CIDADANIA); de outro, dignifica o indivíduo, verdadeiro titular desse direito subjetivo
fundamental (DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA). No caso da educação básica obrigatória (CF, art. 208,
1), os titulares desse direito indisponível à educação são as crianças e adolescentes em idade escolar. 2.
É dever da família, sociedade e Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, a educação. A Constituição Federal consagrou o dever de solidariedade entre a família e o
Estado como núcleo principal à formação educacional das crianças, jovens e adolescentes com a dupla
finalidade de defesa integral dos direitos das crianças e dos adolescentes e sua formação em cidadania,
para que o Brasil possa vencer o grande desafio de uma educação melhor para as novas gerações,
imprescindível para os países que se querem ver desenvolvidos. 3. A Constituição Federal não veda de
forma absoluta o ensino domiciliar, mas proíbe qualquer de suas espécies que não respeite o dever de
solidariedade entre a família e o Estado como núcleo principal à formação educacional das crianças,
jovens e adolescentes. São inconstitucionais, portanto, as espécies de unschooling radical
(desescolarização radical), unschooling moderado (desescolarização moderada) e homeschooling puro,
em qualquer de suas variações. 4. O ensino domiciliar não é um direito público subjetivo do aluno ou de
sua família, porém não é vedada constitucionalmente sua criação por meio de lei federal, editada pelo
Congresso Nacional, na modalidade “utilitarista” ou “por conveniência circunstancial”, desde que se
cumpra a obrigatoriedade, de 4 a 17 anos, e se respeite o dever solidário Família/Estado, o núcleo básico
de matérias acadêmicas, a supervisão, avaliação e fiscalização pelo Poder Público; bem como as demais
previsões impostas diretamente pelo texto constitucional, inclusive no tocante às finalidades e objetivos
do ensino; em especial, evitar a evasão escolar e garantir a socialização do indivíduo, por meio de ampla
convivência familiar e comunitária (CF, art. 227). 5. Recurso extraordinário desprovido, com a fixação da
seguinte tese (TEMA 822): “Não existe direito público subjetivo do aluno ou de sua família ao ensino
domiciliar, inexistente na legislação brasileira”
(RE 888815, Relator: Min. ROBERTO BARROSO, Relator p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em
12/09/2018)
Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho 
Finalmente, no que diz respeito ao direito à
profissionalização e à proteção no trabalho, é preciso tomar
muito cuidado porque há um diálogo constante tanto com a
Constituição da República quanto com as leis trabalhistas,
como a CLT. E, não raro, acabam acontecendo alterações
legislativas nesses outros diplomas que nem sempre são
acompanhadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente,
o que acaba gerando incompatibilidades que precisam ser
resolvidas pelos intérpretes.
Nessa direção, o próprio artigo 61 do ECA faz a ressalva de que: “A proteção ao trabalho dos adolescentes é
regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.”.
O artigo 60, por sua vez, dispõe que: “É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade,
salvo na condição de aprendiz.”. Nada obstante, aqui, mais do que nunca, é preciso realizar a análise
comparativa. Tal dispositivo estava em consonância com a redação originária do artigo 7º, XXXIII da CRFB.
Ocorre que, como explica Gustavo Cives Seabra: 
a EC 20/1998 alterou a redação do dispositivo constitucional para prever ‘a proibição de trabalho
noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos’. Portanto, quem ainda não completou
quatorze anos não pode trabalhar nem mesmo na condição de aprendiz, de forma que entendemos pela
revogação do artigo 60 do ECA. Na mesma linha, perde sentido o artigo 64 do Estatuto que diz ser
assegurada bolsa aprendizagem ao adolescente até quatorze anos. Ora, se quem tem menos de 14 anos
não pode trabalhar, por óbvio não receberá bolsa aprendizagem.
(SEABRA, 2020, p. 131)
Importante ainda mencionarmos o artigo 69, que consagra: “O adolescente tem direito à profissionalização e à
proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros: I - respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento; II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.”.
Merece destaque, especialmente, o inciso I, pois, ainda que se permita que os adolescentes
exerçam alguns tipos de trabalho, eles devem ser compatíveis com a condição de pessoas humanas
em desenvolvimento, de modo que nem tudo é permitido.
Por fim, é preciso considerar que, como alerta Gustavo Cives Seabra (2020, p. 133), “todos os direitos
trabalhistas devem ser assegurados àqueles que não completaram a idade para o trabalho, mas mesmo assim
tiveram seus direitos violados. Pensar de forma diferente levaria a uma dupla violação: 1- violação da proteção
ao trabalho; 2- concessão de menos direitos que aqueles atribuídos aos adultos.”.
Foi precisamente nesse sentido que decidiu o Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário n. 600.616,
em que se discutia a concessão de salário maternidade a uma adolescente que ainda não havia alcançado a
idade para o trabalho. O julgado foi assim ementado pela Corte:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO.
TRABALHADORA RURAL. MENOR DE 16 ANOS DE IDADE. CONCESSÃO DE SALÁRIO-MATERNIDADE.
ART. 7º, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NORMA PROTETIVA QUE NÃO PODE PRIVAR DIREITOS.
PRECEDENTES. Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o art. 7º, XXXIII, da
Constituição “não pode ser interpretado em prejuízo da criança ou adolescente que exerce atividade
laboral, haja vista que a regra constitucional foi criada para a proteção e defesa dos trabalhadores, não
podendo ser utilizada para privá-los dos seus direitos” (RE 537.040, Rel. Min. Dias Toffoli). Agravo
regimental a que se nega provimento.
(RE 600616 AgR, Relator: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 26/08/2014)
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Do Direito à Vida, Saúde, Liberdade, Respeito e Dignidade
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Direito à Convivência Familiar e Comunitária e outros direitos
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Marque a opção que corresponde a um direito fundamental da criança e do adolescente:
A
Direito à escolarização privada.
B
Apenas alguns direitos trabalhistas.
C
Direito de trabalhar a partir dos dez anos.
D
Direito à educação gratuita apenas no ensino fundamental.
E
Direito à profissionalização.
A alternativa E está correta.
O direito à profissionalização é um direito fundamental da criança e do adolescente, protegido pelo ECA,
pela CF e CLT.
Questão 2
Sobre o direito à educação da criança e do adolescente, é garantido:
A
a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.
B
o direito de ser respeitado por seus educadores.
C
o direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores.
D
o direito de organização e participação em entidades estudantis.
E
o direito à desescolarização moderada.
A alternativa E está correta.
O STF negou provimento ao Recurso Extraordinário (RE) n. 888815 ao afirmar que a Constituição não proíbe
o ensino domiciliar, entretanto o ensino inteiramente realizado em domicílio da criança e do adolescente é
inconstitucional, visto que não respeita o dever de solidariedade entre a família e o Estado como núcleo
principal à formação educacional das crianças, jovens e adolescentes.
4. Conclusão
Considerações finais
Como vimos, a Doutrina da Proteção Integral vigora no cenário normativo atual e substituiua antiquada
Doutrina da Situação Irregular.
O artigo 227 da Constituição Federal estipula o importante princípio da prioridade absoluta na proteção da
criança e do adolescente, que pode, contudo, sofrer limitações no caso concreto. Assim, a disciplina
constitucional dos direitos da criança e do adolescente deve estar sempre acompanhada do Estatuto da
Criança e do Adolescente, lei especial que concretiza os princípios da Carta Magna.
O ECA resguarda diversos direitos da criança e do adolescente, envolvendo o direito à vida, à saúde, à
liberdade religiosa, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização e a tantos outros, todos condizentes
com o objetivo principal de reconhecimento da criança e do adolescente como sujeitos de direito
merecedores de tutela. 
Podcast
Neste podcast, o professor trará aos ouvintes o conceito e o fundamento da doutrina da proteção
integral, assim como falará brevemente dos princípios que orientam o direito das crianças e
adolescentes.
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Para um melhor aprofundamento na temática da proteção da criança e do adolescente, veja: ZAPATER, Maira
Cardoso. Direito da Criança e do Adolescente. 1ª Edição. Saraiva, 2019.
Referências
AMIN, Andréa Rodrigues. Princípios orientadores do direito da criança e do adolescente. In: MACIEL, Katia
Regina Ferreira Lobo Andrade (coord.). Curso de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e
práticos, 11. ed., versão digital. São Paulo: Saraivajur, 2018.
 
BARBOZA, Heloisa Helena Gomes. O princípio do melhor interesse da criança e do adolescente. A família na
travessia do milênio. Anais do II Congresso Brasileiro de Direito de Família, 2000. Consultado em 08 dez. 2021.
 
CRUZ, Elisa Costa. Guarda Parental: releitura a partir do cuidado. Rio de Janeiro: Editora Processo, 2021.
 
CURY JÚNIOR, David. A proteção jurídica da imagem da criança e do adolescente. Tese de Doutorado em
Direito. Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2006, p. 85. Consultado em 08 dez. 2021.
 
PAIVA, Caio. Direito da Criança e do Adolescente: Jurisprudência resumida e separada por as sunto do
Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do
Comitê da ONU sobre Direitos da Criança. Belo Horizonte: Editora CEI, 2018.
 
PEREIRA, Tânia da Silva. Direito da criança e do adolescente: uma proposta interdisciplinar. Rio de Janeiro:
Renovar, 1996.
 
PEREIRA, Tânia da Silva. O princípio do melhor interesse da criança: da teoria à prática. A família na travessia
do milênio. Anais do II Congresso Brasileiro de Direito de Família, 2000. Consultado em 08 dez. 2021.
 
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. Parte Especial, Tomo IX. Direito de
família: direito parental: direito protectivo. Atualizado por Rosa Maria Barreto Borriello de Andrade Nery. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
 
SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
 
SEABRA, Gustavo Cives. Manual de Direito da Criança e do Adolescente. Belo Horizonte: CEI, 2020.
 
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. A disciplina jurídica da autoridade parental. 2005. Consultado em 28 maio
2018.
 
TEPEDINO, Gustavo. Adoção e proteção integral na família: qual família? - Editorial. In: Revista Brasileira de
Direito Civil – RBDCivil | Belo Horizonte, v. 27, p. 11-12, jan./mar. 2021.e o respectivo procedimento de aplicação.
c
A previsão da concessão de benefícios extraordinários e enaltecimento,
tendo em vista tornar público o reconhecimento ao adolescente pelo
esforço realizado na consecução dos objetivos do plano individual.
IV. a política de formação dos recursos humanos;
V. a previsão das ações de acompanhamento do adolescente após o cumprimento de medida socioeducativa;
 
VI. a indicação da equipe técnica, cuja quantidade e formação devem estar em conformidade com as normas
de referência do sistema e dos conselhos profissionais e com o atendimento socioeducativo a ser realizado; e
 
VII. a adesão ao Sistema de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo, bem como sua operação
efetiva.
Atenção
Importa destacar que a não observância de tais requisitos sujeita as entidades de atendimento, os
órgãos gestores, seus dirigentes ou prepostos à aplicação das medidas previstas no artigo 97 do
Estatuto da Criança e do Adolescente, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal. 
Assim, é possível aplicar de dois modos. Veja a seguir.
Ressalta-se ainda que a composição da equipe técnica do programa de atendimento deverá ser
interdisciplinar, compreendendo, no mínimo, profissionais das áreas de saúde, educação e assistência social.
Ademais, outros profissionais podem ser acrescentados às equipes para atender às necessidades específicas
do programa.
Tipos de programas de atendimento 
Programas de atendimento
Neste vídeo, abordaremos sobre os tipos de programas de atendimento.
I - Às entidades governamentais: 
a)
advertência;
b)
afastamento
provisório
de seus
dirigentes;
c)
afastamento
definitivo de
seus
dirigentes;
d)
fechamento
de unidade
ou interdição
de programa.
II - Às entidades não-governamentais: 
a)
advertência;
b) suspensão
total ou
parcial do
repasse de
verbas
públicas;
c) interdição
de
unidades
ou
suspensão
de
programa;
d)
cassação
do
registro.
Jovens no sistema socioeducativo através da Prestação
de Serviços à Comunidade.
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Meio aberto
O atendimento socioeducativo em meio aberto
inclui as medidas de Liberdade Assistida e
Prestação de Serviços à Comunidade,
instituídas pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente e regulamentadas pelo Sistema
Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE).
 
Conforme dito anteriormente, o artigo 5º, III da
Lei 12.594/2012, determina que os programas
de meio aberto são realizados em âmbito
municipal. O artigo 13 do mesmo diploma legal,
por sua vez, estabelece as competências da
direção do programa.
Veja a seguir quais são essas competências:
I. selecionar e credenciar orientadores, designando-os, caso a caso, para acompanhar e avaliar o
cumprimento da medida;
 
II. receber o adolescente e seus pais ou responsável e orientá-los sobre a finalidade da medida e a
organização e funcionamento do programa;
 
III. encaminhar o adolescente para o orientador credenciado;
 
IV. supervisionar o desenvolvimento da medida; e
avaliar, com o orientador, a evolução do cumprimento da medida e, se necessário, propor à autoridade
judiciária sua substituição, suspensão ou extinção.
Ressalta-se que incumbe ainda à direção do programa de medida de prestação de serviços à
comunidade selecionar e credenciar entidades assistenciais, hospitais, escolas ou outros
estabelecimentos congêneres, bem como os programas comunitários ou governamentais, de acordo
com o perfil do socioeducando e o ambiente no qual a medida será cumprida.
Entretanto, se o Ministério Público impugnar o credenciamento, ou a autoridade judiciária considerá-lo
inadequado, instaurará incidente de impugnação, com a aplicação subsidiária do procedimento de apuração
de irregularidade em entidade de atendimento.
Privação da liberdade
As medidas socioeducativas em meio fechado podem ser constituídas de duas maneiras:
Semiliberdade Internação
Como já visto, a competência para o desenvolvimento de programas voltados para tais medidas é estadual
(art. 4, III da Lei 12.594/2012).
Observe os requisitos específicos para a inscrição de programas de regime de semiliberdade ou internação:
I. a comprovação da existência de estabelecimento educacional com instalações adequadas;
 
II. a previsão do processo e dos requisitos para a escolha do dirigente;
 
III. a apresentação das atividades de natureza coletiva;
 
IV. a definição das estratégias para a gestão de conflitos, vedada a previsão de isolamento cautelar, salvo se
imprescindível para garantia da segurança de outros internos ou do próprio adolescente a quem seja imposta
a sanção, sendo necessária a comunicação ao defensor, ao Ministério Público e à autoridade judiciária em até
24 (vinte e quatro) horas; e
 
V. a previsão de regime disciplinar.
A estrutura física da unidade de cumprimento da medida deverá ter condições adequadas e compatíveis,
sendo vedada a edificação de unidades socioeducacionais em espaços contíguos, anexos, ou de qualquer
outra forma integrados a estabelecimentos penais. 
Ressalta-se que a direção da unidade sempre adotará, em caráter excepcional, medidas para
proteção do interno em casos de risco à sua integridade física, à sua vida, ou à de outrem,
comunicando, de imediato, seu defensor e o Ministério Público. 
Para o exercício da função de dirigente de programa de atendimento em regime de semiliberdade ou de
internação, além dos requisitos específicos previstos no respectivo programa de atendimento, são
necessárias outras condições imprescindíveis. Observe a seguir cada uma delas.
i
Formação de nível superior compatível com a natureza da função.
ii
Comprovada experiência no trabalho com adolescentes de, no mínimo, 2
(dois) anos.
iii
Reputação ilibada.
Importa destacar que, no caso do desrespeito, mesmo que parcial, ou do não cumprimento integral às
diretrizes e determinações do SINASE, em todas as esferas, são sujeitos os gestores, operadores e seus
Imagem simbólica da Justiça e equilíbrio nas relações
jurídicas.
prepostos e entidades governamentais às medidas de advertência, afastamento provisório de seus dirigentes,
afastamento definitivo de seus dirigentes, ou fechamento de unidade ou interdição de programa. 
Por sua vez, as entidades não governamentais, seus gestores, operadores e prepostos ficam sujeitas às
medidas de advertência, suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas, interdição de unidades ou
suspensão de programa, ou cassação do registro.
Financiamento
O artigo 30 da Lei 12.594/2012 determina que o SINASE será cofinanciado com recursos dos orçamentos
fiscal e da seguridade social, além de outras fontes. Destaca-se que os entes federados que tenham instituído
seus sistemas de atendimento socioeducativo terão acesso aos recursos na forma de transferência adotada
pelos órgãos integrantes do SINASE.
Adicionalmente, o artigo 31 da Lei 12.594/2012
determina que os Conselhos de Direitos, nas 3
(três) esferas de governo, definirão,
anualmente, o percentual de recursos dos
Fundos dos Direitos da Criança e do
Adolescente a serem aplicados no
financiamento das ações previstas nesta Lei,
em especial para capacitação, sistemas de
informação e de avaliação.
Por fim, os entes federados beneficiados com
recursos do Fundo dos Direitos da Criança e do
Adolescente para ações de atendimento
socioeducativo prestarão informações sobre o
desempenho dessas ações por meio do
Sistema de Informações sobre Atendimento Socioeducativo.
Vem que eu te explico!
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Requisitos obrigatórios para inscrição
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Financiamento
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Marque a opção que corresponda a um requisito necessário para o exercício da função de dirigente de
programa de atendimento em regime de semiliberdade ou de internação.
A
Formação de nível médio.
B
Comprovadaexperiência no trabalho com adolescentes de, no mínimo, 1 (um) ano.
C
Não é necessário ter a reputação ilibada.
D
Idade superior a 35 anos.
E
Formação de nível superior compatível com a natureza da função.
A alternativa E está correta.
Segundo o artigo 17 da Lei 12.594/2012, para o exercício da função de dirigente de programa de
atendimento em regime de semiliberdade ou de internação, além dos requisitos específicos previstos no
respectivo programa de atendimento, são necessárias:
Questão 2
Marque a opção que corresponda a um dos requisitos específicos para a inscrição de programas de regime de
semiliberdade ou internação.
A
A previsão da lista tríplice para a escolha do dirigente.
B
A apresentação das atividades de natureza individual.
C
A definição das estratégias para a gestão de conflitos, havendo previsão de isolamento cautelar.
D
A previsão de regime disciplinar diferenciado.
E
A comprovação da existência de estabelecimento educacional com instalações adequadas.
A alternativa E está correta.
Segundo o artigo 15 da Lei 12.594/2012, são requisitos obrigatórios para a inscrição de programas de
regime de semiliberdade ou internação:
3. Execução de medidas socioeducativas
A execução de medidas socioeducativas 
Antes de iniciar a análise dos procedimentos específicos e dos direitos individuais dos menores, é preciso
apontar os princípios que regem a execução das medidas socioeducativas. Veja a seguir cada item.
Princípios das medidas socioeducativas
I. legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao
adulto.
II. excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de
autocomposição de conflitos.
III. prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às
necessidades das vítimas.
IV. proporcionalidade em relação à ofensa cometida.
V. brevidade da medida em resposta ao ato cometido.
VI. individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente.
VII. mínima intervenção, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da medida.
VIII. não discriminação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe
social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qualquer minoria ou
status.
IX. fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo socioeducativo.
Destaca-se que tais princípios devem ser observados durante toda a execução das medidas socioeducativas,
servindo de parâmetro na tomada de decisão pelos responsáveis.
Características gerais do procedimento
Procedimento de execução de medida socioeducativa
Neste vídeo, abordaremos os principais aspectos da execução de medida socioeducativa.
Conteúdo interativo
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Inicialmente, é preciso destacar que a defesa e o Ministério Público intervirão, sob pena de nulidade, no
procedimento judicial de execução de medida socioeducativa, podendo requerer as providências necessárias
para adequar a execução aos ditames legais e regulamentares. 
Prédio antigo do Ministério Público de São Paulo.
Relembrando
Como já dito anteriormente, as medidas de proteção, de advertência e de reparação do dano, quando
aplicadas de forma isolada, serão executadas nos próprios autos do processo de conhecimento. 
Já para as medidas socioeducativas de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, 
semiliberdade ou internação, será constituído processo de execução para cada adolescente e com autuação
das seguintes peças: 
I. documentos de caráter pessoal do adolescente existentes no processo de conhecimento, especialmente os
que comprovem sua idade.
 
II. as indicadas pela autoridade judiciária, sempre que houver necessidade e, obrigatoriamente: 
 
a. cópia da representação. 
b. cópia da certidão de antecedentes. 
c. cópia da sentença ou acórdão. 
d. cópia de estudos técnicos realizados durante a fase de conhecimento.
Uma vez elaborado o plano individual de atendimento pela equipe técnica do respectivo programa,
instrumento de previsão, registro e gestão das atividades a serem desenvolvidas com o adolescente, a
autoridade judiciária dará vistas da proposta ao defensor e ao Ministério Público pelo prazo sucessivo de 3
(três) dias.
O defensor e o Ministério Público, por sua vez,
poderão requerer, e o Juiz da Execução poderá
determinar, de ofício, a realização de qualquer
avaliação ou perícia que entenderem
necessárias para complementação do referido
plano individual, devendo a impugnação ou
complementação do plano individual, requerida
pelo defensor ou pelo Ministério Público, ser
fundamentada, podendo a autoridade judiciária
indeferi-la, se entender insuficiente a
motivação.
 
Uma vez admitida a impugnação, ou se
entender que o plano é inadequado, a
autoridade judiciária designará, se necessário,
audiência da qual cientificará o defensor, o Ministério Público, a direção do programa de atendimento, o
adolescente e seus pais ou responsável.
Ressalta-se que a impugnação não suspenderá a execução do plano individual, salvo determinação judicial em
contrário e, findo o prazo sem impugnação, considerar-se-á o plano individual homologado. 
Atenção
Importa destacar que as medidas socioeducativas de liberdade assistida, de semiliberdade e de
internação deverão ser reavaliadas no máximo a cada 6 (seis) meses, podendo a autoridade judiciária, se
necessário, designar audiência, no prazo máximo de 10 (dez) dias, cientificando o defensor, o Ministério
Público, a direção do programa de atendimento, o adolescente e seus pais ou responsável. 
Esta audiência será instruída com o relatório da equipe técnica do programa de atendimento sobre a evolução
do plano de atendimento individual e com qualquer outro parecer técnico requerido pelas partes e deferido
pela autoridade judiciária.
Ressalta-se que a gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da medida não são
fatores que, por si, justifiquem a não substituição da medida por outra menos grave. Ademais, considera-se
mais grave a internação, em relação a todas as demais medidas, e mais grave a semiliberdade, em relação às
medidas de meio aberto. 
Aspectos relevantes do procedimento
Adicionalmente, a reavaliação da manutenção, da substituição ou da suspensão das medidas de meio aberto
ou de privação da liberdade e do respectivo plano individual pode ser solicitada a qualquer tempo, a pedido da
direção do programa de atendimento, do defensor, do Ministério Público, do adolescente, de seus pais ou
responsável, justificando o pedido de reavaliação, entre outros motivos. Observe-os a seguir. 
i)
o desempenho adequado do adolescente com base no seu plano de
atendimento individual, antes do prazo da reavaliação obrigatória;
ii)
a inadaptação do adolescente ao programa e o reiterado
descumprimento das atividades do plano individual;
iii)
a necessidade de modificação das atividades do plano individual que
importem em maior restrição da liberdade do adolescente;
Destaca-se que a autoridade judiciária poderá indeferir o pedido, de pronto, se entender insuficiente a
motivação. Admitido o processamento do pedido, a autoridade judiciária, se necessário, designará audiência. 
Entretanto, a substituição por medida mais gravosa somente ocorrerá em situações excepcionais, após o
devido processo legal, e deve ser fundamentada em parecer técnico e precedida de prévia audiência.
Superior Tribunal de Justiça (STJ) - Brasília, Distrito
Federal, Brasil.
Atenção
Importa ressaltar que, se, no transcurso da execução, sobrevier sentença de aplicação de nova medida,
a autoridade judiciária procederá à unificação, ouvidos, previamente, o Ministério Público e o defensor,
no prazo de 3 (três) dias sucessivos, decidindo-se em igual prazo. 
Ademais, é vedado à autoridade judiciária determinar reinício de cumprimento de medida socioeducativa, ou
deixar de considerar os prazos máximos, e de liberação compulsória,excetuada a hipótese de medida
aplicada por ato infracional praticado durante a execução.
Da mesma forma, é vedado à autoridade judiciária aplicar nova medida de internação, por atos infracionais
praticados anteriormente, a adolescente que já tenha concluído cumprimento de medida socioeducativa
dessa natureza, ou que tenha sido transferido para cumprimento de medida menos rigorosa, sendo tais atos
absorvidos por aqueles aos quais se impôs a medida socioeducativa extrema. 
Com base nessa determinação, o Superior
Tribunal de Justiça decidiu que o adolescente
que cumpria medida de internação e foi
transferido para medida menos rigorosa não
pode ser novamente internado por ato
infracional praticado antes do início da
execução, ainda que cometido em momento
posterior aos atos pelos quais ele já cumpre
medida socioeducativa.
 
Quanto a isso, veja a seguir a garantia
constitucional outorgada.
HC 274.565/RJ.
[...] 2. O retorno do adolescente à internação após demonstrar que está em recuperação - apresentou
méritos para progredir para medida em meio aberto - significaria um retrocesso em seu processo de
ressocialização. 3. Deve-se ter em mente que, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente,
em relação ao menor em conflito com a lei não existe pretensão punitiva, mas educativa,
considerando-se a "condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento" (art. 6.º da Lei n.º 8.069/90), sujeitos à proteção integral (art. 1.º do ECA). [...] (HC
274.565/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 12/05/2015, DJe 21/05/2015)
Tal entendimento está em consonância com a finalidade do Estatuto da Criança e do Adolescente e do
SINASE, que não é meramente punitivo, mas educacional e ressocializante.
Extinção da medida
Segundo o artigo 46 da Lei 12.594/2012, a medida socioeducativa será declarada extinta nas seguintes
ocasiões: 
I. Pela morte do adolescente.
 
II. Pela realização de sua finalidade.
 
III. Pela aplicação de pena privativa de liberdade, a ser cumprida em regime fechado ou semiaberto, em
execução provisória ou definitiva.
 
IV. Pela condição de doença grave, que torne o adolescente incapaz de submeter-se ao cumprimento da
medida.
 
V. Nas demais hipóteses previstas em lei.
Entretanto, no caso de o maior de 18 (dezoito) anos, em cumprimento de medida socioeducativa, responder a
processo-crime, caberá à autoridade judiciária decidir sobre eventual extinção da execução, cientificando da
decisão o juízo criminal competente.
Ressalta-se que, em qualquer caso, o tempo de prisão cautelar não convertida em pena privativa de liberdade
deve ser descontado do prazo de cumprimento da medida socioeducativa.
Atenção
Importa destacar que o mandado de busca e apreensão do adolescente terá vigência máxima de 6 (seis)
meses, a contar da data da expedição, podendo, se necessário, ser renovado, fundamentadamente,
sendo inclusive possível a expedição de mandado de busca e apreensão para adolescente que
descumpriu liberdade assistida, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça. 
Quanto a isso, veja a seguir a garantia constitucional outorgada.
HC 381.127/SP.
ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO CRIME DE ROUBO MAJORADO. DESCUMPRIMENTO DA MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA. MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO. ILEGALIDADE.
INOCORRÊNCIA. MEDIDA NECESSÁRIA. HABEAS CORPUS DENEGADO. 1. É entendimento pacífico
desta Corte Superior que a expedição de mandado de busca e apreensão para localizar adolescente
que descumpriu medida socioeducativa de liberdade assistida não configura constrangimento ilegal,
nem mesmo contraria o enunciado da Súmula n. 265 do STJ. [...] (HC 381.127/SP, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 14/03/2017, DJe 22/03/2017)
Destaca-se que o defensor, o Ministério Público, o adolescente e seus pais ou responsável poderão postular
revisão judicial de qualquer sanção disciplinar aplicada, podendo a autoridade judiciária suspender a execução
da sanção até decisão final do incidente. 
Direitos individuais do adolescente
São direitos do adolescente submetido ao cumprimento de medida socioeducativa, sem prejuízo de outros
previstos em lei (artigo 49 da Lei 12.594/2012). Veja a seguir quais são estas.
Inciso I
Ser acompanhado por seus pais ou responsável e por seu defensor, em
qualquer fase do procedimento administrativo ou judicial.
Inciso II
Ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o
cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de
ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa,
quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de
seu local de residência.
Inciso III
Ser respeitado em sua personalidade, intimidade, liberdade de
pensamento e religião e em todos os direitos não expressamente
limitados na sentença.
Inciso IV
Peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente a qualquer autoridade
ou órgão público, devendo, obrigatoriamente, ser respondido em até 15
(quinze) dias. 
Inciso V
Ser informado, inclusive por escrito, das normas de organização e
funcionamento do programa de atendimento e também das previsões de
natureza disciplinar.
Inciso VI
Receber, sempre que solicitar, informações sobre a evolução de seu
plano individual, participando, obrigatoriamente, de sua elaboração e, se
for o caso, reavaliação. 
Inciso VII
Receber assistência integral à sua saúde. 
Inciso VIII
Ter atendimento garantido em creche e pré-escola aos filhos de 0 (zero)
a 5 (cinco) anos.
Ressalta-se que a oferta irregular de programas de atendimento socioeducativo em meio aberto não poderá
ser invocada como motivo para aplicação ou manutenção de medida de privação da liberdade.
Entretanto, em determinados casos, as Cortes Superiores têm entendido pela relativização da regra prevista
no art. 49, II, do SINASE, no sentido de ser possível, dependendo das peculiaridades do caso, bem como dos
Visita garantida ao adolescente no período de
internação.
relatórios técnicos profissionais, a manutenção do menor em medida de privação da liberdade, ainda que não
haja vaga em unidade próxima da sua residência. Quanto a isso, veja a seguir a garantia constitucional
outorgada.
A Lei nº 12.594/2012 (Lei do SINASE)
Prevê que é direito do adolescente submetido ao cumprimento de medida socioeducativa "ser
incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de
privação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou
violência à pessoa, quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local
de residência". Entendeu o STF que o simples fato de não haver vaga para o cumprimento de medida
de privação da liberdade em unidade próxima da residência do adolescente infrator não impõe a sua
inclusão em programa de meio aberto, devendo-se considerar o que foi verificado durante o processo
de apuração da prática do ato infracional, bem como os relatórios técnicos profissionais. Dessa forma,
a regra prevista no art. 49, II, do SINASE deve ser aplicada de acordo com o caso concreto,
observando-se as situações específicas do adolescente, do ato infracional praticado, bem como do
relatório técnico e/ou plano individual de atendimento. STJ. 6ª Turma. HC 338.517-SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 17/12/2015.
Importa destacar que a direção do programa de execução de medida de privação da liberdade poderá
autorizar a saída, monitorada, do adolescente nos casos de tratamento médico, doença grave ou falecimento,
devidamente comprovados, de pai, mãe, filho, cônjuge, companheiro ou irmão, com imediata comunicação ao
juízo competente.
A Lei 12.594/2012 garante ainda a visita do
cônjuge, companheiro, pais ou responsáveis,
parentes e amigos do adolescente a quem foi
aplicada medida socioeducativa de internação,
e que esta observará dias e horários próprios
definidos pela direção do programa de
atendimento, sendo assegurado ao
adolescente casado ou que viva,
comprovadamente, em união estável o direitoà
visita íntima. Da mesma forma, é garantido aos
adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa de internação o direito de
receber visita dos filhos, independentemente
da idade desses.
Destaca-se que, segundo o Superior Tribunal
de Justiça, é possível a internação de menor
adolescente gestante ou com o filho em
amamentação, quando garantida a atenção integral à sua saúde, bem como as condições mínimas
necessárias para que permaneça com seu filho. Quanto a isso, veja a seguir a garantia constitucional
outorgada.
HC 543.279/SP.
MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO. ART. 122, I DO ECA. POSSIBILIDADE. PACIENTE COM
FILHA EM AMAMENTAÇÃO. INSERÇÃO NO PROGRAMA DE ATENDIMENTO MATERNO-INFANTIL
(PAMI). INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO, COM
DETERMINAÇÃO. (...) 3. Não há impeditivo legal para a internação de adolescente gestante ou com
filho em amamentação, desde que seja garantida atenção integral à saúde do adolescente, além de
asseguradas as condições necessárias para que a adolescente submetida à execução de medida
socioeducativa de privação de liberdade permaneça com o seu filho durante o período de
amamentação (arts. 60 e 63 da Lei 12.594/12 - SINASE). [...] (HC 543.279/SP, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 10/03/2020, DJe 25/03/2020)
Por fim, ressalta-se que a decisão judicial relativa à execução de medida socioeducativa será proferida após
manifestação do defensor e do Ministério Público.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Extinção da medida.
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Direitos do adolescente submetido a medida socioeducativa.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Marque a opção correta de uma hipótese de extinção da medida socioeducativa.
A
Morte dos pais do adolescente.
B
Realização de sua finalidade.
C
Condição de doença grave, sendo o adolescente capaz ou não de submeter-se ao cumprimento da medida.
D
Pela condição de doença leve.
E
Atingir o menor a maioridade.
A alternativa B está correta.
Segundo o art. 46 da Lei 12.594/2012, a medida socioeducativa será declarada extinta: I - pela morte do
adolescente; II - pela realização de sua finalidade; III - pela aplicação de pena privativa de liberdade, a ser
cumprida em regime fechado ou semiaberto, em execução provisória ou definitiva; IV - pela condição de
doença grave, que torne o adolescente incapaz de submeter-se ao cumprimento da medida.
Adicionalmente, o STJ possui entendimento sumulado de que a superveniência da maioridade penal não
interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso,
inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.
Questão 2
Marque a alternativa correta sobre a execução das medidas socioeducativas.
A
A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da medida são fatores que, por si,
justificam a não substituição da medida por outra menos grave.
B
As medidas socioeducativas de liberdade assistida, de semiliberdade e de internação deverão ser reavaliadas
no máximo a cada 9 (nove) meses.
C
A reavaliação da manutenção, da substituição ou da suspensão das medidas de meio aberto ou de privação
da liberdade e do respectivo plano individual pode ser solicitada a qualquer tempo, a pedido da direção do
programa de atendimento, do defensor, do Ministério Público, do adolescente, de seus pais ou responsável.
D
Se, no transcurso da execução, sobrevier sentença de aplicação de nova medida, a autoridade judiciária
procederá à unificação, ouvidos, previamente, o Ministério Público e o defensor, no prazo de 5 (cinco) dias
sucessivos, decidindo-se em igual prazo.
E
É autorizado à autoridade judiciária aplicar nova medida de internação, por atos infracionais praticados
anteriormente, a adolescente que já tenha concluído cumprimento de medida socioeducativa dessa natureza,
ou que tenha sido transferido para cumprimento de medida menos rigorosa.
A alternativa C está correta.
Segundo o art. 43 da Lei 12.594/2012, a reavaliação da manutenção, da substituição ou da suspensão das
medidas de meio aberto ou de privação da liberdade e do respectivo plano individual pode ser solicitada a
qualquer tempo, a pedido da direção do programa de atendimento, do defensor, do Ministério Público, do
adolescente, de seus pais ou responsável.
4. Conclusão
Considerações finais
Conforme visto, o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) regulamenta a execução das
medidas destinadas a adolescente que pratique ato infracional, buscando sua responsabilização, sua
integração social, a garantia de seus direitos individuais e sociais e a desaprovação da conduta infracional. 
Dessa forma, trata-se de instrumento de grande importância na busca pela proteção e reeducação dos
menores infratores.
Durante o estudo, foi possível analisar as competências dos entes federativos, o que demonstra a
necessidade de uma atuação conjunta para que os objetivos da lei sejam efetivamente atingidos, bem como
analisar os planos e programas de atendimento, verificando a diferença de tratamento entre os menores que
cumprem medidas de meio aberto e de meio fechado.
Por fim, verificamos as regras que regem o procedimento de execução das medidas, sendo possível constatar
que seu principal objetivo é garantir e proteger os direitos individuais dos menores infratores, sem, contudo,
deixar de buscar a sua responsabilização.
Podcast
Neste podcast, abordaremos sobre o SINASE e a execução de medidas socioeducativas. 
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Leia os capítulos I, II, III, IV, do Título I e os capítulos I, II, III e IV do Título II da obra SINASE: Sistema Nacional
de Atendimento Socioeducativo, de Mário Luiz Ramidoff.
Referências
RAMIDOFF, M. L. SINASE: Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
Dos Órgãos de Defesa, Proteção e
Procedimentos
Análise dos órgãos de defesa, proteção e procedimentos para a proteção contra crimes e infrações
administrativas cometidos contra menores.
Prof. Edison Burlamaqui
1. Itens iniciais
Propósito
É de fulcral importância para o aluno o estudo dos órgãos de defesa e proteção dos menores, bem como dos
procedimentos específicos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, não só para estarem
preparados para a prática forense, como também para garantir a apuração de graves infrações penais
praticadas contra os menores.
Preparação
Tenha em mãos o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Constituição Federal e o Código de Processo
Penal.
Objetivos
Identificar as principais características do Conselho Tutelar.
Reconhecer os conceitos básicos do acesso à Justiça e das garantias processuais.
Analisar os crimes em espécie e as infrações administrativas.
Introdução
O princípio da prioridade absoluta, previsto no artigo 227 da Constituição Federal e no artigo 4º do Estatuto
da Criança e do Adolescente, determina que os direitos das crianças e dos adolescentes devem ser
protegidos com prioridade em relação a qualquer outro grupo social. 
Dessa forma, os órgãos de defesa têm especial importância, pois são os responsáveis por verificar situações
em que crianças e adolescentes tenham seus direitos violados, possuindo obrigação constitucional de agir
para sanar tais irregularidades. 
Ante o exposto, iniciaremos com o estudo do Conselho Tutelar, órgão local responsável pela atuação direta na
defesa dos direitos das crianças e adolescentes. 
Posteriormente, trataremos do acesso à Justiça e das garantias processuais previstas no Estatuto da Criança
e do Adolescente. Em seguida, analisaremos os crimes e as infrações administrativas previstas no mesmo
estatuto e, por fim, trataremos do procedimento de investigação dos crimes contra a dignidade sexual de
criançase de adolescentes. 
• 
• 
• 
1. Conselho Tutelar
Principais características e seus integrantes
O que é o Conselho Tutelar?
Neste vídeo, o professor explica o que é o Conselho Tutelar, suas principais funções e sua composição. 
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O Conselho Tutelar é órgão integrante do Poder Executivo municipal e de extrema importância, pois atua de
forma direta na defesa dos direitos das crianças e adolescentes. 
Segundo o artigo 131 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Conselho Tutelar é órgão permanente e
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e
do adolescente. Veja a seguir a análise de tais características:
Autônomo
O Conselho Tutelar é órgão que emite decisões
com eficácia plena e imediata, que só podem
ser corrigidas pelo Poder Judiciário.
Permanente
O Conselho Tutelar é órgão que deve existir de
forma contínua e intermitente, dada a sua
importância.
Não Jurisdicional
As atividades e as decisões do Conselho
Tutelar são administrativas, logo, não fazem
coisa julgada, podendo ser revistas pelo Poder
Judiciário.
Quanto à sua composição, o artigo 132 do ECA determina que, em cada município e em cada região
administrativa do Distrito Federal, haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar como órgão integrante da
administração pública local, composto de cinco membros, escolhidos pela população para mandato de quatro
anos, permitida recondução por novos processos de escolha. 
Fachada do Conselho Tutelar da região administrativa de Ceilândia, DF.
Importa destacar que a Lei 13.824/2019 alterou o art. 132 do ECA e passou a permitir a possibilidade de mais
de uma recondução mediante novo processo de escolha. Ressalta-se, ainda, que o ECA estabelece que, para
a candidatura a membro do Conselho Tutelar, o candidato deve ter reconhecida idoneidade moral, idade
superior a 21 anos, e residir no município. 
Regramento de atuação do Conselho Tutelar
Funcionamento e atribuições
Quanto ao seu funcionamento, o artigo 134 do ECA estabelece que lei municipal ou distrital disporá sobre o
local, dia e horário de funcionamento, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é
assegurado o direito à/ao: 
Licença-maternidade Licença-paternidade
Gratificação natalina Cobertura previdenciária
Gozo de férias anuais remuneradas,
acrescidas de um terço da remuneração
mensal
Importa destacar que o exercício efetivo da função de conselheiro constitui serviço público relevante e
estabelece presunção, ainda que relativa, de idoneidade moral.
Quanto às atribuições do Conselho Tutelar, o art. 136 do ECA estabelece:
I. atender as crianças e adolescentes em situação de risco e as crianças que pratiquem atos infracionais,
aplicando medidas de proteção, com exceção da inclusão em programa de acolhimento familiar e colocação
em família substituta;
 
II. atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas pertinentes, com exceção da perda da
guarda e da suspensão ou destituição do poder familiar;
 
III. promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
 
a. requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e
segurança;
 
b.representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
 
IV. encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os
direitos da criança ou adolescente;
 
V. encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
 
VI. providenciar as medidas de proteção estabelecidas pela autoridade judiciária, com exceção da inclusão em
programa de acolhimento institucional ou familiar e colocação em família substituta, para o adolescente autor
de ato infracional;
 
VII. expedir notificações;
 
VIII. requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
 
IX. assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de
atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
 
X. representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação de faixa etária em espetáculos públicos e de
irregularidades na programação de televisão e rádio (art. 220, § 3º da CF);
 
XI. representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.
Destaca-se que, se no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento
do convívio familiar, comunicará o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de
tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família.
Por fim, quanto às decisões do Conselho Tutelar, estas somente poderão ser revistas pela autoridade
judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.
Atuação e procedimento de escolha dos membros do
Conselho
Competência e escolha dos conselheiros
Os artigos 138 e 147 do ECA estabelecem que a competência do Conselho Tutelar será determinada pelo
domicílio dos pais ou responsável; ou pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais
ou responsável. 
A execução de eventuais medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos
pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as
regras de conexão, continência e prevenção. Dessa forma, pode-se perceber que a competência para atuação
na hipótese de prática de ato infracional é diferente da competência na hipótese de prática de infração penal,
que, em regra, é determinada pelo lugar da consumação da infração (art. 70 do CPP).
Atenção
Em caso de infração cometida por meio de transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais
de uma comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do local da
sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou
retransmissoras do respectivo Estado. 
Quanto à escolha dos conselheiros tutelares, o processo será estabelecido em lei municipal e realizado sob a
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do
Ministério Público. 
O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território
nacional a cada quatro anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição
presidencial, e a posse dos conselheiros ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de
escolha.
Posse de novos membros do Conselho Tutelar no município de Marechal Floriano,
ES (2020).
Ressalta-se que, no processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar,
oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de
pequeno valor. 
Por fim, chama-se atenção para o fato de que são impedidos de servir no mesmo conselho marido e mulher,
ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho,
padrasto ou madrasta e enteado, estendendo-se o impedimento do conselheiro também em relação à
autoridade judiciária.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Competência
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Escolha dos conselheiros
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Verificando o aprendizado
Questão 1
(TJ-RO - Analista – 2021 – FGV) O Conselho Tutelar realiza o atendimento a uma adolescente que vem
apresentando número elevado de faltas na escola. Durante o atendimento, a adolescente relata que foi vítima
de violência sexualhá cerca de três meses.
 
Segundo estabelecido no ECA, nessa situação, em que há uma notícia de infração penal cometida em face da
adolescente, o Conselho Tutelar possui atribuição de
A
encaminhar a notícia ao Ministério Público.
B
investigar para descobrir quem foi o autor da infração penal.
C
ignorar a notícia e tratar apenas das faltas na escola.
D
realizar o exame de corpo de delito na adolescente.
E
intimar o suposto autor da infração penal para prestar depoimento.
A alternativa A está correta.
Segundo o art. 136, IV do ECA, é atribuição do Conselho Tutelar encaminhar ao Ministério Público notícia de
fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente.
Questão 2
(Prefeitura de Guarujá – 2021 – VUNESP) O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não
jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente,
conforme os preceitos constantes do Estatuto da Criança e do Adolescente, observando-se que
A
em cada município haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar, como órgão integrante da administração
pública local, composto de 4 (quatro) membros, escolhidos pela população local.
B
o mandato dos conselheiros tutelares será de 4 (quatro) anos, vedada a recondução.
C
o processo de escolha de seus membros ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4
(quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.
D
o exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de
idoneidade moral, reputação ilibada e notório saber na área.
E
as suas decisões poderão ser revistas pelo Ministério Público.
A alternativa C está correta.
Segundo o art. 139, §1º do ECA, o processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data
unificada em todo o território nacional, a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do
ano subsequente ao da eleição presidencial.
2. Acesso à Justiça e garantias processuais
Disposições gerais e garantias
Características gerais do acesso à Justiça
As normas que tratam do acesso à Justiça e das garantias processuais são de extrema importância, pois
cuidam da judicialização das hipóteses em que são discutidas eventuais violações aos direitos dos menores. 
Considerando o tempo disponível para a apresentação do módulo, vamos analisar inicialmente a Justiça da
Infância e da Juventude e as regras gerais aplicáveis aos procedimentos especiais previstos no Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Inicialmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente determina em seu artigo 141 que é garantido o acesso de
toda criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de
seus órgãos. Assim, resta garantido o acesso universal dos menores à Justiça. Da mesma forma, o Estatuto
garante que a assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, por meio de defensor
público ou advogado nomeado. 
Tais disposições do ECA estão em perfeita consonância com o artigo 5º, LXXIV da Constituição, que
determina que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos. Importa consignar que tal garantia deve ser vista sob os seguintes aspectos:
Justiça gratuita
Refere-se à isenção dos pagamentos de custas,
taxas, emolumentos e despesas processuais.
Assistência judiciária
Engloba o patrocínio da causa por advogado e
pode ser prestada por órgão estatal ou
entidades não estatais.
Assistência jurídica
Envolve o patrocínio de demandas perante o
Judiciário e, também, toda a assessoria fora do
processo judicial (ex.: procedimentos
administrativos).
Ante o exposto, é possível concluir que crianças e adolescentes têm direito à assistência jurídica gratuita, a
ser prestada pela Defensoria Pública. Além da assistência judiciária gratuita, o ECA assegura que as ações
judiciais de competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos,
ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. 
Importante destacar que, quanto a esse aspecto, a jurisprudência afirma que a isenção de custas se refere
somente aos procedimentos envolvendo diretamente os menores. Dessa forma, o Superior Tribunal de Justiça
já decidiu que não é garantida a gratuidade da Justiça nos casos de expedição de alvarás para shows ou
atividade similares. Assim, entendeu a corte superior que:
Incabível a concessão de isenção em procedimento de jurisdição voluntária a empresa de fins lucrativos
que promove espetáculo musical destinado ao público infantil mediante pagamento de ingressos [...].
(REsp. 701969/ES, REL. MIN. ELIANE CALMON)
O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece ainda, em seu artigo 142, que os menores de 16 anos, ou
seja, os absolutamente incapazes, serão representados e os maiores de 16 e menores de 18, ou seja, os
relativamente incapazes, assistidos por seus pais, tutores ou curadores. 
Quanto a esse dispositivo é importante destacar a sua revogação parcial, que, em sua redação original, faz
referência à assistência de maiores de 18 e menores de 21 anos de idade.
Ocorre que, com o advento do Código Civil de 2002, a maioridade civil passou a ser alcançada aos 18 anos
(art. 5º), idade em que a pessoa já fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil, inclusive os
processuais, não sendo necessária representação ou assistência. Esse mesmo dispositivo legal determina
também qual autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente sempre que os interesses
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assistência
legal, ainda que eventual.
Ressalta-se que, em regra, o exercício da curadoria especial compete à Defensoria Pública,
conforme o artigo 4º, VI da Lei Complementar 80/94, sendo, somente em casos excepcionais, outros
os legitimados.
Destaca-se ainda que o ECA determina que é vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos
que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. 
Ademais, qualquer notícia a respeito do fato não poderá
identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia,
referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência
e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome, incorrendo
aquele que descumprir tais regras na infração administrativa
prevista no artigo 247, §1º do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Por fim, a expedição de cópia ou certidão de atos a que se
referem tais processos somente será deferida pela
autoridade judiciária competente, se demonstrado o
interesse e justificada a finalidade.
Justiça da infância e da juventude
Estrutura da Justiça da infância e juventude
Neste vídeo, o professor explica a estrutura da Justiça da Infância e da Juventude e suas competências. 
Conteúdo interativo
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Varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude
Inicialmente, cabe relembrar que o Estatuto da Criança e da Juventude, em seu artigo 145, determina que os
estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de
infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões. 
Destaca-se que o STF entendeu que é constitucional lei estadual de organização judiciária que prevê
competência do Juizado da Infância e da Juventude para processar e julgar crimes praticados contra crianças
e adolescentes (HC 113.102).
Competência territorial
Quanto à fixação da competência territorial para o julgamento das ações envolvendo interesses dos menores,
tal tema foi visto quando do estudo do Conselho Tutelar. Entretanto, cabe revisá-lo em razão de sua
importância. O artigo 147 do ECA estabelece que a competência territorial será determinada pelo domicílio
dospais ou responsável; ou pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou
responsável. 
O STJ possui entendimento sumulado (súmula 383) de que a competência para processar e julgar as
ações conexas de interesse de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua
guarda. 
Assim, o STJ determinou dois critérios para a
determinação da competência em caso de
conflito em disputas de guarda de menores. De
acordo com a Corte, prevalece a competência
do juízo do domicílio de quem já exerce a
guarda; e do juízo em que ficarem mais bem
atendidos os interesses da criança e do
adolescente. 
Dessa forma, importa destacar que, segundo o
STJ, deve-se sempre levar em consideração o
princípio do melhor interesse de criança, sendo
até mesmo possível afastar outros princípios processuais, como o da perpetuatio jurisdictionis, previsto no
artigo 43 do Código de Processo Civil, possibilitando a modificação da competência no curso do processo.
Vejamos: 
A regra da perpetuatio jurisdictionis, estabelecida no art. 87 do CPC, cede lugar à solução que oferece
tutela jurisdicional mais ágil, eficaz e segura ao infante, permitindo, desse modo, a modificação da
competência no curso do processo, sempre consideradas as peculiaridades da lide" (CC 111.130/SC, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, DJe de 1º/2/2011). [...] Assim, se a mudança de domicílio
do menor alimentando ocorrer durante o curso da ação de execução de alimentos, como ocorreu na
hipótese, não parece razoável que, por aplicação rígida de regras de estabilidade da lide, de marcante
relevância para outros casos, se afaste a possibilidade de mitigação da regra da perpetuatio
jurisdictionis. 6. Ademais, no caso em tela, o menor e a genitora se mudaram para o mesmo foro do
domicílio do genitor, nada justificando a manutenção do curso da lide na comarca originária, nem mesmo
o interesse do próprio alimentante. 7. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da
3ª Vara de Cajazeiras - PB.
(CC 134.471/PB, REL. MINISTRO RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/05/2015, DJe 03/08/2015)
Quanto à competência nos casos de ato infracional, como já visto, será competente a autoridade do lugar da
ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção. 
Adicionalmente, a competência para o julgamento de ato infracional é sempre da Justiça Estadual,
independentemente do bem lesado, seja esse bem da União ou não.
Competência material
A competência material do juiz da infância e da juventude, por sua vez, é prevista no artigo 148 do Estatuto.
Ocorre que, quando se tratar de criança ou adolescente em situação de risco, ou seja, que tem seus direitos
ameaçados ou violados, é também competente a Justiça da Infância e da Juventude para: 
conhecer pedidos de guarda e tutela;
conhecer ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda;
suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
conhecer pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do poder
familiar;
conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;
designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de outros
procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;
conhecer ações de alimentos;
determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito.
Como é possível perceber, as matérias indicadas acima se referem às situações que seriam de competência
da vara de família. Entretanto, em razão do menor estar em situação de risco, a competência recai sobre o
Juízo da Infância e da Juventude. 
Dessa forma, pode-se afirmar que os dispositivos do ECA têm aplicação em ações que não tramitam na Vara
da Infância e da Juventude. Exemplo disso é a ação de guarda em uma Vara de Família, ou uma Tutela de
Órfãos, desde que a criança ou adolescente não esteja em situação de risco.
Cabe ressaltar ainda que, de acordo com o STJ, a ação mandamental (mandado de segurança) que visa 
discutir a legalidade de ato praticado por dirigente de estabelecimento de ensino em desfavor de adolescente
é de competência do Juízo da Infância e da Juventude.
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Atenção
Entendeu o STJ que a vara especializada da violência doméstica ou familiar contra a mulher é
competente para julgar o pedido incidental de natureza civil, relacionado à autorização para viagem ao
exterior e guarda unilateral do infante, na hipótese em que a causa de pedir de tal pretensão consistir na
prática de violência doméstica e familiar contra a genitora. 
Prosseguindo, o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 149, determina ainda que compete à
autoridade judiciária disciplinar, por meio de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável,
em:
estádio, ginásio e campo desportivo;
bailes ou promoções dançantes;
boate ou congêneres;
casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; e
estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
II - a participação de criança e adolescente em:
espetáculos públicos e seus ensaios;
certames de beleza.
Ressalta-se que, para a concessão de tais alvarás, a autoridade judiciária levará em conta, entre outros
fatores:
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A natureza do espetáculo As peculiaridades locais
O tipo de frequência habitual ao local A existência de instalações adequadas
Os princípios do Estatuto da Criança e
do Adolescente
A adequação do ambiente a eventual
participação ou frequência de crianças e
adolescentes
Cabe mencionar que as medidas adotadas por meio de portaria ou alvará deverão ser fundamentadas, caso a
caso, vedadas as determinações de caráter geral. 
Ademais, segundo o STJ, a obtenção do alvará é imprescindível para que a empresa que promove um
espetáculo ou emissora de TV possa contar com a participação de crianças e adolescentes e, segundo a
Corte Superior, a autorização expressa dos pais ou responsável não afasta a necessidade de obtenção do
alvará na Justiça.
Compete à Justiça estadual autorizar o trabalho artístico de crianças e adolescentes. 
Entendeu o STF que compete ao juízo da infância e juventude apreciar os pedidos de alvará visando à
participação de crianças e adolescentes em representações artísticas, pois não se trata de competência da
Justiça do Trabalho, posto ser um requerimento de natureza civil e não trabalhista.
Regras gerais sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente
Características do procedimento do ECA
O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que aos seus procedimentos especiais previstos se
aplicam todos os princípios constitucionais processuais. Portanto, há que se respeitar sempre os princípios da
inafastabilidade da jurisdição, ampla defesa, contraditório, juiz natural, duração razoável do processo etc. 
Adicionalmente, a tais procedimentos aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação
processual pertinente.
Comentário
Importa mencionar que é assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação
dos processos e procedimentos previstos no ECA, bem como na execução dos atos e diligências
judiciais a eles referentes. 
Quanto à contagem dos prazos, àqueles estabelecidos no ECA e aplicáveis aos seus procedimentos são
contados em dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em
dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público. 
Por fim, importa destacar que, conforme estabelecido no ECA, se a medida judicial a ser adotada não
corresponder a procedimento previsto nele ou em outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e
ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério Público.
Entretanto, tal flexibilização não é aplicável para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua
família de origem e em outros procedimentos necessariamente

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